Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão
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trabalha<strong>do</strong>r da Fábrica: “aqui trabalhava o velho, que foi monta<strong>do</strong>r de to<strong>do</strong> esse maquinário,<br />
chamava-se João Monte Santo, era um italiano velho de 82 anos, quan<strong>do</strong> ele chegou aqui.” 127 .<br />
Mesmo utilizan<strong>do</strong>-se destes técnicos estrangeiros, foi fundamental a participação <strong>das</strong><br />
pessoas da região em to<strong>do</strong> este projeto. O engenheiro era alemão, mas aqueles que trabalharam<br />
na construção <strong>das</strong> paredes, telhas e janelas <strong>do</strong> prédio eram brasileiros. Seu José Belém de Sousa,<br />
que também foi operário da Fábrica, desempenhan<strong>do</strong> a função de foguista no local <strong>do</strong> seu avô,<br />
informa que além de ter comanda<strong>do</strong> a caldeira, o pai <strong>do</strong> seu genitor aju<strong>do</strong>u a cavar os alicerces<br />
para a fundação da Fábrica 128 . O mesmo é afirma<strong>do</strong> pelo Seu Minga, mora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> quilombo<br />
Volta, <strong>do</strong> município de Campinas <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong>, lembran<strong>do</strong> que o seu pai – um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res<br />
daquela comunidade - trabalhou como operário da construção civil naquele empreendimento.<br />
Fig. 09: Trabalha<strong>do</strong>res negros na<br />
fábrica. Fonte: Arquivo da 19ª<br />
SR/IPHAN-PI.<br />
Passan<strong>do</strong> aos i<strong>do</strong>s de 30 e 40, as pessoas que trabalharam como operários da fábrica<br />
também eram <strong>das</strong> “re<strong>do</strong>ndezas”. Seu José Mariano diz que, à exceção <strong>do</strong> italiano referi<strong>do</strong>, “...<br />
eram tu<strong>do</strong> gente daqui.”, homens, mas também mulheres que atuavam no setor de<br />
enlatamento 129 . As fotos da Fábrica em funcionamento também demonstram que seus operários<br />
provinham da região <strong>das</strong> Fazen<strong>das</strong> <strong>Nacionais</strong>. É interessante perceber nesse material iconográfico<br />
a participação <strong>do</strong>s negros, ex-escravos ou seus descendentes que o Projeto tentava englobar ou<br />
na produção direta <strong>do</strong>s laticínios ou no fornecimento <strong>do</strong> leite – aqui mais uma convergência com<br />
o Projeto da Escola Rural. Enquanto funcionou como fábrica de laticínios, as fazen<strong>das</strong><br />
particulares e comunidades aquilomba<strong>das</strong> que se formaram na região teriam a oportunidade de<br />
comercializar o leite para o empreendimento, geran<strong>do</strong> renda para os que viviam naquele sertão.<br />
127 Entrevista com o sr. José Mariano Filho, em 17/10/2006 . Lamentavelmente, este senhor, que participou <strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>cumentário “A Fábrica de Manteiga e Queijo <strong>das</strong> Fazen<strong>das</strong> <strong>Nacionais</strong>: uma histórica contada por seus<br />
trabalha<strong>do</strong>res”, faleceu recentemente.<br />
128 Entrevista com o sr. José Belém de Sousa, em 17/10/2006.<br />
129 Entrevista com o sr. José Mariano Filho, em 17/10/2006.<br />
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