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João Simões<br />
Cardoso Filho<br />
Brasileiro<br />
BELÉM-PA<br />
Desde os 11 anos comecei meu processo de buscador<br />
pela religião. Estudei Filosofia e Teologia <strong>em</strong> S<strong>em</strong>inários<br />
Católicos. Os conflitos com a Teologia Católica e algumas<br />
posturas <strong>da</strong> Igreja, me levarão a abandonar o s<strong>em</strong>iná-<br />
rio e procurar outros caminhos espirituais. Dentre<br />
outras coisas, fiz 13 módulos <strong>da</strong> UNIPAZ, <strong>em</strong> Belém.<br />
Recebi iniciação <strong>em</strong> Reiki, primeiro e segundo níveis.<br />
Desde 2005 trilho um outro Caminho Espiritual que<br />
v<strong>em</strong> provocando ain<strong>da</strong> mais transformações to<strong>da</strong> a<br />
minha vi<strong>da</strong>: o Pathwork. Atuo profissionalmente como<br />
professor universitário.<br />
Filosofia, Mestre <strong>em</strong><br />
Antropologia Social e<br />
Ciências Sociais.<br />
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Belém, Nov<strong>em</strong>bro de 2011.<br />
Queri<strong>da</strong>s crianças,<br />
PAZ!<br />
<strong>Paz</strong>, não é apenas uma palavra, é também um conceito, pois<br />
encerra dentro dela várias coisas, ações, sentidos, consciência,<br />
mas que não se..... eu ia dizer que paz não se pode tocar. Mas<br />
acho que estaria errado, pois quando ela existe <strong>em</strong> algum lugar<br />
ou ambiente, ela se torna palpável, e todo mundo entende o que<br />
ela é. <strong>Paz</strong> é também um sentimento.<br />
Conceito é como um quebra cabeças, está cheio de sentidos<br />
e caminhos a ser<strong>em</strong> encontrados. É um conjunto de inúmeras<br />
palavras, cuja definição é bastante difícil. Pod<strong>em</strong> se escrever<br />
livros para tentar explicá-lo. Você sabe o que é PAZ? Então,<br />
pode me aju<strong>da</strong>r?<br />
Quando eu era pequeno, b<strong>em</strong> pequeno mesmo, e ouvia falar de<br />
<strong>Paz</strong>, me vinha raiva.<br />
Meus pais brigavam quase todos os dias, e me batiam muito,<br />
e eu ficava com muito medo, muito mesmo. Tinha medo de<br />
morrer, medo de me machucar, medo de não ser amado por<br />
eles, medo que eles se separass<strong>em</strong> e me deixass<strong>em</strong> desamparado.<br />
Esse medo era s<strong>em</strong>pre acompanhado de raiva, que aumentava<br />
ain<strong>da</strong> mais quando eu ouvia <strong>da</strong> boca deles ou de algum<br />
sacerdote, a palavra PAZ.<br />
Então essa palavra parecia completamente s<strong>em</strong> sentido para<br />
mim. Eu morava b<strong>em</strong>, tinha o que comer todos os dias, roupas<br />
limpas e uma cama pra dormir. Mas eu sabia que outras<br />
crianças, não tinham um lugar pra morar, e se proteger, um<br />
lar. Então eu ouvia na televisão ou no rádio muitos políticos que<br />
falavam PAZ. Que palavra esquisita aquela, que no meu mundo<br />
nato tinha nenhum sentido, PAZ.<br />
Até mesmo aqueles representantes de nações que viv<strong>em</strong> promovendo<br />
intervenções e guerras <strong>em</strong> várias nações diz<strong>em</strong> que suas<br />
ações são <strong>em</strong> benefício de encontrar a <strong>Paz</strong>.<br />
PAZ??? Uma mentira, me parecia, isto é, um cinismo.<br />
Com o t<strong>em</strong>po eu fui percebendo que quando eu brincava com<br />
meus irmãos, ou na escola, ou com meus vizinhos, jogando bola,<br />
subindo <strong>em</strong> árvores, ou correndo num “esconde-esconde”, eu<br />
machucava, batia, humilhava. Fui tomando contato com minha<br />
cruel<strong>da</strong>de, então não ousava dizer essa palavra, PAZ. Afinal eu<br />
era muito parecido com o mundo que me rodeava.<br />
Tornei-me depois na adolescência e juventude um militante<br />
religioso e político. Proclamava a igual<strong>da</strong>de econômica entre as<br />
pessoas e o fim <strong>da</strong> pobreza, mas odiava tanto que não me <strong>da</strong>va<br />
conta que isso tudo me impedia de pronunciar essa palavra, PAZ.<br />
S<strong>em</strong>pre soube acusar todo mundo, dizendo que iriam para o<br />
inferno ou que seriam condenados à prisão, depois que a revolução<br />
para a igual<strong>da</strong>de triunfasse. Afinal o inferno que eu habitava e a<br />
prisão que o ódio me conferia não podiam deixar de se oferecer<br />
a qu<strong>em</strong> estava ao meu lado. Por isso mesmo, eu não conseguia