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nasceram verdadeiras indústrias, a exemplo de uma que Twyman apresenta, autêntica usina mantida em<br />
Londres para a firma Ed. Badoureau, já na década de 1880, e que se ocupava em larga escala, como<br />
deixa ver numa ilustração publicitária, da manufatura de pranchas de buxo amalgadas ou aparafusadas,<br />
assim como de material e utensílios em geral para gravadores, sendo ainda fine-art ectrotypers.<br />
FERREIRA, Orlando da Costa. Op. cit., p. 52.<br />
17 Entre as instituições criadas no Rio de janeiro com a chegada da corte, três podem ser destacadas<br />
como núcleos potenciais de criação de imagens gravadas, a saber, a Imprensa Régia, o Arquivo Militar e<br />
o Colégio das Fábricas. O primeiro se faz notar, logo de início, como centro de produção de talho-doce<br />
e, eventualmente, xilogravura. O segundo notabilizar-se-ia, mais tarde, principalmente como ateliê<br />
litográfico, embora seja certo que começasse pela técnica do metal. Do Collegio das Fabricas, a<br />
princípio um núcleo de artesãos,cuidou o governo pela primeira vez em decreto de 23 de março de 1809,<br />
para prover-lhe oficialmente a subsistência e dar-lhe como sede a “casa do antigo Guindaste”, no<br />
Castelo. Era então dirigido por Sebastião Fábregas Surigué (criado do Paço, futuro editor de um<br />
estimado almanaque) e integrado pela Fabrica de Cartas de Jogar e pela Estamparia de Chitas, dois<br />
focos, como logo se pode perceber, de criação de gravuras, posto que ambos os produtos dessas oficinas<br />
pudessem estar sendo estampados com matrizes importadas, de talho-doce ou de madeira. FERREIRA,<br />
Orlando da Costa. Op. cit., p. 138.<br />
18 Um dos primeiros fatos importantes da história da gravura no Brasil consiste num anúncio publicado<br />
na Gazeta de 31de março de 1819 pelos editores dos Annaes das Sciencias, das <strong>Arte</strong>s e das letras, a já<br />
citada revista portuguesa que vinha sendo publicada em Paris e de que era agente no Rio de janeiro o<br />
livreiro e futuro impressor Manuel Joaquim da Silva porto. Diziam os editores que podiam receber<br />
encomendas para compra de livros, estampas, mapas, máquinas etc. e “igualmente se encarregam de<br />
dirigir a impressão de qualquer obra escrita em português, francês e inglês e de fazer abrir chapas de<br />
cobre, pedra, pau, ou de fazer litografar debuxos”. Esse anúncio ainda saiu, com alterações, no Diário<br />
de 16 de junho de 1821, e seu significado para a história dos começos das artes gráficas e da indústria<br />
editorial no Brasil não precisa ser salientado. FERREIRA, Orlando da Costa. Op. cit., p. 142.<br />
19 N. A. - Sobre este momento de turbulência e discordâncias no mundo Ocidental, vividos a partir do fim<br />
do século XVIII e todo século XIX, que, no campo das artes, originou muito do que veio a ser o<br />
Modernismo do século XX, lemos em Gombrich o seguinte: Em fins do século XVIII, esse terreno comum<br />
parecia estar cedendo aos poucos. [refere-se à polêmica teórica existente entre os “idealistas” e os<br />
“naturalistas” que mesmo discordando se a arte deveria seguir o “belo ideal” do mundo clássico ou se<br />
inspirar apenas na natureza, concordavam “que o artista deve estudar a natureza e aprender a desenhar a<br />
partir do nu”, assim como “as obras da antiguidade clássica eram insuperáveis na sua beleza”] Atingimos<br />
a época realmente moderna que dealbou quando a Revolução Francesa de 1789 pôs fim a tantos<br />
pressupostos tomados por verdadeiros durante séculos, ou até milênios. Assim como a Grande Revolução<br />
tem suas raízes na Era da Razão, também neste tempo se originaram as mudanças nas idéias do homem<br />
sobre arte. A primeira dessas mudanças refere-se à atitude do artista em relação ao que chama “estilo”.<br />
Há um personagem numa das comédias de Molière que fica profundamente atônito quando lhe dizem que<br />
fez prosa toda sua via sem o saber. Algo semelhante aconteceu com os artistas do século XVIII. Em<br />
épocas anteriores, o estilo do período era simplesmente o modo como se faziam as coisas; era praticado<br />
porque as pessoas achavam ser essa a melhor maneira de obter certos efeitos. Na Era da Razão, as<br />
pessoas começaram a ficar mais exigentes a respeito de estilo e estilos. Muitos arquitetos ainda estavam<br />
convencidos, como vimos, de que as regras estabelecidas nos livros de Palladio garantiam o modelo<br />
“certo” para construções elegantes. Mas, quando nos voltamos para os compêndios, no tocante a essas<br />
questões, é quase inevitável encontrarmos quem diga: “Mas por que há de ser rigorosamente o estilo de<br />
Palladio?”Foi isso que aconteceu na Inglaterra do século XVIII. Entre os “entendidos” mais<br />
requintados havia alguns que queriam ser diferentes dos outros.O mais característico destes cavalheiros<br />
ociosos que passavam o tempo pensando em estilos e regras de gosto foi o famoso Horace Walpole, filho<br />
do primeiro-ministro da Inglaterra. Walpole decidiu que era enfadonho ter sua residência de campo em<br />
Strawberry Hill construída como qualquer outro correto palacete palladiano. Tinha gosto pela<br />
originalidade e pelo romântico, e era notório por sua extravagância. Impelido por esse caráter, decidiu<br />
ter Strawberry Hill construído em estilo gótico, como um castelo do passado romântico. GOMBRICH, E.<br />
H. A história da arte, p. 376. Já Argan, na sua forma mais filosófica, mas sem discordar do historiador<br />
inglês, afirma: A cesura na tradição se define com a cultura do iluminismo. A natureza não é mais a<br />
ordem revelada e imutável da criação, mas o ambiente da existência humana: não é mais o modelo<br />
universal, mas um estímulo a que cada um reage de modo diferente: não é mais a fonte de todo saber,<br />
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