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Evania Astér<br />
Reichert<br />
Brasileira<br />
Novo Hamburgo – RS<br />
Terapeuta, escritora,<br />
professora, conferencista<br />
Coordenadora do Valo do Ser-Desenvolvimento Humano,<br />
Arte e Cultura, no Rio Grande do Sul. Professora de<br />
Psicologia dos eneatipos <strong>da</strong> equipe brasileira de Cláudio<br />
Naranjo. Autora dos livros Infancia , a i<strong>da</strong>de sagra<strong>da</strong>,<br />
Sat na educação e co-autora de O Amor à Arma e a<br />
Química ao Proximo.<br />
Aos que faz<strong>em</strong> o mundo <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong><br />
"Os delicados inícios <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> são de grande importância.<br />
São os fun<strong>da</strong>mentos do b<strong>em</strong>-estar <strong>da</strong> alma e do corpo. Gostaria<br />
de pedir-lhes apoio a esses esforços. Precisamos de paz<br />
sobre a Terra, paz que começa no ventre <strong>da</strong> mãe."<br />
Eva Reich (*)<br />
É durante a Primeira Infância que formamos uma espécie<br />
de fundo de reserva que nos permitirá <strong>da</strong>r conta de tudo o que<br />
virá depois. Se esse fundo de reserva for suficiente, ter<strong>em</strong>os os<br />
recursos necessários para li<strong>da</strong>r com os desafios e os <strong>em</strong>bates <strong>da</strong><br />
vi<strong>da</strong>. Porém, se ele for raso ou n<strong>em</strong> chegar a formar-se, a<br />
sua falta se tornará um campo fértil para a brotação <strong>da</strong><br />
violência e do mais doloroso sofrimento humano, o desequilíbrio<br />
psíquico.<br />
A violência não surge de repente, na adolescência ou na juventude.<br />
Ela chega muito antes, já no nascimento e ao longo<br />
<strong>da</strong> primeira infância. Da mesma forma, o humanismo também<br />
não se constitui quando nos tornamos jovens ou adultos.<br />
Ele nasce muito cedo, no primeiro ano de vi<strong>da</strong>, quando somos<br />
reconhecidos e tratados como humanos pela primeira vez.<br />
O registro primordial de paz, ou de violência, já se dá no<br />
útero de nossa mãe. Se o útero materno é um ambiente calmo,<br />
inicia-se um ciclo vital ancorado na autorregulação, no<br />
b<strong>em</strong>-estar e na humanização. Porém, se a mãe vive <strong>em</strong><br />
ansie<strong>da</strong>de, o cortisol, que é o hormônio do estresse, alcança<br />
o bebê por meio do cordão umbilical, causando aceleração dos<br />
movimentos fetais, hiperativi<strong>da</strong>de e tensão.<br />
Se na hora do parto a equipe de assistência não considerar<br />
a subjetivi<strong>da</strong>de infantil e materna, o bebê sofrerá uma carga<br />
de violência impressionante. Isto ocorre, por ex<strong>em</strong>plo, nas cesarianas<br />
desnecessárias, agen<strong>da</strong><strong>da</strong>s antes <strong>da</strong>s quarenta s<strong>em</strong>anas<br />
de gestação, nos partos normais desrespeitosos, no afastamento<br />
abrupto do bebê de sua mãe, na mecanici<strong>da</strong>de inflexível dos<br />
procedimentos de rotina, que geram os maus tratos hospitalares.<br />
Depois do nascimento, enfim, quando a paz poderia começar<br />
a florescer dentro do bebê, surg<strong>em</strong> novas ameaças. Nos<br />
primeiros trinta dias o recém-nascido necessita de silêncio para<br />
que, aos poucos, comece a vir de dentro de si mesmo para<br />
fora, para o mundo. Gra<strong>da</strong>tivamente, ele integra corpo e psique.<br />
Porém, é comum vermos recém-nascidos <strong>em</strong> shoppings,<br />
na beira <strong>da</strong> praia, <strong>em</strong> festas, enfim, expostos <strong>em</strong> excesso aos<br />
estímulos externos. Desta forma, um bebê pequeno não consegue<br />
desenvolver a capaci<strong>da</strong>de primária de autorregulação, comprometendo<br />
a sua condição futura de li<strong>da</strong>r com o estresse.<br />
Quando não há respeito biopsicológico no início <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, o<br />
recém-nascido se defende do jeito que pode: ou se desconecta,<br />
criando a matriz dos núcleos psicóticos, ou se estressa ao extr<strong>em</strong>o,<br />
fazendo nascer a s<strong>em</strong>ente <strong>da</strong> violência, <strong>da</strong> autodestruição<br />
e <strong>da</strong> depressão. Não ter<strong>em</strong>os adultos sadios s<strong>em</strong> prevenção biopsicológica<br />
desde o começo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Quando as crianças pequenas<br />
receb<strong>em</strong> afeto, respeito biopsicológico e cui<strong>da</strong>dos suficientes,<br />
elas têm grandes possibili<strong>da</strong>des de se tornar<strong>em</strong> pessoas pacíficas e<br />
amorosas; saudáveis <strong>em</strong> seu desenvolvimento físico, <strong>em</strong>ocional e<br />
cognitivo.<br />
Recent<strong>em</strong>ente, a Organização Mundial <strong>da</strong> Saúde alertou<br />
sobre a urgência de medi<strong>da</strong>s de prevenção no início <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>.<br />
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