Edição Dia 05 de novembro de 2011 - Sábado - TJDFT na mídia
Edição Dia 05 de novembro de 2011 - Sábado - TJDFT na mídia
Edição Dia 05 de novembro de 2011 - Sábado - TJDFT na mídia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O Estado <strong>de</strong> São Paulo/SP - Nacio<strong>na</strong>l, <strong>05</strong> <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> <strong>2011</strong><br />
JUDICIÁRIO NACIONAL | Superior Tribu<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça<br />
Delegado da PF critica impunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corruptos<br />
Diretor do Departamento <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong><br />
Ativos e Cooperação Jurídica Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, Saadi<br />
revela <strong>de</strong>cepção com resultados do País <strong>na</strong> ação<br />
contra <strong>de</strong>svios<br />
<strong>05</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2011</strong> | 3h <strong>05</strong><br />
O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />
"No universo <strong>de</strong> 512 mil presos quantos são os<br />
con<strong>de</strong><strong>na</strong>dos por corrupção passiva?", perguntou o<br />
<strong>de</strong>legado da Polícia Fe<strong>de</strong>ral. "São 76", ele emenda.<br />
"Trabalhei oito anos <strong>na</strong> <strong>de</strong>legacia <strong>de</strong> combate a<br />
ilícitos fi<strong>na</strong>nceiros. Quantas con<strong>de</strong><strong>na</strong>ções<br />
<strong>de</strong>finitivas aconteceram?", ele insistiu. "Zero,<br />
nenhuma."<br />
Ricardo Andra<strong>de</strong> Saadi, <strong>de</strong>legado da PF, é diretor<br />
do Departamento <strong>de</strong> Recuperação <strong>de</strong> Ativos e<br />
Cooperação Jurídica Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l (DRCI), braço<br />
do Ministério da Justiça que mira fortu<strong>na</strong>s ilícitas<br />
que ladinos mandaram para fora do País.<br />
Na noite <strong>de</strong> quinta-feira, diante <strong>de</strong> uma plateia<br />
formada por promotores <strong>de</strong> Justiça, estudantes <strong>de</strong><br />
Direito e <strong>de</strong>legados como ele, Saadi participou <strong>de</strong><br />
um ciclo <strong>de</strong> palestras <strong>na</strong> Escola Superior do<br />
Ministério Público <strong>de</strong> São Paulo. Durante cerca <strong>de</strong><br />
uma hora, Saadi expôs dados atualizados da saga<br />
que é localizar o dinheiro surrupiado dos cofres<br />
públicos no Brasil.<br />
Em um pen drive, que o acompanha por on<strong>de</strong> vai,<br />
ele carrega informações sobre rastreamento <strong>de</strong><br />
bens que a corrupção <strong>de</strong>sviou e os caminhos para<br />
a repatriação.<br />
Durante largo período, <strong>de</strong> 2002 a setembro <strong>de</strong><br />
2010, sua função era fundamentalmente reprimir -<br />
então chefe da unida<strong>de</strong> mais famosa da PF, a<br />
Delegacia <strong>de</strong> Repressão a Crimes Fi<strong>na</strong>nceiros<br />
(Delefin), ele comandou importantes missões. Por<br />
exemplo, a <strong>de</strong>vassa no Banco Santos que<br />
culminou <strong>na</strong> con<strong>de</strong><strong>na</strong>ção <strong>de</strong> E<strong>de</strong>mar Cid Ferreira a<br />
quase 20 anos <strong>de</strong> prisão; a segunda etapa da<br />
Operação Satiagraha, afi<strong>na</strong>l trancada pelo Superior<br />
Tribu<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça (STJ); e o cerco incessante a<br />
empresários, doleiros, políticos e servidores<br />
públicos citados por peculato e frau<strong>de</strong>s.<br />
Sua arma, agora, é a diplomacia, pois lhe compete<br />
negociar acordos e coor<strong>de</strong><strong>na</strong>r a execução da<br />
cooperação inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />
Também cabe a ele fazer prevenção à lavagem <strong>de</strong><br />
dinheiro e ao crime organizado trans<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. A<br />
meta maior, diz, é "tirar o dinheiro do cara, não é<br />
simplesmente pren<strong>de</strong>r porque não adianta".<br />
Saadi é um profissio<strong>na</strong>l empolgado com o que faz.<br />
Defen<strong>de</strong> enfaticamente a cooperação como<br />
caminho eficaz para o retorno <strong>de</strong> capitais que<br />
escaparam do País pelo ralo da malversação.<br />
Porém, ele não consegue disfarçar a <strong>de</strong>cepção<br />
com os resultados do Brasil, marcado pela<br />
eternização das <strong>de</strong>mandas judiciais. Isso, admite,<br />
já o fez passar constrangimentos.<br />
Vergonha. Ele alerta que autorida<strong>de</strong>s da maioria<br />
dos países on<strong>de</strong> o DRCI mapeia recursos sugados<br />
da União exigem que os alvos tenham sido<br />
con<strong>de</strong><strong>na</strong>dos <strong>de</strong>finitivamente aqui - mas não há<br />
registro <strong>de</strong> que alguma corte por estas bandas<br />
tenha dado veredicto fi<strong>na</strong>l a processo contra<br />
corrupto. "Passei uma vergonha tremenda nos<br />
Estados Unidos", relata Saadi. "Para manter o<br />
bloqueio <strong>de</strong> US$ 450 milhões <strong>de</strong> um banqueiro me<br />
perguntaram quando teria o trânsito em julgado. Eu<br />
disse: não sei. A gente tem que botar a mão <strong>na</strong><br />
consciência."<br />
Des<strong>de</strong> 2004, quando foi criado, o DRCI registra<br />
ano a ano os casos <strong>de</strong> corrupção comunicados ao<br />
exterior. Em 2006 o número <strong>de</strong> processos <strong>de</strong>ssa<br />
<strong>na</strong>tureza bateu em 23. Em 2009, caiu para um<br />
único procedimento. "Olha que coisa esquisita. Por<br />
que isso está acontecendo? O corrupto vai guardar<br />
dinheiro no Brasil? Ninguém guarda o dinheiro<br />
aqui, é <strong>na</strong> Suíça, em Cayman, <strong>na</strong>s Ilhas Virgens." /<br />
F.M.<br />
Brasil leva 3 anos para respon<strong>de</strong>r<br />
<strong>05</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2011</strong> | 3h <strong>05</strong><br />
O Estado <strong>de</strong> S.Paulo<br />
Ricardo Saadi, o <strong>de</strong>legado da PF que vasculha<br />
mundo afora dinheiro que o crime organizado tirou<br />
do Brasil, é categórico. "Às vezes é mais rápido<br />
obter retorno <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s centrais <strong>de</strong> países<br />
<strong>de</strong>sti<strong>na</strong>tários <strong>de</strong> pedidos <strong>de</strong> cooperação do que o<br />
cumprimento <strong>de</strong> mera carta precatória."<br />
"A Suíça leva 8 meses para <strong>de</strong>volver nosso pedido<br />
<strong>de</strong>vidamente cumprido, os Estados Unidos, 9<br />
meses", assi<strong>na</strong>la Saadi. "O Brasil <strong>de</strong>mora em<br />
média 34 meses para respon<strong>de</strong>r solicitações que<br />
são feitas a nós. Como cobrar agilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses<br />
países?" Atualmente, informa, estão em curso no<br />
exterior 957 pedidos do DRCI.<br />
42