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EL ABRAZO DE LA SERPIENTE

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MOTIVAÇÃO<br />

INTRODUÇÃO<br />

Sempre que olhava o mapa de meu país, via uma grande incógnita.<br />

Quase a metade dele estava coberta por um território oculto, por um manto verde, do qual nada<br />

sabia.<br />

É a Amazônia, terra inabarcável, que reduzimos a uns poucos conceitos.<br />

Coca, droga, rios, índios, guerra.<br />

Realmente não há nada mais ali?<br />

Não há uma cultura, uma história?<br />

Não há um espírito que transcenda?<br />

Os exploradores me ensinaram que sim.<br />

Aqueles homens que deixaram tudo, que arriscaram tudo, para nos mostrar um mundo que não<br />

podíamos ter imaginado.<br />

E que fizeram contato.<br />

Esse encontro aconteceu em meio a um dos genocídios mais cruéis que a humanidade já viu.<br />

Pode o homem, através da arte e da ciência, transcender a brutalidade?<br />

Alguns homens o fizeram.<br />

Os exploradores contaram suas histórias.<br />

Mas os nativos não.<br />

A história deles é esta.<br />

Um pedaço de terra do tamanho de um continente, que não foi contado.<br />

Que não existe no cinema da nossa América.<br />

Essa Amazônia já se perdeu.<br />

Mas no cinema, pode voltar a existir.<br />

Partimos na busca do desconhecido e nessa busca de conhecimento foi se revelando sutilmente um<br />

mundo belo, mágico e dual. El abrazo de la serpiente se transformou no encontro do irreconciliável:<br />

os dois mundos, branco e indígena, racional e intuitivo, feminino e masculino, de vida e de morte,<br />

de amizade e solidão, em dois tempos, em preto e branco. Um filme autoral e coletivo.<br />

Entramos na selva com a consciência do risco, com histórias tenebrosas de filmagens passadas.<br />

Por princípio tínhamos o respeito, integrarmos e nos adaptarmos ao entorno sem impor mas com<br />

recursos que no cinema se traduzem em tempo, muito limitados. Para conseguir isso, deveríamos ser<br />

rigorosos com a preparação, explorar o entorno e os riscos aos quais nos enfrentávamos para poder<br />

nos adaptarmos às mudanças de plano que certamente teríamos; deveríamos ser leves e portáteis.<br />

Conseguir isso fazendo um filme de época e trabalhando em 35 mm na selva, onde há que se estar<br />

preparado para qualquer dano, era quase uma utopia.<br />

Chegar ao final dessa filmagem foi uma proeza, possível somente reconhecendo as forças que<br />

somos capazes de reunir, a externa que nos protege e a interna gerada pelo amor e pela cumplicidade<br />

de uma equipe profissional, harmônica, respeitosa e guerreira, que fez com que o milagre existisse.<br />

As razões para fazer este filme eram básicas e nunca soubemos muito bem até onde íamos<br />

ou por quê, no entanto, seguimos nossa intuição e além de qualquer decisão própria, pensamos<br />

que talvez a história nos escolheu para ser contada.<br />

Esta publicação inclui o roteiro de El abrazo de la serpiente, escrito por Ciro Guerra e<br />

Jacques Toulemonde, algumas imagens do storyboard feitas por Ciro Guerra e fotos de Andrés<br />

Córdoba, Liliana Merizalde, Andrés Barrientos e Emanuel Rojas.<br />

Ciro Guerra, 2011<br />

Cristina Gallego, productora, 2016

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