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compreendida dentro dos propósitos do retorno à ordem. No tríptico Café (1940), pode ser percebida a<br />
afinidade com a pintura do Renascimento Italiano, com obras de Mario Sironi (1885-1961) e ainda com<br />
Candido Portinari. Paralelamente à sua carreira artística, Quirino Campofiorito tem relevante atuação<br />
como historiador da arte e publica, em 1983, o livro História da Pintura Brasileira no Século XIX.<br />
Disponível em: <<br />
http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&c<br />
d_verbete=3083&cd_idioma=28555 > Acesso em: 04/12/2011.<br />
242 N. A. - Infelizmente não conseguimos encontrar uma biografia do professor Waldomiro Gonçalves<br />
Christino. Segundo Adir, seus ensinamentos foram importantes dentro de um setor que sempre lhe<br />
interessou muito, que é o gráfico, relativo à produção de livros e jornais, em especial à diagramação de<br />
textos, capas e ilustrações. Encontramos, todavia, o texto de uma palestra proferida por ele em 1960,<br />
impressa na série Arquivos da ENBA, do qual reproduzirmos a seguinte passagem que tem relação com<br />
estes aspectos gráficos do interesse de Adir: “A arte do livro – É na ilustração de um livro que o artista<br />
revela seus conhecimentos científicos e artísticos. Pois, não há negar que numa boa composição há<br />
ciência e, esta, não existe sem a técnica. Existem composições tipográficas que parecem feitas para os<br />
que querem ler, isto é, para aqueles que, qualquer letra de forma os atrai à leitura, porém, ao artista,<br />
cabe buscar meios e modos de atrair ainda mesmo os indiferentes, mormente se considerarmos a época<br />
em que vivemos, tão agitada de idéias e novidades, onde, para determos alguém em alguma coisa é<br />
preciso que essa coisa apresente atrativos tais que anulem o nervosismo natural que leva ao abandono<br />
em procura de outra novidade. Uma página mal composta desencoraja a leitura. Tanto os indiferentes<br />
como as pessoas de bom gosto estético, que estão acostumadas com o belo, não se detém numa leitura se<br />
esta não lhe diz de perto o assunto, e, se a procuram, é para largá-la incontinente. Todavia, são<br />
justamente esses leitores que se deveriam conquistar. Já li, não me lembro onde, que os livros são como<br />
os dias, longos ou breves, conforme o de que se enchem e assim é que, embora as ilustrações nada<br />
acrescentem aos textos, podem, no entanto, prejudicar-lhes sobremodo quando despidas de atrativos,<br />
pois, é justamente do conjunto de um bom texto e de uma boa ilustração que encontramos o Ideal da <strong>Arte</strong><br />
que é a Beleza. A beleza agrada. E agradando atrai. Considerando que a beleza é de três espécies: da<br />
Forma, da idéia e da Expressão, conclui-se que toda essa teoria está intimamente ligada aos<br />
ensinamentos da <strong>Arte</strong> da Publicidade e do Livro, razão pela qual, disciplinamos através de pranchas<br />
didáticas, como algumas que ilustram esta palestra, onde se estabelecem normas e regras especiais sobre<br />
o assunto e se encontram elementos que dão ensejo ao professor para discorrer sobre <strong>Arte</strong>s Gráficas,<br />
Encadernação, possibilidades de Impressão e tudo mais que condiga com a matéria em apreço.<br />
(CRISTINO, Waldomiro Gonçalves. Que é a arte da publicidade e do livro? Arquivos da Escola<br />
Nacional de Belas <strong>Arte</strong>s, RJ, ENBA/UB,1960, nº VI, p. 139-140). Não há como não associarmos tal<br />
discurso com toda a obra de Adir, principalmente com a produção impecável de livros como Canudos<br />
xilogravuras e Canudos: Agonia e morte de Antonio Conselheiro (além de outros a serem lançados,<br />
dos quais já vimos as “bonecas”) inteiramente projetados e diagramados por este artista multifacetado.<br />
Nota-se perfeitamente que seu domínio sobre as <strong>Arte</strong>s Gráficas advém, em grande parte, de tais<br />
ensinamentos, assim como sua inclinação ao método claro e ao formalismo na criação de suas<br />
xilogravuras, que se por um lado são expressionistas (por inclinação pessoal e influencia de Goeldi), por<br />
outro demonstram, como vimos apontando desde o capítulo I, seu forte formalismo. Esta é mais uma<br />
prova da importância do ensino da ENBA na obra de Adir Botelho.<br />
243 N. A. – De acordo com que nos informou o professor Adir, as disciplinas do Curso de Pintura e seus<br />
professores da sua época de aluno foram os seguintes: Georgina de Albuquerque (“e auxiliares”) –<br />
Desenho Figurativo; Carlos Del Negro – Desenho Figurativo (era dono da outra cadeira, mas não foi<br />
professor de Adir); Onofre Penteado – Desenho Figurativo; Gerson Pompeu Pinheiro – Perspectiva e<br />
Sombras; Fróes da Fonseca – Anatomia; Marques Júnior – Modelo Vivo; Lucas Mayhofer –<br />
Arquitetura Analítica; Celita Vaccani – Modelagem; Zaco Paraná – Plástica; Roberto Muniz Gregory<br />
- Geometria Descritiva; Flexa Ribeiro – História da <strong>Arte</strong>; Augusto Bracet – Pintura; Henrique<br />
Cavalleiro – Pintura (não foi professor de Adir, mas é muito respeitado por este). Sobre este tema,<br />
agradecemos a colega mestranda Marcele Linhares Viana que gentilmente nos cedeu uma cópia do<br />
Regimento Interno da Escola Nacional de Belas <strong>Arte</strong>s de 1948, fruto de suas próprias pesquisas. Deste<br />
regimento reproduziremos integralmente alguns pontos que caracterizam o Curso de Pintura a ENBA no<br />
período que enfocamos neste trabalho, a década de 50, e corroboram as afirmações do professor Adir em<br />
relação às disciplinas disponíveis e seus professores. Os pontos que queremos destacar são os seguintes:<br />
TÍTULO I – Art. 1º A Escola Nacional de Belas <strong>Arte</strong>s é um estabelecimento de ensino superior, com sede<br />
própria, integrante da constituição da Universidade do Brasil (art. 6º do Decreto nº 21.321 de 18 de<br />
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