Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão
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Contu<strong>do</strong>, algumas pistas nos são forneci<strong>das</strong> pelos <strong>do</strong>cumentos da época e por<br />
relatos desencontra<strong>do</strong>s. O nome teria si<strong>do</strong> decidi<strong>do</strong> após uma conversa entre o Marquês de<br />
Paranaguá 65 e o Impera<strong>do</strong>r Pedro II. Pergunta<strong>do</strong> sobre o que poderia ser feito na Província após<br />
uma “seca cruel”, o Marquês responde ao rei que se deveria criar uma colônia agrícola às margens<br />
<strong>do</strong> rio Parnaíba, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong> engenheiro agrônomo Francisco Parentes. A única exigência<br />
deste, conforme a patética narrativa seria o nome que a Colônia deveria receber: “São Pedro de<br />
Alcântara”, “nome de nosso imortal Impera<strong>do</strong>r, que Deus guarde”. 66 A autorização para a criação<br />
<strong>do</strong> Estabelecimento teria si<strong>do</strong> concedida após esse glamoroso encontro.<br />
Francisco Parentes era forma<strong>do</strong> pela Escola de Grand Jouan, da França. Idealizara o<br />
Projeto e vinha discutin<strong>do</strong> com inúmeros presidentes da Província <strong>do</strong> Piauhy, como atesta o<br />
memorial elabora<strong>do</strong> pelo agrônomo e envia<strong>do</strong> ao presidente da Província, Sousa Leão, em 1871.<br />
Este, por sua vez, encaminha o <strong>do</strong>cumento, através de um longo ofício, ao Visconde <strong>do</strong> Rio<br />
Branco, então ministro da Fazenda, esperan<strong>do</strong> que fosse acolhida “benigna e favoravelmente a<br />
pretensão <strong>do</strong> cidadão Francisco Parentes, o qual levan<strong>do</strong> a effeito a idéia, que aninha em seu<br />
peito, abrirá para esta província largos horizontes de prosperidade e adiantamento”. 67 Este ofício,<br />
envia<strong>do</strong> poucos dias após a promulgação da Lei <strong>do</strong> Ventre Livre, expressaria a convergência de<br />
interesses que naquele momento concretizar-se-ia entre um agrônomo, a Província e o Império.<br />
2.5. ESCOLA PARA LIBERTOS<br />
O regime escravista brasileiro não permitia a formação de escolas para negros. A<br />
rebelião negra na Bahia <strong>das</strong> primeiras déca<strong>das</strong> <strong>do</strong> século XIX impeliu a elite escravista a rejeitar a<br />
proposta de homens e mulheres escraviza<strong>do</strong>s terem acesso ao ensino escolar. O me<strong>do</strong> de<br />
movimentos semelhantes ao <strong>do</strong>s malês, de 1835, levou políticos, burocratas e senhores de<br />
escravos a tremerem diante de possíveis novas rebeliões. Isso explica, por exemplo, as diligências<br />
determina<strong>das</strong> pelo chefe de polícia da Corte, Eusébio de Queiroz, em 27 de março de 1835, no<br />
senti<strong>do</strong> de investigar uma casa “na qual há reuniões de pretos Minas a título de escola de ensinar<br />
65 João Lustosa da Cunha Paranaguá foi o político piauiense mais influente durante o Império. Presidiu as Províncias<br />
<strong>do</strong> <strong>Piauí</strong>, Maranhão, Pernambuco e Bahia. Era advoga<strong>do</strong> e, dentre os vários cargos importantes, assumiu o de<br />
Ministro da Guerra durante a Guerra <strong>do</strong> Paraguai. Ver: BASTOS, Cláudio. Dicionário histórico e geográfico <strong>do</strong><br />
esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong>. Teresina: FCMC, 1994. p. 362.<br />
66 O relato da reunião entre o Marquês de Paranaguá e o Impera<strong>do</strong>r D. Pedro II está em: NUNES, 1993 apud<br />
NUNES FILHO, Djalma José. A importância de uma escola para a história de uma cidade: <strong>do</strong><br />
estabelecimento rural de São Pedro de Alcântara à criação de Floriano (1873-1897). Fortaleza: Mestra<strong>do</strong> em<br />
Educação <strong>do</strong> Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da UFC, 2005. p. 48.<br />
67 Ofício de “nº 37 Palácio <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Piauhy, 18 de outubro de 1871 – 2ª Secção. Arquivo Público <strong>do</strong> Piauhy.<br />
Casa Anísio Brito – Teresina. Ver: NUNES FILHO, op. cit., p. 43-47.<br />
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