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Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão

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época, avalian<strong>do</strong> os quinze anos iniciais <strong>do</strong> projeto, “[...] tinha a província suas vistas volta<strong>das</strong><br />

para a empreza, fundan<strong>do</strong> nella suas mais fagueiras esperanças.” 80<br />

O presidente da Província, Viveiros de Castro 81 , por exemplo, afirmava que o<br />

estabelecimento deveria ser “não só” uma escola voltada para a educação <strong>do</strong>s negros, mas uma<br />

instituição – uma escola zootechnica – dirigida para a seleção e aprimoramento <strong>das</strong> raças de ga<strong>do</strong><br />

existentes 82 ( certamente, para este senhor, o ga<strong>do</strong> era mais importante <strong>do</strong> que os negros). Outros<br />

presidentes da Província seguem o mesmo roteiro nos seus relatórios de governo, em que<br />

informavam os gastos realiza<strong>do</strong>s no Projeto, em reformas, com os dirigentes e demais<br />

funcionários, sempre no intuito de “torná-lo verdadeiramente útil a esta província”.<br />

Todavia, lamentavelmente, a conclusão era sempre semelhante àquilo que afirmara<br />

um presidente da Província no ano de 1886: “o estabelecimento rural de S. Pedro de Alcântara<br />

não tem até o presente correspondi<strong>do</strong> às esperanças que a população desta província depositava<br />

em sua fundação, nem tão pouco presta<strong>do</strong> ao Piauhy serviço algum apreciável” 83 . As expectativas<br />

eram grandes, as notícias sobre o estabelecimento sempre circulavam na imprensa, os<br />

observa<strong>do</strong>res passavam pelo porto da Vila de Colônia e geralmente faziam questão de tornar<br />

público o que tinham visto a respeito daquele projeto, de onde to<strong>do</strong>s esperavam grandes<br />

resulta<strong>do</strong>s. Mas, não obstante o acompanhamento e as constantes denúncias por parte de setores<br />

da sociedade, os sucessivos governos foram incapazes de concretizar as idéias, que giravam em<br />

torno <strong>do</strong> prédio e que animaram toda uma geração – como visto, desde a população negra até<br />

parcela da elite branca.<br />

A explicação encontrada por muitos daquela época para o malogro de tão nobre<br />

iniciativa estava na morte prematura <strong>do</strong> funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Estabelecimento: o agrônomo Francisco<br />

Parentes. Este foi vítima da febre amarela ainda no ano de 1876 e, portanto, não teve a<br />

possibilidade de sequer acompanhar o andamento inicial da escola. Em seu lugar foram<br />

coloca<strong>do</strong>s vários, sempre de acor<strong>do</strong> com as conveniências políticas <strong>do</strong> momento. E o problema<br />

efetivamente era a situação política: o diretor da escola era indica<strong>do</strong> pelo presidente da Província,<br />

mas nem mesmo os mandatários <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> conseguiam segurar seus próprios cargos. “[...] entre<br />

80 Relatório <strong>do</strong> escriturário Costa Freire ao presidente da Província, Dr. Teophilo Fernandes <strong>do</strong>s Santos.<br />

03/09/1889. Ver: SAMPAIO, 1892, p. 37.<br />

81 Francisco José Viveiros de Castro nasceu no Maranhão e era bacharel em Direito. Assumiu o cargo de presidente<br />

da Província <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong> de julho de 1887 a julho de 1888. Desempenhou a função de desembarga<strong>do</strong>r na Corte de<br />

apelação representan<strong>do</strong> o Maranhão, além de ter assumi<strong>do</strong> como deputa<strong>do</strong> provincial em 1885. In.: BASTOS, op.<br />

cit., p. 124.<br />

82 FALLA com que o Exmo. Sr. Presidente Dr. Francisco José Viveiros de Castro Abrio a 1ª sessão da 27ª legislatura<br />

da Assembléa Provincial <strong>do</strong> Piauhy no dia 2 de junho de 1888.<br />

83 RELATÓRIO com que o Exmo Sr. Presidente da Província <strong>do</strong> Piauhy Dr. Manoel José de Menezes Pra<strong>do</strong> passou<br />

a administração da mesma província ao Exm. Sr. Dr. Antonio Jansen de Mattos Pereira no dia 7 de setembro de<br />

1886.<br />

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