Estabelecimentos das Fazendas Nacionais do Piauí - Portal do Sertão
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Comprovan<strong>do</strong> o que afirmara, Sampaio buscaria atesta<strong>do</strong>s de instituições e autoridades<br />
“científicas” da época. Um <strong>do</strong>cumento apresenta<strong>do</strong> pelo Laboratório Nacional de Anályses, da<br />
cidade <strong>do</strong> Rio de Janeiro, informa que ele requerera uma análise da qualidade da manteiga,<br />
concluin<strong>do</strong> a Instituição que se tratava de: ...cor mui levemente amarellada, de cheiro e sabor<br />
agradáveis e característicos (...) A referida amostra de manteiga não contem nem gordura, nem<br />
matérias corantes estranhas, nem substâncias nocivas; é um produto de muito boa qualidade. 121<br />
A Faculdade de Medicina <strong>do</strong> Rio de Janeiro também foi solicitada e o seu diretor<br />
chegou a afirmar que utilizava a manteiga e a reputava “... da melhor qualidade e uma <strong>das</strong><br />
melhores manteigas nacionaes que vêm ao nosso merca<strong>do</strong>.” 122 .<br />
To<strong>do</strong>s esses “atesta<strong>do</strong>s” demonstram a busca pela “cientificidade” no processo <strong>do</strong><br />
fabrico da manteiga e queijo. Objetivavam atribuir qualidade internacional a uma manteiga, cujo<br />
idealiza<strong>do</strong>r, experiências, máquinas, engenheiros e alguns trabalha<strong>do</strong>res envolvi<strong>do</strong>s nessa<br />
empreitada vinham da Europa. Não se tentaria equiparar a qualidade <strong>do</strong> processo ao que já era<br />
produzi<strong>do</strong> em Minas, absolutamente desconsidera<strong>do</strong> enquanto parâmetro, mas sim ao que o<br />
mun<strong>do</strong> “científico” estabelecia como mais “adianta<strong>do</strong>”.<br />
2.9. A MÃO-DE-OBRA DA FÁBRICA<br />
O Contrato previa a instalação de núcleos de colonos estrangeiros no território <strong>das</strong><br />
Fazen<strong>das</strong> <strong>Nacionais</strong>. Ao contrário <strong>do</strong> que se poderia imaginar, a vinda desses colonos europeus<br />
não foi ocasionada por um suposto projeto de industrialização <strong>do</strong> sertão <strong>do</strong> <strong>Piauí</strong> a partir da<br />
Fábrica de Laticínios. Esses trabalha<strong>do</strong>res – ao to<strong>do</strong> 40 famílias – foram envia<strong>do</strong>s para o trabalho<br />
na lavoura, sen<strong>do</strong> lota<strong>do</strong>s nas Fazen<strong>das</strong> Pitombeira e Nazaré.<br />
To<strong>do</strong> o processo de transferência <strong>do</strong>s italianos foi custea<strong>do</strong> por recursos da União.<br />
Esta iniciativa estaria entre as primeiras tentativas de introdução de imigrantes no “Norte” <strong>do</strong><br />
País com vistas ao “desenvolvimento” desta região. Todavia, esta imigração, que se desenrolou<br />
alguns anos antes da inauguração da Fábrica, foi fadada ao fracasso. Os italianos rebelaram-se<br />
comanda<strong>do</strong>s pelo pedreiro Costa Carlo, amotinan<strong>do</strong>-se na localidade Pitombeira. Muitos se<br />
revoltaram quan<strong>do</strong> ainda se encontravam abriga<strong>do</strong>s no Estabelecimento Rural de São Pedro de<br />
Alcântara 123 . Tu<strong>do</strong> agrava<strong>do</strong> por uma epidemia de difteria que matou cerca de quinze crianças<br />
121 Laboratório Nacional de Analyses – Analyse 5.494. Rio de Janeiro, 18 de setembro de 1897. O Diretor Dr. Borges<br />
da Costa. Ver.: Id., Ibid., p. 67.<br />
122 O diretor da Faculdade era o Visconde de Alvarenga. Capital Federal, 08 de janeiro de 1898. Dr Albino Rodrigues<br />
de Alvarenga. In.: SAMPAIO, op. cit., p. 68.<br />
123 Id., Ibid., p. 42-52.<br />
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