EL ABRAZO DE LA SERPIENTE
El-abrazo-12-jul
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MOTIVAÇÃO<br />
INTRODUÇÃO<br />
Sempre que olhava o mapa de meu país, via uma grande incógnita.<br />
Quase a metade dele estava coberta por um território oculto, por um manto verde, do qual nada<br />
sabia.<br />
É a Amazônia, terra inabarcável, que reduzimos a uns poucos conceitos.<br />
Coca, droga, rios, índios, guerra.<br />
Realmente não há nada mais ali?<br />
Não há uma cultura, uma história?<br />
Não há um espírito que transcenda?<br />
Os exploradores me ensinaram que sim.<br />
Aqueles homens que deixaram tudo, que arriscaram tudo, para nos mostrar um mundo que não<br />
podíamos ter imaginado.<br />
E que fizeram contato.<br />
Esse encontro aconteceu em meio a um dos genocídios mais cruéis que a humanidade já viu.<br />
Pode o homem, através da arte e da ciência, transcender a brutalidade?<br />
Alguns homens o fizeram.<br />
Os exploradores contaram suas histórias.<br />
Mas os nativos não.<br />
A história deles é esta.<br />
Um pedaço de terra do tamanho de um continente, que não foi contado.<br />
Que não existe no cinema da nossa América.<br />
Essa Amazônia já se perdeu.<br />
Mas no cinema, pode voltar a existir.<br />
Partimos na busca do desconhecido e nessa busca de conhecimento foi se revelando sutilmente um<br />
mundo belo, mágico e dual. El abrazo de la serpiente se transformou no encontro do irreconciliável:<br />
os dois mundos, branco e indígena, racional e intuitivo, feminino e masculino, de vida e de morte,<br />
de amizade e solidão, em dois tempos, em preto e branco. Um filme autoral e coletivo.<br />
Entramos na selva com a consciência do risco, com histórias tenebrosas de filmagens passadas.<br />
Por princípio tínhamos o respeito, integrarmos e nos adaptarmos ao entorno sem impor mas com<br />
recursos que no cinema se traduzem em tempo, muito limitados. Para conseguir isso, deveríamos ser<br />
rigorosos com a preparação, explorar o entorno e os riscos aos quais nos enfrentávamos para poder<br />
nos adaptarmos às mudanças de plano que certamente teríamos; deveríamos ser leves e portáteis.<br />
Conseguir isso fazendo um filme de época e trabalhando em 35 mm na selva, onde há que se estar<br />
preparado para qualquer dano, era quase uma utopia.<br />
Chegar ao final dessa filmagem foi uma proeza, possível somente reconhecendo as forças que<br />
somos capazes de reunir, a externa que nos protege e a interna gerada pelo amor e pela cumplicidade<br />
de uma equipe profissional, harmônica, respeitosa e guerreira, que fez com que o milagre existisse.<br />
As razões para fazer este filme eram básicas e nunca soubemos muito bem até onde íamos<br />
ou por quê, no entanto, seguimos nossa intuição e além de qualquer decisão própria, pensamos<br />
que talvez a história nos escolheu para ser contada.<br />
Esta publicação inclui o roteiro de El abrazo de la serpiente, escrito por Ciro Guerra e<br />
Jacques Toulemonde, algumas imagens do storyboard feitas por Ciro Guerra e fotos de Andrés<br />
Córdoba, Liliana Merizalde, Andrés Barrientos e Emanuel Rojas.<br />
Ciro Guerra, 2011<br />
Cristina Gallego, productora, 2016