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A saída<br />
associativa<br />
“A junção de esforços<br />
pode gerar benefícios<br />
para os negócios do<br />
mundo do vinho?<br />
Da Galícia, na Espanha,<br />
Álvaro Galvão traz uma<br />
luz sobre o assunto.<br />
Não sou especialista em cooperativismo,<br />
tenho mesmo algumas<br />
restrições quanto ao modo de gestão<br />
de algumas cooperativas, mas tenho de<br />
admitir que quando se tem a necessidade<br />
de crescer o ditado antigo “a união faz a<br />
força” se faz valer.<br />
Estive na Espanha a convite de uma<br />
jovem associação, criada em 2003 na<br />
Galícia, mais especificamente em Chantada,<br />
cuja denominação “Asociación de<br />
Adegueiros e Transformadores do Miño”<br />
aglutina esforços de uma série de bodegas<br />
e transformadores da região vinícola D.O<br />
Ribeira Sacra. Seus objetivos, claro, são<br />
o de unir forças para numa mesma linha<br />
de trabalho levar o desenvolvimento de<br />
projetos que possam agregar valor, qualidade<br />
e quantidade mais expressivos aos<br />
produtores, que sozinhos não alcançariam<br />
e não teriam como desenvolver e aplicar<br />
tecnologias e melhorias departamentais<br />
em seus negócios.<br />
A associação foi fundada com apoio<br />
do Instituto Galego de Promoción<br />
Econômica(IGAPE), com financiamento<br />
<strong>Vinho</strong> & <strong>Cia</strong> - No. 57<br />
da la Caixa. Reúne bodegas que tradicionalmente<br />
utilizam métodos ancestrais de<br />
vitivinicultura e vinificação, sem querer<br />
perder as características rústicas do local,<br />
aliás, muito parecidas com as do Douro.<br />
Lá as uvas são cultivadas nas encostas<br />
agrestes e ainda cobertas de matas nativas<br />
ao longo do rio Minho, onde só podem<br />
ser colhidas manualmente e com muito<br />
sacrifício, em parcelas tão pequenas que<br />
chegamos a duvidar do seu retorno financeiro<br />
(algumas medem cerca de 1200 m2<br />
ou até menos).<br />
Claro que há maiores, mas, pelo que se<br />
nota, a cooperativa, ou a associação, está<br />
desde o início beneficiando exatamente<br />
os pequenos produtores, colocando ao<br />
alcance métodos e numerário para o<br />
crescimento produtivo e qualitativo. A<br />
quantidade de vinhos, no caso, se torna<br />
mais expressiva, diluindo custos. A associação<br />
emprega a mão de obra local<br />
quando as famílias de viticultores ou<br />
vinicultores não dão mais conta, e, enfim,<br />
traz o progresso e agrega valor ao produto<br />
melhorado.<br />
A associação convidou alguns formadores<br />
de opinião, eu dentre eles, representantes<br />
de importadoras e grandes redes<br />
de supermercados para participar da “I<br />
Xornadas de Internacionalización”, que<br />
se destinou a mostrar a outros mercados,<br />
no caso o Brasil, seus produtos e a sua<br />
região peculiar, com enorme potencial<br />
turístico, a meu ver a mola propulsora da<br />
iniciativa.<br />
Conheci produtos regionais, como os<br />
vinhos tintos da uva Mencia, os brancos<br />
que usam as cepas conhecidas no lado do<br />
Minho português, a Albariño e a Loureiro,<br />
a Godello e Treixadura. Também conheci<br />
os licores, com aguardente vínica extraída<br />
das cascas das uvas ou ‘orujo’, que servem<br />
de veículo à linha, possuem 40% de álcool<br />
e compõem uma gama de produtos desde<br />
os licores com ervas, frutas e café, até a<br />
<strong>Vinho</strong>: Que Negócio é Esse?<br />
aguardente pura, uma grapa por assim<br />
dizer, cuja capacidade de produção, já<br />
grande para os padrões locais, chega a<br />
180 mil litros anuais.<br />
Associações e cooperativas, acima de<br />
tudo bem administradas, que realmente<br />
levam seus membros ao desenvolvimento<br />
sustentado – política praticada em Chantada,<br />
em harmonia com a natureza e a<br />
história do local –, só podem ter o nosso<br />
aplauso, e é por isso que digo: “<strong>Vinho</strong>, que<br />
negócio é esse!”. Até o próximo brinde!<br />
Álvaro Cézar Galvão<br />
Colunista<br />
alvaro@jornalvinhoecia.com.br<br />
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