Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão
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que seria vendi<strong>do</strong> para as demais Capitanias e de onde era importada, fundamentalmente da<br />
Bahia, a mão-de-obra escrava.<br />
Nesse contexto, a história <strong>das</strong> terras que no perío<strong>do</strong> imperial seriam trata<strong>das</strong> por<br />
Fazen<strong>das</strong> <strong>Nacionais</strong>, integra-se aos primórdios <strong>do</strong> processo de colonização <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong>.<br />
O território inicialmente foi toma<strong>do</strong> <strong>das</strong> populações indígenas pelo português da cidade de<br />
Mafra, Domingos Afonso <strong>Sertão</strong>, popularmente conheci<strong>do</strong> por Mafrense, que na segunda metade<br />
<strong>do</strong> século XVII aparece nos sertões <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong> <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> os índios “gueguês” 6 e outras tribos,<br />
ti<strong>das</strong> pelos portugueses como “selvagens” a serem combati<strong>das</strong>. Sain<strong>do</strong> da Casa da Torre, sob<br />
ordens de Francisco Dias D’Ávila, que então receberia a patente de Capitão-Mor “de toda a gente<br />
branca e índios” 7 , Mafrense ocupou to<strong>do</strong> o território que posteriormente seria a região central <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong>, uma área que ultrapassava um milhão e duzentos mil hectares de terras.<br />
Construiu cerca de 30 fazen<strong>das</strong> em toda a região compreendia pelos rios Canindé e <strong>Piauí</strong>,<br />
correspondente a 40 léguas de sesmarias recebi<strong>das</strong> <strong>do</strong>s d’Ávila e da Coroa Portuguesa, como<br />
recompensa pelos inúmeros “serviços” presta<strong>do</strong>s para a Casa da Torre 8 . Essas expedições,<br />
dirigi<strong>das</strong> também por Domingos Rodrigues de Carvalho, foram marca<strong>das</strong> por violência<br />
extremada, haven<strong>do</strong> inúmeros relatos de chacinas que eram perpetra<strong>das</strong> contra indígenas: “‘... os<br />
portugueses, depois da entrega <strong>das</strong> armas, os amarraram e daí a <strong>do</strong>is dias mataram a sangue-frio<br />
to<strong>do</strong>s os homens de guerra, em número aproxima<strong>do</strong> de quinhentos, reduzin<strong>do</strong> à escravidão as<br />
suas mulheres e filhos. ’” 9 .<br />
Desta maneira se formaram as Fazen<strong>das</strong> em parte <strong>do</strong> território que comporia, anos<br />
mais tarde, o <strong>Piauí</strong>. A manutenção destas terras apenas seria possível através da guerra constante<br />
contra as tribos, resultan<strong>do</strong> na expropriação <strong>do</strong>s territórios ocupa<strong>do</strong>s pelos indígenas, uma ação<br />
que representaria o chama<strong>do</strong> “núcleo da pecuária no Esta<strong>do</strong>”. Esta atividade rapidamente se<br />
expande e “já em 1705, o Governa<strong>do</strong>r Geral solicitava <strong>do</strong>s sócios Domingos Afonso e Francisco<br />
Dias D’Ávila, que man<strong>das</strong>sem ga<strong>do</strong> para a Bahia ‘que se lhes garantia o preço <strong>do</strong> cruza<strong>do</strong> por<br />
arroba [...]” 10 . O rebanho bovino <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong> passaria a ter importância em toda a colônia<br />
portuguesa na América, segun<strong>do</strong> Nunes (1975), estabelecen<strong>do</strong> uma forte relação entre o<br />
Maranhão e o Brasil: “Essa região por circunstâncias especiais, chegou a reter o mais rico<br />
rebanho de to<strong>do</strong> o império colonial português na América”. 11<br />
6 FALCI, Miridan Britto k. Escravos <strong>do</strong> sertão: demografia, trabalho e relações sociais. Teresina: FCMC, 1995. p.<br />
166.<br />
7 PORTO, Carlos Eugênio. Roteiro <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong>. Teresina: Arte Nova, 1974. p. 37.<br />
8 FALCI, op. cit., p. 166.<br />
9 NANTES, apud PORTO, op. cit., p. 37.<br />
10 PORTO, op. cit.. p. 38.<br />
11 NUNES, 1975 apud FALCI, op. cit., p. 83. Para alguns autores, o que era fundamental por essas paragens era a<br />
busca por metais “sob o disfarce da implantação de currais”, ver: SILVA, Jacionira Coelho. A presença da Casa da Torre<br />
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