Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
DIÃRIO DO LEGISLATIVO - 17/12/2011 - Assembleia de Minas
DIÃRIO DO LEGISLATIVO - 17/12/2011 - Assembleia de Minas
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Sába<strong>do</strong> - 17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011<br />
Neste contexto, consi<strong>de</strong>ramos a escola como o local on<strong>de</strong> são compreendi<strong>do</strong>s e compartilha<strong>do</strong>s saberes, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e valores<br />
<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>res na construção da cidadania e da vida em socieda<strong>de</strong>, constituin<strong>do</strong>-se, ainda, em espaço <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> e convivência entre<br />
diferentes.<br />
Ten<strong>do</strong> como norte a prevenção e com fundamento nas opiniões e propostas colhidas no fórum técnico “Segurança nas escolas: Por<br />
uma cultura <strong>de</strong> paz”, elaborou-se este projeto <strong>de</strong> lei, que se estrutura nas seguintes estratégias:<br />
1 - Fixação <strong>de</strong> normas e regras <strong>de</strong> convivência escolar construídas coletivamente: em qualquer local on<strong>de</strong> pessoas com visões e<br />
perfis distintos se relacionam, as normas e regras são <strong>de</strong> primordial relevância, principalmente quan<strong>do</strong> construídas envolven<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s<br />
os atores. Ao contrário, se estas normas <strong>de</strong>sprezam, na sua elaboração, experiências e vivências coletivas, elas se fragilizam e ten<strong>de</strong>m<br />
a ser <strong>de</strong>srespeitadas.<br />
2 - Fortalecimento <strong>do</strong> Conselho Escolar: fundamental para a gestão <strong>de</strong>mocrática, o Conselho <strong>de</strong>ve possuir autonomia e <strong>de</strong>liberar<br />
sobre os gran<strong>de</strong>s temas da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino.<br />
3 - Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino enquanto integrante da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção social: inserida em um contexto social, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> e sen<strong>do</strong> formada<br />
por diferentes, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino reflete as empatias e contradições <strong>do</strong> ambiente que a cerca, não dan<strong>do</strong> respostas a todas as<br />
<strong>de</strong>mandas que a ela chegam. Logo, <strong>de</strong>ve integrar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção social local para dividir responsabilida<strong>de</strong>s e compartilhar formas<br />
<strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas comuns.<br />
4 - Polícia e guardas nas escolas: como forma inibi<strong>do</strong>ra, a presença da polícia e guardas nas escolas <strong>de</strong>ve ater-se à orientação <strong>do</strong><br />
trânsito e tráfego e insculpir-se no planejamento policial como local <strong>de</strong> frequentes rondas. A instituição <strong>de</strong> ensino criará estratégias<br />
pedagógicas para resolver problemas como brigas, agressões, insultos, reservan<strong>do</strong>-se a presença policial em casos <strong>de</strong> crimes e atos<br />
tipifica<strong>do</strong>s no Código Penal.<br />
5 - Pertencimento e utilização <strong>do</strong> espaço escolar: o projeto pedagógico da instituição <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>ve contemplar uma vertente que<br />
preten<strong>de</strong> recuperar ou construir o sentimento <strong>de</strong> pertencimento, geran<strong>do</strong> maior cuida<strong>do</strong> e proteção, o que ten<strong>de</strong> a diminuir os atos <strong>de</strong><br />
vandalismo e <strong>de</strong>predações. O espaço escolar será aberto à comunida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cultura, esporte, lazer,<br />
geração <strong>de</strong> renda, formação para a cidadania e ações educativas, sen<strong>do</strong> as ativida<strong>de</strong>s realizadas através <strong>de</strong> oficinas cujas temas são<br />
seleciona<strong>do</strong>s pela comunida<strong>de</strong>.<br />
6 - Promoção <strong>de</strong> uma cultura da paz: ao falarmos <strong>de</strong> cultura da paz, estamos estabelecen<strong>do</strong> um caminho on<strong>de</strong> cada professor possa,<br />
a partir <strong>de</strong> sua reflexão pessoal sobre valores e conduta, inserir estes aspectos <strong>de</strong> forma verda<strong>de</strong>ira em sala <strong>de</strong> aula, a partir <strong>de</strong> uma<br />
reflexão com seus pares (equipe pedagógica, professores, pais, alunos, etc.).<br />
7 - Gestão escolar: uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino reflete em seu cotidiano o ser da sua direção, que <strong>de</strong>ve estar preparada para atribuir a<br />
to<strong>do</strong>s a corresponsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma partilhada e solidária na solução <strong>de</strong> conflitos. O Diretor propiciará o diálogo em todas as<br />
instâncias, combaterá qualquer forma <strong>de</strong> discriminação e, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os professores, i<strong>de</strong>ntificará os alunos com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
aprendizagem e sociabilida<strong>de</strong>, intervin<strong>do</strong> antes que os conflitos ocorram.<br />
8 - Valorização da representativida<strong>de</strong> estudantil: a escola exerce papel marcante na história <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> cada aluno, bem como auxilia<br />
na formação individual e social <strong>do</strong>s jovens, na construção <strong>de</strong> sua personalida<strong>de</strong> e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Como parte integrante <strong>de</strong>ste cotidiano,<br />
<strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar os varia<strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> conflitos e cooperação entre os jovens e <strong>de</strong>stes com o mun<strong>do</strong> adulto, <strong>de</strong> forma a<br />
possibilitar a sua manifestação na vida escolar, inclusive na elaboração <strong>do</strong> projeto político-pedagógico, que passa a constituir um<br />
compromisso firma<strong>do</strong> coletivamente.<br />
9 - Mediação <strong>de</strong> conflitos: existem indicativos <strong>de</strong> que a maioria <strong>do</strong>s alunos prefere ser “julga<strong>do</strong>” por seus colegas <strong>do</strong> que por uma<br />
instituição, quan<strong>do</strong> o problema não é <strong>de</strong> natureza penal. A partir <strong>de</strong>sta constatação, entra em cena a mediação, técnica que implica em<br />
escuta atenta, troca <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vista e cooperação, propician<strong>do</strong> a restauração da comunicação entre os conflitantes, constituin<strong>do</strong>-se<br />
efetivo instrumento <strong>de</strong>mocrático para o alcance da cultura <strong>de</strong> paz.<br />
10 - Participação da família e da comunida<strong>de</strong>: a socieda<strong>de</strong> está a exigir uma nova escola. Em contrapartida, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> limites,<br />
<strong>do</strong> papel e das responsabilida<strong>de</strong>s da escola e da família na educação da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente tem leva<strong>do</strong> ao choque entre as duas<br />
instituições. Com certeza, elas não percebem que não exercem papéis antagônicos, mas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e complementares, basea<strong>do</strong>s<br />
em relações <strong>de</strong> respeito e cooperação.<br />
11 - Valorização <strong>do</strong> professor: a valorização <strong>do</strong> professor transcen<strong>de</strong> a questão salarial. O professor se sentirá valoriza<strong>do</strong> se as<br />
instalações da escola forem acolhe<strong>do</strong>ras, se participar efetivamente da construção <strong>do</strong>s <strong>de</strong>stinos da escola, se possuir autonomia na<br />
relação com seus alunos, se as salas <strong>de</strong> aula não estiverem superlotadas. Em síntese, a sua valorização <strong>de</strong>ve estar pautada por ações<br />
capazes <strong>de</strong> gerar clima <strong>de</strong> satisfação pessoal caracteriza<strong>do</strong> por acolhimento, suporte e condições para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> trabalho.<br />
A <strong>de</strong>finição da Defensoria Pública como órgão <strong>de</strong> capacitação da comunida<strong>de</strong> escolar em mediação <strong>de</strong> conflitos aten<strong>de</strong> aos<br />
princípios insculpi<strong>do</strong>s na Lei Complementar Fe<strong>de</strong>ral nº 132, <strong>de</strong> 2009, e repeti<strong>do</strong>s na Lei Complementar nº 65, <strong>de</strong> 2003, relativos à<br />
atuação <strong>do</strong> Defensor Público como agente <strong>de</strong> educação em direitos humanos.<br />
Esta proposição embebe-se nos princípios nortea<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Plano Plurianual <strong>de</strong> Ação Governamental, trazen<strong>do</strong> a marca da integração<br />
das ações <strong>do</strong>s mais diversos órgãos setoriais, e representa ganhos enormes na consolidação <strong>do</strong> processo histórico <strong>de</strong> construção <strong>de</strong><br />
“uma <strong>Minas</strong> ainda melhor para se viver”. Ao lidar-se com pessoas das mais variadas origens, vale relembrar: “A matéria mais difícil<br />
da escola não é a matemática ou a biologia; a convivência, para muitos alunos e <strong>de</strong> todas as séries, talvez seja a matéria mais difícil <strong>de</strong><br />
ser aprendida” (Fante, C. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Campinas: Versus Editora,<br />
2005, p. 91).<br />
Pela relevância <strong>do</strong> exposto, solicitamos aos nobres pares contribuição efetiva, seja na forma <strong>de</strong> emendas, seja na participação com o<br />
seu voto para a aprovação <strong>de</strong>sta proposição, tornan<strong>do</strong> realida<strong>de</strong> o sonho <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res e educan<strong>do</strong>s.<br />
- Semelhante proposição foi apresentada anteriormente pelo Deputa<strong>do</strong> Deputa<strong>do</strong> Carlos Pimenta. Anexe-se ao Projeto <strong>de</strong> Lei nº<br />
799/2011, nos termos <strong>do</strong> § 2º <strong>do</strong> art. 173 <strong>do</strong> Regimento Interno.<br />
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