13.04.2013 Views

Mediação de conflitos a partir do direito fraterno - Unisc

Mediação de conflitos a partir do direito fraterno - Unisc

Mediação de conflitos a partir do direito fraterno - Unisc

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

48 Ana Carolina Ghisleni e Fabiana Marion Spengler<br />

da questão faz com que o <strong>direito</strong> da pessoa seja ignora<strong>do</strong> por ela própria, já que<br />

prefere abdicá-lo a enfrentar trâmites lentos e burocráticos. 172<br />

A oralida<strong>de</strong> é um elemento da mediação capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar sua informalida<strong>de</strong>,<br />

pois traz a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as partes <strong>de</strong>baterem seus problemas à procura <strong>de</strong> uma<br />

solução plausível. Esta talvez seja a principal característica, vez que os principais<br />

litígios ocorrem em relações <strong>de</strong> convivência cotidiana, por exemplo, entre vizinhos, na<br />

família ou no emprego, os quais, muitas vezes, não buscam simplesmente a satisfação<br />

<strong>do</strong> prejuízo, mas sim, a restauração da relação envolvida e <strong>do</strong> ambiente em que estão<br />

inseri<strong>do</strong>s. Nota-se que o esta<strong>do</strong> emocional das partes é <strong>de</strong>cisivo para a solução <strong>do</strong><br />

conflito; em contrapartida, o Po<strong>de</strong>r Judiciário ten<strong>de</strong> a afastar ainda mais as partes<br />

quan<strong>do</strong> aciona<strong>do</strong>, fato que também po<strong>de</strong> ser encontra<strong>do</strong> na próxima característica. 173<br />

A reaproximação das partes é um <strong>do</strong>s objetivos da mediação, ao contrário da<br />

jurisdição tradicional. A autonomia das <strong>de</strong>cisões, por sua vez, também vai <strong>de</strong> encontro<br />

ao po<strong>de</strong>r Judiciário, já que as <strong>de</strong>cisões tomadas pelas partes não precisam da<br />

homologação daquele, permitin<strong>do</strong> a interferência <strong>do</strong> media<strong>do</strong>r na hipótese <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisões injustas ou imorais. E, por fim, a mediação se preocupa fundamentalmente<br />

com o equilíbrio das relações entre as partes, ten<strong>do</strong> em vista a busca pela restauração<br />

da harmonia social entre elas. 174<br />

O autor afirma, ainda, que a finalida<strong>de</strong> da mediação é a satisfação das partes, ou<br />

seja, pacificação <strong>do</strong> conflito pelo encontro <strong>do</strong>s interesses <strong>de</strong> ambas e é por esse<br />

motivo que diversos autores mencionam que neste processo não há ganha<strong>do</strong>res ou<br />

per<strong>de</strong><strong>do</strong>res, o que é difícil <strong>de</strong> ser entendi<strong>do</strong> pelas pessoas, especialmente os<br />

profissionais da área jurídica. 175<br />

Possuin<strong>do</strong> como base estas características, a mediação é <strong>de</strong>finida como<br />

a interferência em uma negociação ou em um conflito <strong>de</strong> uma terceira<br />

parte aceitável, ten<strong>do</strong> um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão limita<strong>do</strong> ou não-autoritário,<br />

e que ajuda as partes envolvidas a chegarem voluntariamente a um<br />

acor<strong>do</strong>, mutuamente aceitável com relação às questões em disputa.<br />

Além <strong>de</strong> lidar com questões fundamentais, a mediação po<strong>de</strong> também<br />

estabelecer ou fortalecer relacionamentos <strong>de</strong> confiança e respeito<br />

entre as partes ou encerrar relacionamentos <strong>de</strong> uma maneira que<br />

minimize os custos e os danos psicológicos. 176<br />

É através <strong>de</strong>la que as distâncias e os avizinhamentos são compartilha<strong>do</strong>s, pois<br />

indica um espaço comum e participativo: “não é espaço <strong>de</strong> subtração como aquele<br />

ocupa<strong>do</strong> pelo juiz que <strong>de</strong>ve per<strong>de</strong>r a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e mascarar-se, confundin<strong>do</strong>se,<br />

no espírito da lei”. Aban<strong>do</strong>na-se, na mediação, a hipócrita ilusão da imparcialida<strong>de</strong><br />

172 Ibi<strong>de</strong>m.<br />

173 Ibi<strong>de</strong>m.<br />

174 Ibi<strong>de</strong>m.<br />

175 Ibi<strong>de</strong>m.<br />

176 MOORE, Christopher W. O processo <strong>de</strong> mediação: estratégias práticas para a resolução <strong>de</strong> <strong>conflitos</strong>.<br />

Porto Alegre: Artmed, 1998, p. 28.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!