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Coloquei tudo a bordo do Santana, tentando distribuir o peso com equilíbrio e<br />
deixando lugar vago para os objetos que Elísio ia trazer. Era muito material para pouco<br />
espaço, o que dificultava a tarefa.<br />
Terminei a arrumação quando já era quase meia-noite. Tentei dormir um pouco,<br />
mas não consegui. Então fiquei vendo TV enquanto aguardava meu companheiro.<br />
Às duas e trinta Elísio chegou, acompanhado de Neno, seu fiel escudeiro e<br />
motorista da empresa, que nos ajudou bastante no restante da arrumação da carga, antes de<br />
levar o carro de volta.<br />
Passavam alguns minutos das três da manhã, quando saí da garagem. Seriam<br />
mais de 500 quilômetros de estrada que, embora asfaltada, costuma ter muitos trechos<br />
esburacados, por causa das chuvas dos primeiros meses do ano.<br />
Com apenas 15 quilômetros percorridos, mal alcançamos a BR-222, notei que um<br />
dos pneus traseiros estava baixo e que aparentemente tinha furado. Felizmente estávamos<br />
nas proximidades de um posto de combustível, onde havia uma borracharia, fechada àquela<br />
hora. O frentista do posto nos informou que o borracheiro dormia na oficina, que bastava<br />
bater na porta, que ele vinha atender. Foi o que fizemos e o rapaz sonolento resolveu nosso<br />
problema.<br />
Mais de meia hora de atraso. O sol ainda não tinha nascido, mas seus raios já<br />
começavam a iluminar o céu no leste, prenunciando que logo mais ele surgiria no horizonte.<br />
Seguimos nossa viagem, com velocidade moderada, tendo o maior cuidado com os buracos<br />
do asfalto, para evitar novos aborrecimentos.<br />
Eu dirigia o carro. Elísio, à minha direita, no banco do carona, espremido entre os<br />
tubos de PVC que continham as antenas verticais, procurava manter conversação, para<br />
espantar o sono que ambos sentíamos.<br />
Tínhamos percorrido aproximadamente 120 quilômetros e o sol já estava a meia<br />
altura, quando resolvemos parar num restaurante de beira de estrada, para comer alguma<br />
coisa. Depois de um café reforçado, voltamos ao carro e nesse momento, Elísio preocupado<br />
com o sono que eu provavelmente estaria sentindo, ofereceu-se para dirigir o carro.<br />
Não gostei muito da idéia, primeiro por que não estava com tanto sono assim e<br />
segundo, por que nunca gostei de deixar meu carro, mesmo velhinho, ser dirigido por outras<br />
pessoas. Mas concordei e entreguei a ele as chaves do veiculo passando a ocupar a cadeira<br />
espremida entre os canos. Afinal de contas Elísio é excelente motorista e eu já o tinha<br />
acompanhado em outras viagens.<br />
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