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GUIA DE OFICINAS DO PEAS 18x25.indd

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conformidade tendem a reforçar a heteronomia de crianças e adolescentes. Para Piaget, a<br />

finalidade última da educação é dotar a pessoa de autonomia moral e intelectual. Controles<br />

excessivos e uso de punições e recompensas para obter obediência e conformidade tendem<br />

a reforçar a heteronomia de crianças e adolescentes. Em contrapartida, controles baseados<br />

na reciprocidade e no respeito mútuo tendem a encorajar crianças e adolescentes a cons-<br />

truir por si mesmos seus próprios valores morais. Nesse último caso, os adultos reduzem<br />

seu poder em relação aos mais jovens e abstêm-se de dar-lhes castigos e recompensas<br />

arbitrários, sem relação com o ato que desejam sancionar. Uma sanção arbitrária seria, por<br />

exemplo, proibir uma criança de jogar futebol por ter tirado notas baixas na escola. De forma<br />

análoga, recompensa arbitrária seria dar-lhe de presente uma bola por ter tirado boas notas.<br />

As sanções baseadas na reciprocidade estão diretamente relacionadas com o ato que se<br />

deseja sancionar e com o ponto de vista dos adultos. Exigir que um adolescente pinte uma<br />

parede que ele pichou seria exemplo de sanção por reciprocidade, uma vez que é a repara-<br />

ção do ato praticado, e não algo arbitrário, sem relação com a falta. Sanções desse tipo não<br />

desqualificam a pessoa, mas o ato que ela praticou. Mostram claramente qual é o ponto de<br />

vista do adulto ou dos outros que se viram prejudicados e têm, por isso, o efeito de motivar a<br />

criança ou o adolescente a construir regras de conduta a partir da coordenação entre o seu<br />

ponto de vista e o ponto de vista dos demais. Além de tornar claro por que é preciso evitar o<br />

ato praticado, as sanções devem ter como base uma relação de afeto e de respeito mútuo.<br />

Quem se sente respeitado em sua maneira de pensar e agir tende a aprender a respeitar a<br />

maneira de pensar e agir dos demais.<br />

Como se pode perceber, autonomia não significa onipotência ou auto-suficiência. Pelo<br />

contrário, autonomia é a capacidade de considerar tanto a si quanto aos demais como cen-<br />

tros de decisão e iniciativa, é ser capaz de levar em consideração todos os fatos relevantes<br />

para agir da melhor maneira para todos. Implica, pois, o reconhecimento do outro, da respon-<br />

sabilidade e da moralidade.<br />

Defendendo a necessidade de uma pedagogia que considere o jovem como fonte de liber-<br />

dade, iniciativa e compromisso, Antônio Carlos Gomes da Costa vem desenvolvendo o con-<br />

ceito de protagonismo juvenil como base de uma prática pedagógica que busca a participação<br />

autêntica e não-manipulada dos jovens nos processos que interessam ao seu próprio desen-<br />

volvimento pessoal e social, e que cria espaços para que aprendam a pensar por si mesmos,

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