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<strong>Vinho</strong> é Arte<br />
18<br />
pane di tOni<br />
Maria Amélia Duarte Flores<br />
Enóloga<br />
maria.amelia@jornalvinhoecia.com.br<br />
e O imagináriO infantil<br />
Desde criança esperava com ansiedade<br />
a chegada do Natal: não era<br />
somente os presentes, a alegria,<br />
as coisas novas. A casa com cheiro de tinta<br />
(tem que reformar até o final-de-ano),<br />
aguardar os primos que viriam de longe,<br />
hora de colocar uma roupa bonita. Era<br />
hora de ver aquela mesa farta.<br />
Na serra gaúcha o conceito de “mesa<br />
farta” é levado a sério: sempre se serve<br />
quase o dobro do que se precisa, entre doces,<br />
salgados, e, claro, o tradicionalíssimo<br />
panettone. É aquele pão doce, recheado<br />
de frutas ou chocolate, delicioso, sendo<br />
parte do ritual, feito em casa, por alguma<br />
vizinha ou padeiro local.<br />
O Panettone é uma das iguarias natalinas<br />
mais apreciadas e difundidas no<br />
mundo, sendo mais do que só um alimento,<br />
é presente, tem significados, congrega.<br />
Original das famílias do norte da Itália,<br />
conta a lenda que teria sido criado por<br />
um padeiro da cidade de Milão, chamado<br />
Toni, e, com o tempo, o nome “Pane-di-<br />
Toni” teria se difundido por todo o país.<br />
Hoje há uma enorme quantidade de<br />
marcas e, mais recentemente, Panettones<br />
Gourmet, assinados por chefs e grandes<br />
grifes, cheios de sabor e criatividade.<br />
Outros ingredientes e muita criatividade<br />
têm sido incorporados nas receitas.<br />
Como sempre no mundo do vinho,<br />
bebidas e alimentos andam juntos, não<br />
só no paladar, mas nas suas origens,<br />
no surgimento, pois a natureza parece<br />
sempre harmonizar tudo ao seu redor.<br />
Em Asti, pequeno vilarejo do Piemonte,<br />
surgiu um espumante de uvas moscatéis,<br />
de baixa graduação alcoólica e doce pelo<br />
próprio açúcar na uva, elaborado de forma<br />
artesanal pelos camponeses e hoje uma<br />
referência em produtos a nível mundial.<br />
É atualmente uma bebida de moda, elaborado<br />
com muita qualidade pelas vinícolas<br />
brasileiras, sob a denominação “Espumante<br />
Moscatel”. Leve, delicado, casual, este<br />
tipo de bebida tem conquistado muitos<br />
apreciadores. Por ter apenas 7º alcoólicos,<br />
convida a degustar uma taça nas variadas<br />
horas do dia. Quem não gosta de brut e<br />
muitas vezes não aprecia nem vinho, dificilmente<br />
resiste a esta perfumaria, doce<br />
e saborosa.<br />
Por tradição, em Asti, na Itália, é<br />
bebido até mesmo pelas crianças na hora<br />
do brinde natalino, quando é servido o<br />
Panettone. É a combinação ideal. O sabor<br />
das frutas em passa ou cristalizada, cítrico<br />
e doce, e a maciez da massa são perfeitos<br />
para receber o perfume de um moscatel.<br />
Este espumante deve ser apreciado muito<br />
jovem, para preservar bem o aroma frutado.<br />
É preciso também que tenha um toque<br />
de acidez, para não ficar desequilibrado.<br />
Neste ponto, os exemplares brasileiros<br />
levam vantagem sobre os italianos, pois<br />
com todo o processo de importação, muitos<br />
já podem chegar às lojas com mais<br />
tempo em garrafa; o brasileiro pode ter<br />
mais frescor. Outra vantagem é o preço:<br />
moscatéis costumam ter excelente relação<br />
custo-benefício.<br />
É uma bebida que mexe com o imaginário<br />
infantil: volto a ser criança, mas com<br />
a delícia de desfrutar o que é permitido aos<br />
adultos. No Natal é bom apreciar uma bela<br />
fatia do Pane-di-Toni junto com um bom<br />
moscatel: tenha certeza, toda sua família<br />
vai adorar a experiência.<br />
<strong>Vinho</strong>&<strong>Cia</strong> - No. 57