17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.333 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.333 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.333 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 / 99.<br />

Assiste razão ao INSS quanto aos juros de mora. A sentença foi prolatada em 15/07/2010, ou seja, já na vigência da Lei<br />

11.960/2009, de 30.06.2009. Assim, o recurso do INSS deve ser provido, n<strong>es</strong>te particular, para <strong>es</strong>tabelecer que, a partir da<br />

vigência da Lei 11.960/09, incidirá atualização exclusivamente na forma do art.1ºF da Lei 9494/97, com a redação que lhe<br />

foi dada pela Lei 11.960/2009.<br />

Sentença reformada de ofício, reconhecido o julgamento ex<strong>tr</strong>a-petita, para excluir da condenação o comando de aplicação<br />

da regra do art. 29 – II da Lei 8213 / 99. Recurso do INSS conhecido e parcialmente provido para <strong>es</strong>tabelecer que, a partir<br />

da vigência da Lei 11.960/09, incidirá atualização exclusivamente na forma do art.1º F da Lei 9494/97, com a redação que<br />

lhe foi dada pela Lei 11.960/2009. Sem custas e honorários (art. 55 da Lei 9.099/95).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, REFORMAR A SENTENÇA DE OFÍCIO, RECONHECENDO<br />

NULIDADE PARCIAL E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da ementa constante dos autos,<br />

que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

20 - 2008.50.50.002730-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo<br />

Marçal.) x IZABEL MARIA THOMAS STEINER (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. SOBRESTAMENTO DO<br />

FEITO INDEFERIDO. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº 8.213/91. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 119/124.<br />

Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo <strong>tr</strong>ibunal de origem que<br />

fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso <strong>es</strong>pecial eventualmente interposto: o<br />

procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos <strong>es</strong>peciais “modelo”, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para<br />

rem<strong>es</strong>sa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recurso<br />

repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia. Ademais, não existe previsão de recurso <strong>es</strong>pecial no microssistema dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformização<br />

pela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). M<strong>es</strong>mo n<strong>es</strong>ta última hipót<strong>es</strong>e, contudo, são os pedidos de uniformização idênticos<br />

que ficam sobr<strong>es</strong>tados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e<br />

9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.<br />

O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da Lei<br />

9.876 / 99, o período base a ser considerado para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o período<br />

imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipót<strong>es</strong>e do § 5º (ou seja, utilização, no período básico de<br />

cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido n<strong>es</strong>se<br />

período como salário de con<strong>tr</strong>ibuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção de<br />

benefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra no<br />

plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).<br />

A t<strong>es</strong>e do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caput<br />

da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foi<br />

revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong> ao<br />

do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não há<br />

fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.<br />

Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qual<br />

considera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviu<br />

de base para a conc<strong>es</strong>são do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais de<br />

atualização.<br />

Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede a<br />

revisão pleiteada.<br />

Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição<br />

<strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso<br />

concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete<br />

a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao<br />

princípio da hierarquia das leis”.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!