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IMIGRAÇÃO EM PORTUGAL

Congresso Imigração em Portugal: Diversidade - Cidadania

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Sobre este tema, se tomarmos como paradigma o caso português podemos ser um pouco<br />

mais precisos nas nossas conclusões. De facto, em trabalho anterior analisei o efeito<br />

das remessas na economia portuguesa entre 1950 e 1988, tendo concluído que: “se as<br />

remessas tiveram uma influência negativa no desenvolvimento económico português,<br />

nomeadamente devido aos efeitos inflacionistas e à sobrevalorização da taxa de câmbio<br />

que provocaram,. . ., esses terão sido males menores, comparados com os efeitos positivos<br />

que são directamente atribuíveis à emigração, nomeadamente aspectos ligados<br />

à formação de capital, ao desenvolvimento do sistema bancário e à restruturação da<br />

estrutura produtiva nacional, sobretudo quando comparados com o efeito, com certeza<br />

negativo que teria tido para a sociedade e para a economia portuguesa a permanência<br />

no país de vários milhões de nacionais em idade activa em situação de subemprego, ou<br />

desemprego.” (Baganha, 1994:970).<br />

Quanto ao binómio desenvolvimento e retorno, a evidência existente sugere que, ao<br />

contrário do que alguns pensaram nos anos 60 e 70, o emigrante retornado não tende<br />

a investir produtivamente no país de origem nem o capital acumulado nem as competências<br />

adquiridas durante o período de emigração. Recorrendo mais uma vez ao caso<br />

português para substanciar este ponto, o que a literatura sobre retorno nos diz sobre as<br />

características dos emigrantes regressados nos anos 70 e 80 a Portugal é que: “A maioria<br />

dos emigrantes regressados era oriunda de zonas rurais e estava ligado à agricultura<br />

em Portugal. Destes, 90 % regressaram se não a este sector, pelo menos às suas comunidades<br />

de origem. Cerca de metade destes emigrantes tinha mais de 45 anos e um terço<br />

mais de 56 anos... apenas 59% dos regressados optaram pela vida activa e a maioria<br />

destes passou a trabalhar por conta própria na agricultura ou no pequeno comércio...<br />

A larga maioria dos regressados são analfabetos (12%), não possuí qualquer grau de<br />

escolaridade (24%) ou detém unicamente um nível de ensino básico (56%).”<br />

(Baganha, 2000:224- 225)<br />

93<br />

Dadas as características socio-demográficas dos emigrantes retornados a Portugal nos<br />

anos 70 e 80, não é de supor que o seu contributo tenha sido significativo para o desenvolvimento<br />

económico do país.<br />

Em suma, a relação entre migrações e desenvolvimento é complexa e multifacetada e se<br />

o balanço final das migrações no desenvolvimento é positivo ou negativo depende, em<br />

grande medida, do nexo causal que for analisado.

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