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Visão Judaica - outubro de 2002 Chesvan / Kislev 5763

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<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Chesvan</strong> / <strong>Kislev</strong> <strong>5763</strong><br />

Receitas com grife<br />

Clara Blin<strong>de</strong>r Guelmann nasceu em Curitiba, Paraná. Filha <strong>de</strong> Isaac<br />

e Ester Blin<strong>de</strong>r e irmã <strong>de</strong> Anna e Dico z”l. Seu pai sempre foi um gran<strong>de</strong><br />

sionista e tradicionalista e transmitiu a ela o ydishkait e o amor a Israel.<br />

Casou-se com Marcos Guelmann que também recebeu <strong>de</strong> seu avô paterno<br />

o <strong>de</strong>spertar pelo trabalho comunitário. É mãe <strong>de</strong> três filhos, Márcio,<br />

Marcelo e Giselda, todos casados e que lhe <strong>de</strong>ram seis netos. Atualmente<br />

<strong>de</strong>dica-se ao estudo do envelhecimento mas sempre recorre à<br />

culinária para baixar a ansieda<strong>de</strong> e evitar se estressar a qualquer coisa.<br />

2 quilos <strong>de</strong> filé <strong>de</strong><br />

peixe (usar 3<br />

qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

peixe: sendo um<br />

quilo e meio <strong>de</strong><br />

pescada branca,<br />

robalo, linguado ou<br />

similar e meio quilo<br />

<strong>de</strong> tainha);<br />

GUEFILTE FISH<br />

Ingredientes:<br />

4 cenouras cruas<br />

raladas em ralo<br />

fino;<br />

4 cebolas cortadas<br />

em ro<strong>de</strong>las e<br />

refogadas;<br />

2 cebolas cruas<br />

cortadas em<br />

ro<strong>de</strong>las;<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Moer duas vezes todos os ingredientes. Põe-se no fogo uma panela<br />

com água; colocar algumas cascas <strong>de</strong> cebola, sal, pimenta e açúcar<br />

à gosto. Quando ferver retirar as cascas. Fazer os bolinhos e jogar na<br />

água fervendo. Deixa-se cozinhar por duas horas em fogo lento. Depois<br />

<strong>de</strong> pronto servir quente ou frio.<br />

GALINHA CAMPONESA<br />

Uma galinha ensopada (<strong>de</strong>ixar<br />

com um pouco <strong>de</strong> molho).<br />

Massa:<br />

2 xícaras <strong>de</strong> trigo;<br />

1 xícara <strong>de</strong> araruta;<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> fermento<br />

Royal;<br />

Ingredientes:<br />

Trabalhar o mais rápido possível com a massa. Colocar a galinha<br />

cortada em pedaços junto com o molho e colocar em um pirex gran<strong>de</strong><br />

ou forma refratária. Estenda a massa com 1cm <strong>de</strong> espessura. Corte<br />

em quadrados e coloque sobre o frango. Asse em forno bem quente,<br />

cerca <strong>de</strong> 15 minutos.<br />

TORTA DE MAÇÃ:<br />

1 ½ xícara <strong>de</strong> farinha<br />

<strong>de</strong> trigo;<br />

1 ½ xícara <strong>de</strong> açúcar;<br />

3 colheres (chá) <strong>de</strong><br />

fermento em pó;<br />

3 ovos batidos<br />

(inteiros);<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Ingredientes:<br />

8 ovos;<br />

sal e pimenta à<br />

gosto;<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa<br />

(rasa) <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong><br />

matzá;<br />

Se gostar <strong>de</strong> peixe<br />

adocicado, colocar<br />

açúcar à gosto.<br />

1 colher <strong>de</strong> chá <strong>de</strong> sal;<br />

6 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> manteiga;<br />

3/4 <strong>de</strong> xícara <strong>de</strong> leite;<br />

2 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> salsa picadinha;<br />

1/2 xícara <strong>de</strong> cenoura crua ralada.<br />

100 gramas <strong>de</strong><br />

manteiga <strong>de</strong>rretida;<br />

3 maçãs (nacionais)<br />

<strong>de</strong>scascadas e<br />

fatiadas;<br />

açúcar e canela;<br />

nozes picadas e<br />

passas à vonta<strong>de</strong>.<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Misture a farinha <strong>de</strong> trigo, o açúcar e o fermento e reserve. Bata os<br />

ovos. Derreta a manteiga. Descasque as maçãs na água com limão.<br />

Unte uma forma ou refratário. Distribua a maçã fatiada e polvilhe o<br />

açúcar com a canela. Espalhe a mistura da farinha com o açúcar e o<br />

fermento. Em cima distribua a manteiga <strong>de</strong>rretida e <strong>de</strong>pois os ovos<br />

batidos, tente espalhar por toda a superfície. Polvilhe um pouco <strong>de</strong><br />

açúcar com canela e leve ao forno para assar por aproximadamente<br />

25 minutos.<br />

Em 1932, há eleições na Alemanha. O<br />

per<strong>de</strong>dor é Adolf Hitler, um pintor <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>s<br />

nascido na Áustria, cujo partido pregava<br />

o racismo e a “solução <strong>de</strong> todos os<br />

problemas da Alemanha”. Curiosamente,<br />

ele é preso justamente por esta linha <strong>de</strong><br />

pensamento. Na prisão, escreve o livro<br />

Mein Kampf (Minha Luta), no qual <strong>de</strong>talha<br />

todos os procedimentos para erradicar o<br />

“problema” judaico e a justificativa para tal<br />

solução: os ju<strong>de</strong>us eram culpados pelo <strong>de</strong>semprego<br />

da época, o qual gerava fome,<br />

angústias e sofrimento. A pergunta que fazemos<br />

é: como alguém po<strong>de</strong>ria acreditar<br />

em tamanho absurdo? Basta lembrarmos<br />

que após a Primeira Guerra Mundial (1914-<br />

1918), a <strong>de</strong>pressão financeira e social tomou<br />

conta dos países envolvidos, entre<br />

eles a Alemanha.<br />

Em 1933, Hitler é solto da prisão e seu<br />

partido faz um levante, expulsando o partido<br />

anteriormente vencedor. Ele sobe ao<br />

po<strong>de</strong>r e publica o livro, o qual é vendido<br />

por todo o país. Aí se inicia a ascensão<br />

do nazismo (Nazi – Partido Nacional Socialista<br />

Alemão).<br />

De 1933 a 1936, o povo alemão passa<br />

por uma lavagem cerebral, com a criação<br />

da juventu<strong>de</strong> nazista. Ele ouve inflamados<br />

discursos a favor da riqueza, empregos,<br />

comida, artes e divertimento – tudo isso<br />

po<strong>de</strong>ndo acontecer “se e quando o ju<strong>de</strong>us<br />

fossem aniquilados”.<br />

A partir <strong>de</strong> 1936, surgem leis contra<br />

negros, ju<strong>de</strong>us, homossexuais e ciganos.<br />

Cada mês, novas folhas com leis são coladas<br />

nos postes, portas e pare<strong>de</strong>s. As universida<strong>de</strong>s<br />

não mais po<strong>de</strong>m ter professores<br />

ju<strong>de</strong>us (e um gran<strong>de</strong> número o era);<br />

alunos ju<strong>de</strong>us em faculda<strong>de</strong>s só em quantida<strong>de</strong>s<br />

reduzidas (numerus clausus) inicialmente<br />

para, <strong>de</strong>pois, serem proibidos <strong>de</strong><br />

freqüentar qualquer escola; os alemães<br />

estão proibidos <strong>de</strong> comprar em lojas <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> judaica (muitos eram comerciantes)<br />

ao mesmo tempo que os ju<strong>de</strong>us<br />

são proibidos <strong>de</strong> entrar nas lojas alemãs,<br />

bem como restaurantes, cinemas, teatros,<br />

museus e exposições. Como se não bastasse,<br />

é promulgada a lei que obriga o<br />

uso da estrela amarela costurada nas roupas<br />

ou em tarjas nos braços, diferenciando-os<br />

dos outros. Há a permissão para<br />

que qualquer alemão cuspa e chute alguém<br />

que porte tal insígnia. Os ju<strong>de</strong>us<br />

são proibidos <strong>de</strong> andar nas calçadas, ou<br />

seja, só po<strong>de</strong>m andar nas ruas “como<br />

cachorros”. Em resumo: os ju<strong>de</strong>us ficam,<br />

a cada dia que passa, mais constrangidos,<br />

humilhados e in<strong>de</strong>fesos; e os alemães,<br />

mais fortes e vingativos.<br />

Des<strong>de</strong> 1934, ju<strong>de</strong>us alertas emigram,<br />

<strong>de</strong>ixando para trás seus bens, amigos e<br />

pátria. Outros, incrédulos, esperam a <strong>de</strong>rrota<br />

do nazismo. Outros, ainda, não têm<br />

Kristallnacht – A<br />

Noite dos Cristais<br />

13<br />

dinheiro para comprar a passagem, tirar<br />

passaporte e visto; e vão ficando. Muitos<br />

alemães, na maioria intelectuais, não vêem<br />

com bons olhos o que ocorre na Alemanha<br />

e também a abandonam, apoiando os ju<strong>de</strong>us<br />

e minorias perseguidas.<br />

Em junho <strong>de</strong> 1938, o Papa Pio XI encomenda<br />

a três jesuítas – um americano, um<br />

francês e um alemão – o projeto <strong>de</strong> uma<br />

encíclica <strong>de</strong>stinada a <strong>de</strong>nunciar o racismo<br />

e anti-semitismo. Entregue em Roma, no<br />

final <strong>de</strong> setembro, o documento nem chega<br />

a ser publicado ou utilizado. Por quê? Como<br />

seria diferente o <strong>de</strong>sfecho...<br />

Entretanto, um fato foi <strong>de</strong>cisivo para pintar<br />

<strong>de</strong> negro nossa passagem por aquele<br />

território. Em 8 <strong>de</strong> novembro do mesmo ano,<br />

Von Rath, um nazista político e funcionário<br />

da Embaixada Alemã em Paris, é morto por<br />

um jovem ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong>sesperado ao ver os pais<br />

poloneses que moravam na Alemanha serem<br />

<strong>de</strong>portados para a fronteira e estarem<br />

morrendo à míngua, como expulsos da Alemanha<br />

e não aceitos pela Polônia, <strong>de</strong>stino<br />

este compartilhado por centenas <strong>de</strong> outras<br />

famílias judias.<br />

Na noite <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> novembro, há exatos<br />

64 anos, Hitler manda a SS <strong>de</strong>struir e saquear<br />

as lojas dos ju<strong>de</strong>us por todo o território<br />

alemão e incendiar as 1500 sinagogas<br />

do país. Rolos da Torá e cortinas<br />

são arrancados da Arca Santa, jogados<br />

na rua e queimados. Sidurim e outros livros<br />

sagrados, i<strong>de</strong>m. Inúmeros ju<strong>de</strong>us<br />

são assassinados. Este vandalismo esten<strong>de</strong>-se<br />

por mais dois dias.<br />

Não há a quem recorrer. Toda a polícia<br />

é nazista. A insegurança judaica era total.<br />

Ver suas sinagogas incendiadas, lojas <strong>de</strong>predadas<br />

e não ter o que fazer: era o início<br />

do fim do judaísmo europeu.<br />

Como os estabelecimentos comerciais<br />

estão sob o controle <strong>de</strong> comissários alemães<br />

e as contas congeladas nos bancos estatais,<br />

as companhias <strong>de</strong> seguro são obrigadas a<br />

pagar os estragos. Indiretamente, os próprios<br />

alemães arcam com os danos. Para compensar<br />

os prejuízos, Göering con<strong>de</strong>na a coletivida<strong>de</strong><br />

judaica a pagar uma multa <strong>de</strong> 1<br />

bilhão <strong>de</strong> marcos. Por causa das janelas e<br />

vitrines quebradas, este pogrom foi <strong>de</strong>nominado<br />

Kristallnacht – a Noite dos Cristais.<br />

Por que este dia foi tão importante para<br />

o nazismo? Os nazistas testaram sua força.<br />

Diante da omissão do resto do mundo,<br />

Hitler percebeu que po<strong>de</strong>ria ir mais além em<br />

seus horrendos planos.<br />

Kristallnacht simboliza o início do Holocausto.<br />

Lembrar este dia é, antes <strong>de</strong><br />

mais nada, celebrar nossa vida. Pois “Am<br />

Israel Chai”, o povo, apesar <strong>de</strong> tudo, ainda<br />

está <strong>de</strong> pé!<br />

Que a memória daqueles mártires seja<br />

uma eterna benção para nós, Amén.<br />

* Sami Goldstein é professor e lí<strong>de</strong>r espritual da Sinagoga “Francisco Frischmann”<br />

Sami Goldstein *

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