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acompanham de perto os levantamentos meteorológicos e trabalhos de estudantes e<br />
professores (principalmente da UFRN), que ali estão freqüentemente catalogando espécies<br />
da fauna ou acompanhando a desova das tartarugas e hábitos de animais noturnos, ao<br />
mesmo tempo em que tentam, por todos os meios ao seu alcance, combater a pesca<br />
desenfreada e predatória na região.<br />
Como falei acima, são duas ilhotas no meio da laguna. A mais próxima da barreta<br />
por onde entramos, tem o formato de um “L” e se chama Ilha do Farol. É nela que fica o<br />
melhor local para instalação de um acampamento. Nessa ilha se encontram as ruínas do<br />
farol antigo, da casa do faroleiro, e de uma cisterna, construções essas que datam de 1887.<br />
Existem muitas histórias sobre essas ruínas, sendo uma delas (a mais dramática) a<br />
que fala sobre a morte da família de um faroleiro, provocada pela sede (pois não existe água<br />
potável nas ilhas), em virtude da imprudência de um dos filhos, que esqueceu aberta a<br />
torneira da cisterna, deixando que a mesma esvaziasse. O que resta da torre do antigo farol<br />
continua lá, nas proximidades de uma torre metálica nova, com um moderno farol<br />
automático, alimentado por baterias e painéis solares.<br />
A outra ilhota se chama Ilha do Cemitério. É arredondada e é a menor das duas.<br />
Quando a maré está baixa pode-se passar de uma para a outra ilhota sem molhar os pés.<br />
Aliás, pode-se andar também por grande parte dos corais, desde que se esteja devidamente<br />
calçado e disposto a contornar dezenas de pequenas lagoas remanescentes, verdadeiros<br />
aquários naturais, cheios de peixes, lagostas, moréias, tubarões, etc. É nessa área do atol<br />
que podemos ver vários destroços de embarcações naufragadas, como correntes, pedaços<br />
de casco, âncoras e até os restos de uma antiga caldeira de algum navio antigo.<br />
As duas ilhotas abrigam milhares de ninhos de aves, sendo as espécies mais<br />
comuns o atobá (sula leucogaster), a viuvinha (anous stolidus), o trinta-réis (sterna fuscata) e<br />
a fragata (fragata magnificens). Elas é que são, na verdade, as donas do atol.<br />
Foi nesse paraíso perdido no meio do mar que desembarquei para fazer uma<br />
expedição radioamadorística. E a pessoa que estava ali para receber o grupo era Maurizélia<br />
Brito, a Zelinha em pessoa, a dona da voz feminina que nos atendeu através do VHF<br />
marítimo.<br />
Entre as frases “prazer em te conhecer” e “adeus, boa viagem”, decorreu pouco<br />
mais de uma hora. Zelinha e o rapaz que pilotou o inflável levaram o restante do material<br />
para o Cristina, desta vez em companhia do Ricardo Luis, que seria o encarregado de trazer<br />
o barco inflável de volta para o nosso acampamento.<br />
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