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Untitled - PT7AA

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A noite chegou e tivemos uma dormida péssima. Ocupando o reduzido espaço com<br />

dez homens barulhentos e tão malcheirosos quanto nós mesmos, não dava para repousar<br />

como seria de desejar.<br />

Mal o dia amanheceu, fui acordado por Karl que queria me mostrar uma coisa<br />

inacreditável que estava acontecendo no convés da frente. Era o Roberto, o filho do<br />

comandante, que estava de pé, derramando sobre sua cabeça a água de nosso garrafão.<br />

Estava tomando banho com a única água doce existente a bordo.<br />

- Que vamos fazer? perguntou Karl.<br />

- Nada. Não podemos fazer nada, respondi. O Roberto é filho do Heleno, que está ali<br />

no timão, vendo o que está acontecendo. Eles dois sabem muito bem que aquela é a única<br />

água de beber que temos a bordo. Nós estamos aqui de favor, não temos o direito de<br />

reclamar nada. Sabemos que o Heleno é um homem nervoso, estressado, autoritário, e<br />

qualquer reclamação nossa pode dar início a um atrito de conseqüências imprevisíveis.<br />

Vamos ter que engolir isso caladinhos.<br />

Esse segundo dia transcorreu praticamente sem novidades. Os pescadores, sem ter<br />

o que fazer, ficavam o tempo todo confinados naquele cubículo quente e fedorento,<br />

conversando e fumando. A água de beber e o estoque de comida tinham acabado, mas<br />

cigarro ainda havia bastante e eles não se importavam nem um pouco em empestear o<br />

dormitório com fumaça e sarro.<br />

Karl e eu, dois ex-fumantes, não suportando aquela situação, passávamos para a<br />

pequena área trazeira do barco onde ficávamos horas conversando com o cozinheiro, que<br />

agora não tinha mais nada que fazer.<br />

Na parte da tarde, Roberto entrou pelo alçapão e foi fazer sua visita de rotina ao<br />

motor. Nesse momento Karl e eu estávamos em nossos beliches e pela abertura ficamos<br />

olhando o que ele fazia lá em baixo.<br />

Após alguns minutos de observação, Roberto desligou o motor e aparentemente<br />

passou a fazer algum reparo, utilizando um pedaço de borracha de câmara de ar de<br />

automóvel. Devia ser algum vazamento de combustível que estava acontecendo e ele estava<br />

tentando resolver o problema com o material que tinha à mão.<br />

O tempo ia passando e Roberto não saia do porão. Com o barco à deriva, Karl e eu<br />

começamos a temer que o problema fosse grave e que nossa situação ficasse muito pior.<br />

Sem, água, sem comida e sem motor, o que seria de nós...<br />

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