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Untitled - PT7AA

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Gilberto falou para mim que lá no atol havia um gerador e duas baterias, que<br />

estavam à minha disposição. Isso frustrou meu plano de levar outro gerador, revisado e<br />

confiável, que já tínhamos conseguido por empréstimo. Para finalizar, concordou que eu<br />

levasse uma bateria de carro e 30 litros de gasolina, para ajudar no consumo do gerador.<br />

No dia 16 de outubro de 1991, dia da partida, reuniram-se todos no Iate Clube de<br />

Natal, onde estava ancorada a lancha Cristina, todos prontos para uma viagem que deveria<br />

durar aproximadamente 20 horas. O Cristina era um bonito barco de madeira, sem mastros,<br />

de uns nove metros de comprimento.<br />

Marcelo, José Neto, Sandra e Marta tinham certamente menos de 20 anos e<br />

estavam eufóricos com a viagem. Ricardo Luis devia ter uns 30 e parecia resignado com a<br />

missão. Eu, com meus 54 anos de idade nas costas, era o vovô do grupo.<br />

Saímos de Natal no início da tarde, para<br />

que pudéssemos estar na região do atol nas<br />

primeiras horas da manhã do dia seguinte. A<br />

viagem transcorreu tranqüilamente, exceto pelas<br />

manifestações de enjôo que me acometeram por<br />

algum tempo, obrigando-me a permanecer deitado<br />

por várias horas.<br />

Marcelo, José Neto e Marta eram<br />

atenciosos e tinham comportamento perfeitamente normal. Sandra, entretanto, que era uma<br />

garota baixinha, de pele muito clara e cabelos louros, tinha uma postura muito diferente. Do<br />

tipo “mandona”, ela falava sempre muito alto, tinha uma voz estridente e demonstrava muitas<br />

vezes uma boa dose de arrogância. Parecia sempre ser a dona da verdade e tinha ares de<br />

rainha da Inglaterra. Era muito autoritária e desempenhava “na marra” e com rispidez, as<br />

funções de liderança daquele grupo de jovens. Fez isso muitas vezes, sem se importar se<br />

estava magoando ou não os sentimentos de alguém. Várias vezes lembrei a mim mesmo<br />

que ela tinha idade inferior a alguns de meus filhos e que não passava de uma mocinha<br />

insolente, querendo aparecer. Eu, que gastei vários anos da vida lidando com<br />

temperamentos bastante complicados de filhos adolescentes, me sentia às vezes muito mal<br />

quando tinha de permanecer nas proximidades daquela criatura. Na verdade, sentia mesmo<br />

era muita pena. Não dela, exatamente, mas de seus pais, de seus familiares, das pessoas<br />

que tinham a obrigação de aturá-la. Ricardo Luis, que era um sujeito sensato, bastante<br />

calmo, também percebeu logo que com certeza iríamos ter algumas dificuldades de<br />

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