“A Arte, mais uma vez, invadirá o Oficina. Suas ... - Colégio Oficina
“A Arte, mais uma vez, invadirá o Oficina. Suas ... - Colégio Oficina
“A Arte, mais uma vez, invadirá o Oficina. Suas ... - Colégio Oficina
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A prática da alteridade conduz da diferença à soma nas relações interpessoais entre os seres<br />
h<strong>uma</strong>nos revestidos de cidadania. Pela relação alteritária é possível exercer a cidadania e<br />
estabelecer <strong>uma</strong> relação pacífica e construtiva com os diferentes, na medida em que se<br />
identifique, entenda e aprenda a aprender com o contrário.<br />
“Olhe para os dedos de sua mão. Eles são diferentes. Ainda bem. Exatamente por serem diferentes eles<br />
são harmoniosos quando vistos em conjunto. Já imaginou se eles fossem todos iguais?<br />
Certamente teríamos dificuldade de fazer o que fazemos de maneira tão natural. A h<strong>uma</strong>nidade, pode-se<br />
dizer, é semelhante a <strong>uma</strong> mão. Somos diferentes n<strong>uma</strong> família. Somos diferentes n<strong>uma</strong> região. Somos<br />
diferentes n<strong>uma</strong> nação. A diferença é inerente, portanto, à natureza h<strong>uma</strong>na. Que bom que assim seja.”<br />
2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />
(Carlos Pereira)<br />
O homem tem demonstrado, ao longo de sua história, ser incapaz de reconhecer e conviver<br />
pacificamente com o diversificado, com o pluralizado. Em função da inalteridade e da anticidadania, o<br />
homemóide tem ampliado a violência generalizada, as guerras, os movimentos de intolerância, as<br />
antipatias mecânicas gratuitas, os atos de separatismos, o nefasto racismo, a exclusão, o ódio, a<br />
intolerância, a discórdia, o desequilíbrio ecológico e o seu próprio desequilíbrio.<br />
No Terceiro Milênio, as práticas da cidadania e da alteridade são fundamentais diante da globalização<br />
das experiências, do ambiente plural diversificado pela globalização das relações e facilidade nas<br />
comunicações. Imprescindível até pelo clima conflituoso que cresce entre os povos.<br />
Alteridade seria, portanto, a capacidade de conviver com o diferente, de se proporcionar um olhar<br />
interior a partir das diferenças. Significa que eu reconheço o outro em mim mesmo, também como<br />
sujeito aos mesmos direitos que eu, de iguais direitos para todos, o que também gera deveres e<br />
responsabilidades, ingredientes da cidadania plena. Desta constatação das diferenças é que gera a<br />
alteridade, alavanca da solidariedade, da responsabilidade, eixo da cidadania.<br />
Nas nossas sociedades contemporâneas, onde impera a inalteridade, a racionalidade, sob as formas de<br />
ciência e tecnologia, no paradigma antropocêntrico, passou a ser instrumento de violência estrutural, no<br />
modelo social hegemônico neoliberal, onde se expressa como meio <strong>mais</strong> eficiente de dominação social,<br />
de controle ideológico, de exploração, de exclusão das maiorias economicamente desfavorecidas.<br />
O sistema antropocêntrico, por intermédio da violência estrutural, vai produz vítimas de modo massivo.<br />
As vítimas da racionalidade do sistema vão ficando num beco sem saída. O sofrimento das maiorias<br />
excluídas ecoa pelas ruas das favelas, dos vilarejos. Mas a alteridade faz-nos adotarmos a perspectiva do<br />
olhar das vítimas, para através da cidadania profunda engendrarmos ações que nos levam a lutar para<br />
mudanças neste estado de coisa.<br />
Os mecanismos do sistema neocapitalista antropocêntrico engendra o sofrimento as grandes maiorias de<br />
excluídos. Para este sistema anticidadão inalteritário, o outro (alter) é totalmente destituído de vida, é<br />
coisificado, reduzido a um número, a <strong>uma</strong> estatística, a um elemento do consumo. Então, para este<br />
sistema perverso, o outro não tem configuração h<strong>uma</strong>na, <strong>uma</strong> <strong>vez</strong> que ele é objetivado para fins de<br />
lucratividade, produtividade, uso, etc.<br />
A cidadania, a ética e a alteridade se constituem na base de sustentação do homem íntegro, cuja<br />
preocupação com o seu semelhante se constitui no autêntico imperativo ético, no dever ser absoluto, que<br />
emerge do clamor irredutível das vítimas indefesas da violência estrutural para serem reconhecidas na<br />
sua dignidade h<strong>uma</strong>na.<br />
(Adaptação de Maurício da Silva)