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(a): Maikon Levi Vilar Veiga - Outros Tempos - Uema

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Mesmo quando os livres pobres passaram a ser vistos como mão de obra<br />

potencial, os discursos preconceituosos para com esse tipo de trabalhador<br />

continuaram a ser usados:<br />

Ninguém é capaz de conseguir trabalho dessa gente. Muitas vezes o<br />

proprietário vai convidar trabalhadores prometendo-lhes pagamento pontual<br />

e boa alimentação; exigem logo adiantamento dos jornais, alegando que<br />

precisam comprar uma calça ou camisa, os que obtém o abono nunca mais<br />

aparecem para o não pagar e os que não obtêm tornam este pretexto para<br />

não ir ao trabalho, porque não podem ir sem roupa para fora de casa. 52<br />

Indubitavelmente o modo de vida dos pobres livres passa a não ser mais<br />

aceitável em uma cidade em processo de urbanização, assim as vacarias e tudo o<br />

que lembrasse o meio rural foi proibida nos bairros centrais de São Luís pelo Código<br />

de Posturas, porém, os tipos sociais e os tipos profissionais que permeiam esse<br />

universo não somente de livres pobres, mais de toda uma gente que construiu suas<br />

vidas em sociedade, reconstroem o cotidiano de São Luís mostrando o que os<br />

ludovicences faziam, quem eles eram e como viviam.O popular é muito importante<br />

para se entender a cidade de São Luís da segunda metade do século XIX.<br />

Deve-se levar em consideração três critérios para se entender a<br />

sociedade maranhense da primeira metade do século XIX. O critério da cor; o<br />

critério econômico e o critério jurídico, ou seja, ser ou não ser dono de escravo. A<br />

sociedade maranhense segundo Faria 53 se tornou mais complexa na segunda<br />

metade do século XIX devido à interrupção do tráfico de africanos, a emigração<br />

nordestina, a desagregação do escravismo, a miscigenação e outros fatores que<br />

contribuíram para diversificar os tipos físicos e os papeis sociais. Assim sendo:<br />

Com o passar do tempo, a instalação em seu núcleo urbano de diversos<br />

negociantes, lojistas e quitandeiros de toda origem, portugueses,<br />

brasileiros, ingleses e franceses conferiu a São Luís a condição de “cidade<br />

comercial” e a quarta cidade brasileira em importância econômica. Nesse<br />

processo, por volta de 1861, São Luís já possuía mais ou menos uns 36<br />

negociantes com escritório situado na Rua do Trapiche, do Egyto, Formosa,<br />

dos Barbeiros, da Estrele e do giz, no Largo do Carmo, 04 armazéns de<br />

madeira de construção civil e naval; 05 mercados de lojas livres; 03 agentes<br />

de leilões; 158 quitandas; 59 armazéns de mantimentos secos de todas as<br />

qualidades, frutas e aves. Os seguimentos médios e ricos da cidade ainda<br />

podiam contar com uma larga oferta de serviços de modista, retratista,<br />

relojoeiros, arquitetos, ourives e outros. 54<br />

Nesse sentido a busca da compreensão do cotidiano da cidade de São<br />

52 O PAIZ, 29 de maio de 1888.<br />

53 FARIA op. cit. p. 60<br />

54 PEREIRA, op. cit. P. 57

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