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Velho Mundo
O que esperar
“Walter Tommasi,
na enogastronomia
italiana, fala sobre
um vinho doce típico e
o costume em relação
aos biscoitos Cantuccini.
Mergulhar ou não?
Muitas pessoas já ouviram falar
do Brunello de Montalcino,
mas nunca tiveram a oportunidade
de provar, e aqueles que tiveram esse
prazer certamente ficaram entre gostar,
ou não do vinho. Afinal qual era a expectativa?
E é exatamente nesta palavra que
consiste a base desta matéria.
A princípio temos três tipos de consumidores:
aqueles que gostam de vinhos
com estilo do Velho Mundo, os
que gostam do estilo Novo Mundo, e os
que respeitam as duas escolas e tomam
todos. Para os amantes do Velho Mundo
e para os que gostam de todos, tomar um
Brunello também pode trazer decepções,
e isso sempre ocorre caso o exemplar
seja muito jovem, pois seus taninos serão
ainda verdes e o vinho pedirá maturação
em garrafa. Para aqueles que gostam dos
Novo Mundo normalmente a experiência
tende a ser meio decepcionante, visto
seu paladar estar acostumado a vinhos
frutados, estruturados e livre da percepção
dos taninos, achando que falta estrutura
ao vinho. Vejamos, então, um pequeno
resumo do que esperar de um Brunello.
VISUAL – A Sangiovese, não é
uma uva com alta concentração de cor,
portanto um Brunello é mais ralo do que
os Merlot, Cabernet Sauvignon e outros.
de um Brunello
Claro que a maior ou menor concentração
depende também do processo de vinificação
(tempo de permanência do mosto
em contato junto às cascas), assim como
de seu cultivo (menor produtividade traz
maior concentração de cor). Sua cor é
rubi quando jovem, mas rapidamente
evolui para o granada que aí permanece
por muitos anos.
OLFATIVO – O Disciplinare (regulamentação)
do Brunello prevê um longo
tempo de maturação (mínimo de 2 anos
em botes de carvalho, mais mínimo de 4
meses em garrafa , que para os reservas vai
para 6 meses, notando que o vinho só pode
ser colocado no mercado em janeiro do 5º
ano após a sua colheita e para os reservas
só no 6º ano), processo este que faz com
que os vinhos ganhem mais complexidade.
A predominância de aromas do vinho
fica entre o frutado (ameixa, cereja) e o
floral (violeta), mas há toques balsâmicos,
uma série de terciários (entre eles, cacau,
chocolate, café), especiarias (pimenta
preta e canela), de terroso, alcaçuz e mentolado.
Por durarem muito tempo, com
o passar dos anos eles ainda ganham
notas de couro, suor e piche.
GUSTATIVO – O Brunello
impressiona a todos por unir a
elegância com a estrutura. O
vinho é altamente gastronômico
por ter alta acidez,
mas é balanceada pelo
álcool por volta dos
13% e pelo seu tanino
marcado, porém
sempre fino,
o que deixa
seu tripé sem
arestas. Possui
grande estrutura, uma
persistência longa, e traz
no seu retrogosto a mesma
complexidade olfativa e um final de
boca muito elegante.
Pronto, agora você já pode tomar o
seu Brunello di Montalcino sabendo o que
ele pode lhe oferecer. Mas observe que
este descritivo traz as principais características
dos Brunellos tadicionalistas. Se
o exemplar que você tomar for diferente
disto, tendo maior alcoolicidade, se suas
frutas forem mais adocicadas, se a baunilha
prevalecer entre os terciários e se sua
cor for mais escura, você estará tomando
um Brunello produzido dentro do estilo
novomundista. Mas agora pelo menos
você saberá distingui-los. Salute!
Walter Tommasi
Consultor e palestrante de vinhos
tommasi@jornalvinhoecia.com.br
Vinho&Cia - No. 57