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operando o rádio, como nos horários de lazer. É sobre alguns desses pequenos incidentes e<br />
fatos pitorescos que vou me referir agora:<br />
Caso n° 1 – Dois ou três dias após o início de nossa expedição, por volta de 9<br />
horas da manhã, André estava operando em 15 metros, em SSB. Além de dizer o seu nome,<br />
ele mencionava de vez em quando a nossa localização, informando que nosso número no<br />
IOTA era SA-038 e que a ilha fazia parte do arquipélago de Fernando de Noronha. Tudo<br />
certinho, como manda o figurino. De repente entra na freqüência a estação PYØFF, de<br />
Fernando de Noronha, cujo operador, furioso, dizia que nossa estação era pirata, que só<br />
havia uma estação em Noronha, que era a dele, e que o nome André estava sendo usado<br />
indevidamente. Eu estava na praia, a alguma distância e tive de vir correndo, atendendo ao<br />
chamado de meu companheiro, que estava sem saber o que fazer. Mesmo tratando-se de<br />
um velho conhecido, tive um trabalhão para acalmar a fera. Pacientemente expliquei a ele<br />
que nossa operação era legal e que o PT7WB também se chamava André.<br />
Caso n° 2 – Numa noite enluarada, de repente o tempo fechou, começou uma forte<br />
ventania e caiu um temporal. Mas era uma tempestade bem diferente daquelas que estamos<br />
acostumados a ver, pois não havia nenhum relâmpago nem trovão. Dentro da barraca, nós<br />
percebíamos perfeitamente a água escorrer em grande quantidade por cima da lona, mas<br />
olhando para fora, na penumbra do luar encoberto, não se via uma única gota de chuva. Isso<br />
acontecia por causa do vento fortíssimo, que pulverizava a água que caía do céu e formava<br />
redemoinhos que tinham o aspecto de nuvens de poeira, como aquelas que vemos quando<br />
um caminhão trafega por uma estrada de barro, por exemplo. Dizendo melhor, era algo que<br />
me lembrou uma cena que vi no cinema há muitos anos: uma tempestade de areia no<br />
deserto. Um fenômeno ótico curioso que prendeu nossa atenção enquanto durou.<br />
Caso n° 3 – Houve uma noite que fomos dormir preocupados. É que Zelinha, após<br />
consultar a tabela de marés, nos informou que a maré da madrugada seria a mais alta do<br />
ano e que a água do mar poderia chegar até nossas barracas, mesmo elas estando<br />
armadas no local mais elevado da Ilha do Farol. Tomamos alguns cuidados, como colocar o<br />
gerador e as baterias sobre caixotes e fomos dormir. Ao amanhecer do dia seguinte, ao abrir<br />
o zíper de minha barraca, notei duas coisas bem estranhas: havia uma âncora artesanal,<br />
uma espécie de cruzeta de ferro geralmente usadas pelos jangadeiros, a pouco mais de um<br />
metro de minha barraca e o barco inflável, que habitualmente ficava na areia, na parte mais<br />
elevada da praia, estava flutuando, lá no meio da lagoa. Quanto ao barco ser arrastado para<br />
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