Edição Dia 05 de novembro de 2011 - Sábado - TJDFT na mídia
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Jorge Hage: Não. Nós estamos falando sobre uma<br />
i<strong>de</strong>ia, uma proposta da CGU, que nós estamos<br />
começando a discutir no seio do governo. Não é<br />
um <strong>de</strong>sejo etéreo. É uma proposta concreta. Nós<br />
temos esboçado uma minuta <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto,<br />
estabelecendo não as contratações, não as<br />
nomeações <strong>de</strong> funcionário efetivo, mas as<br />
nomeações para cargo <strong>de</strong> confiança. De ministro<br />
até o DAS inferior. Depen<strong>de</strong>rem <strong>de</strong> critérios muito<br />
semelhantes aos da lei da Ficha Limpa.<br />
Folha/UOL: A presi<strong>de</strong>nte conhece essa i<strong>de</strong>ia?<br />
Jorge Hage: Não. Não levei à presi<strong>de</strong>nte ainda.<br />
Estamos conversando entre alguns colegas ainda.<br />
Folha/UOL: Teria que ser uma lei?<br />
Jorge Hage: Eu entendo que po<strong>de</strong> ser por <strong>de</strong>creto.<br />
E aí começa a discussão. Há quem entenda que<br />
precisa ser lei. No meu entendimento é uma<br />
autolimitação que o presi<strong>de</strong>nte da República faz.<br />
Não precisa o Congresso autorizar essa limitação.<br />
É uma autolimitação. É o presi<strong>de</strong>nte da República<br />
se autodiscipli<strong>na</strong>ndo. Dizendo: "eu só vou nomear<br />
e só vou permitir que meu subordi<strong>na</strong>do nomeie<br />
nesses termos". Daí vem uma outra possível<br />
resistência ou argumento contrário: "bom, se é<br />
autolimitação, não precisa por no <strong>de</strong>creto, é só o<br />
presi<strong>de</strong>nte fazer isso". E a presi<strong>de</strong>nte Dilma <strong>de</strong> fato<br />
já está fazendo isso. É um argumento, sim. Mas eu<br />
entendo que, já que estamos fazendo isso,<br />
estamos caminhando para isso, isso<br />
evi<strong>de</strong>ntemente tem um preço político importante,<br />
por que não colocar no papel? Por que não colocar<br />
no papel algo que já fica para os próximos<br />
sucessores? Claro, po<strong>de</strong>rão mudar o <strong>de</strong>creto, mas<br />
aí vão pagar um preço mais alto, <strong>de</strong> revogar um<br />
<strong>de</strong>creto moralizador como esse. Então eu entendo<br />
que é bom até que tenhamos esse <strong>de</strong>creto. Até<br />
porque a presi<strong>de</strong>nte escolhe os ministros. Os<br />
outros, cargos <strong>de</strong> <strong>na</strong>tureza especial, DAS etc não é<br />
ela que escolhe. Esse <strong>de</strong>creto serviria como uma<br />
or<strong>de</strong>m executiva que, aliás, é o nome <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto<br />
no sistema americano, "or<strong>de</strong>m executiva", para que<br />
todo subordi<strong>na</strong>do <strong>de</strong>la, <strong>na</strong>s suas escolhas e nos<br />
seus convites já saibam que tem que respeitar<br />
aquilo, até para não passarem pelo dissabor <strong>de</strong><br />
indicarem algum nome que <strong>de</strong>pois seja recusado<br />
no exame que a Casa Civil faz.<br />
Folha/UOL: Duas últimas bem rápidas. A lei <strong>de</strong><br />
acesso a informações públicas se aplica a todos os<br />
governos, em todos os níveis, todos os po<strong>de</strong>res.<br />
Ela é muito clara sobre a administração pública<br />
fe<strong>de</strong>ral, Po<strong>de</strong>r Executivo. No caso dos outros<br />
po<strong>de</strong>res fe<strong>de</strong>rais, Legislativo e Judiciário, no caso<br />
<strong>de</strong> Estados e municípios. Eles <strong>de</strong>vem propor regras<br />
específicas. No caso <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e Estados, se não<br />
tiverem regras, usam tudo da lei fe<strong>de</strong>ral?<br />
Folha online/SP - Notícias, <strong>05</strong> <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> <strong>2011</strong><br />
<strong>TJDFT</strong> | Tribu<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Justiça do DF e Territórios<br />
Jorge Hage: Alguns dispositivos da lei preveem a<br />
regulamentação própria pelas outras esferas<br />
fe<strong>de</strong>rativas e pelos outros po<strong>de</strong>res. Sobretudo o<br />
artigo nono que é o <strong>de</strong> competências recursais e a<br />
sessão segunda do capítulo terceiro que tem<br />
também uma parte que precisa <strong>de</strong> regulamentação<br />
própria <strong>de</strong> cada po<strong>de</strong>r. Até porque nesse capítulo<br />
está prevista a CGU como órgão recursal, que não<br />
po<strong>de</strong> ser nem para o Congresso, nem para o<br />
Judiciário nem para os Estados. Então eles terão<br />
que fazer regulamentação própria.<br />
Folha/UOL: E quando eles não fizerem?<br />
Jorge Hage: Enquanto eles não fizerem, eles terão<br />
que aplicar toda a parte geral da lei, as normas<br />
gerais.<br />
Folha/UOL: Em seis meses terão que aplicar.<br />
Jorge Hage: Terão que aplicar. Eles só não terão<br />
que aplicar o procedimento recursal para a CGU<br />
porque a CGU não po<strong>de</strong> interferir lá. Mas eles vão<br />
ter que ter lá um órgão recursal, ainda que não<br />
tenham feito regulamento. Porque eles vão ter que<br />
cumprir a lei.<br />
Folha/UOL: O sr. falou <strong>de</strong> Estados e municípios e,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ministro Waldir Pires, a quem o sr.<br />
suce<strong>de</strong>u, há esses sorteios <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s que são<br />
investigadas, a<strong>na</strong>lisadas, e há um trabalho da CGU<br />
em nível municipal. Agora, tem uma pergunta que<br />
eu gostaria <strong>de</strong> fazer para o sr. Tem algumas<br />
gran<strong>de</strong>s obras que a gente ouve falar, que volta e<br />
meia têm problema. É Ferrovia Norte-Sul etc.<br />
Porque a gente volta e meia ouve falar que há<br />
corrupção nessas gran<strong>de</strong>s obras e aí não funcio<strong>na</strong><br />
o trabalho preventivo do governo?<br />
Jorge Hage: Como não funcio<strong>na</strong>? Funcio<strong>na</strong> sim.<br />
Agora mesmo com o problema do Ministério dos<br />
Transportes, Dnit, Valec, aquele que foi o primeiro<br />
da série que você mencionou, em julho, nós<br />
divulgamos um relatório 60 dias <strong>de</strong>pois, no prazo<br />
previsto, on<strong>de</strong> nós respon<strong>de</strong>mos não somente a<br />
todas as investigações dos fatos...<br />
Folha/UOL: Mas porque não antes?<br />
Jorge Hage: Não. Não só <strong>de</strong>pois, ao lado daquelas<br />
<strong>de</strong>núncias, nós aproveitamos esse relatório e<br />
colocamos resultados <strong>de</strong> investigações nossas<br />
anteriores. Inclusive <strong>na</strong> Ferrovia Norte-Sul, a<br />
ferrovia Leste-Oeste, aquela que sai no Porto lá <strong>na</strong><br />
Bahia, <strong>na</strong> BR101 Nor<strong>de</strong>ste. Está tudo neste<br />
relatório, trabalhos anteriores da CGU, <strong>de</strong> dois, três<br />
anos atrás. É que eles não tinham a divulgação<br />
que se obteve com as <strong>de</strong>núncias dos outros casos.<br />
Folha/UOL: Em todos esses casos a CGU ficou <strong>de</strong><br />
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