resumo - Universidade Federal do Acre
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Luzes, Câmera, PaLaVras!<br />
Ainda no século XIX estava em voga a beleza maldita que<br />
semeava a ruína entre os homens. Prolongan<strong>do</strong> uma tradição<br />
literária que remontava à Antiguidade clássica, os românticos<br />
e as correntes “decadentistas” deram um relevo particular ao<br />
tipo de mulher vampiresca: bela, impura, inumana e funesta.<br />
De Carmem (Mérimée) a Salammbô (Flaubert), de Célile (Sue)<br />
a Maria (Stwinberne) ou Salomé (Wilde, Laforge ou Malarmé),<br />
enfim, há uma galeria de retratos que ilustram a figura da “bela<br />
dama impie<strong>do</strong>sa” que reúne to<strong>do</strong>s os vícios e todas as volúpias.<br />
Poetas, romancistas e pintores fizeram triunfar a “beleza <strong>do</strong><br />
mal”, a aliança <strong>do</strong> encanto e da decadência, a beleza meduseia<br />
impregnada de trágico de perversidade e de morte.<br />
As representações da mulher foram assim ordenadas em<br />
<strong>do</strong>is grandes estereótipos durante o século XIX: a pureza e a<br />
luxúria, o anjo e o demônio, a beleza virginal e a beleza destrui<strong>do</strong>ra.<br />
No início <strong>do</strong> século XX, no auge da burguesia e da<br />
economia capitalista, fundamenta<strong>do</strong>ras da indústria cinematográfica,<br />
o Star System vai ganhan<strong>do</strong> força, crian<strong>do</strong> modelos<br />
estereotipa<strong>do</strong>s onde a mulher é sempre porta<strong>do</strong>ra de significa<strong>do</strong>s,<br />
e nunca produtora. A Star cinematográfica passa a ser a<br />
representante máxima de sedução e da feminilidade.<br />
A bipolaridade <strong>do</strong>s tipos femininos vai perden<strong>do</strong> seu caráter<br />
central e dan<strong>do</strong> lugar à mulher fatal. Mas uma fatalidade<br />
que não mais requeria distanciamento e vigilância; sedução<br />
intencional, construída para provocar uma espécie de identificação<br />
nas expecta<strong>do</strong>ras femininas que as levasse em direção<br />
a sua feminilidade. Assim, no cinema, que produz imagens em<br />
movimento, não como à fotografia que congela a sedução, a<br />
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