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(a): Maikon Levi Vilar Veiga - Outros Tempos - Uema

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“civilização da província”. Tentou-se o ensino agrícola que não vingou, criaram-se<br />

novas leis contra a vadiagem, mas praticamente não foram efetivados.<br />

Devido à seca de 1877 a 1878, o número de pobres livres aumentou muito<br />

no Maranhão por causa dos emigrantes cearenses. Quando a administração da<br />

província ficou ciente do volume de pessoas que estavam chegando, tomou-se<br />

providências para controlar a situação. A presidência da província instruía que os<br />

retirantes fossem empregados preferencialmente em serviços de lavoura, em terras<br />

particulares ou devolutas. Com isso, o governo contribuía para acabar com o<br />

problema da falta de braços no setor e diminuía suas despesas com o sustento dos<br />

retirantes. Ora, para uma província que estava perdendo os braços escravos, a<br />

corrente migratória foi de extrema importância e valia.<br />

O Maranhão conseguiu absorver a grande maioria dos imigrantes e, de<br />

acordo com o Diário do Maranhão nas edições dos dias 14 e 27 de fevereiro de<br />

1879, há indícios de como estava sendo feita essa absorção:<br />

Os emigrantes que foram remetidos para a comissão desta vila (Penalva)<br />

já mudaram de aspecto, estão todos satisfeitos, e são moralizados e<br />

trabalhadores, não tendo havido entre eles a menor desordem.<br />

Dos que para aqui (Brejo) vieram, muitos se ocupam com proveito da<br />

lavoura; preciso é, no entanto que a autoridade evite que outros se<br />

entreguem à vadiagem para não lhes ser imputado o desaparecimento de<br />

rezes e furtos das roçadas. 16<br />

Estariam, portanto, integrados à vida do Maranhão, inclusive aos<br />

trabalhos agrícolas. O aumento na produção de cereais indica que os retirantes<br />

tinham se integrado basicamente como pequenos produtores. A grande lavoura<br />

escravista estava perdendo fôlego. Os livres pobres ganham espaço. Mas as elites<br />

se recusam a admitir que isso estivesse acontecendo. Contudo, não deixava de<br />

perceber a existência do livre pobre como um braço útil e como pequeno produtor<br />

rural. Começaram a aparecer referências que elogiavam os livres pobres como: “...<br />

são em extremo famigerados, dedicados ao trabalho e muitos concorrem para a<br />

prosperidade da lavoura de Monção. São eles os fornecedores de toda a farinha que<br />

se gasta nos engenhos de açúcar, da circunvizinhança”. 17 Como se pode perceber,<br />

o pobre livre na segunda metade do século XIX teve grande importância no contexto<br />

sócio-econômico da época. Eles se relacionaram com escravos e senhores,<br />

enriquecendo a teia de relações sociais maranhense na época da desagregação do<br />

sistema escravista. As relações inter-pessoais: apadrinhamentos, modo de vida,<br />

16 DIÁRIO do Maranhão, 14 e 27 de fevereiro de 1879<br />

17 O Artista, fevereiro, 1881 apud FARIA,

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