Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão

4-JUSTIFICATIVA DA PROPOSTA
A Fábrica de Manteiga e Queijo das Fazendas Nacionais, inaugurada em 1897, e o
Estabelecimento Rural de São Pedro de Alcântara, fundado uma década antes, no ano de 1874,
são documentos que narram um valioso fragmento da história da formação do Piauí e do Estado
brasileiro.
Representantes das terras da Nação, a Fábrica e a Escola são – paradoxalmente -
tentativas de negação do modelo de administração existente naqueles espaços. Visavam, em
contradição com as políticas estatais vigentes na época, a racionalização da forma de lidar com
aquele território através de projetos de aproveitamento, que tinham como um dos seus aspectos
mais interessantes a utilização da mão-de-obra remanescente da escravidão. Tais projetos foram
iniciados na Monarquia e perduraram por alguns anos durante a República, criando esperanças
em setores da sociedade piauiense na possibilidade de mudança da situação de abandono daquela
região.
A importância destes estabelecimentos foi analisada sob dois pontos de vista: da
perspectiva histórica, tanto em virtude do momento em que foram criadas, como também por
terem dado origem às cidades de Campinas do Piauí e de Floriano; e em relação a sua arquitetura,
pois se constituem em edificações emblemáticas do patrimônio edificado no Brasil entre o final
do século XIX e começo do XX. É a partir dessas duas visões que se desenvolve o presente
estudo.
Inicialmente, foi feito um “quadro” da situação das Fazendas Nacionais, sua origem,
estrutura e problemas. Concedeu-se especial atenção à administração destas terras, que se
confunde com a (precária) administração da Província do Piauí no período. Terras jesuíticas
cobiçadas pela Coroa Portuguesa que, resultantes da expropriação dos indígenas, passaram a ser
ligação por terra entre o Estado do Brasil e o Estado do Maranhão, em tempos em que a
dificuldade do tráfego por mar entre esses dois territórios fazia-nos bem mais próximos de
Portugal do que entre si. A propalada “integração nacional” muito deve à história desses rincões
do Piauí, de onde o gado era enviado ora para o Maranhão, ora para a Bahia. Foi lá, onde a Coroa
e o Império designaram tantos (des)governos, que surgiram os dois célebres empreendimentos.
Estes, enfrentando duras circunstâncias, tentariam levar o desenvolvimento, o progresso, a
ciência e a educação – conforme entendidos à época – para uma vasta região do Piauí.
Era ali que a Província depositava suas mais “fagueiras esperanças” – como afirmou
um cronista. A Fábrica de Manteiga e Queijo das Fazendas Nacionais do Piauí e o
Estabelecimento Rural de São Pedro de Alcântara eram vistos dessa maneira no Piauí porque
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