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Baixos - Arte + Arte

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309<br />

Sabemos que a existência dessas atividades num meio está condicionada a fatores<br />

sociológicos: culturais e econômicos.<br />

2) Isto posto, perguntemos antes de mais nada: existe no Brasil ambiente para o<br />

problema do ensino das artes plásticas? As atuais condições econômicas do Brasil não<br />

só permitem que esse problema seja tratado (a nação destina numerário para este fim),<br />

mas, até o exigem, tornando-o imprescindível no nosso meio. E é exatamente a maneira<br />

deficiente com que se está cuidando do nosso ensino artístico... e é exatamente por<br />

causa do desequilíbrio existente entre ele e os problemas culturais de nossa época, que<br />

os alunos da ENBA, pelo seu órgão de classe, o Diretório Acadêmico, deram início a<br />

atual campanha (que conta já com o apoio de um número considerável de intelectuais),<br />

de crítica aos processos de ensino presentemente utilizados. É nesse “desequilíbrio”<br />

que tem raízes a nossa campanha.<br />

- ESTÁ A ENBA CUMPRINDO A FINALIDADE A QUE SE DESTINA UMA ESCOLA<br />

DE ARTE, ISTO É, ESTÁ DESENVOLVENDO AS VOCAÇÕES ARTÍSTICAS DE<br />

ACORDO COM AS POSSIBILIDADES DO MEIO CULTURAL?<br />

Bastaria que se considerasse o fato de que as turmas matriculadas anualmente, no 1º<br />

ano, vão gradativamente abandonando a Escola no decorrer dos seus cursos, a ponto<br />

de se tornarem quase inexistentes no final dos mesmos, para que se chegasse á<br />

conclusão da sua ineficácia, do não preenchimento das suas finalidades. E nós que<br />

diariamente lidamos com sues problemas, sabemos que a razão desse acontecimento é<br />

estar o nosso ensino inteiramente fora de sua época... Culturalmente a Escola é<br />

retrógrada, negando todas as idéias novas no campo das artes plásticas... A<br />

conservação de preconceitos já passados são os fins a que se limitam as suas<br />

atividades. As condições materiais, as instalações – “ateliers” e salas de aula são uma<br />

tortura para os órgãos visuais dos alunos. As atividades didáticas: um atentado contra<br />

a pedagogia moderna e um crime contra a natureza do artista. São essas, de maneira<br />

geral as razões da crise atual da ENBA.<br />

A entrevista segue adiante no mesmo tom denunciatório, mas nos limitaremos, para não nos tornarmos<br />

enfadonhos, a reproduzir desta entrevista apenas mais dois curtos trechos. No primeiro vêm listadas três<br />

propostas para mudança no ensino da ENBA que teriam sido feitas pela direção de Lucio Costa em 1931<br />

e não colocadas oficialmente em prática. O segundo trecho apresenta os “princípios” pelos quais lutava o<br />

Diretório Acadêmico nesta ocasião, visando modernizar o ensino da Escola:<br />

Agora, os “princípios”:<br />

TENTATIVA DE REFORMA DE LUCIO COSTA EM 1931.<br />

Nomeado diretor da Escola Nacional de Belas <strong>Arte</strong>s, Lucio Costa não pode renovar o<br />

ensino da mesma devido a resistências “acadêmicas” encontradas, pedindo, após<br />

alguns meses, sua demissão. Do plano do grande arquiteto constavam:<br />

1- Criação de ateliers livres, externos ou não, de pintura, escultura e gravura,<br />

podendo os alunos optar por um método de ensino de acordo com os mestres que<br />

escolhessem. Os exames seriam em todos os casos, válidos para o diploma.<br />

2- Renovação dos programas e das cadeiras de acordo com as necessidades da época<br />

e da vida prática.<br />

3- Maior liberdade no ensino e mais respeito à personalidade do aluno.<br />

CONSTITUEM problemas morais do Diretório Acadêmico os seguintes princípios,<br />

pelos quais passaremos a objetivar os nossos interesses e pautar as nossas atividades:

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