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(a): Maikon Levi Vilar Veiga - Outros Tempos - Uema

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4.2.1 Escravos urbanos<br />

O cotidiano da cidade de São Luís foi fortemente marcado pela presença<br />

dos escravos nas casas e nas ruas. O ambiente urbano possibilitou uma maior<br />

liberdade de movimentos dos cativos, levando em consideração que eles exerciam<br />

várias funções nas ruas, o que também proporcionou um maior contato com outros<br />

segmentos sociais, criando novas teias de relacionamentos.<br />

O trabalho no ambiente urbano era diversificado. Alguns escravos<br />

trabalhavam na casa senhorial, outros eram alugados e outros eram de ganho. Os<br />

escravos domésticos trabalhavam em serviços relacionados a casa: cozinhavam,<br />

lavavam, passavam, cuidavam do jardim, esse tipo de escravo tinham uma relação<br />

mais próximas com seus senhores e geralmente andavam mais bem vestidos.<br />

A locação de escravos fazia parte do dia-a-dia da cidade. Os escravos<br />

eram alugados para os mais variados tipos de serviços: serventes, padeiros, oleiro,<br />

ama de leite, cozinheira, doceira, alfaiate, sapateiro, etc.<br />

O escravo de ganho era aquele que trabalhavam nas ruas negociando os<br />

seus serviços. Seus senhores estipulavam uma quantia a ser-lhes entregue no final<br />

do dia ou da semana, se o escravo faltasse com o compromisso era castigado. O<br />

escravo além de entregar a quantia estipulada ao senhor, deveria com o excedente<br />

pagar seu sustento. Muitos escravos de ganho moravam separados de seus<br />

senhores, em quartos alugados.<br />

A vigilância sobre esses escravos era mais difícil, mesmo com a presença<br />

da polícia, pois era nas ruas que os escravos recriavam suas formas de ver e ler o<br />

mundo e:<br />

Por entre os largos, as ruas, os becos estreitos e o porto de São Luís, os<br />

escravos recriavam a sua condição social, indicando aspectos de suas<br />

formas de ler e viver o mundo, sugerindo dimensões das maneiras de<br />

viverem a resistência, o amor às intrigas e as maneiras de solucionarem os<br />

seus problemas. 71<br />

O ambiente urbano deu uma dinâmica ao sistema escravocrata. As várias<br />

modalidades de trabalho, doméstico, aluguel e de ganho; a maior mobilidade<br />

escrava, o grande contingente de escravos e liberto, o que facilitava as fugas, as<br />

novas formas de vigilância e as formas encontradas pelo escravo para exercerem<br />

sua subjetividade: batuques, fugas, crimes, cumplicidade, são fatores que<br />

71 PEREIRA op. cit. p. 63

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