16.04.2013 Views

Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão

Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão

Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

2-PESQUISA HISTÓRICA<br />

2.1-PIAUÍ: ESTRATÉGIA DE CONTROLE DAS FAZENDAS NACIONAIS<br />

Os ataques contra os indígenas e a introdução da pecuária por essas terras<br />

configuram-se como o carro-chefe <strong>do</strong> processo de colonização <strong>do</strong> sertão <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong>. A importância<br />

da criação <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> bovino no Esta<strong>do</strong> sofreu um crescimento considerável ao longo <strong>do</strong>s séculos<br />

XVII e XVIII, de tal maneira que as boia<strong>das</strong> <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong> passaram a ser envia<strong>das</strong> para as mais<br />

diversas Capitanias, especialmente Bahia, Maranhão, Pará, Pernambuco, Minas Gerais e Rio<br />

Grande 1 . Com a fixação dessas fazen<strong>das</strong> de ga<strong>do</strong> e escravos, através <strong>do</strong> estabelecimento de um<br />

permanente esta<strong>do</strong> de guerra contra os índios, as terras que hoje formam o <strong>Piauí</strong> puderam ser<br />

considera<strong>das</strong> pelos coloniza<strong>do</strong>res um espaço de ligação confiável para o tráfego de pessoas e<br />

animais entre o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Maranhão e o Brasil. Nesta área em que inexistiam riquezas minerais e<br />

tampouco condição, à época, para o desenvolvimento de monoculturas volta<strong>das</strong> para o merca<strong>do</strong><br />

externo, restou à pecuária a demonstração <strong>do</strong> potencial econômico que serviria de integração<br />

junto às áreas agro-exporta<strong>do</strong>ras. Com isso, de acor<strong>do</strong> com Caio Pra<strong>do</strong> Jr., “as fazen<strong>das</strong> <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong><br />

tornar-se-ão logo as mais importantes de to<strong>do</strong> o Nordeste, e a maior parte <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong> na<br />

Bahia provém delas, embora tivesse que percorrer para alcançar seu merca<strong>do</strong> cerca de mil e mais<br />

quilômetros de caminhos” 2· .<br />

Para o alcance desse resulta<strong>do</strong>, caberia aos sertanistas e aos missionários o<br />

desencadeamento <strong>do</strong> processo de conquista da região. Na interessante formulação de Domingos<br />

Jorge Velho, sempre preocupa<strong>do</strong> nas cartas a “El Rei” com “[...] o tapuia gentio brabo [...]” que<br />

não conhecia a “[...] humana sociedade de racional trato[...]” essa região apresentava-se como<br />

“um muro contra o gentio de cima e o negro fugi<strong>do</strong> de baixo.” 3 . E, de acor<strong>do</strong> com essa<br />

perspectiva, a Coroa trabalhava a concessão de enormes áreas de sesmarias aos “conquista<strong>do</strong>res”<br />

<strong>das</strong> terras, geran<strong>do</strong> os extensos latifúndios que marcariam toda a história <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong> 4 . Dessa forma,<br />

o <strong>Piauí</strong> seguiria o “[...] modelo coloniza<strong>do</strong>r brasileiro, cujas características fundamentais são a<br />

grande propriedade, uma estrutura econômica respaldada numa única atividade e o emprego <strong>do</strong><br />

trabalho escravo.” 5 . Era o modelo forneci<strong>do</strong> pela Coroa aos representantes de grandes<br />

empreendimentos, os quais poderiam receber grandes extensões de terra para a criação <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>,<br />

1 BRANDÃO, Tanya Maria Pires. O escravo na formação social <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong>: perspectiva histórica <strong>do</strong> século XVIII.<br />

Teresina: UFPI, 1999. p. 63.<br />

2 PRADO JR, Caio. História econômica <strong>do</strong> Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2006. p. 66.<br />

3 ENNES, apud BRANDÃO, op. cit., p. 47-49.<br />

4 BRANDÃO, op. cit., p. 49.<br />

5 Id., Ibid., p. 54.<br />

11

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!