16.04.2013 Views

Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão

Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão

Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

transforman<strong>do</strong>-se as cobiça<strong>das</strong> fazen<strong>das</strong> no “mais importante ramo da administração pública”.<br />

19 A elevação da Vila da Mocha para Oeiras, capital da Província de São José <strong>do</strong> Piauhy, “calculada<br />

engenharia pombalina” no centro <strong>das</strong> antigas terras jesuíticas, bem demonstra que, além de<br />

caminho entre os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Maranhão e Brasil, o centro <strong>do</strong> poder da nova Província tinha o “...<br />

fito de levar-se aos terreiros de fazenda e aos mais ermos rincões, a mão e olhar atentos <strong>do</strong> rei”. 20<br />

Isso não evitou os “descalabros administrativos”, como afirma Odilon Nunes, e apesar da<br />

corrupção, as fazen<strong>das</strong> cresceram, embora sempre abaixo <strong>das</strong> potencialidades <strong>do</strong> imenso<br />

território ocupa<strong>do</strong> 21 .<br />

Dentre os problemas recorrentes da irresponsabilidade da administração pública<br />

sobre estas terras, encontra-se o envio constante de ga<strong>do</strong> para outras Capitanias, sem a devida<br />

preocupação com os merca<strong>do</strong>s que poderiam efetivamente proporcionar mais lucros, ou ainda a<br />

falta de critérios na escolha de locais que pudessem propiciar menos desgaste <strong>das</strong> boia<strong>das</strong>, quase<br />

sempre leva<strong>das</strong> para a Bahia. Tu<strong>do</strong> isso não impediu que a Coroa auferisse receitas positivas com<br />

as fazen<strong>das</strong>: “como proprietária, seu apuro líqui<strong>do</strong>, nas déca<strong>das</strong> de setenta e oitenta <strong>do</strong> século<br />

XVIII, superou a casa <strong>do</strong>s 83:929$000rs”. 22 Contu<strong>do</strong>, no final <strong>do</strong> século XVIII, a pecuária <strong>do</strong><br />

<strong>Piauí</strong> atravessava sérias dificuldades, devi<strong>do</strong> ao desenvolvimento <strong>do</strong>s rebanhos em outras regiões<br />

– sobretu<strong>do</strong> o sul – e a manutenção da arcaica estrutura de criação extensiva existente desde o<br />

início <strong>do</strong> processo de colonização 23 .<br />

Sob o jugo da Coroa Portuguesa estas terras foram manti<strong>das</strong> até que se<br />

desencadeasse o processo de independência política. Em um novo contexto, as Fazen<strong>das</strong> passam<br />

para o Governo Imperial, sen<strong>do</strong> administra<strong>das</strong> pelo Departamento da Fazenda 24 . Entretanto, a<br />

estrutura patrimonialista criada, com a oficialização da apropriação <strong>do</strong> público pelo priva<strong>do</strong> 25 , fez<br />

com que durante o século XIX algumas <strong>das</strong> fazen<strong>das</strong> integrassem o <strong>do</strong>te de casamento da<br />

princesa Januária, irmã de D. Pedro II. Somente voltaram a ser controla<strong>das</strong> pelo poder <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

depois da partida da princesa para a Europa; por outro la<strong>do</strong>, na prática, as Fazen<strong>das</strong> pertenciam<br />

ao Impera<strong>do</strong>r, que as dispunha da forma que melhor conviesse aos interesses políticos da<br />

Monarquia. Foi também assim que se formaram fazen<strong>das</strong> particulares, através da utilização <strong>do</strong><br />

próprio ga<strong>do</strong> <strong>das</strong> Fazen<strong>das</strong> da Nação: “... tu<strong>do</strong> no roubo e nas <strong>do</strong>ações. E quan<strong>do</strong> veio a<br />

19 Id., Ibid., p. 75.<br />

20 SANTOS NETO, op. cit., p. 16-28.<br />

21 NUNES, op. cit., p. 80.<br />

22 BRANDÃO, op. cit., p. 74.<br />

23 Id., Ibid., p. 76.<br />

24 FALCI, op. cit., p.166-167.<br />

25 Patrimonialismo aqui usa<strong>do</strong> na acepção de Max Weber, ver: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes <strong>do</strong> Brasil.<br />

26. ed. São Paulo: Companhia <strong>das</strong> Letras, 1995. p. 141-151.<br />

15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!