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“A Arte, mais uma vez, invadirá o Oficina. Suas ... - Colégio Oficina

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PARTE 01: COCEPÇÃO DO PROJETO<br />

<strong>“A</strong> <strong>Arte</strong>, <strong>mais</strong> <strong>uma</strong> <strong>vez</strong>, <strong>invadirá</strong> o <strong>Oficina</strong>. <strong>Suas</strong> palavras, movimentos,<br />

sons, imagens afugentarão os maus espíritos. O silêncio será ferido por<br />

múltiplas vozes. Das salas de aulas, os atentos ouvirão seus passos. E, com<br />

seu jeito encantador, ela nos convidará a criar. O desafio, outra <strong>vez</strong>, está<br />

lançado.<br />

E, <strong>mais</strong> <strong>uma</strong> <strong>vez</strong>, os alunos do <strong>Oficina</strong> têm vaga garantida e iluminada na<br />

arena mágica do OFICIA I COCERT.”<br />

1 – O espetáculo será concebido como <strong>uma</strong> ação teatral única. As ligações de cena serão conduzidas<br />

pelas diferentes turmas, com o apoio da Direção Artística;<br />

2 – As cenas de cada turma deverão ser construídas a partir dos subtemas do CONESCO (anexo 01);<br />

3 – A Direção do espetáculo será colegiada, sob a direção geral de Magali Mendes e dividida da seguinte<br />

maneira:<br />

• Direção Artística: Alexandre Molina<br />

• Direção Musical: Pedro Ivo Araujo<br />

• Direção de Iluminação: Lucas Silva<br />

• Recursos Multimídia: profissional a ser definido<br />

• Adereços Cênicos: Solange Moura e Ludmilla Britto<br />

• Produção de Roteiros: Departamento de Língua Portuguesa, sob a coordenação de Cláudia Cely<br />

• Coordenação de Eventos: Maria Fernanda Torres<br />

4 – O valor da nota do OFICINA IN CONCERT será atribuído às atividades pedagógicas de 3ª unidade. Os<br />

pontos serão distribuídos da seguinte maneira:<br />

• 5,0 pontos na composição da nota de Língua Portuguesa (da 5ª ao 2º ano) e de Literatura<br />

Brasileira (do 1º e do 2º ano), correspondente ao compromisso, à pesquisa e à produção do roteiro<br />

de cena.<br />

• Pontuação da apresentação: acréscimo na média, conforme resultado da classificação do júri<br />

oficial, de 1,0 (1º lugar), de 0,75 (2º lugar), 0,5 (3º lugar), 0,25 (4º lugar), somado à classificação<br />

do júri popular (1 ponto para a melhor turma).<br />

Observação: Os roteiros serão construídos a partir de agosto, nas aulas de redação, e obedecerão as<br />

seguintes etapas:<br />

1ª etapa: discussão, em sala de aula, do subtema da turma no CONESCO;<br />

2ª etapa: produção individual do texto-síntese do CONESCO;<br />

3ª etapa: conhecimento teórico dos elementos estruturais de um roteiro cênico, com enfoque na<br />

linguagem predominante da cena específica de cada turma, sem perder de vista a utilização de<br />

outros recursos de linguagem;<br />

4ª etapa: apresentação da proposta geral de roteiro + texto do CONESCO = produção, em grupo, da<br />

proposta de roteiro da turma;<br />

5ª etapa: a elaboração do roteiro de turma (a partir dos roteiros de grupo).<br />

OBS.: o professor, em sala de aula, poderá propor alterações, a partir das necessidades de cada<br />

turma.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


5 – A equipe de produção de cada turma deverá ser constituída, além dos representantes de sala,<br />

das seguintes funções:<br />

a) iluminação: concepção, roteiro e acompanhamento<br />

b) adereços cênicos: concepção, croqui, confecção e acompanhamento (o cenário deverá<br />

ser discutido antecipadamente com a Coordenação Geral)<br />

c) figurinos: criação, confecção, entrega, serviço de camareiro, maquiagem (os desenhos deverão ser<br />

discutidos com os professores de <strong>Arte</strong>s<br />

d) recursos multimídia: criação, confecção e acompanhamento<br />

e) imprensa<br />

f) captação de recursos que trabalhará junto aos gestores financeiros da turma (professores de<br />

matemática)<br />

g) sonoplastia: criação, confecção e acompanhamento<br />

OBS.: A iluminação, a cenografia, os figurinos, a sonoplastia e os recursos multimídia serão parte<br />

integrante do espetáculo.<br />

6 – Sobre a contratação do coreógrafo: cada coreógrafo deverá ser contatado pela turma, a partir de<br />

consulta prévia à Direção Artística, e se responsabilizará em conseguir cópia dos documentos pessoais<br />

(RG, CPF e comprovante de residência) para confecção do Contrato de Prestação de Serviços. O valor a<br />

ser pago a este profissional seguirá a tabela de referência proposta pela administração financeira do<br />

<strong>Colégio</strong> <strong>Oficina</strong>. Nenhum acerto de valores deve ser feito antes da consulta ao setor responsável.<br />

6.1. São direitos do coreógrafo:<br />

I. ser pago da seguinte maneira:<br />

• 50% no início dos trabalhos<br />

• 50% até 48 horas após a apresentação do espetáculo<br />

II. ser tratado com respeito e profissionalismo pela turma<br />

7 – O júri oficial do OFICINA IN CONCERT será constituído por professores do <strong>Colégio</strong> <strong>Oficina</strong>,<br />

representantes do <strong>Oficina</strong> in Concert do 3º ano, e ex-alunos do <strong>Oficina</strong>;<br />

8 – O júri popular será constituído pelos alunos do ensino fundamental para a escolha da melhor cena do<br />

ensino médio e vice-versa;<br />

9 – O resultado do OFICINA IN CONCERT será divulgado até <strong>uma</strong> semana após o espetáculo, no último<br />

horário da manhã, para que haja tempo para contagem de votos do júri popular e para elaboração do<br />

relatório do júri oficial;<br />

10 – A Imprensa será responsável pelo registro do making-off das cenas e do espetáculo;<br />

11 – A confecção do cartaz, do programa, das informações do telão e a vendagem de ingressos ficará a<br />

cargo da equipe de Eventos do <strong>Colégio</strong> <strong>Oficina</strong>.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


PARTE 02: CROOGRAMA DE ATIVIDADES<br />

AGOSTO<br />

13/08 Reunião dos líderes do OFICINA IN CONCERT (início das atividades)<br />

18/08 Reunião com os professores para discussão do Roteiro Geral<br />

22/08 1ª Reunião com os coreógrafos<br />

31/08 Último dia para a entrega do roteiro de cena da turma<br />

SETEMBRO<br />

08/09 Início dos ensaios<br />

18/09 Último dia para a entrega do desenho de figurinos, da trilha sonora e dos<br />

recursos multimídia<br />

19/09 2ª Reunião com os coreógrafos<br />

OUTUBRO<br />

05/10 Reserva de ingresso (apenas dois para cada aluno)<br />

Marcação de palco<br />

06/10 Venda de ingresso<br />

Montagem técnica<br />

07/10 Espetáculo<br />

OBS.: As reuniões com os líderes do OFICIA I COCERT acontecerão semanalmente às quintasfeiras<br />

nos horários do intervalo. Em caso de alteração de dia e/ou de horário, os líderes serão<br />

avisados com antecedência.<br />

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ESIO FUDAMETAL<br />

ALGUM DIA O PARAÍSO<br />

CEA DA 5ª SÉRIE A – <strong>“A</strong>CREDITAMOS QUE TUDO É POSSÍVEL”<br />

<strong>“A</strong> cidade ideal dum cachorro<br />

Tem um poste por metro quadrado<br />

ão tem carro, não corro, não morro<br />

E também nunca fico apertado<br />

A cidade ideal da galinha<br />

Te as ruas cheias de minhoca<br />

A barriga fica tão quentinha<br />

Que transforma o milho em pipoca<br />

Atenção porque nesta cidade<br />

Corre-se a toda velocidade<br />

E atenção que o negócio está preto<br />

Restaurante assando galeto<br />

Mas não, mas não<br />

O sonho é meu e eu sonho que<br />

Deve ter alamedas verdes<br />

A cidade dos meus amores<br />

E, quem dera, os moradores<br />

E o prefeito e os varredores<br />

Fossem somente crianças<br />

Deve ter alamedas verdes<br />

A cidade dos meus amores<br />

E, quem dera, os moradores<br />

E o prefeito e os varredores<br />

E os pintores e os vendedores<br />

Fossem somente crianças<br />

UTOPIA<br />

OFICIA I COCERT 2009<br />

ROTEIRO GERAL<br />

A tarefa da 5ª A é apresentar a “cidade ideal”, construída a partir dos sonhos<br />

individuais e coletivos. Pensar a Utopia como “não-lugar” (ou um lugar impossível?),<br />

local imaginário e fantástico. Idealizar, não apenas um lugar, mas <strong>uma</strong> vida, um<br />

futuro, ou qualquer outro tipo de coisa, n<strong>uma</strong> visão fantasiosa e questionadora do<br />

“mundo real”. Apresentar <strong>uma</strong> cidade do jeito que a turma gostaria que ela fosse,<br />

assim como fizeram os personagens dos “Saltimbancos”.<br />

A cidade Ideal / Saltimbancos (Chico Buarque de Holanda)<br />

A cidade ideal de <strong>uma</strong> gata<br />

É um prato de tripa fresquinha<br />

Tem sardinha num bonde de lata<br />

Tem alcatra no final da linha<br />

Jumento é velho, velho e sabido<br />

E por isso já está prevenido<br />

A cidade é <strong>uma</strong> estranha senhora<br />

Que hoje sorri e amanhã te devora<br />

Atenção que o jumento é sabido<br />

É melhor ficar bem prevenido<br />

E olha, gata, que a tua pelica<br />

Vai virar <strong>uma</strong> bela cuíca<br />

Mas não, mas não<br />

O sonho é meu e eu sonho que<br />

Deve ter a mil intantes<br />

A cidade dos meus amores<br />

E, quem dera, os moradores<br />

E o prefeito e os varredores<br />

Fossem somente crianças<br />

Deve ter a mil intantes<br />

A cidade dos meus amores<br />

E, quem dera, os moradores<br />

E o prefeito e os varredores<br />

E os pintores e os vendedores<br />

As senhoras e os senhores<br />

E os guardas e os inspetores<br />

Fossem somente crianças”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


Thomas More, filósofo inglês do século XVI, criou “Utopia”,<br />

edificando <strong>uma</strong> sociedade imaginária, ideal, sem propriedade privada,<br />

com absoluta comunidade de bens e do solo, sem antagonismos entre<br />

a cidade e o campo, sem trabalho assalariado, sem gastos supérfluos e<br />

luxos excessivos.<br />

Embora o caráter essencialmente imaginário e quimérico da “Utopia”, a obra<br />

de More ficou na história, e o seu nome para sempre incorporado ao<br />

vocabulário universal como o significado do todo sonho generoso de renovação<br />

social.<br />

Elemento de passagem de cena:<br />

“Quero a utopia, quero tudo e <strong>mais</strong><br />

Quero a felicidade nos olhos de um pai<br />

Quero a alegria muita gente feliz<br />

Quero que a justiça reine em meu país<br />

Quero a liberdade, quero o vinho e o pão<br />

Quero ser amizade, quero amor, prazer<br />

Quero nossa cidade sempre ensolarada<br />

Os meninos e o povo no poder, eu quero ver”<br />

Coração Civil (Milton Nascimento e Fernando Brant)<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

Mapa de Utopia<br />

Nesse momento, percebe-se que a “cidade real” é bem diferente daquela idealizada por todos nós,<br />

apesar de poderem existir pontos em comum. A 5ª B entra em cena desejando “<strong>uma</strong> cidade sempre<br />

ensolarada”, mas percebe que “alg<strong>uma</strong> coisa está fora da ordem”. O que será?<br />

CEA DA 5ª SÉRIE B – <strong>“A</strong>LGUMA COISA ESTA FORA DA ORDEM”<br />

A tarefa da 5ª B é descobrir a “cidade real”, com suas belezas e<br />

contradições: Não apenas apontar suas mazelas, como a<br />

desigualdade social, a fome e outros problemas, mas também<br />

apresentar seus pontos positivos, as “Harmonias bonitas” cantadas<br />

por Caetano Veloso, sem esquecer da cidade que se apresenta<br />

como “centro das ambições / Para mendigos ou ricos e outras<br />

armações / Coletivos, automóveis, motos e metrôs / Trabalhadores,<br />

patrões, policiais, camelôs” (Chico Science).<br />

Cota Zero (Carlos Drummond de Andrade)<br />

“STOP.<br />

A vida parou<br />

ou foi o automóvel?”<br />

A turma deve mostrar O QUÊ está fora da ordem. Questionar o conceito de Utopia, mostrar que a<br />

Utopia de um, pode não ser a mesma do outro. Como a “cidade real” se apresenta em nosso cotidiano?<br />

Quais desafios ela nos coloca? Como pensamos essa realidade? Quais caminhos se abrem a partir daí?


Fora da Ordem (Caetano Veloso)<br />

“Vapor barato<br />

Um mero serviçal<br />

Do narcotráfico<br />

Foi encontrado na ruína<br />

De <strong>uma</strong> escola em construção<br />

Aqui tudo parece<br />

Que era ainda construção<br />

E já é ruína<br />

Tudo é menino, menina<br />

o olho da rua<br />

O asfalto, a ponte, o viaduto<br />

Ganindo prá lua<br />

ada continua<br />

E o cano da pistola<br />

Que as crianças mordem<br />

Reflete todas as cores<br />

Da paisagem da cidade<br />

Que é muito <strong>mais</strong> bonita<br />

E muito <strong>mais</strong> intensa<br />

Do que no cartão postal<br />

Alg<strong>uma</strong> coisa<br />

Está fora da ordem<br />

Fora da nova ordem<br />

Mundial<br />

A Cidade (Chico Science)<br />

“O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas<br />

Que cresceram com a força de pedreiros suicidas<br />

Cavaleiros circulam vigiando as pessoas<br />

ão importa se são ruins, nem importa se são boas<br />

E a cidade se apresenta centro das ambições<br />

Para mendigos ou ricos e outras armações<br />

Coletivos, automóveis, motos e metrôs<br />

Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs<br />

A cidade não pára, a cidade só cresce<br />

O de cima sobe e o de baixo desce<br />

A cidade se encontra prostituída<br />

Por aqueles que a usaram em busca de saída<br />

Ilusora de pessoas de outros lugares<br />

A cidade e sua fama vai além dos mares<br />

Escuras coxas duras<br />

Tuas duas de acrobata mulata<br />

Tua batata da perna moderna<br />

A trupe intrépida em que fluis<br />

Te encontro em Sampa<br />

De onde mal se vê<br />

Quem sobe ou desce a rampa<br />

Alg<strong>uma</strong> coisa em nossa transa<br />

É quase luz forte de<strong>mais</strong><br />

Parece pôr tudo à prova<br />

Parece fogo, parece<br />

Parece paz, parece paz<br />

Pletora de alegria<br />

Um show de Jorge Benjor<br />

Dentro de nós<br />

É muito, é grande<br />

É total<br />

Alg<strong>uma</strong> coisa<br />

Está fora da ordem<br />

Fora da nova ordem<br />

Mundial<br />

Foto de <strong>uma</strong> favela, vencedora do Festival de Cannes.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

Meu canto esconde-se<br />

Como um bando de Ianomâmis<br />

a floresta<br />

a minha testa caem<br />

Vem colocar-se pl<strong>uma</strong>s<br />

De um velho cocar<br />

Estou de pé em cima<br />

Do monte de imundo<br />

Lixo baiano<br />

Cuspo chicletes do ódio<br />

o esgoto exposto do Leblon<br />

Mas retribuo a piscadela<br />

Do garoto de frete<br />

Do Trianon<br />

Eu sei o que é bom<br />

Eu não espero pelo dia<br />

Em que todos<br />

Os homens concordem<br />

Apenas sei de diversas<br />

Harmonias bonitas<br />

Possíveis sem juízo final<br />

Alg<strong>uma</strong> coisa<br />

Está fora da ordem<br />

Fora da nova ordem<br />

Mundial”<br />

o meio da esperteza internacional<br />

A cidade até que não está tão mal<br />

E a situação sempre <strong>mais</strong> ou menos<br />

Sempre uns com <strong>mais</strong> e outros com menos<br />

A cidade não pára, a cidade só cresce<br />

O de cima sobe e o de baixo desce<br />

Eu vou fazer <strong>uma</strong> embolada, um samba, um maracatu<br />

Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu<br />

Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu<br />

um dia de sol Recife acordou<br />

Com a mesma fedentina do dia anterior<br />

A cidade não pára, a cidade só cresce<br />

O de cima sobe e o de baixo desce”


Elemento de passagem de cena:<br />

(Bansky, 2009)<br />

“Uma flor nasceu na rua!<br />

Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.<br />

Uma flor ainda desbotada<br />

ilude a polícia, rompe o asfalto.<br />

Façam completo silêncio, paralisem os negócios,<br />

garanto que <strong>uma</strong> flor nasceu.”<br />

(Bansky, 2007)<br />

(Trecho do poema A Flor e a Náusea, de Carlos Drummond de Andrade)<br />

A 5ª B apresentou as contradições da “cidade real”, e abre caminho para a 5ª<br />

C re-significar essa realidade de <strong>uma</strong> forma lúdica, através da arte.<br />

Drummond aponta o “nascimento de <strong>uma</strong> flor” dentro do caos das grandes<br />

cidades; é o ordinário transformado em algo extraordinário pela visão do<br />

artista.<br />

CEA DA 5ª SÉRIE C – “O MELHOR LUGAR É AQUI E AGORA”<br />

A turma deve propor um novo olhar para o meio urbano,<br />

mostrando como experiências práticas e artísticas podem<br />

transformar o meio. Como a <strong>Arte</strong> Urbana pode ampliar o<br />

universo e a visão dos cidadãos em relação à sua cidade?<br />

Repensar e reconstruir a “cidade real” (re-significando a<br />

“cidade utópica”), levantando questionamentos sociais,<br />

estéticos e políticos através da <strong>Arte</strong>, Intervenções Urbanas e<br />

Ambientais. Salientar as possíveis ligações entre <strong>Arte</strong> e Vida.<br />

<strong>“A</strong> <strong>Arte</strong> não reproduz o visível, ela torna visível” (Paul Klee)<br />

Balões Vermelhos<br />

GIA - Grupo de Interferência Ambiental<br />

A <strong>Arte</strong> Urbana vem traçando novos caminhos para as reflexões sobre a cidade, utilizando linguagens<br />

visuais inusitadas e festivas.<br />

“De certa forma, tais manifestações nem sempre são vistas como arte, mas desempenham em suas<br />

funções <strong>uma</strong> tarefa similar ao apropriar-se de configurações estéticas, potencialmente criativas, sobre<br />

o social, o simbólico e o político.”<br />

(André Mesquita, 2006)<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


É por meio de <strong>uma</strong> estética da resistência que muitos dos artistas-ativistas têm trabalhado,<br />

reinterpretado o conceito de cidade, que<br />

engloba tanto os níveis <strong>mais</strong> singulares da<br />

pessoa quanto os níveis <strong>mais</strong> coletivos.<br />

Artistas urbanos tentam intervir de forma<br />

polissêmica na produção cultural e semiótica do<br />

capitalismo, recuperando o espaço através de ações<br />

poéticas e efêmeras, ou pelo uso de táticas de<br />

intervenções nas paisagens, no circuito das galerias e<br />

alterações nos sistemas oficiais de informação,<br />

denunciando problemáticas locais, nacionais e<br />

mundiais. No campo artístico, a escolha de um<br />

ativismo cultural se define pelo emprego de imagens<br />

efetivas e o uso dos meios culturais em busca de<br />

mudança social.<br />

(Bansky, 2007)<br />

(Adaptação do texto <strong>“A</strong>rte-ativismo: interferência, coletivismo e transversalidade”, de André Mesquita, 2006)<br />

“Me identifico com o vazio”, diz jovem presa por pichar Bienal<br />

(DIÓGENES MUNIZ, editor de Informática da Folha Online)<br />

Atacada por todos os lados, a 28ª Bienal Internacional de São Paulo recebeu em seus últimos dias de<br />

exposição um elogio improvável: veio de dentro de <strong>uma</strong> penitenciária. "Acho interessante. Me<br />

identifico um pouco com o vazio", disse à Folha Online a pichadora gaúcha Caroline Pivetta da Mota.<br />

Caroline foi <strong>uma</strong> das 40 pessoas que, no dia 26 de outubro, atacou com spray o prédio da Bienal, no<br />

parque Ibirapuera. Ela está encarcerada há 40 dias. Dependendo do julgamento, pode permanecer na<br />

Penitenciária Feminina de Santana até a próxima Bienal, em 2010.<br />

Na denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo, Caroline é acusada de se associar a<br />

"milicianos" com fins de "destruir as dependências do prédio". Ela faz parte da auto-intitulada gangue<br />

Susto's. É a única garota do grupo de pichadores, além de ser novata.<br />

Enquadrada no artigo 62 da Lei de Crimes Ambientais (destruição de patrimônio cultural), pode pegar<br />

de um a três anos de prisão. Além da Bienal, Caroline estava ainda nos ataques à piche na galeria<br />

Choque Cultural, em Pinheiros, e no Centro Universitário Belas <strong>Arte</strong>s.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


No entanto, seu primeiro problema sério envolvendo pichação ocorreu há cerca de cinco<br />

meses, após pintar um prédio da Polícia do Exército, no centro de São Paulo. Conseguiu um<br />

processo militar, sobre o qual pouco sabe.<br />

Na Bienal, não havia integrantes de apenas um grupo, segundo ela. "Cada um 'colou' lá por um<br />

motivo", explica. O dela? "Estava me manifestando contra os desfavorecidos, os que não têm acesso<br />

àquela coisa toda [a exposição]." E emenda: "Claro que eu não precisava me expor dessa forma. Fui lá<br />

pela manifestação, para acompanhar os meninos, não pelo Susto's. Se tivesse me privado daquilo,<br />

estaria hoje na rua fazendo o que gosto, que é pichar."<br />

Ela aprova a temática da mostra, porque "todo mundo tem um vazio dentro de si". "Tanto na Bienal,<br />

quanto nas Belas <strong>Arte</strong>s, fui só para ver o que ia rolar. Mas, quando percebi, a lata de spray já estava na<br />

minha mão", diz, rindo de si mesma.<br />

Meta de vida<br />

“Tanto grafite, quanto picho são underground, coisa do fundão. Não são feitos para exposição em<br />

galeria. A parada que eu faço é na rua, é para o povo olhar e não gostar. Uma agressão visual", diz<br />

Caroline, que começou a pichar aos 12 anos. Questionada sobre seus gostos musicais, cita bandas de<br />

reggae e de Oi! (gênero cujos apreciadores vão de punks a skinheads antifascistas). Na esteira da<br />

conversa sobre música e grupos urbanos, lembra que já foi espancada por anarco-punks em Porto<br />

Alegre e que um de seus melhores amigos acabou morto em <strong>uma</strong> briga de rua em São Paulo.<br />

A jovem cursou até o primeiro ano do ensino médio. Largou os estudos após tentar se suicidar, um dos<br />

poucos assuntos sobre o qual prefere não falar. Já trabalhou como atendente de telemarketing e, antes de<br />

transformar a pichação n<strong>uma</strong> "meta de vida", vendia artesanato e camisetas na rua. Sua mãe, a artesã<br />

Rosemari Pivetta da Mota, viajou do Rio Grande do Sul a São Paulo. Caroline, filha única, não foi<br />

criada pelo pai.<br />

Na prisão, a pichadora está dividindo a cela com <strong>uma</strong> evangélica. "Tenho que ficar assistindo ao canal<br />

da igreja", brinca. Vegetariana, lamenta comer carne, porque "tem dias que não tem como encarar esse<br />

arroz e feijão daqui".<br />

Na semana passada, ganhou <strong>uma</strong> pichação no próprio corpo: tatuou Susto's no antebraço direito, dentro<br />

da cadeia.<br />

Pressão<br />

Antes da Bienal e da galeria Choque Cultural, a jovem só<br />

havia entrado em <strong>uma</strong> exposição na vida, sobre o artista<br />

espanhol Joan Miró (1893-1983). "Achei bem louco", diz,<br />

sobre a mostra do Santander Cultural de Porto Alegre.<br />

De acordo com os advogados de Caroline, ela não<br />

conseguiu comprovar residência fixa, tampouco ocupação<br />

legal, por isso permanece presa. Eles dizem que farão <strong>mais</strong><br />

um pedido à Justiça para que a jovem responda em<br />

liberdade.<br />

A Bienal nega fazer pressão para mantê-la atrás das grades, embora os advogados da instituição dêem<br />

como certa a condenação dos jovens. Diversos artistas cobram a fundação para liberá-la.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


"Coube à Fundação Bienal de São Paulo registrar boletim de ocorrência após a pichação. A<br />

Fundação não possui qualquer ingerência sobre o caso, que é de responsabilidade única e<br />

exclusiva da Justiça", declarou a Bienal, por meio de sua assessoria de imprensa.<br />

"Eles diziam ser um espaço interativo. Rolou de alg<strong>uma</strong>s pessoas entrarem lá para discutir arte<br />

contemporânea. O cara que ficou pelado [Maurício Ianês] estava integrado com o sistema, para a gente<br />

não é assim. A arte tem que ser livre", diz o pichador Rafael Guedes Augustaitiz, o Pixobomb, líder das<br />

ações. Foi ele quem, em junho passado, apresentou como TCC (trabalho de conclusão de curso) um<br />

ataque de spray a sua faculdade.<br />

"A gente não queria estragar as obras deles [da Bienal], mesmo porque não tinha obra. A obra, ali, nós<br />

que íamos fazer", afirma Caroline. Embora seja chamada informalmente de Bienal do Vazio, o título<br />

oficial da mostra é "Em Vivo Contato".<br />

UTOPIA O HORIZOTE<br />

CEA DA 6ª SÉRIE A – “É PRECISO AMOR PARA PODER PULSAR”<br />

A tarefa dessa turma é traduzir os movimentos de Ana das Carrancas,<br />

dando formas aos valores h<strong>uma</strong>nos tão caros ao nosso existir. No entanto,<br />

na singularidade dos movimentos de Ana das Carrancas somaremos o que<br />

nos propõe João Cabral, em Tecendo a Manhã, <strong>uma</strong> grande teia que nos<br />

interconecta, expandindo-se em movimentos de coletividade. Um pulsar e<br />

um respirar coletivo - ética e estética.<br />

Tecendo a manhã (João Cabral de Melo Neto)<br />

"Um galo sozinho não tece a manhã:<br />

ele precisará sempre de outros galos.<br />

De um que apanhe esse grito que ele<br />

e o lance a outro: de um outro galo<br />

que apanhe o grito que um galo antes<br />

e o lance a outro; e de outros galos<br />

que com muitos outros galos se cruzam<br />

os fios de sol de seus gritos de galo<br />

para que a manhã, desde <strong>uma</strong> tela tênue,<br />

se vá tecendo, entre todos os galos."<br />

Para refletir a utopia no horizonte vamos dar um mergulho na história de Ana das Carrancas. Essa<br />

história nos possibilita sentir a existência de valores h<strong>uma</strong>nos – amor, solidariedade, integridade,<br />

respeito – que tornam possíveis caminharmos para um horizonte de sonhos tangíveis, realizáveis.<br />

Mergulhando na História de Ana das Carrancas<br />

Ana Leopoldina Santos Lima era o nome dela. Isso muito antes de o barro moldar<br />

seu destino lhe dando por amor um homem que não tinha olhos para enxergá-la. Os<br />

monstros gerados pelas mãos de Ana eram cegos como o companheiro de sua vida.<br />

Com um golpe rápido, certeiro, ela vazava os olhos de suas criaturas com a ponta<br />

de um pedaço de pau. Com Ana era assim, a desgraça virava épico. Ao morrer, na<br />

quarta-feira passada (1º/10), aos 85 anos, a maior carranqueira do São Francisco<br />

voltou ao barro que a fez. E deixou Zé dos Barros, pela primeira <strong>vez</strong>, na escuridão.<br />

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Ela era <strong>uma</strong> mulher de solenidades. Não falava,<br />

entoava. “Minha vida é extensa...”, era a frase<br />

com que iniciava a narrativa. Analfabeta, fazia<br />

literatura pela boca. E mesmo limitada por <strong>uma</strong><br />

seqüência de derrames, parte dos dedos com que<br />

tocava a lama do mundo paralisados, Ana era grande.<br />

Carregava nos gestos <strong>uma</strong> largura de alma. E o rio era seu<br />

espelho em <strong>mais</strong> de um sentido. A mulher que moldava o<br />

barro do chão só pisava o reflexo do céu.<br />

Ana das Carrancas cost<strong>uma</strong>va dizer que sua arte era a síntese de seu amor por um cego que via o<br />

mundo, mas não era visto por ele. Entre ela e Zé dos Barros nunca se soube quem era criador, quem era<br />

criatura. Ela já veio ao mundo retirante, na cidade pernambucana de Ouricuri. Mas diferente de quase<br />

todos, nunca lamentou a terra estéril sob seus pés. A estirpe de mulheres da qual era continuidade<br />

moldava pratos, panelas, vasos. Ana aprendeu com a mãe, e antes dela a avó, que do barro se arranca<br />

tudo, até a vida.<br />

Poucos anos depois dela, José Vicente de Barros nasceu em Jenipapo, outro canto sertanejo.<br />

Desembarcou na vida sem olhos, por culpa do amor incestuoso entre primos-irmão. Desde cedo a ele<br />

ensinaram que “quando Deus faz <strong>uma</strong> criança sem vista é porque quer que ela sobreviva como pedinte”.<br />

Para se localizar na escuridão, desde menino ele balançava a cabeça. E nesse de lá pra cá, de cá pra lá,<br />

encontrava equilíbrio mesmo nas trevas. Ana e Zé só cruzaram seus pés descalços quase trinta anos<br />

<strong>mais</strong> tarde. Ana tornara-se viúva desde que seu marido despencara de um pau-de-arara. Conheceu Zé<br />

pedindo esmolas na feira de Picos. Ele balançava guizos, cantava cantigas [...] Zé despertou. Pediu a<br />

moça certa em matrimônio. E passaram a dividir teto e misérias: Ana na feira, Zé nos guizos.<br />

Um dia a vizinha abordou Ana na rua. “Desenteirei açúcar do meu filho para dar esmola a Zé”, queixouse.<br />

O rosto de Ana queimou de vergonha. Tirou <strong>uma</strong> nota do bolso e retrucou: “Enteire de novo o<br />

açúcar do seu filho. Por Zé ele não vai passar fome”. Naquela noite não dormiu. Sua tristeza não coube<br />

na rede que dividia com Zé. Quando acordou, chamou o marido e anunciou: “Meu velho, nunca lhe fiz<br />

um pedido. Mas hoje lhe peço. De agora em diante, você não vai <strong>mais</strong> pedir esmola". Assustado, Zé<br />

rebateu: “Deus me fez sem vista para que eu pedisse esmola”. Ana fincou pé: “De hoje em diante sua<br />

vista é a minha. Você pisa o barro, eu faço a peça. Nós vamos levar para a feira, nós vamos ser felizes”.<br />

Ana pegou a enxada e caminhou até as margens do São Francisco, em Petrolina. Diante da fartura de<br />

líquidos, invocou o espírito do rio: “Meu grande Nosso Senhor São Francisco. Pelo poder que ostenta,<br />

pelas águas que estão correndo, do próprio barro melhore a nossa vida”. Ao terminar, juntou um bolo de<br />

lama e fez, sem que até hoje saiba como, a primeira carranca. Começou levando na feira, suportando<br />

calada riso e maldades. “É tão feia quanto a dona”, cutucavam. No dia seguinte, em <strong>vez</strong> de <strong>uma</strong>, Ana<br />

levava duas. Até que caiu nas graças dos turistas e dos ricos da cidade e, de lá, suas obras ganharam o<br />

mundo. Ela então deixou de ser Ana do Cego e virou Ana das Carrancas. E ele virou Zé dos Barros.<br />

As carrancas de Ana são diferentes de todas as outras que, desde o final do século XIX, apontaram a<br />

face horrenda na proa das barcas do São Francisco. A maioria dos carranqueiros célebres esculpe em<br />

madeira, Ana, em barro. Mas a maior singularidade são mesmo os olhos vazados do seu monstro. São<br />

eles que dão a expressão melancólica, contendo <strong>mais</strong> sofrimento do que ameaça, à obra de Ana. É do<br />

feminino que Ana tira sua carranca dilacerada diante da dor do mundo.<br />

“Os olhos vazados da carranca são <strong>uma</strong> homenagem a ele. O Zé pisa o barro, prepara o bolo, faz a<br />

forma no pensamento. Eu moldo. Furo o nariz, as orelhas. Então, toco um pedaço de pau bem feitinho<br />

no olho”, me contou ela, anos atrás. “Não me sinto bem furando os olhos. Furo com pena, com dor. É<br />

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como estar judiando dele. Porque todas são ele. Então, digo: '‘Olha, meu velho, homenagem a<br />

Zé Vicente de Barros'. Fico aliviada, porque lembro que faço por amor a ele." Sacudindo a<br />

cabeça para lá e para cá, Zé dos Barros concluía: “Eu era um bicho. Virei gente. Esta mulher<br />

me fez”.<br />

Os traços deformados das carrancas de Ana expressam, pelo avesso, a perfeição de seu amor. É este<br />

sentimento avassalador que tomava conta de Ana, anos atrás, quando ela começou a pressentir que o fio<br />

de sua vida atingia seu cumprimento. “O barro é como gente. Tem o barro ruim e o barro bom. E até o<br />

barro regular. Conhecendo o barro se conhece o mundo”, sussurrava ela. “O barro é o começo e o fim<br />

de tudo. Sem ele não sou ninguém. Foi ele que me deu o direito. Não me separo dele pra coisa<br />

nenh<strong>uma</strong>, porque eu amo aquilo que ama a mim. O barro é um caco de mim.”<br />

As lágrimas abriam então sulcos em sua face. Por um momento, ela assemelhava-se à sua criação.<br />

Movia o rosto em direção a Zé, que não a via com os olhos, mas era o único a abarcá-la por completo.<br />

Ana então dizia: “Não estou pedindo a morte. Mas quando eu me for, qualquer pedacinho de orelha,<br />

nariz ou olho é lembrança dele. E de mim”.<br />

(Eliane Brum, com fotos de Denise Adams, Revista Época 09/10/2008)<br />

“Ela está no horizonte. Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o<br />

horizonte corre dez passos. Por <strong>mais</strong> que eu caminhe ja<strong>mais</strong> a alcançarei. Para que serve a utopia? Serve<br />

para isso: para fazer caminhar.”<br />

(Eduardo Galeano)<br />

<strong>“A</strong>nda!<br />

Quero te dizer nenhum segredo<br />

Falo nesse chão, da nossa casa<br />

Bem que tá na hora de arr<strong>uma</strong>r<br />

Tempo!<br />

Quero viver <strong>mais</strong> duzentos anos<br />

Quero não ferir meu semelhante<br />

em por isso quero me ferir<br />

Vamos precisar de todo mundo<br />

Prá banir do mundo a opressão<br />

Para construir a vida nova<br />

Vamos precisar de muito amor<br />

A felicidade mora ao lado<br />

E quem não é tolo pode ver<br />

A paz na Terra, amor<br />

O pé na terra<br />

A paz na Terra, amor<br />

O sal da...<br />

Sal da Terra (Beto Guedes)<br />

Terra!<br />

És o <strong>mais</strong> bonito dos planetas<br />

Tão te maltratando por dinheiro<br />

Tu que és a nave nossa irmã<br />

Canta!<br />

Leva tua vida em harmonia<br />

E nos alimenta com seus frutos<br />

Tu que és do homem, a maçã...<br />

Vamos precisar de todo mundo<br />

Um <strong>mais</strong> um é sempre <strong>mais</strong> que dois<br />

Prá melhor juntar as nossas forças<br />

É só repartir melhor o pão<br />

Recriar o paraíso agora<br />

Para merecer quem vem depois...<br />

Deixa nascer, o amor<br />

Deixa fluir, o amor<br />

Deixa crescer, o amor<br />

Deixa viver, o amor<br />

O sal da terra”<br />

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Elemento de passagem de cena:<br />

Puxa vida! Como tudo está esquisito hoje! E ainda ontem as coisas<br />

estavam tão nor<strong>mais</strong>... Será que eu mudei durante a noite? Deixe eu<br />

pensar: quando eu acordei hoje de manhã, era eu mesma? Tenho quase<br />

certeza que estou lembrando que estava um pouco diferente...<br />

(Alice no País das maravilhas. Lewis Carrol )<br />

Essa passagem evoca a queda da passagem de um lugar sólido e seguro, para um espaço duvidoso e de<br />

incertezas.<br />

CEA DA 6ª SÉRIE B – “REPODO O SER QUE SOHA”<br />

Vamos, acordem! O sonho não acabou... Estamos apenas (re)<br />

começando. Há muito trabalho para ser feito, continuamos dando<br />

formas, modelando no “barro” de Ana das Carrancas.<br />

A tarefa da turma B é dar corpo as idéias sobre comunidade, e intervir<br />

nessas idéias. Ufa!!! Olhemos para o passado: as sociedades antigas<br />

(África, povos indígenas, povos pré-colombianos) quais os significados<br />

de coletivo que ali residiam? E os movimentos de contracultura que<br />

criaram “comunidades alternativas” (colocando o ser h<strong>uma</strong>no como<br />

centro da vida social)? E voltemos nosso olhar, mirando, no presente, as<br />

ações propostas nos ideais de <strong>uma</strong> economia solidária.<br />

Alguns conceitos de comunidade<br />

A comunidade não é um ente ou sujeito coletivo, mas <strong>uma</strong> relação. Um<br />

limiar onde se encontram sujeitos individuais. Ela dá espaço para que se<br />

cogite a dimensão coletiva, em que a vinculação aparece como a radicalidade da diferenciação e da<br />

aproximação entre seres h<strong>uma</strong>nos, e daí como centro do processo comunicativo o que Dewey chamava<br />

de “interação comunal” [...] comunidade não é um estar junto num território, como n<strong>uma</strong> aldeia, bairro<br />

ou num gueto, é um compartilhamento – troca – relativo a <strong>uma</strong> tarefa (manus), implícito na obrigação<br />

originária (onus) que se tem para com o Outro. Os indivíduos diferenciam-se e identificam-se, dentro da<br />

dinâmica vinculativa, o reconhecimento e o acatamento dessa dívida simbólica.<br />

(Muniz Sodré, O retorno da comunidade: os novos caminhos do social, 2007)<br />

Mostra processual e itinerante, Afetos Roubados no<br />

tempo agrupa pequenos artefatos criados por 730<br />

artistas e artesãos de vários países do mundo,<br />

dispostos em 365 pares. Essas peças, denominadas<br />

objetos-afeto, ecoam a diversidade de materiais e a<br />

pluralidade de conceitos relacionados com cada<br />

lugar de origem do autor e sua interação com o<br />

universo que o rodeia e o reconhece como indivíduo.<br />

Conseqüentemente, eles espelham a identidade de<br />

cada um dos autores.<br />

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Conceitos de comunidade, local e região: inter-relações e diferenças<br />

O local, a comunidade, a família, por nos serem próximos, tendem a representar segurança e<br />

proteção em um mundo aparentemente instável, de proporções globais etc. Uma <strong>vez</strong><br />

estruturados com base em harmonia e solidariedade, seriam espaços de abrigo e amparo em meio às<br />

turbulências da vida urbana.<br />

Ba<strong>uma</strong>n (2003, p. 7), “‘comunidade’ produz <strong>uma</strong> sensação boa por causa dos significados que a palavra<br />

‘comunidade’ carrega”: é a segurança em meio à hostilidade.<br />

Importante registrar ainda que, para Buber (1987, p.39), a h<strong>uma</strong>nidade se originou em <strong>uma</strong> comunidade<br />

primitiva, passou pela escravidão da sociedade e “chegará a <strong>uma</strong> nova comunidade que, diferentemente<br />

da primeira, não terá <strong>mais</strong> como base laços de sangue, mas laços de escolha”.<br />

(PERUZZO, 2002, p. 288-292): entre as várias formas de agregação solidária, no contexto da<br />

mobilização popular no Brasil nas últimas décadas, estão aquelas de caráter comunitário inovador,<br />

capitaneadas por redes de movimentos sociais, associações comunitárias territoriais, associações de<br />

ajuda mútua, cooperativas populares, grupos religiosos, grupos étnicos, entre milhares de outras<br />

manifestações. Neste nível se desenvolvem práticas coletivas e de organização comunitária, além de<br />

elementos de <strong>uma</strong> nova cultura política, na qual passa a existir a busca pela justiça social e participação<br />

do cidadão passagem de ações individualistas para ações de interesse coletivo, desenvolvimento de<br />

processos de interação, a confluência em torno de ações tendo em vista alguns objetivos comuns,<br />

constituição de identidades culturais em torno do desenvolvimento de aptidões associativas em prol do<br />

interesse público, participação popular ativa e direta e, maior conscientização das pessoas sobre a<br />

realidade em que estão inseridas.<br />

Economia solidária<br />

(Cicilia M. Krohling Peruzzo e Marcelo de Oliveira Volpato)<br />

Entende-se por Economia Solidária <strong>uma</strong> forma de produção, consumo e distribuição de riqueza centrada<br />

na valorização do ser h<strong>uma</strong>no - e não do capital - de base associativista e cooperativista, voltada para a<br />

produção, consumo e comercialização de bens e serviços, de modo autogerido. Tem-se como exemplo<br />

as cooperativas, associações populares, redes e articulações de comercialização e de cadeias produtivas<br />

solidárias, agricultores familiares, dentre outros.<br />

(http://www.paratyviva.com.br/economia-solidaria/)<br />

“O Brechó eco Solidário é <strong>uma</strong> ação proposta pelas universidades que tem com objetivo criar <strong>uma</strong><br />

experiência de troca de produtos usados por Grãos (moeda social), através de <strong>uma</strong> Feira e Bazar<br />

Solidário, estimulando a comunidade refletir sobre sua relação com o consumo”<br />

Sociedade Alternativa (Raul Seixas)<br />

“Viva! Viva!<br />

Viva a Sociedade Alternativa!<br />

Viva! Viva!<br />

Viva a Sociedade Alternativa!”<br />

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CEA DA 6ª SÉRIE C – “COM QUATOS BYTES EU ACESSO, TIO?”<br />

A velocidade com que o conhecimento é gerado transforma<br />

rapidamente as sociedades. Nesse contexto, a informação é de<br />

fundamental importância para a geração de novos conhecimentos<br />

e desenvolvimento da sociedade, e passa a ser o principal<br />

requisito na busca de padrões <strong>mais</strong> sustentáveis de<br />

desenvolvimento. Aqueles que não têm acesso à informação e,<br />

conseqüentemente ao conhecimento, são excluídos do processo<br />

de desenvolvimento social, econômico e tecnológico. Essa<br />

distribuição injusta das oportunidades é o ponto de partida da<br />

nossa discussão, pois dela decorrem os processos de disseminação<br />

da informação e de democratização do acesso ao conhecimento.<br />

A informação científica tem sido um dos insumos básicos para o desenvolvimento científico e<br />

tecnológico de <strong>uma</strong> nação. No atual momento vivenciado pela sociedade contemporânea há um<br />

reconhecimento de que a ciência, tecnologia e inovação constituem-se fatores diferenciadores do<br />

desenvolvimento social e econômico de países e regiões (Rocha & Ferreira, 2004).<br />

A sociedade industrial trouxe elementos como<br />

máquinas, ferramentas, trabalhadores especializados,<br />

produção em série, energia, entre outros, enfim, tudo<br />

voltado para a produção de bens materiais, no entanto, a<br />

sociedade pós-industrial consolida-se na experiência<br />

organizacional, no investimento em tecnologia de ponta,<br />

nos grupos de especialistas, na produção modular, na<br />

informação, isto é, na geração de serviços e na produção<br />

e transmissão da informação. Neste sentido, questionase<br />

<strong>uma</strong> forma de usar o conhecimento para gerar novos<br />

saberes que permitam ao homem acompanhar o grau de<br />

complexidade que envolve a produção de um bem<br />

material, ou mesmo de um serviço na sociedade pósindustrial.<br />

Desde a época dos tabletes de barro da Babilônia até chegar aos dias atuais, quer com o<br />

suporte papel, quer com o magnético, as bibliotecas sempre trouxeram consigo a memória h<strong>uma</strong>na<br />

registrada, sendo-lhes acoplada a responsabilidade de prover acesso às informações<br />

codificadas/registradas/gravadas nesses documentos, contribuindo para a formação de <strong>uma</strong> sociedade<br />

<strong>mais</strong> h<strong>uma</strong>na e dignificadora (Santos, 1990; Zuffo, 1997).<br />

(http://www.efdeportes.com/efd105/democratizar-o-acesso-aos-conhecimentos-cientificos.htm)<br />

Computadores Fazem <strong>Arte</strong> (Zero Quatro)<br />

“Computadores fazem arte<br />

Artistas fazem dinheiro<br />

Camputadores Avançam<br />

Artistas pegam carona<br />

Cientistas criam o novo<br />

Artistas levam a fama”<br />

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Ironizar a questão da criação e da democratização da ciência. Valorizar o potencial criativo<br />

como elemento importante da construção social.<br />

Enquanto o Mundo Explode (Chico Science)<br />

<strong>“A</strong> engenharia cai sobre as pedras<br />

Um curupira já tem o seu tênis importado<br />

ão conseguimos acompanhar o motor da história<br />

Mas somos batizados pelo batuque<br />

E apreciamos a agricultura celeste<br />

Mas enquanto o mundo explode<br />

ós dormimos no silêncio do bairro<br />

Fechando os olhos e mordendo os lábios<br />

Sinto vontade de fazer muita coisa....”<br />

É este desejo de mobilização que deve ser garantido para a passagem de cena.<br />

CEA DA 6ª SÉRIE D – “O FUDO DE CADA UTOPIA ÃO HÁ SOMETE UM SOHO; HÁ TAMBÉM UM<br />

PROTESTO.”<br />

A tarefa desta turma é retomar a discussão a respeito da omissão dos setores públicos, a existência de<br />

sociedades civis que exercem as funções do Estado, as utopias sociais que se transformaram em<br />

políticas públicas. Sugere-se que busquem na ironia o projeto de cena da turma.<br />

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“Meu sonho não tem fim”<br />

Por volta de 1970 e 1980 as ONG's, organizações nãogovernamentais,<br />

começaram a fazer parte da nossa história.<br />

A denominação que as caracteriza foi criada na Ata de<br />

Constituição da ONU - Organização das Nações Unidas, em 1946,<br />

onde são definidas como “entidades civis sem fins lucrativos, de<br />

direito privado, que realizam trabalhos em benefício de <strong>uma</strong><br />

coletividade” se constituindo em organismos com os quais o<br />

Conselho Econômico e Social desta entidade poderia estabelecer<br />

consultoria.<br />

De acordo com o estudo realizado pela Consultoria do Senado<br />

Federal, em 1999,<br />

“OG seria um grupo social organizado, sem fins lucrativos, constituído formal e autonomamente, caracterizado por ações<br />

de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de populações<br />

excluídas das condições da cidadania”.<br />

A partir do processo de abertura política no Brasil, as ONG's se viram num impasse, já que muitas delas<br />

serviam de apoio para a continuidade da ação política durante a ditadura militar. A partir desta abertura<br />

as ONG's vão redefinindo seu papel na conjuntura de reorganização da sociedade civil.<br />

Começaram então a desenvolver um papel de “assessoria” aos movimentos sociais, ou seja,<br />

comprometem-se com as causas dos movimentos, desenvolvem trabalhos com eles, prestam assessoria,<br />

mas não se envolvem politicamente, nem mesmo se submetem às suas decisões.<br />

Com esta nova identidade, as ONG's passam a ter <strong>uma</strong> posição cômoda em relação ao resultado do<br />

trabalho que desenvolvem, na medida em que não respondem diretamente pelos equívocos dos<br />

movimentos sociais. Se, na história vimos que as ONG's surgem a partir dos movimentos sociais, nesta<br />

nova fase deixa bem clara a sua distinção. As entidades representativas dos movimentos (sindicatos e<br />

associações de moradores, por exemplo) têm íntimo envolvimento político com decisões e<br />

questionamentos que levantam. Ao contrário as ONG's assumiram um compromisso para com a<br />

sociedade civil organizada, ou seja, sendo agentes de capacitação política, não se comprometem com a<br />

organização das estratégias de atuação dos movimentos.<br />

Segundo Herbert de Souza, o Betinho:<br />

“Uma OG se define por sua vocação política, por sua positividade política: <strong>uma</strong> entidade sem fins de lucro cujo objetivo<br />

fundamental é desenvolver <strong>uma</strong> sociedade democrática, isto é, <strong>uma</strong> sociedade fundada nos valores da democracia –<br />

liberdade, igualdade, diversidade, participação e solidariedade. (...) As OG's são comitês da cidadania e surgiram para<br />

ajudar a construir a sociedade democrática com que todos sonham”<br />

A condição de autonomia conquistada e atribuída às ONG's as credenciaram para o diálogo com outros<br />

órgãos sociais como o Estado e o mercado. Agora, desprovidas de <strong>uma</strong> origem partidária, ou mesmo<br />

ideológica as ONG's tornam-se interlocutores ideais de governos e empresas.<br />

Atualmente, fazendo muitas <strong>vez</strong>es o que o governo não faz, as ONG's encarnam ações de cidadania e<br />

começam a responder alg<strong>uma</strong>s questões sociais. Com isso, o governo também passa a promover seu<br />

programa social de braços dados com as ONG's, chamando-as à responsabilidade e à cumplicidade com<br />

seu programa de ação.<br />

(http://www.unihorizontes.br/pi/pi_1sem_2007/inter_1sem_2007/admistracao/o_trabalho_voluntario.pdf)<br />

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“Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

Pela direção que o mundo está tomando<br />

eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

E pela direção que o mundo está tomando<br />

eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

Pago imposto pra morar, pra beber água e comer<br />

E até quando eu morrer tem imposto pra enterrar<br />

Só não puderão cobrar por minha respiração<br />

E pela direção que o mundo está tomando<br />

eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

Será (Siba e Fuloresta)<br />

E a justiça tem um peso pra cada tipo de gente<br />

Quando o réu é influente, quase sempre escapa ileso<br />

Só quem se demora preso é quem não tem um tostão<br />

E pela direção que o mundo está tomando<br />

eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

E até mesmo o que não presta, tem um preço pendurado<br />

Todo favor é cobrado, de graça nada <strong>mais</strong> resta<br />

E até injeção na testa começa a ter cotação<br />

E pela direção que o mundo está tomando<br />

eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

E pela direção que o mundo está tomando<br />

eu vou viver pagando o ar de meu pulmão<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?<br />

E pela direção que o mundo se desdobra<br />

um dia alguém me cobra o ar de meu pulmão<br />

Será que ainda vai chegar<br />

o dia de se pagar até a respiração?”<br />

Toda <strong>vez</strong> que eu dou um passo o mundo sai do lugar (Siba e Fuloresta)<br />

“Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

Eu vivo no mundo com medo, do mundo me atropelar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

E o mundo por ser redondo, tem por destino embolar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

Desde que o mundo é mundo, nunca pensou de parar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

E tem hora que até me canso de ver o mundo rodar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

Quando eu vou dormir eu rezo pro mundo me acalentar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

De manhã escuto o mundo gritando pra me acordar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

Ouço o mundo me dizendo: corra pra me acompanhar!<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

Se eu correr e ir atrás do mundo vou gastar meu calcanhar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

Eu procurei o fim do mundo porém não pude alcançar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

Também não vivo pensando de ver o mundo acabar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

em vou gastar meu juízo querendo o mundo explicar<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar<br />

E quando um deixa o mundo tem trinta querendo entrar<br />

(mas na minha vaga não!)<br />

Toda <strong>vez</strong> que dou um passo o mundo sai do lugar”<br />

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É este passo que mobiliza e transforma. Garantir a idéia do movimento, do deslocamento, do<br />

agir. Resgatar a história de Ana das Carrancas como elemento de transformação.<br />

Maior parte das OGs vive à custa de dinheiro público<br />

Pesquisa da FGV revela que 55% das ONGs se mantêm com recursos públicos. As brechas para ação de<br />

instituições inidôneas levaram o governo federal a buscar <strong>uma</strong> forma de disciplinar a atuação dessas<br />

entidades.<br />

Terceiro setor assume as tarefas do Estado<br />

Bons tempos aqueles em que reportagem sobre desvio de dinheiro público se fazia com político ladrão,<br />

funcionário corrupto e empresário desonesto. Uma <strong>vez</strong> flagrados, eles protestavam inocência, num gesto<br />

quase protocolar, e saíam atrás de um bom advogado. Claro que ainda há muito disso. Mas <strong>uma</strong> nova<br />

modalidade de negócios com o Estado cresce num ritmo assombroso, embaralhando a ética do público e<br />

do privado. Trata-se do terceiro setor, que não é empresa nem governo, e vem desenhando <strong>uma</strong> área<br />

cinzenta de intersecção com o Estado.<br />

OBS.: Esse texto pode ser acessado e lido no site:<br />

http://www2.uol.com.br/aprendiz/guiadeempregos/terceiro/noticias/ge300804.htm<br />

<strong>“A</strong>corda, levanta, resolve<br />

Há <strong>uma</strong> guerra no nosso caminho<br />

os confins do infinito<br />

as veredas estreitas do universo<br />

Vejo<br />

As cinzas do tempo<br />

O renascimento<br />

As danças do fogo<br />

Purificação, transporte<br />

Escuto<br />

O trovão que escapou<br />

As ladainhas das mulheres secas<br />

Herdeiros do fim do mundo<br />

Isso não é real<br />

ão<br />

Isso não é real<br />

A brotação das coisas<br />

Herdeiros da Tempestade<br />

A Árvore Dos Encantados (Lirinha)<br />

Girando em torno do sol<br />

Do sol<br />

Girando em torno do sol<br />

Vejo<br />

Aquele cego sorrindo<br />

o nevoeiro da feira<br />

Aquele cego sorrindo<br />

Beijo<br />

A f<strong>uma</strong>ça que sobe<br />

O peito da santa<br />

O cheiro da flor<br />

Árvore dos Encantados<br />

Vim aqui outra <strong>vez</strong> pra tua sombra<br />

Árvore dos Encantados<br />

Tenho medo, mas estou aqui<br />

Tenho medo, mas estou aqui<br />

Aqui Mãe<br />

Aqui meu Pai<br />

Em cima do medo coragem<br />

(Recado da Ororubá)”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(O Estado de S. Paulo)


LIBERTAR-ME PARA O OUTRO<br />

CEA DA 7ª SÉRIE A – “VOCÊ PODE PESAR QUE EU SOU UM SOHADOR, MAS EU ÃO SOU O ÚICO.”<br />

“ão se é tão livre quanto se deseja, quanto se quer,<br />

quanto se julga, tal<strong>vez</strong> quanto se vive.<br />

Marguerite Yourcenar,<br />

Aléxis, ou o tratado do vão combate”<br />

Senhor! Senhor! tornou a gritar, ao concluir os seus<br />

pensamentos, “devo, então, começar a respeitar a<br />

opinião do outro sexo, embora me pareça<br />

monstruosa? Se uso saias, se não posso nadar, se<br />

tenho de ser salva por um marinheiro, Deus meu!”,<br />

gritou, “que hei de fazer?” E com isso entristeceu.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(Virginia Woolf, Orlando)<br />

Esta turma deverá lançar luz sobre a história das mulheres, mas também a dos homens, das relações<br />

entre homens e mulheres, dos homens entre si e igualmente das mulheres entre si, além de propiciar um<br />

campo fértil de análise das desigualdades e das hierarquias sociais. As questões de gênero assinala o<br />

interesse da historiografia em <strong>uma</strong> história que inclua os discursos dos “oprimidos”, n<strong>uma</strong> análise do<br />

sentido e da natureza desta opressão. Ressignificar a ideia de gênero incluindo como possibilidade<br />

reflexões a cerca de um tal<strong>vez</strong> terceiro, quarto gênero. Repensar e traduzir em arte como o gênero<br />

funciona nas relações sociais. Como o gênero dá sentido à organização e à percepção do conhecimento<br />

histórico. A proposta é um uso do gênero muito <strong>mais</strong> abrangente, incluindo o homem e a mulher em<br />

suas múltiplas conexões, suas hierarquias, precedências e relações de poder.<br />

<strong>“A</strong> primeira conseqüência das inclinações proibidas é de nos emparedar em nós mesmos: é preciso<br />

calar, ou só falar sobre o assunto com nossos cúmplices.”<br />

O que quero dizer é que compreender a reprovação à<br />

homossexualidade é <strong>uma</strong> chave para a compreensão das<br />

principais questões do gênero. Como se constituem as<br />

desigualdades e hierarquias entre os sexos, como se constroem<br />

as identidades sexuais e como se conformam as categorias do<br />

masculino e do feminino. Como lembra Paul Veyne, a<br />

homossexualidade não é um problema em si para a história, mas<br />

sim a sua repressão. Enxergar a utopia como possibilidade de<br />

ser realmente livre. Compreender melhor as minhas relações<br />

com o outro. Discutir as ações hegemônicas de um grupo sobre<br />

os outros, as desigualdades. O desafio é mostrar que o discurso<br />

da hegemonia proporciona a exclusão e, não existe justiça com<br />

desigualdade.<br />

(Marguerite Yourcenar)


Nosso estranho amor (Caetano Veloso)<br />

“ão quero sugar todo seu leite<br />

em quero você enfeite do meu ser<br />

Apenas te peço que respeite<br />

O meu louco querer<br />

ão importa com quem você se deite<br />

Que você se deleite seja com quem for<br />

Apenas de peço que aceite<br />

O meu estranho amor<br />

Oh! Mainha deixa o ciúme chegar<br />

Deixa o ciúme passar e sigamos juntos<br />

Super-Homem, a Canção (Gilberto Gil)<br />

“Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria<br />

Que o mundo masculino tudo me daria<br />

Do que eu quisesse ter<br />

Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara<br />

É a porção melhor que trago em mim agora<br />

É o que me faz viver<br />

Quem dera pudesse todo homem compreender, ó mãe, quem<br />

dera<br />

Ser o verão no apogeu da primavera<br />

E só por ela ser<br />

Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória<br />

Mudando como um Deus o curso da história”<br />

CEA DA 7ª SÉRIE B – “O ISTITO É COLETIVO, MEU SEHOR!”<br />

Oh! eguinha deixa eu gostar de você<br />

Prá lá do meu coração não me diga<br />

unca não<br />

Teu corpo combina com meu jeito<br />

ós dois fomos feitos muito pra nós dois<br />

ão valem dramáticos efeitos<br />

Mas o que está depois<br />

ão vamos fuçar nossos defeitos<br />

Cravar sobre o peito as unhas do rancor<br />

Lutemos <strong>mais</strong> só pelo direito<br />

Ao nosso estranho amor”<br />

Eu antes tinha querido ser os outros para conhecer o que não era eu.<br />

Entendi então que eu já tinha sido os outros e isso era fácil. Minha<br />

experiência maior seria ser o outro dos outros: e o outro dos outros era eu.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(LISPECTOR, 1992, p. 32)<br />

A palavra alteridade, que possui o prefixo alter do latim possui o<br />

significado de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com<br />

consideração, valorização, identificação e dialogar com o outro. A prática<br />

alteridade se conecta aos relacionamentos tanto entre indivíduos como<br />

entre grupos culturais religiosos, científicos, étnicos, etc. Na relação<br />

alteritária, está sempre presente os fenômenos holísticos da<br />

(Atsuko Tanaka,1963)<br />

complementaridade e da interdependência, no modo de pensar, de sentir e<br />

de agir, onde o nicho ecológico, as experiências particulares são<br />

preservadas e consideradas, sem que haja a preocupação com a sobreposição, assimilação ou destruição<br />

destas. “Ou aprendemos a viver como irmãos, ou vamos morrer juntos como idiotas”<br />

(Martin Luther King)


A prática da alteridade conduz da diferença à soma nas relações interpessoais entre os seres<br />

h<strong>uma</strong>nos revestidos de cidadania. Pela relação alteritária é possível exercer a cidadania e<br />

estabelecer <strong>uma</strong> relação pacífica e construtiva com os diferentes, na medida em que se<br />

identifique, entenda e aprenda a aprender com o contrário.<br />

“Olhe para os dedos de sua mão. Eles são diferentes. Ainda bem. Exatamente por serem diferentes eles<br />

são harmoniosos quando vistos em conjunto. Já imaginou se eles fossem todos iguais?<br />

Certamente teríamos dificuldade de fazer o que fazemos de maneira tão natural. A h<strong>uma</strong>nidade, pode-se<br />

dizer, é semelhante a <strong>uma</strong> mão. Somos diferentes n<strong>uma</strong> família. Somos diferentes n<strong>uma</strong> região. Somos<br />

diferentes n<strong>uma</strong> nação. A diferença é inerente, portanto, à natureza h<strong>uma</strong>na. Que bom que assim seja.”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(Carlos Pereira)<br />

O homem tem demonstrado, ao longo de sua história, ser incapaz de reconhecer e conviver<br />

pacificamente com o diversificado, com o pluralizado. Em função da inalteridade e da anticidadania, o<br />

homemóide tem ampliado a violência generalizada, as guerras, os movimentos de intolerância, as<br />

antipatias mecânicas gratuitas, os atos de separatismos, o nefasto racismo, a exclusão, o ódio, a<br />

intolerância, a discórdia, o desequilíbrio ecológico e o seu próprio desequilíbrio.<br />

No Terceiro Milênio, as práticas da cidadania e da alteridade são fundamentais diante da globalização<br />

das experiências, do ambiente plural diversificado pela globalização das relações e facilidade nas<br />

comunicações. Imprescindível até pelo clima conflituoso que cresce entre os povos.<br />

Alteridade seria, portanto, a capacidade de conviver com o diferente, de se proporcionar um olhar<br />

interior a partir das diferenças. Significa que eu reconheço o outro em mim mesmo, também como<br />

sujeito aos mesmos direitos que eu, de iguais direitos para todos, o que também gera deveres e<br />

responsabilidades, ingredientes da cidadania plena. Desta constatação das diferenças é que gera a<br />

alteridade, alavanca da solidariedade, da responsabilidade, eixo da cidadania.<br />

Nas nossas sociedades contemporâneas, onde impera a inalteridade, a racionalidade, sob as formas de<br />

ciência e tecnologia, no paradigma antropocêntrico, passou a ser instrumento de violência estrutural, no<br />

modelo social hegemônico neoliberal, onde se expressa como meio <strong>mais</strong> eficiente de dominação social,<br />

de controle ideológico, de exploração, de exclusão das maiorias economicamente desfavorecidas.<br />

O sistema antropocêntrico, por intermédio da violência estrutural, vai produz vítimas de modo massivo.<br />

As vítimas da racionalidade do sistema vão ficando num beco sem saída. O sofrimento das maiorias<br />

excluídas ecoa pelas ruas das favelas, dos vilarejos. Mas a alteridade faz-nos adotarmos a perspectiva do<br />

olhar das vítimas, para através da cidadania profunda engendrarmos ações que nos levam a lutar para<br />

mudanças neste estado de coisa.<br />

Os mecanismos do sistema neocapitalista antropocêntrico engendra o sofrimento as grandes maiorias de<br />

excluídos. Para este sistema anticidadão inalteritário, o outro (alter) é totalmente destituído de vida, é<br />

coisificado, reduzido a um número, a <strong>uma</strong> estatística, a um elemento do consumo. Então, para este<br />

sistema perverso, o outro não tem configuração h<strong>uma</strong>na, <strong>uma</strong> <strong>vez</strong> que ele é objetivado para fins de<br />

lucratividade, produtividade, uso, etc.<br />

A cidadania, a ética e a alteridade se constituem na base de sustentação do homem íntegro, cuja<br />

preocupação com o seu semelhante se constitui no autêntico imperativo ético, no dever ser absoluto, que<br />

emerge do clamor irredutível das vítimas indefesas da violência estrutural para serem reconhecidas na<br />

sua dignidade h<strong>uma</strong>na.<br />

(Adaptação de Maurício da Silva)


A democracia é um processo de negociação permanente<br />

dos conflitos de interesses e idéias. Para haver essa<br />

negociação permanente é preciso o respeito à diferença.<br />

Cabe a turma B da 7º série demonstrar em cena o<br />

respeita a diferença, a pluralidade e a convivência em<br />

<strong>uma</strong> sociedade que também é heterogênea.<br />

Para tanto, todos devem ter o direito de falar, opinar e participar<br />

nos processos decisórios. Ao tratar da diversidade h<strong>uma</strong>na<br />

podemos ter como parâmetro a necessidade de reconhecimento<br />

que caracteriza os seres h<strong>uma</strong>nos.<br />

Para interpretarmos quem somos como coletividade, ou quem sou como indivíduo, dependemos do<br />

reconhecimento que nos é dado pelos outros. “Ninguém pode edificar a sua própria identidade<br />

independentemente das identificações que os outros fazem dele”, nos ensina Habermas (1983: 22).<br />

O reconhecimento pelos outros é <strong>uma</strong> necessidade h<strong>uma</strong>na, já que o ser h<strong>uma</strong>no é um ser que só existe<br />

através da vida social.<br />

Como também nos ensina Charles Taylor (1994: 58), “um indivíduo ou um grupo de pessoas podem<br />

sofrer um verdadeiro dano, <strong>uma</strong> autêntica deformação se a gente ou a sociedade que os rodeiam lhes<br />

mostram como reflexo, <strong>uma</strong> imagem limitada, degradante, depreciada sobre ele.”<br />

Um falso reconhecimento é <strong>uma</strong> forma de opressão. A imagem que construímos muitas <strong>vez</strong>es sobre os<br />

portadores de deficiências e grupos subalternos, pobres, negros, prostitutas, homossexuais, é deprimente<br />

e humilhante para estes e causa-lhes sofrimento e humilhação, ainda <strong>mais</strong> porque tais representações<br />

depreciativas são construídas quase sempre para a legitimação da exclusão social e política dos grupos<br />

discriminados.<br />

Para que haja respeito à diversidade é necessário que todos sejam reconhecidos como iguais em<br />

dignidade e em direito. Mas para não nos restringirmos a <strong>uma</strong> concepção liberal de reconhecimento,<br />

devemos também questionar os mecanismos sociais, como a propriedade, e os mecanismos políticos,<br />

como a concentração do poder, que hierarquizam os indivíduos diferentes em superiores e dominantes, e<br />

em inferiores e subalternos.<br />

Em outras palavras, ao considerarmos que os seres h<strong>uma</strong>nos dependem do reconhecimento que lhes é<br />

dado, estamos reconhecendo que a identidade do ser h<strong>uma</strong>no não é inata ou pré-determinada, e isso nos<br />

torna <strong>mais</strong> críticos e reflexivos sobre a maneira como estamos contribuindo para a formação das<br />

identidades. Como ainda nos ensina Taylor (1994: 58), “a projeção sobre o outro de <strong>uma</strong> imagem<br />

inferior ou humilhante pode deformar e oprimir até o ponto em que essa imagem seja internalizada”. E<br />

não “dar um reconhecimento igualitário a alguém pode ser <strong>uma</strong> forma de opressão”.<br />

Porém, quando afirmamos que “todos os seres h<strong>uma</strong>nos são igualmente dignos de respeito” (Taylor,<br />

1994: 65), isso não pode significar que devemos deixar de considerar as inúmeras formas de<br />

diferenciação que existem entre os indivíduos e grupos.<br />

Devemos fornecer o apoio e os recursos necessários para que não haja assimetria, desigualdade nas<br />

oportunidades e no acesso aos recursos. De novo Taylor (1994: 64): “Para aqueles que têm<br />

desvantagens ou <strong>mais</strong> necessidades é necessário que sejam destinados maiores recursos ou direitos do<br />

que para os de<strong>mais</strong>”.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


A política do reconhecimento e as várias concepções de multiculturalismo nos ensinam,<br />

enfim, que é necessário que seja admitida a diferença na relação com o outro. Isto quer dizer<br />

tolerar e conviver com aquele que não é como eu sou e não vive como eu vivo, e o seu modo<br />

de ser não pode significar que o outro deva ter menos oportunidades, menos atenção e<br />

recursos.<br />

A democracia é <strong>uma</strong> forma de viver em negociação permanente tendo como parâmetro a necessidade de<br />

convivência entre os diferentes, ou seja, a tolerância. Mas para valorizar a tolerância entre os diferentes<br />

temos que reconhecer também o que nos une. Portanto, cabe a turma redefinir estes posicionamentos,<br />

encarando imagens que reforcem a multiplicidade e o respeito a diversidade para construção de <strong>uma</strong><br />

sociedade pautada na compreensão das singularidades e especificidades de cada indivíduo.<br />

Ninguém = Ninguém (Humberto Gessinger)<br />

“Há tantos quadros na parede<br />

Há tantas formas de se ver o mesmo quadro<br />

Há tanta gente pelas ruas<br />

Há tantas ruas e nenh<strong>uma</strong> é igual a outra<br />

inguém = ninguém<br />

Me encanta que tanta gente sinta<br />

(se é que sente) a mesma indiferença<br />

Há tantos quadros na parede<br />

Há tantas formas de se ver o mesmo quadro<br />

Há palavras que nunca são ditas<br />

Há muitas vozes repetindo a mesma frase:<br />

inguém = ninguém<br />

Me espanta que tanta gente minta<br />

(descaradamente) a mesma mentira<br />

Há pouca água e muita sede<br />

Uma represa, um apartheid<br />

(a vida seca, os olhos úmidos)<br />

Entre duas pessoas<br />

Entre quatro paredes<br />

Tudo fica claro<br />

inguém fica indiferente<br />

inguém = ninguém<br />

Me assusta que justamente agora<br />

Todo mundo (tanta gente) tenha ido embora<br />

O que me encanta é que tanta gente<br />

Sinta (se é que sente) ou<br />

Minta (desesperadamente)<br />

Da mesma forma<br />

São todos iguais<br />

E tão desiguais<br />

uns <strong>mais</strong> iguais que os outros<br />

São todos iguais<br />

E tão desiguais<br />

uns <strong>mais</strong> iguais<br />

uns <strong>mais</strong> iguais”<br />

(http://www.espacoacademico.com.br/042/42wlap.htm)<br />

Corpo de Lama (Chico Science)<br />

“Este corpo de lama que tu vê<br />

É apenas a imagem que sou<br />

Este corpo de lama que tu vê<br />

É apenas a imagem que é tu<br />

Que o sol não segue os pensamentos<br />

Mas a chuva muda os sentimentos<br />

Se o asfalto é meu amigo eu caminho<br />

Como aquele grupo de caranguejos<br />

Ouvindo a música dos trovões<br />

Esta chuva de longe que tu vê<br />

É apenas a imagem que sou<br />

Este sol bem de longe que tu vê<br />

É apenas a imagem que é tu<br />

Fiquei apenas pensando que seu rosto<br />

Parece com as minhas idéias<br />

Fiquei apenas lembrando que há muitas garotas sorrindo<br />

Em ruas distantes, que há muitos meninos correndo em<br />

mangues distantes<br />

Esta chuva de longe que tu vê<br />

É apenas a imagem que sou<br />

Esse mangue de longe que tu vê<br />

É apenas a imagem que é tu<br />

Se o asfalto é meu amigo eu caminho<br />

Como aquele grupo de caranguejos<br />

Ouvindo a música dos trovões<br />

Deixai que os fatos sejam fatos naturalmente,<br />

Sem que sejam forjados para acontecer.<br />

Deixai que os olhos vejam os pequenos detalhes<br />

lentamente,<br />

Deixai que as coisas que lhe circundam<br />

Estejam sempre inertes como móveis<br />

Inofensivos para lhe servir quando for<br />

Preciso e nunca lhe causar danos<br />

Sejam eles morais físicos ou psicológicos.”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


Belinda<br />

É a história de Lara, menina que renuncia a tudo o<br />

que <strong>mais</strong> gosta na vida para tomar conta de seus<br />

pais, surdos-mudos. Na adolescência Lara revê sua tia<br />

Clarissa, <strong>uma</strong> bem sucedida clarinetista de Jazz. Lara<br />

apaixona-se pela música e decide dedicar-se de corpo e alma<br />

aos estudos do instrumento musical. Anos <strong>mais</strong> tarde, já <strong>uma</strong><br />

bela mulher, Lara prepara-se para entrar no conservatório de<br />

Berlim, quando conhece Tom, o homem que vai dar novo<br />

sentido a sua vida.<br />

A maçã<br />

Trata do isolamento social de duas meninas gêmeas filhas de <strong>uma</strong> mãe cega e de um pai muito velho<br />

que para ganhar a vida vive pela aldeia rezando.<br />

A Cor do Paraíso<br />

Filho espera o pai vir buscá-lo para as férias, n<strong>uma</strong> escola especial para crianças cegas. O pai no entanto<br />

fica relutante em levá-lo para casa, por pensar que isso poderá atrapalhar suas pretensões de se casar de<br />

novo.<br />

CEA DA 7ª SÉRIE C – “DESIVERTEDO O MUDO – POR UMA OUTRA GLOBALIZAÇÃO”<br />

No futuro, Oriente já não será Oriente, nem Ocidente<br />

será Ocidente. A Terra se converterá em <strong>uma</strong> Aldeia<br />

Global, um pequeno espaço onde desaparecerão todas as<br />

diferenças. Então, por primeira <strong>vez</strong>, terá lugar <strong>uma</strong><br />

grande síntese, a maior ja<strong>mais</strong> vista, onde já não se<br />

pensará de forma extremista, onde já não se pensará que<br />

se te diriges ao exterior, se vás buscando conhecimento,<br />

estarás perdendo suas raízes espirituais; ou que se estás<br />

realizando <strong>uma</strong> busca espiritual, estás perdendo suas<br />

raízes no mundo, no reino científico. Ambas as coisas<br />

podem coexistir, e, sempre que isso ocorre, o homem<br />

tem ambas asas e pode voar o <strong>mais</strong> alto possível.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(Osho, Amor,Liberdade,Solidão)


"O sonho obriga o homem a pensar" (Milton Santos)<br />

A noção de globalidade remete a conjunto, integralidade, totalidade. A palavra ‘global’<br />

carrega consigo esse mesmo sentido de conjunto, inteiro, total. Sugere, portanto, integração.<br />

Desse modo, ou por esse meio, o uso do termo ‘global’ supõe ou leva a supor que o objeto ao qual ele é<br />

aplicado é, ou tende a ser integral, integrado, isto é, não apresenta quebras, fraturas, ou hiatos.<br />

Globalizar, portanto, sugere o oposto de dividir, marginalizar, expulsar, excluir. O simples emprego de<br />

‘globalizar’ referindo-se a <strong>uma</strong> realidade que divide, marginaliza, expulsa e exclui,não por acidente ou<br />

casualidade, mas como regularidade ou norma, passa por cima desta regularidade ou norma,<br />

dificultando a sua percepção e mesmo omitindo-a. Consciente e deliberadamente, ou não, a utilização<br />

da palavra nestas condições tem exatamente tal eficácia (Limoeiro-Cardoso, 1999, p. 106).<br />

O cenário mundial, neste início de século, apresenta-se como um universo múltiplo e complexo,<br />

caracterizado por <strong>uma</strong> crescente internacionalização da produção, do mercado, do trabalho e da cultura.<br />

A globalização primeiramente se refere à rede de produção e troca de mercadorias que se estabelece em<br />

nível mundial. Também designa o fenômeno do intercâmbio político, social e cultural entre as diversas<br />

nações, atualmente intensificado pelas profundas transformações decorrentes da aplicação das<br />

inovações científicas e tecnológicas na área da comunicação. Ela é concebida, por muitos de seus<br />

ideólogos, como um novo patamar civilizatório e como um processo inexorável.<br />

Considera-se <strong>mais</strong> adequado denominar o fenômeno da globalização de mundialização do capital, pois<br />

ele representa o próprio regime de acumulação do capital, e explica: o conteúdo efetivo da globalização<br />

é dado não pela mundialização das trocas, mas pela mundialização das operações do capital,em suas<br />

formas tanto industriais quanto financeiras (Chesnais, 1995, p. 4).<br />

Um dos autores que se têm dedicado, de forma <strong>mais</strong> aprofundada, à reflexão da temática da<br />

globalização, é Otávio Ianni. Atualizando o referencial marxista, ele apresenta <strong>uma</strong> série de novas<br />

conceituações para caracterizar as transformações históricas <strong>mais</strong> recentes do capitalismo: aldeia global,<br />

cidade global, comunicação virtual, desterritorialização, redes de corporações, nova divisão<br />

internacional do trabalho, neofordismo, acumulação flexível, zona franca, mercado-mercadoria e moeda<br />

global, planejamento global, sociedade civil mundial, cidadania mundial, exército industrial ativo e de<br />

reserva global,pensamento universal (Ianni, 1996, p. 50).<br />

A globalização parece novidade, mas não é. Marx já fazia referência às formas de expansão do<br />

capitalismo, ao mercado mundial e às transformações da grande indústria e dos monopólios, enfatizando<br />

o papel da burguesia no sentido de desenvolver o caráter internacionalista da produção e do consumo. O<br />

modo de produção capitalista precisa de dimensões mundiais para viabilizar sua produção e reprodução<br />

material e intelectual. A tendência do sistema capitalista à expansão contínua das forças produtivas é<br />

algo inato à sua constituição. No entanto, contraditoriamente, os obstáculos decorrentes das relações de<br />

produção (apropriação privada dos meios e riquezas geradas), explicam as constantes crises do sistema,<br />

cujas implicações hoje são mundiais.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(http://www.scielo.br/)<br />

<strong>“A</strong> história do homem sobre a terra é a história de <strong>uma</strong> ruptura progressiva entre o homem e o entorno.<br />

Esse processo se acelera quando, praticamente ao mesmo tempo, o homem se descobre como indivíduo<br />

e inicia a mecanização do Planeta, armando-se de novos instrumentos para poder dominá-lo. A natureza<br />

artificializada marca <strong>uma</strong> grande mudança na história da natureza h<strong>uma</strong>na. Hoje, com a tecnociência,<br />

alcançamos o estágio supremo dessa evolução.”


Milton nos aponta para um outro conhecimento. Para a possibilidade de conhecer, para a<br />

liberdade do ser h<strong>uma</strong>no. Para modificar o mundo. Para que o conhecimento se produza no<br />

interior da crítica, sem abstrações alienantes, sem reconhecimentos incompletos que produzem<br />

falsas compreensões e encobrem os verdadeiros dramas sociais. E assim, pode-se evitar a<br />

espera para que cresça o bolo, evitando a indigência de <strong>uma</strong> quantidade grande de seres<br />

h<strong>uma</strong>nos.<br />

O mundo globalizado de hoje é composto por diversas teias de comunicação que não tem <strong>uma</strong> relação<br />

de hierarquia entre si, mas <strong>uma</strong> de correspondência. As redes interativas propiciam esse alto nível de<br />

união comunicacional, mas há também o lado ruim: não há <strong>mais</strong> especificidades regionais e<br />

significativas porque o mundo compartilha de <strong>uma</strong> cultura propagada pela tecnologia.<br />

O Sinal Ficou Verde (Cordel Do Fogo Encantado)<br />

“Eu<br />

Entrei com armas em teu território<br />

Plantei antenas no teu coração<br />

Andei pesado na tua sala<br />

Tal como árvore ou como torre<br />

E abrindo a boca ela devorou<br />

E abrindo os braços fez a dor passar<br />

Primeiro os pássaros<br />

Primeiro a roda<br />

E o pensamento de querer voar<br />

uhh uhhh ohhhh<br />

Além do bem<br />

Além do mal<br />

Olhai o sinal ficou verde<br />

Mas<br />

Deixando marcas<br />

Fazendo som<br />

Aqui se planta pra colher depois<br />

E os mercadores vão pagar pra ver<br />

E aquela onda vai querer passar<br />

É quando mudar a cor da nossa casa<br />

É quando voam os automóveis<br />

Pra outro canto<br />

Um ponto novo<br />

Com tudo aquilo que se refaz<br />

oh oh oh<br />

Além do bem<br />

Além do mal<br />

Olhai o sinal ficou verde”<br />

Miséria S.A. (Pedro Luis)<br />

“Senhoras e senhores estamos aqui<br />

Pedindo <strong>uma</strong> ajuda por necessidade<br />

Pois tenho irmão doente em casa<br />

Qualquer trocadinho é bem recebido<br />

Vou agradecendo antes de <strong>mais</strong> nada<br />

Aqueles que não puderem contribuir<br />

Deixamos também o nosso muito obrigado<br />

Pela boa vontade e atenção dispensada<br />

Vou agradecendo antes de <strong>mais</strong> nada<br />

Bom dia passageiros<br />

É o que lhes deseja<br />

A miséria S.A<br />

Que acabou de chegar<br />

Bom dia passageiros<br />

É o que lhes deseja<br />

A miséria S.A<br />

Que acabou de falar<br />

Lhes deseja , lhes deseja<br />

Lhes deseja , lhes deseja”<br />

Lei da sobrevivência (O Rappa)<br />

“Que diferenca faz<br />

ficar sentado e não olhar pra trás<br />

esquecer o passado olhar o futuro e não se magoar<br />

Agora é verdade<br />

deixo de ser novidade<br />

as mãos estão machucadas e o sangue a escorrer<br />

(que nem palha de cana que corta o agricultor)<br />

Eu não quero ficar esperando o tempo passar, passar<br />

Quem colhe, quem planta tambem tem direito de comer e<br />

comer bem<br />

A comida melhor esta na cidade dentro do armazém<br />

Estragando só pro povo ter consciência<br />

que a lei da sobrevivência é votar e não comer”<br />

Provocar incômodos. Este é o papel. Provocar, provocar, provocar. Fazer pensar em consumismo, em<br />

exclusão, em negação e em vida. Vida digna para todos, se não for muito utópico.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


CEA DA 8ª SÉRIE A – “CATE-ME”<br />

UTOPIAS DA IDETIDADE<br />

É <strong>uma</strong> expressão retirada do filme Dançando no Escuro. Há <strong>uma</strong><br />

cena, durante o musical, que as pessoas dançam e no movimento<br />

projetando-se sobre o outro, falam a palavra cate-me.<br />

A construção da identidade é simbólica. Sendo assim, não é<br />

possível pensar em identidade sem repensar a si mesmo. Quais<br />

os seus temores? As suas ansiedades? Os seus desejos e sonhos?<br />

O que esperar para si próprio? De que forma as transformações<br />

do mundo afetam a sua individualidade? Como o sujeito se vê<br />

enquanto indivíduo em sua aldeia?<br />

A tarefa dessa turma é (re) pensar a identidade individual na<br />

distopia do mundo em que vivemos. É necessário que eu me<br />

cate. Percebendo-me e, ao mesmo tempo, me dando conta do<br />

que torna o indivíduo no mundo contemporâneo (identidade como identificação). Fechar-se para se<br />

encontrar. Perceber quais são os marcadores individuais deste novo tempo.<br />

Dançando no escuro<br />

"O que há para enxergar?", pergunta com um misto de desapontamento e ternura Selma.<br />

E ela está certa. Para ela, não é um desastre estar perdendo a visão em um mundo repleto de injustiça e<br />

crueldade para tantas pessoas que vivem nele. Ela sabe que está deixando de ver muita coisa, como os<br />

musicais que a inspiram e seu filho crescendo, mas ela diz com a certeza de quem, mesmo com <strong>uma</strong><br />

visão tão limitada (será?), está conseguindo realizar o sonho de dar <strong>uma</strong> chance ao filho.<br />

Explicando: Selma (interpretada de forma crua e sincera, ou seja, dolorosamente bela, pela cantora<br />

Björk) está ficando cega devido a <strong>uma</strong> doença degenerativa de origem genética, <strong>uma</strong> doença sem cura<br />

que também foi transmitida a seu filho, Gene. Ela é <strong>uma</strong> imigrante Tcheca que foi para os EUA para<br />

conseguir dinheiro para operar seu filho. Diante da progressão de sua doença, ela precisa se matar<br />

trabalhando para conseguir logo o dinheiro, antes que se torne <strong>uma</strong> inválida (nos termos capitalistas,<br />

claro).<br />

A questão que o filme coloca é de sacrificar-se pelo bem da geração futura, e vemos isso o tempo todo,<br />

na figura da mulher que abre mão de seus sonhos, de <strong>uma</strong> relação afetiva, da própria vida, enfim, em<br />

nome dessa chance ao filho. O diretor Lars Von Trier não absolve o telespectador, colocando sua<br />

câmera sempre próxima do drama da imigrante e do seu filho, e nos envolve em todo contexto de<br />

solidariedade e desconfiança, de sofrimento e sonho em que se baseia a vida de Selma e de tantos outros<br />

azarados do sonho americano. As condições terríveis de trabalho, a agressão do cotidiano, contrastam<br />

com a ternura de seus verdadeiros amigos e com o mundo idealizado do cinema, que se mostra no filme<br />

<strong>uma</strong> das raízes da força de Selma.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


Uma das sutilezas de Von Trier nesse filme é manter-se um diretor que não abre mão de <strong>uma</strong><br />

estética cinematográfica de certa maneira anti-ilusionista (ou seja, anti-hollywoodiana), em<br />

que a câmera (digital) flutua e treme próximo aos atores, impedindo assim que o telespectador<br />

sinta-se seguro e distante do que esta acontecendo. Mas também, o diretor faz um dos maiores<br />

elogios, e um elogio POLÍTICO, ao cinema, quase que um apelo para que o cinema não deixe<br />

nunca de ser esta fonte de sonho, delírio e magia que por <strong>mais</strong> de um século tem fascinado as pessoas.<br />

No filme é mostrado como o cinema pode ter a capacidade de inspirar e renovar o espírito dos seres<br />

h<strong>uma</strong>nos (como toda obra de arte deveria ser). E para isso ele utilizou um filme musical, nada <strong>mais</strong><br />

contrastante com o clima do filme.<br />

Quando ficamos diante da tragédia de Selma e somos interrompidos pela sua imaginação musical, o que<br />

ele parece nos dizer é que não devemos nos deixar envolver pela ilusão, mas usá-la a nossa favor. "Por<br />

favor, não destruam minhas ilusões", parece nos dizer Selma, ao reclamar do silêncio. O mundo<br />

moderno, industrial e consumista, nos esmaga em sua linha de produção ("presos ao ritmo agonizante da<br />

linha de produção, diriam os suecos do refused), mas ainda temos alma e precisamos mostrar isto a eles.<br />

Tudo isto está resumido quando Selma transforma os ruídos das maquinas em musica, e dança. Cega,<br />

Selma parece enxergar algo que deixamos de ver a muito tempo, a bondade das pessoas, a integridade<br />

de nossos sonhos e a solidez de nossa vontade, adquirida a ferro e fogo alg<strong>uma</strong>s <strong>vez</strong>es. Nossa visão<br />

perfeita não nos deixa ver quem somos, quem sabe se nos tornamos um pouco <strong>mais</strong> míopes, o espelho<br />

não nos revelará <strong>uma</strong> face nova de nossa personalidade [...] No fim, vale a pena acreditar na mensagem<br />

deixada para nós após o fim abrupto da história de Selma: "Eles dizem que é a última canção. Eles não<br />

nos conhecem, é óbvio. Só será a última canção se nós deixarmos que seja".<br />

Ensaio sobre a cegueira<br />

(nuitari.blogspot.com/.../danando-no-escuro.html)<br />

O vencedor do Prêmio Nobel de literatura, José Saramago, e o aclamado diretor Fernando Meirelles (O<br />

Jardineiro Fiel, Cidade de Deus) nos trazem a comovente história sobre a h<strong>uma</strong>nidade em meio à<br />

epidemia de <strong>uma</strong> misteriosa cegueira. É <strong>uma</strong> investigação corajosa da natureza, tanto a boa como a má -<br />

sentimentos h<strong>uma</strong>nos como egoísmo, oportunismo e indiferença, mas também a capacidade de nos<br />

compadecermos, de amarmos e de perseverarmos.<br />

O filme começa num ritmo acelerado, com um homem que perde a visão de um instante para o outro<br />

enquanto dirige de casa para o trabalho e que mergulha em <strong>uma</strong> espécie de névoa leitosa assustadora.<br />

Uma a <strong>uma</strong>, cada pessoa com quem ele encontra - sua esposa, seu médico, até mesmo o aparentemente<br />

bom samaritano que lhe oferece carona para casa terá o mesmo destino. À medida que a doença se<br />

espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade. As novas vítimas da "cegueira branca" são cercadas<br />

e colocadas em quarentena num hospício caindo aos pedaços, onde qualquer semelhança com a vida<br />

cotidiana começa a desaparecer.<br />

Dentro do hospital isolado, no entanto, há <strong>uma</strong> testemunha ocular secreta: <strong>uma</strong> mulher (JULIANNE<br />

MOORE, quatro <strong>vez</strong>es indicada ao Oscar) que não foi contagiada, mas finge estar cega para ficar ao<br />

lado de seu amado marido (MARK RUFFALO). Armada com <strong>uma</strong> coragem cada <strong>vez</strong> maior, ela será a<br />

líder de <strong>uma</strong> improvisada família de sete pessoas que sai em <strong>uma</strong> jornada, atravessando o horror e o<br />

amor, a depravação e a incerteza, com o objetivo de fugir do hospital e seguir pela cidade devastada,<br />

onde eles buscam <strong>uma</strong> esperança.<br />

(http://www.ensaiosobreacegueirafilme.com.br)<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


O espelho: Utopia e heterotopia<br />

O espelho é <strong>uma</strong> utopia, pois é um lugar sem lugar. No espelho, eu me vejo lá onde não estou,<br />

em um espaço irreal que se abre virtualmente atrás da superfície, eu estou lá longe,... <strong>uma</strong><br />

espécie de sombra que me dá a mim mesmo minha própria visibilidade, que me permite me<br />

olhar lá onde estou ausente: utopia do espelho. Mas é igualmente <strong>uma</strong><br />

heterotopia, na medida em que o espelho existe realmente, e que tem, no<br />

lugar que ocupo, <strong>uma</strong> espécie de efeito retroativo; é a partir do espelho que<br />

me descubro ausente no lugar em que estou porque eu me vejo lá longe. A<br />

partir desse olhar que ... se dirige para mim, do fundo desse espaço virtual<br />

que está do outro lado do espelho, eu retorno a mim e começo a dirigir<br />

meus olhos para mim mesmo e a me constituir ali onde estou; o espelho<br />

funciona como <strong>uma</strong> heterotopia no sentido em que ele torna esse lugar que<br />

ocupo, no momento em que me olho no espelho, ao mesmo tempo<br />

absolutamente real, em relação com todo o espaço que o envolve, e<br />

absolutamente irreal, já que ela é obrigada, para ser percebida, a passar por<br />

aquele ponto virtual que está lá longe. (FOUCAULT, 2001, p. 415)<br />

(Magritte, 1926)<br />

A dor como criação, ou a dor para a criação<br />

Há <strong>uma</strong> poça! E eu não posso transpô-la. Todos os objetos palpáveis me abandonaram. Como transpor o<br />

abismo enorme? Unir-me de novo ao meu corpo? Para onde irei? Um machado fendeu a árvore até o<br />

cerne. Porque o raio abateu a árvore? Porque o grande ramo em flor caiu? É preciso que eu olhe as<br />

coisas de frente! Eu sei que as flores se abrem e o vento sopra, mas no mar, eu ouço sempre o embate<br />

monótono das ondas e <strong>uma</strong> besta pateia acorrentada na areia, e ela pateia, pateia, pateia...<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(Virginia Woolf)<br />

Fora: tempestades, furacões, ventos congelantes, emboscadas na estrada e perigos por toda parte.<br />

Dentro: aconchego, cordialidade, segurança, proteção. Já que, para manter o planeta inteiro seguro (de<br />

modo que não precisemos <strong>mais</strong> separar-nos do inóspito “lado de fora”), nos faltam (ou pelo menos<br />

acreditamos que nos faltem) ferramentas e matérias-primas adequadas, vamos construir, cercar e<br />

fortificar um espaço indubitavelmente nosso e de <strong>mais</strong> ninguém, um espaço em cujo interior possamos<br />

nos sentir como se fossemos os únicos e incontestáveis mestres.<br />

É o que me interessa (Lenine)<br />

“Daqui desse momento<br />

Do meu olhar pra fora<br />

O mundo é só miragem<br />

A sombra do futuro<br />

A sobra do passado<br />

Assombram a paisagem<br />

Quem vai virar o jogo e transformar a perda<br />

Em nossa recompensa<br />

Quando eu olhar pro lado<br />

Eu quero estar cercado só de quem me interessa”<br />

(Zygmunt Ba<strong>uma</strong>n)


Tente outra Vez (Raul Seixas)<br />

“Veja,<br />

ão diga que a canção está perdida<br />

Tenha fé em Deus, tenha fé na vida<br />

Tente outra <strong>vez</strong><br />

Beba,<br />

Pois a água viva ainda está na fonte<br />

Você tem dois pés pra cruzar a ponte<br />

ada acabou, não, não<br />

Tente,<br />

Levante sua mão sedenta e recomece a andar<br />

ão pense que a cabeça agüenta se você parar<br />

ão, não, não, não, não<br />

Há <strong>uma</strong> voz que canta<br />

Há <strong>uma</strong> voz que dança<br />

Há <strong>uma</strong> voz que gira<br />

Bailando no ar<br />

Elemento de passagem de cena:<br />

Linha/cordão desfiada de <strong>uma</strong> roupa (ou de várias roupas) <strong>uma</strong> alusão a obra de bispo do Rosário, como<br />

possibilidade de (re) criação do “mundo” (A dor como criação, ou a dor para a criação).<br />

CEA DA 8ª SÉRIE B – <strong>“A</strong> DOIS METROS DO CHÃO”<br />

A tarefa dessa turma é atuar no e sobre o caos, mirando <strong>uma</strong> (re) construção. A<br />

utopia leva-nos a compreender o mundo contemporâneo, provoca-nos o desejo<br />

(eu coletivo) de tornarmos mestres de nossa realidade. Refletir o que no nosso<br />

país e na nossa sociedade, desejamos reconstruir coletivamente. Provocar os<br />

deslocamentos de dejetos (distopias) da sociedade, (re) modelando, intervindo,<br />

fiando e desfiando. Porque sabemos que quando transformamos nos<br />

transformamos. A nossa identidade social é produzida historicamente e<br />

constituída nas posições assumidas pelo sujeito e as quais se identifica<br />

(HALL, 2000). Que posições temos assumido ou desejamos assumir diante das distopias vividas e das<br />

utopias desenhadas, enquanto corpo social?<br />

“Os doentes mentais são como beija-flores.<br />

unca pousam.<br />

Estão sempre a dois metros do chão.”<br />

Queira,<br />

Basta ser sincero e desejar profundo<br />

Você será capaz de sacudir o mundo, vai<br />

Tente outra <strong>vez</strong><br />

Tente,<br />

E não diga que a vitória está perdida<br />

Se é de batalhas que se vive a vida<br />

Tente outra <strong>vez</strong>”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(Arthur Bispo do Rosário)<br />

Olhe em volta. Veja ao seu redor. Tome um tempo e um espaço. Perceba seu lugar agora no corpo<br />

social. O que você vê?<br />

A arte reflete e refrata o mundo, ao criar o que ainda não está posto. É um lugar de corporeidade dos<br />

sentidos das experiências do sujeito. Assim, a arte, de certa forma, alimenta-nos da utopia de explorar<br />

novas possibilidades “em nome de algo radicalmente melhor que a h<strong>uma</strong>nidade tem direito de desejar e<br />

por que merece a pena lutar” (SANTOS, 2001, p.323).


Mas a arte, a exemplo da literatura, tem nos colocado de frente com presságios nefastos<br />

(distopias). Como seria a vida h<strong>uma</strong>na se o mundo fosse subjugado por <strong>uma</strong> rede de câmeras<br />

cuja função seria monitorar e inspecionar o cotidiano de cada indivíduo? E se as pessoas não<br />

<strong>mais</strong> nascessem do ventre materno, mas fossem geradas em laboratório e criadas de modo a<br />

dar prosseguimento a <strong>uma</strong> linha de produção de seres h<strong>uma</strong>nos? Ou, então, se a literatura e o<br />

pensamento fossem abominados por <strong>uma</strong> população vidrada em telenovelas interativas, as quais lhes<br />

eram <strong>mais</strong> signficativas do que a própria existência? Alg<strong>uma</strong> dessas distopias está próxima da realidade<br />

mundial ou da nossa sociedade nessa primeira década do século XXI? Nenh<strong>uma</strong>? Todas?<br />

Utopia na <strong>Arte</strong><br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(PASSOS, 2007)<br />

Arthur Bispo do Rosário, artista negro, nascido em Sergipe vinte e um anos após a abolição da<br />

escravatura, encontrou na arte <strong>uma</strong> linguagem capaz de dar forma a tudo que existisse no mundo, após<br />

ser acometido por alucinação que lhe falava e chamava para a hora de reconstruir um mundo, para o dia<br />

do “juízo final”. Na sua condição de interno em <strong>uma</strong> colônia para alienados no Rio de Janeiro viveu<br />

horas isolado, jejuando, costurando, bordando, ocupando-se em reconstruir um mundo em miniaturas.<br />

Sua história revelada nos objetos artísticos – Manto, Estandarte, Assemblage - nas tantas palavras e<br />

linhas bordadas ecoa o poder de realizar um mundo sem limites. Esse artista, um estranho no seu lugar,<br />

na sua percepção da cor, das linhas, formas e vozes revelava o desejo de tornar-se mestre de sua<br />

realidade, utilizando de objetos e dejetos recolhidos da sociedade de consumo. Tecia o cotidiano com os<br />

fios de lençóis e de roupas que desfiavam também histórias e memórias. Desfiou, fiou, tornou a desfiar<br />

e fiar, por cinqüenta anos, dando corpo a um mundo.<br />

Para pensarmos as distopias<br />

Uma reconstrução coletiva é permeada pela reflexão sobre<br />

os distanciamentos dos sentimentos de coletividade que<br />

são ‘impressos’ na nossa identidade, enquanto um corpo<br />

social e os processos de representação social que<br />

constroem identidades. As múltiplas identidades da<br />

sociedade contemporânea têm sido mediadas pela cultura<br />

midiática, a qual fornece modelos de comportamento, de<br />

estilos de vida, dentre outros. Tal cultura, assim posta, não<br />

seria <strong>uma</strong> das nossas distopias? "A mídia nos diz como<br />

devemos ocupar <strong>uma</strong> posição-de-sujeito particular”- o adolescente 'esperto', o trabalhador em ascensão<br />

ou a mãe sensível. (WOODWARD, 2000: 17). E ao posicionar o sujeito, a mídia interfere na formação<br />

da identidade coletiva, a exemplo dos reality shows. Um presságio dos reality shows de hoje está<br />

presente em 1984 e Fahrenheit. No primeiro, as teletelas vigilantes do Grande Irmão (nome que deu<br />

origem ao programa Big Brother) que captam toda ação dos cidadãos; no livro de Bradbury, <strong>uma</strong><br />

reflexão sobre a postura dos telespectadores, que vivem em função dos personagens televisivos<br />

(PASSOS, 2007)<br />

Ambientado em Londres, 1984, de George Orwell, foi publicado em 1949. No ano de 1984, todo o<br />

planeta está dividido em três grandes blocos – Oceania (Austrália, Nova Zelândia, Américas e<br />

Inglaterra), Eurásia (Europa Continental, Oriente próximo e norte da África) e Lestásia –, todos em<br />

permanente guerra. As alianças entre os blocos mudam de tempos em tempos, porém os fatos são<br />

distorcidos para que sempre se pareça que o aliado é aliado desde o início, ocorrendo o mesmo com o<br />

inimigo. A Oceania é governada por um partido único, cujo líder é o Grande Irmão (Big Brother), figura


fictícia criada para inspirar o povo. Diariamente, há os Dois Minutos de Ódio, <strong>uma</strong> sessão de<br />

repúdio a Emmanuel Goldstein, conhecido como inimigo do povo e traidor do partido.<br />

Quaisquer relações interpessoais são desencorajadas. O casamento é <strong>uma</strong> formalidade e o sexo<br />

um ato repulsivo. Todas as residências possuem teletelas que, além de transmitirem<br />

programação, também vigiam os telespectadores. A informação é facilmente manipulável,<br />

tanto para a inclusão de pessoas inexistentes nos registros como para suprimir da História e da<br />

lembrança popular os cidadãos indesejáveis. Crianças são convertidas à ideologia dominante e tornamse<br />

espiãs dos próprios pais. O clima é de terror e repressão. Winston Smith odeia o Grande Irmão. Odeia<br />

o sistema. Enquanto permanece busca de quem tenha idéias afins às suas, trabalha regularmente no<br />

Ministério da Verdade – Miniver em Novilíngua, <strong>uma</strong> versão esquartejada do vernáculo – onde cria e<br />

destrói fatos e gente.<br />

ão Verás País enhum<br />

Distopia brasileira publicada em 1982 possui forte cunho ecológico. Experiências nucleares<br />

transformam a atmosfera do planeta e aumentam a temperatura global média. Escassa, a água dos rios é<br />

armazenada e exposta em museu. Da Floresta Amazônica, resta apenas um vasto deserto – divulgado<br />

com otimismo pelas autoridades e a imprensa, que o "inauguram" com <strong>uma</strong> festa árabe. Os cheiros da<br />

natureza são acessíveis apenas quando comprados nos shopping centers. Pela cidade de São Paulo, onde<br />

se desenvolve a trama, pipocam mutantes em decomposição. Para obter água e transitar pelos Distritos<br />

urbanos são necessárias fichas especiais. Já não há ani<strong>mais</strong>. Fora do município, os pobres amontoam-se<br />

nos Acampamentos Paupérrimos. No Nordeste, crescentes bolsões de calor fulminam de imediato todo<br />

ser vivente. O Ministério da Incompetência garante a não-solução dos problemas. O consumo deixou de<br />

ser <strong>uma</strong> opção, um direito, para tornar-se um dever: toda segunda-feira é o Dia de Consumo Obrigatório<br />

– o não cumprimento a cota é severamente punido. O Brasil eliminou os ministros – quem governa<br />

agora é o Esquema. Em todo o mundo, toda a música foi descaracterizada e unida num só padrão.<br />

Fahrenheit 451<br />

Escrito pelo norte-americano Ray Bradbury em 1953, Fahrenheit 451(a temperatura de combustão do<br />

papel, equivalente a 251º C) não traz <strong>uma</strong> previsão política, mas social, próxima, inclusive, em termos<br />

tecnológicos, da realidade nos Estados Unidos (e no mundo), ontem e hoje. O princípio do romance é a<br />

inversão do papel do bombeiro – o profissional que, antes, era incumbido de dar fim aos incêndios,<br />

agora ateia fogo no interior de residências não inflamáveis, no intuito de destruir o único objeto<br />

proibido: livros. Os núcleos familiares existem, mas boa parte dos casais abdicam de ter filhos. A<br />

televisão (cujas telas ocupam paredes inteiras) desempenha um papel vital no cotidiano, ao apresentar<br />

novelas nas quais o espectador interage com os personagens até considerá-los <strong>mais</strong> parte de sua família<br />

do que os próprios parentes<br />

.<br />

Sonho Impossível (Chico Buarque)<br />

“Sonhar<br />

Mais um sonho impossível<br />

Lutar<br />

Quando é fácil ceder<br />

Vencer<br />

O inimigo invencível<br />

egar<br />

Quando a regra é vender<br />

Sofrer<br />

A tortura implacável<br />

Romper<br />

A incabível prisão<br />

Voar<br />

um limite improvável<br />

Tocar<br />

O inacessível chão<br />

É minha lei, é minha questão<br />

Virar esse mundo<br />

Cravar esse chão<br />

ão me importa saber<br />

Se é terrível de<strong>mais</strong><br />

Quantas guerras terei que vencer<br />

Por um pouco de paz<br />

E amanhã, se esse chão que eu beijei<br />

For meu leito e perdão<br />

Vou saber que valeu delirar<br />

E morrer de paixão<br />

E assim, seja lá como for<br />

Vai ter fim a infinita aflição<br />

E o mundo vai ver <strong>uma</strong> flor<br />

Brotar do impossível chão”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


CEA DA 8ª SÉRIE C – “O QUE SERÁ QUE SERÁ?”<br />

Nome de <strong>uma</strong> música de Chico Buarque que, segundo Adélia Meneses, é anunciadora do<br />

futuro. O espaço do desejo, o grito calado. <strong>“A</strong> pulsão vital silenciada- todo esse silêncio irá<br />

explodir [...]”<br />

(Munch, O Grito)<br />

Há um personagem de Ítalo Calvino Sr. Palomar, nome de observatório<br />

astronômico na California. Através de seu “olho telescópio” (ele é todos<br />

olhos), Sr. Palomar sabe esgarçar a densa capa que recobre o velho<br />

mundo, aparentemente cristalizado por inúmeros condicionamentos e<br />

automatismos, para instaurar sua novidade perene em constante<br />

movimento de recriação. O “olho telescópio” volta-se para a amplidão<br />

do espaço, mas volta-se, sobretudo, para o cotidiano. O que significa<br />

que, para Sr Palomar, as grandes questões do mundo e da existência<br />

também estão presentes em cada cena que presenciamos e em cada<br />

objeto que observamos. Isso nos serve de chão para compreender a<br />

complexidade da crise planetária que caracteriza o nosso século, sem<br />

ignorarmos sua presença na relação com o nosso cotidiano.<br />

As teorias fatalistas sempre existiram. E sempre serviram de impulso para reflexões <strong>mais</strong> profundas a<br />

cerca do planeta que temos e queremos construir. Mas, por outro lado, servem de apelos<br />

sensacionalistas e mercadológicos que manipulam o imaginário social. Quantos “fins de mundo”<br />

presenciamos no cotidiano?<br />

<strong>“A</strong> crise ambiental, primeiro, e a gravíssima crise econômica em nível mundial, agora, mostraram<br />

claramente, a todos, os limites do sistema capitalista a tal ponto que hoje por todo lado se invoca <strong>uma</strong><br />

mudança radical da sociedade em escala planetária. Em particular, a valência utópica da ecologia está se<br />

revelando decisiva não apenas para o nosso tempo, mas também para as gerações futuras”<br />

(Cosimo Quarta. Jornal da UNICAMP, Jun 2009)<br />

A tarefa dessa turma se constrói sobre as noções de identidade planetária e na necessidade de nos<br />

tornarmos intersolidários, para enfrantamos os problemas que dizem respeito a todos/as moradores/as<br />

desse planeta. Porém, sem perder de vista as questões locais, os perversos processos de exclusão e as<br />

lutas dos movimentos sociais. Observar o entranhamento: a histórias pessoal é parte da história<br />

biosociocultural que por sua <strong>vez</strong> é parte da história do planeta.<br />

Refletindo a Utopia<br />

Mas o que <strong>uma</strong> geração não consegue realizar é retomado pelas gerações sucessivas que, por sua <strong>vez</strong>,<br />

elaboram seu projeto utópico, e assim acontecerá sempre, enquanto durarem o homem (sic) e a história.<br />

Portanto, haverá utopia enquanto houver história. Eis porque a utopia pode ser também definida como o<br />

motor da história.<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(Cosimo Quarta)


Utopia é possível<br />

Em lugar da decretação de <strong>uma</strong> nova História, sem classes sociais, sem ideologia, sem luta,<br />

sem utopia, e sem sonho, o que a cotidianidade mundial nega contundentemente, o que temos<br />

que fazer é repor o ser h<strong>uma</strong>no que atua, que pensa, que fala, que sonha, que ama, que odeia,<br />

que cria e recria, que sabe e ignora, que se afirma e que se nega, que constrói e destrói, que é<br />

tanto o que herda quanto o que adquire, no centro de nossas preocupações<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(Paulo Freire)<br />

O Universo caminha não para a morte, mas para ordens cada <strong>vez</strong> <strong>mais</strong> elevadas de vida, e o ser h<strong>uma</strong>no<br />

é chamado a adotar posturas de colaboração e solidariedade, capazes de garantir o futuro do nosso<br />

planeta.<br />

Uma sociedade não vive sem utopias, isto é, sem um sonho de dignidade, de respeito à vida e de<br />

convivência pacífica entre as pessoas e povos. Se não temos utopias nos perdemos nos interesses<br />

individuais e grupais e perdemos o sentido do bem viver em comum. No meu entender, a utopia que<br />

pode reencantar a vida é <strong>uma</strong> relação de reverência e respeito com toda a vida, de sinergia com as forças<br />

da natureza, de hospitalidade com todos os seres h<strong>uma</strong>nos e de convivência na diversidade de culturas,<br />

religiões e de visões de mundo. Uma utopia de <strong>uma</strong> Terra organizada desde <strong>uma</strong> articulação central de<br />

valores, princípios e poderes que administrem os recursos escassos para todos, habitando como <strong>uma</strong><br />

família na mesma casa comum, a Terra. Isto não é impossível. Efetivamente vamos construir <strong>uma</strong><br />

sociedade assim ou, possivelmente, Gaia, a Terra viva, não vai <strong>mais</strong> nos suportar e vai nos expulsar<br />

como <strong>uma</strong> célula cancerígena<br />

Profecia (Cordel Fogo Encantado)<br />

Salve o povo Xucuru<br />

a cumeeira da serra Ororubá o velho profeta já dizia<br />

Uma nova era se abre com duas vibras trançadas<br />

Seca e sangue<br />

Seca e sangue*<br />

Herdeiros do novo milênio<br />

inguém tem <strong>mais</strong> dúvidas<br />

O sertão vai virar mar<br />

E o mar sim<br />

Depois de encharcar as <strong>mais</strong> estreitas veredas<br />

Virará sertão<br />

Antôe tinha razão rebanho da fé<br />

A terra de todos a terra é de ninguém<br />

Pisarão na terra dele todos os seus<br />

E os documentos dos homens incrédulos<br />

ão resistirão a Sua ira<br />

Filhos do caldeirão<br />

Herdeiros do fim do mundo<br />

Queimai vossa história tão mal contada<br />

Ah! Joana Imaginária<br />

Permita que o Conselheiro<br />

Encoste sua cabeleira<br />

o teu colo de oratórios<br />

Tua saia de rosários<br />

Teu beijo de cera quente<br />

E assim na derradeira lua branca<br />

Quando todos os rios virarem leite<br />

E as barrancas cuscuz de milho<br />

E as estrelas tocadeiras de viola<br />

Caírem <strong>uma</strong> por <strong>uma</strong><br />

Os soldados do rei D. Sebastião<br />

Mostrarão o caminho<br />

(Leonardo Boff)<br />

Mas o que <strong>uma</strong> geração não consegue realizar é retomado pelas gerações sucessivas que, por sua <strong>vez</strong>,<br />

elaboram seu projeto utópico, e assim acontecerá sempre, enquanto durarem o homem (sic) e a história.<br />

Portanto, haverá utopia enquanto houver história. Eis porque a utopia pode ser também definida como o<br />

motor da história.<br />

(Cosimo Quarta)


Um índio (Caetano Veloso)<br />

“um ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico<br />

Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio<br />

E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer<br />

Assim, de um modo explícito<br />

E aquilo que nesse momento se revelará aos povos<br />

Surpreenderá a todos, não por ser exótico<br />

Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto<br />

Quando terá sido o óbvio”<br />

O que será (Chico Buarque)<br />

“O que será que será<br />

Que andam suspirando pelas alcovas<br />

Que andam sussurrando em versos e trovas<br />

Que andam combinando no breu das tocas<br />

Que anda nas cabeças, anda nas bocas<br />

Que andam acendendo velas nos becos<br />

Estão falando alto pelos botecos<br />

E gritam nos mercados que com certeza<br />

Está na natureza<br />

Será que será<br />

O que não tem certeza nem nunca terá<br />

O que não tem conserto nem nunca terá<br />

O que não tem tamanho<br />

O que será que será<br />

Que vive nas idéias desses amantes<br />

Que cantam os poetas <strong>mais</strong> delirantes<br />

Que juram os profetas embriagados<br />

Que está na romaria dos mutilados<br />

Que está na fantasia dos infelizes<br />

Está no dia-a-dia das meretrizes<br />

o plano dos bandidos dos desvalidos<br />

Em todos os sentidos, será que será<br />

O que não tem decência nem nunca terá<br />

O que não tem censura nem nunca terá<br />

O que não faz sentido<br />

O que será que será<br />

Que todos os avisos não vão evitar<br />

Porque todos os risos vão desafiar<br />

Porque todos os sinos irão repicar<br />

Porque todos os hinos irão consagrar<br />

E todos os meninos vão desembestar<br />

E todos os destinos irão se encontrar<br />

E mesmo o padre eterno que nunca foi lá<br />

Olhando aquele inferno vai abençoar<br />

O que não tem governo nem nunca terá<br />

O que não tem vergonha nem nunca terá<br />

O que não tem juízo”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


ESIO MÉDIO<br />

CEA DO 1º AO A – “GERAÇÃO 68”<br />

DEMOCRACIA: A UTOPIA DA REALIDADE?<br />

A imagem acima representa bem as cores da geração de 68, e podemos imaginá-la como <strong>uma</strong> pichação<br />

num muro. Um clichê nessa cena seria a repressão policial: <strong>“A</strong>BAIXO A DITADURA!”. Canções como<br />

“É proibido proibir” de Caetano Veloso e “Partido Alto” de Chico Buarque são bem pensadas para<br />

simbologia dessa geração. Os personagens encontrados na capa do álbum Sgt. Pepper's Lonely Hearts<br />

Club Band da banda The Beatles simbolizam as referências da geração de 68:<br />

“Marlon Brando, Marilyn Monroe, Bob Dylan, Edgar Allan Poe, D.H. Lawrence, Karl Marx, Johnny Weismuller, Stan<br />

Lauren e Oliver Hardy são alg<strong>uma</strong>s das celebridades que acompanhavam os Beatles na fotomontagem, da qual foram<br />

eliminados Hitler e Gandhi.”<br />

(http://musica.uol.com.br/ultnot/efe/2007/06/01/ult1819u880.jhtm)<br />

A cena que representa a Era de Aquários no musical HAIR é um interessante ponto de ligação para a<br />

próxima cena do 1º ano B.<br />

Aquários (musical Hair)<br />

“Quando a lua estiver na sétima casa<br />

E júpiter alinhar-se com o marte<br />

Então a paz guiará os planetas<br />

E o amor dirigirá as estrelas<br />

Este é começo da época de aquarius<br />

A época de aquarius<br />

Aquarius!<br />

Aquarius!<br />

Harmonia e compreensão<br />

Simpatia e confiança existirá<br />

ão <strong>mais</strong> falsos ou ridículos<br />

Sonhos vivos brilhando as visões<br />

Revelação de cristal místicos<br />

E a liberação da verdadeira mente<br />

Aquarius!<br />

Aquarius!<br />

Quando a lua estiver na sétima casa<br />

E júpiter alinhar-se com o marte<br />

Então a paz guiará os planetas<br />

E o amor dirigirá as estrelas<br />

Este é começo da época de aquarius<br />

A época de aquarius<br />

Aquarius!<br />

Aquarius!”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


Mais leituras:<br />

O objetivo desta turma é provocar inquietações a respeito da democracia como o grande valor<br />

utópico do mundo contemporâneo. E nada foi tão provocativo quanto Caetano, Gil, Os<br />

mutantes, etc. Eles realmente queriam mudar o mundo? De fato mudaram?<br />

• http://www.dm.com.br/materias/show/t/nudez_e_contracultura_no_musical_hair<br />

• http://tropicalia.uol.com.br/site/internas/proibido.php<br />

• http://pugnacitas.blogspot.com/2007/07/trajetria-da-g-68-ao-poder.html<br />

CEA DO 1º AO B – “UTOPIA, EU QUERO UMA PRA VIVER!”<br />

Ideologia (Cazuza)<br />

“Meu partido é um coração partido<br />

E as ilusões estão todas perdidas<br />

Os meus sonhos foram todos vendidos<br />

Tão barato que eu nem acredito<br />

Eu nem acredito<br />

Que aquele garoto que ia mudar o mundo<br />

Frequenta agora as festas do ‘Grand Monde’<br />

Meus heróis morreram de overdose<br />

Meus inimigos estão no poder<br />

Ideologia<br />

Eu quero <strong>uma</strong> pra viver”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


<strong>“A</strong> utopia é o princípio imanente da ação,<br />

mas ela só é possível em realidade se consolidada na forma de ideologia.”<br />

(http://www.tempopresente.org/index.php?option=com_content&task=view&id=2903&Itemid=83)<br />

<strong>“A</strong>s ideologias mobilizam indivíduos e multidões, alimentam intolerâncias, intentam conservar ou<br />

transformar sociedades, produzem guerras e revoluções. Qual a fonte dessa força imensa que se<br />

dissemina e conquista corações e mentes em povos de culturas e realidades tão díspares? Será porque<br />

expressam utopias? Ideologias e utopias são semelhantes, nomes diferentes para os mesmos fenômenos<br />

políticos e sociais? Se as ideologias sobrevivem ao passar dos anos e vivificam nos homens e mulheres<br />

do tempo presente, mesmo quando são declaradas mortas, será que vivemos <strong>uma</strong> época em que a utopia<br />

se exauriu? O objetivo deste texto é analisar essas questões, a partir da obra de Karl Mannheim”<br />

(http://www.espacoacademico.com.br/096/96esp_ozai.htm)<br />

Tomando como exemplo o movimento tropicalista, retratá-lo discutindo o seu caráter ideológico ou<br />

utópico é de extrema importância, visto que, o objetivo do 1º ano B é representar o sonho individual, o<br />

referencial individual, e o desejo de mudança. “O que eu quero mudar?”.<br />

Mais leituras:<br />

• Poema PÉS TORTOS (http://poemaspodres.blogspot.com/2007_10_01_archive.html<br />

CEA DO 1º AO C – <strong>“A</strong> POLÍTICA DOS SOHOS? OU O SOHO A POLÍTICA?”<br />

O Sonho de Platão<br />

No século IV a.C., em data imprecisa, surgiu em Atenas a primeira concepção<br />

de sociedade perfeita que se conhece. Tratou-se do diálogo "A República"<br />

(Politéia), escrito por Platão, o <strong>mais</strong> brilhante e conhecido discípulo de<br />

Sócrates. As idéias expostas por ele - o sonho de <strong>uma</strong> vida harmônica, fraterna,<br />

que dominasse para sempre o caos da realidade - servirão, ao longo dos tempos,<br />

como a matriz inspiradora de todas utopias aparecidas e da maioria dos<br />

movimentos de reforma social que desde então a h<strong>uma</strong>nidade conheceu.<br />

(http://educaterra.terra.com.br/voltaire/politica/platao.htm)<br />

A tarefa do 1º ano C é representar um sujeito participante. Sendo assim, o sentimento de indignação<br />

simboliza bem a cena. Pode-se também brincar com o imaginário dos jovens rebeldes dizendo palavras<br />

duras aos políticos. A letra da música “Um sonho”, de Gilberto Gil também serve como um discurso<br />

para enfatizar o tema da turma.<br />

Importante também repensar ideal de “DEMOCRACIA” e<br />

as concepções. O que é sociedade perfeita? Existe?<br />

Pesquisar os diversos modelos de democracia.<br />

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CEA DO 1º AO D – “QUAIS OUTROS MUDOS QUEREMOS E PODEMOS COSTRUIR?”<br />

A tarefa do 1º ano D é questionar quais são as coisas que estão<br />

funcionando? Retomada em grande salto. Ação política. Modelos<br />

de democracia. Usar a canção “Chega de Mágoa”, adaptando o<br />

teor de “We are the world”.<br />

Mais leituras:<br />

• http://www.otoque.com.br/detalhes_textos.asp?id_texto=59<br />

• http://www.revistacriacao.net/admiravel_mundo_novo.htm<br />

We are the world (Michael Jackson e Lionel Richie)<br />

There comes a time when we heed a certain call<br />

when the wolrd must come together as one<br />

There are people dying<br />

Oh, and it's time to lend a hand to life<br />

The greatest gift of all<br />

We can't go on pretending day by day<br />

That someone, somewhere will soon make a<br />

change<br />

We are all a part of God's great big family<br />

And the truth,<br />

you know, love is all we need<br />

Um sonho (Gilberto Gil)<br />

“Eu tive um sonho<br />

Que eu estava certo dia<br />

um congresso mundial<br />

Discutindo economia<br />

Argumentava<br />

Em favor de <strong>mais</strong> trabalho<br />

Mais emprego, <strong>mais</strong> esforço<br />

Mais controle, <strong>mais</strong>-valia<br />

Falei de pólos<br />

Industriais, de energia<br />

Demonstrei de mil maneiras<br />

Como que um país crescia<br />

E me bati<br />

Pela pujança econômica<br />

Baseada na tônica<br />

Da tecnologia<br />

Apresentei<br />

Estatísticas e gráficos<br />

Demonstrando os maléficos<br />

Efeitos da teoria<br />

Principalmente<br />

A do lazer, do descanso<br />

Da ampliação do espaço<br />

Cultural da poesia<br />

Disse por fim<br />

Para todos os presentes<br />

Que um país só vai pra frente<br />

Se trabalhar todo dia<br />

Estava certo<br />

De que tudo o que eu dizia<br />

Representava a verdade<br />

Pra todo mundo que ouvia<br />

Foi quando um velho<br />

Levantou-se da cadeira<br />

E saiu assoviando<br />

Uma triste melodia<br />

Que parecia<br />

Um prelúdio bachiano<br />

Um frevo pernambucano<br />

Um choro do Pixinguinha<br />

E no salão<br />

Todas as bocas sorriram<br />

Todos os olhos me olharam<br />

Todos os homens saíram<br />

Um por um<br />

Um por um<br />

Um por um<br />

Um por um<br />

Fiquei ali<br />

aquele salão vazio<br />

De repente senti frio<br />

Reparei: estava nu<br />

Me despertei<br />

Assustado e ainda tonto<br />

Me levantei e fui de pronto<br />

Pra calçada ver o céu azul<br />

Os estudantes<br />

E operários que passavam<br />

Davam risada e gritavam:<br />

"Viva o índio do Xingu!<br />

"Viva o índio do Xingu!<br />

Viva o índio do Xingu!<br />

Viva o índio do Xingu!<br />

Viva o índio do Xingu!"<br />

We are the world, we are the children<br />

We are the ones who'll make a brighter day<br />

So let's start giving<br />

There's a choice we're making<br />

We're saving our own lives<br />

It's true we'll make a better day<br />

Just you and me<br />

Oh, Send them your heart<br />

So they'll know that someone cares<br />

And their lives will be stronger and free<br />

As God has shown us by turning stones to bread<br />

And so we all must lend a helping hand<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


We are the world, we are the children<br />

We are the ones who'll make a brighter day<br />

So let's start giving<br />

Oh, there's a choice we're making<br />

We're saving our own lives<br />

It's true we'll make a better day<br />

Just you and me<br />

When you're down and out, there seems no hope at all<br />

But if you just believe there's no way we can fall<br />

Well, well, well, well let us realize that a change can only come<br />

When we stand together as one<br />

We are the world, we are the children<br />

We are the ones who make a brighter day<br />

So let's start giving<br />

There's a choice we're making<br />

We're saving our own lives<br />

It's true we'll make a better day<br />

Just you and me<br />

We are the world, we are the children<br />

We are the ones who make a brighter day<br />

So let's start giving<br />

There's a choice we're making<br />

We're saving our own lives<br />

It's true we'll make a better day<br />

Just you and me<br />

We are the world, we are the children<br />

We are the ones who make a brighter day<br />

So let's start giving<br />

There's a choice we're making<br />

We're saving our own lives<br />

It's true we'll make a better day<br />

Just you and me<br />

Chega de mágoa (Composição coletiva)<br />

“ós não vamos nos dispersar<br />

Juntos, é tão bom saber<br />

Que passado o tormento<br />

Será nosso esse chão...<br />

Água, dona da vida<br />

Ouve essa prece tão comovida<br />

Chega, brinca na fonte<br />

Desce do monte, vem como amiga<br />

Te quero água de beber<br />

Um copo d’água<br />

Marola mansa da maré<br />

Mulher amada<br />

Te quero orvalho toda manhã<br />

Terra, olha essa terra<br />

Raça valente, gente sofrida<br />

Chama, tem que ter feira<br />

Tem que ter festa, vamos pra vida<br />

Te quero terra pra plantar, ah<br />

Te quero verde<br />

Te quero casa pra morar, ah<br />

Te quero rede<br />

Depois da chuva o Sol da manhã<br />

Chega de mágoa<br />

Chega de tanto penar<br />

Canto e o nosso canto<br />

Joga no tempo <strong>uma</strong> semente<br />

Gente, olha essa gente<br />

Olha essa gente, olha essa gente<br />

Te quero água de beber<br />

Um copo d’água<br />

Marola mansa da maré<br />

Mulher amada<br />

Te quero terra pra plantar<br />

Te quero verde, hum<br />

Te quero casa pra morar<br />

Te quero rede<br />

Depois da chuva o Sol da manhã<br />

Canto (eu canto)<br />

e o nosso canto (canto)<br />

Joga no tempo (joga no tempo)<br />

<strong>uma</strong> semente (ye ye ye ye ye)<br />

We are the world, we are the children<br />

We are the ones who make a brighter day<br />

So let's start giving<br />

There's a choice we're making<br />

We're saving our own lives<br />

It's true we'll make a better day<br />

Just you and me<br />

We are the world, we are the children<br />

We are the ones who make a brighter day<br />

So let's start giving<br />

There's a choice we're making<br />

We're saving our own lives<br />

It's true we'll make a better day<br />

Just you and me<br />

We are the world, we are the children<br />

We are the ones who make a brighter day<br />

So let's start giving<br />

There's a choice we're making<br />

We're saving our own lives<br />

It's true we'll make a better day<br />

Just you and me<br />

Gente<br />

(quero te ver crescer bonita)<br />

Olha essa gente<br />

(quero te ver crescer feliz)<br />

Olha essa gente<br />

(olha essa terra, olha essa gente)<br />

Olha essa gente (Gente pra ser feliz, feliz)<br />

Te quero água de beber (me dê um copo)<br />

Um copo d’água<br />

Marola mansa da maré (ye ye ye ye ye)<br />

Mulher amada (mulher amada)<br />

Te quero terra pra plantar (plantar)<br />

Te quero verde (te quer verde)<br />

Te quero casa pra morar<br />

Te quero rede<br />

Depois da chuva o Sol da manhã<br />

Chega de mágoa<br />

Chega de tanto penar<br />

Chega de mágoa<br />

Chega de tanto penar<br />

Ah!”<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


TUDO É RELATIVO<br />

CEA DO 2º AO A – “SEM DICOTOMIAS! COJUGAR O VERBO AO SABOR DOS SABERES”<br />

A tarefa dessa turma é problematizar a visão<br />

dicotômica do mundo. Questionar a égide da<br />

cisão e dicotomização ilusória do ser h<strong>uma</strong>no,<br />

sobre a qual se construiu e ainda se constrói o<br />

conhecimento. Nossa utopia é olhar o objeto em<br />

um diálogo multirreferencial, o que significa não<br />

absolutizar a verdade; é considerar a pluralidade<br />

de referências, a alteridade, as contradições, o<br />

multiculturalismo, as insuficiências para não<br />

perder o ser h<strong>uma</strong>no na sua complexidade<br />

(Macedo). No diálogo multirreferencial o Outro<br />

não é um “idiota cultural”. Falamos de verdades.<br />

Rasurar o discurso positivista “o saber científico e<br />

os outros saberes”: projeto que reduziu o<br />

conhecimento aos critérios da ciência e<br />

considerou o real apenas o racional lógico, formal e analítico. A arte e tudo <strong>mais</strong> foram relegadas “às<br />

esferas particulares da existência” (Maffesoli).<br />

A utopia possível de <strong>uma</strong> outra sociedade <strong>mais</strong> justa, inclusiva e democrática tem propiciado, por<br />

conseguinte, novas perspectivas de estudos no campo das ciências h<strong>uma</strong>nas, socioculturais e na<br />

educação. As abordagens críticas têm descrito sobre essas experiências e saberes desses grupos<br />

excluídos, demonstrando a pertinência de novas abordagens e outras narrativas que coloquem no centro<br />

do debate questões relacionadas à idéia de um novo “ethos científico ampliado, conectado e<br />

emancipador” (MACEDO, 2000, p.41).<br />

TRADUZIR-SE (Ferreira Gullar)<br />

Uma parte de mim é todo mundo:<br />

outra parte é ninguém: fundo sem fundo.<br />

Uma parte de mim é multidão:<br />

outra parte estranheza e solidão<br />

Uma parte de mim<br />

pesa, pondera:<br />

outra parte delira.<br />

Uma parte de mim<br />

almoça e janta:<br />

outra parte se espanta.<br />

Abismo (Fernando Pessoa)<br />

“Sinto de repente pouco,<br />

Vácuo, o momento, o lugar.<br />

Tudo de repente é oco -<br />

Mesmo o meu estar a pensar.<br />

Tudo - eu e o mundo em redor -<br />

Fica <strong>mais</strong> que exterior.”<br />

Uma parte de mim é permanente:<br />

outra parte se sabe de repente.<br />

Uma parte de mim é só vertigem:<br />

outra parte,linguagem.<br />

Traduzir-se <strong>uma</strong> parte<br />

na outra parte<br />

- que é <strong>uma</strong> questão<br />

de vida ou morte -<br />

será arte?<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ<br />

(Ligya Clarck)


Poema de Arnaldo Antunes<br />

O guardador de Rebanhos (Alberto Caeiro, pseudônimo de Fernando Pessoa)<br />

<strong>“A</strong> palavra precisa lança o som à velocidade da luz<br />

Onde nós e você<br />

Dominamos o espaço<br />

A imagem fala por si<br />

E por mim<br />

Portanto flutuaremos pelo avião<br />

Como um par dançante<br />

Perseguidos pelos olhares estrelados<br />

De <strong>uma</strong> platéia atenta<br />

É fundamental o texto<br />

(Bernardo Vilhena)<br />

A gagueira quase palavra<br />

Quase aborta<br />

A palavra quase silêncio<br />

Quase transborda<br />

O silêncio quase eco<br />

A gagueira agora<br />

O século eco”<br />

Quanta (Gilberto Gil)<br />

“De pensamento em chamas<br />

Inspiração<br />

<strong>Arte</strong> de criar o saber<br />

<strong>Arte</strong>, descoberta, invenção<br />

Teoria em grego quer dizer<br />

O ser em contemplação<br />

Cântico dos cânticos<br />

Quântico dos quânticos<br />

Sei que a arte é irmã da ciência<br />

Ambas filhas de um Deus fugaz<br />

Que faz num momento<br />

E no mesmo momento desfaz<br />

Esse vago Deus por trás do mundo<br />

Por detrás do detrás”<br />

“Sou um guardador de rebanhos.<br />

O rebanho é os meus pensamentos<br />

E os meus pensamentos são todos sensações.<br />

Penso com os olhos e com os ouvidos<br />

E com as mãos e os pés<br />

E com o nariz e a boca.<br />

Pensar <strong>uma</strong> flor é vê-la e cheirá-la<br />

E comer um fruto é saber-lhe o sentido.<br />

Por isso quando num dia de calor<br />

Me sinto triste de gozá-lo tanto,<br />

E me deito ao comprido na erva,<br />

E fecho os olhos quentes,<br />

Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,<br />

Sei a verdade e sou feliz”<br />

A ciência em si (Gilberto Gil)<br />

Se toda coincidência<br />

Tende a que se entenda<br />

E toda lenda<br />

Quer chegar aqui<br />

A ciência não se aprende<br />

A ciência apreende<br />

A ciência em si<br />

Se toda estrela cadente<br />

Cai pra fazer sentido<br />

E todo mito<br />

Quer ter carne aqui<br />

A ciência não se ensina<br />

A ciência insemina<br />

A ciência em si<br />

Poema de Waly Salomão<br />

“Hoje só quero Ritmo.<br />

Ritmo no falado e no escrito<br />

Ritmo, veio-central da mina.<br />

Ritmo, espinha dorsal do corpo e da mente.<br />

Ritmo na espiral da fala e do poema.<br />

Ritmo é o que <strong>mais</strong> quero pro meu dia dia”<br />

Se o que se pode ver, ouvir,<br />

pegar, medir, pesar<br />

Do avião a jato ao jaboti<br />

Desperta o que ainda não,<br />

não se pôde pensar<br />

Do sono do eterno ao eterno devir<br />

Como a órbita da terra<br />

abraça o vácuo devagar<br />

Para alcançar o que já estava aqui<br />

Se a crença quer se materializar<br />

Tanto quanto a experiência quer se abstrair<br />

A ciência não avança<br />

A ciência alcança<br />

A ciência em si<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


Narradores de Javé<br />

Muitos temas relacionados com a História estão presentes: a história oral, a oficial, sua<br />

cientificidade, o limiar com a literatura, o vídeo e o próprio cinema, diferentes suportes para a<br />

História, diferentes olhares e intercâmbios, a busca de <strong>uma</strong> "verdade", teoria e método. Esse<br />

segundo filme da cineasta (o primeiro foi Kenoma-1998), trata de um povoado fictício (Javé), que está<br />

prestes a ser inundado para a construção de <strong>uma</strong> hidrelétrica. Para mudar esse rumo, os moradores de<br />

Javé resolvem escrever sua história e tentar transformar o local em patrimônio histórico a ser<br />

preservado. O único adulto alfabetizado de Javé, Antônio Biá (José Dumont) é o incumbido de<br />

recuperar a história e transpor para o papel de forma "científica" as memórias dos moradores.[...] Na<br />

coleta do primeiro relato "javélico", Biá diz à sua "fonte": "<strong>uma</strong> coisa é o fato acontecido, outra é o fato<br />

escrito". Esse pequeno conjunto de elementos já é suficiente para apontar a isenção e a imparcialidade<br />

impossíveis à História e ao historiador. O filme se desenrola com a difícil tarefa para Biá: reunir <strong>uma</strong><br />

história a partir de cinco versões diferentes - <strong>uma</strong> multiplicidade de fragmentos, memórias<br />

incompatíveis entre si. O personagem se vê entre essa impossibilidade e um futuro/progresso destruidor<br />

e irremediável.<br />

(http://www.comciencia.br/resenhas/memoria/narradores.htm)<br />

CEA DO 2º AO B – “PREFIRO TORAR-ME UMA METAMORFOSE AMBULATE”<br />

“Tudo certo como dois e dois são cinco” (Caetano Veloso)<br />

A tarefa da turma B é metamorfosear-se da linearidade do paradigma moderno (na visão cartesiana e<br />

mecanicista do mundo, da vida e do corpo; e no ponto de vista de <strong>uma</strong> sociedade como <strong>uma</strong> arena<br />

competitiva pela existência) para a teia e o rizoma do novo paradigma (a realidade não pode ser mirada<br />

sob um único parâmetro. O conhecimento sobre essa é polissêmico, multi, inter, e transdiciplinar). Mas<br />

a turma B também vai intervir e se posicionar acerca da crise de fragmentação no qual nos encontramos,<br />

enquanto h<strong>uma</strong>nidade, e que se encontra o conhecimento h<strong>uma</strong>no; e as perspectivas apontadas pelo<br />

novo paradigma.<br />

“Esse mundo é inconcluso;<br />

Além, há continuação,<br />

Invisível, como a música,<br />

Evidente, como o som”<br />

(Emily DicKinson)<br />

(Cildo Meireles, La Bruja)<br />

2008Salvador/sec./extraclasse/ OficinConcert/ 20080808_RoteiroGeralFina-EM.doc/prof-nJ


Um dos princípios metodológicos do pensamento complexo é o princípio hologromático: “[...]<br />

cada um de nós, como indivíduos, trazemos em nós a presença da sociedade da qual fazemos<br />

parte. A sociedade está presente em nós por meio da linguagem da cultura, de suas regras,<br />

normas, etc.” (MORIN, 2003, p. 34)<br />

(Imagem holograma)<br />

“em substituição a causalidade linear e unidirecional por <strong>uma</strong><br />

causalidade em círculo e multirreferencial... capaz de conceber<br />

noções ao mesmo tempo complementares e antagônicas... que<br />

completará o conhecimento da integração das partes em um todo,<br />

pelo reconhecimento da integração do todo no interior das partes”<br />

(Macedo, 2003, p. 92-93).<br />

Milton Santos, fala de <strong>uma</strong> “realidade que pode ser” que se<br />

estabelece no contexto do estabelecido e “que se dá tanto no<br />

plano empírico quanto no plano teórico” (2001, p.20). Gilberto<br />

Gil, através da letra “Tempo Rei”, também nos instiga a pensar<br />

acerca da percepção dessa realidade: “[...] não me iludo, tudo<br />

permanecerá do jeito que tem sido... transcorrendo, transformando tempo e espaço, navegando todos os<br />

sentidos [...]” (1994).<br />

“Para abordagem sistêmica ou teoria da complexidade, nada pode ser completamente compreendido<br />

isoladamente. Tudo deve ser estudado como parte de um sistema dinâmico e multi-estratificado. As<br />

relações são tudo. A atividade do sistema compreende a interação simultânea e interdependente de<br />

muitas partes componentes. A natureza do sistema é sempre maior que a mera soma de suas partes<br />

separadas. Nesse aspecto, a teoria dos sistemas vem romper com o paradigma mecanicista da ciência<br />

moderna que predominou até o final do século XX” ( José Claudio Rocha, Reinvenção Solidária e<br />

participativa da Universidade)<br />

Reconhecer a necessidade de <strong>uma</strong> profunda mudança de percepção e de pensamento para garantir a<br />

nossa sobrevivência. Para Capra (2003): “ nossos representantes no poder não só deixam de reconhecer<br />

como diferentes problemas estão interrelacionados, mas também se recusam a reconhecer como as suas<br />

soluções afetam as gerações futuras”<br />

Na sua origem, o termo complexo significa “aprender o que está tecido junto”, (MORIN, 2004). O<br />

conhecimento é visto como corpos hologramático: “[...] Cada ponto singular de um holograma contém a<br />

totalidade da informação do que representa, cada célula singular, cada indivíduo singular, contém de<br />

maneira “hologromática” o todo do qual faz parte e que ao mesmo tempo faz parte dele” (MORIN,<br />

2004, p. 38).<br />

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O novo paradigma (visão holística) concebe o mundo como um todo integrado, a<br />

interdependência entre todos os fenômenos, e o fato de que enquanto indivíduos e sociedade<br />

estamos todos incorporados nos processos cíclicos da natureza. Na teia da vida, as redes se<br />

organizam a partir do princípio da solidariedade social, compreendido como um processo de<br />

alteridade Onde um sujeito se nutre e se reconhece na ação do outro.<br />

Ponto de Mutação<br />

Ciência e Política em Ponto de Mutação<br />

(José Renato de Oliveira www.oolhodahistoria.ufba.br - Edição Nº 8)<br />

O encontro de três pessoas promove <strong>uma</strong> grande discussão em torno da vida, das condições físicas da<br />

Terra e da ecologia, das relações entre os homens de todo planeta e da mediação do conhecimento na<br />

sociedade. Uma física norueguesa, que desistiu de sua missão ao saber que esta poderia ser usada no<br />

projeto Guerra na Estrelas; um poeta que foge de Nova York, e da agitação da metrópole e do<br />

liberalismo selvagem ao entrar em crise e um político, candidato a presidência dos Estados Unidos,<br />

encontram-se no castelo de Mont Saint Michel, n<strong>uma</strong> pequena ilha do litoral francês. Apenas esses<br />

elementos compõem o filme Ponto de Mutação, baseado no livro The Turning Point, do físico austríaco<br />

Fritjof Capra. [...] O tema principal que trata a película: a necessidade de <strong>uma</strong> nova visão de mundo,<br />

diante de <strong>uma</strong> crise de percepção por qual passaria a h<strong>uma</strong>nidade. Para a cientista Sonia Hoffmann (Liv<br />

Ullmann), o pensamento de René Descartes, embora muito útil para a sociedade em que ele viveu, por<br />

se afastar do pensamento estritamente religioso medieval para explicar a natureza, muito atrapalha a<br />

sociedade atual. Descartes criou o pensamento mecanicista, tido como cartesiano, pelo seu nome em<br />

latim, cartesius. O pensamento cartesiano explicava a natureza como <strong>uma</strong> máquina que poderia ser<br />

desmontada para ser compreendida. Isaac Newton ainda teria contribuído no pensamento cartesiano<br />

quando formulou a três leis do movimento na física, que influenciou as artes, a política e toda a<br />

sociedade. Enxergar apenas as partes e não o todo, esse foi o erro que Descartes cometeu e que fez as<br />

nações tão interessadas apenas em suas próprias partes. O homem é <strong>uma</strong> ilha? Pergunta o poeta,<br />

Thomas Harrimann (John Heard). Claro que não! O homem precisa estar ligado em algo, precisa se<br />

relacionar em sociedade para sobreviver. A cientista norueguesa mostra através da física que apesar de<br />

todos nós não percebermos somos interligados por partículas subatômicas. Trocamos energia o tempo<br />

todo. Em termos de micro para o macro não há nada no universo em que não haja interligações ou<br />

interconexões. Porém vivemos atualmente <strong>uma</strong> crise de percepção de todas as coisas, pois normalmente<br />

a h<strong>uma</strong>nidade só pensa em seus problemas isolados e não conseguem perceber que tudo faz parte de um<br />

todo: o universo. Essas idéias são apenas suas? Pergunta o terceiro personagem, o político Jack Edwards<br />

(Sam Waterston), que apesar de ser bem sucedido acabara de perder as eleições para presidente dos<br />

EUA. Não, eu não sou louca. Responde a cientista completando alguns nomes de cientistas que também<br />

completam a teoria dos sistemas, como Prygogeno, Bateson e Maturama. A teoria dos sistemas tem a<br />

interdependência como um fato científico. Um sistema se mantém, se renova, se transcende sozinho. O<br />

sistema do universo é determinado por ele mesmo. A correlação de todos os elementos presentes no<br />

universo pode fazer com que ele se mantenha sozinho, sem intervenção alg<strong>uma</strong>. A essência da vida é a<br />

autoorganização., completa a cientista, concluindo o fato de que precisamos nos autoorganizar para<br />

saber utilizar todas as potencialidades do nosso sistema. Nossas casas estão cheias de peles mortas.<br />

repete o poeta a frase da cientista que soa como poesia. Ela, a frase, se refere a demonstração de que<br />

nosso próprio corpo se renova todos os dias e que boa parte da poeira que se varre n<strong>uma</strong> casa é<br />

composta por células epiteliais mortas. Isso tudo acontece sem que percebamos. Precisamos mudar<br />

nossa visão de mundo..A dinâmica evolutiva básica não é a adaptação, é a criatividade. Ao invés de<br />

acreditar num mundo onde todas as coisas são mecanicamente mutáveis, a cientista explica que há<br />

muito <strong>mais</strong> inteligência na natureza. Um campo de centeio que cresce n<strong>uma</strong> região em que chove todos<br />

os dias fica amarelo no verão, mas não deveriam. É como se lembrassem que surgiram no clima seco do<br />

sul da Ásia. Não evoluímos no planeta, mas com o planeta. Uma frase excelente para ser usada nos<br />

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discursos do político Jack diz muito <strong>mais</strong> do que se poderia imaginar. Os Estados Unidos são<br />

criticados por serem a nação <strong>mais</strong> rica do mundo, que utiliza 40% dos recursos mundiais com<br />

<strong>uma</strong> população que representa apenas 6% no mundo. Uma nação conhecida por ser a <strong>mais</strong><br />

feliz e pacífica é a maior consumista de drogas do mundo e tem <strong>uma</strong> das maiores taxas de<br />

suicídio também. Como explicar essas contradições? É a idéia de evolução, ela não ocorrerá<br />

isoladamente no planeta, mas com todos os povos que também é parte do próprio planeta. Por fim, o<br />

poema de Pablo Neruda representa <strong>uma</strong> metáfora sobre todo o dia em que os três personagens passaram<br />

juntos e sobre o que suas vidas representavam diante das idéias que se propuseram a pensar. O poema,<br />

algo também meio distante e às <strong>vez</strong>es incompreensível, também junta a teia de relações que é a<br />

h<strong>uma</strong>nidade. Diante das teorias frias e puras da cientista e das idéias práticas do político, a poesia<br />

recitada pelo poeta os faz calar e refletir sobre o que suas vidas têm feito nesse processo, sobre como<br />

eles têm contribuído com sua parte diante do todo. A razão do pensamento científico passa a fazer<br />

sentido no calor das palavras do poeta, ao aproximar-se da vida comum e rotineira das pessoas. Todo o<br />

discurso do filme é <strong>uma</strong> realidade ainda hoje. As pessoas estão acost<strong>uma</strong>das com a modernidade, com o<br />

neo-liberalismo, com o conforto e mergulhadas nos seus sentimentos nacionalistas. Recebem tudo<br />

pronto em suas mentes e mal podem pensar que todas as coisas criadas pelo homem podem e devem ser<br />

moldadas. Até a natureza parece agir baseada na lógica. Precisamos pensar com maior relatividade a<br />

mediação do conhecimento diante de todas as descobertas. que nos são impostas e modificam nosso<br />

modo de agir na sociedade, parte de <strong>uma</strong> nação, parte de um continente, interligado a um sistema maior,<br />

toda a h<strong>uma</strong>nidade.<br />

O que <strong>uma</strong> lagosta tece lá embaixo com seus pés dourados?<br />

Respondo que o oceano sabe.<br />

Por quem a medusa espera em sua veste transparente?<br />

Está esperando pelo tempo, como tu.<br />

Quem as algas apertam em teus braços? Perguntas <strong>mais</strong> firme que <strong>uma</strong> hora e um mar certos?<br />

Eu sei perguntas sobre a presa branca do narval e eu respondo contando como o unicórnio do mar, arpado, morre.<br />

Perguntas sobre as pl<strong>uma</strong>s do rei-pescador que vibram nas puras primaveras dos mares do sul.<br />

Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de jóias, é<br />

infinita como a areia incontável, pura; e o tempo, entre uvas cor de sangue tornou<br />

a pedra lisa encheu a água-viva de luz, desfez o seu nó, soltou seus fios musicais<br />

de <strong>uma</strong> cornicópia feita de infinita madrepérola.<br />

Sou só <strong>uma</strong> rede vazia diante dos olhos h<strong>uma</strong>nos na escuridão e de dedos<br />

habituados à longitude do tímido globo de <strong>uma</strong> laranja. Caminho como tu,<br />

investigando as estrelas sem fim e em minha rede, durante a noite, acordo nu. A<br />

única coisa capturada é um peixe dentro do vento.<br />

Tô (Tom Zé)<br />

“Eu tô te explicando pra te confundir,<br />

Eu tô te confundindo pra te esclarecer,<br />

Tô iluminado pra poder cegar,<br />

Tô ficando cego pra poder guiar.”<br />

Metarmofose Ambulante (Raul Seixas)<br />

“Prefiro ser<br />

Essa metamorfose ambulante<br />

Eu prefiro ser<br />

Essa metamorfose ambulante<br />

Do que ter aquela velha opinião<br />

Formada sobre tudo<br />

Do que ter aquela velha opinião<br />

Formada sobre tudo<br />

Eu quero dizer<br />

Agora, o oposto do que eu disse antes<br />

Eu prefiro ser<br />

Essa metamorfose ambulante”<br />

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(Pablo Neruda)


Conceito de Rizoma<br />

As propostas topológicas, descrições das condições discursivas, que Guattari e Deleuze<br />

propõem a partir dos conceptos de raiz, radícula e rizoma apresentam possibilidades<br />

interessantes ao embasamento epistemológico para análise de sistemas.<br />

A topologia da raiz alude a <strong>uma</strong> condição de totalitarismo, despotismo, que se exerce a partir da<br />

biunivocidade. "Isto quer dizer que este pensamento nunca compreendeu a multiplicidade: ele necessita<br />

de <strong>uma</strong> forte unidade principal, unidade que é suposta para chegar a duas, segundo um método<br />

espiritual." (DELEUZE e GUATTARI, 1980, p.13) É <strong>uma</strong> condição que estabelece a continuidade de<br />

um eixo-tronco ao que ramifica-se dicotomicamente a partir dele e, ao partir dele, a ele retorna em sua<br />

continuidade. É <strong>uma</strong> condição de rigidez teórica e circularidade argumentativa, em que tudo no fim das<br />

contas "é porque é" através do retorno ao poder do eixo principal que é exercido sobre suas<br />

ramificações. A dicotomia é o exercício do poder totalitário que divide o mundo em ramos binários: os<br />

loucos e os nor<strong>mais</strong>, os dominadores e os dominados, o bem e o mal, o certo e o errado, o zero e o um.<br />

O pensamento cristão, por exemplo, estrutura-se topologicamente de maneira binária, como <strong>uma</strong> raiz.<br />

De maneira próxima à raiz estaria a topologia da radícula, imagem da qual a modernidade se vale de<br />

bom grado. Um sistema fasciculado que visa aproximar-se da condição das multiplicidades, mas que<br />

não alcança nada além de um simulacro das mesmas. Quando se reduz <strong>uma</strong> multiplicidade a <strong>uma</strong><br />

estrutura rígida, compensa-se seu movimento ao reduzir as suas leis de funcionamento.<br />

Vale dizer que o sistema fasciculado não rompe verdadeiramente com o dualismo, com a<br />

complementaridade de um sujeito e de um objeto, de <strong>uma</strong> realidade natural e de <strong>uma</strong> realidade<br />

espiritual: a unidade não pára de ser contrariada e impedida no objeto, enquanto que um novo tipo de<br />

unidade triunfa no sujeito. O mundo perdeu seu pivô, o sujeito não pode nem mesmo fazer dicotomia,<br />

mas acende a <strong>uma</strong> <strong>mais</strong> alta unidade, de ambivalência ou de sobredeterminação, n<strong>uma</strong> dimensão sempre<br />

suplementar àquela de seu objeto." (DELEUZE e GUATTARI, 2004, p.14)<br />

A condição de sujeito-objeto seria, de fato, um enclausuramento na lógica dual à medida que estão são<br />

duas dimensões suplementares. Reconhece-se aí o caos no mundo, mas o que se produz é <strong>uma</strong> imagem<br />

desse mundo à parte de qualquer movimento, qualquer devir. Produz-se agora o caosmo-radícula ao<br />

invés do cosmo-raiz. Trata-se de <strong>uma</strong> função que repete-se na variável, ela por ela mesma em todas as<br />

ocasiões excluindo tudo que esteja à sua margem, a unidade se repete no múltiplo, trata-se de n=1.<br />

Os autores apresentam como seu próprio modelo <strong>uma</strong> anunciação da pós-modernidade, o concepto de<br />

rizoma, que dispõe-se a reconhecer as multiplicidades, os movimentos, os devires. A unidade estaria no<br />

múltiplo unicamente como <strong>uma</strong> subtração deste, como n-1. Ainda que possa arborificar-se em<br />

determinados momentos, o rizoma de forma alg<strong>uma</strong> é <strong>uma</strong> arborificação. O rizoma, distintamente das<br />

árvores e suas raízes, conecta-se de um ponto qualquer a um outro ponto qualquer, pondo em jogo<br />

regimes de signos muito diferentes, inclusive estados de não-signos. Não deriva-se de forma alg<strong>uma</strong> do<br />

Uno, nem ao Uno acrescenta-se de forma alg<strong>uma</strong> (n+1). Não constitui-se de unidades, e sim de<br />

dimensões. O rizoma é feito de linhas: tanto linhas de continuidade quanto linhas-de-fuga como<br />

dimensão máxima, segundo a qual, em seguindo-a, a multiplicidade metamorfoseia-se, mudando de<br />

natureza. O rizoma é o que já foi.<br />

"Não se deve confundir tais linhas ou lineamentos com linhagens de tipo arborescente, que são somente<br />

ligações localizáveis entre pontos e posições. (...) O rizoma se refere a um mapa que deve ser produzido,<br />

construído, sempre desmontável, conectável, reversível, modificável, com múltiplas entradas e saídas,<br />

com suas linhas de fuga. São os decalques que é preciso referir aos mapas e não o inverso."<br />

(DELEUZE e GUATTARI, 2004, p.32-33)- http://pt.wikipedia.org/wiki/Rizoma_(filosofia)<br />

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O que significa isso (Arnaldo Antunes)<br />

perguntou pro professor<br />

perguntou para o carteiro<br />

perguntou para o doutor<br />

perguntou pro mundo inteiro<br />

perguntou para a vizinha<br />

perguntou para o porteiro<br />

e quando ficou sozinha<br />

perguntou para o espelho<br />

o que signifinca isso?<br />

o que swingnifica isso?<br />

o que signifixa isso?<br />

o que swingnifica isso?<br />

o presidente preside<br />

o operário opera<br />

o médico medica<br />

o advogado advoga<br />

o cobrador cobra<br />

o procurador procura<br />

o motorista motora<br />

o costureiro costura<br />

o que signifinca isso?<br />

o que swingnifica isso?<br />

o que signifixa isso?<br />

o que swingnifica isso?<br />

Imagem (Arnaldo Antunes)<br />

“Palavra lê<br />

Paisagem contempla<br />

Cinema assiste<br />

Cena vê<br />

Cor enxerga<br />

Corpo observa<br />

Luz vislumbra<br />

Vulto avista<br />

Alvo mira<br />

Céu admira<br />

Célula examina<br />

Detalhe nota<br />

Imagem fita<br />

Olho olha”<br />

comentou com a sua mãe<br />

que comentou com a mãe<br />

da outra que contou para<br />

o seu pai que não sabia<br />

e perguntou pra sua tia<br />

o que signifinca isso?<br />

o que swingnifica isso?<br />

o que signifixa isso?<br />

o que swingnifica isso?<br />

o guarda guarda<br />

o jardineiro jardina<br />

o eletricista eletriza<br />

o faxineiro faxina<br />

o engenheiro engenha<br />

o músico musica<br />

o cozinheiro cozinha<br />

o economista economiza<br />

e o que signifinca isso?<br />

o que swingnifica isso?<br />

o que signifixa isso?<br />

o que swingnifica isso?<br />

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CEA DO 2º AO C – “DIGA ÃO A REPETIÇÃO, COHECIMETO É (RE)CRIAÇÃO”<br />

<strong>“A</strong> arte, enquanto recusa da reprodução mimética do mundo,<br />

é - e sempre tem sido – utópica” (Peter Kuon)<br />

A tarefa da turma C é dar corpo ao<br />

conhecimento, enquanto <strong>uma</strong> ação de criar. E<br />

criar é basicamente formar (Ostrower). Nessa<br />

ação, transformamos, configuramos o mundo e<br />

a nós mesmos.<br />

O novo paradigma pressupõe que a relação do<br />

organismo com o mundo se dá segundo um ato<br />

de interpelação e interpretação. Conhecer é<br />

configurar o mundo, é ensejá-lo ativamente.<br />

Assim, no lugar de conceber a atividade<br />

cognitiva como a apreensão de <strong>uma</strong> realidade<br />

pré-estabelecida [,,,] "Todo ato de conhecer traz<br />

um mundo às mãos" — "Todo fazer é conhecer,<br />

todo conhecer é fazer" (Maturana & Varela, 1990). Daí o ato de conhecer a realidade é já um ato de<br />

afirmação de si, de auto-criação. As mãos desenham a si próprias, assim como conheço o mundo que<br />

constituo, constituindo-me. A inspiração do artista serve agora de paradigma da realidade, pois ela se<br />

duplica em inspiração da ciência. Não se pode <strong>mais</strong> evitar a analogia com o trabalho do artista, pois só<br />

se conhece assim: em ato de criação — ato radical, porque nada preexiste a ele. (A UTOPIA DA<br />

POIESIS UNIVERSITÁRIA Antônio Botelho Andrade, Edson Pereira da Silva, Waldimir Pirró e<br />

Longo e Eduardo Passos.<br />

Em 1929, Carlos Marighella, então com 17 anos, desenvolveu em versos <strong>uma</strong> questão de Física<br />

proposta em <strong>uma</strong> prova do Ginásio da Bahia.<br />

“Doutor, a sério falo, me permita em versos rabiscar a prova escrita.<br />

Espelho é a superfície que produz, quando polida, a reflexão da luz.<br />

Há nos espelhos dois casos a considerar, quando a imagem se formar:<br />

Caso primeiro: um ponto é que se tem; ao segundo, um objeto é que convém.<br />

Seja a figura abaixo que se vê. O espelho seja a linha Beta-Cê.”<br />

“O ponto F um ponto dado seja.<br />

Como raio incidente, R se veja.<br />

O raio refletido vem depois<br />

E o raio luminoso ao ponto 2.<br />

Foi traçada em seguida <strong>uma</strong> normal,<br />

O ângulo 1 de incidência a r igual.<br />

o prolongamento, um luminoso raio<br />

Que o refletido encontra de soslaio.<br />

Dois triângulos então o espelho faz,<br />

Retângulos os dois, ambos iguais.<br />

Iguais porque um cateto têm comum,<br />

Dois ângulos iguais formando um”.<br />

A prova ficou exposta na escola até 1965, quando na sua tomada pelos militares.<br />

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“...nos ensinaram a isolar os objetos (de seu meio ambiente), a separar as disciplinas (em <strong>vez</strong><br />

de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em <strong>vez</strong> de reunir e integrar. Assim,<br />

obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é, a separar o que está ligado; a decompor,<br />

e não a recompor; e a eliminar tudo que causa desordens ou contradições em nosso<br />

entendimento... O pensamento que recorta, isola, permite que especialistas e experts tenham<br />

ótimo desempenho em seus compartimentos, e cooperem eficazmente nos setores não complexos de<br />

conhecimento, notadamente os que concernem ao funcionamento das máquinas artificiais; mas a lógica<br />

a que eles obedecem estende à sociedade e às relações h<strong>uma</strong>nas os constrangimentos e os mecanismos<br />

in<strong>uma</strong>nos da máquina artificial e sua visão determinista, mecanicista, quantitativa, formalista; e ignora,<br />

oculta ou dilui tudo que é subjetivo, afetivo, livre, criador.” (2003, p. 15)<br />

A irreverência não o deixava de ser considerado brilhante, inusitado e sendo assim, pelo<br />

sentimentalismo harmonizava o sentir, o pensar ,o falar e o agir diferenciando o conhecimento e<br />

extrapolando o academicismo. Além de revolucionar e revolucionar-se em sua busca de <strong>uma</strong> sociedade<br />

<strong>mais</strong> igualitária. Uma rebeldia brilhante, sensível e transformadora. Recusa-se a informação pura em si<br />

mesma, mas garante a ampliação dela para o conhecimento.<br />

O país de <strong>uma</strong> nota só (C. Marighella)<br />

Não pretendo nada,<br />

nem flores, louvores, triunfos.<br />

nada de nada.<br />

Somente um protesto,<br />

<strong>uma</strong> brecha no muro,<br />

e fazer ecoar,<br />

com voz surda que seja,<br />

e sem outro valor,<br />

o que se esconde no peito,<br />

no fundo da alma<br />

de milhões de sufocados.<br />

Algo por onde possa filtrar o pensamento,<br />

a idéia que puseram no cárcere.<br />

A passagem subiu,<br />

o leite acabou,<br />

a criança morreu,<br />

a carne sumiu,<br />

o IPM prendeu,<br />

o DOPS torturou,<br />

o deputado cedeu,<br />

a linha dura vetou,<br />

a censura proibiu,<br />

o governo entregou,<br />

o desemprego cresceu<br />

a carestia aumentou,<br />

o Nordeste encolheu,<br />

o país resvalou.<br />

Tudo dó,<br />

tudo dó,<br />

tudo dó...<br />

E em todo o país<br />

repercute o tom<br />

de <strong>uma</strong> nota só...<br />

de <strong>uma</strong> nota só...<br />

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