(a): Maikon Levi Vilar Veiga - Outros Tempos - Uema
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3 SÃO LUÍS OITOCENTISTA<br />
São Luís em meados do século XIX, constituiu-se de três mundos<br />
distintos, porém nem sempre excludentes, tendo em mente que os homens<br />
constroem e tecem suas vidas baseados nas relações sociais e estas, por sua vez,<br />
são compostas de brigas, intrigas, mas também de amor, amizades, solidariedade.<br />
De um lado impregnada com os ares de progresso temos a elite urbana de São Luís<br />
que adotou e tentou reproduzir nos trópicos ares de vida européia, principalmente<br />
francesa, todavia por razões diversas, que vão desde o clima, passando pelo baixo<br />
grau de escolaridade e chegando até uma das bases de sustentação do sistema: a<br />
escravidão, a tentativa de civilização acabou sendo uma caricatura do modelo ideal.<br />
Por outro lado esse mesmo espaço urbano era ocupado pela sociabilidade escrava,<br />
por suas formas de ler e ver o mundo. Nesse emaranhado de atores encontrava-se<br />
também os pobres livres, as pessoas de pequenas posses, em outras palavras,<br />
aqueles que por não se enquadrarem no contexto da grande lavoura de exportação<br />
ficaram à margem da sociedade e eram taxados de vadios.<br />
3.1 Formação da Praia Grande<br />
Em São Luís, o Bairro da Praia Grande 25 despontou como o local onde<br />
muitas edificações foram construídas principalmente no decorrer do século XIX, com<br />
a expansão da cidade.<br />
Deve-se ressaltar que a organização urbana da Praia Grande 26 , com seus<br />
grandes casarões denota os reflexos do crescimento econômico aferido pelo<br />
Maranhão durante a segunda metade do século XVIII e decorrer das primeiras<br />
décadas do século XIX. A iniciativa dos proprietários de estabelecimentos, que<br />
25 A denominação do bairro com Praia Grande, teve origem de acordo com Carlos de Lima, “na<br />
chamada Praia Grande, isto é, o espaço que medeia, mais ou menos, do atual Shopping Cidadão até<br />
o final da Rua do Trapiche, em contraposição à Praia Pequena, ou Praia da Trindade, na altura da<br />
Rua do Ribeirão (também conhecida como Praia do Caju) e Praia de Santo Antônio, em direção à<br />
antiga Estação da Estrada de Ferro S. Luís - Teresina, hoje Gerência de Segurança Púbica” (LIMA,<br />
2002, p. 23).<br />
26 O bairro em seu princípio, era cercado de juçarais e olhos d’água, sendo constantemente alagado<br />
no período chuvoso. “A Praia Grande era, pois, todo o terreno desde a travessa Boa Ventura (Fluvial)<br />
até a rua do Trapiche, onde despontavam vários olhos d’água sob frondosos juçarais, recebendo as<br />
enxurradas vindas da rua do Giz, um tremendo lamaçal tornado impraticável, duas vezes ao dia, nas<br />
marés crescentes, para o transporte das mercadorias recebidas do interior, quando toda a<br />
comunicação por São Luís se fazia por mar” (Ibid., p.24).