“A Arte, mais uma vez, invadirá o Oficina. Suas ... - Colégio Oficina
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PARTE 01: COCEPÇÃO DO PROJETO<br />
<strong>“A</strong> <strong>Arte</strong>, <strong>mais</strong> <strong>uma</strong> <strong>vez</strong>, <strong>invadirá</strong> o <strong>Oficina</strong>. <strong>Suas</strong> palavras, movimentos,<br />
sons, imagens afugentarão os maus espíritos. O silêncio será ferido por<br />
múltiplas vozes. Das salas de aulas, os atentos ouvirão seus passos. E, com<br />
seu jeito encantador, ela nos convidará a criar. O desafio, outra <strong>vez</strong>, está<br />
lançado.<br />
E, <strong>mais</strong> <strong>uma</strong> <strong>vez</strong>, os alunos do <strong>Oficina</strong> têm vaga garantida e iluminada na<br />
arena mágica do OFICIA I COCERT.”<br />
1 – O espetáculo será concebido como <strong>uma</strong> ação teatral única. As ligações de cena serão conduzidas<br />
pelas diferentes turmas, com o apoio da Direção Artística;<br />
2 – As cenas de cada turma deverão ser construídas a partir dos subtemas do CONESCO (anexo 01);<br />
3 – A Direção do espetáculo será colegiada, sob a direção geral de Magali Mendes e dividida da seguinte<br />
maneira:<br />
• Direção Artística: Alexandre Molina<br />
• Direção Musical: Pedro Ivo Araujo<br />
• Direção de Iluminação: Lucas Silva<br />
• Recursos Multimídia: profissional a ser definido<br />
• Adereços Cênicos: Solange Moura e Ludmilla Britto<br />
• Produção de Roteiros: Departamento de Língua Portuguesa, sob a coordenação de Cláudia Cely<br />
• Coordenação de Eventos: Maria Fernanda Torres<br />
4 – O valor da nota do OFICINA IN CONCERT será atribuído às atividades pedagógicas de 3ª unidade. Os<br />
pontos serão distribuídos da seguinte maneira:<br />
• 5,0 pontos na composição da nota de Língua Portuguesa (da 5ª ao 2º ano) e de Literatura<br />
Brasileira (do 1º e do 2º ano), correspondente ao compromisso, à pesquisa e à produção do roteiro<br />
de cena.<br />
• Pontuação da apresentação: acréscimo na média, conforme resultado da classificação do júri<br />
oficial, de 1,0 (1º lugar), de 0,75 (2º lugar), 0,5 (3º lugar), 0,25 (4º lugar), somado à classificação<br />
do júri popular (1 ponto para a melhor turma).<br />
Observação: Os roteiros serão construídos a partir de agosto, nas aulas de redação, e obedecerão as<br />
seguintes etapas:<br />
1ª etapa: discussão, em sala de aula, do subtema da turma no CONESCO;<br />
2ª etapa: produção individual do texto-síntese do CONESCO;<br />
3ª etapa: conhecimento teórico dos elementos estruturais de um roteiro cênico, com enfoque na<br />
linguagem predominante da cena específica de cada turma, sem perder de vista a utilização de<br />
outros recursos de linguagem;<br />
4ª etapa: apresentação da proposta geral de roteiro + texto do CONESCO = produção, em grupo, da<br />
proposta de roteiro da turma;<br />
5ª etapa: a elaboração do roteiro de turma (a partir dos roteiros de grupo).<br />
OBS.: o professor, em sala de aula, poderá propor alterações, a partir das necessidades de cada<br />
turma.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
5 – A equipe de produção de cada turma deverá ser constituída, além dos representantes de sala,<br />
das seguintes funções:<br />
a) iluminação: concepção, roteiro e acompanhamento<br />
b) adereços cênicos: concepção, croqui, confecção e acompanhamento (o cenário deverá<br />
ser discutido antecipadamente com a Coordenação Geral)<br />
c) figurinos: criação, confecção, entrega, serviço de camareiro, maquiagem (os desenhos deverão ser<br />
discutidos com os professores de <strong>Arte</strong>s<br />
d) recursos multimídia: criação, confecção e acompanhamento<br />
e) imprensa<br />
f) captação de recursos que trabalhará junto aos gestores financeiros da turma (professores de<br />
matemática)<br />
g) sonoplastia: criação, confecção e acompanhamento<br />
OBS.: A iluminação, a cenografia, os figurinos, a sonoplastia e os recursos multimídia serão parte<br />
integrante do espetáculo.<br />
6 – Sobre a contratação do coreógrafo: cada coreógrafo deverá ser contatado pela turma, a partir de<br />
consulta prévia à Direção Artística, e se responsabilizará em conseguir cópia dos documentos pessoais<br />
(RG, CPF e comprovante de residência) para confecção do Contrato de Prestação de Serviços. O valor a<br />
ser pago a este profissional seguirá a tabela de referência proposta pela administração financeira do<br />
<strong>Colégio</strong> <strong>Oficina</strong>. Nenhum acerto de valores deve ser feito antes da consulta ao setor responsável.<br />
6.1. São direitos do coreógrafo:<br />
I. ser pago da seguinte maneira:<br />
• 50% no início dos trabalhos<br />
• 50% até 48 horas após a apresentação do espetáculo<br />
II. ser tratado com respeito e profissionalismo pela turma<br />
7 – O júri oficial do OFICINA IN CONCERT será constituído por professores do <strong>Colégio</strong> <strong>Oficina</strong>,<br />
representantes do <strong>Oficina</strong> in Concert do 3º ano, e ex-alunos do <strong>Oficina</strong>;<br />
8 – O júri popular será constituído pelos alunos do ensino fundamental para a escolha da melhor cena do<br />
ensino médio e vice-versa;<br />
9 – O resultado do OFICINA IN CONCERT será divulgado até <strong>uma</strong> semana após o espetáculo, no último<br />
horário da manhã, para que haja tempo para contagem de votos do júri popular e para elaboração do<br />
relatório do júri oficial;<br />
10 – A Imprensa será responsável pelo registro do making-off das cenas e do espetáculo;<br />
11 – A confecção do cartaz, do programa, das informações do telão e a vendagem de ingressos ficará a<br />
cargo da equipe de Eventos do <strong>Colégio</strong> <strong>Oficina</strong>.<br />
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PARTE 02: CROOGRAMA DE ATIVIDADES<br />
AGOSTO<br />
13/08 Reunião dos líderes do OFICINA IN CONCERT (início das atividades)<br />
18/08 Reunião com os professores para discussão do Roteiro Geral<br />
22/08 1ª Reunião com os coreógrafos<br />
31/08 Último dia para a entrega do roteiro de cena da turma<br />
SETEMBRO<br />
08/09 Início dos ensaios<br />
18/09 Último dia para a entrega do desenho de figurinos, da trilha sonora e dos<br />
recursos multimídia<br />
19/09 2ª Reunião com os coreógrafos<br />
OUTUBRO<br />
05/10 Reserva de ingresso (apenas dois para cada aluno)<br />
Marcação de palco<br />
06/10 Venda de ingresso<br />
Montagem técnica<br />
07/10 Espetáculo<br />
OBS.: As reuniões com os líderes do OFICIA I COCERT acontecerão semanalmente às quintasfeiras<br />
nos horários do intervalo. Em caso de alteração de dia e/ou de horário, os líderes serão<br />
avisados com antecedência.<br />
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ESIO FUDAMETAL<br />
ALGUM DIA O PARAÍSO<br />
CEA DA 5ª SÉRIE A – <strong>“A</strong>CREDITAMOS QUE TUDO É POSSÍVEL”<br />
<strong>“A</strong> cidade ideal dum cachorro<br />
Tem um poste por metro quadrado<br />
ão tem carro, não corro, não morro<br />
E também nunca fico apertado<br />
A cidade ideal da galinha<br />
Te as ruas cheias de minhoca<br />
A barriga fica tão quentinha<br />
Que transforma o milho em pipoca<br />
Atenção porque nesta cidade<br />
Corre-se a toda velocidade<br />
E atenção que o negócio está preto<br />
Restaurante assando galeto<br />
Mas não, mas não<br />
O sonho é meu e eu sonho que<br />
Deve ter alamedas verdes<br />
A cidade dos meus amores<br />
E, quem dera, os moradores<br />
E o prefeito e os varredores<br />
Fossem somente crianças<br />
Deve ter alamedas verdes<br />
A cidade dos meus amores<br />
E, quem dera, os moradores<br />
E o prefeito e os varredores<br />
E os pintores e os vendedores<br />
Fossem somente crianças<br />
UTOPIA<br />
OFICIA I COCERT 2009<br />
ROTEIRO GERAL<br />
A tarefa da 5ª A é apresentar a “cidade ideal”, construída a partir dos sonhos<br />
individuais e coletivos. Pensar a Utopia como “não-lugar” (ou um lugar impossível?),<br />
local imaginário e fantástico. Idealizar, não apenas um lugar, mas <strong>uma</strong> vida, um<br />
futuro, ou qualquer outro tipo de coisa, n<strong>uma</strong> visão fantasiosa e questionadora do<br />
“mundo real”. Apresentar <strong>uma</strong> cidade do jeito que a turma gostaria que ela fosse,<br />
assim como fizeram os personagens dos “Saltimbancos”.<br />
A cidade Ideal / Saltimbancos (Chico Buarque de Holanda)<br />
A cidade ideal de <strong>uma</strong> gata<br />
É um prato de tripa fresquinha<br />
Tem sardinha num bonde de lata<br />
Tem alcatra no final da linha<br />
Jumento é velho, velho e sabido<br />
E por isso já está prevenido<br />
A cidade é <strong>uma</strong> estranha senhora<br />
Que hoje sorri e amanhã te devora<br />
Atenção que o jumento é sabido<br />
É melhor ficar bem prevenido<br />
E olha, gata, que a tua pelica<br />
Vai virar <strong>uma</strong> bela cuíca<br />
Mas não, mas não<br />
O sonho é meu e eu sonho que<br />
Deve ter a mil intantes<br />
A cidade dos meus amores<br />
E, quem dera, os moradores<br />
E o prefeito e os varredores<br />
Fossem somente crianças<br />
Deve ter a mil intantes<br />
A cidade dos meus amores<br />
E, quem dera, os moradores<br />
E o prefeito e os varredores<br />
E os pintores e os vendedores<br />
As senhoras e os senhores<br />
E os guardas e os inspetores<br />
Fossem somente crianças”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
Thomas More, filósofo inglês do século XVI, criou “Utopia”,<br />
edificando <strong>uma</strong> sociedade imaginária, ideal, sem propriedade privada,<br />
com absoluta comunidade de bens e do solo, sem antagonismos entre<br />
a cidade e o campo, sem trabalho assalariado, sem gastos supérfluos e<br />
luxos excessivos.<br />
Embora o caráter essencialmente imaginário e quimérico da “Utopia”, a obra<br />
de More ficou na história, e o seu nome para sempre incorporado ao<br />
vocabulário universal como o significado do todo sonho generoso de renovação<br />
social.<br />
Elemento de passagem de cena:<br />
“Quero a utopia, quero tudo e <strong>mais</strong><br />
Quero a felicidade nos olhos de um pai<br />
Quero a alegria muita gente feliz<br />
Quero que a justiça reine em meu país<br />
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão<br />
Quero ser amizade, quero amor, prazer<br />
Quero nossa cidade sempre ensolarada<br />
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver”<br />
Coração Civil (Milton Nascimento e Fernando Brant)<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
Mapa de Utopia<br />
Nesse momento, percebe-se que a “cidade real” é bem diferente daquela idealizada por todos nós,<br />
apesar de poderem existir pontos em comum. A 5ª B entra em cena desejando “<strong>uma</strong> cidade sempre<br />
ensolarada”, mas percebe que “alg<strong>uma</strong> coisa está fora da ordem”. O que será?<br />
CEA DA 5ª SÉRIE B – <strong>“A</strong>LGUMA COISA ESTA FORA DA ORDEM”<br />
A tarefa da 5ª B é descobrir a “cidade real”, com suas belezas e<br />
contradições: Não apenas apontar suas mazelas, como a<br />
desigualdade social, a fome e outros problemas, mas também<br />
apresentar seus pontos positivos, as “Harmonias bonitas” cantadas<br />
por Caetano Veloso, sem esquecer da cidade que se apresenta<br />
como “centro das ambições / Para mendigos ou ricos e outras<br />
armações / Coletivos, automóveis, motos e metrôs / Trabalhadores,<br />
patrões, policiais, camelôs” (Chico Science).<br />
Cota Zero (Carlos Drummond de Andrade)<br />
“STOP.<br />
A vida parou<br />
ou foi o automóvel?”<br />
A turma deve mostrar O QUÊ está fora da ordem. Questionar o conceito de Utopia, mostrar que a<br />
Utopia de um, pode não ser a mesma do outro. Como a “cidade real” se apresenta em nosso cotidiano?<br />
Quais desafios ela nos coloca? Como pensamos essa realidade? Quais caminhos se abrem a partir daí?
Fora da Ordem (Caetano Veloso)<br />
“Vapor barato<br />
Um mero serviçal<br />
Do narcotráfico<br />
Foi encontrado na ruína<br />
De <strong>uma</strong> escola em construção<br />
Aqui tudo parece<br />
Que era ainda construção<br />
E já é ruína<br />
Tudo é menino, menina<br />
o olho da rua<br />
O asfalto, a ponte, o viaduto<br />
Ganindo prá lua<br />
ada continua<br />
E o cano da pistola<br />
Que as crianças mordem<br />
Reflete todas as cores<br />
Da paisagem da cidade<br />
Que é muito <strong>mais</strong> bonita<br />
E muito <strong>mais</strong> intensa<br />
Do que no cartão postal<br />
Alg<strong>uma</strong> coisa<br />
Está fora da ordem<br />
Fora da nova ordem<br />
Mundial<br />
A Cidade (Chico Science)<br />
“O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas<br />
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas<br />
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas<br />
ão importa se são ruins, nem importa se são boas<br />
E a cidade se apresenta centro das ambições<br />
Para mendigos ou ricos e outras armações<br />
Coletivos, automóveis, motos e metrôs<br />
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs<br />
A cidade não pára, a cidade só cresce<br />
O de cima sobe e o de baixo desce<br />
A cidade se encontra prostituída<br />
Por aqueles que a usaram em busca de saída<br />
Ilusora de pessoas de outros lugares<br />
A cidade e sua fama vai além dos mares<br />
Escuras coxas duras<br />
Tuas duas de acrobata mulata<br />
Tua batata da perna moderna<br />
A trupe intrépida em que fluis<br />
Te encontro em Sampa<br />
De onde mal se vê<br />
Quem sobe ou desce a rampa<br />
Alg<strong>uma</strong> coisa em nossa transa<br />
É quase luz forte de<strong>mais</strong><br />
Parece pôr tudo à prova<br />
Parece fogo, parece<br />
Parece paz, parece paz<br />
Pletora de alegria<br />
Um show de Jorge Benjor<br />
Dentro de nós<br />
É muito, é grande<br />
É total<br />
Alg<strong>uma</strong> coisa<br />
Está fora da ordem<br />
Fora da nova ordem<br />
Mundial<br />
Foto de <strong>uma</strong> favela, vencedora do Festival de Cannes.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
Meu canto esconde-se<br />
Como um bando de Ianomâmis<br />
a floresta<br />
a minha testa caem<br />
Vem colocar-se pl<strong>uma</strong>s<br />
De um velho cocar<br />
Estou de pé em cima<br />
Do monte de imundo<br />
Lixo baiano<br />
Cuspo chicletes do ódio<br />
o esgoto exposto do Leblon<br />
Mas retribuo a piscadela<br />
Do garoto de frete<br />
Do Trianon<br />
Eu sei o que é bom<br />
Eu não espero pelo dia<br />
Em que todos<br />
Os homens concordem<br />
Apenas sei de diversas<br />
Harmonias bonitas<br />
Possíveis sem juízo final<br />
Alg<strong>uma</strong> coisa<br />
Está fora da ordem<br />
Fora da nova ordem<br />
Mundial”<br />
o meio da esperteza internacional<br />
A cidade até que não está tão mal<br />
E a situação sempre <strong>mais</strong> ou menos<br />
Sempre uns com <strong>mais</strong> e outros com menos<br />
A cidade não pára, a cidade só cresce<br />
O de cima sobe e o de baixo desce<br />
Eu vou fazer <strong>uma</strong> embolada, um samba, um maracatu<br />
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu<br />
Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu<br />
um dia de sol Recife acordou<br />
Com a mesma fedentina do dia anterior<br />
A cidade não pára, a cidade só cresce<br />
O de cima sobe e o de baixo desce”
Elemento de passagem de cena:<br />
(Bansky, 2009)<br />
“Uma flor nasceu na rua!<br />
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.<br />
Uma flor ainda desbotada<br />
ilude a polícia, rompe o asfalto.<br />
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,<br />
garanto que <strong>uma</strong> flor nasceu.”<br />
(Bansky, 2007)<br />
(Trecho do poema A Flor e a Náusea, de Carlos Drummond de Andrade)<br />
A 5ª B apresentou as contradições da “cidade real”, e abre caminho para a 5ª<br />
C re-significar essa realidade de <strong>uma</strong> forma lúdica, através da arte.<br />
Drummond aponta o “nascimento de <strong>uma</strong> flor” dentro do caos das grandes<br />
cidades; é o ordinário transformado em algo extraordinário pela visão do<br />
artista.<br />
CEA DA 5ª SÉRIE C – “O MELHOR LUGAR É AQUI E AGORA”<br />
A turma deve propor um novo olhar para o meio urbano,<br />
mostrando como experiências práticas e artísticas podem<br />
transformar o meio. Como a <strong>Arte</strong> Urbana pode ampliar o<br />
universo e a visão dos cidadãos em relação à sua cidade?<br />
Repensar e reconstruir a “cidade real” (re-significando a<br />
“cidade utópica”), levantando questionamentos sociais,<br />
estéticos e políticos através da <strong>Arte</strong>, Intervenções Urbanas e<br />
Ambientais. Salientar as possíveis ligações entre <strong>Arte</strong> e Vida.<br />
<strong>“A</strong> <strong>Arte</strong> não reproduz o visível, ela torna visível” (Paul Klee)<br />
Balões Vermelhos<br />
GIA - Grupo de Interferência Ambiental<br />
A <strong>Arte</strong> Urbana vem traçando novos caminhos para as reflexões sobre a cidade, utilizando linguagens<br />
visuais inusitadas e festivas.<br />
“De certa forma, tais manifestações nem sempre são vistas como arte, mas desempenham em suas<br />
funções <strong>uma</strong> tarefa similar ao apropriar-se de configurações estéticas, potencialmente criativas, sobre<br />
o social, o simbólico e o político.”<br />
(André Mesquita, 2006)<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
É por meio de <strong>uma</strong> estética da resistência que muitos dos artistas-ativistas têm trabalhado,<br />
reinterpretado o conceito de cidade, que<br />
engloba tanto os níveis <strong>mais</strong> singulares da<br />
pessoa quanto os níveis <strong>mais</strong> coletivos.<br />
Artistas urbanos tentam intervir de forma<br />
polissêmica na produção cultural e semiótica do<br />
capitalismo, recuperando o espaço através de ações<br />
poéticas e efêmeras, ou pelo uso de táticas de<br />
intervenções nas paisagens, no circuito das galerias e<br />
alterações nos sistemas oficiais de informação,<br />
denunciando problemáticas locais, nacionais e<br />
mundiais. No campo artístico, a escolha de um<br />
ativismo cultural se define pelo emprego de imagens<br />
efetivas e o uso dos meios culturais em busca de<br />
mudança social.<br />
(Bansky, 2007)<br />
(Adaptação do texto <strong>“A</strong>rte-ativismo: interferência, coletivismo e transversalidade”, de André Mesquita, 2006)<br />
“Me identifico com o vazio”, diz jovem presa por pichar Bienal<br />
(DIÓGENES MUNIZ, editor de Informática da Folha Online)<br />
Atacada por todos os lados, a 28ª Bienal Internacional de São Paulo recebeu em seus últimos dias de<br />
exposição um elogio improvável: veio de dentro de <strong>uma</strong> penitenciária. "Acho interessante. Me<br />
identifico um pouco com o vazio", disse à Folha Online a pichadora gaúcha Caroline Pivetta da Mota.<br />
Caroline foi <strong>uma</strong> das 40 pessoas que, no dia 26 de outubro, atacou com spray o prédio da Bienal, no<br />
parque Ibirapuera. Ela está encarcerada há 40 dias. Dependendo do julgamento, pode permanecer na<br />
Penitenciária Feminina de Santana até a próxima Bienal, em 2010.<br />
Na denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo, Caroline é acusada de se associar a<br />
"milicianos" com fins de "destruir as dependências do prédio". Ela faz parte da auto-intitulada gangue<br />
Susto's. É a única garota do grupo de pichadores, além de ser novata.<br />
Enquadrada no artigo 62 da Lei de Crimes Ambientais (destruição de patrimônio cultural), pode pegar<br />
de um a três anos de prisão. Além da Bienal, Caroline estava ainda nos ataques à piche na galeria<br />
Choque Cultural, em Pinheiros, e no Centro Universitário Belas <strong>Arte</strong>s.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
No entanto, seu primeiro problema sério envolvendo pichação ocorreu há cerca de cinco<br />
meses, após pintar um prédio da Polícia do Exército, no centro de São Paulo. Conseguiu um<br />
processo militar, sobre o qual pouco sabe.<br />
Na Bienal, não havia integrantes de apenas um grupo, segundo ela. "Cada um 'colou' lá por um<br />
motivo", explica. O dela? "Estava me manifestando contra os desfavorecidos, os que não têm acesso<br />
àquela coisa toda [a exposição]." E emenda: "Claro que eu não precisava me expor dessa forma. Fui lá<br />
pela manifestação, para acompanhar os meninos, não pelo Susto's. Se tivesse me privado daquilo,<br />
estaria hoje na rua fazendo o que gosto, que é pichar."<br />
Ela aprova a temática da mostra, porque "todo mundo tem um vazio dentro de si". "Tanto na Bienal,<br />
quanto nas Belas <strong>Arte</strong>s, fui só para ver o que ia rolar. Mas, quando percebi, a lata de spray já estava na<br />
minha mão", diz, rindo de si mesma.<br />
Meta de vida<br />
“Tanto grafite, quanto picho são underground, coisa do fundão. Não são feitos para exposição em<br />
galeria. A parada que eu faço é na rua, é para o povo olhar e não gostar. Uma agressão visual", diz<br />
Caroline, que começou a pichar aos 12 anos. Questionada sobre seus gostos musicais, cita bandas de<br />
reggae e de Oi! (gênero cujos apreciadores vão de punks a skinheads antifascistas). Na esteira da<br />
conversa sobre música e grupos urbanos, lembra que já foi espancada por anarco-punks em Porto<br />
Alegre e que um de seus melhores amigos acabou morto em <strong>uma</strong> briga de rua em São Paulo.<br />
A jovem cursou até o primeiro ano do ensino médio. Largou os estudos após tentar se suicidar, um dos<br />
poucos assuntos sobre o qual prefere não falar. Já trabalhou como atendente de telemarketing e, antes de<br />
transformar a pichação n<strong>uma</strong> "meta de vida", vendia artesanato e camisetas na rua. Sua mãe, a artesã<br />
Rosemari Pivetta da Mota, viajou do Rio Grande do Sul a São Paulo. Caroline, filha única, não foi<br />
criada pelo pai.<br />
Na prisão, a pichadora está dividindo a cela com <strong>uma</strong> evangélica. "Tenho que ficar assistindo ao canal<br />
da igreja", brinca. Vegetariana, lamenta comer carne, porque "tem dias que não tem como encarar esse<br />
arroz e feijão daqui".<br />
Na semana passada, ganhou <strong>uma</strong> pichação no próprio corpo: tatuou Susto's no antebraço direito, dentro<br />
da cadeia.<br />
Pressão<br />
Antes da Bienal e da galeria Choque Cultural, a jovem só<br />
havia entrado em <strong>uma</strong> exposição na vida, sobre o artista<br />
espanhol Joan Miró (1893-1983). "Achei bem louco", diz,<br />
sobre a mostra do Santander Cultural de Porto Alegre.<br />
De acordo com os advogados de Caroline, ela não<br />
conseguiu comprovar residência fixa, tampouco ocupação<br />
legal, por isso permanece presa. Eles dizem que farão <strong>mais</strong><br />
um pedido à Justiça para que a jovem responda em<br />
liberdade.<br />
A Bienal nega fazer pressão para mantê-la atrás das grades, embora os advogados da instituição dêem<br />
como certa a condenação dos jovens. Diversos artistas cobram a fundação para liberá-la.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
"Coube à Fundação Bienal de São Paulo registrar boletim de ocorrência após a pichação. A<br />
Fundação não possui qualquer ingerência sobre o caso, que é de responsabilidade única e<br />
exclusiva da Justiça", declarou a Bienal, por meio de sua assessoria de imprensa.<br />
"Eles diziam ser um espaço interativo. Rolou de alg<strong>uma</strong>s pessoas entrarem lá para discutir arte<br />
contemporânea. O cara que ficou pelado [Maurício Ianês] estava integrado com o sistema, para a gente<br />
não é assim. A arte tem que ser livre", diz o pichador Rafael Guedes Augustaitiz, o Pixobomb, líder das<br />
ações. Foi ele quem, em junho passado, apresentou como TCC (trabalho de conclusão de curso) um<br />
ataque de spray a sua faculdade.<br />
"A gente não queria estragar as obras deles [da Bienal], mesmo porque não tinha obra. A obra, ali, nós<br />
que íamos fazer", afirma Caroline. Embora seja chamada informalmente de Bienal do Vazio, o título<br />
oficial da mostra é "Em Vivo Contato".<br />
UTOPIA O HORIZOTE<br />
CEA DA 6ª SÉRIE A – “É PRECISO AMOR PARA PODER PULSAR”<br />
A tarefa dessa turma é traduzir os movimentos de Ana das Carrancas,<br />
dando formas aos valores h<strong>uma</strong>nos tão caros ao nosso existir. No entanto,<br />
na singularidade dos movimentos de Ana das Carrancas somaremos o que<br />
nos propõe João Cabral, em Tecendo a Manhã, <strong>uma</strong> grande teia que nos<br />
interconecta, expandindo-se em movimentos de coletividade. Um pulsar e<br />
um respirar coletivo - ética e estética.<br />
Tecendo a manhã (João Cabral de Melo Neto)<br />
"Um galo sozinho não tece a manhã:<br />
ele precisará sempre de outros galos.<br />
De um que apanhe esse grito que ele<br />
e o lance a outro: de um outro galo<br />
que apanhe o grito que um galo antes<br />
e o lance a outro; e de outros galos<br />
que com muitos outros galos se cruzam<br />
os fios de sol de seus gritos de galo<br />
para que a manhã, desde <strong>uma</strong> tela tênue,<br />
se vá tecendo, entre todos os galos."<br />
Para refletir a utopia no horizonte vamos dar um mergulho na história de Ana das Carrancas. Essa<br />
história nos possibilita sentir a existência de valores h<strong>uma</strong>nos – amor, solidariedade, integridade,<br />
respeito – que tornam possíveis caminharmos para um horizonte de sonhos tangíveis, realizáveis.<br />
Mergulhando na História de Ana das Carrancas<br />
Ana Leopoldina Santos Lima era o nome dela. Isso muito antes de o barro moldar<br />
seu destino lhe dando por amor um homem que não tinha olhos para enxergá-la. Os<br />
monstros gerados pelas mãos de Ana eram cegos como o companheiro de sua vida.<br />
Com um golpe rápido, certeiro, ela vazava os olhos de suas criaturas com a ponta<br />
de um pedaço de pau. Com Ana era assim, a desgraça virava épico. Ao morrer, na<br />
quarta-feira passada (1º/10), aos 85 anos, a maior carranqueira do São Francisco<br />
voltou ao barro que a fez. E deixou Zé dos Barros, pela primeira <strong>vez</strong>, na escuridão.<br />
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Ela era <strong>uma</strong> mulher de solenidades. Não falava,<br />
entoava. “Minha vida é extensa...”, era a frase<br />
com que iniciava a narrativa. Analfabeta, fazia<br />
literatura pela boca. E mesmo limitada por <strong>uma</strong><br />
seqüência de derrames, parte dos dedos com que<br />
tocava a lama do mundo paralisados, Ana era grande.<br />
Carregava nos gestos <strong>uma</strong> largura de alma. E o rio era seu<br />
espelho em <strong>mais</strong> de um sentido. A mulher que moldava o<br />
barro do chão só pisava o reflexo do céu.<br />
Ana das Carrancas cost<strong>uma</strong>va dizer que sua arte era a síntese de seu amor por um cego que via o<br />
mundo, mas não era visto por ele. Entre ela e Zé dos Barros nunca se soube quem era criador, quem era<br />
criatura. Ela já veio ao mundo retirante, na cidade pernambucana de Ouricuri. Mas diferente de quase<br />
todos, nunca lamentou a terra estéril sob seus pés. A estirpe de mulheres da qual era continuidade<br />
moldava pratos, panelas, vasos. Ana aprendeu com a mãe, e antes dela a avó, que do barro se arranca<br />
tudo, até a vida.<br />
Poucos anos depois dela, José Vicente de Barros nasceu em Jenipapo, outro canto sertanejo.<br />
Desembarcou na vida sem olhos, por culpa do amor incestuoso entre primos-irmão. Desde cedo a ele<br />
ensinaram que “quando Deus faz <strong>uma</strong> criança sem vista é porque quer que ela sobreviva como pedinte”.<br />
Para se localizar na escuridão, desde menino ele balançava a cabeça. E nesse de lá pra cá, de cá pra lá,<br />
encontrava equilíbrio mesmo nas trevas. Ana e Zé só cruzaram seus pés descalços quase trinta anos<br />
<strong>mais</strong> tarde. Ana tornara-se viúva desde que seu marido despencara de um pau-de-arara. Conheceu Zé<br />
pedindo esmolas na feira de Picos. Ele balançava guizos, cantava cantigas [...] Zé despertou. Pediu a<br />
moça certa em matrimônio. E passaram a dividir teto e misérias: Ana na feira, Zé nos guizos.<br />
Um dia a vizinha abordou Ana na rua. “Desenteirei açúcar do meu filho para dar esmola a Zé”, queixouse.<br />
O rosto de Ana queimou de vergonha. Tirou <strong>uma</strong> nota do bolso e retrucou: “Enteire de novo o<br />
açúcar do seu filho. Por Zé ele não vai passar fome”. Naquela noite não dormiu. Sua tristeza não coube<br />
na rede que dividia com Zé. Quando acordou, chamou o marido e anunciou: “Meu velho, nunca lhe fiz<br />
um pedido. Mas hoje lhe peço. De agora em diante, você não vai <strong>mais</strong> pedir esmola". Assustado, Zé<br />
rebateu: “Deus me fez sem vista para que eu pedisse esmola”. Ana fincou pé: “De hoje em diante sua<br />
vista é a minha. Você pisa o barro, eu faço a peça. Nós vamos levar para a feira, nós vamos ser felizes”.<br />
Ana pegou a enxada e caminhou até as margens do São Francisco, em Petrolina. Diante da fartura de<br />
líquidos, invocou o espírito do rio: “Meu grande Nosso Senhor São Francisco. Pelo poder que ostenta,<br />
pelas águas que estão correndo, do próprio barro melhore a nossa vida”. Ao terminar, juntou um bolo de<br />
lama e fez, sem que até hoje saiba como, a primeira carranca. Começou levando na feira, suportando<br />
calada riso e maldades. “É tão feia quanto a dona”, cutucavam. No dia seguinte, em <strong>vez</strong> de <strong>uma</strong>, Ana<br />
levava duas. Até que caiu nas graças dos turistas e dos ricos da cidade e, de lá, suas obras ganharam o<br />
mundo. Ela então deixou de ser Ana do Cego e virou Ana das Carrancas. E ele virou Zé dos Barros.<br />
As carrancas de Ana são diferentes de todas as outras que, desde o final do século XIX, apontaram a<br />
face horrenda na proa das barcas do São Francisco. A maioria dos carranqueiros célebres esculpe em<br />
madeira, Ana, em barro. Mas a maior singularidade são mesmo os olhos vazados do seu monstro. São<br />
eles que dão a expressão melancólica, contendo <strong>mais</strong> sofrimento do que ameaça, à obra de Ana. É do<br />
feminino que Ana tira sua carranca dilacerada diante da dor do mundo.<br />
“Os olhos vazados da carranca são <strong>uma</strong> homenagem a ele. O Zé pisa o barro, prepara o bolo, faz a<br />
forma no pensamento. Eu moldo. Furo o nariz, as orelhas. Então, toco um pedaço de pau bem feitinho<br />
no olho”, me contou ela, anos atrás. “Não me sinto bem furando os olhos. Furo com pena, com dor. É<br />
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como estar judiando dele. Porque todas são ele. Então, digo: '‘Olha, meu velho, homenagem a<br />
Zé Vicente de Barros'. Fico aliviada, porque lembro que faço por amor a ele." Sacudindo a<br />
cabeça para lá e para cá, Zé dos Barros concluía: “Eu era um bicho. Virei gente. Esta mulher<br />
me fez”.<br />
Os traços deformados das carrancas de Ana expressam, pelo avesso, a perfeição de seu amor. É este<br />
sentimento avassalador que tomava conta de Ana, anos atrás, quando ela começou a pressentir que o fio<br />
de sua vida atingia seu cumprimento. “O barro é como gente. Tem o barro ruim e o barro bom. E até o<br />
barro regular. Conhecendo o barro se conhece o mundo”, sussurrava ela. “O barro é o começo e o fim<br />
de tudo. Sem ele não sou ninguém. Foi ele que me deu o direito. Não me separo dele pra coisa<br />
nenh<strong>uma</strong>, porque eu amo aquilo que ama a mim. O barro é um caco de mim.”<br />
As lágrimas abriam então sulcos em sua face. Por um momento, ela assemelhava-se à sua criação.<br />
Movia o rosto em direção a Zé, que não a via com os olhos, mas era o único a abarcá-la por completo.<br />
Ana então dizia: “Não estou pedindo a morte. Mas quando eu me for, qualquer pedacinho de orelha,<br />
nariz ou olho é lembrança dele. E de mim”.<br />
(Eliane Brum, com fotos de Denise Adams, Revista Época 09/10/2008)<br />
“Ela está no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o<br />
horizonte corre dez passos. Por <strong>mais</strong> que eu caminhe ja<strong>mais</strong> a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve<br />
para isso: para fazer caminhar.”<br />
(Eduardo Galeano)<br />
<strong>“A</strong>nda!<br />
Quero te dizer nenhum segredo<br />
Falo nesse chão, da nossa casa<br />
Bem que tá na hora de arr<strong>uma</strong>r<br />
Tempo!<br />
Quero viver <strong>mais</strong> duzentos anos<br />
Quero não ferir meu semelhante<br />
em por isso quero me ferir<br />
Vamos precisar de todo mundo<br />
Prá banir do mundo a opressão<br />
Para construir a vida nova<br />
Vamos precisar de muito amor<br />
A felicidade mora ao lado<br />
E quem não é tolo pode ver<br />
A paz na Terra, amor<br />
O pé na terra<br />
A paz na Terra, amor<br />
O sal da...<br />
Sal da Terra (Beto Guedes)<br />
Terra!<br />
És o <strong>mais</strong> bonito dos planetas<br />
Tão te maltratando por dinheiro<br />
Tu que és a nave nossa irmã<br />
Canta!<br />
Leva tua vida em harmonia<br />
E nos alimenta com seus frutos<br />
Tu que és do homem, a maçã...<br />
Vamos precisar de todo mundo<br />
Um <strong>mais</strong> um é sempre <strong>mais</strong> que dois<br />
Prá melhor juntar as nossas forças<br />
É só repartir melhor o pão<br />
Recriar o paraíso agora<br />
Para merecer quem vem depois...<br />
Deixa nascer, o amor<br />
Deixa fluir, o amor<br />
Deixa crescer, o amor<br />
Deixa viver, o amor<br />
O sal da terra”<br />
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Elemento de passagem de cena:<br />
Puxa vida! Como tudo está esquisito hoje! E ainda ontem as coisas<br />
estavam tão nor<strong>mais</strong>... Será que eu mudei durante a noite? Deixe eu<br />
pensar: quando eu acordei hoje de manhã, era eu mesma? Tenho quase<br />
certeza que estou lembrando que estava um pouco diferente...<br />
(Alice no País das maravilhas. Lewis Carrol )<br />
Essa passagem evoca a queda da passagem de um lugar sólido e seguro, para um espaço duvidoso e de<br />
incertezas.<br />
CEA DA 6ª SÉRIE B – “REPODO O SER QUE SOHA”<br />
Vamos, acordem! O sonho não acabou... Estamos apenas (re)<br />
começando. Há muito trabalho para ser feito, continuamos dando<br />
formas, modelando no “barro” de Ana das Carrancas.<br />
A tarefa da turma B é dar corpo as idéias sobre comunidade, e intervir<br />
nessas idéias. Ufa!!! Olhemos para o passado: as sociedades antigas<br />
(África, povos indígenas, povos pré-colombianos) quais os significados<br />
de coletivo que ali residiam? E os movimentos de contracultura que<br />
criaram “comunidades alternativas” (colocando o ser h<strong>uma</strong>no como<br />
centro da vida social)? E voltemos nosso olhar, mirando, no presente, as<br />
ações propostas nos ideais de <strong>uma</strong> economia solidária.<br />
Alguns conceitos de comunidade<br />
A comunidade não é um ente ou sujeito coletivo, mas <strong>uma</strong> relação. Um<br />
limiar onde se encontram sujeitos individuais. Ela dá espaço para que se<br />
cogite a dimensão coletiva, em que a vinculação aparece como a radicalidade da diferenciação e da<br />
aproximação entre seres h<strong>uma</strong>nos, e daí como centro do processo comunicativo o que Dewey chamava<br />
de “interação comunal” [...] comunidade não é um estar junto num território, como n<strong>uma</strong> aldeia, bairro<br />
ou num gueto, é um compartilhamento – troca – relativo a <strong>uma</strong> tarefa (manus), implícito na obrigação<br />
originária (onus) que se tem para com o Outro. Os indivíduos diferenciam-se e identificam-se, dentro da<br />
dinâmica vinculativa, o reconhecimento e o acatamento dessa dívida simbólica.<br />
(Muniz Sodré, O retorno da comunidade: os novos caminhos do social, 2007)<br />
Mostra processual e itinerante, Afetos Roubados no<br />
tempo agrupa pequenos artefatos criados por 730<br />
artistas e artesãos de vários países do mundo,<br />
dispostos em 365 pares. Essas peças, denominadas<br />
objetos-afeto, ecoam a diversidade de materiais e a<br />
pluralidade de conceitos relacionados com cada<br />
lugar de origem do autor e sua interação com o<br />
universo que o rodeia e o reconhece como indivíduo.<br />
Conseqüentemente, eles espelham a identidade de<br />
cada um dos autores.<br />
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Conceitos de comunidade, local e região: inter-relações e diferenças<br />
O local, a comunidade, a família, por nos serem próximos, tendem a representar segurança e<br />
proteção em um mundo aparentemente instável, de proporções globais etc. Uma <strong>vez</strong><br />
estruturados com base em harmonia e solidariedade, seriam espaços de abrigo e amparo em meio às<br />
turbulências da vida urbana.<br />
Ba<strong>uma</strong>n (2003, p. 7), “‘comunidade’ produz <strong>uma</strong> sensação boa por causa dos significados que a palavra<br />
‘comunidade’ carrega”: é a segurança em meio à hostilidade.<br />
Importante registrar ainda que, para Buber (1987, p.39), a h<strong>uma</strong>nidade se originou em <strong>uma</strong> comunidade<br />
primitiva, passou pela escravidão da sociedade e “chegará a <strong>uma</strong> nova comunidade que, diferentemente<br />
da primeira, não terá <strong>mais</strong> como base laços de sangue, mas laços de escolha”.<br />
(PERUZZO, 2002, p. 288-292): entre as várias formas de agregação solidária, no contexto da<br />
mobilização popular no Brasil nas últimas décadas, estão aquelas de caráter comunitário inovador,<br />
capitaneadas por redes de movimentos sociais, associações comunitárias territoriais, associações de<br />
ajuda mútua, cooperativas populares, grupos religiosos, grupos étnicos, entre milhares de outras<br />
manifestações. Neste nível se desenvolvem práticas coletivas e de organização comunitária, além de<br />
elementos de <strong>uma</strong> nova cultura política, na qual passa a existir a busca pela justiça social e participação<br />
do cidadão passagem de ações individualistas para ações de interesse coletivo, desenvolvimento de<br />
processos de interação, a confluência em torno de ações tendo em vista alguns objetivos comuns,<br />
constituição de identidades culturais em torno do desenvolvimento de aptidões associativas em prol do<br />
interesse público, participação popular ativa e direta e, maior conscientização das pessoas sobre a<br />
realidade em que estão inseridas.<br />
Economia solidária<br />
(Cicilia M. Krohling Peruzzo e Marcelo de Oliveira Volpato)<br />
Entende-se por Economia Solidária <strong>uma</strong> forma de produção, consumo e distribuição de riqueza centrada<br />
na valorização do ser h<strong>uma</strong>no - e não do capital - de base associativista e cooperativista, voltada para a<br />
produção, consumo e comercialização de bens e serviços, de modo autogerido. Tem-se como exemplo<br />
as cooperativas, associações populares, redes e articulações de comercialização e de cadeias produtivas<br />
solidárias, agricultores familiares, dentre outros.<br />
(http://www.paratyviva.com.br/economia-solidaria/)<br />
“O Brechó eco Solidário é <strong>uma</strong> ação proposta pelas universidades que tem com objetivo criar <strong>uma</strong><br />
experiência de troca de produtos usados por Grãos (moeda social), através de <strong>uma</strong> Feira e Bazar<br />
Solidário, estimulando a comunidade refletir sobre sua relação com o consumo”<br />
Sociedade Alternativa (Raul Seixas)<br />
“Viva! Viva!<br />
Viva a Sociedade Alternativa!<br />
Viva! Viva!<br />
Viva a Sociedade Alternativa!”<br />
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CEA DA 6ª SÉRIE C – “COM QUATOS BYTES EU ACESSO, TIO?”<br />
A velocidade com que o conhecimento é gerado transforma<br />
rapidamente as sociedades. Nesse contexto, a informação é de<br />
fundamental importância para a geração de novos conhecimentos<br />
e desenvolvimento da sociedade, e passa a ser o principal<br />
requisito na busca de padrões <strong>mais</strong> sustentáveis de<br />
desenvolvimento. Aqueles que não têm acesso à informação e,<br />
conseqüentemente ao conhecimento, são excluídos do processo<br />
de desenvolvimento social, econômico e tecnológico. Essa<br />
distribuição injusta das oportunidades é o ponto de partida da<br />
nossa discussão, pois dela decorrem os processos de disseminação<br />
da informação e de democratização do acesso ao conhecimento.<br />
A informação científica tem sido um dos insumos básicos para o desenvolvimento científico e<br />
tecnológico de <strong>uma</strong> nação. No atual momento vivenciado pela sociedade contemporânea há um<br />
reconhecimento de que a ciência, tecnologia e inovação constituem-se fatores diferenciadores do<br />
desenvolvimento social e econômico de países e regiões (Rocha & Ferreira, 2004).<br />
A sociedade industrial trouxe elementos como<br />
máquinas, ferramentas, trabalhadores especializados,<br />
produção em série, energia, entre outros, enfim, tudo<br />
voltado para a produção de bens materiais, no entanto, a<br />
sociedade pós-industrial consolida-se na experiência<br />
organizacional, no investimento em tecnologia de ponta,<br />
nos grupos de especialistas, na produção modular, na<br />
informação, isto é, na geração de serviços e na produção<br />
e transmissão da informação. Neste sentido, questionase<br />
<strong>uma</strong> forma de usar o conhecimento para gerar novos<br />
saberes que permitam ao homem acompanhar o grau de<br />
complexidade que envolve a produção de um bem<br />
material, ou mesmo de um serviço na sociedade pósindustrial.<br />
Desde a época dos tabletes de barro da Babilônia até chegar aos dias atuais, quer com o<br />
suporte papel, quer com o magnético, as bibliotecas sempre trouxeram consigo a memória h<strong>uma</strong>na<br />
registrada, sendo-lhes acoplada a responsabilidade de prover acesso às informações<br />
codificadas/registradas/gravadas nesses documentos, contribuindo para a formação de <strong>uma</strong> sociedade<br />
<strong>mais</strong> h<strong>uma</strong>na e dignificadora (Santos, 1990; Zuffo, 1997).<br />
(http://www.efdeportes.com/efd105/democratizar-o-acesso-aos-conhecimentos-cientificos.htm)<br />
Computadores Fazem <strong>Arte</strong> (Zero Quatro)<br />
“Computadores fazem arte<br />
Artistas fazem dinheiro<br />
Camputadores Avançam<br />
Artistas pegam carona<br />
Cientistas criam o novo<br />
Artistas levam a fama”<br />
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Ironizar a questão da criação e da democratização da ciência. Valorizar o potencial criativo<br />
como elemento importante da construção social.<br />
Enquanto o Mundo Explode (Chico Science)<br />
<strong>“A</strong> engenharia cai sobre as pedras<br />
Um curupira já tem o seu tênis importado<br />
ão conseguimos acompanhar o motor da história<br />
Mas somos batizados pelo batuque<br />
E apreciamos a agricultura celeste<br />
Mas enquanto o mundo explode<br />
ós dormimos no silêncio do bairro<br />
Fechando os olhos e mordendo os lábios<br />
Sinto vontade de fazer muita coisa....”<br />
É este desejo de mobilização que deve ser garantido para a passagem de cena.<br />
CEA DA 6ª SÉRIE D – “O FUDO DE CADA UTOPIA ÃO HÁ SOMETE UM SOHO; HÁ TAMBÉM UM<br />
PROTESTO.”<br />
A tarefa desta turma é retomar a discussão a respeito da omissão dos setores públicos, a existência de<br />
sociedades civis que exercem as funções do Estado, as utopias sociais que se transformaram em<br />
políticas públicas. Sugere-se que busquem na ironia o projeto de cena da turma.<br />
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“Meu sonho não tem fim”<br />
Por volta de 1970 e 1980 as ONG's, organizações nãogovernamentais,<br />
começaram a fazer parte da nossa história.<br />
A denominação que as caracteriza foi criada na Ata de<br />
Constituição da ONU - Organização das Nações Unidas, em 1946,<br />
onde são definidas como “entidades civis sem fins lucrativos, de<br />
direito privado, que realizam trabalhos em benefício de <strong>uma</strong><br />
coletividade” se constituindo em organismos com os quais o<br />
Conselho Econômico e Social desta entidade poderia estabelecer<br />
consultoria.<br />
De acordo com o estudo realizado pela Consultoria do Senado<br />
Federal, em 1999,<br />
“OG seria um grupo social organizado, sem fins lucrativos, constituído formal e autonomamente, caracterizado por ações<br />
de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de populações<br />
excluídas das condições da cidadania”.<br />
A partir do processo de abertura política no Brasil, as ONG's se viram num impasse, já que muitas delas<br />
serviam de apoio para a continuidade da ação política durante a ditadura militar. A partir desta abertura<br />
as ONG's vão redefinindo seu papel na conjuntura de reorganização da sociedade civil.<br />
Começaram então a desenvolver um papel de “assessoria” aos movimentos sociais, ou seja,<br />
comprometem-se com as causas dos movimentos, desenvolvem trabalhos com eles, prestam assessoria,<br />
mas não se envolvem politicamente, nem mesmo se submetem às suas decisões.<br />
Com esta nova identidade, as ONG's passam a ter <strong>uma</strong> posição cômoda em relação ao resultado do<br />
trabalho que desenvolvem, na medida em que não respondem diretamente pelos equívocos dos<br />
movimentos sociais. Se, na história vimos que as ONG's surgem a partir dos movimentos sociais, nesta<br />
nova fase deixa bem clara a sua distinção. As entidades representativas dos movimentos (sindicatos e<br />
associações de moradores, por exemplo) têm íntimo envolvimento político com decisões e<br />
questionamentos que levantam. Ao contrário as ONG's assumiram um compromisso para com a<br />
sociedade civil organizada, ou seja, sendo agentes de capacitação política, não se comprometem com a<br />
organização das estratégias de atuação dos movimentos.<br />
Segundo Herbert de Souza, o Betinho:<br />
“Uma OG se define por sua vocação política, por sua positividade política: <strong>uma</strong> entidade sem fins de lucro cujo objetivo<br />
fundamental é desenvolver <strong>uma</strong> sociedade democrática, isto é, <strong>uma</strong> sociedade fundada nos valores da democracia –<br />
liberdade, igualdade, diversidade, participação e solidariedade. (...) As OG's são comitês da cidadania e surgiram para<br />
ajudar a construir a sociedade democrática com que todos sonham”<br />
A condição de autonomia conquistada e atribuída às ONG's as credenciaram para o diálogo com outros<br />
órgãos sociais como o Estado e o mercado. Agora, desprovidas de <strong>uma</strong> origem partidária, ou mesmo<br />
ideológica as ONG's tornam-se interlocutores ideais de governos e empresas.<br />
Atualmente, fazendo muitas <strong>vez</strong>es o que o governo não faz, as ONG's encarnam ações de cidadania e<br />
começam a responder alg<strong>uma</strong>s questões sociais. Com isso, o governo também passa a promover seu<br />
programa social de braços dados com as ONG's, chamando-as à responsabilidade e à cumplicidade com<br />
seu programa de ação.<br />
(http://www.unihorizontes.br/pi/pi_1sem_2007/inter_1sem_2007/admistracao/o_trabalho_voluntario.pdf)<br />
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“Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
Pela direção que o mundo está tomando<br />
eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
E pela direção que o mundo está tomando<br />
eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
Pago imposto pra morar, pra beber água e comer<br />
E até quando eu morrer tem imposto pra enterrar<br />
Só não puderão cobrar por minha respiração<br />
E pela direção que o mundo está tomando<br />
eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
Será (Siba e Fuloresta)<br />
E a justiça tem um peso pra cada tipo de gente<br />
Quando o réu é influente, quase sempre escapa ileso<br />
Só quem se demora preso é quem não tem um tostão<br />
E pela direção que o mundo está tomando<br />
eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
E até mesmo o que não presta, tem um preço pendurado<br />
Todo favor é cobrado, de graça nada <strong>mais</strong> resta<br />
E até injeção na testa começa a ter cotação<br />
E pela direção que o mundo está tomando<br />
eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
E pela direção que o mundo está tomando<br />
eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?<br />
E pela direção que o mundo se desdobra<br />
um dia alguém me cobra o ar de meu pulmão<br />
Será que ainda vai chegar<br />
o dia de se pagar até a respiração?”<br />
Toda <strong>vez</strong> que eu dou um passo o mundo sai do lugar (Siba e Fuloresta)<br />
“Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
Eu vivo no mundo com medo, do mundo me atropelar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
E o mundo por ser redondo, tem por destino embolar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
Desde que o mundo é mundo, nunca pensou de parar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
E tem hora que até me canso de ver o mundo rodar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
Quando eu vou dormir eu rezo pro mundo me acalentar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
De manhã escuto o mundo gritando pra me acordar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
Ouço o mundo me dizendo: corra pra me acompanhar!<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
Se eu correr e ir atrás do mundo vou gastar meu calcanhar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
Eu procurei o fim do mundo porém não pude alcançar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
Também não vivo pensando de ver o mundo acabar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
em vou gastar meu juízo querendo o mundo explicar<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />
E quando um deixa o mundo tem trinta querendo entrar<br />
(mas na minha vaga não!)<br />
Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar”<br />
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É este passo que mobiliza e transforma. Garantir a idéia do movimento, do deslocamento, do<br />
agir. Resgatar a história de Ana das Carrancas como elemento de transformação.<br />
Maior parte das OGs vive à custa de dinheiro público<br />
Pesquisa da FGV revela que 55% das ONGs se mantêm com recursos públicos. As brechas para ação de<br />
instituições inidôneas levaram o governo federal a buscar <strong>uma</strong> forma de disciplinar a atuação dessas<br />
entidades.<br />
Terceiro setor assume as tarefas do Estado<br />
Bons tempos aqueles em que reportagem sobre desvio de dinheiro público se fazia com político ladrão,<br />
funcionário corrupto e empresário desonesto. Uma <strong>vez</strong> flagrados, eles protestavam inocência, num gesto<br />
quase protocolar, e saíam atrás de um bom advogado. Claro que ainda há muito disso. Mas <strong>uma</strong> nova<br />
modalidade de negócios com o Estado cresce num ritmo assombroso, embaralhando a ética do público e<br />
do privado. Trata-se do terceiro setor, que não é empresa nem governo, e vem desenhando <strong>uma</strong> área<br />
cinzenta de intersecção com o Estado.<br />
OBS.: Esse texto pode ser acessado e lido no site:<br />
http://www2.uol.com.br/aprendiz/guiadeempregos/terceiro/noticias/ge300804.htm<br />
<strong>“A</strong>corda, levanta, resolve<br />
Há <strong>uma</strong> guerra no nosso caminho<br />
os confins do infinito<br />
as veredas estreitas do universo<br />
Vejo<br />
As cinzas do tempo<br />
O renascimento<br />
As danças do fogo<br />
Purificação, transporte<br />
Escuto<br />
O trovão que escapou<br />
As ladainhas das mulheres secas<br />
Herdeiros do fim do mundo<br />
Isso não é real<br />
ão<br />
Isso não é real<br />
A brotação das coisas<br />
Herdeiros da Tempestade<br />
A Árvore Dos Encantados (Lirinha)<br />
Girando em torno do sol<br />
Do sol<br />
Girando em torno do sol<br />
Vejo<br />
Aquele cego sorrindo<br />
o nevoeiro da feira<br />
Aquele cego sorrindo<br />
Beijo<br />
A f<strong>uma</strong>ça que sobe<br />
O peito da santa<br />
O cheiro da flor<br />
Árvore dos Encantados<br />
Vim aqui outra <strong>vez</strong> pra tua sombra<br />
Árvore dos Encantados<br />
Tenho medo, mas estou aqui<br />
Tenho medo, mas estou aqui<br />
Aqui Mãe<br />
Aqui meu Pai<br />
Em cima do medo coragem<br />
(Recado da Ororubá)”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(O Estado de S. Paulo)
LIBERTAR-ME PARA O OUTRO<br />
CEA DA 7ª SÉRIE A – “VOCÊ PODE PESAR QUE EU SOU UM SOHADOR, MAS EU ÃO SOU O ÚICO.”<br />
“ão se é tão livre quanto se deseja, quanto se quer,<br />
quanto se julga, tal<strong>vez</strong> quanto se vive.<br />
Marguerite Yourcenar,<br />
Aléxis, ou o tratado do vão combate”<br />
Senhor! Senhor! tornou a gritar, ao concluir os seus<br />
pensamentos, “devo, então, começar a respeitar a<br />
opinião do outro sexo, embora me pareça<br />
monstruosa? Se uso saias, se não posso nadar, se<br />
tenho de ser salva por um marinheiro, Deus meu!”,<br />
gritou, “que hei de fazer?” E com isso entristeceu.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(Virginia Woolf, Orlando)<br />
Esta turma deverá lançar luz sobre a história das mulheres, mas também a dos homens, das relações<br />
entre homens e mulheres, dos homens entre si e igualmente das mulheres entre si, além de propiciar um<br />
campo fértil de análise das desigualdades e das hierarquias sociais. As questões de gênero assinala o<br />
interesse da historiografia em <strong>uma</strong> história que inclua os discursos dos “oprimidos”, n<strong>uma</strong> análise do<br />
sentido e da natureza desta opressão. Ressignificar a ideia de gênero incluindo como possibilidade<br />
reflexões a cerca de um tal<strong>vez</strong> terceiro, quarto gênero. Repensar e traduzir em arte como o gênero<br />
funciona nas relações sociais. Como o gênero dá sentido à organização e à percepção do conhecimento<br />
histórico. A proposta é um uso do gênero muito <strong>mais</strong> abrangente, incluindo o homem e a mulher em<br />
suas múltiplas conexões, suas hierarquias, precedências e relações de poder.<br />
<strong>“A</strong> primeira conseqüência das inclinações proibidas é de nos emparedar em nós mesmos: é preciso<br />
calar, ou só falar sobre o assunto com nossos cúmplices.”<br />
O que quero dizer é que compreender a reprovação à<br />
homossexualidade é <strong>uma</strong> chave para a compreensão das<br />
principais questões do gênero. Como se constituem as<br />
desigualdades e hierarquias entre os sexos, como se constroem<br />
as identidades sexuais e como se conformam as categorias do<br />
masculino e do feminino. Como lembra Paul Veyne, a<br />
homossexualidade não é um problema em si para a história, mas<br />
sim a sua repressão. Enxergar a utopia como possibilidade de<br />
ser realmente livre. Compreender melhor as minhas relações<br />
com o outro. Discutir as ações hegemônicas de um grupo sobre<br />
os outros, as desigualdades. O desafio é mostrar que o discurso<br />
da hegemonia proporciona a exclusão e, não existe justiça com<br />
desigualdade.<br />
(Marguerite Yourcenar)
Nosso estranho amor (Caetano Veloso)<br />
“ão quero sugar todo seu leite<br />
em quero você enfeite do meu ser<br />
Apenas te peço que respeite<br />
O meu louco querer<br />
ão importa com quem você se deite<br />
Que você se deleite seja com quem for<br />
Apenas de peço que aceite<br />
O meu estranho amor<br />
Oh! Mainha deixa o ciúme chegar<br />
Deixa o ciúme passar e sigamos juntos<br />
Super-Homem, a Canção (Gilberto Gil)<br />
“Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria<br />
Que o mundo masculino tudo me daria<br />
Do que eu quisesse ter<br />
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara<br />
É a porção melhor que trago em mim agora<br />
É o que me faz viver<br />
Quem dera pudesse todo homem compreender, ó mãe, quem<br />
dera<br />
Ser o verão no apogeu da primavera<br />
E só por ela ser<br />
Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória<br />
Mudando como um Deus o curso da história”<br />
CEA DA 7ª SÉRIE B – “O ISTITO É COLETIVO, MEU SEHOR!”<br />
Oh! eguinha deixa eu gostar de você<br />
Prá lá do meu coração não me diga<br />
unca não<br />
Teu corpo combina com meu jeito<br />
ós dois fomos feitos muito pra nós dois<br />
ão valem dramáticos efeitos<br />
Mas o que está depois<br />
ão vamos fuçar nossos defeitos<br />
Cravar sobre o peito as unhas do rancor<br />
Lutemos <strong>mais</strong> só pelo direito<br />
Ao nosso estranho amor”<br />
Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu.<br />
Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil. Minha<br />
experiência maior seria ser o outro dos outros: e o outro dos outros era eu.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(LISPECTOR, 1992, p. 32)<br />
A palavra alteridade, que possui o prefixo alter do latim possui o<br />
significado de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com<br />
consideração, valorização, identificação e dialogar com o outro. A prática<br />
alteridade se conecta aos relacionamentos tanto entre indivíduos como<br />
entre grupos culturais religiosos, científicos, étnicos, etc. Na relação<br />
alteritária, está sempre presente os fenômenos holísticos da<br />
(Atsuko Tanaka,1963)<br />
complementaridade e da interdependência, no modo de pensar, de sentir e<br />
de agir, onde o nicho ecológico, as experiências particulares são<br />
preservadas e consideradas, sem que haja a preocupação com a sobreposição, assimilação ou destruição<br />
destas. “Ou aprendemos a viver como irmãos, ou vamos morrer juntos como idiotas”<br />
(Martin Luther King)
A prática da alteridade conduz da diferença à soma nas relações interpessoais entre os seres<br />
h<strong>uma</strong>nos revestidos de cidadania. Pela relação alteritária é possível exercer a cidadania e<br />
estabelecer <strong>uma</strong> relação pacífica e construtiva com os diferentes, na medida em que se<br />
identifique, entenda e aprenda a aprender com o contrário.<br />
“Olhe para os dedos de sua mão. Eles são diferentes. Ainda bem. Exatamente por serem diferentes eles<br />
são harmoniosos quando vistos em conjunto. Já imaginou se eles fossem todos iguais?<br />
Certamente teríamos dificuldade de fazer o que fazemos de maneira tão natural. A h<strong>uma</strong>nidade, pode-se<br />
dizer, é semelhante a <strong>uma</strong> mão. Somos diferentes n<strong>uma</strong> família. Somos diferentes n<strong>uma</strong> região. Somos<br />
diferentes n<strong>uma</strong> nação. A diferença é inerente, portanto, à natureza h<strong>uma</strong>na. Que bom que assim seja.”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(Carlos Pereira)<br />
O homem tem demonstrado, ao longo de sua história, ser incapaz de reconhecer e conviver<br />
pacificamente com o diversificado, com o pluralizado. Em função da inalteridade e da anticidadania, o<br />
homemóide tem ampliado a violência generalizada, as guerras, os movimentos de intolerância, as<br />
antipatias mecânicas gratuitas, os atos de separatismos, o nefasto racismo, a exclusão, o ódio, a<br />
intolerância, a discórdia, o desequilíbrio ecológico e o seu próprio desequilíbrio.<br />
No Terceiro Milênio, as práticas da cidadania e da alteridade são fundamentais diante da globalização<br />
das experiências, do ambiente plural diversificado pela globalização das relações e facilidade nas<br />
comunicações. Imprescindível até pelo clima conflituoso que cresce entre os povos.<br />
Alteridade seria, portanto, a capacidade de conviver com o diferente, de se proporcionar um olhar<br />
interior a partir das diferenças. Significa que eu reconheço o outro em mim mesmo, também como<br />
sujeito aos mesmos direitos que eu, de iguais direitos para todos, o que também gera deveres e<br />
responsabilidades, ingredientes da cidadania plena. Desta constatação das diferenças é que gera a<br />
alteridade, alavanca da solidariedade, da responsabilidade, eixo da cidadania.<br />
Nas nossas sociedades contemporâneas, onde impera a inalteridade, a racionalidade, sob as formas de<br />
ciência e tecnologia, no paradigma antropocêntrico, passou a ser instrumento de violência estrutural, no<br />
modelo social hegemônico neoliberal, onde se expressa como meio <strong>mais</strong> eficiente de dominação social,<br />
de controle ideológico, de exploração, de exclusão das maiorias economicamente desfavorecidas.<br />
O sistema antropocêntrico, por intermédio da violência estrutural, vai produz vítimas de modo massivo.<br />
As vítimas da racionalidade do sistema vão ficando num beco sem saída. O sofrimento das maiorias<br />
excluídas ecoa pelas ruas das favelas, dos vilarejos. Mas a alteridade faz-nos adotarmos a perspectiva do<br />
olhar das vítimas, para através da cidadania profunda engendrarmos ações que nos levam a lutar para<br />
mudanças neste estado de coisa.<br />
Os mecanismos do sistema neocapitalista antropocêntrico engendra o sofrimento as grandes maiorias de<br />
excluídos. Para este sistema anticidadão inalteritário, o outro (alter) é totalmente destituído de vida, é<br />
coisificado, reduzido a um número, a <strong>uma</strong> estatística, a um elemento do consumo. Então, para este<br />
sistema perverso, o outro não tem configuração h<strong>uma</strong>na, <strong>uma</strong> <strong>vez</strong> que ele é objetivado para fins de<br />
lucratividade, produtividade, uso, etc.<br />
A cidadania, a ética e a alteridade se constituem na base de sustentação do homem íntegro, cuja<br />
preocupação com o seu semelhante se constitui no autêntico imperativo ético, no dever ser absoluto, que<br />
emerge do clamor irredutível das vítimas indefesas da violência estrutural para serem reconhecidas na<br />
sua dignidade h<strong>uma</strong>na.<br />
(Adaptação de Maurício da Silva)
A democracia é um processo de negociação permanente<br />
dos conflitos de interesses e idéias. Para haver essa<br />
negociação permanente é preciso o respeito à diferença.<br />
Cabe a turma B da 7º série demonstrar em cena o<br />
respeita a diferença, a pluralidade e a convivência em<br />
<strong>uma</strong> sociedade que também é heterogênea.<br />
Para tanto, todos devem ter o direito de falar, opinar e participar<br />
nos processos decisórios. Ao tratar da diversidade h<strong>uma</strong>na<br />
podemos ter como parâmetro a necessidade de reconhecimento<br />
que caracteriza os seres h<strong>uma</strong>nos.<br />
Para interpretarmos quem somos como coletividade, ou quem sou como indivíduo, dependemos do<br />
reconhecimento que nos é dado pelos outros. “Ninguém pode edificar a sua própria identidade<br />
independentemente das identificações que os outros fazem dele”, nos ensina Habermas (1983: 22).<br />
O reconhecimento pelos outros é <strong>uma</strong> necessidade h<strong>uma</strong>na, já que o ser h<strong>uma</strong>no é um ser que só existe<br />
através da vida social.<br />
Como também nos ensina Charles Taylor (1994: 58), “um indivíduo ou um grupo de pessoas podem<br />
sofrer um verdadeiro dano, <strong>uma</strong> autêntica deformação se a gente ou a sociedade que os rodeiam lhes<br />
mostram como reflexo, <strong>uma</strong> imagem limitada, degradante, depreciada sobre ele.”<br />
Um falso reconhecimento é <strong>uma</strong> forma de opressão. A imagem que construímos muitas <strong>vez</strong>es sobre os<br />
portadores de deficiências e grupos subalternos, pobres, negros, prostitutas, homossexuais, é deprimente<br />
e humilhante para estes e causa-lhes sofrimento e humilhação, ainda <strong>mais</strong> porque tais representações<br />
depreciativas são construídas quase sempre para a legitimação da exclusão social e política dos grupos<br />
discriminados.<br />
Para que haja respeito à diversidade é necessário que todos sejam reconhecidos como iguais em<br />
dignidade e em direito. Mas para não nos restringirmos a <strong>uma</strong> concepção liberal de reconhecimento,<br />
devemos também questionar os mecanismos sociais, como a propriedade, e os mecanismos políticos,<br />
como a concentração do poder, que hierarquizam os indivíduos diferentes em superiores e dominantes, e<br />
em inferiores e subalternos.<br />
Em outras palavras, ao considerarmos que os seres h<strong>uma</strong>nos dependem do reconhecimento que lhes é<br />
dado, estamos reconhecendo que a identidade do ser h<strong>uma</strong>no não é inata ou pré-determinada, e isso nos<br />
torna <strong>mais</strong> críticos e reflexivos sobre a maneira como estamos contribuindo para a formação das<br />
identidades. Como ainda nos ensina Taylor (1994: 58), “a projeção sobre o outro de <strong>uma</strong> imagem<br />
inferior ou humilhante pode deformar e oprimir até o ponto em que essa imagem seja internalizada”. E<br />
não “dar um reconhecimento igualitário a alguém pode ser <strong>uma</strong> forma de opressão”.<br />
Porém, quando afirmamos que “todos os seres h<strong>uma</strong>nos são igualmente dignos de respeito” (Taylor,<br />
1994: 65), isso não pode significar que devemos deixar de considerar as inúmeras formas de<br />
diferenciação que existem entre os indivíduos e grupos.<br />
Devemos fornecer o apoio e os recursos necessários para que não haja assimetria, desigualdade nas<br />
oportunidades e no acesso aos recursos. De novo Taylor (1994: 64): “Para aqueles que têm<br />
desvantagens ou <strong>mais</strong> necessidades é necessário que sejam destinados maiores recursos ou direitos do<br />
que para os de<strong>mais</strong>”.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
A política do reconhecimento e as várias concepções de multiculturalismo nos ensinam,<br />
enfim, que é necessário que seja admitida a diferença na relação com o outro. Isto quer dizer<br />
tolerar e conviver com aquele que não é como eu sou e não vive como eu vivo, e o seu modo<br />
de ser não pode significar que o outro deva ter menos oportunidades, menos atenção e<br />
recursos.<br />
A democracia é <strong>uma</strong> forma de viver em negociação permanente tendo como parâmetro a necessidade de<br />
convivência entre os diferentes, ou seja, a tolerância. Mas para valorizar a tolerância entre os diferentes<br />
temos que reconhecer também o que nos une. Portanto, cabe a turma redefinir estes posicionamentos,<br />
encarando imagens que reforcem a multiplicidade e o respeito a diversidade para construção de <strong>uma</strong><br />
sociedade pautada na compreensão das singularidades e especificidades de cada indivíduo.<br />
Ninguém = Ninguém (Humberto Gessinger)<br />
“Há tantos quadros na parede<br />
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro<br />
Há tanta gente pelas ruas<br />
Há tantas ruas e nenh<strong>uma</strong> é igual a outra<br />
inguém = ninguém<br />
Me encanta que tanta gente sinta<br />
(se é que sente) a mesma indiferença<br />
Há tantos quadros na parede<br />
Há tantas formas de se ver o mesmo quadro<br />
Há palavras que nunca são ditas<br />
Há muitas vozes repetindo a mesma frase:<br />
inguém = ninguém<br />
Me espanta que tanta gente minta<br />
(descaradamente) a mesma mentira<br />
Há pouca água e muita sede<br />
Uma represa, um apartheid<br />
(a vida seca, os olhos úmidos)<br />
Entre duas pessoas<br />
Entre quatro paredes<br />
Tudo fica claro<br />
inguém fica indiferente<br />
inguém = ninguém<br />
Me assusta que justamente agora<br />
Todo mundo (tanta gente) tenha ido embora<br />
O que me encanta é que tanta gente<br />
Sinta (se é que sente) ou<br />
Minta (desesperadamente)<br />
Da mesma forma<br />
São todos iguais<br />
E tão desiguais<br />
uns <strong>mais</strong> iguais que os outros<br />
São todos iguais<br />
E tão desiguais<br />
uns <strong>mais</strong> iguais<br />
uns <strong>mais</strong> iguais”<br />
(http://www.espacoacademico.com.br/042/42wlap.htm)<br />
Corpo de Lama (Chico Science)<br />
“Este corpo de lama que tu vê<br />
É apenas a imagem que sou<br />
Este corpo de lama que tu vê<br />
É apenas a imagem que é tu<br />
Que o sol não segue os pensamentos<br />
Mas a chuva muda os sentimentos<br />
Se o asfalto é meu amigo eu caminho<br />
Como aquele grupo de caranguejos<br />
Ouvindo a música dos trovões<br />
Esta chuva de longe que tu vê<br />
É apenas a imagem que sou<br />
Este sol bem de longe que tu vê<br />
É apenas a imagem que é tu<br />
Fiquei apenas pensando que seu rosto<br />
Parece com as minhas idéias<br />
Fiquei apenas lembrando que há muitas garotas sorrindo<br />
Em ruas distantes, que há muitos meninos correndo em<br />
mangues distantes<br />
Esta chuva de longe que tu vê<br />
É apenas a imagem que sou<br />
Esse mangue de longe que tu vê<br />
É apenas a imagem que é tu<br />
Se o asfalto é meu amigo eu caminho<br />
Como aquele grupo de caranguejos<br />
Ouvindo a música dos trovões<br />
Deixai que os fatos sejam fatos naturalmente,<br />
Sem que sejam forjados para acontecer.<br />
Deixai que os olhos vejam os pequenos detalhes<br />
lentamente,<br />
Deixai que as coisas que lhe circundam<br />
Estejam sempre inertes como móveis<br />
Inofensivos para lhe servir quando for<br />
Preciso e nunca lhe causar danos<br />
Sejam eles morais físicos ou psicológicos.”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
Belinda<br />
É a história de Lara, menina que renuncia a tudo o<br />
que <strong>mais</strong> gosta na vida para tomar conta de seus<br />
pais, surdos-mudos. Na adolescência Lara revê sua tia<br />
Clarissa, <strong>uma</strong> bem sucedida clarinetista de Jazz. Lara<br />
apaixona-se pela música e decide dedicar-se de corpo e alma<br />
aos estudos do instrumento musical. Anos <strong>mais</strong> tarde, já <strong>uma</strong><br />
bela mulher, Lara prepara-se para entrar no conservatório de<br />
Berlim, quando conhece Tom, o homem que vai dar novo<br />
sentido a sua vida.<br />
A maçã<br />
Trata do isolamento social de duas meninas gêmeas filhas de <strong>uma</strong> mãe cega e de um pai muito velho<br />
que para ganhar a vida vive pela aldeia rezando.<br />
A Cor do Paraíso<br />
Filho espera o pai vir buscá-lo para as férias, n<strong>uma</strong> escola especial para crianças cegas. O pai no entanto<br />
fica relutante em levá-lo para casa, por pensar que isso poderá atrapalhar suas pretensões de se casar de<br />
novo.<br />
CEA DA 7ª SÉRIE C – “DESIVERTEDO O MUDO – POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO”<br />
No futuro, Oriente já não será Oriente, nem Ocidente<br />
será Ocidente. A Terra se converterá em <strong>uma</strong> Aldeia<br />
Global, um pequeno espaço onde desaparecerão todas as<br />
diferenças. Então, por primeira <strong>vez</strong>, terá lugar <strong>uma</strong><br />
grande síntese, a maior ja<strong>mais</strong> vista, onde já não se<br />
pensará de forma extremista, onde já não se pensará que<br />
se te diriges ao exterior, se vás buscando conhecimento,<br />
estarás perdendo suas raízes espirituais; ou que se estás<br />
realizando <strong>uma</strong> busca espiritual, estás perdendo suas<br />
raízes no mundo, no reino científico. Ambas as coisas<br />
podem coexistir, e, sempre que isso ocorre, o homem<br />
tem ambas asas e pode voar o <strong>mais</strong> alto possível.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(Osho, Amor,Liberdade,Solidão)
"O sonho obriga o homem a pensar" (Milton Santos)<br />
A noção de globalidade remete a conjunto, integralidade, totalidade. A palavra ‘global’<br />
carrega consigo esse mesmo sentido de conjunto, inteiro, total. Sugere, portanto, integração.<br />
Desse modo, ou por esse meio, o uso do termo ‘global’ supõe ou leva a supor que o objeto ao qual ele é<br />
aplicado é, ou tende a ser integral, integrado, isto é, não apresenta quebras, fraturas, ou hiatos.<br />
Globalizar, portanto, sugere o oposto de dividir, marginalizar, expulsar, excluir. O simples emprego de<br />
‘globalizar’ referindo-se a <strong>uma</strong> realidade que divide, marginaliza, expulsa e exclui,não por acidente ou<br />
casualidade, mas como regularidade ou norma, passa por cima desta regularidade ou norma,<br />
dificultando a sua percepção e mesmo omitindo-a. Consciente e deliberadamente, ou não, a utilização<br />
da palavra nestas condições tem exatamente tal eficácia (Limoeiro-Cardoso, 1999, p. 106).<br />
O cenário mundial, neste início de século, apresenta-se como um universo múltiplo e complexo,<br />
caracterizado por <strong>uma</strong> crescente internacionalização da produção, do mercado, do trabalho e da cultura.<br />
A globalização primeiramente se refere à rede de produção e troca de mercadorias que se estabelece em<br />
nível mundial. Também designa o fenômeno do intercâmbio político, social e cultural entre as diversas<br />
nações, atualmente intensificado pelas profundas transformações decorrentes da aplicação das<br />
inovações científicas e tecnológicas na área da comunicação. Ela é concebida, por muitos de seus<br />
ideólogos, como um novo patamar civilizatório e como um processo inexorável.<br />
Considera-se <strong>mais</strong> adequado denominar o fenômeno da globalização de mundialização do capital, pois<br />
ele representa o próprio regime de acumulação do capital, e explica: o conteúdo efetivo da globalização<br />
é dado não pela mundialização das trocas, mas pela mundialização das operações do capital,em suas<br />
formas tanto industriais quanto financeiras (Chesnais, 1995, p. 4).<br />
Um dos autores que se têm dedicado, de forma <strong>mais</strong> aprofundada, à reflexão da temática da<br />
globalização, é Otávio Ianni. Atualizando o referencial marxista, ele apresenta <strong>uma</strong> série de novas<br />
conceituações para caracterizar as transformações históricas <strong>mais</strong> recentes do capitalismo: aldeia global,<br />
cidade global, comunicação virtual, desterritorialização, redes de corporações, nova divisão<br />
internacional do trabalho, neofordismo, acumulação flexível, zona franca, mercado-mercadoria e moeda<br />
global, planejamento global, sociedade civil mundial, cidadania mundial, exército industrial ativo e de<br />
reserva global,pensamento universal (Ianni, 1996, p. 50).<br />
A globalização parece novidade, mas não é. Marx já fazia referência às formas de expansão do<br />
capitalismo, ao mercado mundial e às transformações da grande indústria e dos monopólios, enfatizando<br />
o papel da burguesia no sentido de desenvolver o caráter internacionalista da produção e do consumo. O<br />
modo de produção capitalista precisa de dimensões mundiais para viabilizar sua produção e reprodução<br />
material e intelectual. A tendência do sistema capitalista à expansão contínua das forças produtivas é<br />
algo inato à sua constituição. No entanto, contraditoriamente, os obstáculos decorrentes das relações de<br />
produção (apropriação privada dos meios e riquezas geradas), explicam as constantes crises do sistema,<br />
cujas implicações hoje são mundiais.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(http://www.scielo.br/)<br />
<strong>“A</strong> história do homem sobre a terra é a história de <strong>uma</strong> ruptura progressiva entre o homem e o entorno.<br />
Esse processo se acelera quando, praticamente ao mesmo tempo, o homem se descobre como indivíduo<br />
e inicia a mecanização do Planeta, armando-se de novos instrumentos para poder dominá-lo. A natureza<br />
artificializada marca <strong>uma</strong> grande mudança na história da natureza h<strong>uma</strong>na. Hoje, com a tecnociência,<br />
alcançamos o estágio supremo dessa evolução.”
Milton nos aponta para um outro conhecimento. Para a possibilidade de conhecer, para a<br />
liberdade do ser h<strong>uma</strong>no. Para modificar o mundo. Para que o conhecimento se produza no<br />
interior da crítica, sem abstrações alienantes, sem reconhecimentos incompletos que produzem<br />
falsas compreensões e encobrem os verdadeiros dramas sociais. E assim, pode-se evitar a<br />
espera para que cresça o bolo, evitando a indigência de <strong>uma</strong> quantidade grande de seres<br />
h<strong>uma</strong>nos.<br />
O mundo globalizado de hoje é composto por diversas teias de comunicação que não tem <strong>uma</strong> relação<br />
de hierarquia entre si, mas <strong>uma</strong> de correspondência. As redes interativas propiciam esse alto nível de<br />
união comunicacional, mas há também o lado ruim: não há <strong>mais</strong> especificidades regionais e<br />
significativas porque o mundo compartilha de <strong>uma</strong> cultura propagada pela tecnologia.<br />
O Sinal Ficou Verde (Cordel Do Fogo Encantado)<br />
“Eu<br />
Entrei com armas em teu território<br />
Plantei antenas no teu coração<br />
Andei pesado na tua sala<br />
Tal como árvore ou como torre<br />
E abrindo a boca ela devorou<br />
E abrindo os braços fez a dor passar<br />
Primeiro os pássaros<br />
Primeiro a roda<br />
E o pensamento de querer voar<br />
uhh uhhh ohhhh<br />
Além do bem<br />
Além do mal<br />
Olhai o sinal ficou verde<br />
Mas<br />
Deixando marcas<br />
Fazendo som<br />
Aqui se planta pra colher depois<br />
E os mercadores vão pagar pra ver<br />
E aquela onda vai querer passar<br />
É quando mudar a cor da nossa casa<br />
É quando voam os automóveis<br />
Pra outro canto<br />
Um ponto novo<br />
Com tudo aquilo que se refaz<br />
oh oh oh<br />
Além do bem<br />
Além do mal<br />
Olhai o sinal ficou verde”<br />
Miséria S.A. (Pedro Luis)<br />
“Senhoras e senhores estamos aqui<br />
Pedindo <strong>uma</strong> ajuda por necessidade<br />
Pois tenho irmão doente em casa<br />
Qualquer trocadinho é bem recebido<br />
Vou agradecendo antes de <strong>mais</strong> nada<br />
Aqueles que não puderem contribuir<br />
Deixamos também o nosso muito obrigado<br />
Pela boa vontade e atenção dispensada<br />
Vou agradecendo antes de <strong>mais</strong> nada<br />
Bom dia passageiros<br />
É o que lhes deseja<br />
A miséria S.A<br />
Que acabou de chegar<br />
Bom dia passageiros<br />
É o que lhes deseja<br />
A miséria S.A<br />
Que acabou de falar<br />
Lhes deseja , lhes deseja<br />
Lhes deseja , lhes deseja”<br />
Lei da sobrevivência (O Rappa)<br />
“Que diferenca faz<br />
ficar sentado e não olhar pra trás<br />
esquecer o passado olhar o futuro e não se magoar<br />
Agora é verdade<br />
deixo de ser novidade<br />
as mãos estão machucadas e o sangue a escorrer<br />
(que nem palha de cana que corta o agricultor)<br />
Eu não quero ficar esperando o tempo passar, passar<br />
Quem colhe, quem planta tambem tem direito de comer e<br />
comer bem<br />
A comida melhor esta na cidade dentro do armazém<br />
Estragando só pro povo ter consciência<br />
que a lei da sobrevivência é votar e não comer”<br />
Provocar incômodos. Este é o papel. Provocar, provocar, provocar. Fazer pensar em consumismo, em<br />
exclusão, em negação e em vida. Vida digna para todos, se não for muito utópico.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
CEA DA 8ª SÉRIE A – “CATE-ME”<br />
UTOPIAS DA IDETIDADE<br />
É <strong>uma</strong> expressão retirada do filme Dançando no Escuro. Há <strong>uma</strong><br />
cena, durante o musical, que as pessoas dançam e no movimento<br />
projetando-se sobre o outro, falam a palavra cate-me.<br />
A construção da identidade é simbólica. Sendo assim, não é<br />
possível pensar em identidade sem repensar a si mesmo. Quais<br />
os seus temores? As suas ansiedades? Os seus desejos e sonhos?<br />
O que esperar para si próprio? De que forma as transformações<br />
do mundo afetam a sua individualidade? Como o sujeito se vê<br />
enquanto indivíduo em sua aldeia?<br />
A tarefa dessa turma é (re) pensar a identidade individual na<br />
distopia do mundo em que vivemos. É necessário que eu me<br />
cate. Percebendo-me e, ao mesmo tempo, me dando conta do<br />
que torna o indivíduo no mundo contemporâneo (identidade como identificação). Fechar-se para se<br />
encontrar. Perceber quais são os marcadores individuais deste novo tempo.<br />
Dançando no escuro<br />
"O que há para enxergar?", pergunta com um misto de desapontamento e ternura Selma.<br />
E ela está certa. Para ela, não é um desastre estar perdendo a visão em um mundo repleto de injustiça e<br />
crueldade para tantas pessoas que vivem nele. Ela sabe que está deixando de ver muita coisa, como os<br />
musicais que a inspiram e seu filho crescendo, mas ela diz com a certeza de quem, mesmo com <strong>uma</strong><br />
visão tão limitada (será?), está conseguindo realizar o sonho de dar <strong>uma</strong> chance ao filho.<br />
Explicando: Selma (interpretada de forma crua e sincera, ou seja, dolorosamente bela, pela cantora<br />
Björk) está ficando cega devido a <strong>uma</strong> doença degenerativa de origem genética, <strong>uma</strong> doença sem cura<br />
que também foi transmitida a seu filho, Gene. Ela é <strong>uma</strong> imigrante Tcheca que foi para os EUA para<br />
conseguir dinheiro para operar seu filho. Diante da progressão de sua doença, ela precisa se matar<br />
trabalhando para conseguir logo o dinheiro, antes que se torne <strong>uma</strong> inválida (nos termos capitalistas,<br />
claro).<br />
A questão que o filme coloca é de sacrificar-se pelo bem da geração futura, e vemos isso o tempo todo,<br />
na figura da mulher que abre mão de seus sonhos, de <strong>uma</strong> relação afetiva, da própria vida, enfim, em<br />
nome dessa chance ao filho. O diretor Lars Von Trier não absolve o telespectador, colocando sua<br />
câmera sempre próxima do drama da imigrante e do seu filho, e nos envolve em todo contexto de<br />
solidariedade e desconfiança, de sofrimento e sonho em que se baseia a vida de Selma e de tantos outros<br />
azarados do sonho americano. As condições terríveis de trabalho, a agressão do cotidiano, contrastam<br />
com a ternura de seus verdadeiros amigos e com o mundo idealizado do cinema, que se mostra no filme<br />
<strong>uma</strong> das raízes da força de Selma.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
Uma das sutilezas de Von Trier nesse filme é manter-se um diretor que não abre mão de <strong>uma</strong><br />
estética cinematográfica de certa maneira anti-ilusionista (ou seja, anti-hollywoodiana), em<br />
que a câmera (digital) flutua e treme próximo aos atores, impedindo assim que o telespectador<br />
sinta-se seguro e distante do que esta acontecendo. Mas também, o diretor faz um dos maiores<br />
elogios, e um elogio POLÍTICO, ao cinema, quase que um apelo para que o cinema não deixe<br />
nunca de ser esta fonte de sonho, delírio e magia que por <strong>mais</strong> de um século tem fascinado as pessoas.<br />
No filme é mostrado como o cinema pode ter a capacidade de inspirar e renovar o espírito dos seres<br />
h<strong>uma</strong>nos (como toda obra de arte deveria ser). E para isso ele utilizou um filme musical, nada <strong>mais</strong><br />
contrastante com o clima do filme.<br />
Quando ficamos diante da tragédia de Selma e somos interrompidos pela sua imaginação musical, o que<br />
ele parece nos dizer é que não devemos nos deixar envolver pela ilusão, mas usá-la a nossa favor. "Por<br />
favor, não destruam minhas ilusões", parece nos dizer Selma, ao reclamar do silêncio. O mundo<br />
moderno, industrial e consumista, nos esmaga em sua linha de produção ("presos ao ritmo agonizante da<br />
linha de produção, diriam os suecos do refused), mas ainda temos alma e precisamos mostrar isto a eles.<br />
Tudo isto está resumido quando Selma transforma os ruídos das maquinas em musica, e dança. Cega,<br />
Selma parece enxergar algo que deixamos de ver a muito tempo, a bondade das pessoas, a integridade<br />
de nossos sonhos e a solidez de nossa vontade, adquirida a ferro e fogo alg<strong>uma</strong>s <strong>vez</strong>es. Nossa visão<br />
perfeita não nos deixa ver quem somos, quem sabe se nos tornamos um pouco <strong>mais</strong> míopes, o espelho<br />
não nos revelará <strong>uma</strong> face nova de nossa personalidade [...] No fim, vale a pena acreditar na mensagem<br />
deixada para nós após o fim abrupto da história de Selma: "Eles dizem que é a última canção. Eles não<br />
nos conhecem, é óbvio. Só será a última canção se nós deixarmos que seja".<br />
Ensaio sobre a cegueira<br />
(nuitari.blogspot.com/.../danando-no-escuro.html)<br />
O vencedor do Prêmio Nobel de literatura, José Saramago, e o aclamado diretor Fernando Meirelles (O<br />
Jardineiro Fiel, Cidade de Deus) nos trazem a comovente história sobre a h<strong>uma</strong>nidade em meio à<br />
epidemia de <strong>uma</strong> misteriosa cegueira. É <strong>uma</strong> investigação corajosa da natureza, tanto a boa como a má -<br />
sentimentos h<strong>uma</strong>nos como egoísmo, oportunismo e indiferença, mas também a capacidade de nos<br />
compadecermos, de amarmos e de perseverarmos.<br />
O filme começa num ritmo acelerado, com um homem que perde a visão de um instante para o outro<br />
enquanto dirige de casa para o trabalho e que mergulha em <strong>uma</strong> espécie de névoa leitosa assustadora.<br />
Uma a <strong>uma</strong>, cada pessoa com quem ele encontra - sua esposa, seu médico, até mesmo o aparentemente<br />
bom samaritano que lhe oferece carona para casa terá o mesmo destino. À medida que a doença se<br />
espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade. As novas vítimas da "cegueira branca" são cercadas<br />
e colocadas em quarentena num hospício caindo aos pedaços, onde qualquer semelhança com a vida<br />
cotidiana começa a desaparecer.<br />
Dentro do hospital isolado, no entanto, há <strong>uma</strong> testemunha ocular secreta: <strong>uma</strong> mulher (JULIANNE<br />
MOORE, quatro <strong>vez</strong>es indicada ao Oscar) que não foi contagiada, mas finge estar cega para ficar ao<br />
lado de seu amado marido (MARK RUFFALO). Armada com <strong>uma</strong> coragem cada <strong>vez</strong> maior, ela será a<br />
líder de <strong>uma</strong> improvisada família de sete pessoas que sai em <strong>uma</strong> jornada, atravessando o horror e o<br />
amor, a depravação e a incerteza, com o objetivo de fugir do hospital e seguir pela cidade devastada,<br />
onde eles buscam <strong>uma</strong> esperança.<br />
(http://www.ensaiosobreacegueirafilme.com.br)<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
O espelho: Utopia e heterotopia<br />
O espelho é <strong>uma</strong> utopia, pois é um lugar sem lugar. No espelho, eu me vejo lá onde não estou,<br />
em um espaço irreal que se abre virtualmente atrás da superfície, eu estou lá longe,... <strong>uma</strong><br />
espécie de sombra que me dá a mim mesmo minha própria visibilidade, que me permite me<br />
olhar lá onde estou ausente: utopia do espelho. Mas é igualmente <strong>uma</strong><br />
heterotopia, na medida em que o espelho existe realmente, e que tem, no<br />
lugar que ocupo, <strong>uma</strong> espécie de efeito retroativo; é a partir do espelho que<br />
me descubro ausente no lugar em que estou porque eu me vejo lá longe. A<br />
partir desse olhar que ... se dirige para mim, do fundo desse espaço virtual<br />
que está do outro lado do espelho, eu retorno a mim e começo a dirigir<br />
meus olhos para mim mesmo e a me constituir ali onde estou; o espelho<br />
funciona como <strong>uma</strong> heterotopia no sentido em que ele torna esse lugar que<br />
ocupo, no momento em que me olho no espelho, ao mesmo tempo<br />
absolutamente real, em relação com todo o espaço que o envolve, e<br />
absolutamente irreal, já que ela é obrigada, para ser percebida, a passar por<br />
aquele ponto virtual que está lá longe. (FOUCAULT, 2001, p. 415)<br />
(Magritte, 1926)<br />
A dor como criação, ou a dor para a criação<br />
Há <strong>uma</strong> poça! E eu não posso transpô-la. Todos os objetos palpáveis me abandonaram. Como transpor o<br />
abismo enorme? Unir-me de novo ao meu corpo? Para onde irei? Um machado fendeu a árvore até o<br />
cerne. Porque o raio abateu a árvore? Porque o grande ramo em flor caiu? É preciso que eu olhe as<br />
coisas de frente! Eu sei que as flores se abrem e o vento sopra, mas no mar, eu ouço sempre o embate<br />
monótono das ondas e <strong>uma</strong> besta pateia acorrentada na areia, e ela pateia, pateia, pateia...<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(Virginia Woolf)<br />
Fora: tempestades, furacões, ventos congelantes, emboscadas na estrada e perigos por toda parte.<br />
Dentro: aconchego, cordialidade, segurança, proteção. Já que, para manter o planeta inteiro seguro (de<br />
modo que não precisemos <strong>mais</strong> separar-nos do inóspito “lado de fora”), nos faltam (ou pelo menos<br />
acreditamos que nos faltem) ferramentas e matérias-primas adequadas, vamos construir, cercar e<br />
fortificar um espaço indubitavelmente nosso e de <strong>mais</strong> ninguém, um espaço em cujo interior possamos<br />
nos sentir como se fossemos os únicos e incontestáveis mestres.<br />
É o que me interessa (Lenine)<br />
“Daqui desse momento<br />
Do meu olhar pra fora<br />
O mundo é só miragem<br />
A sombra do futuro<br />
A sobra do passado<br />
Assombram a paisagem<br />
Quem vai virar o jogo e transformar a perda<br />
Em nossa recompensa<br />
Quando eu olhar pro lado<br />
Eu quero estar cercado só de quem me interessa”<br />
(Zygmunt Ba<strong>uma</strong>n)
Tente outra Vez (Raul Seixas)<br />
“Veja,<br />
ão diga que a canção está perdida<br />
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida<br />
Tente outra <strong>vez</strong><br />
Beba,<br />
Pois a água viva ainda está na fonte<br />
Você tem dois pés pra cruzar a ponte<br />
ada acabou, não, não<br />
Tente,<br />
Levante sua mão sedenta e recomece a andar<br />
ão pense que a cabeça agüenta se você parar<br />
ão, não, não, não, não<br />
Há <strong>uma</strong> voz que canta<br />
Há <strong>uma</strong> voz que dança<br />
Há <strong>uma</strong> voz que gira<br />
Bailando no ar<br />
Elemento de passagem de cena:<br />
Linha/cordão desfiada de <strong>uma</strong> roupa (ou de várias roupas) <strong>uma</strong> alusão a obra de bispo do Rosário, como<br />
possibilidade de (re) criação do “mundo” (A dor como criação, ou a dor para a criação).<br />
CEA DA 8ª SÉRIE B – <strong>“A</strong> DOIS METROS DO CHÃO”<br />
A tarefa dessa turma é atuar no e sobre o caos, mirando <strong>uma</strong> (re) construção. A<br />
utopia leva-nos a compreender o mundo contemporâneo, provoca-nos o desejo<br />
(eu coletivo) de tornarmos mestres de nossa realidade. Refletir o que no nosso<br />
país e na nossa sociedade, desejamos reconstruir coletivamente. Provocar os<br />
deslocamentos de dejetos (distopias) da sociedade, (re) modelando, intervindo,<br />
fiando e desfiando. Porque sabemos que quando transformamos nos<br />
transformamos. A nossa identidade social é produzida historicamente e<br />
constituída nas posições assumidas pelo sujeito e as quais se identifica<br />
(HALL, 2000). Que posições temos assumido ou desejamos assumir diante das distopias vividas e das<br />
utopias desenhadas, enquanto corpo social?<br />
“Os doentes mentais são como beija-flores.<br />
unca pousam.<br />
Estão sempre a dois metros do chão.”<br />
Queira,<br />
Basta ser sincero e desejar profundo<br />
Você será capaz de sacudir o mundo, vai<br />
Tente outra <strong>vez</strong><br />
Tente,<br />
E não diga que a vitória está perdida<br />
Se é de batalhas que se vive a vida<br />
Tente outra <strong>vez</strong>”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(Arthur Bispo do Rosário)<br />
Olhe em volta. Veja ao seu redor. Tome um tempo e um espaço. Perceba seu lugar agora no corpo<br />
social. O que você vê?<br />
A arte reflete e refrata o mundo, ao criar o que ainda não está posto. É um lugar de corporeidade dos<br />
sentidos das experiências do sujeito. Assim, a arte, de certa forma, alimenta-nos da utopia de explorar<br />
novas possibilidades “em nome de algo radicalmente melhor que a h<strong>uma</strong>nidade tem direito de desejar e<br />
por que merece a pena lutar” (SANTOS, 2001, p.323).
Mas a arte, a exemplo da literatura, tem nos colocado de frente com presságios nefastos<br />
(distopias). Como seria a vida h<strong>uma</strong>na se o mundo fosse subjugado por <strong>uma</strong> rede de câmeras<br />
cuja função seria monitorar e inspecionar o cotidiano de cada indivíduo? E se as pessoas não<br />
<strong>mais</strong> nascessem do ventre materno, mas fossem geradas em laboratório e criadas de modo a<br />
dar prosseguimento a <strong>uma</strong> linha de produção de seres h<strong>uma</strong>nos? Ou, então, se a literatura e o<br />
pensamento fossem abominados por <strong>uma</strong> população vidrada em telenovelas interativas, as quais lhes<br />
eram <strong>mais</strong> signficativas do que a própria existência? Alg<strong>uma</strong> dessas distopias está próxima da realidade<br />
mundial ou da nossa sociedade nessa primeira década do século XXI? Nenh<strong>uma</strong>? Todas?<br />
Utopia na <strong>Arte</strong><br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(PASSOS, 2007)<br />
Arthur Bispo do Rosário, artista negro, nascido em Sergipe vinte e um anos após a abolição da<br />
escravatura, encontrou na arte <strong>uma</strong> linguagem capaz de dar forma a tudo que existisse no mundo, após<br />
ser acometido por alucinação que lhe falava e chamava para a hora de reconstruir um mundo, para o dia<br />
do “juízo final”. Na sua condição de interno em <strong>uma</strong> colônia para alienados no Rio de Janeiro viveu<br />
horas isolado, jejuando, costurando, bordando, ocupando-se em reconstruir um mundo em miniaturas.<br />
Sua história revelada nos objetos artísticos – Manto, Estandarte, Assemblage - nas tantas palavras e<br />
linhas bordadas ecoa o poder de realizar um mundo sem limites. Esse artista, um estranho no seu lugar,<br />
na sua percepção da cor, das linhas, formas e vozes revelava o desejo de tornar-se mestre de sua<br />
realidade, utilizando de objetos e dejetos recolhidos da sociedade de consumo. Tecia o cotidiano com os<br />
fios de lençóis e de roupas que desfiavam também histórias e memórias. Desfiou, fiou, tornou a desfiar<br />
e fiar, por cinqüenta anos, dando corpo a um mundo.<br />
Para pensarmos as distopias<br />
Uma reconstrução coletiva é permeada pela reflexão sobre<br />
os distanciamentos dos sentimentos de coletividade que<br />
são ‘impressos’ na nossa identidade, enquanto um corpo<br />
social e os processos de representação social que<br />
constroem identidades. As múltiplas identidades da<br />
sociedade contemporânea têm sido mediadas pela cultura<br />
midiática, a qual fornece modelos de comportamento, de<br />
estilos de vida, dentre outros. Tal cultura, assim posta, não<br />
seria <strong>uma</strong> das nossas distopias? "A mídia nos diz como<br />
devemos ocupar <strong>uma</strong> posição-de-sujeito particular”- o adolescente 'esperto', o trabalhador em ascensão<br />
ou a mãe sensível. (WOODWARD, 2000: 17). E ao posicionar o sujeito, a mídia interfere na formação<br />
da identidade coletiva, a exemplo dos reality shows. Um presságio dos reality shows de hoje está<br />
presente em 1984 e Fahrenheit. No primeiro, as teletelas vigilantes do Grande Irmão (nome que deu<br />
origem ao programa Big Brother) que captam toda ação dos cidadãos; no livro de Bradbury, <strong>uma</strong><br />
reflexão sobre a postura dos telespectadores, que vivem em função dos personagens televisivos<br />
(PASSOS, 2007)<br />
Ambientado em Londres, 1984, de George Orwell, foi publicado em 1949. No ano de 1984, todo o<br />
planeta está dividido em três grandes blocos – Oceania (Austrália, Nova Zelândia, Américas e<br />
Inglaterra), Eurásia (Europa Continental, Oriente próximo e norte da África) e Lestásia –, todos em<br />
permanente guerra. As alianças entre os blocos mudam de tempos em tempos, porém os fatos são<br />
distorcidos para que sempre se pareça que o aliado é aliado desde o início, ocorrendo o mesmo com o<br />
inimigo. A Oceania é governada por um partido único, cujo líder é o Grande Irmão (Big Brother), figura
fictícia criada para inspirar o povo. Diariamente, há os Dois Minutos de Ódio, <strong>uma</strong> sessão de<br />
repúdio a Emmanuel Goldstein, conhecido como inimigo do povo e traidor do partido.<br />
Quaisquer relações interpessoais são desencorajadas. O casamento é <strong>uma</strong> formalidade e o sexo<br />
um ato repulsivo. Todas as residências possuem teletelas que, além de transmitirem<br />
programação, também vigiam os telespectadores. A informação é facilmente manipulável,<br />
tanto para a inclusão de pessoas inexistentes nos registros como para suprimir da História e da<br />
lembrança popular os cidadãos indesejáveis. Crianças são convertidas à ideologia dominante e tornamse<br />
espiãs dos próprios pais. O clima é de terror e repressão. Winston Smith odeia o Grande Irmão. Odeia<br />
o sistema. Enquanto permanece busca de quem tenha idéias afins às suas, trabalha regularmente no<br />
Ministério da Verdade – Miniver em Novilíngua, <strong>uma</strong> versão esquartejada do vernáculo – onde cria e<br />
destrói fatos e gente.<br />
ão Verás País enhum<br />
Distopia brasileira publicada em 1982 possui forte cunho ecológico. Experiências nucleares<br />
transformam a atmosfera do planeta e aumentam a temperatura global média. Escassa, a água dos rios é<br />
armazenada e exposta em museu. Da Floresta Amazônica, resta apenas um vasto deserto – divulgado<br />
com otimismo pelas autoridades e a imprensa, que o "inauguram" com <strong>uma</strong> festa árabe. Os cheiros da<br />
natureza são acessíveis apenas quando comprados nos shopping centers. Pela cidade de São Paulo, onde<br />
se desenvolve a trama, pipocam mutantes em decomposição. Para obter água e transitar pelos Distritos<br />
urbanos são necessárias fichas especiais. Já não há ani<strong>mais</strong>. Fora do município, os pobres amontoam-se<br />
nos Acampamentos Paupérrimos. No Nordeste, crescentes bolsões de calor fulminam de imediato todo<br />
ser vivente. O Ministério da Incompetência garante a não-solução dos problemas. O consumo deixou de<br />
ser <strong>uma</strong> opção, um direito, para tornar-se um dever: toda segunda-feira é o Dia de Consumo Obrigatório<br />
– o não cumprimento a cota é severamente punido. O Brasil eliminou os ministros – quem governa<br />
agora é o Esquema. Em todo o mundo, toda a música foi descaracterizada e unida num só padrão.<br />
Fahrenheit 451<br />
Escrito pelo norte-americano Ray Bradbury em 1953, Fahrenheit 451(a temperatura de combustão do<br />
papel, equivalente a 251º C) não traz <strong>uma</strong> previsão política, mas social, próxima, inclusive, em termos<br />
tecnológicos, da realidade nos Estados Unidos (e no mundo), ontem e hoje. O princípio do romance é a<br />
inversão do papel do bombeiro – o profissional que, antes, era incumbido de dar fim aos incêndios,<br />
agora ateia fogo no interior de residências não inflamáveis, no intuito de destruir o único objeto<br />
proibido: livros. Os núcleos familiares existem, mas boa parte dos casais abdicam de ter filhos. A<br />
televisão (cujas telas ocupam paredes inteiras) desempenha um papel vital no cotidiano, ao apresentar<br />
novelas nas quais o espectador interage com os personagens até considerá-los <strong>mais</strong> parte de sua família<br />
do que os próprios parentes<br />
.<br />
Sonho Impossível (Chico Buarque)<br />
“Sonhar<br />
Mais um sonho impossível<br />
Lutar<br />
Quando é fácil ceder<br />
Vencer<br />
O inimigo invencível<br />
egar<br />
Quando a regra é vender<br />
Sofrer<br />
A tortura implacável<br />
Romper<br />
A incabível prisão<br />
Voar<br />
um limite improvável<br />
Tocar<br />
O inacessível chão<br />
É minha lei, é minha questão<br />
Virar esse mundo<br />
Cravar esse chão<br />
ão me importa saber<br />
Se é terrível de<strong>mais</strong><br />
Quantas guerras terei que vencer<br />
Por um pouco de paz<br />
E amanhã, se esse chão que eu beijei<br />
For meu leito e perdão<br />
Vou saber que valeu delirar<br />
E morrer de paixão<br />
E assim, seja lá como for<br />
Vai ter fim a infinita aflição<br />
E o mundo vai ver <strong>uma</strong> flor<br />
Brotar do impossível chão”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
CEA DA 8ª SÉRIE C – “O QUE SERÁ QUE SERÁ?”<br />
Nome de <strong>uma</strong> música de Chico Buarque que, segundo Adélia Meneses, é anunciadora do<br />
futuro. O espaço do desejo, o grito calado. <strong>“A</strong> pulsão vital silenciada- todo esse silêncio irá<br />
explodir [...]”<br />
(Munch, O Grito)<br />
Há um personagem de Ítalo Calvino Sr. Palomar, nome de observatório<br />
astronômico na California. Através de seu “olho telescópio” (ele é todos<br />
olhos), Sr. Palomar sabe esgarçar a densa capa que recobre o velho<br />
mundo, aparentemente cristalizado por inúmeros condicionamentos e<br />
automatismos, para instaurar sua novidade perene em constante<br />
movimento de recriação. O “olho telescópio” volta-se para a amplidão<br />
do espaço, mas volta-se, sobretudo, para o cotidiano. O que significa<br />
que, para Sr Palomar, as grandes questões do mundo e da existência<br />
também estão presentes em cada cena que presenciamos e em cada<br />
objeto que observamos. Isso nos serve de chão para compreender a<br />
complexidade da crise planetária que caracteriza o nosso século, sem<br />
ignorarmos sua presença na relação com o nosso cotidiano.<br />
As teorias fatalistas sempre existiram. E sempre serviram de impulso para reflexões <strong>mais</strong> profundas a<br />
cerca do planeta que temos e queremos construir. Mas, por outro lado, servem de apelos<br />
sensacionalistas e mercadológicos que manipulam o imaginário social. Quantos “fins de mundo”<br />
presenciamos no cotidiano?<br />
<strong>“A</strong> crise ambiental, primeiro, e a gravíssima crise econômica em nível mundial, agora, mostraram<br />
claramente, a todos, os limites do sistema capitalista a tal ponto que hoje por todo lado se invoca <strong>uma</strong><br />
mudança radical da sociedade em escala planetária. Em particular, a valência utópica da ecologia está se<br />
revelando decisiva não apenas para o nosso tempo, mas também para as gerações futuras”<br />
(Cosimo Quarta. Jornal da UNICAMP, Jun 2009)<br />
A tarefa dessa turma se constrói sobre as noções de identidade planetária e na necessidade de nos<br />
tornarmos intersolidários, para enfrantamos os problemas que dizem respeito a todos/as moradores/as<br />
desse planeta. Porém, sem perder de vista as questões locais, os perversos processos de exclusão e as<br />
lutas dos movimentos sociais. Observar o entranhamento: a histórias pessoal é parte da história<br />
biosociocultural que por sua <strong>vez</strong> é parte da história do planeta.<br />
Refletindo a Utopia<br />
Mas o que <strong>uma</strong> geração não consegue realizar é retomado pelas gerações sucessivas que, por sua <strong>vez</strong>,<br />
elaboram seu projeto utópico, e assim acontecerá sempre, enquanto durarem o homem (sic) e a história.<br />
Portanto, haverá utopia enquanto houver história. Eis porque a utopia pode ser também definida como o<br />
motor da história.<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(Cosimo Quarta)
Utopia é possível<br />
Em lugar da decretação de <strong>uma</strong> nova História, sem classes sociais, sem ideologia, sem luta,<br />
sem utopia, e sem sonho, o que a cotidianidade mundial nega contundentemente, o que temos<br />
que fazer é repor o ser h<strong>uma</strong>no que atua, que pensa, que fala, que sonha, que ama, que odeia,<br />
que cria e recria, que sabe e ignora, que se afirma e que se nega, que constrói e destrói, que é<br />
tanto o que herda quanto o que adquire, no centro de nossas preocupações<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(Paulo Freire)<br />
O Universo caminha não para a morte, mas para ordens cada <strong>vez</strong> <strong>mais</strong> elevadas de vida, e o ser h<strong>uma</strong>no<br />
é chamado a adotar posturas de colaboração e solidariedade, capazes de garantir o futuro do nosso<br />
planeta.<br />
Uma sociedade não vive sem utopias, isto é, sem um sonho de dignidade, de respeito à vida e de<br />
convivência pacífica entre as pessoas e povos. Se não temos utopias nos perdemos nos interesses<br />
individuais e grupais e perdemos o sentido do bem viver em comum. No meu entender, a utopia que<br />
pode reencantar a vida é <strong>uma</strong> relação de reverência e respeito com toda a vida, de sinergia com as forças<br />
da natureza, de hospitalidade com todos os seres h<strong>uma</strong>nos e de convivência na diversidade de culturas,<br />
religiões e de visões de mundo. Uma utopia de <strong>uma</strong> Terra organizada desde <strong>uma</strong> articulação central de<br />
valores, princípios e poderes que administrem os recursos escassos para todos, habitando como <strong>uma</strong><br />
família na mesma casa comum, a Terra. Isto não é impossível. Efetivamente vamos construir <strong>uma</strong><br />
sociedade assim ou, possivelmente, Gaia, a Terra viva, não vai <strong>mais</strong> nos suportar e vai nos expulsar<br />
como <strong>uma</strong> célula cancerígena<br />
Profecia (Cordel Fogo Encantado)<br />
Salve o povo Xucuru<br />
a cumeeira da serra Ororubá o velho profeta já dizia<br />
Uma nova era se abre com duas vibras trançadas<br />
Seca e sangue<br />
Seca e sangue*<br />
Herdeiros do novo milênio<br />
inguém tem <strong>mais</strong> dúvidas<br />
O sertão vai virar mar<br />
E o mar sim<br />
Depois de encharcar as <strong>mais</strong> estreitas veredas<br />
Virará sertão<br />
Antôe tinha razão rebanho da fé<br />
A terra de todos a terra é de ninguém<br />
Pisarão na terra dele todos os seus<br />
E os documentos dos homens incrédulos<br />
ão resistirão a Sua ira<br />
Filhos do caldeirão<br />
Herdeiros do fim do mundo<br />
Queimai vossa história tão mal contada<br />
Ah! Joana Imaginária<br />
Permita que o Conselheiro<br />
Encoste sua cabeleira<br />
o teu colo de oratórios<br />
Tua saia de rosários<br />
Teu beijo de cera quente<br />
E assim na derradeira lua branca<br />
Quando todos os rios virarem leite<br />
E as barrancas cuscuz de milho<br />
E as estrelas tocadeiras de viola<br />
Caírem <strong>uma</strong> por <strong>uma</strong><br />
Os soldados do rei D. Sebastião<br />
Mostrarão o caminho<br />
(Leonardo Boff)<br />
Mas o que <strong>uma</strong> geração não consegue realizar é retomado pelas gerações sucessivas que, por sua <strong>vez</strong>,<br />
elaboram seu projeto utópico, e assim acontecerá sempre, enquanto durarem o homem (sic) e a história.<br />
Portanto, haverá utopia enquanto houver história. Eis porque a utopia pode ser também definida como o<br />
motor da história.<br />
(Cosimo Quarta)
Um índio (Caetano Veloso)<br />
“um ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico<br />
Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio<br />
E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer<br />
Assim, de um modo explícito<br />
E aquilo que nesse momento se revelará aos povos<br />
Surpreenderá a todos, não por ser exótico<br />
Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto<br />
Quando terá sido o óbvio”<br />
O que será (Chico Buarque)<br />
“O que será que será<br />
Que andam suspirando pelas alcovas<br />
Que andam sussurrando em versos e trovas<br />
Que andam combinando no breu das tocas<br />
Que anda nas cabeças, anda nas bocas<br />
Que andam acendendo velas nos becos<br />
Estão falando alto pelos botecos<br />
E gritam nos mercados que com certeza<br />
Está na natureza<br />
Será que será<br />
O que não tem certeza nem nunca terá<br />
O que não tem conserto nem nunca terá<br />
O que não tem tamanho<br />
O que será que será<br />
Que vive nas idéias desses amantes<br />
Que cantam os poetas <strong>mais</strong> delirantes<br />
Que juram os profetas embriagados<br />
Que está na romaria dos mutilados<br />
Que está na fantasia dos infelizes<br />
Está no dia-a-dia das meretrizes<br />
o plano dos bandidos dos desvalidos<br />
Em todos os sentidos, será que será<br />
O que não tem decência nem nunca terá<br />
O que não tem censura nem nunca terá<br />
O que não faz sentido<br />
O que será que será<br />
Que todos os avisos não vão evitar<br />
Porque todos os risos vão desafiar<br />
Porque todos os sinos irão repicar<br />
Porque todos os hinos irão consagrar<br />
E todos os meninos vão desembestar<br />
E todos os destinos irão se encontrar<br />
E mesmo o padre eterno que nunca foi lá<br />
Olhando aquele inferno vai abençoar<br />
O que não tem governo nem nunca terá<br />
O que não tem vergonha nem nunca terá<br />
O que não tem juízo”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
ESIO MÉDIO<br />
CEA DO 1º AO A – “GERAÇÃO 68”<br />
DEMOCRACIA: A UTOPIA DA REALIDADE?<br />
A imagem acima representa bem as cores da geração de 68, e podemos imaginá-la como <strong>uma</strong> pichação<br />
num muro. Um clichê nessa cena seria a repressão policial: <strong>“A</strong>BAIXO A DITADURA!”. Canções como<br />
“É proibido proibir” de Caetano Veloso e “Partido Alto” de Chico Buarque são bem pensadas para<br />
simbologia dessa geração. Os personagens encontrados na capa do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts<br />
Club Band da banda The Beatles simbolizam as referências da geração de 68:<br />
“Marlon Brando, Marilyn Monroe, Bob Dylan, Edgar Allan Poe, D.H. Lawrence, Karl Marx, Johnny Weismuller, Stan<br />
Lauren e Oliver Hardy são alg<strong>uma</strong>s das celebridades que acompanhavam os Beatles na fotomontagem, da qual foram<br />
eliminados Hitler e Gandhi.”<br />
(http://musica.uol.com.br/ultnot/efe/2007/06/01/ult1819u880.jhtm)<br />
A cena que representa a Era de Aquários no musical HAIR é um interessante ponto de ligação para a<br />
próxima cena do 1º ano B.<br />
Aquários (musical Hair)<br />
“Quando a lua estiver na sétima casa<br />
E júpiter alinhar-se com o marte<br />
Então a paz guiará os planetas<br />
E o amor dirigirá as estrelas<br />
Este é começo da época de aquarius<br />
A época de aquarius<br />
Aquarius!<br />
Aquarius!<br />
Harmonia e compreensão<br />
Simpatia e confiança existirá<br />
ão <strong>mais</strong> falsos ou ridículos<br />
Sonhos vivos brilhando as visões<br />
Revelação de cristal místicos<br />
E a liberação da verdadeira mente<br />
Aquarius!<br />
Aquarius!<br />
Quando a lua estiver na sétima casa<br />
E júpiter alinhar-se com o marte<br />
Então a paz guiará os planetas<br />
E o amor dirigirá as estrelas<br />
Este é começo da época de aquarius<br />
A época de aquarius<br />
Aquarius!<br />
Aquarius!”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
Mais leituras:<br />
O objetivo desta turma é provocar inquietações a respeito da democracia como o grande valor<br />
utópico do mundo contemporâneo. E nada foi tão provocativo quanto Caetano, Gil, Os<br />
mutantes, etc. Eles realmente queriam mudar o mundo? De fato mudaram?<br />
• http://www.dm.com.br/materias/show/t/nudez_e_contracultura_no_musical_hair<br />
• http://tropicalia.uol.com.br/site/internas/proibido.php<br />
• http://pugnacitas.blogspot.com/2007/07/trajetria-da-g-68-ao-poder.html<br />
CEA DO 1º AO B – “UTOPIA, EU QUERO UMA PRA VIVER!”<br />
Ideologia (Cazuza)<br />
“Meu partido é um coração partido<br />
E as ilusões estão todas perdidas<br />
Os meus sonhos foram todos vendidos<br />
Tão barato que eu nem acredito<br />
Eu nem acredito<br />
Que aquele garoto que ia mudar o mundo<br />
Frequenta agora as festas do ‘Grand Monde’<br />
Meus heróis morreram de overdose<br />
Meus inimigos estão no poder<br />
Ideologia<br />
Eu quero <strong>uma</strong> pra viver”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
<strong>“A</strong> utopia é o princípio imanente da ação,<br />
mas ela só é possível em realidade se consolidada na forma de ideologia.”<br />
(http://www.tempopresente.org/index.php?option=com_content&task=view&id=2903&Itemid=83)<br />
<strong>“A</strong>s ideologias mobilizam indivíduos e multidões, alimentam intolerâncias, intentam conservar ou<br />
transformar sociedades, produzem guerras e revoluções. Qual a fonte dessa força imensa que se<br />
dissemina e conquista corações e mentes em povos de culturas e realidades tão díspares? Será porque<br />
expressam utopias? Ideologias e utopias são semelhantes, nomes diferentes para os mesmos fenômenos<br />
políticos e sociais? Se as ideologias sobrevivem ao passar dos anos e vivificam nos homens e mulheres<br />
do tempo presente, mesmo quando são declaradas mortas, será que vivemos <strong>uma</strong> época em que a utopia<br />
se exauriu? O objetivo deste texto é analisar essas questões, a partir da obra de Karl Mannheim”<br />
(http://www.espacoacademico.com.br/096/96esp_ozai.htm)<br />
Tomando como exemplo o movimento tropicalista, retratá-lo discutindo o seu caráter ideológico ou<br />
utópico é de extrema importância, visto que, o objetivo do 1º ano B é representar o sonho individual, o<br />
referencial individual, e o desejo de mudança. “O que eu quero mudar?”.<br />
Mais leituras:<br />
• Poema PÉS TORTOS (http://poemaspodres.blogspot.com/2007_10_01_archive.html<br />
CEA DO 1º AO C – <strong>“A</strong> POLÍTICA DOS SOHOS? OU O SOHO A POLÍTICA?”<br />
O Sonho de Platão<br />
No século IV a.C., em data imprecisa, surgiu em Atenas a primeira concepção<br />
de sociedade perfeita que se conhece. Tratou-se do diálogo "A República"<br />
(Politéia), escrito por Platão, o <strong>mais</strong> brilhante e conhecido discípulo de<br />
Sócrates. As idéias expostas por ele - o sonho de <strong>uma</strong> vida harmônica, fraterna,<br />
que dominasse para sempre o caos da realidade - servirão, ao longo dos tempos,<br />
como a matriz inspiradora de todas utopias aparecidas e da maioria dos<br />
movimentos de reforma social que desde então a h<strong>uma</strong>nidade conheceu.<br />
(http://educaterra.terra.com.br/voltaire/politica/platao.htm)<br />
A tarefa do 1º ano C é representar um sujeito participante. Sendo assim, o sentimento de indignação<br />
simboliza bem a cena. Pode-se também brincar com o imaginário dos jovens rebeldes dizendo palavras<br />
duras aos políticos. A letra da música “Um sonho”, de Gilberto Gil também serve como um discurso<br />
para enfatizar o tema da turma.<br />
Importante também repensar ideal de “DEMOCRACIA” e<br />
as concepções. O que é sociedade perfeita? Existe?<br />
Pesquisar os diversos modelos de democracia.<br />
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CEA DO 1º AO D – “QUAIS OUTROS MUDOS QUEREMOS E PODEMOS COSTRUIR?”<br />
A tarefa do 1º ano D é questionar quais são as coisas que estão<br />
funcionando? Retomada em grande salto. Ação política. Modelos<br />
de democracia. Usar a canção “Chega de Mágoa”, adaptando o<br />
teor de “We are the world”.<br />
Mais leituras:<br />
• http://www.otoque.com.br/detalhes_textos.asp?id_texto=59<br />
• http://www.revistacriacao.net/admiravel_mundo_novo.htm<br />
We are the world (Michael Jackson e Lionel Richie)<br />
There comes a time when we heed a certain call<br />
when the wolrd must come together as one<br />
There are people dying<br />
Oh, and it's time to lend a hand to life<br />
The greatest gift of all<br />
We can't go on pretending day by day<br />
That someone, somewhere will soon make a<br />
change<br />
We are all a part of God's great big family<br />
And the truth,<br />
you know, love is all we need<br />
Um sonho (Gilberto Gil)<br />
“Eu tive um sonho<br />
Que eu estava certo dia<br />
um congresso mundial<br />
Discutindo economia<br />
Argumentava<br />
Em favor de <strong>mais</strong> trabalho<br />
Mais emprego, <strong>mais</strong> esforço<br />
Mais controle, <strong>mais</strong>-valia<br />
Falei de pólos<br />
Industriais, de energia<br />
Demonstrei de mil maneiras<br />
Como que um país crescia<br />
E me bati<br />
Pela pujança econômica<br />
Baseada na tônica<br />
Da tecnologia<br />
Apresentei<br />
Estatísticas e gráficos<br />
Demonstrando os maléficos<br />
Efeitos da teoria<br />
Principalmente<br />
A do lazer, do descanso<br />
Da ampliação do espaço<br />
Cultural da poesia<br />
Disse por fim<br />
Para todos os presentes<br />
Que um país só vai pra frente<br />
Se trabalhar todo dia<br />
Estava certo<br />
De que tudo o que eu dizia<br />
Representava a verdade<br />
Pra todo mundo que ouvia<br />
Foi quando um velho<br />
Levantou-se da cadeira<br />
E saiu assoviando<br />
Uma triste melodia<br />
Que parecia<br />
Um prelúdio bachiano<br />
Um frevo pernambucano<br />
Um choro do Pixinguinha<br />
E no salão<br />
Todas as bocas sorriram<br />
Todos os olhos me olharam<br />
Todos os homens saíram<br />
Um por um<br />
Um por um<br />
Um por um<br />
Um por um<br />
Fiquei ali<br />
aquele salão vazio<br />
De repente senti frio<br />
Reparei: estava nu<br />
Me despertei<br />
Assustado e ainda tonto<br />
Me levantei e fui de pronto<br />
Pra calçada ver o céu azul<br />
Os estudantes<br />
E operários que passavam<br />
Davam risada e gritavam:<br />
"Viva o índio do Xingu!<br />
"Viva o índio do Xingu!<br />
Viva o índio do Xingu!<br />
Viva o índio do Xingu!<br />
Viva o índio do Xingu!"<br />
We are the world, we are the children<br />
We are the ones who'll make a brighter day<br />
So let's start giving<br />
There's a choice we're making<br />
We're saving our own lives<br />
It's true we'll make a better day<br />
Just you and me<br />
Oh, Send them your heart<br />
So they'll know that someone cares<br />
And their lives will be stronger and free<br />
As God has shown us by turning stones to bread<br />
And so we all must lend a helping hand<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
We are the world, we are the children<br />
We are the ones who'll make a brighter day<br />
So let's start giving<br />
Oh, there's a choice we're making<br />
We're saving our own lives<br />
It's true we'll make a better day<br />
Just you and me<br />
When you're down and out, there seems no hope at all<br />
But if you just believe there's no way we can fall<br />
Well, well, well, well let us realize that a change can only come<br />
When we stand together as one<br />
We are the world, we are the children<br />
We are the ones who make a brighter day<br />
So let's start giving<br />
There's a choice we're making<br />
We're saving our own lives<br />
It's true we'll make a better day<br />
Just you and me<br />
We are the world, we are the children<br />
We are the ones who make a brighter day<br />
So let's start giving<br />
There's a choice we're making<br />
We're saving our own lives<br />
It's true we'll make a better day<br />
Just you and me<br />
We are the world, we are the children<br />
We are the ones who make a brighter day<br />
So let's start giving<br />
There's a choice we're making<br />
We're saving our own lives<br />
It's true we'll make a better day<br />
Just you and me<br />
Chega de mágoa (Composição coletiva)<br />
“ós não vamos nos dispersar<br />
Juntos, é tão bom saber<br />
Que passado o tormento<br />
Será nosso esse chão...<br />
Água, dona da vida<br />
Ouve essa prece tão comovida<br />
Chega, brinca na fonte<br />
Desce do monte, vem como amiga<br />
Te quero água de beber<br />
Um copo d’água<br />
Marola mansa da maré<br />
Mulher amada<br />
Te quero orvalho toda manhã<br />
Terra, olha essa terra<br />
Raça valente, gente sofrida<br />
Chama, tem que ter feira<br />
Tem que ter festa, vamos pra vida<br />
Te quero terra pra plantar, ah<br />
Te quero verde<br />
Te quero casa pra morar, ah<br />
Te quero rede<br />
Depois da chuva o Sol da manhã<br />
Chega de mágoa<br />
Chega de tanto penar<br />
Canto e o nosso canto<br />
Joga no tempo <strong>uma</strong> semente<br />
Gente, olha essa gente<br />
Olha essa gente, olha essa gente<br />
Te quero água de beber<br />
Um copo d’água<br />
Marola mansa da maré<br />
Mulher amada<br />
Te quero terra pra plantar<br />
Te quero verde, hum<br />
Te quero casa pra morar<br />
Te quero rede<br />
Depois da chuva o Sol da manhã<br />
Canto (eu canto)<br />
e o nosso canto (canto)<br />
Joga no tempo (joga no tempo)<br />
<strong>uma</strong> semente (ye ye ye ye ye)<br />
We are the world, we are the children<br />
We are the ones who make a brighter day<br />
So let's start giving<br />
There's a choice we're making<br />
We're saving our own lives<br />
It's true we'll make a better day<br />
Just you and me<br />
We are the world, we are the children<br />
We are the ones who make a brighter day<br />
So let's start giving<br />
There's a choice we're making<br />
We're saving our own lives<br />
It's true we'll make a better day<br />
Just you and me<br />
We are the world, we are the children<br />
We are the ones who make a brighter day<br />
So let's start giving<br />
There's a choice we're making<br />
We're saving our own lives<br />
It's true we'll make a better day<br />
Just you and me<br />
Gente<br />
(quero te ver crescer bonita)<br />
Olha essa gente<br />
(quero te ver crescer feliz)<br />
Olha essa gente<br />
(olha essa terra, olha essa gente)<br />
Olha essa gente (Gente pra ser feliz, feliz)<br />
Te quero água de beber (me dê um copo)<br />
Um copo d’água<br />
Marola mansa da maré (ye ye ye ye ye)<br />
Mulher amada (mulher amada)<br />
Te quero terra pra plantar (plantar)<br />
Te quero verde (te quer verde)<br />
Te quero casa pra morar<br />
Te quero rede<br />
Depois da chuva o Sol da manhã<br />
Chega de mágoa<br />
Chega de tanto penar<br />
Chega de mágoa<br />
Chega de tanto penar<br />
Ah!”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
TUDO É RELATIVO<br />
CEA DO 2º AO A – “SEM DICOTOMIAS! COJUGAR O VERBO AO SABOR DOS SABERES”<br />
A tarefa dessa turma é problematizar a visão<br />
dicotômica do mundo. Questionar a égide da<br />
cisão e dicotomização ilusória do ser h<strong>uma</strong>no,<br />
sobre a qual se construiu e ainda se constrói o<br />
conhecimento. Nossa utopia é olhar o objeto em<br />
um diálogo multirreferencial, o que significa não<br />
absolutizar a verdade; é considerar a pluralidade<br />
de referências, a alteridade, as contradições, o<br />
multiculturalismo, as insuficiências para não<br />
perder o ser h<strong>uma</strong>no na sua complexidade<br />
(Macedo). No diálogo multirreferencial o Outro<br />
não é um “idiota cultural”. Falamos de verdades.<br />
Rasurar o discurso positivista “o saber científico e<br />
os outros saberes”: projeto que reduziu o<br />
conhecimento aos critérios da ciência e<br />
considerou o real apenas o racional lógico, formal e analítico. A arte e tudo <strong>mais</strong> foram relegadas “às<br />
esferas particulares da existência” (Maffesoli).<br />
A utopia possível de <strong>uma</strong> outra sociedade <strong>mais</strong> justa, inclusiva e democrática tem propiciado, por<br />
conseguinte, novas perspectivas de estudos no campo das ciências h<strong>uma</strong>nas, socioculturais e na<br />
educação. As abordagens críticas têm descrito sobre essas experiências e saberes desses grupos<br />
excluídos, demonstrando a pertinência de novas abordagens e outras narrativas que coloquem no centro<br />
do debate questões relacionadas à idéia de um novo “ethos científico ampliado, conectado e<br />
emancipador” (MACEDO, 2000, p.41).<br />
TRADUZIR-SE (Ferreira Gullar)<br />
Uma parte de mim é todo mundo:<br />
outra parte é ninguém: fundo sem fundo.<br />
Uma parte de mim é multidão:<br />
outra parte estranheza e solidão<br />
Uma parte de mim<br />
pesa, pondera:<br />
outra parte delira.<br />
Uma parte de mim<br />
almoça e janta:<br />
outra parte se espanta.<br />
Abismo (Fernando Pessoa)<br />
“Sinto de repente pouco,<br />
Vácuo, o momento, o lugar.<br />
Tudo de repente é oco -<br />
Mesmo o meu estar a pensar.<br />
Tudo - eu e o mundo em redor -<br />
Fica <strong>mais</strong> que exterior.”<br />
Uma parte de mim é permanente:<br />
outra parte se sabe de repente.<br />
Uma parte de mim é só vertigem:<br />
outra parte,linguagem.<br />
Traduzir-se <strong>uma</strong> parte<br />
na outra parte<br />
- que é <strong>uma</strong> questão<br />
de vida ou morte -<br />
será arte?<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(Ligya Clarck)
Poema de Arnaldo Antunes<br />
O guardador de Rebanhos (Alberto Caeiro, pseudônimo de Fernando Pessoa)<br />
<strong>“A</strong> palavra precisa lança o som à velocidade da luz<br />
Onde nós e você<br />
Dominamos o espaço<br />
A imagem fala por si<br />
E por mim<br />
Portanto flutuaremos pelo avião<br />
Como um par dançante<br />
Perseguidos pelos olhares estrelados<br />
De <strong>uma</strong> platéia atenta<br />
É fundamental o texto<br />
(Bernardo Vilhena)<br />
A gagueira quase palavra<br />
Quase aborta<br />
A palavra quase silêncio<br />
Quase transborda<br />
O silêncio quase eco<br />
A gagueira agora<br />
O século eco”<br />
Quanta (Gilberto Gil)<br />
“De pensamento em chamas<br />
Inspiração<br />
<strong>Arte</strong> de criar o saber<br />
<strong>Arte</strong>, descoberta, invenção<br />
Teoria em grego quer dizer<br />
O ser em contemplação<br />
Cântico dos cânticos<br />
Quântico dos quânticos<br />
Sei que a arte é irmã da ciência<br />
Ambas filhas de um Deus fugaz<br />
Que faz num momento<br />
E no mesmo momento desfaz<br />
Esse vago Deus por trás do mundo<br />
Por detrás do detrás”<br />
“Sou um guardador de rebanhos.<br />
O rebanho é os meus pensamentos<br />
E os meus pensamentos são todos sensações.<br />
Penso com os olhos e com os ouvidos<br />
E com as mãos e os pés<br />
E com o nariz e a boca.<br />
Pensar <strong>uma</strong> flor é vê-la e cheirá-la<br />
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.<br />
Por isso quando num dia de calor<br />
Me sinto triste de gozá-lo tanto,<br />
E me deito ao comprido na erva,<br />
E fecho os olhos quentes,<br />
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,<br />
Sei a verdade e sou feliz”<br />
A ciência em si (Gilberto Gil)<br />
Se toda coincidência<br />
Tende a que se entenda<br />
E toda lenda<br />
Quer chegar aqui<br />
A ciência não se aprende<br />
A ciência apreende<br />
A ciência em si<br />
Se toda estrela cadente<br />
Cai pra fazer sentido<br />
E todo mito<br />
Quer ter carne aqui<br />
A ciência não se ensina<br />
A ciência insemina<br />
A ciência em si<br />
Poema de Waly Salomão<br />
“Hoje só quero Ritmo.<br />
Ritmo no falado e no escrito<br />
Ritmo, veio-central da mina.<br />
Ritmo, espinha dorsal do corpo e da mente.<br />
Ritmo na espiral da fala e do poema.<br />
Ritmo é o que <strong>mais</strong> quero pro meu dia dia”<br />
Se o que se pode ver, ouvir,<br />
pegar, medir, pesar<br />
Do avião a jato ao jaboti<br />
Desperta o que ainda não,<br />
não se pôde pensar<br />
Do sono do eterno ao eterno devir<br />
Como a órbita da terra<br />
abraça o vácuo devagar<br />
Para alcançar o que já estava aqui<br />
Se a crença quer se materializar<br />
Tanto quanto a experiência quer se abstrair<br />
A ciência não avança<br />
A ciência alcança<br />
A ciência em si<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
Narradores de Javé<br />
Muitos temas relacionados com a História estão presentes: a história oral, a oficial, sua<br />
cientificidade, o limiar com a literatura, o vídeo e o próprio cinema, diferentes suportes para a<br />
História, diferentes olhares e intercâmbios, a busca de <strong>uma</strong> "verdade", teoria e método. Esse<br />
segundo filme da cineasta (o primeiro foi Kenoma-1998), trata de um povoado fictício (Javé), que está<br />
prestes a ser inundado para a construção de <strong>uma</strong> hidrelétrica. Para mudar esse rumo, os moradores de<br />
Javé resolvem escrever sua história e tentar transformar o local em patrimônio histórico a ser<br />
preservado. O único adulto alfabetizado de Javé, Antônio Biá (José Dumont) é o incumbido de<br />
recuperar a história e transpor para o papel de forma "científica" as memórias dos moradores.[...] Na<br />
coleta do primeiro relato "javélico", Biá diz à sua "fonte": "<strong>uma</strong> coisa é o fato acontecido, outra é o fato<br />
escrito". Esse pequeno conjunto de elementos já é suficiente para apontar a isenção e a imparcialidade<br />
impossíveis à História e ao historiador. O filme se desenrola com a difícil tarefa para Biá: reunir <strong>uma</strong><br />
história a partir de cinco versões diferentes - <strong>uma</strong> multiplicidade de fragmentos, memórias<br />
incompatíveis entre si. O personagem se vê entre essa impossibilidade e um futuro/progresso destruidor<br />
e irremediável.<br />
(http://www.comciencia.br/resenhas/memoria/narradores.htm)<br />
CEA DO 2º AO B – “PREFIRO TORAR-ME UMA METAMORFOSE AMBULATE”<br />
“Tudo certo como dois e dois são cinco” (Caetano Veloso)<br />
A tarefa da turma B é metamorfosear-se da linearidade do paradigma moderno (na visão cartesiana e<br />
mecanicista do mundo, da vida e do corpo; e no ponto de vista de <strong>uma</strong> sociedade como <strong>uma</strong> arena<br />
competitiva pela existência) para a teia e o rizoma do novo paradigma (a realidade não pode ser mirada<br />
sob um único parâmetro. O conhecimento sobre essa é polissêmico, multi, inter, e transdiciplinar). Mas<br />
a turma B também vai intervir e se posicionar acerca da crise de fragmentação no qual nos encontramos,<br />
enquanto h<strong>uma</strong>nidade, e que se encontra o conhecimento h<strong>uma</strong>no; e as perspectivas apontadas pelo<br />
novo paradigma.<br />
“Esse mundo é inconcluso;<br />
Além, há continuação,<br />
Invisível, como a música,<br />
Evidente, como o som”<br />
(Emily DicKinson)<br />
(Cildo Meireles, La Bruja)<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ
Um dos princípios metodológicos do pensamento complexo é o princípio hologromático: “[...]<br />
cada um de nós, como indivíduos, trazemos em nós a presença da sociedade da qual fazemos<br />
parte. A sociedade está presente em nós por meio da linguagem da cultura, de suas regras,<br />
normas, etc.” (MORIN, 2003, p. 34)<br />
(Imagem holograma)<br />
“em substituição a causalidade linear e unidirecional por <strong>uma</strong><br />
causalidade em círculo e multirreferencial... capaz de conceber<br />
noções ao mesmo tempo complementares e antagônicas... que<br />
completará o conhecimento da integração das partes em um todo,<br />
pelo reconhecimento da integração do todo no interior das partes”<br />
(Macedo, 2003, p. 92-93).<br />
Milton Santos, fala de <strong>uma</strong> “realidade que pode ser” que se<br />
estabelece no contexto do estabelecido e “que se dá tanto no<br />
plano empírico quanto no plano teórico” (2001, p.20). Gilberto<br />
Gil, através da letra “Tempo Rei”, também nos instiga a pensar<br />
acerca da percepção dessa realidade: “[...] não me iludo, tudo<br />
permanecerá do jeito que tem sido... transcorrendo, transformando tempo e espaço, navegando todos os<br />
sentidos [...]” (1994).<br />
“Para abordagem sistêmica ou teoria da complexidade, nada pode ser completamente compreendido<br />
isoladamente. Tudo deve ser estudado como parte de um sistema dinâmico e multi-estratificado. As<br />
relações são tudo. A atividade do sistema compreende a interação simultânea e interdependente de<br />
muitas partes componentes. A natureza do sistema é sempre maior que a mera soma de suas partes<br />
separadas. Nesse aspecto, a teoria dos sistemas vem romper com o paradigma mecanicista da ciência<br />
moderna que predominou até o final do século XX” ( José Claudio Rocha, Reinvenção Solidária e<br />
participativa da Universidade)<br />
Reconhecer a necessidade de <strong>uma</strong> profunda mudança de percepção e de pensamento para garantir a<br />
nossa sobrevivência. Para Capra (2003): “ nossos representantes no poder não só deixam de reconhecer<br />
como diferentes problemas estão interrelacionados, mas também se recusam a reconhecer como as suas<br />
soluções afetam as gerações futuras”<br />
Na sua origem, o termo complexo significa “aprender o que está tecido junto”, (MORIN, 2004). O<br />
conhecimento é visto como corpos hologramático: “[...] Cada ponto singular de um holograma contém a<br />
totalidade da informação do que representa, cada célula singular, cada indivíduo singular, contém de<br />
maneira “hologromática” o todo do qual faz parte e que ao mesmo tempo faz parte dele” (MORIN,<br />
2004, p. 38).<br />
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O novo paradigma (visão holística) concebe o mundo como um todo integrado, a<br />
interdependência entre todos os fenômenos, e o fato de que enquanto indivíduos e sociedade<br />
estamos todos incorporados nos processos cíclicos da natureza. Na teia da vida, as redes se<br />
organizam a partir do princípio da solidariedade social, compreendido como um processo de<br />
alteridade Onde um sujeito se nutre e se reconhece na ação do outro.<br />
Ponto de Mutação<br />
Ciência e Política em Ponto de Mutação<br />
(José Renato de Oliveira www.oolhodahistoria.ufba.br - Edição Nº 8)<br />
O encontro de três pessoas promove <strong>uma</strong> grande discussão em torno da vida, das condições físicas da<br />
Terra e da ecologia, das relações entre os homens de todo planeta e da mediação do conhecimento na<br />
sociedade. Uma física norueguesa, que desistiu de sua missão ao saber que esta poderia ser usada no<br />
projeto Guerra na Estrelas; um poeta que foge de Nova York, e da agitação da metrópole e do<br />
liberalismo selvagem ao entrar em crise e um político, candidato a presidência dos Estados Unidos,<br />
encontram-se no castelo de Mont Saint Michel, n<strong>uma</strong> pequena ilha do litoral francês. Apenas esses<br />
elementos compõem o filme Ponto de Mutação, baseado no livro The Turning Point, do físico austríaco<br />
Fritjof Capra. [...] O tema principal que trata a película: a necessidade de <strong>uma</strong> nova visão de mundo,<br />
diante de <strong>uma</strong> crise de percepção por qual passaria a h<strong>uma</strong>nidade. Para a cientista Sonia Hoffmann (Liv<br />
Ullmann), o pensamento de René Descartes, embora muito útil para a sociedade em que ele viveu, por<br />
se afastar do pensamento estritamente religioso medieval para explicar a natureza, muito atrapalha a<br />
sociedade atual. Descartes criou o pensamento mecanicista, tido como cartesiano, pelo seu nome em<br />
latim, cartesius. O pensamento cartesiano explicava a natureza como <strong>uma</strong> máquina que poderia ser<br />
desmontada para ser compreendida. Isaac Newton ainda teria contribuído no pensamento cartesiano<br />
quando formulou a três leis do movimento na física, que influenciou as artes, a política e toda a<br />
sociedade. Enxergar apenas as partes e não o todo, esse foi o erro que Descartes cometeu e que fez as<br />
nações tão interessadas apenas em suas próprias partes. O homem é <strong>uma</strong> ilha? Pergunta o poeta,<br />
Thomas Harrimann (John Heard). Claro que não! O homem precisa estar ligado em algo, precisa se<br />
relacionar em sociedade para sobreviver. A cientista norueguesa mostra através da física que apesar de<br />
todos nós não percebermos somos interligados por partículas subatômicas. Trocamos energia o tempo<br />
todo. Em termos de micro para o macro não há nada no universo em que não haja interligações ou<br />
interconexões. Porém vivemos atualmente <strong>uma</strong> crise de percepção de todas as coisas, pois normalmente<br />
a h<strong>uma</strong>nidade só pensa em seus problemas isolados e não conseguem perceber que tudo faz parte de um<br />
todo: o universo. Essas idéias são apenas suas? Pergunta o terceiro personagem, o político Jack Edwards<br />
(Sam Waterston), que apesar de ser bem sucedido acabara de perder as eleições para presidente dos<br />
EUA. Não, eu não sou louca. Responde a cientista completando alguns nomes de cientistas que também<br />
completam a teoria dos sistemas, como Prygogeno, Bateson e Maturama. A teoria dos sistemas tem a<br />
interdependência como um fato científico. Um sistema se mantém, se renova, se transcende sozinho. O<br />
sistema do universo é determinado por ele mesmo. A correlação de todos os elementos presentes no<br />
universo pode fazer com que ele se mantenha sozinho, sem intervenção alg<strong>uma</strong>. A essência da vida é a<br />
autoorganização., completa a cientista, concluindo o fato de que precisamos nos autoorganizar para<br />
saber utilizar todas as potencialidades do nosso sistema. Nossas casas estão cheias de peles mortas.<br />
repete o poeta a frase da cientista que soa como poesia. Ela, a frase, se refere a demonstração de que<br />
nosso próprio corpo se renova todos os dias e que boa parte da poeira que se varre n<strong>uma</strong> casa é<br />
composta por células epiteliais mortas. Isso tudo acontece sem que percebamos. Precisamos mudar<br />
nossa visão de mundo..A dinâmica evolutiva básica não é a adaptação, é a criatividade. Ao invés de<br />
acreditar num mundo onde todas as coisas são mecanicamente mutáveis, a cientista explica que há<br />
muito <strong>mais</strong> inteligência na natureza. Um campo de centeio que cresce n<strong>uma</strong> região em que chove todos<br />
os dias fica amarelo no verão, mas não deveriam. É como se lembrassem que surgiram no clima seco do<br />
sul da Ásia. Não evoluímos no planeta, mas com o planeta. Uma frase excelente para ser usada nos<br />
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discursos do político Jack diz muito <strong>mais</strong> do que se poderia imaginar. Os Estados Unidos são<br />
criticados por serem a nação <strong>mais</strong> rica do mundo, que utiliza 40% dos recursos mundiais com<br />
<strong>uma</strong> população que representa apenas 6% no mundo. Uma nação conhecida por ser a <strong>mais</strong><br />
feliz e pacífica é a maior consumista de drogas do mundo e tem <strong>uma</strong> das maiores taxas de<br />
suicídio também. Como explicar essas contradições? É a idéia de evolução, ela não ocorrerá<br />
isoladamente no planeta, mas com todos os povos que também é parte do próprio planeta. Por fim, o<br />
poema de Pablo Neruda representa <strong>uma</strong> metáfora sobre todo o dia em que os três personagens passaram<br />
juntos e sobre o que suas vidas representavam diante das idéias que se propuseram a pensar. O poema,<br />
algo também meio distante e às <strong>vez</strong>es incompreensível, também junta a teia de relações que é a<br />
h<strong>uma</strong>nidade. Diante das teorias frias e puras da cientista e das idéias práticas do político, a poesia<br />
recitada pelo poeta os faz calar e refletir sobre o que suas vidas têm feito nesse processo, sobre como<br />
eles têm contribuído com sua parte diante do todo. A razão do pensamento científico passa a fazer<br />
sentido no calor das palavras do poeta, ao aproximar-se da vida comum e rotineira das pessoas. Todo o<br />
discurso do filme é <strong>uma</strong> realidade ainda hoje. As pessoas estão acost<strong>uma</strong>das com a modernidade, com o<br />
neo-liberalismo, com o conforto e mergulhadas nos seus sentimentos nacionalistas. Recebem tudo<br />
pronto em suas mentes e mal podem pensar que todas as coisas criadas pelo homem podem e devem ser<br />
moldadas. Até a natureza parece agir baseada na lógica. Precisamos pensar com maior relatividade a<br />
mediação do conhecimento diante de todas as descobertas. que nos são impostas e modificam nosso<br />
modo de agir na sociedade, parte de <strong>uma</strong> nação, parte de um continente, interligado a um sistema maior,<br />
toda a h<strong>uma</strong>nidade.<br />
O que <strong>uma</strong> lagosta tece lá embaixo com seus pés dourados?<br />
Respondo que o oceano sabe.<br />
Por quem a medusa espera em sua veste transparente?<br />
Está esperando pelo tempo, como tu.<br />
Quem as algas apertam em teus braços? Perguntas <strong>mais</strong> firme que <strong>uma</strong> hora e um mar certos?<br />
Eu sei perguntas sobre a presa branca do narval e eu respondo contando como o unicórnio do mar, arpado, morre.<br />
Perguntas sobre as pl<strong>uma</strong>s do rei-pescador que vibram nas puras primaveras dos mares do sul.<br />
Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de jóias, é<br />
infinita como a areia incontável, pura; e o tempo, entre uvas cor de sangue tornou<br />
a pedra lisa encheu a água-viva de luz, desfez o seu nó, soltou seus fios musicais<br />
de <strong>uma</strong> cornicópia feita de infinita madrepérola.<br />
Sou só <strong>uma</strong> rede vazia diante dos olhos h<strong>uma</strong>nos na escuridão e de dedos<br />
habituados à longitude do tímido globo de <strong>uma</strong> laranja. Caminho como tu,<br />
investigando as estrelas sem fim e em minha rede, durante a noite, acordo nu. A<br />
única coisa capturada é um peixe dentro do vento.<br />
Tô (Tom Zé)<br />
“Eu tô te explicando pra te confundir,<br />
Eu tô te confundindo pra te esclarecer,<br />
Tô iluminado pra poder cegar,<br />
Tô ficando cego pra poder guiar.”<br />
Metarmofose Ambulante (Raul Seixas)<br />
“Prefiro ser<br />
Essa metamorfose ambulante<br />
Eu prefiro ser<br />
Essa metamorfose ambulante<br />
Do que ter aquela velha opinião<br />
Formada sobre tudo<br />
Do que ter aquela velha opinião<br />
Formada sobre tudo<br />
Eu quero dizer<br />
Agora, o oposto do que eu disse antes<br />
Eu prefiro ser<br />
Essa metamorfose ambulante”<br />
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(Pablo Neruda)
Conceito de Rizoma<br />
As propostas topológicas, descrições das condições discursivas, que Guattari e Deleuze<br />
propõem a partir dos conceptos de raiz, radícula e rizoma apresentam possibilidades<br />
interessantes ao embasamento epistemológico para análise de sistemas.<br />
A topologia da raiz alude a <strong>uma</strong> condição de totalitarismo, despotismo, que se exerce a partir da<br />
biunivocidade. "Isto quer dizer que este pensamento nunca compreendeu a multiplicidade: ele necessita<br />
de <strong>uma</strong> forte unidade principal, unidade que é suposta para chegar a duas, segundo um método<br />
espiritual." (DELEUZE e GUATTARI, 1980, p.13) É <strong>uma</strong> condição que estabelece a continuidade de<br />
um eixo-tronco ao que ramifica-se dicotomicamente a partir dele e, ao partir dele, a ele retorna em sua<br />
continuidade. É <strong>uma</strong> condição de rigidez teórica e circularidade argumentativa, em que tudo no fim das<br />
contas "é porque é" através do retorno ao poder do eixo principal que é exercido sobre suas<br />
ramificações. A dicotomia é o exercício do poder totalitário que divide o mundo em ramos binários: os<br />
loucos e os nor<strong>mais</strong>, os dominadores e os dominados, o bem e o mal, o certo e o errado, o zero e o um.<br />
O pensamento cristão, por exemplo, estrutura-se topologicamente de maneira binária, como <strong>uma</strong> raiz.<br />
De maneira próxima à raiz estaria a topologia da radícula, imagem da qual a modernidade se vale de<br />
bom grado. Um sistema fasciculado que visa aproximar-se da condição das multiplicidades, mas que<br />
não alcança nada além de um simulacro das mesmas. Quando se reduz <strong>uma</strong> multiplicidade a <strong>uma</strong><br />
estrutura rígida, compensa-se seu movimento ao reduzir as suas leis de funcionamento.<br />
Vale dizer que o sistema fasciculado não rompe verdadeiramente com o dualismo, com a<br />
complementaridade de um sujeito e de um objeto, de <strong>uma</strong> realidade natural e de <strong>uma</strong> realidade<br />
espiritual: a unidade não pára de ser contrariada e impedida no objeto, enquanto que um novo tipo de<br />
unidade triunfa no sujeito. O mundo perdeu seu pivô, o sujeito não pode nem mesmo fazer dicotomia,<br />
mas acende a <strong>uma</strong> <strong>mais</strong> alta unidade, de ambivalência ou de sobredeterminação, n<strong>uma</strong> dimensão sempre<br />
suplementar àquela de seu objeto." (DELEUZE e GUATTARI, 2004, p.14)<br />
A condição de sujeito-objeto seria, de fato, um enclausuramento na lógica dual à medida que estão são<br />
duas dimensões suplementares. Reconhece-se aí o caos no mundo, mas o que se produz é <strong>uma</strong> imagem<br />
desse mundo à parte de qualquer movimento, qualquer devir. Produz-se agora o caosmo-radícula ao<br />
invés do cosmo-raiz. Trata-se de <strong>uma</strong> função que repete-se na variável, ela por ela mesma em todas as<br />
ocasiões excluindo tudo que esteja à sua margem, a unidade se repete no múltiplo, trata-se de n=1.<br />
Os autores apresentam como seu próprio modelo <strong>uma</strong> anunciação da pós-modernidade, o concepto de<br />
rizoma, que dispõe-se a reconhecer as multiplicidades, os movimentos, os devires. A unidade estaria no<br />
múltiplo unicamente como <strong>uma</strong> subtração deste, como n-1. Ainda que possa arborificar-se em<br />
determinados momentos, o rizoma de forma alg<strong>uma</strong> é <strong>uma</strong> arborificação. O rizoma, distintamente das<br />
árvores e suas raízes, conecta-se de um ponto qualquer a um outro ponto qualquer, pondo em jogo<br />
regimes de signos muito diferentes, inclusive estados de não-signos. Não deriva-se de forma alg<strong>uma</strong> do<br />
Uno, nem ao Uno acrescenta-se de forma alg<strong>uma</strong> (n+1). Não constitui-se de unidades, e sim de<br />
dimensões. O rizoma é feito de linhas: tanto linhas de continuidade quanto linhas-de-fuga como<br />
dimensão máxima, segundo a qual, em seguindo-a, a multiplicidade metamorfoseia-se, mudando de<br />
natureza. O rizoma é o que já foi.<br />
"Não se deve confundir tais linhas ou lineamentos com linhagens de tipo arborescente, que são somente<br />
ligações localizáveis entre pontos e posições. (...) O rizoma se refere a um mapa que deve ser produzido,<br />
construído, sempre desmontável, conectável, reversível, modificável, com múltiplas entradas e saídas,<br />
com suas linhas de fuga. São os decalques que é preciso referir aos mapas e não o inverso."<br />
(DELEUZE e GUATTARI, 2004, p.32-33)- http://pt.wikipedia.org/wiki/Rizoma_(filosofia)<br />
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O que significa isso (Arnaldo Antunes)<br />
perguntou pro professor<br />
perguntou para o carteiro<br />
perguntou para o doutor<br />
perguntou pro mundo inteiro<br />
perguntou para a vizinha<br />
perguntou para o porteiro<br />
e quando ficou sozinha<br />
perguntou para o espelho<br />
o que signifinca isso?<br />
o que swingnifica isso?<br />
o que signifixa isso?<br />
o que swingnifica isso?<br />
o presidente preside<br />
o operário opera<br />
o médico medica<br />
o advogado advoga<br />
o cobrador cobra<br />
o procurador procura<br />
o motorista motora<br />
o costureiro costura<br />
o que signifinca isso?<br />
o que swingnifica isso?<br />
o que signifixa isso?<br />
o que swingnifica isso?<br />
Imagem (Arnaldo Antunes)<br />
“Palavra lê<br />
Paisagem contempla<br />
Cinema assiste<br />
Cena vê<br />
Cor enxerga<br />
Corpo observa<br />
Luz vislumbra<br />
Vulto avista<br />
Alvo mira<br />
Céu admira<br />
Célula examina<br />
Detalhe nota<br />
Imagem fita<br />
Olho olha”<br />
comentou com a sua mãe<br />
que comentou com a mãe<br />
da outra que contou para<br />
o seu pai que não sabia<br />
e perguntou pra sua tia<br />
o que signifinca isso?<br />
o que swingnifica isso?<br />
o que signifixa isso?<br />
o que swingnifica isso?<br />
o guarda guarda<br />
o jardineiro jardina<br />
o eletricista eletriza<br />
o faxineiro faxina<br />
o engenheiro engenha<br />
o músico musica<br />
o cozinheiro cozinha<br />
o economista economiza<br />
e o que signifinca isso?<br />
o que swingnifica isso?<br />
o que signifixa isso?<br />
o que swingnifica isso?<br />
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CEA DO 2º AO C – “DIGA ÃO A REPETIÇÃO, COHECIMETO É (RE)CRIAÇÃO”<br />
<strong>“A</strong> arte, enquanto recusa da reprodução mimética do mundo,<br />
é - e sempre tem sido – utópica” (Peter Kuon)<br />
A tarefa da turma C é dar corpo ao<br />
conhecimento, enquanto <strong>uma</strong> ação de criar. E<br />
criar é basicamente formar (Ostrower). Nessa<br />
ação, transformamos, configuramos o mundo e<br />
a nós mesmos.<br />
O novo paradigma pressupõe que a relação do<br />
organismo com o mundo se dá segundo um ato<br />
de interpelação e interpretação. Conhecer é<br />
configurar o mundo, é ensejá-lo ativamente.<br />
Assim, no lugar de conceber a atividade<br />
cognitiva como a apreensão de <strong>uma</strong> realidade<br />
pré-estabelecida [,,,] "Todo ato de conhecer traz<br />
um mundo às mãos" — "Todo fazer é conhecer,<br />
todo conhecer é fazer" (Maturana & Varela, 1990). Daí o ato de conhecer a realidade é já um ato de<br />
afirmação de si, de auto-criação. As mãos desenham a si próprias, assim como conheço o mundo que<br />
constituo, constituindo-me. A inspiração do artista serve agora de paradigma da realidade, pois ela se<br />
duplica em inspiração da ciência. Não se pode <strong>mais</strong> evitar a analogia com o trabalho do artista, pois só<br />
se conhece assim: em ato de criação — ato radical, porque nada preexiste a ele. (A UTOPIA DA<br />
POIESIS UNIVERSITÁRIA Antônio Botelho Andrade, Edson Pereira da Silva, Waldimir Pirró e<br />
Longo e Eduardo Passos.<br />
Em 1929, Carlos Marighella, então com 17 anos, desenvolveu em versos <strong>uma</strong> questão de Física<br />
proposta em <strong>uma</strong> prova do Ginásio da Bahia.<br />
“Doutor, a sério falo, me permita em versos rabiscar a prova escrita.<br />
Espelho é a superfície que produz, quando polida, a reflexão da luz.<br />
Há nos espelhos dois casos a considerar, quando a imagem se formar:<br />
Caso primeiro: um ponto é que se tem; ao segundo, um objeto é que convém.<br />
Seja a figura abaixo que se vê. O espelho seja a linha Beta-Cê.”<br />
“O ponto F um ponto dado seja.<br />
Como raio incidente, R se veja.<br />
O raio refletido vem depois<br />
E o raio luminoso ao ponto 2.<br />
Foi traçada em seguida <strong>uma</strong> normal,<br />
O ângulo 1 de incidência a r igual.<br />
o prolongamento, um luminoso raio<br />
Que o refletido encontra de soslaio.<br />
Dois triângulos então o espelho faz,<br />
Retângulos os dois, ambos iguais.<br />
Iguais porque um cateto têm comum,<br />
Dois ângulos iguais formando um”.<br />
A prova ficou exposta na escola até 1965, quando na sua tomada pelos militares.<br />
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“...nos ensinaram a isolar os objetos (de seu meio ambiente), a separar as disciplinas (em <strong>vez</strong><br />
de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em <strong>vez</strong> de reunir e integrar. Assim,<br />
obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é, a separar o que está ligado; a decompor,<br />
e não a recompor; e a eliminar tudo que causa desordens ou contradições em nosso<br />
entendimento... O pensamento que recorta, isola, permite que especialistas e experts tenham<br />
ótimo desempenho em seus compartimentos, e cooperem eficazmente nos setores não complexos de<br />
conhecimento, notadamente os que concernem ao funcionamento das máquinas artificiais; mas a lógica<br />
a que eles obedecem estende à sociedade e às relações h<strong>uma</strong>nas os constrangimentos e os mecanismos<br />
in<strong>uma</strong>nos da máquina artificial e sua visão determinista, mecanicista, quantitativa, formalista; e ignora,<br />
oculta ou dilui tudo que é subjetivo, afetivo, livre, criador.” (2003, p. 15)<br />
A irreverência não o deixava de ser considerado brilhante, inusitado e sendo assim, pelo<br />
sentimentalismo harmonizava o sentir, o pensar ,o falar e o agir diferenciando o conhecimento e<br />
extrapolando o academicismo. Além de revolucionar e revolucionar-se em sua busca de <strong>uma</strong> sociedade<br />
<strong>mais</strong> igualitária. Uma rebeldia brilhante, sensível e transformadora. Recusa-se a informação pura em si<br />
mesma, mas garante a ampliação dela para o conhecimento.<br />
O país de <strong>uma</strong> nota só (C. Marighella)<br />
Não pretendo nada,<br />
nem flores, louvores, triunfos.<br />
nada de nada.<br />
Somente um protesto,<br />
<strong>uma</strong> brecha no muro,<br />
e fazer ecoar,<br />
com voz surda que seja,<br />
e sem outro valor,<br />
o que se esconde no peito,<br />
no fundo da alma<br />
de milhões de sufocados.<br />
Algo por onde possa filtrar o pensamento,<br />
a idéia que puseram no cárcere.<br />
A passagem subiu,<br />
o leite acabou,<br />
a criança morreu,<br />
a carne sumiu,<br />
o IPM prendeu,<br />
o DOPS torturou,<br />
o deputado cedeu,<br />
a linha dura vetou,<br />
a censura proibiu,<br />
o governo entregou,<br />
o desemprego cresceu<br />
a carestia aumentou,<br />
o Nordeste encolheu,<br />
o país resvalou.<br />
Tudo dó,<br />
tudo dó,<br />
tudo dó...<br />
E em todo o país<br />
repercute o tom<br />
de <strong>uma</strong> nota só...<br />
de <strong>uma</strong> nota só...<br />
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