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Edição Dia 05 de novembro de 2011 - Sábado - TJDFT na mídia

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O Globo/RJ - O País, <strong>05</strong> <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> <strong>2011</strong><br />

JUDICIÁRIO | Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça<br />

Juízes criticam Elia<strong>na</strong> Calmon por querer<br />

regulamentar seus eventos<br />

Para magistrados, intenção da corregedora do CNJ<br />

fere a Constituição<br />

Fábio Fabrini fabio.fabrini@bsb.oglobo.com.br<br />

● BRASÍLIA. A intenção <strong>de</strong> regulamentar a<br />

participação <strong>de</strong> juízes em eventos com patrocínio<br />

público e privado abriu mais uma frente <strong>de</strong> batalha<br />

entre a corregedora <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça, Elia<strong>na</strong><br />

Calmon, e entida<strong>de</strong>s que representam<br />

magistrados. Em nota conjunta divulgada ontem, a<br />

Associação Nacio<strong>na</strong>l dos Juízes Fe<strong>de</strong>rais (Ajufe) e<br />

a Associação Nacio<strong>na</strong>l dos Magistrados da<br />

Justiça do Trabalho (A<strong>na</strong>matra) criticaram a<br />

ministra, que prepara proposta com critérios para a<br />

presença <strong>de</strong> juízes em ativida<strong>de</strong>s bancadas por<br />

empresas que, não raro, têm interesses em<br />

<strong>de</strong>cisões do Judiciário. Uma minuta <strong>de</strong> resolução<br />

será apresentada ao Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça<br />

(CNJ), como antecipou O GLOBO ontem.<br />

No comunicado, as entida<strong>de</strong>s se dizem perplexas e<br />

indig<strong>na</strong>das com “a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a Corregedoria<br />

do CNJ preten<strong>de</strong>r cercear ou limitar direitos.” E<br />

adiantam que vão à Justiça se a regulamentação,<br />

consi<strong>de</strong>rada ilegal e inconstitucio<strong>na</strong>l por elas, for<br />

acolhida. “A Constituição garante a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

associação e, expressamente, proíbe a intervenção<br />

<strong>de</strong> órgãos do Estado no funcio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong>sta. Não<br />

po<strong>de</strong>, tampouco, a Corregedoria do CNJ preten<strong>de</strong>r<br />

discipli<strong>na</strong>r o direito <strong>de</strong> reunião <strong>de</strong> juízes, pois é<br />

inerente a todos os brasileiros e ao regime<br />

<strong>de</strong>mocrático.”<br />

As associações alegam que a corregedora já<br />

participou <strong>de</strong> encontros “nos exatos mol<strong>de</strong>s que ela<br />

hoje combate por meio da imprensa com tanta<br />

veemência.” Sobre o patrocínio <strong>de</strong> empresas<br />

públicas e privadas aos eventos, sustentam que a<br />

Constituição garante a livre iniciativa e, em<br />

consequência, o direito <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r apoio<br />

fi<strong>na</strong>nceiro a ativida<strong>de</strong>s acadêmicas, políticas,<br />

culturais e esportivas. “O ato <strong>de</strong> correição <strong>de</strong>ve ser<br />

realizado com coerência, isenção e discrição para<br />

combater as ilicitu<strong>de</strong>s, e não atos lícitos<br />

expressamente albergados pelo texto<br />

constitucio<strong>na</strong>l”, reclamam.<br />

Nota também faz críticas à OAB<br />

A nota também ataca a OAB, cujo presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, Ophir Cavalcanti, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a<br />

regulamentação em entrevista ao GLOBO.<br />

Segundo ele, aceitar a ajuda fi<strong>na</strong>nceira é antiético<br />

e prejudica a imagem dos juízes, que <strong>de</strong>vem<br />

manter sua aura <strong>de</strong> isenção.<br />

“A Ajufe e a A<strong>na</strong>matra repelam qualquer insinuação<br />

<strong>de</strong> que tais patrocínios possam interferir no livre<br />

convencimento e <strong>na</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão dos<br />

juízes. A própria OAB irá promover a XXI<br />

Conferência Nacio<strong>na</strong>l dos Advogados, <strong>na</strong> qual se<br />

incluem advogados da União, <strong>de</strong>fensores públicos<br />

e procuradores fe<strong>de</strong>rais, com patrocínio <strong>de</strong> órgãos<br />

públicos e empresas públicas e privadas”, rebatem<br />

as entida<strong>de</strong>s.<br />

Ophir Cavalcanti argumenta que o caso da OAB é<br />

diferente, pois os advogados não são agentes do<br />

Estado, com eventual po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobre<br />

causas <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> seus patroci<strong>na</strong>dores. E, a<br />

serviço, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m sempre interesses <strong>de</strong> uma<br />

parte.<br />

A polêmica sobre os patrocínios começou <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> o GLOBO revelar, <strong>na</strong> quarta-feira, que 320<br />

juízes e seus acompanhantes passaram o feriadão<br />

em marato<strong>na</strong> esportiva promovida pela A<strong>na</strong>matra<br />

em resorts <strong>de</strong> Porto <strong>de</strong> Galinhas (PE). O evento foi<br />

patroci<strong>na</strong>do pelo Banco do Brasil, a Companhia<br />

Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), vinculada ao<br />

Ministério das Mi<strong>na</strong>s e Energia, e o Governo <strong>de</strong><br />

Per<strong>na</strong>mbuco, além <strong>de</strong> empresas privadas como Oi,<br />

Ambev, Qualicorp e Silva<strong>na</strong>. Os patrocínios<br />

somaram R$ 180 mil.<br />

Após a reportagem, Elia<strong>na</strong> Calmon anunciou que<br />

prepara proposta <strong>de</strong> regulamentação a ser<br />

apresentada ao CNJ. Ela já abrira uma crise no<br />

Judiciário ao se contrapor a ação no Supremo<br />

Tribu<strong>na</strong>l Fe<strong>de</strong>ral para limitar os po<strong>de</strong>res do<br />

conselho <strong>de</strong> investigar e punir magistrados. E ao<br />

<strong>de</strong>clarar que no país também há “bandidos <strong>de</strong><br />

toga”.<br />

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