17.04.2013 Views

boletim tr/es 2010.333 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.333 - Justiça Federal

boletim tr/es 2010.333 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL<br />

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:<br />

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-17<br />

ADENILSON VIANA NERY-76<br />

ADMAR JOSE CORREA-70<br />

ADRIANA ZANDONADE-122<br />

ALEXANDRE MELO BRASIL-125<br />

ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-10, 126, 32, 36, 39, 42, 5, 88<br />

ALLAN ESCÓRCIO BARBOSA-91<br />

ALVARO JOSE GIMENES DE FARIA-97<br />

AMANTINO PEREIRA PAIVA-102<br />

ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-126, 128, 97<br />

ANA ELISA MOSCHEN-37<br />

ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO-3<br />

ANA MERCEDES MILANEZ-68<br />

ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-76, 77<br />

ANDRÉ DIAS IRIGON-89<br />

ANDRE FACHETTI LUSTOSA-98<br />

ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES-7, 90<br />

ANDREA M. SANTOS SANTANA-111, 127, 84<br />

ANTONIO DE OLIVEIRA NETO-75<br />

ANTÔNIO JUSTINO COSTA-13, 89<br />

ARMANDO VEIGA-115<br />

BRUNO ÁLVARES-118<br />

BRUNO MIRANDA COSTA-21, 22, 3, 40, 43, 88<br />

BRUNO SANTOS ARRIGONI-86, 94<br />

CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA-83<br />

CATARINE MULINARI NICO-37<br />

CHRISTINNE ABOUMRAD R. AGUIAR LEITE-73<br />

CLEBER ALVES TUMOLI-101, 110, 117, 119, 96, 99<br />

CLEBSON DA SILVEIRA-24, 45, 69, 7, 87, 9<br />

CRISTIANO TEIXEIRA PASSOS-100<br />

DANILO THEML CARAM-14<br />

EDGARD VALLE DE SOUZA-82<br />

EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA-78, 80, 81, 88<br />

ELINARA FERNANDES SOARES-66<br />

EMILIO LUIZ CANDIDO DA SILVA-100<br />

ERALDO AMORIM DA SILVA-4<br />

ERANDI BARBOSA DE CASTRO-95<br />

ERIKA SEIBEL PINTO-117<br />

ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-17, 74<br />

ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES-55<br />

EUSEBIO VIZEU ALEXANDRE FERREIRA-104<br />

EUSTACHIO DOMICIO L. RAMACCIOTTI-95<br />

EVA PIRES DUTRA-128<br />

FABIANO LARANJA RIBEIRO-109<br />

FREDERICO AUGUSTO MACHADO-24, 45, 46, 47, 48, 56, 59<br />

FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA-102<br />

FREDERICO LYRA CHAGAS-100, 107<br />

GILMAR ZUMAK PASSOS-104<br />

GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO-4<br />

GUSTAVO CABRAL VIEIRA-93<br />

GUSTAVO DE ALMEIDA RIBEIRO-78<br />

GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-11, 125<br />

GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-121


HÉLIO JOSÉ BIANCARDI OLIVEIRA-49<br />

HELTON TEIXEIRA RAMOS-116, 117, 119, 53<br />

HENRIQUE SOARES MACEDO-86, 94<br />

ISAAC PAVEZI PUTON-35<br />

Isabela Boechat B. B. de Oliveira-83, 90<br />

IZAEL DE MELLO REZENDE-68<br />

IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR-62, 8<br />

JADIR CID SIMOES-38<br />

JAIMILTON CHAVES DE SOUSA LUCAS-77<br />

JARDEL CIPRIANO RAMOS-74<br />

JOANA D'ARC BASTOS LEITE-73<br />

JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-15, 16, 27, 34, 38, 48, 70, 80, 91<br />

JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-121, 20, 26, 29, 30, 43, 44, 52, 54, 60<br />

JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR-83<br />

JOCIANI PEREIRA NEVES-9<br />

JOSE GERALDO NUNES FILHO-65<br />

JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-63, 72<br />

JOSÉ NASCIMENTO-79<br />

JULIA LYRIO PEREIRA-9<br />

KARIME SILVA SIVIERO-9<br />

Karina Rocha Mitleg Bayerl-10, 127, 128, 31, 6, 69, 80, 87<br />

KARLA AUER GUASTI-71<br />

KÉZIA NICOLINI-67<br />

LARA CHAGAS VAN DER PUT-9<br />

LEONARDO ALVES COLNAGO-25<br />

LEONARDO CARVALHO DA SILVA-123<br />

LEONARDO PIZZOL VINHA-1<br />

LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-95<br />

LIDIANE DA PENHA SEGAL-33<br />

LILIAN MAGESKI ALMEIDA-65<br />

LUCIANO ANTONIO FIOROT-103, 81<br />

LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO-126, 127<br />

LUCIANO PEREIRA CHAGAS-101, 118, 12<br />

LUIS FILIPE MARQUES PORTO SA PINTO-85<br />

Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-13<br />

LUIZ BERNARD SARDENBERG MOULIN-12<br />

LUIZ CLAUDIO SOBREIRA-100, 103, 106, 109, 116, 120, 99<br />

LUIZ HENRIQUE MIGUEL PAVAN-127<br />

MARCELA REIS SILVA-4, 62, 64, 66, 98<br />

MARCELE SILVEIRA VIDAL BALDANZA-5<br />

MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-16<br />

MARCELO MARTINS ALTOÉ-124<br />

MARCELO MATEDI ALVES-1, 95<br />

MARCIA RIBEIRO PAIVA-25, 26, 29, 36, 46, 54, 6, 65<br />

Marcos Figueredo Marçal-19, 20, 23, 33, 44, 75, 92<br />

MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-123<br />

MARIA DA CONCEICAO SARLO BORTOLINI-55<br />

MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-11, 114, 122, 19, 21, 22, 25, 27, 28, 50, 51, 57, 58, 61<br />

MARIA DE FATIMA MONTEIRO-83, 93<br />

maria eliana souza-70<br />

MARIA IVONETE RODRIGUES PEGO-41<br />

MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-68<br />

MARX LAYO KOGURE GANASIN-110<br />

MICHELA JACOMELI MARTINS-8<br />

MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES-65<br />

MICHELI JESUS VIEIRA DE MELO-61, 79


NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-94<br />

NAYARA GRACELLI-106<br />

NEUZA SCHULTHAIS ANDRADE-107<br />

NICOLE PORCARO BRASIL-125<br />

OSIAS ALVES PENHA-2<br />

OSWALDO HORTA AGUIRRE FILHO-112, 113<br />

PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA-118<br />

PAULO CÉSAR ANTUNES BARBOSA-105<br />

PAULO CESAR CAETANO-123<br />

PAULO ROBERTO MENDONCA FRANCA-107<br />

PEDRO INOCENCIO BINDA-67<br />

Ramon Ferreira de Almeida-123<br />

RENATA GÓES FURTADO-118<br />

RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-8<br />

RENATA STAUFFER DUARTE-107<br />

RENATO DEL SILVA AUGUSTO-120<br />

RENATO MIGUEL-105<br />

RENATO TOGNERE FERRON-99<br />

RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO-15<br />

RODRIGO BARBOSA DE BARROS-114, 124<br />

RODRIGO COSTA BUARQUE-18, 28, 94<br />

RODRIGO MIGUEL VERVLOET-107<br />

RODRIGO OTTONI M. AMARANTE-110<br />

RODRIGO SALES DOS SANTOS-120<br />

RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-82<br />

ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ-15<br />

ROGERIO SIMOES ALVES-116, 117, 119<br />

ROMULO BOTTECCHIA DA SILVA-34<br />

RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-9<br />

ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-30, 35, 37, 42, 50, 51, 68, 73<br />

SANSÃO SILVA BORGES-108<br />

SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-68<br />

SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-86<br />

SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS-67<br />

SEM ADVOGADO-101<br />

SERGIO PADILHA MACHADO-99<br />

SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS-52, 53, 55, 56, 57, 58<br />

SHIZUE SOUZA KITAGAWA-84<br />

SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-39, 47, 59, 60, 81<br />

SIMONE MALEK RODRIGUES PILON-96<br />

SIMONE SIQUEIRA MIGUEL FREITAS-41<br />

SIRO DA COSTA-64<br />

STEPHAN E. SCHNEEBELI-97<br />

SUELI DE PAULA FRANCA-107<br />

TAIS MARIA ZANONI-18<br />

TATIANA MARQUES FRANÇA-9<br />

TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-1<br />

THIAGO COSTA BOLZANI-94<br />

THYAGO BRITO DE MELLO-9<br />

TIBÉRIO VIANNA XAVIER-115, 41<br />

UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-49, 63, 71, 72<br />

UMBERTO PIZOLOTTO CASTANHO-99<br />

URBANO LEAL PEREIRA-79<br />

VALTEMIR DA SILVA-92<br />

VANDERLEI TOMAZ DE OLIVEIRA-10<br />

VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI-102, 72


VERA LUCIA FAVARES BORBA-9<br />

VERA LUCIA SAADE RIBEIRO-2<br />

VITOR SEABRA SEIXAS PINTO-124<br />

WAGNER DE FREITAS RAMOS-102, 108<br />

WEBER CAMPOS VITRAL-12<br />

WILLIAN PEREIRA PRUCOLI-40<br />

WILMA CHEQUER BOU-HABIB-97<br />

Expediente do dia<br />

29/11/2010<br />

1ª Turma Recursal<br />

JUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

DIRETOR(a) DE SECRETARIA AUGUSTO S. F. RANGEL<br />

Nro. Boletim 2010.000333<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

1 - 2007.50.50.004776-7/01 FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE<br />

FREITAS.) x LUIS CLAUDIO COAN (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.).<br />

2 - 2007.50.52.000451-8/01 FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.)<br />

x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: OSIAS ALVES PENHA.) x PAULO POSSMOSER.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

3 - 2008.50.50.005945-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA<br />

COSTA.) x MILTON NUNES NASCIMENTO (ADVOGADO: ANA MARIA DA ROCHA CARVALHO.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. AUTOR NÃO DEMONSTROU INÍCIO DE PROVA MATERIAL DA<br />

ATIVIDADE RURAL ANTERIOR À LEI 8.213/91. INAPLICABILIDADE DA TABELA TRANSITÓRIA DO ART. 142.<br />

DOCUMENTOS PRODUZIDOS ÀS VÉSPERAS DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. ATIVIDADE RURAL NÃO<br />

COMPROVADA NO PERÍODO DE CARÊNCIA NECESSÁRIO (15 ANOS). RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO<br />

PARA JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO DO AUTOR. AS VERBAS RECEBIDAS EM VIRTUDE DE ANTECIPAÇÃO<br />

DE TUTELA NÃO SERÃO DEVOLVIDAS AO INSS, EM RAZÃO DE SUA NATUREZA ALIMENTAR.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo conhecer e por maioria, DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da ementa que<br />

faz parte d<strong>es</strong>te julgado.<br />

4 - 2008.50.51.001113-0/01 MARIA DA PENHA VALADARES (ADVOGADO: GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO,<br />

ERALDO AMORIM DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS<br />

SILVA.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL. AUTORA DEMONSTROU INÍCIO DE PROVA MATERIAL DA ATIVIDADE<br />

RURAL ANTES DA LEI 8.213/91. PROVA TESTEMUNHAL CORROBOROU A PROVA DOCUMENTAL. APLICABILIDADE<br />

DA TABELA TRANSITÓRIA DO ART. 142. ATIVIDADE RURAL PODE SER DESCONTÍNUA. BENEFÍCIO É DEVIDO.<br />

RECURSO DA AUTORA CONHECIDO E PROVIDO PARA CONCEDER A APOSENTADORIA RURAL POR IDADE<br />

DESDE O REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO DO BENEFÍCIO (06.05.2008 – FL. 16), BEM COMO, PAGAR AS<br />

PARCELAS VENCIDAS, ACRESCIDAS DE CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE O MOMENTO EM QUE DEVERIAM TER<br />

SIDO PAGAS, CONFORME TABELA DO CJF, E JUROS DE MORA DE 1 % AO MÊS A CONTAR DA CITAÇÃO ATÉ A<br />

EDIÇÃO DA LEI 11960 / 2009, A PARTIR DE QUANDO DEVERÁ SER OBSERVADA SUA SISTEMÁTICA. SEM<br />

CONDENAÇÃO EM CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo conhecer e por maioria, DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela parte autora, nos termos da<br />

ementa que faz parte d<strong>es</strong>te julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS


91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL<br />

5 - 2007.50.50.007446-1/01 HILDO BARCELOS VIEIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELE SILVEIRA VIDAL BALDANZA.) x Juiz<br />

<strong>Federal</strong> do 2º Juizado Especial <strong>Federal</strong>.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

6 - 2008.50.50.005390-5/01 RAYMUNDO NATAL DA SILVA (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO<br />

NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO INEXISTENTE – EMBARGOS REJEITADOS.<br />

1. O acórdão embargado anulou a sentença de ofício, pelos seguint<strong>es</strong> fundamentos: “A ausência de fundamentação do<br />

laudo pericial é realçada diante dos exam<strong>es</strong> e laudos médicos juntados com a inicial, que indicam a existência de<br />

incapacidade (fls. 11 / 13, fls. 18 / 19, fls. 25 / 31). Além disso, o problema de pr<strong>es</strong>são arterial narrado na inicial sequer é<br />

mencionado pelo perito, que se r<strong>es</strong><strong>tr</strong>inge a mencionar a existência de lombalgia e cervicalgia. A nulidade do laudo<br />

contamina integralmente a sentença proferida às fls. 80 / 81, posto que a decisão condicionou a conc<strong>es</strong>são do benefício ao<br />

r<strong>es</strong>ultado do laudo pericial, sem acr<strong>es</strong>centar qualquer argumento que fosse capaz de, por si só, sustentar a improcedência<br />

do pedido formulado pelo autor”.<br />

2. O INSS interpôs embargos alegando omissão no acórdão embargado, que não analisou a suposta perda da qualidade de<br />

segurado do autor na data do ajuizamento da pr<strong>es</strong>ente demanda. A qualidade de segurado do autor deve ser aferida na<br />

data do início da incapacidade; como o laudo pericial foi anulado, não há como analisar <strong>es</strong>ta qu<strong>es</strong>tão ant<strong>es</strong> da realização de<br />

uma nova perícia judicial. Não há qualquer omissão a ser sanada.<br />

3. Embargos rejeitados. Sem custas e honorários advocatícios.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR os embargos de declaração, na forma da ementa que<br />

integra <strong>es</strong>te julgado.<br />

7 - 2007.50.50.001024-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.)<br />

x DOIR MARQUES MADEIRA (ADVOGADO: ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES.).<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – TAXA DE JUROS MORATÓRIOS – OMISSÃO – SENTENÇA PROLATADA APÓS AS<br />

MUDANÇAS DA LEI 11.960/2009 – EMBARGOS ACOLHIDOS.<br />

1. Embargos de declaração opostos pelo INSS con<strong>tr</strong>a acórdão proferido pela Turma Recursal dos Juizados Especiais<br />

Federais do Espírito Santo, que negou provimento ao recurso interposto pelo INSS e manteve a sentença. A sentença<br />

condenou o INSS à obrigação de converter as atividad<strong>es</strong> exercidas em caráter <strong>es</strong>pecial para comum nos períodos de<br />

04.02.1985 a 03.05.1993 (Chocolat<strong>es</strong> Vitória S/A) e 04.11.1993 a 07.08.1997 (Tristão – Companhia de Comércio Exterior) e<br />

concedeu aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ao autor.<br />

2. Sustenta o embargante a existência de omissão no julgado em relação à taxa de juros de mora devida, que na sentença<br />

foi fixada em 1%. Alega que incide na hipót<strong>es</strong>e dos autos a regra do art. 1º F da Lei 9494 / 97, com a redação que lhe foi<br />

dada pela Lei 11960 / 2009.<br />

3. Assiste razão ao embargante. A sentença foi prolatada em 03/08/2009, ou seja, n<strong>es</strong>ta data já <strong>es</strong>tava em vigor a Lei<br />

11.960/2009, de 30.06.2009; assim sendo, fixo o percentual de aplicação dos juros de mora, de 1% a contar da citação até<br />

29.06.2009 (data do advento da Lei 11.960/2009). Após <strong>es</strong>ta data, atualização na forma do art.1ºF da Lei 9494/97, com a<br />

redação que lhe foi dada pela Lei 11.960/2009.<br />

4. Embargos acolhidos, na forma do item anterior. Sem condenação em custas e honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo ACOLHER os embargos de declaração, na forma da ementa que<br />

integra <strong>es</strong>te julgado.<br />

8 - 2009.50.51.000427-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RENATA PEDRO DE<br />

MORAES SENTO-SÉ REIS.) x MYLSI QUINTEIRO DE FREITAS (ADVOGADO: MICHELA JACOMELI MARTINS, IZAIAS<br />

CORREA BARBOZA JUNIOR.).<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO INEXISTENTE – EMBARGOS REJEITADOS.<br />

1. O acórdão embargado – que deu parcial provimento ao recurso interposto pelo INSS apenas para fixar o termo inicial do<br />

benefício assistencial – enfrentou as razõ<strong>es</strong> recursais formuladas pelo INSS às fls. 139/164, conforme se depreende da<br />

ementa de fls. 173/174.<br />

2. A fundamentação dos embargos se limita a mencionar que o acórdão não enfrentou a qu<strong>es</strong>tão sob o prisma<br />

constitucional, não tendo se manif<strong>es</strong>tado acerca dos artigos 1º, 2º, 195, §5º e 203, V, e não foi <strong>es</strong>clarecido se foi afastada a<br />

aplicação do art. 20, §3º da Lei nº 8.742/93. Inexistência de qualquer omissão a ser sanada. A referência a dispositivos de


texto legal não é <strong>es</strong>sencial à caracterização da omissão se a fundamentação como um todo discute todos os pontos<br />

qu<strong>es</strong>tionados de fato e de direito.<br />

3. Ademais, a simpl<strong>es</strong> oposição de embargos declaratórios é suficiente para o prequ<strong>es</strong>tionamento da matéria. N<strong>es</strong>se<br />

sentido:<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. RENDA MENSAL INICIAL DE APOSENTADORIA POR<br />

INVALIDEZ PRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA. INCIDÊNCIA DO § 5º DO ART. 29 DA LEI Nº 8.213/91. OMISSÃO.<br />

AUSÊNCIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL PREQUESTIONADA PELA MERA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE<br />

DECLARAÇÃO (STJ:RESP. 383.492/MA). EMBARGOS REJEITADOS. 1. O acórdão decidiu a qu<strong>es</strong>tão de forma clara e<br />

bem fundamentada, adotando uma linha de raciocínio razoável e coerente. Assim, não vislumbro a ocorrência de qualquer<br />

dos vícios que possam dar ensejo à oposição de embargos de declaração, uma vez que o julgador não <strong>es</strong>tá obrigado a<br />

analisar cada um dos argumentos expendidos pelas part<strong>es</strong>, com o <strong>es</strong>pecífico fim de satisfazer ao prequ<strong>es</strong>tionamento. 2. O<br />

Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, pr<strong>es</strong>tigiando sua Súmula n. 356, firmou posição no sentido de considerar prequ<strong>es</strong>tionada a<br />

matéria constitucional objeto do recurso ex<strong>tr</strong>aordinário pela mera oposição de embargos declaratórios, ainda que o juízo a<br />

quo se recuse a suprir a omissão. (REsp 383.492-MA. Órgão Julgador: 2ª Turma. Relatora: Min. Eliana Calmon, julgado em<br />

11/02/2003). 3. Embargos de Declaração rejeitados. (TNU, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI<br />

FEDERAL 200663050009638, Relator JUIZ FEDERAL OTÁVIO HENRIQUE MARTINS PORT, Fonte DJ 08/01/2010).<br />

4. Embargos rejeitados. Sem custas e honorários advocatícios.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR os embargos de declaração, na forma da ementa que<br />

integra <strong>es</strong>te julgado.<br />

9 - 2008.50.50.007421-0/01 JANETE DA SILVA PIANCA (ADVOGADO: VERA LUCIA FAVARES BORBA, RONILCE<br />

ALESSANDRA AGUIEIRAS, JOCIANI PEREIRA NEVES, KARIME SILVA SIVIERO, THYAGO BRITO DE MELLO, JULIA<br />

LYRIO PEREIRA, LARA CHAGAS VAN DER PUT, TATIANA MARQUES FRANÇA.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE NO JULGADO –<br />

INCONFORMISMO – EMBARGOS REJEITADOS.<br />

1. O acórdão embargado manteve a sentença de improcedência de pedido de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.<br />

Sustenta a embargante que não foram avaliadas suas condiçõ<strong>es</strong> sociais. Requer manif<strong>es</strong>tação expr<strong>es</strong>sa acerca da violação<br />

aos arts. 1º, III, e 5º, LV da CF.<br />

2. A decisão embargada foi fundamentada nas provas colhidas nos autos, concluindo que “as alegaçõ<strong>es</strong> da autora, os<br />

laudos dos médicos assistent<strong>es</strong> e demais documentos juntados não são suficient<strong>es</strong> para afastar a conclusão do laudo<br />

pericial, que foi no sentido de que a autora, por ora, não faz jus aos benefícios previdenciários pleiteados”. Ademais,<br />

aspectos sociais (idade, ins<strong>tr</strong>ução,...) devem ser considerados quando alguma incapacidade foi detectada, e não no caso<br />

dos autos, em que a autora não foi considerada incapaz.<br />

3. Inexistência de qualquer omissão, obscuridade ou con<strong>tr</strong>adição a ser sanada. A via dos embargos não é adequada para a<br />

manif<strong>es</strong>tação de inconformismo com o que r<strong>es</strong>tou decidido pela Turma Recursal.<br />

4. De todo modo, a simpl<strong>es</strong> oposição de embargos declaratórios é suficiente para o prequ<strong>es</strong>tionamento da matéria. N<strong>es</strong>se<br />

sentido:<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. RENDA MENSAL INICIAL DE APOSENTADORIA POR<br />

INVALIDEZ PRECEDIDA DE AUXÍLIO-DOENÇA. INCIDÊNCIA DO § 5º DO ART. 29 DA LEI Nº 8.213/91. OMISSÃO.<br />

AUSÊNCIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL PREQUESTIONADA PELA MERA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE<br />

DECLARAÇÃO (STJ:RESP. 383.492/MA). EMBARGOS REJEITADOS. 1. O acórdão decidiu a qu<strong>es</strong>tão de forma clara e<br />

bem fundamentada, adotando uma linha de raciocínio razoável e coerente. Assim, não vislumbro a ocorrência de qualquer<br />

dos vícios que possam dar ensejo à oposição de embargos de declaração, uma vez que o julgador não <strong>es</strong>tá obrigado a<br />

analisar cada um dos argumentos expendidos pelas part<strong>es</strong>, com o <strong>es</strong>pecífico fim de satisfazer ao prequ<strong>es</strong>tionamento. 2. O<br />

Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, pr<strong>es</strong>tigiando sua Súmula n. 356, firmou posição no sentido de considerar prequ<strong>es</strong>tionada a<br />

matéria constitucional objeto do recurso ex<strong>tr</strong>aordinário pela mera oposição de embargos declaratórios, ainda que o juízo a<br />

quo se recuse a suprir a omissão. (REsp 383.492-MA. Órgão Julgador: 2ª Turma. Relatora: Min. Eliana Calmon, julgado em<br />

11/02/2003). 3. Embargos de Declaração rejeitados.<br />

5. Embargos rejeitados. Sem condenação em custas e honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR os embargos de declaração, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

10 - 2007.50.50.011718-6/01 ROSA MARIA DE MOURA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO, Karina Rocha<br />

Mitleg Bayerl.) x JOANA GONÇALVES DE CARVALHO (ADVOGADO: VANDERLEI TOMAZ DE OLIVEIRA.).<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE – ALEGAÇÃO DE<br />

NULIDADE QUE NÃO SE RECONHECE – EMBARGOS REJEITADOS.<br />

1. Insurge-se o embargante con<strong>tr</strong>a acórdão que manteve a sentença de improcedência de pedido de pensão por morte.


Alega que a Defensoria Pública da União não foi intimada p<strong>es</strong>soalmente para o julgamento do recurso inominado<br />

interposto, não tendo se manif<strong>es</strong>tado a Turma Recursal acerca da afronta aos artigos 5º, LXXIV e 134, ambos da CF.<br />

2. Nos termos da Portaria nº 03/2009 da Pr<strong>es</strong>idência da Turma Recursal do Espírito Santo, a intimação da pauta da s<strong>es</strong>são<br />

de julgamento será feita “somente pela imprensa oficial, salvo nos casos onde houver inter<strong>es</strong>se do Ministério Público<br />

<strong>Federal</strong>”.<br />

3. A Defensoria Pública da União alega nulidade do acórdão por ausência de intimação p<strong>es</strong>soal da pauta de julgamento. O<br />

art. 44 - I da LC 80/94, de fato, prevê a intimação p<strong>es</strong>soal como prerrogativa dos membros da Defensoria Pública.<br />

En<strong>tr</strong>etanto, a alegação de nulidade vem d<strong>es</strong>acompanhada de demons<strong>tr</strong>ação de prejuízo. Em princípio, a ausência de<br />

intimação não causa prejuízo porque a pr<strong>es</strong>ença do defensor na s<strong>es</strong>são de julgamento é d<strong>es</strong>tituída de sentido prático, uma<br />

vez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da turma recursal. Segundo art. 249, § 1º, do<br />

CPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.<br />

4. Inexistência de qualquer omissão, obscuridade ou con<strong>tr</strong>adição a ser sanada. A via dos embargos não é adequada para a<br />

manif<strong>es</strong>tação de inconformismo com o que r<strong>es</strong>tou decidido pela Turma Recursal. Nulidade alegada que não se reconhece.<br />

Embargos rejeitados.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo REJEITAR os embargos de declaração, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

91004 - RECURSO CIVEL / OUTROS<br />

11 - 2008.50.50.007372-2/01 ROGERIO MUNIZ CARVALHO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x<br />

UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.).<br />

EMENTA<br />

AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO A RECURSO<br />

INOMINADO CONTRA SENTENÇA QUE EXTINGUIU O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. AUSÊNCIA DE<br />

CABIMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO NÃO CONHECIDO.<br />

1. Agravo de ins<strong>tr</strong>umento interposto pela parte autora, con<strong>tr</strong>a decisão que negou seguimento a recurso inominado<br />

apr<strong>es</strong>entado em face de sentença que extinguiu o proc<strong>es</strong>so sem r<strong>es</strong>olução do mérito. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, o<br />

recorrente afirma que houve violação ao artigo 5º, XXXV, da Constituição <strong>Federal</strong>.<br />

2. Inicialmente, defiro o pedido de assistência judiciária gratuita, uma vez que o juízo de origem deixou de apreciar o pedido<br />

formulado d<strong>es</strong>de a inicial.<br />

3. A qu<strong>es</strong>tão de fundo versa sobre a recorribilidade das decisõ<strong>es</strong> terminativas na sistemática dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais. O art. 5º da Lei 10.259/2001 <strong>es</strong>tabelece que, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, além das medidas de<br />

urgência, somente se admite recurso de sentenças definitivas. A utilização da expr<strong>es</strong>são “sentença definitiva” levou parte da<br />

dou<strong>tr</strong>ina e da jurisprudência a considerar irrecorríveis as sentenças terminativas, por exclusão.<br />

4. A t<strong>es</strong>e da recorribilidade das sentenças terminativas nos juizados não merece prosperar se manejada com fundamento<br />

no princípio do duplo grau de jurisdição. A possibilidade de se rever decisõ<strong>es</strong> judiciais é objeto do tema da recorribilidade<br />

que, ante o princípio da taxatividade, define quais decisõ<strong>es</strong> admitem ou não interposição de recurso e, admitindo, qual a<br />

modalidade de recurso adequado, den<strong>tr</strong>o do sistema recursal. Via de regra, as decisõ<strong>es</strong> são recorríveis, em atenção aos<br />

princípios da ampla def<strong>es</strong>a e do devido proc<strong>es</strong>so legal. Contudo, o princípio do duplo grau de jurisdição obrigatório não<br />

constitui princípio constitucional explícito nem implícito. Assim r<strong>es</strong>tou reconhecido no STF quando do julgamento do RHC<br />

79785. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, por opção de política legislativa e a fim de efetivar celeridade e efetividade do proc<strong>es</strong>so, pode a lei<br />

limitar a interposição de recursos, criando a classe das decisõ<strong>es</strong> irrecorríveis. A efetividade que se <strong>es</strong>pera da pr<strong>es</strong>tação<br />

jurisdicional exige a celeridade dos procedimentos, incompatível com a revisibilidade de todas as decisõ<strong>es</strong> judiciais.<br />

5. O tema merece revisão, e ainda comporta discussõ<strong>es</strong>, em face da própria interpretação (sentido e alcance) que se<br />

pretende dar à expr<strong>es</strong>são “sentença definitiva”. Teria o legislador utilizado <strong>es</strong>sa expr<strong>es</strong>são em seu sentido técnico,<br />

proc<strong>es</strong>sual, mais r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ito, em oposição à sentença terminativa, ou, em sentido con<strong>tr</strong>ário, teria o legislador utilizado a<br />

expr<strong>es</strong>são em sentido mais amplo, não tão técnico à luz da teoria geral do proc<strong>es</strong>so, no sentido de decisõ<strong>es</strong> que definem o<br />

d<strong>es</strong>fecho do proc<strong>es</strong>so (abrangendo as sentenças definitivas propriamente ditas e as terminativas)?<br />

6. Seja qual for o posicionamento que se adote, o certo é que a qu<strong>es</strong>tão deve nec<strong>es</strong>sariamente ser manejada pela via do<br />

mandado de segurança, não cabendo a interposição de agravo de ins<strong>tr</strong>umento em face da decisão que negou seguimento<br />

a recurso inominado interposto con<strong>tr</strong>a sentença terminativa, por absoluta ausência de previsão legal (princípio da<br />

taxatividade). Não há como receber o agravo de ins<strong>tr</strong>umento e proc<strong>es</strong>sá-lo como mandado de segurança. Inaplicável o<br />

princípio da fungibilidade, pois não há fungibilidade recursal en<strong>tr</strong>e recurso e ação autônoma de impugnação.<br />

7. Recurso não conhecido. Sem custas. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em<br />

R$ 50,00 (cinqüenta reais), com observância à regra do art. 12, da Lei 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NÃO CONHECER o recurso, nos termos da ementa que integra <strong>es</strong>te julgado.<br />

12 - 2008.50.50.008271-1/01 ARTUR DA SILVA ALONSO (ADVOGADO: WEBER CAMPOS VITRAL, LUIZ BERNARD<br />

SARDENBERG MOULIN.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO PEREIRA CHAGAS.).<br />

EMENTA


AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO EM FACE DE DECISÃO QUE NEGOU SEGUIMENTO A RECURSO<br />

INOMINADO CONTRA SENTENÇA QUE EXTINGUIU O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. AUSÊNCIA DE<br />

CABIMENTO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO NÃO CONHECIDO.<br />

1. Agravo de ins<strong>tr</strong>umento interposto pela parte autora, con<strong>tr</strong>a decisão que negou seguimento a recurso inominado<br />

apr<strong>es</strong>entado em face de sentença que extinguiu o proc<strong>es</strong>so sem r<strong>es</strong>olução do mérito. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, o<br />

recorrente afirma que houve violação ao artigo 5º, XXXV, da Constituição <strong>Federal</strong>.<br />

2. Inicialmente, defiro o pedido de assistência judiciária gratuita, uma vez que o juízo de origem deixou de apreciar o pedido<br />

formulado d<strong>es</strong>de a inicial.<br />

3. A qu<strong>es</strong>tão de fundo versa sobre a recorribilidade das decisõ<strong>es</strong> terminativas na sistemática dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais. O art. 5º da Lei 10.259/2001 <strong>es</strong>tabelece que, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, além das medidas de<br />

urgência, somente se admite recurso de sentenças definitivas. A utilização da expr<strong>es</strong>são “sentença definitiva” levou parte da<br />

dou<strong>tr</strong>ina e da jurisprudência a considerar irrecorríveis as sentenças terminativas, por exclusão.<br />

4. A t<strong>es</strong>e da recorribilidade das sentenças terminativas nos juizados não merece prosperar se manejada com fundamento<br />

no princípio do duplo grau de jurisdição. A possibilidade de se rever decisõ<strong>es</strong> judiciais é objeto do tema da recorribilidade<br />

que, ante o princípio da taxatividade, define quais decisõ<strong>es</strong> admitem ou não interposição de recurso e, admitindo, qual a<br />

modalidade de recurso adequado, den<strong>tr</strong>o do sistema recursal. Via de regra, as decisõ<strong>es</strong> são recorríveis, em atenção aos<br />

princípios da ampla def<strong>es</strong>a e do devido proc<strong>es</strong>so legal. Contudo, o princípio do duplo grau de jurisdição obrigatório não<br />

constitui princípio constitucional explícito nem implícito. Assim r<strong>es</strong>tou reconhecido no STF quando do julgamento do RHC<br />

79785. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, por opção de política legislativa e a fim de efetivar celeridade e efetividade do proc<strong>es</strong>so, pode a lei<br />

limitar a interposição de recursos, criando a classe das decisõ<strong>es</strong> irrecorríveis. A efetividade que se <strong>es</strong>pera da pr<strong>es</strong>tação<br />

jurisdicional exige a celeridade dos procedimentos, incompatível com a revisibilidade de todas as decisõ<strong>es</strong> judiciais.<br />

5. O tema merece revisão, e ainda comporta discussõ<strong>es</strong>, em face da própria interpretação (sentido e alcance) que se<br />

pretende dar à expr<strong>es</strong>são “sentença definitiva”. Teria o legislador utilizado <strong>es</strong>sa expr<strong>es</strong>são em seu sentido técnico,<br />

proc<strong>es</strong>sual, mais r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ito, em oposição à sentença terminativa, ou, em sentido con<strong>tr</strong>ário, teria o legislador utilizado a<br />

expr<strong>es</strong>são em sentido mais amplo, não tão técnico à luz da teoria geral do proc<strong>es</strong>so, no sentido de decisõ<strong>es</strong> que definem o<br />

d<strong>es</strong>fecho do proc<strong>es</strong>so (abrangendo as sentenças definitivas propriamente ditas e as terminativas)?<br />

6. Seja qual for o posicionamento que se adote, o certo é que a qu<strong>es</strong>tão deve nec<strong>es</strong>sariamente ser manejada pela via do<br />

mandado de segurança, não cabendo a interposição de agravo de ins<strong>tr</strong>umento em face da decisão que negou seguimento<br />

a recurso inominado interposto con<strong>tr</strong>a sentença terminativa, por absoluta ausência de previsão legal (princípio da<br />

taxatividade). Não há como receber o agravo de ins<strong>tr</strong>umento e proc<strong>es</strong>sá-lo como mandado de segurança. Inaplicável o<br />

princípio da fungibilidade, pois não há fungibilidade recursal en<strong>tr</strong>e recurso e ação autônoma de impugnação.<br />

7. Recurso não conhecido. Sem custas. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em<br />

R$ 50,00 (cinqüenta reais), com observância à regra do art. 12, da Lei 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NÃO CONHECER o recurso, nos termos da ementa que integra <strong>es</strong>te julgado.<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

13 - 2008.50.51.000744-8/01 MARIA LENIR CARARI COGO (ADVOGADO: ANTÔNIO JUSTINO COSTA.) x INSTITUTO<br />

NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA, COM POSTERIOR CONVERSÃO EM<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA RECEBIDO POR MAIS DE TRÊS ANOS. LAUDO PERICIAL E<br />

LAUDOS PARTICULARES. CONDIÇÕES PESSOAIS DA AUTORA. INCAPACIDADE COMPROVADA. SENTENÇA<br />

REFORMADA. RECURSO PROVIDO.<br />

1. Recurso interposto pela parte autora con<strong>tr</strong>a sentença que julgou improcedent<strong>es</strong> os pedidos de auxílio-doença e<br />

aposentadoria por invalidez, com base na conclusão do laudo pericial. Sustenta a recorrente que há nos autos ou<strong>tr</strong>os laudos<br />

que at<strong>es</strong>tam sua incapacidade, não <strong>es</strong>tando o magis<strong>tr</strong>ado vinculado ao laudo produzido em juízo e que, em virtude da sua<br />

realidade sócio-cultural e impossibilidade de reabilitação profissional, faria jus aos benefícios em discussão. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong><br />

às fls. 110/112.<br />

2. O perito do juízo, às fls. 81/82, d<strong>es</strong>creveu que a autora é portadora de ar<strong>tr</strong>ose em coluna lombar e cervical, abaulamentos<br />

discais em coluna lombar e hipertensão arterial (qu<strong>es</strong>ito 4 do INSS), de forma irreversível. Concluiu não haver incapacidade<br />

para a atividade habitual (lavradora), considerando que a autora apr<strong>es</strong>enta “marcha atípica, ausência de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong> de<br />

movimentos de extensão e flexão de <strong>tr</strong>onco, lasegue duvidoso” (qu<strong>es</strong>ito 13 do INSS), e que, “se o paciente observar as<br />

recomendaçõ<strong>es</strong> médicas e fisioterápicas e não exercer atividad<strong>es</strong> além de sua capacidade física os riscos de agravamento<br />

são pequenos” (qu<strong>es</strong>ito 10 da autora).<br />

3. É certo que o juiz não fica ads<strong>tr</strong>ito às conclusõ<strong>es</strong> do laudo pericial. D<strong>es</strong>sa forma, no caso concreto, as alegaçõ<strong>es</strong> da<br />

autora e os documentos juntados são suficient<strong>es</strong> para afastar a conclusão do perito do Juízo, uma vez que os laudos<br />

particular<strong>es</strong>, expedidos em 2006, 2007, 2008 e 2009 (fls. 28/43 e 91/94), at<strong>es</strong>tam a nec<strong>es</strong>sidade da autora se afastar do


<strong>tr</strong>abalho, evitando a realização de <strong>es</strong>forço físico. Cumpre <strong>es</strong>clarecer, ainda, que o próprio laudo pericial produzido em juízo<br />

at<strong>es</strong>ta que não houve qualquer melhora no seu quadro clínico, e que se <strong>tr</strong>ata de enfermidade irreversível.<br />

4. Os ex<strong>tr</strong>atos de fls. 59/60 e 63 comprovam que a autora recebeu beneficio de auxílio-doença por mais de <strong>tr</strong>ês anos, nos<br />

períodos de 19.04.2002 a 31.05.2002, de 25.10.2004 a 10.01.2006 e de 08.03.2006 a 28.02.2008, o que demons<strong>tr</strong>a que o<br />

próprio INSS reconheceu a sua incapacidade para a atividade habitual. A recorrente, em decorrência de seus problemas de<br />

saúde, não tem condiçõ<strong>es</strong> de exercer a atividade de lavradora, pois, nec<strong>es</strong>sita carregar p<strong>es</strong>o e caminhar por longas<br />

distâncias, o que acaba por agravar o problema lombar e cervical. Ademais, a análise de ou<strong>tr</strong>os fator<strong>es</strong>, tais como a idade<br />

da autora (49 anos) e suas condiçõ<strong>es</strong> sócio-culturais, levam ao deferimento do benefício. Isto posto, entendo devido o<br />

pagamento de auxílio-doença d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação adminis<strong>tr</strong>ativa indevida (28.02.2008 – fl. 59) até 19.09.2008 (citação do<br />

INSS – fl. 79/verso).<br />

5. O benefício de aposentadoria por invalidez também é devido. Ao analisarmos as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da autora, como,<br />

idade (49 anos – fl. 14), natureza do <strong>tr</strong>abalho habitual (<strong>tr</strong>abalhadora rural), cujo d<strong>es</strong>empenho exige plenas condiçõ<strong>es</strong> físicas,<br />

natureza da doença que a acomete (degenerativa e irreversível – fl. 81), bem como o fato da recorrida possuir baixa<br />

<strong>es</strong>colaridade (4º série – fl. 19), r<strong>es</strong>ta incon<strong>tr</strong>oversa a dificuldade de colocação no mercado de <strong>tr</strong>abalho para o exercício de<br />

ou<strong>tr</strong>a atividade que lhe promova o sustento. Assim, conclui-se que os fatos supramencionados autorizam a conc<strong>es</strong>são de<br />

aposentadoria por invalidez. D<strong>es</strong>considerar as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da recorrida seria atentar con<strong>tr</strong>a os paradigmas<br />

axiológicos que norteiam o ordenamento jurídico, visto que, aplicar a lei não é somente subsumir a norma ao caso concreto,<br />

pelo con<strong>tr</strong>ário, é efetivar os princípios elencados na Carta Magna de 1988, sobretudo o postulado da <strong>Justiça</strong>. R<strong>es</strong>salta-se,<br />

ainda, que a recorrente recebeu benefício de auxílio-doença en<strong>tr</strong>e 19.04.2002 e 28.02.2008, sem qualquer melhora em seu<br />

quadro clínico, o que ratifica que a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez é devida, d<strong>es</strong>de a data da citação do INSS,<br />

r<strong>es</strong>salvando os termos do art. 47 da Lei 8.213/91.<br />

6. Recurso interposto pela autora conhecido e provido, para reformar a sentença e condenar o INSS a r<strong>es</strong>tabelecer o<br />

auxílio-doença d<strong>es</strong>de a data da indevida c<strong>es</strong>sação adminis<strong>tr</strong>ativa (28.02.2008 – fl. 59) até a citação da autarquia<br />

previdenciária (19.09.2008). A partir de 19.09.2008, o auxílio-doença deve ser convertido em aposentadoria por invalidez. O<br />

INSS deverá, ainda, pagar os a<strong>tr</strong>asados, acr<strong>es</strong>cidos de correção monetária, conforme tabela do CJF, e juros moratórios de<br />

1% ao mês a contar da citação até 29.06.2009 (data do advento da Lei 11960 / 2009). Após <strong>es</strong>sa data, atualização na forma<br />

do art. 1º F da Lei 9494 / 97, com a redação que lhe foi dada pela Lei 11960 /2009. Sem custas e honorários (art. 55 da Lei<br />

nº. 9.099/95).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo conhecer e DAR PROVIMENTO ao recurso interposto pela autora, nos termos da ementa – parte<br />

integrante d<strong>es</strong>te julgado.<br />

14 - 2008.50.50.005783-2/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: DANILO THEML CARAM.) x MARIA CLAUDIA DE GARCIA<br />

PAULA ALLEMAND.<br />

EMENTA<br />

SERVIDOR PÚBLICO. AUXÍLIO-CRECHE. NATUREZA INDENIZATÓRIA.<br />

1. Recurso interposto pela União <strong>Federal</strong> alegando, em sínt<strong>es</strong>e: (a) que a verba denominada auxílio-creche possui natureza<br />

remuneratória, incidindo sobre ela imposto de renda; (b) que caso seja mantida a sentença de procedência, sejam abatidas<br />

do valor a ser r<strong>es</strong>tituído as deduçõ<strong>es</strong> permitidas por lei sobre as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as com creche.<br />

2. Com relação à incidência de imposto de renda sobre as verbas con<strong>tr</strong>overtidas, a sentença merece ser mantida por seus<br />

próprios fundamentos, com base no art. 46 da Lei 9099 / 95. De fato, é pacífico no âmbito do STJ que as verbas recebidas<br />

pelo servidor a título de auxílio-creche possuem natureza indenizatória, pois se d<strong>es</strong>tinam a recompensar o servidor que teve<br />

gastos d<strong>es</strong>sa natureza em razão da ausência de cumprimento por parte do órgão público ou do empregador da obrigação<br />

legal de manter no <strong>es</strong>tabelecimento local próprio para <strong>es</strong>te fim. N<strong>es</strong>se sentido há decisõ<strong>es</strong> tanto da 1ª como da 2ª Turma do<br />

STJ – aquelas que formam a 1ª Seção e possuem competência em matéria <strong>tr</strong>ibutária. Veja-se o RESP 1.019.017, Rel. Min.<br />

Teori Albino Zavascki, DJE 29.04.2009 e o RESP 625506, Rel. Min. João Otávio Noronha, DJ 06.03.2007.<br />

3. Assentada a não incidência do imposto de renda sobre as verbas mencionadas pela autora na inicial, ou<strong>tr</strong>a qu<strong>es</strong>tão<br />

surge, veiculada nas razõ<strong>es</strong> recursais, referente à possibilidade de d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as com creche serem deduzidas da base de<br />

cálculo do imposto de renda por ocasião do ajuste anual. O raciocínio da União <strong>Federal</strong> é o seguinte: caso se entenda que<br />

os valor<strong>es</strong> recebidos a título de auxílio-creche são indenizatórios, e considerando que os gastos do con<strong>tr</strong>ibuinte com creche<br />

são dedutíveis do imposto de renda até determinado limite (R$ 2830,84 para o ano de 2010, conforme Lei 11482 / 2007),<br />

até <strong>es</strong>se limite não haveria como autorizar a r<strong>es</strong>tituição do imposto de renda ante a ausência de dano.<br />

4. A t<strong>es</strong>e da União <strong>Federal</strong> não merece ser acolhida. São duas coisas distintas: o fato de as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as com creche poderem<br />

ser abatidas na rubrica geral gastos com ins<strong>tr</strong>ução constitui fenômeno ligado à política <strong>tr</strong>ibutária de isençõ<strong>es</strong>, não<br />

interferindo na (in) existência ou não de relação jurídica <strong>tr</strong>ibutária que (não) permite a incidência de imposto de renda sobre<br />

as verbas denominadas auxílio-creche. Sendo as m<strong>es</strong>mas indenizatórias, não há alternativa que não a não incidência de<br />

imposto de renda. Não há como autorizar a compensação pretendida pela União <strong>Federal</strong> en<strong>tr</strong>e o imposto de renda a


<strong>es</strong>tituir e o montante que serviu de dedução no imposto de renda.<br />

5. Recurso conhecido e não provido.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos da ementa – parte integrante d<strong>es</strong>te<br />

julgado.<br />

15 - 2008.50.50.003885-0/01 GUIOMAR BONINO GASPARINI FRAGA (ADVOGADO: RICARDO LEAO DE CALAIS<br />

ROLDAO, ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO<br />

CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE PENSÃO POR MORTE DERIVADA DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.<br />

DECADÊNCIA DO DIREITO À REVISÃO DO BENEFÍCIO ORIGINÁRIO (ATO CONCESSÓRIO ANTERIOR A 28/06/1997 E<br />

AJUIZAMENTO POSTERIOR A 01/08/2007). CONDENAÇÃO LIMITADA ÀS PARCELAS REFERENTES AO BENEFÍCIO<br />

DERIVADO. DIB DO BENEFÍCIO ORIGINÁRIO COMPREENDIDA NO PERÍODO DE 21/06/1977 A 04/10/1988. REVISÃO<br />

PELA OTN/ORTN. RECURSO DA PARTE AUTORA PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. Recurso inominado interposto pela parte autora con<strong>tr</strong>a sentença que reconheceu a decadência (art. 103 da Lei 8.213/91)<br />

do direito à revisão de renda mensal inicial de benefício previdenciário, mediante aplicação da variação nominal OTN/ORTN<br />

aos 24 primeiros salários de con<strong>tr</strong>ibuição, anterior<strong>es</strong> aos 12 últimos. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 87/95.<br />

2. A Turma Regional de Uniformização, em s<strong>es</strong>são realizada em 29.06.2009, apreciou a matéria em exame e editou o<br />

enunciado nº 8 de sua súmula, nos seguint<strong>es</strong> termos: Em 01.08.2007 operou-se a decadência das açõ<strong>es</strong> que visem à<br />

revisão de ato conc<strong>es</strong>sório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº<br />

1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91. Precedente: proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.000808-0.<br />

3. N<strong>es</strong>te sentido, verifica-se a decadência do direito do titular do benefício originário (Jocelyn ferreira Fraga) de rever o ato<br />

de conc<strong>es</strong>são de sua aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição com DIB em 03.02.1986 (fl. 51), uma vez que não houve o<br />

exercício do direito de ação no prazo de dez anos, a contar da edição da Medida Provisória 1523, de 27 de junho de 1997.<br />

4. Assentadas <strong>es</strong>tas premissas, ou<strong>tr</strong>a qu<strong>es</strong>tão que se abre é a verificação da decadência para revisão de atos de<br />

conc<strong>es</strong>são de benefícios derivados como, por exemplo, da pensão por morte concedida em decorrência de falecimento de<br />

segurado em gozo de aposentadoria. Entendo que o reconhecimento da decadência do direito do titular do benefício<br />

originário revisar o seu ato de conc<strong>es</strong>são não pode prejudicar terceiros, por isso que não implica a decadência do direito do<br />

titular do benefício derivado de rever seu próprio ato de conc<strong>es</strong>são, ainda que pelo recálculo do ato de conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício originário. A inércia do titular do primeiro benefício não pode prejudicar o exercício do direito de revisão do titular<br />

de benefício derivado. Seria, até m<strong>es</strong>mo, absurdo, o entendimento con<strong>tr</strong>ário, uma vez que implicaria reconhecer que o<br />

titular do benefício derivado sofreu efeitos da decadência ant<strong>es</strong> m<strong>es</strong>mo de seu direito nascer. Não pode o titular do direito<br />

sofrer os efeitos do tempo ant<strong>es</strong> m<strong>es</strong>mo do nascimento do seu direito. Os efeitos financeiros, contudo, serão somente os<br />

decorrent<strong>es</strong> das diferenças devidas em razão da revisão do ato de conc<strong>es</strong>são do benefício derivado.<br />

5. No pr<strong>es</strong>ente caso, a pensão por morte da autora foi concedida em 25.03.2004 (fl. 50), sujeitando-se, portanto, ao prazo<br />

decadencial de dez anos fixado pela Lei 10.839/2004 (de 06.02.2004), vigente à data da conc<strong>es</strong>são. Assim, considerando<br />

que a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada em 09.07.2008, não ocorreu a decadência do direito da autora de revisar seu benefício de<br />

pensão por morte.<br />

6. O cálculo da revisão do benefício originário, en<strong>tr</strong>etanto, deve servir apenas como ins<strong>tr</strong>umento para calcular-se<br />

corretamente a RMI do benefício derivado, deixando de gerar qualquer efeito pa<strong>tr</strong>imonial em relação ao primeiro benefício<br />

(diferenças devidas em relação ao benefício originário).<br />

7. A revisão do benefício de pensão por morte deve ser calculada com base no valor da aposentadoria que o segurado<br />

instituidor receberia na data de seu falecimento (art. 75 da Lei 8213 / 91), considerando-se a revisão do benefício originário.<br />

8. O titular do benefício derivado somente tem direito às diferenças relativas ao seu próprio benefício, ainda que tenham por<br />

fundamento a alteração da RMI do benefício originário; <strong>es</strong>ta alteração, contudo, far-se-á somente para apurar diferenças no<br />

benefício derivado.<br />

9. A parte autora pleiteou a revisão da RMI do benefício de pensão por morte mediante a aplicação da variação nominal da<br />

OTN/ORTN, a fim de corrigir monetariamente os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição do PBC do benefício originário. Para que a autora<br />

faça jus à revisão, é nec<strong>es</strong>sário que o benefício originário seja aposentadoria por tempo de serviço, aposentadoria por idade<br />

ou aposentadoria <strong>es</strong>pecial, devendo ainda a DIB do benefício <strong>es</strong>tar compreendida no período de 21 de junho de 1977, data<br />

da publicação da Lei n.º 6.423 (assinada em 17 de junho de 1977), a 04 de outubro de 1988, data que antecede a<br />

promulgação da Constituição <strong>Federal</strong> (05/10/1988).<br />

10. No caso dos autos, verifica-se que o benefício de aposentadoria por tempo de serviço, que antecedeu a pensão por<br />

morte, teve início em 03/02/1986 (fl. 51), fazendo a recorrente jus a tal revisão.<br />

11. Os documentos acostados aos autos, apr<strong>es</strong>entados pela parte autora e pelo INSS, todavia, não são suficient<strong>es</strong> para<br />

realização do cálculo da revisão, uma vez que não se pr<strong>es</strong>tam a demons<strong>tr</strong>ar todos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que<br />

integraram o período básico de cálculo. D<strong>es</strong>se modo, “aplica-se subsidiariamente a Tabela de Cálculos de Santa Catarina<br />

aos pedidos de revisão de RMI - OTN/ORTN, na atualização dos salários de con<strong>tr</strong>ibuição” (Súmula 38 da Turma Nacional<br />

de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais).


12. Recurso conhecido e parcialmente provido, para, em que p<strong>es</strong>e a decadência do direito de rever o ato de conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício originário, julgar procedente o pedido de revisão do benefício de pensão por morte da parte autora, mediante a<br />

revisão do benefício originário pela variação nominal da OTN/ORTN, mediante arbi<strong>tr</strong>amento, com base na tabela de<br />

cálculos de Santa Catarina. A nova renda mensal inicial do benefício de pensão por morte deverá ser calculada com base<br />

no valor da aposentadoria que o segurado instituidor receberia na data de seu falecimento (art. 75 da Lei 8213 / 91), após a<br />

revisão pela OTN/ORTN. Condeno o INSS, ainda, ao pagamento das diferenças relativas ao benefício de pensão por morte,<br />

observada a pr<strong>es</strong>crição qüinqüenal, com correção monetária e juros de mora de 1 % ao mês a contar da citação até a<br />

edição da Lei 11960 / 2009, a partir de quando deverá ser observada sua sistemática. Sem condenação em custas e<br />

honorários (art. 55 da Lei 9.099/95).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO da<br />

parte autora, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

16 - 2008.50.50.007158-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE<br />

GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x VANDER LUCAS DOS SANTOS (ADVOGADO: MARCELO CARVALHINHO<br />

VIEIRA.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. RMI. DECADÊNCIA CONFIGURADA. RECURSO INTERPOSTO PELO INSS PROVIDO.<br />

1. Recurso inominado con<strong>tr</strong>a sentença que julgou procedente o pedido de revisão de aposentadoria por invalidez, mediante<br />

a revisão de auxílio-doença anterior, pela variação do IRSM de fevereiro de 1994. O INSS sustenta a decadência do direito<br />

da parte autora à revisão da RMI do benefício, nos termos do art. 103 da Lei 8213 / 91 e do Enunciado 63 das Turmas<br />

Recursais do Rio de Janeiro. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 109/111.<br />

2. A Turma Regional de Uniformização, em s<strong>es</strong>são realizada em 29.06.2009, editou o enunciado nº 8 de sua súmula, nos<br />

seguint<strong>es</strong> termos: “Em 01.08.2007 operou-se a decadência das açõ<strong>es</strong> que visem à revisão de ato conc<strong>es</strong>sório de benefício<br />

previdenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da<br />

Lei nº 8.213/91”. Precedente: proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.000808-0.<br />

3. No caso dos autos, todovia, o benefício foi deferido após 28.06.1997, não se aplicando o enunciado acima <strong>tr</strong>anscrito, mas<br />

sim o disposto no art. 103 da Lei 8213 / 91, que <strong>es</strong>tipula em dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou<br />

ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de conc<strong>es</strong>são de benefício, a contar do dia primeiro do mês<br />

seguinte ao do recebimento da primeira pr<strong>es</strong>tação.<br />

4. O recorrido busca a revisão da RMI de benefício deferido em 26.11.1997 (fl. 15), e ajuizou a pr<strong>es</strong>ente ação em<br />

19.11.2008 – portanto, depois do <strong>tr</strong>anscurso do prazo decadencial de 10 anos, com observância ao disposto no art. 103 da<br />

Lei 8213/91. Decadência configurada.<br />

5. Recurso provido. Extinção do feito com r<strong>es</strong>olução do mérito, na forma do art. 269, IV do CPC. Sem condenação em<br />

custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei 9099 / 95).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos da ementa que integra<br />

o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

17 - 2010.50.53.000004-1/01 ORLANDA OVERNEI (ADVOGADO: ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO<br />

NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. RMI. DECADÊNCIA CONFIGURADA. RECURSO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA<br />

NÃO PROVIDO.<br />

1. Recurso inominado interposto pela parte autora con<strong>tr</strong>a sentença que reconheceu a decadência de direito à revisão de<br />

renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 103 da Lei 8213 / 91.<br />

2. A Turma Regional de Uniformização, em s<strong>es</strong>são realizada em 29.06.2009, apreciou a matéria em exame e editou o<br />

enunciado nº 8 de sua súmula, nos seguint<strong>es</strong> termos: Em 01.08.2007 operou-se a decadência das açõ<strong>es</strong> que visem à<br />

revisão de ato conc<strong>es</strong>sório de benefício previdenciário instituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº<br />

1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº 8.213/91. Precedente: proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.000808-0.<br />

3. No caso dos autos, a parte autora busca a revisão de RMI de benefício concedido em 15.11.1996, mas só veio a ajuizar<br />

a pr<strong>es</strong>ente ação em 07.01.2010, configurando-se a decadência.<br />

4. Recurso não provido. Condenação da parte recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em R$ 50,00,<br />

com fundamento no art. 20 §4º – CPC c / c art. 55 da Lei 9099 / 95, observando-se o disposto no art. 12 da Lei 1060 / 50.<br />

Sem custas (art. 4º II – Lei 9289 / 96).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso, nos termos da ementa que<br />

integra o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

18 - 2008.50.50.006592-0/01 JACIMARA NASCIMENTO (ADVOGADO: TAIS MARIA ZANONI.) x INSTITUTO NACIONAL<br />

DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).<br />

EMENTA


PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. PEDIDO DE<br />

SOBRESTAMENTO DO PROCESSO INDEFERIDO. BENEFICIO COM DIB ANTERIOR A 29/11/99. RECURSO DA<br />

PARTE AUTORA CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

revisão do benefício na forma do art. 29, §5º, da Lei 8.213/91. Em suas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, o INSS requer, preliminarmente, a<br />

suspensão do proc<strong>es</strong>so até o julgamento da petição 7114-RJ, em cujo rosto o STJ deferiu o sobr<strong>es</strong>tamento dos proc<strong>es</strong>sos<br />

nos quais tenha sido <strong>es</strong>tabelecida a con<strong>tr</strong>ovérsia acerca da aplicação do art. 29 §5º da Lei 8.213/91.<br />

2. Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo <strong>tr</strong>ibunal de origem<br />

que fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso <strong>es</strong>pecial eventualmente interposto:<br />

o procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos <strong>es</strong>peciais “modelo”, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para<br />

rem<strong>es</strong>sa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recurso<br />

repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia. Ademais, não existe previsão de recurso <strong>es</strong>pecial no microssistema dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ após o julgamento do pedido de uniformização<br />

pela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). M<strong>es</strong>mo n<strong>es</strong>ta última hipót<strong>es</strong>e, contudo, são os pedidos de uniformização idênticos<br />

que ficam sobr<strong>es</strong>tados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e<br />

9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.<br />

3. O recurso não merece ser provido. A redação original do caput do art. 29 limitava o período básico de cálculo para a<br />

aposentadoria por invalidez aos m<strong>es</strong><strong>es</strong> anterior<strong>es</strong> ao afastamento do <strong>tr</strong>abalho (e, pelo óbvio, no caso de prévio recebimento<br />

de auxílio – doença, ambos teriam m<strong>es</strong>mo período básico de cálculo). O § 5º permite que o período de gozo de auxílio –<br />

doença anterior (e seu r<strong>es</strong>pectivo salário de benefício) seja computado como salário de con<strong>tr</strong>ibuição da aposentadoria por<br />

invalidez.<br />

4. O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da<br />

Lei 9.876 / 99, o período base a ser considerado para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o<br />

período imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipót<strong>es</strong>e do § 5º (ou seja, utilização, no período básico<br />

de cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido n<strong>es</strong>se<br />

período como salário de con<strong>tr</strong>ibuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção de<br />

benefícios por incapacidade intercalados com retorno à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra no<br />

plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).<br />

5. A t<strong>es</strong>e do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29<br />

caput da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º<br />

foi revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong><br />

ao do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não há<br />

fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.<br />

6. Assim, considerando que o benefício da parte autora (DIB 01/08/1997) foi concedido ant<strong>es</strong> da alteração determinada pela<br />

Lei 9876 / 99, bem como que não houve percepção de benefícios por incapacidade intercalados com retornos à atividade<br />

(fls. 30/ 32), não assiste razão ao recorrente.<br />

7. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º - II, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em R$ 50,00 (cinquenta reais, ficando sua execução suspensa, na forma do art. 12 da Lei<br />

1.060/50).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso da parte autora, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

19 - 2008.50.50.003573-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo<br />

Marçal.) x OIRAM DA FONSECA LAMAS (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DECORRENTE DE CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA.<br />

NULIDADE RECONHECIDA DE OFÍCIO: SENTENÇA EXTRA-PETITA NA PARTE EM QUE DETERMINOU A APLICAÇÃO<br />

DA REGRA DO ART. 29 – II DA LEI 8213 / 91, COM AFASTAMENTO DA REGRA DO ART. 32 § 20 DO DECRETO 3048 /<br />

99, TENDO EM VISTA QUE O PEDIDO DO AUTOR SE LIMITOU À CONTROVÉRSIA SOBRE A APLICAÇÃO DA REGRA<br />

DO ART. 29 § 5º DA LEI 8213 / 91. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99.<br />

JUROS DE MORA. ART. 1º. – F DA LEI 9.994/97, COM A REDAÇÃO DA LEI 11.960/09. RECURSO CONHECIDO E<br />

PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a Lei 9.876/99, considerando-se, como<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei 8.213 / 91. O


INSS requereu a reforma da sentença e, ainda, (1) a suspensão do proc<strong>es</strong>so até o julgamento da petição 7114-RJ, em cujo<br />

rosto o STJ deferiu o sobr<strong>es</strong>tamento dos proc<strong>es</strong>sos nos quais tenha sido <strong>es</strong>tabelecida a con<strong>tr</strong>ovérsia acerca da aplicação<br />

do art. 29 §5º da Lei 8.213/91 e (2) a aplicação da Lei 11.960/2009, a partir de sua vigência. Em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, a parte<br />

autora requereu o sobr<strong>es</strong>tamento do feito até o julgamento final do RE 583.834.<br />

Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que fica<br />

suspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso ex<strong>tr</strong>aordinário<br />

eventualmente interposto: o procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos ex<strong>tr</strong>aordinários “modelo”, den<strong>tr</strong>e<br />

ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para rem<strong>es</strong>sa ao STF, e o sobr<strong>es</strong>tamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao<br />

julgamento do mérito do recurso repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia.<br />

Indefiro, também, a suspensão do feito requerido pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo <strong>tr</strong>ibunal de origem que fica<br />

suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso <strong>es</strong>pecial eventualmente interposto: o<br />

procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos <strong>es</strong>peciais “modelo”, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para<br />

rem<strong>es</strong>sa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recurso<br />

repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia. Ademais, não existe previsão de recurso <strong>es</strong>pecial no microssistema dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformização<br />

pela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). M<strong>es</strong>mo n<strong>es</strong>ta última hipót<strong>es</strong>e, contudo, são os pedidos de uniformização idênticos<br />

que ficam sobr<strong>es</strong>tados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e<br />

9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.<br />

Pela leitura da inicial depreende-se que a qu<strong>es</strong>tão con<strong>tr</strong>overtida se refere, única e exclusivamente, à aplicação da regra do<br />

§ 5º do art. 29 da Lei 8213 / 99, ou seja, em casos de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez decorrent<strong>es</strong> de conversão<br />

de auxílio-doença, se no cálculo da RMI daquele devem ser considerados como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição o<br />

salário-de-benefício d<strong>es</strong>te. Agora, qual a definição do salário-de-benefício, se a média aritmética simpl<strong>es</strong> dos maior<strong>es</strong><br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> a oitenta por cento de todo o período con<strong>tr</strong>ibutivo (art. 29 – II da Lei 8213 / 99) ou<br />

a soma dos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dividido pelo número de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> apurado para o caso de contar o segurado com<br />

menos de cento e quarenta e qua<strong>tr</strong>o con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais no período con<strong>tr</strong>ibutivo, <strong>tr</strong>ata-se de qu<strong>es</strong>tão <strong>es</strong><strong>tr</strong>anha ao objeto<br />

da lide e não passível de r<strong>es</strong>olução na sentença por ausência de pedido expr<strong>es</strong>so, con<strong>tr</strong>aditório e ampla def<strong>es</strong>a sobre o<br />

ponto. Por conseguinte, o tópico da sentença em que se determina a aplicação da regra do art. 29 – II da Lei 8213 / 91 com<br />

a redação dada pela Lei 9876 / 99 e não a regra do art. 32 § 20 do Decreto 3048 / 99 com a redação dada pelo Decreto<br />

5545 / 2005, ao fundamento de ter <strong>es</strong>te ex<strong>tr</strong>apolado os limit<strong>es</strong> do poder regulamentar, <strong>es</strong>tá nitidamente em d<strong>es</strong>compasso<br />

com os limit<strong>es</strong> objetivos da lide. N<strong>es</strong>se sentido, ocorreu julgamento ex<strong>tr</strong>a-petita.<br />

A redação original do caput do art. 29 limitava o período básico de cálculo para a aposentadoria por invalidez aos m<strong>es</strong><strong>es</strong><br />

anterior<strong>es</strong> ao afastamento do <strong>tr</strong>abalho (e, pelo óbvio, no caso de prévio recebimento de auxílio – doença, ambos teriam<br />

m<strong>es</strong>mo período básico de cálculo). O § 5º permite que o período de gozo de auxílio – doença anterior (e seu r<strong>es</strong>pectivo<br />

salário de benefício) seja computado como salário de con<strong>tr</strong>ibuição da aposentadoria por invalidez.<br />

O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da Lei<br />

9.876 / 99, o período base a ser considerado para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o período<br />

imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipót<strong>es</strong>e do § 5º (ou seja, utilização, no período básico de<br />

cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido n<strong>es</strong>se<br />

período como salário de con<strong>tr</strong>ibuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção de<br />

benefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra no<br />

plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).<br />

A t<strong>es</strong>e do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caput<br />

da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foi<br />

revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong> ao<br />

do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não há<br />

fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.<br />

Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qual<br />

considera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviu<br />

de base para a conc<strong>es</strong>são do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais de<br />

atualização.<br />

Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede a<br />

revisão pleiteada.<br />

Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição<br />

<strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso<br />

concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete<br />

a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao<br />

princípio da hierarquia das leis”.<br />

As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /<br />

RS cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação do §5º. em<br />

consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se assemelha ao


caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 / 99.<br />

Assiste razão ao INSS quanto aos juros de mora. A sentença foi prolatada em 15/07/2010, ou seja, já na vigência da Lei<br />

11.960/2009, de 30.06.2009. Assim, o recurso do INSS deve ser provido, n<strong>es</strong>te particular, para <strong>es</strong>tabelecer que, a partir da<br />

vigência da Lei 11.960/09, incidirá atualização exclusivamente na forma do art.1ºF da Lei 9494/97, com a redação que lhe<br />

foi dada pela Lei 11.960/2009.<br />

Sentença reformada de ofício, reconhecido o julgamento ex<strong>tr</strong>a-petita, para excluir da condenação o comando de aplicação<br />

da regra do art. 29 – II da Lei 8213 / 99. Recurso do INSS conhecido e parcialmente provido para <strong>es</strong>tabelecer que, a partir<br />

da vigência da Lei 11.960/09, incidirá atualização exclusivamente na forma do art.1º F da Lei 9494/97, com a redação que<br />

lhe foi dada pela Lei 11.960/2009. Sem custas e honorários (art. 55 da Lei 9.099/95).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, REFORMAR A SENTENÇA DE OFÍCIO, RECONHECENDO<br />

NULIDADE PARCIAL E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da ementa constante dos autos,<br />

que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

20 - 2008.50.50.002730-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo<br />

Marçal.) x IZABEL MARIA THOMAS STEINER (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. SOBRESTAMENTO DO<br />

FEITO INDEFERIDO. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº 8.213/91. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 119/124.<br />

Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo <strong>tr</strong>ibunal de origem que<br />

fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso <strong>es</strong>pecial eventualmente interposto: o<br />

procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos <strong>es</strong>peciais “modelo”, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para<br />

rem<strong>es</strong>sa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recurso<br />

repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia. Ademais, não existe previsão de recurso <strong>es</strong>pecial no microssistema dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformização<br />

pela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). M<strong>es</strong>mo n<strong>es</strong>ta última hipót<strong>es</strong>e, contudo, são os pedidos de uniformização idênticos<br />

que ficam sobr<strong>es</strong>tados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e<br />

9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.<br />

O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da Lei<br />

9.876 / 99, o período base a ser considerado para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o período<br />

imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipót<strong>es</strong>e do § 5º (ou seja, utilização, no período básico de<br />

cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido n<strong>es</strong>se<br />

período como salário de con<strong>tr</strong>ibuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção de<br />

benefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra no<br />

plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).<br />

A t<strong>es</strong>e do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caput<br />

da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foi<br />

revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong> ao<br />

do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não há<br />

fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.<br />

Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qual<br />

considera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviu<br />

de base para a conc<strong>es</strong>são do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais de<br />

atualização.<br />

Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede a<br />

revisão pleiteada.<br />

Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição<br />

<strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso<br />

concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete<br />

a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao<br />

princípio da hierarquia das leis”.


As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /<br />

99.<br />

Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

21 - 2008.50.50.006305-4/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA<br />

COSTA.) x JOSEMAR LIRIO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB<br />

POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº. 8.213/91. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 78/91, em que a parte autora requereu o sobr<strong>es</strong>tamento do feito até o<br />

julgamento final do RE 583.834.<br />

Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que fica<br />

suspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso ex<strong>tr</strong>aordinário<br />

eventualmente interposto: o procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos ex<strong>tr</strong>aordinários “modelo”, den<strong>tr</strong>e<br />

ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para rem<strong>es</strong>sa ao STF, e o sobr<strong>es</strong>tamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao<br />

julgamento do mérito do recurso repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia.<br />

O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da Lei<br />

9.876 / 99, o período base a ser considerado para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o período<br />

imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipót<strong>es</strong>e do § 5º (ou seja, utilização, no período básico de<br />

cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido n<strong>es</strong>se<br />

período como salário de con<strong>tr</strong>ibuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção de<br />

benefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra no<br />

plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).<br />

A t<strong>es</strong>e do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caput<br />

da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foi<br />

revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong> ao<br />

do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não há<br />

fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.<br />

Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qual<br />

considera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviu<br />

de base para a conc<strong>es</strong>são do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais de<br />

atualização.<br />

Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede a<br />

revisão pleiteada.<br />

Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição<br />

<strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso<br />

concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete<br />

a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao<br />

princípio da hierarquia das leis”.<br />

As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /<br />

99.<br />

Regis<strong>tr</strong>o, por fim, que a sentença já r<strong>es</strong>salvou a pr<strong>es</strong>crição qüinqüenal.


Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

22 - 2008.50.50.003605-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA<br />

COSTA.) x JOAO GUELLER ZANELATTO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB<br />

POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº 8.213/91. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 87/100, requerendo o sobr<strong>es</strong>tamento do feito até o julgamento final do RE<br />

583.834.<br />

Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que fica<br />

suspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso ex<strong>tr</strong>aordinário<br />

eventualmente interposto: o procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos ex<strong>tr</strong>aordinários “modelo”, den<strong>tr</strong>e<br />

ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para rem<strong>es</strong>sa ao STF, e o sobr<strong>es</strong>tamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao<br />

julgamento do mérito do recurso repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia.<br />

O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da Lei<br />

9.876 / 99, o período base a ser considerado para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o período<br />

imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipót<strong>es</strong>e do § 5º (ou seja, utilização, no período básico de<br />

cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido n<strong>es</strong>se<br />

período como salário de con<strong>tr</strong>ibuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção de<br />

benefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra no<br />

plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).<br />

A t<strong>es</strong>e do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caput<br />

da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foi<br />

revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong> ao<br />

do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não há<br />

fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.<br />

Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qual<br />

considera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviu<br />

de base para a conc<strong>es</strong>são do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais de<br />

atualização.<br />

Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede a<br />

revisão pleiteada.<br />

Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição<br />

<strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso<br />

concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete<br />

a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao<br />

princípio da hierarquia das leis”.<br />

As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /<br />

99.<br />

Regis<strong>tr</strong>o, por fim, que a sentença já r<strong>es</strong>salvou a pr<strong>es</strong>crição qüinqüenal.<br />

Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação, art. 55 da Lei 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

23 - 2007.50.50.010639-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo<br />

Marçal.) x CELINA SILVA AUER.<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PEDIDO DE SOBRESTAMENTO DO PROCESSO<br />

INDEFERIDO. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO<br />

CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº 8.213/91. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo <strong>tr</strong>ibunal de origem que<br />

fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso <strong>es</strong>pecial eventualmente interposto: o<br />

procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos <strong>es</strong>peciais “modelo”, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para<br />

rem<strong>es</strong>sa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recurso<br />

repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia. Ademais, não existe previsão de recurso <strong>es</strong>pecial no microssistema dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformização<br />

pela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). M<strong>es</strong>mo n<strong>es</strong>ta última hipót<strong>es</strong>e, contudo, são os pedidos de uniformização idênticos<br />

que ficam sobr<strong>es</strong>tados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e<br />

9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.<br />

O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da Lei<br />

9.876 / 99, o período base a ser considerado para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o período<br />

imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipót<strong>es</strong>e do § 5º (ou seja, utilização, no período básico de<br />

cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido n<strong>es</strong>se<br />

período como salário de con<strong>tr</strong>ibuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção de<br />

benefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra no<br />

plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).<br />

A t<strong>es</strong>e do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caput<br />

da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foi<br />

revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong> ao<br />

do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não há<br />

fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.<br />

Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qual<br />

considera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviu<br />

de base para a conc<strong>es</strong>são do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais de<br />

atualização.<br />

Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede a<br />

revisão pleiteada.<br />

Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição<br />

<strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso<br />

concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete<br />

a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao<br />

princípio da hierarquia das leis”.<br />

As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /<br />

99.<br />

Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, uma<br />

vez que a recorrida não <strong>es</strong>tá assistida por advogado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da


ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

24 - 2007.50.50.009324-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA<br />

SILVEIRA.) x NIRCA PEREIRA DE OLIVEIRA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SOBRESTAMENTO DO FEITO INDEFERIDO. ART. 29, §<br />

5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº 8.213/91. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 86/87.<br />

Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo <strong>tr</strong>ibunal de origem que<br />

fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso <strong>es</strong>pecial eventualmente interposto: o<br />

procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos <strong>es</strong>peciais “modelo”, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para<br />

rem<strong>es</strong>sa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recurso<br />

repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia. Ademais, não existe previsão de recurso <strong>es</strong>pecial no microssistema dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformização<br />

pela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). M<strong>es</strong>mo n<strong>es</strong>ta última hipót<strong>es</strong>e, contudo, são os pedidos de uniformização idênticos<br />

que ficam sobr<strong>es</strong>tados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e<br />

9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.<br />

O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da Lei<br />

9.876 / 99, o período base a ser considerado para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o período<br />

imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipót<strong>es</strong>e do § 5º (ou seja, utilização, no período básico de<br />

cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido n<strong>es</strong>se<br />

período como salário de con<strong>tr</strong>ibuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção de<br />

benefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra no<br />

plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).<br />

A t<strong>es</strong>e do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caput<br />

da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foi<br />

revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong> ao<br />

do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não há<br />

fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.<br />

Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qual<br />

considera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviu<br />

de base para a conc<strong>es</strong>são do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais de<br />

atualização.<br />

Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede a<br />

revisão pleiteada.<br />

Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição<br />

<strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso<br />

concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete<br />

a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao<br />

princípio da hierarquia das leis”.<br />

As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /<br />

99.<br />

Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação, na forma do art. 55 da Lei 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

25 - 2008.50.50.003619-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO


PAIVA.) x VERA LUCIA MATHIAS FRAGA (ADVOGADO: LEONARDO ALVES COLNAGO, MARIA DE FÁTIMA<br />

DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB<br />

POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº 8.213/91. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 92/99, em que a parte autora requereu o sobr<strong>es</strong>tamento do feito até o<br />

julgamento final do RE 583.834.<br />

Indefiro, inicialmente, o requerimento da recorrida. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que fica<br />

suspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso ex<strong>tr</strong>aordinário<br />

eventualmente interposto: o procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos ex<strong>tr</strong>aordinários “modelo”, den<strong>tr</strong>e<br />

ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para rem<strong>es</strong>sa ao STF, e o sobr<strong>es</strong>tamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao<br />

julgamento do mérito do recurso repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia.<br />

O § 5º deve ser interpretado em consonância com o caput do artigo 29. Assim, para os benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da Lei<br />

9.876 / 99, o período base a ser considerado para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez será, via de regra, o período<br />

imediatamente anterior ao do afastamento (art. 29 caput). A hipót<strong>es</strong>e do § 5º (ou seja, utilização, no período básico de<br />

cálculo, do salário de benefício que serviu de base para o cálculo da RMI do benefício por incapacidade recebido n<strong>es</strong>se<br />

período como salário de con<strong>tr</strong>ibuição para o cálculo da RMI da aposentadoria) somente se aplica se houve percepção de<br />

benefício por incapacidade intercalados com retornos à atividade. Isto se percebe facilmente no emprego da palavra no<br />

plural (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade,...”).<br />

A t<strong>es</strong>e do autor somente tem aplicabilidade para aposentadorias por invalidez concedidas após a alteração do art. 29 caput<br />

da Lei 8213 / 91 pela Lei 9876 / 99. De fato, após a alteração, o único dispositivo que limitava a abrangência do § 5º foi<br />

revogado. O art. 29 caput atual não fala mais em “últimos salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong> ao<br />

do afastamento da atividade” para cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por invalidez. Assim, não há<br />

fundamento legal para a limitação imposta à abrangência do § 5º.<br />

Revela-se, portanto, ilegal a forma de cálculo adotada pelo INSS, com base no art. 36, § 7º, do Decreto 3048 / 99, pela qual<br />

considera-se somente como RMI da aposentadoria por invalidez o equivalente a 100 % do salário-de-benefício que serviu<br />

de base para a conc<strong>es</strong>são do auxílio doença recebido anteriormente, após atualização monetária pelos critérios gerais de<br />

atualização.<br />

Assim, considerando que o benefício do autor foi concedido após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99, procede a<br />

revisão pleiteada.<br />

Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição<br />

<strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso<br />

concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete<br />

a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentadora. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao<br />

princípio da hierarquia das leis”.<br />

As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG e 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez do autor foi concedida já sob a égide da Lei 9.876 /<br />

99.<br />

Regis<strong>tr</strong>o, por fim, que a sentença já r<strong>es</strong>salvou a pr<strong>es</strong>crição qüinqüenal.<br />

Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei 9.099/95).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

26 - 2007.50.50.002329-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO<br />

PAIVA.) x JOSEMAR COSME COSTA DO ESPIRITO SANTO (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON<br />

HOLLIDAY.).<br />

EMENTA


PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. SOBRESTAMENTO DO<br />

FEITO INDEFERIDO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. FALTA DE INTERESSE RECURSAL. BENEFICIO COM DIB<br />

POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS<br />

FUNDAMENTOS.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº. 8.213/91.<br />

2. Indefiro, inicialmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo <strong>tr</strong>ibunal de origem<br />

que fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso <strong>es</strong>pecial eventualmente interposto:<br />

o procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos <strong>es</strong>peciais “modelo”, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para<br />

rem<strong>es</strong>sa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recurso<br />

repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia. Ademais, não existe previsão de recurso <strong>es</strong>pecial no microssistema dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformização<br />

pela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). M<strong>es</strong>mo n<strong>es</strong>ta última hipót<strong>es</strong>e, contudo, são os pedidos de uniformização idênticos<br />

que ficam sobr<strong>es</strong>tados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e<br />

9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.<br />

3. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei<br />

8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o caráter<br />

con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial), <strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,<br />

visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também não<br />

implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar<br />

critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarreta<br />

majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuração<br />

da RMI ao comando legal em vigor.<br />

4. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao princípio<br />

da hierarquia das leis”.<br />

5. As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autor foi concedida já sob a égide da Lei<br />

9.876 / 99.<br />

6. Quanto ao pedido de reconhecimento da pr<strong>es</strong>crição, verifico a ausência de inter<strong>es</strong>se recursal, uma vez que a sentença já<br />

r<strong>es</strong>salvou a pr<strong>es</strong>crição quinquenal.<br />

7. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso do INSS, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

27 - 2008.50.50.003818-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE<br />

GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ROGERIO FRANCISCO ALVES (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA<br />

DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. SOBRESTAMENTO DO<br />

FEITO INDEFERIDO. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido,<br />

condenando o recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei<br />

9876 / 99, considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do<br />

art. 29, § 5º da Lei nº. 8.213/91. Em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, requer a parte autora o sobr<strong>es</strong>tamento do feito até o julgamento final do<br />

RE 583.834.


2. Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que<br />

fica suspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso ex<strong>tr</strong>aordinário<br />

eventualmente interposto: o procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos ex<strong>tr</strong>aordinários “modelo”, den<strong>tr</strong>e<br />

ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para rem<strong>es</strong>sa ao STF, e o sobr<strong>es</strong>tamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao<br />

julgamento do mérito do recurso repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia.<br />

3. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei<br />

8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o caráter<br />

con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial), <strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,<br />

visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também não<br />

implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar<br />

critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarreta<br />

majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuração<br />

da RMI ao comando legal em vigor.<br />

4. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao princípio<br />

da hierarquia das leis”.<br />

5. As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autora foi concedida já sob a égide da Lei<br />

9.876 / 99.<br />

6. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, art. 55 da Lei 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso do INSS, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

28 - 2008.50.50.003626-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA<br />

BUARQUE.) x JOAO ANTONIO DE SOUZA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. SOBRESTAMENTO DO<br />

FEITO INDEFERIDO. BENEFICIO COM DIB POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido,<br />

condenando o recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei<br />

9876 / 99, considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do<br />

art. 29, § 5º da Lei nº. 8.213/91. O INSS requer ainda a suspensão do proc<strong>es</strong>so até o julgamento da petição 7114-RJ, em<br />

cujo rosto o STJ deferiu o sobr<strong>es</strong>tamento dos proc<strong>es</strong>sos nos quais tenha sido <strong>es</strong>tabelecida a con<strong>tr</strong>ovérsia acerca da<br />

aplicação do art. 29 §5º da Lei 8.213/91. Em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, requer a parte autora o sobr<strong>es</strong>tamento do feito até o julgamento<br />

final do RC 583.834-0.<br />

2. Indefiro, inicialmente, o requerimento do recorrido. Não é o julgamento do recurso inominado pela Turma Recursal que<br />

fica suspenso na sistemática da repercussão geral (art. 543-B do CPC), mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso ex<strong>tr</strong>aordinário<br />

eventualmente interposto: o procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos ex<strong>tr</strong>aordinários “modelo”, den<strong>tr</strong>e<br />

ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para rem<strong>es</strong>sa ao STF, e o sobr<strong>es</strong>tamento dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao<br />

julgamento do mérito do recurso repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia.<br />

3. Indefiro, igualmente, a suspensão do feito requerida pelo INSS. Não é o julgamento do recurso pelo <strong>tr</strong>ibunal de origem<br />

que fica suspenso na sistemática do art. 543-C do CPC, mas sim a rem<strong>es</strong>sa do recurso <strong>es</strong>pecial eventualmente interposto:<br />

o procedimento compreende a <strong>es</strong>colha de alguns recursos <strong>es</strong>peciais “modelo”, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os repetitivos e conexos, para<br />

rem<strong>es</strong>sa ao STJ, e a suspensão dos demais, cuja apreciação fica condicionada ao julgamento do mérito do recurso<br />

repr<strong>es</strong>entativo da con<strong>tr</strong>ovérsia. Ademais, não existe previsão de recurso <strong>es</strong>pecial no microssistema dos juizados <strong>es</strong>peciais<br />

federais, cabendo, tão-somente, incidente de uniformização dirigido ao STJ, após o julgamento do pedido de uniformização<br />

pela TNU (art. 14, §4º da Lei 10.259/01). M<strong>es</strong>mo n<strong>es</strong>ta última hipót<strong>es</strong>e, contudo, são os pedidos de uniformização idênticos<br />

que ficam sobr<strong>es</strong>tados na Turma Recursal de origem, aguardando o julgamento do incidente dirigido ao STJ (art. 14, §§ 6 e<br />

9 da Lei 10.259/01), não havendo que se falar em suspensão do julgamento do recurso inominado.


4. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei<br />

8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o caráter<br />

con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial), <strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,<br />

visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também não<br />

implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar<br />

critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarreta<br />

majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuração<br />

da RMI ao comando legal em vigor.<br />

5. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao princípio<br />

da hierarquia das leis”.<br />

6. As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autora foi concedida já sob a égide da Lei<br />

9.876 / 99.<br />

7. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em 10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, art. 55 da Lei 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso do INSS, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

29 - 2007.50.50.006729-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO<br />

PAIVA.) x ANTONIO MIRANDA SIMOES (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB<br />

POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS<br />

FUNDAMENTOS.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº. 8.213/91.<br />

2. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei<br />

8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o caráter<br />

con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial), <strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,<br />

visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também não<br />

implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar<br />

critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarreta<br />

majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuração<br />

da RMI ao comando legal em vigor.<br />

3. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao princípio<br />

da hierarquia das leis”.<br />

4. As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autor foi concedida já sob a égide da Lei<br />

9.876 / 99.<br />

5. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

30 - 2007.50.50.000787-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO<br />

DA SILVA.) x NILO DARE RIQUIERE (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. RMI. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 29, § 5º DA LEI Nº. 8.213/91. BENEFICIO COM DIB<br />

POSTERIOR A 29/11/99. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS<br />

FUNDAMENTOS.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido, condenando o<br />

recorrente a revisar a RMI de aposentadoria por invalidez concedida após a alteração determinada pela Lei 9876 / 99,<br />

considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, §<br />

5º da Lei nº. 8.213/91.<br />

2. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (Lei 9099 / 95 – art. 46). Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei<br />

8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à Previdência Social (seletividade, o caráter<br />

con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial), <strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CF/88,<br />

visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de benefícios. O acolhimento do pedido também não<br />

implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar<br />

critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao caso concreto. Ademais, sequer acarreta<br />

majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas reflete a adequação do critério de apuração<br />

da RMI ao comando legal em vigor.<br />

3. A TNU, no julgamento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal referente ao proc<strong>es</strong>so nº.<br />

2007.51.51.00.2296-4 (julgado em 21/11/2008), entendeu “não ter o decreto o poder de inovar no ordenamento jurídico, de<br />

forma que, produzindo tal efeito no artigo 36, § 7º, o Decreto n.º. 3.048/99 ex<strong>tr</strong>apolou, n<strong>es</strong>se ponto, sua função<br />

regulamentar. De fato, analisando detidamente os dispositivos pertinent<strong>es</strong>, percebe-se a existência de afronta ao princípio<br />

da hierarquia das leis”.<br />

4. As decisõ<strong>es</strong> proferidas pelo STJ no julgamento dos recursos <strong>es</strong>peciais de nº.1.017.520 / SC, 1.036.044 / MG, 1.016.678 /<br />

RS e 994.732 / SP cuidam de benefícios concedidos ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº. 9.876/99, referindo-se, portanto, à aplicação<br />

do §5º. em consonância com a redação original do caput do art. 29 da Lei nº. 8.213 / 91. Sua hipót<strong>es</strong>e, portanto, não se<br />

assemelha ao caso em tela, uma vez que a aposentadoria por invalidez da parte autor foi concedida já sob a égide da Lei<br />

9.876 / 99.<br />

5. Recurso conhecido e não provido. Sem custas (art. 4º-I, Lei 9.289/96). Condenação do recorrente ao pagamento de<br />

honorários advocatícios fixados em dez por cento sobre o valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL<br />

31 - 2009.50.50.002642-6/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) KELLY MOREIRA OKAMOTO REBECCHI (DEF.PUB: Karina<br />

Rocha Mitleg Bayerl.) x ESTADO DO ESPIRITO SANTO x MUNICÍPIO DA SERRA x Juizo <strong>Federal</strong> do 1º Juizado Especial<br />

<strong>Federal</strong> Do E.S. E OUTRO.<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.002642-6/01<br />

V O T O<br />

Trata-se de Mandado de Segurança impe<strong>tr</strong>ado por Kelly Moreira Okamoto Rebecchi con<strong>tr</strong>a ato jurisdicional da Juíza<br />

<strong>Federal</strong> do 1º Juizado Especial <strong>Federal</strong> do Espírito Santo que, entendendo pela ilegitimidade passiva da União <strong>Federal</strong> nas<br />

açõ<strong>es</strong> de fornecimento de medicamento e de <strong>tr</strong>atamento médico pelo SUS, declinou da competência e determinou a<br />

rem<strong>es</strong>sa dos autos a regular dis<strong>tr</strong>ibuição junto às Varas Cíveis da Comarca com abrangência sobre o Município onde a


autora tem r<strong>es</strong>idência, e con<strong>tr</strong>a a União <strong>Federal</strong>, o Estado do Espírito Santo e o Município da Serra. Requer a impe<strong>tr</strong>ante a<br />

conc<strong>es</strong>são de medida liminar para que seja imediatamente incluída a União no pólo passivo da demanda, determinando o<br />

prosseguimento do feito no Juizado Especial <strong>Federal</strong>.<br />

Foi concedida a liminar (fls. 192/194), determinando que a autoridade impe<strong>tr</strong>ada se abstiv<strong>es</strong>se de encaminhar para a<br />

<strong>Justiça</strong> Estadual os autos do proc<strong>es</strong>so ou, caso já os tiv<strong>es</strong>se encaminhado, que solicitasse imediatamente a r<strong>es</strong>pectiva<br />

devolução, dando prosseguimento à ins<strong>tr</strong>ução proc<strong>es</strong>sual.<br />

Cont<strong>es</strong>tação da União <strong>Federal</strong> às fls. 199/209. Aduz a União que não há pr<strong>es</strong>ença de direito líquido e certo da impe<strong>tr</strong>ante.<br />

Alega ser parte ilegítima para figurar no pólo passivo da demanda, uma vez que, na qualidade de g<strong>es</strong>tora federal do SUS,<br />

vem cumprindo fielmente com o dever de repasse de recursos financeiros, cabendo aos Municípios e, supletivamente, aos<br />

Estados, a aquisição e adequada dis<strong>tr</strong>ibuição de medicamentos.<br />

Cont<strong>es</strong>tação do Município da Serra às fls. 210/217. Afirma que não deve prosperar a arguição da União <strong>Federal</strong> acerca da<br />

d<strong>es</strong>cen<strong>tr</strong>alização do SUS ou sua redução a mero repassador de recursos, como razõ<strong>es</strong> fort<strong>es</strong> o bastante para d<strong>es</strong>locar a<br />

competência, vez que é r<strong>es</strong>ponsabilidade comum da União, Estados e Municípios zelar pela saúde dos cidadãos.<br />

O Estado do Espírito Santo optou por não apr<strong>es</strong>entar def<strong>es</strong>a (petição de fl. 229).<br />

O Ministério Público <strong>Federal</strong> foi intimado, mas não se manif<strong>es</strong>tou nos autos, conforme certidõ<strong>es</strong> de fls. 230/231.<br />

É o breve relatório. Passo a votar.<br />

O Mandado de Segurança tem como pr<strong>es</strong>suposto proteger direito líquido e certo, violado ou em vias de o ser. Entende-se<br />

como direito líquido e certo o que r<strong>es</strong>ulta de fato certo, ou seja, aquele apto a ser comprovado de plano, por documento<br />

inequívoco, independente de posterior produção de provas. O direito que depende de dilação probatória <strong>es</strong>tá excluído da<br />

apreciação por <strong>es</strong>ta via judicial.<br />

In casu, r<strong>es</strong>salta-se a excepcionalidade do cabimento do Mandado de Segurança, em face de a parte autora não poder<br />

<strong>es</strong>perar a decisão de um possível conflito de competência, visto que o direito tutelado é o direito a saúde, que requer<br />

providência imediata.<br />

Quanto à legitimidade da União, nos termos do posicionamento consolidado dos Tribunais Superior<strong>es</strong>, conclui-se que<br />

detém capacidade para ocupar o pólo passivo das açõ<strong>es</strong> em que se pleiteia a conc<strong>es</strong>são de medicamentos e <strong>tr</strong>atamento de<br />

saúde, tendo em vista que a Constituição <strong>Federal</strong> é expr<strong>es</strong>sa ao determinar que a Saúde é dever do Estado, não excluindo<br />

d<strong>es</strong>sa r<strong>es</strong>ponsabilidade qualquer de seus ent<strong>es</strong>, razão pela qual cabe também à União r<strong>es</strong>ponder por tal tarefa.<br />

Precedent<strong>es</strong> do STF: AI 418.320, rel. Minis<strong>tr</strong>o Carlos Velloso; RE 259.415, rel. Minis<strong>tr</strong>o Sepúlvera Pertence; RE 198.263,<br />

rel. Minis<strong>tr</strong>o Sydney Sanch<strong>es</strong>; RE 242.859, rel. Minis<strong>tr</strong>o Ilmar Galvão e RE 271.286-AgR, rel. Minis<strong>tr</strong>o Celso Melo e do STJ:<br />

AgRg no REsp 1065672/SC, Rel. Minis<strong>tr</strong>o Francisco Falcão, DJ 06/10/2008 e AgRg no Ag 886.974/SC, Rel. Minis<strong>tr</strong>o João<br />

Otávio de Noronha, DJ 29/10/2007.<br />

A Carta Política consagra o direito à saúde e o consequente inequívoco dever do Estado em garanti-la (art. 196, CRFB).<br />

Continua asseverando que as açõ<strong>es</strong> e serviços públicos de saúde constituem um sistema único, que tem como dire<strong>tr</strong>iz o<br />

atendimento integral (art. 196, CRFB).<br />

N<strong>es</strong>se diapasão, entendo como solidária a r<strong>es</strong>ponsabilidade dos ent<strong>es</strong> políticos das <strong>tr</strong>ês <strong>es</strong>feras da Federação.<br />

Não tendo a parte autora condiçõ<strong>es</strong> financeiras de suportar o <strong>tr</strong>atamento recomendado para o seu mal, cabe ao Estado<br />

(gênero) providenciar o suporte nec<strong>es</strong>sário a tanto, atendendo à exigência do art. 196 da CRFB.<br />

Do exposto, CONCEDO A SEGURANÇA para incluir a União <strong>Federal</strong> no pólo passivo da demanda e para, confirmando a<br />

liminar deferida, determinar que, nos termos da legislação, das normas e convênios aplicados ao SUS, haja solidariedade<br />

en<strong>tr</strong>e os ent<strong>es</strong> federativos: União <strong>Federal</strong>, Estado do Espírito Santo e Município da Serra.<br />

Sem condenação em honorários.<br />

É como voto.


E M E N T A<br />

MANDADO DE SEGURANÇA – MEDICAMENTO – CABIMENTO – DECISÃO DECLINATÓRIA DE COMPETÊNCIA –<br />

JUSTIÇA ESTADUAL –– LEGITIMIDADE DA UNIÃO – CONCESSÃO DA SEGURANÇA.<br />

1. Trata-se de Mandado de Segurança impe<strong>tr</strong>ado pela parte autora con<strong>tr</strong>a ato jurisdicional da Juíza <strong>Federal</strong> do 1º Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> que, entendendo pela ilegitimidade passiva da União <strong>Federal</strong> nas açõ<strong>es</strong> de fornecimento de medicamento<br />

e de <strong>tr</strong>atamento médico pelo SUS, declinou da competência para uma das Varas Cíveis da Comarca de abrangência sobre<br />

o Município onde a autora tem r<strong>es</strong>idência.<br />

2. Concedida a liminar conforme decisão de fls. 192/194.<br />

3. Quanto à legitimidade da União, nos termos do posicionamento consolidado dos Tribunais Superior<strong>es</strong>, conclui-se que<br />

detém capacidade para ocupar o pólo passivo das açõ<strong>es</strong> em que se pleiteia a conc<strong>es</strong>são de medicamentos e <strong>tr</strong>atamento de<br />

saúde, tendo em vista que a Constituição <strong>Federal</strong> é expr<strong>es</strong>sa ao determinar que a Saúde é dever do Estado, não excluindo<br />

d<strong>es</strong>sa r<strong>es</strong>ponsabilidade qualquer de seus ent<strong>es</strong>, razão pela qual cabe também à União r<strong>es</strong>ponder por tal tarefa.<br />

4. A Carta Política consagra o direito à saúde e o consequente inequívoco dever do Estado em garanti-la (art. 196, CRFB).<br />

Continua asseverando que as açõ<strong>es</strong> e serviços públicos de saúde constituem um sistema único, que tem como dire<strong>tr</strong>iz o<br />

atendimento integral (art. 196, CRFB). N<strong>es</strong>se diapasão, entendo como solidária a r<strong>es</strong>ponsabilidade dos ent<strong>es</strong> políticos das<br />

<strong>tr</strong>ês <strong>es</strong>feras da Federação.<br />

6. Não tendo a parte autora condiçõ<strong>es</strong> financeiras de suportar o <strong>tr</strong>atamento recomendado para o seu mal, cabe ao Estado<br />

(gênero) providenciar o suporte nec<strong>es</strong>sário a tanto, atendendo à exigência do art. 196 da CRFB.<br />

7. Mandado de Segurança concedido.<br />

A C O R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo CONCEDER A SEGURANÇA no pr<strong>es</strong>ente mandamus, na forma do voto e ementa do<br />

relator, que passam a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

32 - 2009.50.50.004752-1/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) REGINA GOMES (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO<br />

SARTÓRIO.) x UNIÃO FEDERAL x MUNICÍPIO DA SERRA x ESTADO DO ESPIRITO SANTO x Juizo <strong>Federal</strong> do 1º<br />

Juizado Especial <strong>Federal</strong> Do E.S..<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.004752-1/01<br />

V O T O<br />

Trata-se de Mandado de Segurança impe<strong>tr</strong>ado por Regina Gom<strong>es</strong> con<strong>tr</strong>a ato jurisdicional da Juíza <strong>Federal</strong> do 1º Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> do Espírito Santo que, entendendo pela ilegitimidade passiva da União <strong>Federal</strong> nas açõ<strong>es</strong> de fornecimento<br />

de medicamento e de <strong>tr</strong>atamento médico pelo SUS, declinou da competência e determinou a rem<strong>es</strong>sa dos autos a regular<br />

dis<strong>tr</strong>ibuição junto às Varas Cíveis da Comarca com abrangência sobre o Município onde a autora tem r<strong>es</strong>idência, e con<strong>tr</strong>a a<br />

União <strong>Federal</strong>, o Estado do Espírito Santo e o Município da Serra. Requer a impe<strong>tr</strong>ante a conc<strong>es</strong>são de medida liminar para<br />

que seja imediatamente incluída a União no pólo passivo da demanda, determinando o prosseguimento do feito no Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong>.<br />

Foi concedida a liminar (fls. 143/145), determinando que a autoridade impe<strong>tr</strong>ada se abstiv<strong>es</strong>se de encaminhar para a<br />

<strong>Justiça</strong> Estadual os autos do proc<strong>es</strong>so ou, caso já os tiv<strong>es</strong>se encaminhado, que solicitasse imediatamente a r<strong>es</strong>pectiva<br />

devolução, dando prosseguimento à ins<strong>tr</strong>ução proc<strong>es</strong>sual.<br />

Cont<strong>es</strong>tação da União <strong>Federal</strong> às fls. 149/158. Aduz a União que não há pr<strong>es</strong>ença de direito líquido e certo da impe<strong>tr</strong>ante.<br />

Alega ser parte ilegítima para figurar no pólo passivo da demanda, uma vez que, na qualidade de g<strong>es</strong>tora federal do SUS,<br />

vem cumprindo fielmente com o dever de repasse de recursos financeiros, cabendo aos Municípios e, supletivamente, aos<br />

Estados, a aquisição e adequada dis<strong>tr</strong>ibuição de medicamentos.<br />

Cont<strong>es</strong>tação do Município da Serra às fls. 159/166. Afirma que não deve prosperar a arguição da União <strong>Federal</strong> acerca da


d<strong>es</strong>cen<strong>tr</strong>alização do SUS ou sua redução a mero repassador de recursos, como razõ<strong>es</strong> fort<strong>es</strong> o bastante para d<strong>es</strong>locar a<br />

competência, vez que é r<strong>es</strong>ponsabilidade comum da União, Estados e Municípios zelar pela saúde dos cidadãos.<br />

O Estado do Espírito Santo quedou-se inerte após ser devidamente citado.<br />

O Ministério Público <strong>Federal</strong> foi intimado, mas não se manif<strong>es</strong>tou nos autos, conforme certidõ<strong>es</strong> de fls. 179/180.<br />

É o breve relatório. Passo a votar.<br />

O Mandado de Segurança tem como pr<strong>es</strong>suposto proteger direito líquido e certo, violado ou em vias de o ser. Entende-se<br />

como direito líquido e certo o que r<strong>es</strong>ulta de fato certo, ou seja, aquele apto a ser comprovado de plano, por documento<br />

inequívoco, independente de posterior produção de provas. O direito que depende de dilação probatória <strong>es</strong>tá excluído da<br />

apreciação por <strong>es</strong>ta via judicial.<br />

In casu, r<strong>es</strong>salta-se a excepcionalidade do cabimento do Mandado de Segurança, em face de a parte autora não poder<br />

<strong>es</strong>perar a decisão de um possível conflito de competência, visto que o direito tutelado é o direito a saúde, que requer<br />

providência imediata.<br />

Quanto à legitimidade da União, nos termos do posicionamento consolidado dos Tribunais Superior<strong>es</strong>, conclui-se que<br />

detém capacidade para ocupar o pólo passivo das açõ<strong>es</strong> em que se pleiteia a conc<strong>es</strong>são de medicamentos e <strong>tr</strong>atamento de<br />

saúde, tendo em vista que a Constituição <strong>Federal</strong> é expr<strong>es</strong>sa ao determinar que a Saúde é dever do Estado, não excluindo<br />

d<strong>es</strong>sa r<strong>es</strong>ponsabilidade qualquer de seus ent<strong>es</strong>, razão pela qual cabe também à União r<strong>es</strong>ponder por tal tarefa.<br />

Precedent<strong>es</strong> do STF: AI 418.320, rel. Minis<strong>tr</strong>o Carlos Velloso; RE 259.415, rel. Minis<strong>tr</strong>o Sepúlvera Pertence; RE 198.263,<br />

rel. Minis<strong>tr</strong>o Sydney Sanch<strong>es</strong>; RE 242.859, rel. Minis<strong>tr</strong>o Ilmar Galvão e RE 271.286-AgR, rel. Minis<strong>tr</strong>o Celso Melo e do STJ:<br />

AgRg no REsp 1065672/SC, Rel. Minis<strong>tr</strong>o Francisco Falcão, DJ 06/10/2008 e AgRg no Ag 886.974/SC, Rel. Minis<strong>tr</strong>o João<br />

Otávio de Noronha, DJ 29/10/2007.<br />

A Carta Política consagra o direito à saúde e o consequente inequívoco dever do Estado em garanti-la (art. 196, CRFB).<br />

Continua asseverando que as açõ<strong>es</strong> e serviços públicos de saúde constituem um sistema único, que tem como dire<strong>tr</strong>iz o<br />

atendimento integral (art. 196, CRFB).<br />

N<strong>es</strong>se diapasão, entendo como solidária a r<strong>es</strong>ponsabilidade dos ent<strong>es</strong> políticos das <strong>tr</strong>ês <strong>es</strong>feras da Federação.<br />

Não tendo a parte autora condiçõ<strong>es</strong> financeiras de suportar o <strong>tr</strong>atamento recomendado para o seu mal, cabe ao Estado<br />

(gênero) providenciar o suporte nec<strong>es</strong>sário a tanto, atendendo à exigência do art. 196 da CRFB.<br />

Do exposto, CONCEDO A SEGURANÇA para incluir a União <strong>Federal</strong> no pólo passivo da demanda e para, confirmando a<br />

liminar deferida, determinar que, nos termos da legislação, das normas e convênios aplicados ao SUS, haja solidariedade<br />

en<strong>tr</strong>e os ent<strong>es</strong> federativos: União <strong>Federal</strong>, Estado do Espírito Santo e Município da Serra.<br />

Sem condenação em honorários.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

MANDADO DE SEGURANÇA – MEDICAMENTO – CABIMENTO – DECISÃO DECLINATÓRIA DE COMPETÊNCIA –<br />

JUSTIÇA ESTADUAL –– LEGITIMIDADE DA UNIÃO – CONCESSÃO DA SEGURANÇA.<br />

1. Trata-se de Mandado de Segurança impe<strong>tr</strong>ado pela parte autora con<strong>tr</strong>a ato jurisdicional da Juíza <strong>Federal</strong> do 1º Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> que, entendendo pela ilegitimidade passiva da União <strong>Federal</strong> nas açõ<strong>es</strong> de fornecimento de medicamento<br />

e de <strong>tr</strong>atamento médico pelo SUS, declinou da competência para uma das Varas Cíveis da Comarca de abrangência sobre<br />

o Município onde a autora tem r<strong>es</strong>idência.<br />

2. Concedida a liminar conforme decisão de fls. 143/145.<br />

3. Quanto à legitimidade da União, nos termos do posicionamento consolidado dos Tribunais Superior<strong>es</strong>, conclui-se que<br />

detém capacidade para ocupar o pólo passivo das açõ<strong>es</strong> em que se pleiteia a conc<strong>es</strong>são de medicamentos e <strong>tr</strong>atamento de<br />

saúde, tendo em vista que a Constituição <strong>Federal</strong> é expr<strong>es</strong>sa ao determinar que a Saúde é dever do Estado, não excluindo<br />

d<strong>es</strong>sa r<strong>es</strong>ponsabilidade qualquer de seus ent<strong>es</strong>, razão pela qual cabe também à União r<strong>es</strong>ponder por tal tarefa.<br />

4. A Carta Política consagra o direito à saúde e o consequente inequívoco dever do Estado em garanti-la (art. 196, CRFB).<br />

Continua asseverando que as açõ<strong>es</strong> e serviços públicos de saúde constituem um sistema único, que tem como dire<strong>tr</strong>iz o<br />

atendimento integral (art. 196, CRFB). N<strong>es</strong>se diapasão, entendo como solidária a r<strong>es</strong>ponsabilidade dos ent<strong>es</strong> políticos das<br />

<strong>tr</strong>ês <strong>es</strong>feras da Federação.<br />

6. Não tendo a parte autora condiçõ<strong>es</strong> financeiras de suportar o <strong>tr</strong>atamento recomendado para o seu mal, cabe ao Estado<br />

(gênero) providenciar o suporte nec<strong>es</strong>sário a tanto, atendendo à exigência do art. 196 da CRFB.<br />

7. Mandado de Segurança concedido.<br />

A C O R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo CONCEDER A SEGURANÇA no pr<strong>es</strong>ente mandamus, na forma do voto e ementa do<br />

relator, que passam a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

33 - 2009.50.50.003831-3/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) ALAÍDE MARGARETH CANDIDO LIMA (DEF.PUB: LIDIANE<br />

DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.003831-3/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – DOCUMENTOS EXTEMPORÂNEOS – AUTORA DEVE PROVAR OS<br />

FATOS ALEGADOS – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls.63/64, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de pensão por morte. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que há provas<br />

documentais de que seu marido <strong>es</strong>taria incapacitado d<strong>es</strong>de 1992. Ademais, afirma que deveria ter sido feita a oitiva dos<br />

médicos assistent<strong>es</strong> do falecido. Pugna, por tais razõ<strong>es</strong>, pela reforma da sentença. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>,<br />

pugnando pela manutenção da sentença.<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, a parte autora carreou documentos extemporâneos ao fato que pretende provar. Verifica-se nos autos,<br />

que a maior parte dos receituários médicos juntados foram subscritos em datas recent<strong>es</strong>. Diante disso, não servem como<br />

prova para at<strong>es</strong>tar a incapacidade do falecido no período de 1992 a 1997. Ademais, cabe r<strong>es</strong>saltar que os documentos<br />

acostados aos autos at<strong>es</strong>tam apenas que o marido da parte autora iniciou <strong>tr</strong>atamento de hipertensão arterial grave d<strong>es</strong>de<br />

1992 e não que o m<strong>es</strong>mo <strong>es</strong>tava incapaz n<strong>es</strong>ta época.<br />

Não obstante a recorrente alegar que deveria haver a oitiva dos médicos assistent<strong>es</strong> e ter sido requisitada a cópia do<br />

prontuário médico, <strong>es</strong>s<strong>es</strong> argumentos não merecem prosperar. Os fatos que a parte pretende provar tem <strong>es</strong>sência<br />

documental. Os at<strong>es</strong>tados médicos dispensam a nec<strong>es</strong>sidade de oitiva de quem os emitiu. A relação médico-paciente tem<br />

natureza técnico-profissional. A falta de oitiva dos médicos assistent<strong>es</strong> não implica violação aos princípios do con<strong>tr</strong>aditório,<br />

ampla def<strong>es</strong>a e livre produção de provas.<br />

Diante da não apr<strong>es</strong>entação dos fatos constitutivos do direito pela parte autora, não merece reforma a sentença prolatada<br />

pelo Juízo a quo.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

34 - 2009.50.50.007082-8/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) HERLON PINHEIRO DOS SANTOS (ADVOGADO: ROMULO<br />

BOTTECCHIA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE<br />

GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.007082-8/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – DOENÇA PREEXISTENTE AO<br />

INGRESSO AO RGPS – RECEBIMENTO DE BOA FÉ – SENTENÇA REFORMADA– RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO.


1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 61/62, que julgou improcedente o<br />

pedido de condenação do INSS em r<strong>es</strong>tabelecer o auxílio-doença à parte autora e ainda r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> recebidos em<br />

razão do beneficio cancelado. O recorrente alega, em sínt<strong>es</strong>e, que ap<strong>es</strong>ar de a data do início de sua doença ser anterior ao<br />

seu ingr<strong>es</strong>so ao RGPS, se incapacitou posteriormente, devido a um agravamento em seu quadro de saúde. Aduz, também,<br />

que os valor<strong>es</strong> recebidos foram de boa fé em razão da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho, não sendo cabível a devolução. Por<br />

tais motivos, requer a reforma da sentença.<br />

2. In casu, verifica-se que o autor fez seu primeiro recolhimento em 07/02/2008 (fl. 16). Conforme laudo médico (fl. 14) r<strong>es</strong>ta<br />

claro que a incapacidade já acompanhava o autor d<strong>es</strong>de setembro de 2007, momento anterior ao ingr<strong>es</strong>so na Previdência,<br />

incidindo a aplicação normativa do art. 59, § único, da Lei 8.213/91.<br />

3. No que tange à devolução dos proventos recebidos, en<strong>tr</strong>etanto, não se pode perder de vista que os valor<strong>es</strong> pagos ao<br />

autor têm caráter alimentar e foram recebidos de boa-fé. A jurisprudência reconhece a irrepetibilidade das pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> de<br />

natureza alimentar. Ademais, o pagamento supostamente indevido – não cabe aqui examinar a legalidade do ato que<br />

determinou o pagamento dos valor<strong>es</strong> re<strong>tr</strong>oativos, mas tão-somente o ato que determinou o d<strong>es</strong>conto mensal do benefício<br />

do autor – decorreu, em t<strong>es</strong>e, de erro adminis<strong>tr</strong>ativo. Não houve fraude. O autor não pode ser prejudicado por suposto erro<br />

da Adminis<strong>tr</strong>ação.<br />

4. Ante o exposto, não há má-fé no recebimento de valor<strong>es</strong> que foram regularmente concedidos pelo INSS, <strong>es</strong>tando o<br />

recorrente devidamente contemplado pelo beneficio a que se submeteu.<br />

5. Recurso conhecido e parcialmente provido.<br />

6.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, ante a sucumbência recíproca.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Dr. Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

35 - 2009.50.50.003517-8/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUZA LIMA RIBAS (ADVOGADO: ISAAC PAVEZI PUTON.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.003517-8/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – AUSÊNCIA DE PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEA –<br />

PERÍODO DE CARÊNCIA NÃO PREENCHIDO – DECLARAÇÕES DAS TESTEMUNHAS INSUFICIENTES – SENTENÇA<br />

MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença de fls.61/64, que julgou improcedente o pedido<br />

de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria rural por idade. Alega a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que há documentos acostados<br />

aos autos que comprovam a sua qualidade de rurícola, acompanhada de robusta prova t<strong>es</strong>temunhal. Pugna, portanto, pela<br />

reforma da sentença.<br />

A aposentadoria do <strong>tr</strong>abalhador rural tem como requisitos a idade mínima de 60 (s<strong>es</strong>senta) anos para homens e 55<br />

(cinquenta e cinco) anos para mulher<strong>es</strong>; e o d<strong>es</strong>empenho de atividade rural em regime de economia familiar pelo número<br />

de m<strong>es</strong><strong>es</strong> <strong>es</strong>tabelecido pelo art. 142 da Lei 8.213/91.<br />

O requisito etário é o único ponto incon<strong>tr</strong>overso nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia r<strong>es</strong>ide no início de prova material capaz de<br />

comprovar atividade rural durante o tempo de carência. Compulsando os autos, verifica-se que a prova documental é<br />

insuficiente para demons<strong>tr</strong>ar o exercício de atividade rural pelo período de 1992 a 2001, pois a autora somente foi laborar<br />

na roça depois do marido se aposentar como <strong>tr</strong>abalhador urbano. Ademais, a certidão de casamento da autora qualifica o<br />

marido como indus<strong>tr</strong>iário e a declaração do sindicato dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais foi emitida em 2007, sendo extemporânea<br />

aos fatos que se pretende provar. No mais, acostou apenas declaraçõ<strong>es</strong>.<br />

Vale r<strong>es</strong>saltar que as declaraçõ<strong>es</strong> das t<strong>es</strong>temunhas informaram que a autora e o marido sempre moraram na zona urbana,<br />

passando a r<strong>es</strong>idir em zona rural apenas depois de o cônjuge da autora ser beneficiário de aposentadoria urbana. Alegaram<br />

também que a produção da autora era muito pequena, não demons<strong>tr</strong>ando que <strong>es</strong>sas atividad<strong>es</strong> garantiam a subsistência<br />

do núcleo familiar.<br />

Diante do que fora exposto e analisado, não merece qualquer reforma a sentença.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Sem condenação a honorários advocatícios, visto que a parte autora é beneficiária da assistência judiciária<br />

gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos, e que


passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Dr. Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

36 - 2009.50.50.006190-6/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) AROLDO DAS GRAÇAS MOREIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE<br />

PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.006190-6/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS -<br />

DOENÇA PREEXISTENTE AO REINGRESSO AO RGPS - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 66/67, que julgou improcedente o<br />

pedido de condenação do INSS à conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez, por<br />

entender que o início da incapacidade foi anterior ao reingr<strong>es</strong>so da parte autora na Previdência Social. O recorrente alega,<br />

em sínt<strong>es</strong>e, que a data do início de sua doença é anterior ao seu reingr<strong>es</strong>so ao RGPS, mas que se incapacitou<br />

posteriormente, devido a um agravamento em seu quadro de saúde. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela<br />

manutenção da sentença.<br />

2. In casu, os requisitos foram devidamente preenchidos pelo autor. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se quanto à data de início da<br />

incapacidade, se anterior ou posterior ao seu reingr<strong>es</strong>so ao RGPS.<br />

3. Compulsando os autos, verifica-se que o autor ingr<strong>es</strong>sou na Previdência Social, como segurado obrigatório, em<br />

dezembro de 1975 (fls. 49/53). Verteu con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> até junho de 2004. Em seguida, permaneceu longo período sem a<br />

qualidade de segurado, voltando a se filiar ao RGPS somente em junho de 2008.<br />

4. A perícia médica judicial confirmou a existência da doença renal sem precisar a data de início da incapacidade.<br />

En<strong>tr</strong>etanto, o próprio autor juntou aos autos um laudo médico particular datado em 20/06/2008 (fl. 13) em que o médico<br />

declarou que o recorrente possuía insuficiência renal crônica e que já <strong>es</strong>tava, naquele momento, em <strong>tr</strong>atamento no Hospital<br />

dos Ferroviários em Vila Velha. N<strong>es</strong>se sentido, o autor já apr<strong>es</strong>entava incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho (mecânico de<br />

manutenção), e pelo fato de sua primeira con<strong>tr</strong>ibuição, após o reingr<strong>es</strong>so, ter sido efetuada em 13/06/2008 (fl. 54),<br />

entende-se que o autor não detém o direito de receber o benefício previdenciário.<br />

5. Diante disso, percebe-se que o autor não possuía qualidade de segurado quando iniciou sua incapacidade. A Lei<br />

8.213/91 somente confere o direito ao benefício previdenciário por incapacidade ao segurado que for considerado incapaz e<br />

insuscetível de reabilitação. Se, no momento da incapacidade, a autora não comprova que ostentava a qualidade de<br />

segurado, não faz jus ao recebimento do benefício.<br />

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, já que o recorrente é beneficiário da assistência judiciária<br />

gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Dr. Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

37 - 2009.50.50.003597-0/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) GETULIO FERREIRA COSTA (ADVOGADO: CATARINE<br />

MULINARI NICO, ANA ELISA MOSCHEN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.003597-0/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDOS PARTICULARES – SENTENÇA MANTIDA –


RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 67/68, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que os laudos médicos juntados na inicial demons<strong>tr</strong>am sua incapacidade. Pugna, portanto, pela<br />

reforma da sentença.<br />

Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica de fls. 44/49, que a parte<br />

autora não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o <strong>tr</strong>abalho, <strong>es</strong>tando apta a exercer qualquer atividade, inclusive a que exerce<br />

habitualmente, qual seja, carpinteiro naval.<br />

Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo:<br />

“O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Dr. Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

38 - 2009.50.50.003868-4/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL FAUSTINO PEREIRA (ADVOGADO: JADIR CID<br />

SIMOES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA<br />

DOS SANTOS.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.003868-4/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

PREVALÊNCIA SOBRE LAUDOS PARTICULARES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fl. 37, que julgou improcedente o seu<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são de benefício de auxílio-doença. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que <strong>es</strong>tá incapacitado<br />

para o labor habitual. Pugna, portanto, pela reforma da sentença.<br />

Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica de fls. 22/24, que a parte<br />

autora não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o <strong>tr</strong>abalho, <strong>es</strong>tando apta a exercer qualquer atividade, inclusive a que exerce<br />

habitualmente, qual seja, porteiro.<br />

Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo:<br />

“O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Dr. Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

39 - 2009.50.50.005750-2/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) DEROTILDES MARIA DE JESUS GONÇALVES (DEF.PUB:<br />

ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE


LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.005750-2/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – INÍCIO DE INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA – SÚMULA Nº 204 DO<br />

STJ – INÍCIO DO BENEFÍCIO A PARTIR DO REQUERIMENTO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face da sentença de piso (fls. 56/57) que condenou o INSS à<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício de pensão por morte. A irr<strong>es</strong>ignação do recorrente se limita à fixação dos juros legais, pugnando<br />

pela incidência dos juros de mora de 1% e alegando a inconstitucionalidade da Lei 11.960/2009.<br />

2. Não assiste razão ao recorrente.<br />

3. De acordo com a súmula nº 204 do STJ, “os juros de mora nas açõ<strong>es</strong> relativas a benefícios previdenciários incidem a<br />

partir da citação válida”.<br />

4. Cabe r<strong>es</strong>saltar que a Lei 11.960/2009 impõe que os juros de mora deverão ser calculados com base nos índic<strong>es</strong> oficiais<br />

de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Diante disso, não merece reforma a decisão do<br />

magis<strong>tr</strong>ado de piso, uma vez que a citação válida do INSS ocorreu apenas em 02/10/2009 (fl. 39). Logo, a forma de cálculo<br />

dos juros de mora foi aplicada de maneira correta, devendo assim, ser mantida.<br />

5. Recurso conhecido e improvido.<br />

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Dr. Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

40 - 2008.50.50.009225-0/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE GERALDO BERTHOLDO (ADVOGADO: WILLIAN<br />

PEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2008.50.50.009225-0/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE<br />

TOTAL E DEFINITIVA PARA ATIVIDADE HABITUAL – LIMITAÇÕES PARA CARREGAR PESO – POSSIBILIDADE DE<br />

REABILITAÇÃO EM OUTRAS ATIVIDADES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 57/58, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que<br />

<strong>es</strong>tá incapaz definitivamente para o labor habitual. Pugna, portanto, pela reforma da sentença. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

A parte autora foi submetida à perícia médica judicial (fls. 46/48), que constatou ser a m<strong>es</strong>ma portadora de “osteoar<strong>tr</strong>ose<br />

gleno umeral <strong>es</strong>querda e tendinopatia de ombro <strong>es</strong>querdo”. O perito médico concluiu que as l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> incapacitam a parte<br />

autora totalmente para o <strong>tr</strong>abalho de mecânico de refrigeração, sendo <strong>es</strong>ta incapacidade definitiva. O perito pondera, ainda,<br />

que o autor não pode levantar p<strong>es</strong>o, nem carregar p<strong>es</strong>o acima dos ombros. En<strong>tr</strong>etanto, ao final, relata que a parte autora<br />

pode exercer atividad<strong>es</strong> que não exijam a elevação de carga acima dos ombros, podendo ser reabilitado para ou<strong>tr</strong>as<br />

funçõ<strong>es</strong>, como a de porteiro.<br />

Compulsando os autos, verifica-se que o autor tem 40 anos de idade e apenas apr<strong>es</strong>enta limitação para atividad<strong>es</strong> que<br />

exijam sobrecarga de p<strong>es</strong>o acima da linha dos ombros. D<strong>es</strong>te modo, verifico a possibilidade de reabilitação do autor para<br />

ou<strong>tr</strong>as atividad<strong>es</strong> laborativas, não fazendo jus ao benefício de aposentadoria por invalidez.<br />

Havendo possibilidade de reabilitação, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa


constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Dr. Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

41 - 2006.50.50.007102-9/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) ABINAIR MARIA CALLEGARI DE OLIVEIRA (ADVOGADO:<br />

MARIA IVONETE RODRIGUES PEGO, SIMONE SIQUEIRA MIGUEL FREITAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO<br />

SOCIAL - INSS (PROCDOR: TIBÉRIO VIANNA XAVIER.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2006.50.50.007102-9/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – SEPARAÇÃO CONSENSUAL– NÃO COMPROVADA A QUALIDADE DE<br />

DEPENDENTE DA PARTE AUTORA - SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de piso (fls. 97/99), que julgou<br />

improcedente o seu pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de pensão por morte. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais,<br />

que era dependente economicamente do ex-marido. Ademais, r<strong>es</strong>salta o fato que tem um filho do de cujus. Pugna,<br />

portanto, pela reforma da sentença.<br />

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependent<strong>es</strong> do segurado que falecer, aposentado ou não, nos<br />

termos do artigo 74 da Lei 8.312/91. Para a sua conc<strong>es</strong>são é nec<strong>es</strong>sária, no momento do óbito, a qualidade de segurado<br />

ou de aposentado do de cujus.<br />

No que tange ao requisito de dependência econômica, a partir da análise dos autos, é possível observar que a autora,<br />

ap<strong>es</strong>ar de casada com o autor d<strong>es</strong>de 1984 (fl. 16), encon<strong>tr</strong>ava-se separada consensualmente há mais de 05 anos, não<br />

recebendo qualquer tipo de pensão, mas apenas um auxílio financeiro <strong>es</strong>pontâneo do ex-marido. A situação fática<br />

impossibilita a conc<strong>es</strong>são do benefício, já que o art. 76, §2, da Lei 8.213/91, regulamenta que a dependência econômica<br />

somente é pr<strong>es</strong>umida quando o cônjuge, separado de fato e independentemente do tempo de separação, recebe pensão<br />

alimentícia, o que não aconteceu in casu.<br />

No caso em tela, a prova exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal é frágil para caracterizar a parte autora como dependente do de<br />

cujus. As t<strong>es</strong>temunhas não sabiam informar se a autora tinha ou<strong>tr</strong>a fonte de renda, se o dinheiro depositado informalmente<br />

pelo ex-marido d<strong>es</strong>tinava-se unicamente ao sustento do filho ou se abrangia também as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as p<strong>es</strong>soais da autora.<br />

Não r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a qualidade de dependente da parte autora, motivo pelo qual não merece reforma a sentença.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

42 - 2009.50.50.003277-3/01 (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x SEBASTIANA OLMO DE MOURA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE<br />

PACHECO SARTÓRIO.) x OS MESMOS.<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.003277-3/01<br />

VOTO<br />

A sentença (fl. 50/52) julgou procedente o pedido inicial de conc<strong>es</strong>são de pensão por morte previdenciária, por entender que<br />

r<strong>es</strong>tou configurada a dependência econômica en<strong>tr</strong>e a autora e seu filho, instituidor da pensão por morte. O INSS argumenta,<br />

em sede recursal, que o instituidor da pensão tinha apenas 19 anos, <strong>tr</strong>abalhou aproximadamente 06 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de carteira<br />

assinada, e na data do óbito <strong>es</strong>tava d<strong>es</strong>empregado. Aduz, ainda, que inexiste nos autos qualquer prova material capaz de<br />

sustentar as alegaçõ<strong>es</strong> da autora.<br />

Foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pela parte autora, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

É o relatório do nec<strong>es</strong>sário. Passo a votar.<br />

A conc<strong>es</strong>são do benefício de pensão por morte pr<strong>es</strong>supõe que o falecido, à época do óbito, <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>se vinculado à


Previdência Social na qualidade de segurado (arts. 10 e 11 da Lei nº. 8.213/91), sendo tal requisito indispensável para que o<br />

postulante, que se encon<strong>tr</strong>a no conjunto de dependent<strong>es</strong> do segurado, faça jus ao benefício. Com exceção dos casos<br />

previstos pelo art. 16, inciso I e parágrafo 4º d<strong>es</strong>sa m<strong>es</strong>ma lei, casos de pr<strong>es</strong>unção da dependência, <strong>es</strong>ta deve ser<br />

efetivamente comprovada.<br />

A qualidade de segurado do falecido é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se, portanto, ao preenchimento da<br />

dependência econômica. Se por um lado a dependência econômica do pai ou mãe em relação ao filho não precisa ser<br />

exclusiva, por ou<strong>tr</strong>o deve ser mais do que um simpl<strong>es</strong> auxílio financeiro, ou seja, verdadeiramente <strong>es</strong>sencial para a<br />

sobrevivência da demandante, sendo <strong>es</strong>se o parâme<strong>tr</strong>o utilizado na pr<strong>es</strong>ente decisão.<br />

In casu, alguns aspectos important<strong>es</strong> merecem d<strong>es</strong>taque: o filho da autora teve con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> previdenciárias recolhidas no<br />

período de 02/05/2006 a 07/10/2006, quando <strong>tr</strong>abalhou em uma loja de autopeças (fl. 43); na data do óbito (04/04/2007) o<br />

m<strong>es</strong>mo <strong>es</strong>tava d<strong>es</strong>empregado; o núcleo familiar era composto pela autora, que é vendedora autônoma, e pelo seu filho, o<br />

instituidor da pensão.<br />

Embora a colaboração financeira do filho falecido fosse importante para quitar as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as da casa, tal auxílio não é<br />

suficiente para classificação da dependência econômica, pois não se demons<strong>tr</strong>a <strong>es</strong>sencial para a sobrevivência do núcleo<br />

familiar, servindo apenas para melhorar as condiçõ<strong>es</strong> de vida da família.<br />

A autora não juntou qualquer prova material capaz de comprovar suas alegaçõ<strong>es</strong>. Prova que, ap<strong>es</strong>ar de não<br />

expr<strong>es</strong>samente exigida pela lei, seria fundamental para comprovar eventual dependência econômica, ante o recebimento<br />

de renda própria pela parte autora.<br />

Como r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ado, o filho da autora <strong>es</strong>tava d<strong>es</strong>empregado há aproximadamente seis m<strong>es</strong><strong>es</strong> quando veio a falecer,<br />

não con<strong>tr</strong>ibuindo d<strong>es</strong>de outubro de 2006 para as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as da casa, o que d<strong>es</strong>caracteriza a dependência econômica da<br />

recorrida, mãe do instituidor, à época do óbito de seu filho, motivo pelo qual deve ser reformada a sentença.<br />

As parcelas já recebidas em função da decisão antecipatória da tutela não devem ser r<strong>es</strong>tituídas ante o caráter alimentar<br />

das m<strong>es</strong>mas.<br />

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença recorrida<br />

e JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO DA PARTE AUTORA, conforme fundamentação supra, devendo ser revogada a<br />

antecipação de tutela.<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma<br />

do art. 55 da Lei n.º. 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA – FILHO<br />

DESEMPREGADO NO MOMENTO DO ÓBITO – MERO AUXÍLIO FINANCEIRO – AUSÊNCIA DE PROVA MATERIAL<br />

–SENTENÇA REFORMADA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.<br />

A sentença de fls. 50/52 julgou procedente o pedido inicial de conc<strong>es</strong>são de pensão por morte previdenciária, por entender<br />

que r<strong>es</strong>tou configurada a dependência econômica en<strong>tr</strong>e a autora e seu filho, instituidor da pensão por morte. O INSS<br />

argumenta, em sede recursal, que o instituidor da pensão tinha apenas 19 anos, e que, na data do óbito, <strong>es</strong>tava<br />

d<strong>es</strong>empregado. Aduz, ainda, que inexiste nos autos qualquer prova material capaz de sustentar as alegaçõ<strong>es</strong> da autora.<br />

In casu, alguns aspectos important<strong>es</strong> merecem d<strong>es</strong>taque: o filho da autora teve con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> previdenciárias recolhidas no<br />

período de 02/05/2006 a 07/10/2006, quando <strong>tr</strong>abalhou em uma loja de autopeças (fl. 43); na data do óbito (04/04/2007) o<br />

m<strong>es</strong>mo <strong>es</strong>tava d<strong>es</strong>empregado; o núcleo familiar era composto pela autora, que é vendedora autônoma, e pelo seu filho, o<br />

instituidor da pensão.<br />

Embora a colaboração financeira do filho falecido fosse importante para quitar as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as da casa, tal auxílio não é<br />

suficiente para classificação da dependência econômica, pois não se demons<strong>tr</strong>a <strong>es</strong>sencial para a sobrevivência do núcleo<br />

familiar, servindo apenas para melhorar as condiçõ<strong>es</strong> de vida da família.<br />

Conclui-se, por fim, que ap<strong>es</strong>ar de o “de cujus” ajudar economicamente a autora, tal auxílio não se demons<strong>tr</strong>ou substancial<br />

e indispensável para a sobrevivência da m<strong>es</strong>ma, o que inviabiliza a classificação da dependência econômica. Diante de tal<br />

situação, merece reforma a sentença a quo.<br />

Recurso conhecido e provido. Sentença reformada. Antecipação da tutela revogada.<br />

As parcelas já recebidas em função da decisão antecipatória da tutela não devem ser r<strong>es</strong>tituídas ante o caráter alimentar<br />

das m<strong>es</strong>mas.<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementa<br />

constant<strong>es</strong> dos autos, que passam a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

43 - 2007.50.50.008511-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA<br />

COSTA.) x ERILDO VIEIRA RAMOS (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A


PARTIR DE 29/11/1999 – JUROS DE MORA NA FORMA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/97, COM REDAÇÃO DADA PELA<br />

LEI 11.960/2009 – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente. Alega que devem incidir os índic<strong>es</strong> de<br />

correção conforme o art. 1º-F, da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei 11.960/09.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Quanto aos juros de mora, tem-se que a condenação ao pagamento das parcelas vencidas deve ser acr<strong>es</strong>cida de<br />

correção monetária d<strong>es</strong>de o momento em que deveriam ter sido pagos, com base na tabela de precatórios, e juros de mora<br />

de 1% ao mês a contar da citação até 30/06/2009 e 0,5% a partir de então, nos termos da Lei 11.960/2009.<br />

10. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada.<br />

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários ante a sucumbência recíproca.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar<br />

o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

44 - 2008.50.50.003283-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo<br />

Marçal.) x EURICO MURTA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,


COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – JUROS DE MORA NA FORMA DO ART. 1º-F DA LEI 9.494/97, COM REDAÇÃO DADA PELA<br />

LEI 11.960/2009 – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente. Alega que devem incidir os índic<strong>es</strong> de<br />

correção conforme o art. 1º-F, da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei 11.960/09.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Quanto aos juros de mora, tem-se que a condenação ao pagamento das parcelas vencidas deve ser acr<strong>es</strong>cida de<br />

correção monetária d<strong>es</strong>de o momento em que deveriam ter sido pagos, com base na tabela de precatórios, e juros de mora<br />

de 1% ao mês a contar da citação até 30/06/2009 e 0,5% a partir de então, nos termos da Lei 11.960/2009.<br />

10. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada.<br />

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários ante a sucumbência recíproca.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar<br />

o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

45 - 2009.50.50.002214-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA<br />

SILVEIRA.) x BARBARA LUCIA RODRIGUES MORAIS (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).<br />

EMENTA


PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

46 - 2008.50.50.000491-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO<br />

PAIVA.) x PAULO SANTOS ROCHA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,


COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

47 - 2007.50.50.001406-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER<br />

DARROZ ROSSONI.) x ALVANY BARBOSA RODRIGUES (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A


PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

48 - 2007.50.50.002978-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE<br />

GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ELIZIA VIANA DE SOUZA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.


1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

49 - 2010.50.53.000086-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ<br />

RODRIGUES.) x ANTONIO GOMES PEREIRA (ADVOGADO: HÉLIO JOSÉ BIANCARDI OLIVEIRA.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o


salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

50 - 2008.50.50.003627-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO<br />

DA SILVA.) x BENJAMIM PEREIRA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.


2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

51 - 2008.50.50.003571-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO<br />

DA SILVA.) x EUCLIDES ROCHA SOBRINHO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,


considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

52 - 2008.50.50.006043-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO<br />

LEAL DOS SANTOS.) x RUBVAL ELIAS PEREIRA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1


(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

53 - 2007.50.50.007699-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO<br />

LEAL DOS SANTOS.) x MARIA DAS GRAÇAS VARNIER (ADVOGADO: HELTON TEIXEIRA RAMOS.) x OS MESMOS.<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por


incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

54 - 2007.50.50.001491-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO<br />

PAIVA.) x JOSÉ RIVALDO DA COSTA E OUTRO (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da


aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

55 - 2008.50.50.009136-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO<br />

LEAL DOS SANTOS.) x MARIA DA PENHA DOS SANTOS (ADVOGADO: ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES, MARIA DA<br />

CONCEICAO SARLO BORTOLINI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,


§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

56 - 2008.50.50.004927-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO<br />

LEAL DOS SANTOS.) x ELIAS DA SILVA (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de


salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

57 - 2008.50.50.003964-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO<br />

LEAL DOS SANTOS.) x JOAO AUGUSTO MAZUCO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve


ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

58 - 2008.50.50.003948-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SERGIO ROBERTO<br />

LEAL DOS SANTOS.) x MARIA DAS GRAÇAS BELZOFF BOTELHO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA<br />

DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).


5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

59 - 2006.50.50.005236-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER<br />

DARROZ ROSSONI.) x MARCELINA GUEZI PERINNI (ADVOGADO: FREDERICO AUGUSTO MACHADO.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo


são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

60 - 2007.50.50.011261-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER<br />

DARROZ ROSSONI.) x MANOEL ESTEVAM (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo


auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

61 - 2008.50.51.001383-7/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MICHELI JESUS VIEIRA<br />

DE MELO.) x AILTON DARIO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual


entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

62 - 2008.50.51.001915-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)<br />

x MARCOS SERGIO RIBEIRO VESOLA (ADVOGADO: IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CONSIDERANDO-SE,<br />

COMO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO, O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA ORIGINÁRIO –<br />

POSSIBILIDADE – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/91 – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ COM DATA DE INÍCIO A<br />

PARTIR DE 29/11/1999 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de revisão da<br />

renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez da parte autora considerando-se, como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, o<br />

salário-de-benefício do auxílio-doença originário, nos termos do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91. Requer o INSS a reforma<br />

do julgado, de modo que o pedido da parte autora seja julgado improcedente.<br />

2. A pretensão deduzida em juízo pr<strong>es</strong>supõe a aplicação do art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91, que assim dispõe: "Se, no<br />

período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada,<br />

considerando-se como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da<br />

renda mensal, reajustado nas m<strong>es</strong>mas épocas e bas<strong>es</strong> dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1<br />

(um) salário mínimo".<br />

3. A redação do art. 29, § 5º da Lei nº 8.213/91 é bastante clara ao dispor que o salário-de-benefício de benefício por<br />

incapacidade recebido durante o período básico de cálculo será computado como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, não havendo que<br />

se falar em interpretação que vise a con<strong>tr</strong>ariar a intenção do legislador. Assim, considerando-se que a data de início da<br />

aposentadoria por invalidez do recorrido é posterior à Lei nº 8.213/91, a revisão da renda mensal inicial com base no art. 29,<br />

§ 5º deve ser aplicada.<br />

4. Segundo a legislação previdenciária, o salário-de-benefício consiste na média aritmética de determinado conjunto de<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição (art. 29, caput, Lei nº 8.213/91). E o acima <strong>tr</strong>anscrito § 5º do m<strong>es</strong>mo artigo 29 dispõe claramente<br />

que, para a delimitação d<strong>es</strong>se conjunto de salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição em cima dos quais se ex<strong>tr</strong>ai a média aritmética, deve<br />

ser computado o período de gozo de auxílio-doença (que é <strong>es</strong>pécie de benefício por incapacidade).<br />

5. Assim, quando a aposentadoria por invalidez decorre de conversão de auxílio-doença, a RMI não pode ser calculada com<br />

base no salário-de-benefício do auxílio-doença, devendo ser apurado novo salário-de-benefício, em cujo período de cálculo<br />

são incluídos os salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição aferidos durante a fruição do auxílio-doença originário. E o salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição<br />

durante o período de gozo do auxílio-doença originário corr<strong>es</strong>ponde ao valor do salário-de-benefício do m<strong>es</strong>mo<br />

auxílio-doença.<br />

6. Ademais, verifica-se que o posicionamento consignado na sentença de piso <strong>es</strong>tá em conformidade com o atual<br />

entendimento da Turma Nacional de Uniformização, conforme acórdão abaixo <strong>tr</strong>anscrito, publicado em 22/04/2009:


PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. DISSÍDIO CARACTERIZADO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 29, § 5º, DA Lei n.º 8.213/91.<br />

Cabe pedido de uniformização, quando o acórdão da Turma Recursal de origem d<strong>es</strong>toa do entendimento adotado por<br />

Turmas Recursais de ou<strong>tr</strong>as regiõ<strong>es</strong>, acerca de qu<strong>es</strong>tão de direito material (artigo 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001).<br />

Quando o auxílio-doença é convertido em aposentadoria por invalidez a renda mensal inicial d<strong>es</strong>ta deve ser calculada com<br />

base em novo-salário-de-benefício, diverso daquele que serviu como base para o cálculo da renda mensal inicial do<br />

auxílio-doença. Para tal fim, o salário-de-benefício do auxílio-doença, reajustado nos termos da Lei, fará as vez<strong>es</strong> de<br />

salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição, nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> que forem considerados no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez, em que o segurado tiver auferido auxílio-doença. Inteligência do artigo 29, § 5º da lei n.º 8.213/91.<br />

Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong>. Proc. 2007.51.51.004990-8/RJ. Rel.: Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê<br />

Muniz<br />

7. Com efeito, a aplicação do art. 29, § 5º da Lei 8.213/91 na <strong>es</strong>pécie não afronta os princípios constitucionais aplicáveis à<br />

Previdência Social (seletividade, o caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do RGPS e a pr<strong>es</strong>ervação do equilíbrio financeiro-atuarial),<br />

<strong>es</strong>pecialmente ao art. 201, caput e § 3º da CR/88, visto que o critério de cálculo utilizado <strong>es</strong>tá previsto na própria lei de<br />

benefícios.<br />

8. O acolhimento do pedido também não implica violação aos artigos 5º, XXXVI, 195, § 5º, e 201, § 1º, todos da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, pois não se <strong>tr</strong>ata de criar critério diferenciado para aposentadoria, mas tão-somente de aplicar a lei ao<br />

caso concreto. Ademais, sequer acarreta majoração indevida do benefício sem prévia fonte de custeio, porquanto apenas<br />

reflete a adequação do critério de apuração da RMI ao comando legal em vigor.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

63 - 2008.50.53.000266-3/01 EDVALDO ANTONIO DA SILVA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – TEMPO DE ATIVIDADE ESPECIAL –<br />

ATIVIDADE DE PATROLEIRO –CONVERSÃO EM TEMPO COMUM – INEXISTÊNCIA DE LAUDO TÉCNICO – RECURSO<br />

CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 134/137 e fls. 147/148, que julgou<br />

improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de benefício de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição devido ao fato de o autor<br />

não ter preenchido o tempo mínimo definido por lei. O recorrente alega, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que exerceu atividade de<br />

operador de pa<strong>tr</strong>ol e sempre <strong>es</strong>teve em contato com ou<strong>tr</strong>os agent<strong>es</strong> nocivos. Por <strong>tr</strong>abalhar em condiçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>peciais, afirma<br />

ser possível enquadrar sua atividade nos códigos 1.2.9 (<strong>tr</strong>abalhos permanent<strong>es</strong> expostos à poeira) e 2.3.3 (<strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong><br />

em edifícios, barragem, pont<strong>es</strong>) do Decreto 53.831/61, e considerar o período <strong>tr</strong>abalhado, ant<strong>es</strong> de 1995, como tempo de<br />

atividade <strong>es</strong>pecial.<br />

2. Com relação ao reconhecimento e ao cômputo de atividade considerada <strong>es</strong>pecial, é importante salientar que na vigência<br />

dos Decretos nº 53.831/64 e 83.080/79 bastava o enquadramento da atividade d<strong>es</strong>envolvida como exposta a um dos<br />

agent<strong>es</strong> nocivos (físicos, químicos ou biológicos) previstos no Anexo integrante ao Decreto ou o enquadramento pela<br />

categoria profissional. Somente após o advento da Lei nº 9.032, em 28/04/1995, surgiu a nec<strong>es</strong>sidade de prova da real<br />

exposição do <strong>tr</strong>abalhador/segurado aos agent<strong>es</strong> nocivos.<br />

3. No tocante aos períodos de <strong>tr</strong>abalho anterior<strong>es</strong> a 1995, nos quais d<strong>es</strong>empenhou as atividad<strong>es</strong> de pa<strong>tr</strong>oleiro, o autor<br />

anexou aos autos apenas cópia da sua Carteira de Trabalho. Considerando que tais atividad<strong>es</strong> não <strong>es</strong>tão relacionadas nos<br />

Decretos 53.831/64 e 83.080/79 como atividad<strong>es</strong> <strong>es</strong>peciais, que expõem o <strong>tr</strong>abalhador a algum agente nocivo ou pela<br />

categoria profissional, tais períodos devem ser computados como tempo de atividade comum.<br />

4. A atividade do autor não se encon<strong>tr</strong>a elencada nos decretos, nem m<strong>es</strong>mo há nos autos documentos que comprovam a<br />

exposição do m<strong>es</strong>mo aos agent<strong>es</strong> nocivos.<br />

5. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário de assistência<br />

judiciária.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos, e que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

64 - 2008.50.51.002056-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)


x GABRIEL RONQUETE (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – SEGURADO ESPECIAL – PREENCHIMENTO DOS<br />

REQUISITOS – REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR - PRESENÇA DE PROVA MATERIAL E TESTEMUNHAL –<br />

SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 75/77, que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando o INSS a conceder o benefício de aposentadoria rural por idade. Alega a autarquia, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que a autora não apr<strong>es</strong>entou documentos hábeis à comprovação de atividade rural em regime de economia<br />

familiar, durante o período de carência exigido em lei, o que evidencia a ausência de início razoável de prova documental.<br />

Por tal razão, pugna pela reforma da sentença.<br />

2. A conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade rural exige que o demandante atenda aos requisitos legais<br />

dispostos pela Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial, atender a carência e, ainda, ter o<br />

<strong>tr</strong>abalhador rural 60 anos completos, caso homem, e 55 anos, se mulher (art. 48, §1º).<br />

3. Ao se analisar o conjunto probatório constante nos autos, pode-se concluir que a parte autora preencheu a carência<br />

nec<strong>es</strong>sária para perceber o benefício ora pleiteado, pois deveria comprovar 162 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de exercício rural (requerimento em<br />

2008), e há documentos que comprovam sua condição de <strong>tr</strong>abalhador rural d<strong>es</strong>de 1993 (<strong>es</strong>critura de compra e venda – fls.<br />

73/74). Ademais, d<strong>es</strong>tacam-se, n<strong>es</strong>te sentido, cópias de ou<strong>tr</strong>as documentaçõ<strong>es</strong> como: con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola,<br />

realizado em 15/07/2001, em que consta o autor e sua <strong>es</strong>posa como parceiros outorgados (fls. 12/14); certidão de<br />

casamento, constando a profissão do autor como lavrador (fl. 15); declaração do Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Rio<br />

Novo do Sul/ES sobre o exercício de atividade rural (fl. 24); con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola firmado em 2000, no qual<br />

menciona o autor como parceiro outorgado (fl. 28); inscrição do autor no CNIS como segurado <strong>es</strong>pecial efetuada em<br />

16/012001 (fl. 29); ITR’s de propriedade em nome do autor de 1992 a 1998 (fl. 30/37); notas fiscais de produtos em nome<br />

do autor (fls. 38/47); comprovante de aposentadoria por invalidez da <strong>es</strong>posa do recorrido como segurada <strong>es</strong>pecial (fl. 66).<br />

Ademais, o depoimento t<strong>es</strong>temunhal foi claro e coerente com as alegaçõ<strong>es</strong> da parte autora.<br />

4. Relevante mencionar, quanto à prova documental colacionada, o teor da súmula nº 14, da Turma Nacional de<br />

Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais: “para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade, não<br />

se exige que o início de prova material corr<strong>es</strong>ponda a todo o período equivalente à carência do benefício”.<br />

5. Diante do que fora exposto e argumentado, vislumbra-se que existe início de prova material do exercício de atividade<br />

rural pela parte autora, com o preenchimento do período exigido pela carência, inexistindo, assim, qualquer fundamento<br />

legal para negar provimento à demanda do autor.<br />

6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

7. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da<br />

condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos e que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

65 - 2008.50.50.003779-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO<br />

PAIVA.) x MARIA ZANONI ALIPRANDI (ADVOGADO: JOSE GERALDO NUNES FILHO, MICHELE ITABAIANA DE<br />

CARVALHO PIRES, LILIAN MAGESKI ALMEIDA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – EXISTÊNCIA DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR –<br />

DECLARACÕES DA RECORRENTE E DAS TESTEMUNHAS COERENTES – SENTENÇA MANTIDA - RECURSO<br />

CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls.171/176, que julgou procedente o pedido de<br />

condenação da autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria rural por idade. Alega o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a<br />

área total das propriedad<strong>es</strong> da parte autora ul<strong>tr</strong>apassa o número de módulos fiscais permitidos em lei. Aduz, ainda, que as<br />

t<strong>es</strong>temunhas afirmaram à existência de meeiros na propriedade. Pleiteia, por tais razõ<strong>es</strong>, a reforma da sentença.<br />

A conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por idade rural exige que o demandante atenda aos requisitos legais dispostos pela Lei nº.<br />

8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial, atender a carência e, ainda, ter o <strong>tr</strong>abalhador rural 60<br />

anos completos, caso homem, e 55 anos, se mulher. (art. 48 §1º.)<br />

O requisito etário é incon<strong>tr</strong>overso nos autos. A verdadeira con<strong>tr</strong>ovérsia r<strong>es</strong>ide no exercício de atividade rural em regime de<br />

economia familiar. Ap<strong>es</strong>ar de a Autarquia Ré alegar que a parte autora possui <strong>tr</strong>ês imóveis com extensão superior a exigida<br />

em lei, totalizando mais de 04 módulos fiscais (Sitio Alto de Piabas, nº de módulos fiscais 2,05 (fl.33); Fazenda Santo<br />

Antônio, nº de módulos fiscais 1,60 (fl.49); Fazenda Bom J<strong>es</strong>us, nº de módulos fiscais 1,27 (fl.75)), <strong>es</strong>se fato por si só não<br />

d<strong>es</strong>caracteriza o regime de economia familiar.<br />

Verifico que a autora e suas t<strong>es</strong>temunhas foram uníssonas em seus depoimentos, informando que a autora exerceu<br />

atividade rural em regime de economia familiar em sua propriedade, sem nenhuma ajuda de <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> assalariados.<br />

Diante disso, r<strong>es</strong>ta claro o efetivo exercício em regime de economia familiar d<strong>es</strong>empenhado pela parte autora.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valor da


condenação.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos, e que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

66 - 2008.50.51.001215-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.)<br />

x TERESA MACHADO DE ASSIS (ADVOGADO: ELINARA FERNANDES SOARES.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS PREENCHIDOS –<br />

INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA – RENDA MENSAL FAMILIAR PER CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO<br />

MÍNIMO - ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença (fls. 66/70) que julgou parcialmente procedente<br />

o pedido da autora, condenando a autarquia a conceder o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada. Alega o recorrente, em suas<br />

razõ<strong>es</strong> recursais, que a renda familiar per capita é superior a ¼ do salário mínimo. Afirma ainda, que a parte autora não se<br />

encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o labor, pois a perícia médica judicial constatou incapacidade parcial e definitiva. Pleiteia, assim,<br />

a reforma da sentença. Foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pela parte autora.<br />

2. Nos termos do art. 20 da lei 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. No que tange à incapacidade, a autora foi submetida à perícia médica judicial, onde ficou constatado que a m<strong>es</strong>ma<br />

encon<strong>tr</strong>a-se com “gonar<strong>tr</strong>ose bilateral avançada e <strong>es</strong>pondilodiscoar<strong>tr</strong>ose em coluna lombar” (fl.41). O médico perito<br />

caracterizou a incapacidade da autora como sendo parcial e definitiva (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 06), afirmando que a recorrida<br />

pode se locomover den<strong>tr</strong>o do lar, mas apr<strong>es</strong>enta r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong> para distâncias maior<strong>es</strong>, bem como para <strong>tr</strong>anspor obstáculos.<br />

N<strong>es</strong>se sentido, a incapacidade parcial at<strong>es</strong>tada, aliada às condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da autora, como limitação física, idade<br />

avançada (57 anos), nenhuma experiência profissional, baixo grau de ins<strong>tr</strong>ução, são circunstâncias que acabam<br />

impossibilitando a volta ao labor. Por isso, m<strong>es</strong>mo sendo a incapacidade objetivamente tida por parcial, tenho que, na<br />

realidade, ela é total e definitiva. N<strong>es</strong>te caso, além da incapacidade por si só, existem fator<strong>es</strong> de ordem p<strong>es</strong>soal que não<br />

podem ser d<strong>es</strong>considerados.<br />

4. In casu, com base no laudo socioeconômico (fls. 31/32), o núcleo familiar considerado é composto por <strong>tr</strong>ês p<strong>es</strong>soas (a<br />

recorrida, seu companheiro e seu filho de 20 anos), sendo que a renda familiar oficial é composta por uma aposentadoria<br />

por invalidez no valor de um salário mínimo (fl. 23) recebida pelo companheiro (75 anos – fl. 14) e por um benefício de bolsa<br />

família no valor de R$ 70,00.<br />

5. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

7. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz que “A<br />

renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003”.<br />

8. Assim, com a d<strong>es</strong>consideração do benefício de aposentadoria por invalidez recebido pelo companheiro da autora,<br />

percebe-se que a sua única renda é o benefício de bolsa família (R$ 70,00), sendo <strong>es</strong>te valor inferior ao limite objetivo<br />

determinado em lei. D<strong>es</strong>sa forma, a parte autora faz jus ao recebimento do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, por ter<br />

preenchido todos os requisitos legais.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valor<br />

da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.


67 - 2008.50.54.000119-9/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO<br />

BINDA.) x CONCEIÇÃO ALVES AMANCIO (ADVOGADO: SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS, KÉZIA NICOLINI.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – ALTERAÇÃO DOS JUROS DE<br />

MORA – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 77/82) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia a conceder o benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à parte autora. Alega o INSS,<br />

em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo de miserabilidade da recorrida, pois não é devida a<br />

aplicação analógica do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do marido não<br />

deve ser excluída do cômputo para cálculo da renda per capita da autora. Em caráter subsidiário, caso seja mantida a<br />

sentença a quo, a autarquia requer a alteração da aplicação dos juros de mora. Foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pela<br />

parte autora.<br />

2. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso e que não possuam meios de prover o próprio sustento. A<br />

condição de p<strong>es</strong>soa idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos.<br />

3. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

4. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

5. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz que “A<br />

renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003”.<br />

6. Os documentos de fls. 53/54 comprovam que o marido da autora de 71 anos recebe, a título de aposentadoria, o valor de<br />

um salário mínimo, o qual constitui a única fonte de renda da família. Deve-se, portanto, ser d<strong>es</strong>considerada a<br />

aposentadoria do m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

7. Com relação à alegação subsidiária, deve ser feita correção quanto à fixação dos juros de mora em 1% ao mês a partir<br />

da citação. A citação do réu aperfeiçoou-se ant<strong>es</strong> de 30/06/2009 (fl. 54-verso), data da en<strong>tr</strong>ada em vigor da Lei<br />

11.960/2009. Como a citada lei tem aplicação imediata sobre os proc<strong>es</strong>sos pendent<strong>es</strong> (Precedente: STF - RE 559.445 –<br />

Rel. Ellen Gracie – DJe 10/06/2009), a partir d<strong>es</strong>ta data deve ser aplicada a nova redação do artigo 1º-F da Lei 9.494/97,<br />

que segue abaixo:<br />

Nas condenaçõ<strong>es</strong> impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária,<br />

remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índic<strong>es</strong><br />

oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. (Redação dada pela Lei nº 11.960, de 2009)<br />

8. D<strong>es</strong>ta sorte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada. Quanto aos<br />

juros de mora, será dado parcial provimento ao recurso interposto pelo INSS, nos termos da fundamentação acima,<br />

devendo incidir juros de mora no percentual de 1 % ao mês, a partir da citação e até 29.06.2009. Após 30.06.2009, deve-se<br />

aplicar a correção prevista no art. 1º - F da Lei 9.494 / 97, com a nova redação dada pela Lei 11.960/2009.<br />

9. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada.<br />

10. Custas ex lege. Sem condenação a honorários advocatícios ante a sucumbência recíproca.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

68 - 2008.50.50.005197-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO<br />

DA SILVA.) x BENILDA FREIRE (ADVOGADO: IZAEL DE MELLO REZENDE, SARITA DO NASCIMENTO FREITAS,<br />

MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ANA MERCEDES MILANEZ.).<br />

EMENTA<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DA PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO –<br />

RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.


1. No caso dos autos, o núcleo familiar é composto por qua<strong>tr</strong>o p<strong>es</strong>soas: a recorrida, o pai da autora de 70 anos, sua mãe de<br />

68 anos, e seu irmão incapaz. A renda familiar é composta por dois benefícios: amparo social ao idoso, recebido pelo<br />

genitor da parte autora, e amparo social à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência, recebido pelo irmão da recorrida (fls. 52/53). É<br />

fato incon<strong>tr</strong>overso a deficiência da autora.<br />

2. Na hipót<strong>es</strong>e em qu<strong>es</strong>tão, m<strong>es</strong>mo utilizando o art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03), e<br />

d<strong>es</strong>considerando a renda auferida pelo pai da autora, que é idoso e recebe amparo social, o cálculo da renda familiar é<br />

superior ao requisito de miserabilidade exigido por lei (renda per capita inferior a ¼ do salário mínino).<br />

3. Tal fato impossibilita o recebimento do benefício assistencial pela recorrida, visto que a renda per capita do núcleo<br />

familiar é superior ao que a lei exige. Diante disso, a parte autora não faz jus ao recebimento do benefício de pr<strong>es</strong>tação<br />

continuada.<br />

4. Não pode ser d<strong>es</strong>considerado o benefício assistencial recebido pelo irmão da recorrida. Ainda que o valor de 02 (dois)<br />

salários mínimos se mos<strong>tr</strong>e insuficiente para as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as familiar<strong>es</strong>, a assistência busca retirar o núcleo familiar da<br />

situação de miserabilidade, e não da pobreza.<br />

5. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença recorrida e julgar improcedente o pedido da parte autora.<br />

6. Dado o caráter alimentar dos valor<strong>es</strong> recebidos, os m<strong>es</strong>mos não deverão ser r<strong>es</strong>tituídos.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é<br />

vencido.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO, reformando-se a sentença, na<br />

forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

69 - 2008.50.50.007864-1/01 SEBASTIAO RODRIGUES DURUTEIA (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO<br />

NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 85/86, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente (49 anos), em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que se encon<strong>tr</strong>a incapacitado para o <strong>tr</strong>abalho, por apr<strong>es</strong>entar doenças que o impedem de<br />

d<strong>es</strong>empenhar sua atividade habitual, além de não ter condiçõ<strong>es</strong> de se reabilitar profissionalmente. Alega, ainda, que<br />

acostou laudos médicos que at<strong>es</strong>tam sua incapacidade. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

2. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica judicial de fls. 56/57, que<br />

m<strong>es</strong>mo sendo constatado o diagnóstico de hipotireoidismo não iodo radioativo com d<strong>es</strong>envolvimento de hipertireoidismo<br />

ia<strong>tr</strong>ogênico decorrente do <strong>tr</strong>atamento, e sendo portador de fibrilação a<strong>tr</strong>ial secundária à tireotoxicose, o autor não se<br />

encon<strong>tr</strong>a incapacitado para o <strong>tr</strong>abalho, <strong>es</strong>tando apto ao exercício de sua atividade habitual, qual seja, a de vigia. O perito<br />

médico concluiu pela capacidade do autor baseando-se na avaliação clínica e nos laudos e exam<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados pelo<br />

m<strong>es</strong>mo. Afirma que a doença que acomete o autor não interfere em sua vida civil e em sua capacidade laborativa.<br />

3. Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

4. Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

5. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

70 - 2008.50.50.006758-8/01 HELENA MARTINS MOREIRA (ADVOGADO: maria eliana souza, ADMAR JOSE CORREA.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS<br />

SANTOS.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

PREVALÊNCIA SOBRE LAUDOS PARTICULARES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.


Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 103/104, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que<br />

recebeu orientaçõ<strong>es</strong> médicas alertando que não pode fazer força com seu braço, devido a sua enfermidade. Pugna,<br />

portanto, pela reforma da sentença.<br />

Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, consoante perícias médicas de fls. 73/76 – 91/95, que<br />

a parte autora não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o <strong>tr</strong>abalho, <strong>es</strong>tando apta a exercer qualquer atividade, inclusive a que<br />

exerce habitualmente, qual seja, a de costureira indus<strong>tr</strong>ial.<br />

Vale r<strong>es</strong>salvar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo:<br />

“O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

71 - 2009.50.53.000387-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ<br />

RODRIGUES.) x CLEUSA MOREIRA SANTANA (ADVOGADO: KARLA AUER GUASTI.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – INCAPACIDADE<br />

AFERIDA DO CONJUNTO PROBATÓRIO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 53/54, que julgou procedente o pedido de<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença. Alega o recorrente, preliminarmente, que a competência do feito é da<br />

<strong>Justiça</strong> Estadual. Aduz, ainda, que o laudo pericial é claro ao at<strong>es</strong>tar a capacidade da parte autora. Pugna, portanto, pela<br />

reforma da sentença.<br />

Para o recebimento da aposentadoria por invalidez, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados<br />

pelo art. 42 da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

mensais e ter constatado a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional que lhe garanta a<br />

subsistência com insuscetibilidade de reabilitação.<br />

Inicialmente, rejeito a preliminar de incompetência absoluta d<strong>es</strong>te juízo, visto que a incapacidade não decorreu diretamente<br />

do acidente de <strong>tr</strong>abalho. Ademais, a Autarquia Ré na época que concedeu o benefício à autora a classificou como auxílio<br />

doença previdenciário.<br />

A parte autora foi submetida à perícia médica judicial (fls. 35/40), que constatou ser a m<strong>es</strong>ma portadora de “hérnia de disco<br />

ao nível da região lombar”. O perito médico concluiu que as l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> não incapacitam a parte autora para o <strong>tr</strong>abalho, qual<br />

seja, auxiliar de serviços gerais. Em audiência de ins<strong>tr</strong>ução e julgamento, realizada em 18/06/2010, a autora relata as<br />

atividad<strong>es</strong> exercidas: “<strong>tr</strong>abalhava subindo no pé de mamão, subindo <strong>es</strong>cada, debastando, tirando tudo na <strong>es</strong>cada ou em<br />

cima da plataforma do <strong>tr</strong>ator”. Logo, verifica-se que o vigor físico é requisito fundamental para o exercício de suas funçõ<strong>es</strong>.<br />

Não obstante as conclusõ<strong>es</strong> do laudo pericial, a legislação proc<strong>es</strong>sual permite ao juiz formar seu convencimento com base<br />

em ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos provados, não <strong>es</strong>tando ads<strong>tr</strong>ito tão somente à conclusão obtida pelo perito. Diante de tal<br />

perspectiva, em que p<strong>es</strong>e a perícia médica ter concluído que não há incapacidade, ao se cotejar o histórico clínico da parte<br />

autora, bem como os fator<strong>es</strong> de cunho p<strong>es</strong>soal, como sua idade relativamente avançada (atualmente com 46 anos), o<br />

período em que <strong>tr</strong>abalhou como auxiliar de serviços gerais e os laudos particular<strong>es</strong>, r<strong>es</strong>ta comprovada a incapacidade para<br />

exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais.<br />

A deficiência que a acomete, somado ao fato de exercer atividad<strong>es</strong> que nec<strong>es</strong>sitam de elevado <strong>es</strong>forço físico, impedirão o<br />

retorno, n<strong>es</strong>se momento, ao seu local de <strong>tr</strong>abalho, tornando recomendável a conc<strong>es</strong>são do auxílio-doença.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

72 - 2009.50.53.000106-7/01 MARIA DA GRAÇA ZANIBONI ZAUBINI (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES,<br />

VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

PREVALÊNCIA SOBRE LAUDOS PARTICULARES – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 102/104, que julgou improcedente o


seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Alega<br />

a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não foram analisadas as condiçõ<strong>es</strong> de exercício do seu <strong>tr</strong>abalho rural. Aduz,<br />

ainda, a dificuldade de reabilitação para ou<strong>tr</strong>a profissão, pelo fato de ser uma p<strong>es</strong>soa idosa, ile<strong>tr</strong>ada e apr<strong>es</strong>entar problemas<br />

de saúde. Pugna, por tais razõ<strong>es</strong>, pela reforma da sentença.<br />

Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, consoante perícias médicas de fls. 87/91, que a parte<br />

autora não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o <strong>tr</strong>abalho, <strong>es</strong>tando apta a exercer qualquer atividade, inclusive a que exerce<br />

habitualmente, qual seja, a de <strong>tr</strong>abalhadora rural.<br />

Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo:<br />

“O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

73 - 2007.50.50.009367-4/01 JOSE FERREIRA DE SOUSA (ADVOGADO: CHRISTINNE ABOUMRAD R. AGUIAR LEITE,<br />

JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG<br />

ANTONIO DA SILVA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO<br />

MÉDICO PERICIAL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 94/95, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que se<br />

encon<strong>tr</strong>a incapacitado para o <strong>tr</strong>abalho por apr<strong>es</strong>entar hipertensão arterial severa. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>,<br />

pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica judicial de fls. 73/78, que<br />

m<strong>es</strong>mo sendo constatado o diagnóstico de hipertensão arterial, a parte autora não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para a sua<br />

atividade laboral de soldador, sendo apenas nec<strong>es</strong>sário fazer um adequado con<strong>tr</strong>ole pr<strong>es</strong>sórico para diminuir riscos de<br />

complicaçõ<strong>es</strong> futuras da doença (qu<strong>es</strong>ito 09 – fl. 76).<br />

4. Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong>, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo<br />

médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O<br />

laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

5. Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

74 - 2008.50.53.000614-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE<br />

VIEIRA.) x SEBASTIÃO CORDEIRO DE SOUZA (ADVOGADO: JARDEL CIPRIANO RAMOS.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE COMPROVADA –<br />

LAUDO PERICIAL FAVORÁVEL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 115/117, que julgou procedente o<br />

pedido, condenando o recorrente a conceder o benefício de auxílio-doença. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que<br />

não há exam<strong>es</strong> que demons<strong>tr</strong>em a existência da doença alegada pelo autor, e que, por isso, há ausência de prova capaz<br />

de comprovar a incapacidade laborativa.<br />

2. Para o recebimento do auxílio-doença, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados pelo art. 59<br />

da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais e ter<br />

constatado a incapacidade para o exercício de sua atividade profissional por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. Na pr<strong>es</strong>ente qu<strong>es</strong>tão, não r<strong>es</strong>tam dúvidas acerca da qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial do autor, já demons<strong>tr</strong>ada a<strong>tr</strong>avés de


prova documental, ou m<strong>es</strong>mo no que tange ao período de carência nec<strong>es</strong>sário para a obtenção do benefício pretendido.<br />

4. Com relação à incapacidade, a autora já obteve adminis<strong>tr</strong>ativamente auxílio-doença. Sabe-se que a percepção do<br />

benefício previdenciário de auxílio-doença pr<strong>es</strong>supõe o devido cumprimento de determinados requisitos. Quando o<br />

benefício previdenciário foi c<strong>es</strong>sado em abril de 2008, a parte autora efetuou pedido de sua prorrogação, porém, não foi<br />

conhecido o direito de continuação pela autarquia.<br />

5. Diante disso, pleiteou seu direito em juízo, juntando aos autos declaraçõ<strong>es</strong> e receituários médicos anterior<strong>es</strong> que<br />

comprovam sua doença. Foi realizada perícia médica (fls. 94/97) a fim de diagnosticar as moléstias que acometem o autor.<br />

O perito judicial constatou que o autor é portador de obs<strong>tr</strong>ução int<strong>es</strong>tinal, encon<strong>tr</strong>ando-se parcial e temporariamente<br />

incapacitado para exercer sua atividade laborativa, qual seja, a de lavrador. N<strong>es</strong>se sentido, a alegação do INSS de que<br />

inexistem exam<strong>es</strong> capaz<strong>es</strong> de comprovar a incapacidade do recorrido não merece prosperar, pois foi feito exame clínico<br />

pelo médico perito judicial, e <strong>es</strong>te é absolutamente competente para constatar a pr<strong>es</strong>ença de uma doença, m<strong>es</strong>mo sem<br />

terem sido feitos exam<strong>es</strong> radiológicos. O caso em análise é de um paciente que já se submeteu por <strong>tr</strong>ês vez<strong>es</strong> a<br />

procedimentos cirúrgicos relacionados com a sua doença int<strong>es</strong>tinal, logo, a análise feita pelo expert é apta a confirmar a<br />

existência de incapacidade m<strong>es</strong>mo sem a realização de exam<strong>es</strong>.<br />

6. Pelo exposto, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de auxílio-doença, devendo o m<strong>es</strong>mo<br />

ser r<strong>es</strong>tabelecido d<strong>es</strong>de a data da c<strong>es</strong>sação (20/04/2008 – fl. 112).<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da<br />

condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

75 - 2008.50.54.000004-3/01 ANACIREMA CARVALHO GOMES (ADVOGADO: ANTONIO DE OLIVEIRA NETO.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – PERCEPÇÃO ANTERIOR DE AMPARO ASSISTENCIAL – LEI 6.179/74 –<br />

NÃO PREENCHIMENTO DE REQUISITOS PARA APOSENTADORIA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 44/47, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de pensão por morte. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que tem direito<br />

ao recebimento da pensão visto que seu falecido <strong>es</strong>poso, ainda em vida, fazia jus à aposentadoria por idade. Pugna,<br />

portanto, pela reforma da sentença. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

Depreende-se dos autos que o de cujus era beneficiário de amparo previdenciário por invalidez rural, com início em<br />

01/03/1977, quando contava com 59 anos de idade. O benefício re<strong>tr</strong>o foi concedido com base na Lei 6.179/74, que<br />

considerava que fazia jus a <strong>es</strong>te benefício os maior<strong>es</strong> de 70 (setenta) anos e os inválidos, definitivamente incapacitados<br />

para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

No momento da conc<strong>es</strong>são do amparo previdenciário, a Lei que regulamentava a conc<strong>es</strong>são de benefícios previdenciários<br />

aos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais era a Lei Complementar 11/1971, que instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural –<br />

PRORURAL. A aposentadoria por invalidez era devida ao <strong>tr</strong>abalhador vítima de enfermidade ou l<strong>es</strong>ão orgânica, total ou<br />

definitivamente incapaz para o <strong>tr</strong>abalho. Já a aposentadoria por velhice tinha como requisito a implementação da idade de<br />

65 anos, que não era o caso do de cujus. Em qualquer um dos casos, era nec<strong>es</strong>sária a con<strong>tr</strong>ibuição para o custeio do<br />

Programa. Assim, foi correta a conc<strong>es</strong>são do amparo previdenciário por invalidez, nos mold<strong>es</strong> da Lei 6.179/74.<br />

A autora requer que seja reconhecido o direito à aposentadoria por idade do falecido <strong>es</strong>poso, nos mold<strong>es</strong> da Lei 8.213/91.<br />

As provas colacionadas aos autos são: a certidão de casamento (1967) e a <strong>es</strong>critura de compra e venda de terreno rural em<br />

nome da recorrente (1980). A parte autora, em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, afirmou que seu <strong>es</strong>poso ficou por 15 anos usando<br />

cadeira de rodas e muletas, sendo totalmente dependente de terceiros para as atividad<strong>es</strong> diárias. Daí conclui-se que o<br />

falecido, d<strong>es</strong>de a época da conc<strong>es</strong>são do amparo social, não exerceu qualquer atividade, <strong>es</strong>tando totalmente incapacitado<br />

para a vida laboral. As t<strong>es</strong>temunhas ouvidas em audiência disseram ter conhecido o falecido quando <strong>es</strong>te ainda <strong>tr</strong>abalhava<br />

no labor rural, por volta de 1965/1968. Foram uníssonas em afirmar que o m<strong>es</strong>mo <strong>es</strong>tava incapacitado há alguns anos (07 a<br />

08 anos) ant<strong>es</strong> do falecimento, porém, não sabiam informar qual a doença que o incapacitou. Assim, r<strong>es</strong>ta demons<strong>tr</strong>ada a<br />

d<strong>es</strong>caracterização da condição de segurado <strong>es</strong>pecial do falecido.<br />

D<strong>es</strong>ta forma, não fazendo jus o de cujus ao benefício de aposentadoria, não é cabível a conc<strong>es</strong>são de pensão por morte à<br />

autora. O benefício concedido adminis<strong>tr</strong>ativamente pelo INSS (amparo previdenciário por invalidez) não gera direito à<br />

percepção de pensão.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Custas ex lege. Condenação da recorrente em honorários advocatícios, que ora fixo em R$ 100,00.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL<br />

76 - 2008.50.52.000638-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.) x JOSE AGNALDO REIS SANTANA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

E M E N T A<br />

RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA INTERPOSTO(A) PELO INSS EM FACE DE DECISÃO LIMINAR QUE DEFERIU A<br />

ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, PARA DETERMINAR A IMPLANTAÇÃO IMEDIATA DE BENEFÍCIO<br />

ASSISTENCIAL - PERIGO DE DANO IRREPARÁVEL E VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO DEMONSTRADOS -<br />

RECURSO NÃO PROVIDO - DECISÃO LIMINAR CONFIRMADA - SEM CUSTAS E HONORÁRIOS.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO /<br />

MEDIDA DE URGÊNCIA, na forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

77 - 2009.50.52.000132-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.) x ANTONIO ELIAS MORONARI (ADVOGADO: JAIMILTON CHAVES DE SOUSA<br />

LUCAS.).<br />

E M E N T A<br />

RECURSO / MEDIDA DE URGÊNCIA INTERPOSTO(A) PELO INSS EM FACE DE DECISÃO LIMINAR QUE DEFERIU A<br />

ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, PARA DETERMINAR A IMPLANTAÇÃO IMEDIATA DE BENEFÍCIO DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DA QUALIDADE DE SEGURADO – INCAPACIDADE NÃO COMPROVADA –<br />

VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO NÃO DEMONSTRADA - RECURSO PROVIDO - DECISÃO DESCONSTITUÍDA -<br />

SEM CUSTAS E HONORÁRIOS.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO /<br />

MEDIDA DE URGÊNCIA, na forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

78 - 2006.50.50.002384-9/01 UNIÃO FEDERAL x ERIVALDO FERREIRA DOS SANTOS (DEF.PUB: EDUARDO JOSÉ<br />

TEIXEIRA DE OLIVEIRA, GUSTAVO DE ALMEIDA RIBEIRO.).<br />

EMENTA<br />

ATO ADMINISTRATIVO – SEGURO-DESEMPREGO – PRESUNÇÃO DE VERACIDADE – PROVA DOS FATOS<br />

CONSTITUTIVOS INCUMBE AO AUTOR – ART. 333 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – FATOS NÃO<br />

DEMONSTRADOS - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela União <strong>Federal</strong> em face da sentença de fls. 59/61, que julgou procedente o<br />

pedido autoral, condenando a recorrente a realizar o pagamento adminis<strong>tr</strong>ativo do seguro d<strong>es</strong>emprego à parte autora,<br />

repr<strong>es</strong>entada por Laurineyde Ferreira dos Santos Damasceno, em decorrência da dispensa sem justa causa efetuada pela<br />

empr<strong>es</strong>a “Vila Velha Transporte Coletivo Ltda-ME”. Aduz a recorrente que o autor foi notificado do indeferimento do<br />

seguro-d<strong>es</strong>emprego pela falta de comprovação da existência de vínculo empregatício e deveria interpor recurso perante o<br />

Ministério do Trabalho e Emprego no prazo de 02 (dois) anos, o que não foi feito pelo m<strong>es</strong>mo. Foram apr<strong>es</strong>entadas<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pelo recorrido.<br />

No caso dos autos, o autor alega que após dar en<strong>tr</strong>ada no seu requerimento de seguro-d<strong>es</strong>emprego e constatar que o<br />

m<strong>es</strong>mo havia sido indeferido, solicitou à sua procuradora que se dirigisse a uma Delegacia Regional do Trabalho. Ainda<br />

conforme alegaçõ<strong>es</strong> do autor, sua procuradora foi impedida de dar continuidade ao proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo, visto que o<br />

seguro-d<strong>es</strong>emprego é direito p<strong>es</strong>soal e in<strong>tr</strong>ansferível.<br />

A pretensão do autor tem natureza condenatória, objetivando que a União <strong>Federal</strong> realize o pagamento das parcelas do<br />

seguro-d<strong>es</strong>emprego, a<strong>tr</strong>avés de sua procuradora. Porém, não ficou provado nos autos que a sua procuradora, de fato,<br />

compareceu ao Ministério do Trabalho e Emprego para dar continuidade ao proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo de conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício. Conforme o art. 333, I, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, cabe ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos de seu<br />

direito. Não logrando êxito em comprovar os fatos que ocorreram, não merece guarida o pedido autoral.<br />

O programa de seguro-d<strong>es</strong>emprego tem por finalidade prover assistência financeira temporária ao <strong>tr</strong>abalhador<br />

d<strong>es</strong>empregado em virtude de dispensa sem justa causa. In casu, o autor, assim que foi dispensado pela empr<strong>es</strong>a Vila<br />

Velha Transporte Coletivo Ltda-ME, saiu do país. Não consta dos autos documentação de que realmente <strong>es</strong>tava pr<strong>es</strong>tando


auxílio ao irmão adoentado em Portugal, como alegou na peça exordial.<br />

Ademais, os atos adminis<strong>tr</strong>ativos são dotados de pr<strong>es</strong>unção de legitimidade e veracidade, o que acarreta que el<strong>es</strong> sejam<br />

considerados verdadeiros até que seja comprovado o con<strong>tr</strong>ário. A notificação ao autor de que era indispensável a<br />

apr<strong>es</strong>entação de recurso para dar continuidade ao proc<strong>es</strong>so de conc<strong>es</strong>são do seguro-d<strong>es</strong>emprego é plenamente válida,<br />

gozando de legitimidade.<br />

Recurso conhecido e provido para afastar a condenação da União <strong>Federal</strong> ao pagamento adminis<strong>tr</strong>ativo do<br />

seguro-d<strong>es</strong>emprego. Sentença reformada.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, já que devidos somente nos casos em que o recorrente sair vencido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

79 - 2007.50.51.002240-8/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MICHELI JESUS VIEIRA<br />

DE MELO.) x MARIA DA GLORIA CAÇANDRE RIBEIRO (ADVOGADO: JOSÉ NASCIMENTO, URBANO LEAL PEREIRA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO<br />

ACÓRDÃO EMBARGADO – DESNECESSIDADE DE CONFRONTAR TODOS OS ARGUMENTOS INTERPOSTOS –<br />

EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em face de<br />

acórdão que negou provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão deixou de apreciar dois pontos<br />

cen<strong>tr</strong>ais do recurso interposto, quais sejam: que uma t<strong>es</strong>temunha em sede adminis<strong>tr</strong>ativa teria afirmado que a autora, após<br />

a mudança para a cidade, não mais <strong>es</strong>taria laborando na roça e sobre o pa<strong>tr</strong>imônio da família.<br />

O fato de o acórdão guerreado não ter se manif<strong>es</strong>tado expr<strong>es</strong>samente sobre todos os argumentos que a parte alega incidir<br />

à <strong>es</strong>pécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois o julgador, d<strong>es</strong>de que fundamente<br />

suficientemente sua decisão, não <strong>es</strong>tá obrigado a r<strong>es</strong>ponder todas as alegaçõ<strong>es</strong> das part<strong>es</strong>, a ater-se aos fundamentos por<br />

elas apr<strong>es</strong>entados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal sorte que a insatisfação quanto ao<br />

d<strong>es</strong>linde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que <strong>es</strong>teja pr<strong>es</strong>ente alguma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong><br />

do art. 535 do CPC.<br />

In casu, a parte autora completou o requisito “idade” em 1997. D<strong>es</strong>de 1992 havia se mudado para a zona urbana. Porém, a<br />

distância en<strong>tr</strong>e a r<strong>es</strong>idência da família e a propriedade rural é de apenas 05 quilôme<strong>tr</strong>os, o que possibilitava que a autora<br />

continuasse a <strong>tr</strong>abalhar na roça diariamente. O fato foi confirmado pelos depoimentos das t<strong>es</strong>temunhas em audiência. Não<br />

d<strong>es</strong>caracteriza o <strong>tr</strong>abalho rural o fato de o embargado r<strong>es</strong>idir na zona urbana e <strong>tr</strong>abalhar na propriedade rural da família,<br />

uma vez que o exercício de atividade rural independe do local onde o <strong>tr</strong>abalhador possui r<strong>es</strong>idência, d<strong>es</strong>de que próximos os<br />

locais.<br />

Embargos de declaração não providos em razão da inexistência de vício a ser sanado, r<strong>es</strong>tando demons<strong>tr</strong>ada tão-somente<br />

a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

80 - 2007.50.50.001598-5/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE<br />

GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x MONICA RAMOS DA SILVA JORGE (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl,<br />

EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AUXÍLIO-RECLUSÃO – OMISSÃO - PREQUESTIONAMENTO – PRINCÍPIO DA<br />

RAZOABILIDADE E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA – INCIDÊNCIA DA SÚMULA 356 DO STF - INEXISTÊNCIA<br />

DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 84/87 que deu provimento ao recurso<br />

inominado. Alega o embargante que a decisão seria omissa quanto à aplicação dos princípios da razoabilidade e da<br />

dignidade da p<strong>es</strong>soa humana.<br />

A jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia, ao decidir qu<strong>es</strong>tionamentos quanto às possibilidad<strong>es</strong> de interposição d<strong>es</strong>sa via recursal, assim já<br />

decidiu: “M<strong>es</strong>mo nos embargos de declaração com fim de prequ<strong>es</strong>tionamento, devem ser observados os limit<strong>es</strong> <strong>tr</strong>açados<br />

no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, con<strong>tr</strong>adição, omissão e, por cons<strong>tr</strong>ução pretoriana integrativa, a hipót<strong>es</strong>e de erro<br />

material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - Primeira Turma, R<strong>es</strong>p. 11465-0-SP, rel. Min.<br />

Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).<br />

Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos nec<strong>es</strong>sários ao julgamento da causa foram devidamente<br />

analisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manif<strong>es</strong>tado expr<strong>es</strong>samente sobre os princípios<br />

que a parte alega incidir à <strong>es</strong>pécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois o julgador, d<strong>es</strong>de


que fundamente suficientemente sua decisão, não <strong>es</strong>tá obrigado a r<strong>es</strong>ponder todas as alegaçõ<strong>es</strong> das part<strong>es</strong>, a ater-se aos<br />

fundamentos por elas apr<strong>es</strong>entados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal sorte que a<br />

insatisfação quanto ao d<strong>es</strong>linde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que <strong>es</strong>teja pr<strong>es</strong>ente<br />

alguma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> do art. 535 do CPC.<br />

Embargos de declaração não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, r<strong>es</strong>tando demons<strong>tr</strong>ada tão-somente<br />

a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

81 - 2009.50.50.001386-9/01 DELVAIR CRUZ DOS SANTOS (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT, EDUARDO JOSÉ<br />

TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER<br />

DARROZ ROSSONI.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INTIMAÇÃO – SESSÃO DE JULGAMENTO –DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO –<br />

DESNECESSÁRIA – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

A Defensoria Pública da União arguiu a nulidade do acórdão por não ter sido p<strong>es</strong>soalmente intimada da pauta de<br />

julgamento. O art. 44, inciso I, da Lei Complementar 80/94 realmente prevê como prerrogativa dos membros da Defensoria<br />

Pública a intimação p<strong>es</strong>soal. En<strong>tr</strong>etanto, a Defensoria não explicou qual teria sido o prejuízo causado pela falta de<br />

intimação. A ausência de intimação não causa prejuízo porque a pr<strong>es</strong>ença do defensor na s<strong>es</strong>são de julgamento é<br />

d<strong>es</strong>tituída de sentido prático, uma vez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da Turma<br />

Recursal. Segundo o art. 249, § 1º, do CPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.<br />

A interposição de embargos declaratórios possui função corretiva e integradora, exigindo que o próprio prolator da decisão<br />

exerça sua função jurisdicional com acerto e precisão. Os embargos opostos não apontam qualquer, dúvida, omissão,<br />

con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade a <strong>es</strong>clarecer, apenas relatam a inconformidade da Defensoria Pública devido à ausência da<br />

intimação p<strong>es</strong>soal.<br />

Assim, r<strong>es</strong>tam ausent<strong>es</strong> os requisitos do art. 535 do CPC.<br />

Embargos conhecidos e improvidos.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

82 - 2009.50.52.000228-2/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE<br />

ALMEIDA.) x IRACY AYRES DE FARIAS RUELA (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE SOUZA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO - PREQUESTIONAMENTO – VIOLAÇÕES CONSTITUCIONAIS –<br />

INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 356 DO STF - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – RECURSO<br />

CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em face do<br />

acórdão de fls. 132/133 que negou provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão seria omissa<br />

quanto às violaçõ<strong>es</strong> constitucionais suscitadas.<br />

2. Não assiste razão ao embargante. A Jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia, ao decidir qu<strong>es</strong>tionamentos quanto às possibilidad<strong>es</strong> de<br />

interposição d<strong>es</strong>sa via recursal, assim já decidiu: “M<strong>es</strong>mo nos embargos de declaração com fim de prequ<strong>es</strong>tionamento,<br />

devem-se observar os limit<strong>es</strong> <strong>tr</strong>açados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, con<strong>tr</strong>adição, omissão e, por cons<strong>tr</strong>ução<br />

pretoriana integrativa, a hipót<strong>es</strong>e de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - Primeira<br />

Turma, R<strong>es</strong>p. 11465-0-SP, rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).<br />

3. Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos nec<strong>es</strong>sários ao julgamento da causa foram devidamente<br />

analisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manif<strong>es</strong>tado expr<strong>es</strong>samente sobre os artigos<br />

constitucionais que a parte alega incidir à <strong>es</strong>pécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois o<br />

julgador, d<strong>es</strong>de que fundamente suficientemente sua decisão, não <strong>es</strong>tá obrigado a r<strong>es</strong>ponder todas as alegaçõ<strong>es</strong> das<br />

part<strong>es</strong>, a ater-se aos fundamentos por elas apr<strong>es</strong>entados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal<br />

sorte que a insatisfação quanto ao d<strong>es</strong>linde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que<br />

<strong>es</strong>teja pr<strong>es</strong>ente alguma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> do art. 535 do CPC.<br />

4. Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, r<strong>es</strong>tando<br />

demons<strong>tr</strong>ada tão-somente a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


83 - 2007.50.50.010312-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de<br />

Oliveira.) x ANGELINO TAVARES (ADVOGADO: MARIA DE FATIMA MONTEIRO, JOAO LUIZ DA SILVA JUNIOR,<br />

CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – VIOLAÇÕES CONSTITUCIONAIS – INCIDÊNCIA DA<br />

SÚMULA N. 356 DO STF - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – RECURSO CONHECIDO E NÃO<br />

PROVIDO.<br />

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 116/118 que deu provimento ao<br />

recurso inominado interposto pela autarquia previdenciária. Alega o embargante que houve violação a preceitos<br />

constitucionais, motivo pelo qual deve ser reformado o acórdão.<br />

2. Não assiste razão ao embargante. A Jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia, ao decidir qu<strong>es</strong>tionamentos quanto às possibilidad<strong>es</strong> de<br />

interposição d<strong>es</strong>sa via recursal, assim já decidiu: “M<strong>es</strong>mo nos embargos de declaração com fim de prequ<strong>es</strong>tionamento,<br />

devem-se observar os limit<strong>es</strong> <strong>tr</strong>açados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, con<strong>tr</strong>adição, omissão e, por cons<strong>tr</strong>ução<br />

pretoriana integrativa, a hipót<strong>es</strong>e de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - Primeira<br />

Turma, R<strong>es</strong>p. 11465-0-SP, rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).<br />

3. Inexiste qualquer vício no acórdão impugnado. Todos os pontos nec<strong>es</strong>sários ao julgamento da causa foram devidamente<br />

analisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manif<strong>es</strong>tado expr<strong>es</strong>samente sobre os princípios<br />

constitucionais que a parte alega incidir à <strong>es</strong>pécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois o<br />

julgador, d<strong>es</strong>de que fundamente suficientemente sua decisão, não <strong>es</strong>tá obrigado a r<strong>es</strong>ponder todas as alegaçõ<strong>es</strong> das<br />

part<strong>es</strong>, a ater-se aos fundamentos por elas apr<strong>es</strong>entados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal<br />

sorte que a insatisfação quanto ao d<strong>es</strong>linde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que<br />

<strong>es</strong>teja pr<strong>es</strong>ente alguma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> do art. 535 do CPC.<br />

4. Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, r<strong>es</strong>tando<br />

demons<strong>tr</strong>ada tão-somente a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

84 - 2007.50.52.000453-1/01 FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: SHIZUE SOUZA KITAGAWA.) x<br />

UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.) x JOAO CELESTINO DE OLIVEIRA.<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – PREQUESTIONAMENTO – VIOLAÇÕES CONSTITUCIONAIS –<br />

INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 356 DO STF - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – RECURSO<br />

INOMINADO PROVIDO AFASTANDO A CONDENAÇÃO DOS RECORRENTES – EMBARGOS DECLARATÓRIOS<br />

CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela FUNASA em face do acórdão de fls. 134/137 que deu provimento ao<br />

recurso inominado interposto pela União <strong>Federal</strong> e pela própria embargante. Alega a embargante que houve violação a<br />

preceitos constitucionais, omitindo-se <strong>es</strong>ta Turma sobre o princípio da solidariedade que rege o regime previdenciário do<br />

servidor público. Aduz ainda que não foi analisado o art. 40, § 20 da CRFB/88.<br />

2. A Jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia, ao decidir qu<strong>es</strong>tionamentos quanto às possibilidad<strong>es</strong> de interposição d<strong>es</strong>sa via recursal, assim já<br />

decidiu: “M<strong>es</strong>mo nos embargos de declaração com fim de prequ<strong>es</strong>tionamento, devem-se observar os limit<strong>es</strong> <strong>tr</strong>açados no<br />

art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, con<strong>tr</strong>adição, omissão e, por cons<strong>tr</strong>ução pretoriana integrativa, a hipót<strong>es</strong>e de erro<br />

material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - Primeira Turma, R<strong>es</strong>p. 11465-0-SP, rel. Min.<br />

Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).<br />

3. Inexiste qualquer vício no acórdão impugnado. Todos os pontos nec<strong>es</strong>sários ao julgamento da causa foram devidamente<br />

analisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manif<strong>es</strong>tado expr<strong>es</strong>samente sobre os princípios<br />

constitucionais que a parte alega incidir à <strong>es</strong>pécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois o<br />

julgador, d<strong>es</strong>de que fundamente suficientemente sua decisão, não <strong>es</strong>tá obrigado a r<strong>es</strong>ponder todas as alegaçõ<strong>es</strong> das<br />

part<strong>es</strong>, a ater-se aos fundamentos por elas apr<strong>es</strong>entados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal<br />

sorte que a insatisfação quanto ao d<strong>es</strong>linde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que<br />

<strong>es</strong>teja pr<strong>es</strong>ente alguma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> do art. 535 do CPC.<br />

4. Ademais, verifica-se que o recurso da União <strong>Federal</strong> foi provido, considerando <strong>es</strong>ta Turma que não é cabível a devolução<br />

dos valor<strong>es</strong> recolhidos a título de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias vez que toda a<br />

con<strong>tr</strong>ibuição social é compensada pelo abono de permanência recebido nos termos do parágrafo 19, artigo 40 da<br />

Constituição da República.<br />

4. Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL<br />

85 - 2002.50.50.001103-9/03 MARIA DA PENHA DE AGUIAR DIBE (ADVOGADO: LUIS FILIPE MARQUES PORTO SA<br />

PINTO.) x Juizo <strong>Federal</strong> do 1º Juizado Especial <strong>Federal</strong> Do E.S..<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – MANDADO DE SEGURANÇA – OMISSÃO – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS –<br />

DEVIDO PROCESSO LEGAL, CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA – INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA –INEXISTÊNCIA<br />

DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – EMBARGOS CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS.<br />

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 94/97 que, em sede de mandado de<br />

segurança, reconheceu a decadência e julgou extinto o proc<strong>es</strong>so, com julgamento do mérito, nos termos do art. 269, IV, do<br />

CPC. Alega o embargante que houve violação a preceitos constitucionais, tais como os princípios do devido proc<strong>es</strong>so legal,<br />

con<strong>tr</strong>aditório e ampla def<strong>es</strong>a, motivo pelo qual deve ser reformado o acórdão.<br />

2. Inexiste qualquer vício no acórdão impugnado. Todos os pontos nec<strong>es</strong>sários ao julgamento da causa foram devidamente<br />

analisados na decisão colegiada. O fato de o acórdão guerreado não ter se manif<strong>es</strong>tado expr<strong>es</strong>samente sobre os princípios<br />

constitucionais que a parte alega incidir à <strong>es</strong>pécie não leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do CPC, pois o<br />

julgador, d<strong>es</strong>de que fundamente suficientemente sua decisão, não <strong>es</strong>tá obrigado a r<strong>es</strong>ponder todas as alegaçõ<strong>es</strong> das<br />

part<strong>es</strong>, a ater-se aos fundamentos por elas apr<strong>es</strong>entados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal<br />

sorte que a insatisfação quanto ao d<strong>es</strong>linde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que<br />

<strong>es</strong>teja pr<strong>es</strong>ente alguma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> do art. 535 do CPC.<br />

3. O acórdão guerreado deixou claro que só é cabível recurso inominado de sentença definitiva, conforme <strong>es</strong>tabelece o art.<br />

5º da Lei 10.259/01. Se a parte autora insurgiu-se con<strong>tr</strong>a decisão interlocutória proferida pelo Juízo a quo, em momento<br />

posterior à sentença, deveria ter <strong>es</strong>colhido a via correta para impugná-la e, ainda, no prazo adequado.<br />

4. Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, r<strong>es</strong>tando<br />

demons<strong>tr</strong>ada tão-somente a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

86 - 2009.50.54.000243-3/01 EROIZA DA SILVA DIAS (ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES<br />

MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – CONTRADIÇÃO – INEXISTÊNCIA – PRESENÇA DOS REQUISITOS PARA A<br />

CONCESSÃO DE APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – ACÓRDÃO MANTIDO – EMBARGOS NÃO PROVIDOS.<br />

Trata-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão de fls. 137/142, proferido pela Turma Recursal, por<br />

intermédio do qual aduz o INSS que houve con<strong>tr</strong>adição no referido acórdão, no que tange à utilização da certidão de<br />

casamento da parte autora como início de prova material, visto que o marido da autora, qualificado na certidão como<br />

lavrador, exerceu posteriormente atividade urbana.<br />

Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do<br />

embargante, verifica-se que <strong>es</strong>ta aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição na decisão proferida por <strong>es</strong>te Juízo.<br />

O acórdão embargado não padece de con<strong>tr</strong>adição passível do manejo da referida peça proc<strong>es</strong>sual. No supracitado<br />

acórdão, verifica-se que foi colocado de forma clara e coerente o início de prova material considerado para conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício: a certidão de casamento datada de março de 1970, quando o marido da autora era lavrador (fl. 16); declaração<br />

de exercício de atividade rural datado de setembro de 2005 (fl. 18); carteira do sindicato dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais de<br />

Colatina, com data de admissão em 04 de novembro de 1982 (fl. 15). O início de prova produzido foi corroborado por prova<br />

t<strong>es</strong>temunhal colhida em audiência.<br />

Tendo sido preenchidos os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria rural por idade, previsto no artigo 48,<br />

§ 2º da Lei 8.213/91, o que foi demons<strong>tr</strong>ado pelo acórdão embargado, não há que se falar em con<strong>tr</strong>adição, pois m<strong>es</strong>mo o<br />

marido da parte autora tendo exercido atividade urbana, r<strong>es</strong>tou comprovado que a autora continuou exercendo o labor<br />

rurícola.<br />

Embargos de declaração não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, r<strong>es</strong>tando demons<strong>tr</strong>ada tão-somente<br />

a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

87 - 2008.50.50.006994-9/01 JOÃO SIQUEIRA (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INTIMAÇÃO – SESSÃO DE JULGAMENTO – DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO –<br />

DESNECESSÁRIA – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. A Defensoria Pública da União arguiu a nulidade do acórdão por não ter sido p<strong>es</strong>soalmente intimada da pauta de<br />

julgamento. O art. 44, inciso I, da Lei Complementar 80/94 realmente prevê como prerrogativa dos membros da Defensoria<br />

Pública a intimação p<strong>es</strong>soal. En<strong>tr</strong>etanto, a Defensoria não explicou qual teria sido o prejuízo causado pela falta de<br />

intimação. A ausência de intimação não causa prejuízo porque a pr<strong>es</strong>ença do defensor na s<strong>es</strong>são de julgamento é<br />

d<strong>es</strong>tituída de sentido prático, uma vez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da Turma<br />

Recursal. Segundo o art. 249, § 1º, do CPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.<br />

2. A interposição de embargos declaratórios possui função corretiva e integradora, exigindo que o próprio prolator da<br />

decisão exerça sua função jurisdicional com acerto e precisão. Os embargos opostos não apontam qualquer, dúvida,<br />

omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade a <strong>es</strong>clarecer, apenas relatam a inconformidade da Defensoria Pública devido à<br />

ausência da intimação p<strong>es</strong>soal.<br />

3. Assim, r<strong>es</strong>tam ausent<strong>es</strong> os requisitos do art. 535 do CPC.<br />

4. Embargos conhecidos e improvidos.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

88 - 2008.50.50.004955-0/01 CENIRA DE AVILA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO, EDUARDO JOSÉ<br />

TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA<br />

COSTA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INTIMAÇÃO – SESSÃO DE JULGAMENTO –DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO –<br />

DESNECESSÁRIA – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. A Defensoria Pública da União arguiu a nulidade do acórdão por não ter sido p<strong>es</strong>soalmente intimada da pauta de<br />

julgamento. O art. 44, inciso I, da Lei Complementar 80/94 realmente prevê como prerrogativa dos membros da Defensoria<br />

Pública a intimação p<strong>es</strong>soal. En<strong>tr</strong>etanto, a Defensoria não explicou qual teria sido o prejuízo causado pela falta de<br />

intimação. A ausência de intimação não causa prejuízo porque a pr<strong>es</strong>ença do defensor na s<strong>es</strong>são de julgamento é<br />

d<strong>es</strong>tituída de sentido prático, uma vez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da Turma<br />

Recursal. Segundo o art. 249, § 1º, do CPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.<br />

2. A interposição de embargos declaratórios possui função corretiva e integradora, exigindo que o próprio prolator da<br />

decisão exerça sua função jurisdicional com acerto e precisão. Os embargos opostos não apontam qualquer, dúvida,<br />

omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade a <strong>es</strong>clarecer, apenas relatam a inconformidade da Defensoria Pública devido à<br />

ausência da intimação p<strong>es</strong>soal.<br />

3. Assim, r<strong>es</strong>tam ausent<strong>es</strong> os requisitos do art. 535 do CPC.<br />

4. Embargos conhecidos e improvidos.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

89 - 2008.50.51.001228-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x<br />

GERSON JOSE CANAL (ADVOGADO: ANTÔNIO JUSTINO COSTA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.51.001228-6/01<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL


Recorrido : GERSON JOSÉ CANAL<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO - CONVERSÃO<br />

DE PERÍODO TRABALHADO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS - EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS – RECURSO<br />

CONHECIDO E IMPROVIDO<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL con<strong>tr</strong>a a r. sentença que o<br />

condenou a reconhecer e computar, em benefício do autor, o período de 01/02/1980 a 25/04/2008, <strong>tr</strong>abalhado em<br />

condiçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>peciais, bem como a converter o referido período em tempo de serviço comum, julgando, ao final, procedente<br />

o pedido de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. Segundo o juízo de origem, o autor <strong>tr</strong>abalhou a partir de 01/02/1980 na Viação Itapemirim S.A. (fl. 18), como auxiliar de<br />

mecânico, mecânico montador, mecânico e “montador <strong>es</strong>p” (fls. 27/32), devendo ser computados como <strong>es</strong>peciais o período<br />

de 01/02/1980 a 25/04/2008 (data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo – fl. 33), pelo fato de o m<strong>es</strong>mo ter sido exposto a ruído<br />

equivalente 92,4dB (noventa e dois vírgula qua<strong>tr</strong>o decibéis), durante todo o período em que <strong>tr</strong>abalhou na empr<strong>es</strong>a.<br />

D<strong>es</strong>tacou ser de conhecimento daquele Juízo que a empr<strong>es</strong>a Tecnobus Serviços Comércio e Indús<strong>tr</strong>ia Ltda. (que emitiu o<br />

Perfil Profissiográfico Previdenciário de fls. 29/30) faz parte do m<strong>es</strong>mo grupo econômico da Viação Itapemirim, situação que<br />

também se evidencia a<strong>tr</strong>avés do Cadas<strong>tr</strong>o Nacional de Informaçõ<strong>es</strong> Sociais (CNIS) de fl. 26, onde se constata que o<br />

m<strong>es</strong>mo vínculo <strong>es</strong>tá informado para as duas empr<strong>es</strong>as.<br />

3. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega o recorrente que os agent<strong>es</strong> físicos ruído e calor sempre exigiram a comprovação da<br />

exposição por meio de laudo técnico, não incidindo sobre os m<strong>es</strong>mos a pr<strong>es</strong>unção legal dispensada aos demais agent<strong>es</strong>;<br />

que não há prova nos autos da efetiva exposição para o período posterior a 1997; que a atividade de mecânico não se<br />

encon<strong>tr</strong>a elencada pelo Decreto n. 83.030/79 como atividade <strong>es</strong>pecial; que o período posterior a 1997 não vem<br />

acompanhado de LTCAT – Laudo Técnico das Condiçõ<strong>es</strong> do Ambiente de Trabalho; que os Perfis Profissiográficos<br />

Previdenciários juntados aos autos, além de não contemporâneos, não <strong>es</strong>clarecem se a atividade d<strong>es</strong>envolvida pela parte<br />

autora <strong>es</strong>tá ou não sujeita à exposição perene aos agent<strong>es</strong> nocivos, não fazendo qualquer referência à exposição não<br />

ocasional nem intermitente aos fator<strong>es</strong> prejudiciais à saúde.<br />

4. Segundo a jurisprudência do Egrégio STJ, até a edição da Lei nº 9.032/95, o d<strong>es</strong>empenho da atividade de mecânico<br />

gozava de pr<strong>es</strong>unção de exposição a agent<strong>es</strong> nocivos:<br />

“PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO. EXERCÍCIO EM CONDIÇÕES<br />

ESPECIAIS. LAVADOR E MECÂNICO. PRESUNÇÃO DE EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS ATÉ A EDIÇÃO DA LEI<br />

9.032/95. MP 1.523/96. EXIGÊNCIA DE LAUDO TÉCNICO PERICIAL. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. As Turmas da Terceira Seção d<strong>es</strong>te Superior Tribunal já consolidaram o entendimento no sentido de que o período de<br />

<strong>tr</strong>abalho exercido em condiçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>peciais em época anterior à MP 1.523/96, convalidada pela Lei 9.528/97, não será<br />

abrangido por tal lei, em r<strong>es</strong>peito ao direito adquirido incorporado ao pa<strong>tr</strong>imônio do <strong>tr</strong>abalhador. A caracterização e a<br />

comprovação do tempo de atividade sob condiçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>peciais obedecerá ao disposto na legislação em vigor à época da<br />

pr<strong>es</strong>tação do serviço.<br />

2. In casu, o recorrido exerceu a função de lavador de ônibus, no período compreendido en<strong>tr</strong>e 9/1/1979 e 30/4/1986,<br />

exposto a agent<strong>es</strong> nocivos como a umidade e o calor, constant<strong>es</strong> dos anexos do Decretos 53.831/64 e 83.030/79. Existia a<br />

pr<strong>es</strong>unção absoluta de exposição aos agent<strong>es</strong> nocivos relacionadas nos mencionados anexos. Posteriormente, passou a<br />

exercer a função de mecânico, exposto a graxas, óleos, calor e poeira, até a data de 28/5/1998. 3. Contudo, tal pr<strong>es</strong>unção<br />

só perduraria até a edição da Lei 9.032/95, que passou a exigir a comprovação do exercício da atividade por meio dos<br />

formulários de informaçõ<strong>es</strong> sobre atividad<strong>es</strong> com exposição a agent<strong>es</strong> nocivos ou ou<strong>tr</strong>os meios de provas, o que foi feito<br />

por meio do Formulário SB-40. 4. D<strong>es</strong>tarte, merece parcial reforma o acórdão recorrido, na parte em que entendeu <strong>es</strong>tar<br />

comprovado o exercício de atividade <strong>es</strong>pecial em período posterior à MP 1.523/96, convalidada pela Lei 9.528/97, visto que<br />

a partir de então, como dito acima, passou-se a exigir laudo técnico pericial para comprovação da exposição a agent<strong>es</strong><br />

insalubr<strong>es</strong>, o que não se verificou nos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos. 5. Recurso <strong>es</strong>pecial a que se dá parcial provimento. STJ, REsp<br />

200200425692/RS, 5.ª Turma, Relator Minis<strong>tr</strong>o ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ 07/11/2005, página 327. (sem grifos no<br />

original)<br />

5. Quanto ao período posterior à edição da referida lei, não se pode rejeitar os Perfis Profissiográficos Previdenciários de<br />

fls. 21/32, em razão da inexistência de laudo, vez que referidos formulários, além de consignar os nom<strong>es</strong> dos profissionais<br />

r<strong>es</strong>ponsáveis pelos regis<strong>tr</strong>os ambientais e seus r<strong>es</strong>pectivos regis<strong>tr</strong>os em conselhos de classe, informam que as r<strong>es</strong>pectivas<br />

empr<strong>es</strong>as possuem laudo técnico pericial, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a sua apr<strong>es</strong>entação na ocasião do requerimento do<br />

benefício. Além disso, no PPP, a empr<strong>es</strong>a expõe os fator<strong>es</strong> de risco apurados nos PPRA, PCMSO, PGR e LTCAT, sendo<br />

r<strong>es</strong>ponsável pelas informaçõ<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>tadas. Tais aferiçõ<strong>es</strong> permanecem em poder da empr<strong>es</strong>a podendo ser consultadas<br />

pelos peritos do INSS, nos termos da legislação previdenciária. Ademais, não existe qualquer disposição legal quanto à<br />

nec<strong>es</strong>sidade de que tais formulários sejam contemporâneos aos períodos nele informados, devendo apenas re<strong>tr</strong>atar as<br />

condiçõ<strong>es</strong> em que o segurado exerceu a sua atividade laboral, sendo certo que o requisito da atualidade r<strong>es</strong>ta atendida<br />

enquanto a ambiente não houver sofrido alteração para melhor ou para pior em relação aos riscos existent<strong>es</strong> para o<br />

<strong>tr</strong>abalhador.<br />

6. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, os Perfis Profissiográficos Previdenciários de fls. 21/32 evidenciam que o autor, durante todo o<br />

período apontado na inicial, <strong>es</strong>tava exposto a ruído de 92,4 dB “de modo habitual e permanente” (fl. 27), <strong>es</strong>tando atendidos<br />

os requisitos de habitualidade, permanência e não intermitência, devendo o referido período computado como atividade<br />

<strong>es</strong>pecial, nos termos da Súmula 32 da TNU.<br />

7. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

8. Recurso conhecido e improvido.


9. Custas na forma da lei. Condenação da parte recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em 10% do<br />

valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

90 - 2007.50.50.002601-6/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de<br />

Oliveira.) x ENILZA PINTO BARCELOS (ADVOGADO: ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2007.50.50.002601-6/01<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL<br />

Recorrido : ENILZA PINTO BARCELOS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – PREENCHIMENTO SIMULTÂNEO<br />

DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO – PRESCINDIBILIDADE MESMO ANTES DA EDIÇÃO DA LEI N. 10.666/2003 -<br />

PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – JUROS DE MORA – INCIDÊNCIA A PARTIR DA CITAÇÃO - RECURSO CONHECIDO E<br />

PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL con<strong>tr</strong>a a r. sentença que<br />

julgou procedente o pedido inicial, condenando o réu a conceder à parte autora a aposentadoria por idade.<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a autarquia previdenciária que não foi observada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal, vez que,<br />

embora a ação tenha sido ajuizada em 24/044/2007, foi condenada a pagar a<strong>tr</strong>asados re<strong>tr</strong>oativos a agosto de 2000. No<br />

mérito, afirma que, em agosto de 2000, data do primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, ainda não vigorava a Lei n.<br />

10.666/2003, dispondo que a perda da qualidade de segurado não prejudicaria a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade,<br />

d<strong>es</strong>de que o requerente já contasse com o tempo de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente ao exigido para efeito de carência na data<br />

de requerimento do benefício. Sustenta que, embora a jurisprudência admitisse que os requisitos para a obtenção do<br />

benefício pud<strong>es</strong>sem ser preenchidos em momentos distintos e de forma dissociada, a Adminis<strong>tr</strong>ação Pública atua em<br />

obediência ao princípio da legalidade e jamais poderia conceder um benefício previdenciário com base em cons<strong>tr</strong>uçõ<strong>es</strong><br />

jurisprudenciais. Afirma que, inconformada com o indeferimento adminis<strong>tr</strong>ativo do primeiro requerimento de aposentadoria,<br />

a autora poderia ter buscado tutela judicial d<strong>es</strong>de então, mas manteve-se inerte, formulando novo pedido apenas em 2005,<br />

quando obteve êxito. Aduz que ocorreu preclusão lógica da faculdade de insurgir-se con<strong>tr</strong>a a decisão adminis<strong>tr</strong>ativa tomada<br />

no primeiro requerimento. Conclui que se encon<strong>tr</strong>a correta tanto a decisão tomada no primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo,<br />

formulado em agosto de 2000, quanto a decisão adminis<strong>tr</strong>ativa que deferiu o pedido formulado em 2005, apenas se<br />

basearam em realidad<strong>es</strong> jurídicas distintas. Ao final, pugna pela incidência de juros a partir da citação.<br />

3. Acolhe-se a prefacial de pr<strong>es</strong>crição quinquenal, uma vez que, em se <strong>tr</strong>atando de benefício previdenciário, somente<br />

pr<strong>es</strong>crevem as parcelas anterior<strong>es</strong> ao qüinqüênio que antecedeu o ajuizamento da ação, consoante <strong>es</strong>tabelece o parágrafo<br />

único do art. 103 da Lei nº 8.213/91. Considerando que a pr<strong>es</strong>ente ação objetiva o pagamento do benefício previdenciário<br />

d<strong>es</strong>de o primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, em 22/08/2000 (fl. 48) e tendo sido a ação ajuizada em 24/04/2007,<br />

encon<strong>tr</strong>am-se alcançadas pela pr<strong>es</strong>crição as parcelas anterior<strong>es</strong> a 24/04/2002.<br />

4. A preclusão é a perda de uma faculdade proc<strong>es</strong>sual pelo seu não exercício no prazo oportuno. Como observa Ter<strong>es</strong>a<br />

Celina de Arruda Alvim Pinto, a preclusão é endoproc<strong>es</strong>sual: “A matéria acobertada pela preclusão não pode ser rediscutida<br />

no m<strong>es</strong>mo proc<strong>es</strong>so em que se terá operado <strong>es</strong>ta preclusão. O mandado de segurança interposto con<strong>tr</strong>a matéria, a r<strong>es</strong>peito<br />

de que houve preclusão, porque não se tenha interposto o recurso adequado, leva à formação de ‘ou<strong>tr</strong>o proc<strong>es</strong>so’. Não<br />

cabe, pois, falar-se em preclusão como circunstância apta a obstar propositura de ou<strong>tr</strong>a ação” (Reflexõ<strong>es</strong> a r<strong>es</strong>peito do<br />

mandado de segurança con<strong>tr</strong>a ato judicial. Revista de Proc<strong>es</strong>so, (48):64-95, out./dez., 1987).<br />

5. Sendo assim, é irrelevante a circunstância de haver a parte não ter interposto recurso con<strong>tr</strong>a a decisão que indeferiu o<br />

benefício previdenciário, não se podendo falar em preclusão, já que abriu mão do direito de recorrer adminis<strong>tr</strong>ativamente,<br />

mas não o de propor ação.<br />

6. Ainda que o primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo tenha sido indeferido em 2000, quando ainda não vigorava a Lei n.<br />

10.666/2003, prevalecia na jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia o entendimento de que seria pr<strong>es</strong>cindível o preenchimento simultâneo dos<br />

requisitos para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por idade, sendo irreparável a r. sentença que deferiu a conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício d<strong>es</strong>de a data do primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

7. Os juros moratórios só começam a correr a partir do momento em que o devedor é constituído em mora. Não existe lei<br />

que eleja o ato ilícito como ins<strong>tr</strong>umento de constituição em mora. De acordo com o art. 219 do CPC, é a citação válida que<br />

constitui em mora o devedor. Aplicação da Súmula 204 do STJ, do seguinte teor: “Os juros de mora nas açõ<strong>es</strong> relativas a<br />

benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”.<br />

8. Recurso conhecido e parcialmente provido.<br />

9. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n.º.<br />

9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91 - 2008.50.50.000380-0/01 ZENILTO ZAMBALDI (ADVOGADO: ALLAN ESCÓRCIO BARBOSA.) x INSTITUTO<br />

NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.000380-0/01<br />

Recorrente : ZENILTO ZAMBALDI<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – INÍCIO DE PROVA MATERIAL<br />

– INDEFERIMENTO DE OITIVA DE TESTEMUNHAS – AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE – CERCEIO AO DIREITO DE<br />

PRODUZIR PROVA – NULIDADE DA SENTENÇA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ZENILTO ZAMBALDI con<strong>tr</strong>a a r. sentença de fls. 146/147, que julgou<br />

improcedente o pedido formulado na inicial.<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong>, argúi o recorrente a preliminar de nulidade da sentença por cerceio de def<strong>es</strong>a, por ausência da oitiva de<br />

suas t<strong>es</strong>temunhas e por não lhe ter sido concedido prazo para se manif<strong>es</strong>tar sobre a cont<strong>es</strong>tação. No mérito, afirma que<br />

nunca foi pa<strong>tr</strong>ão ou possuiu empregados, apenas <strong>tr</strong>abalhava nas terras de seu genitor; que sempre <strong>tr</strong>abalhou em regime de<br />

economia familiar; que possui tempo suficiente à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria; que se encon<strong>tr</strong>a com 63 anos de idade, com<br />

sérios problemas de coluna e não podendo mais <strong>tr</strong>abalhar.<br />

3. O direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não se caracteriza como<br />

cerceamento de def<strong>es</strong>a, principalmente quando se mos<strong>tr</strong>a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária à elucidação do caso concreto.<br />

4. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, a t<strong>es</strong>e que fundamentou o indeferimento do pedido inicial foi a grande extensão da propriedade<br />

rural do segurado. Segundo o juízo de origem, os documentos demons<strong>tr</strong>aram que o autor tinha sob sua r<strong>es</strong>ponsabilidade<br />

propriedad<strong>es</strong> rurais no montante de 471,7ha, dimensão que ul<strong>tr</strong>apassa a previsão de 04 módulos fiscais como limite de<br />

caracterização do segurado <strong>es</strong>pecial, nos termo do art. 11, VII, a, 1, da Lei nº 8.213/91 (com redação dada pela Lei<br />

11.718/08), não havendo como considerá-lo segurado <strong>es</strong>pecial no período de 1961 a 1974.<br />

5. O entendimento acima, todavia, ant<strong>es</strong> perfilhado por <strong>es</strong>te Relator, não é acolhido pelos demais integrant<strong>es</strong> d<strong>es</strong>ta Turma<br />

Recursal, razão pela qual, por uma qu<strong>es</strong>tão de disciplina judiciária, revejo posicionamento anterior e curvo-me ao disposto<br />

na Súmula nº 30 da TNU, no sentido de que “Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao<br />

módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado <strong>es</strong>pecial, d<strong>es</strong>de que comprovada, nos<br />

autos, a sua exploração em regime de economia familiar”.<br />

6. A certidão de casamento de fl. 10, emitida em outubro de 1964, indica que o autor exercia a profissão de lavrador,<br />

constituindo início de prova material suficiente a demons<strong>tr</strong>ar o exercício de atividade rural do autor, cuja eficácia probatória<br />

poderia ter sido ampliada pela prova t<strong>es</strong>temunhal que a parte autora pretendia produzir, razão pela qual se conclui que o<br />

julgamento imediato do proc<strong>es</strong>so cerceou seu direito de produzir prova capaz de influenciar no r<strong>es</strong>ultado da ação.<br />

7. Recurso conhecido e provido, anulando-se a r. sentença de origem para determinar a reabertura da ins<strong>tr</strong>ução proc<strong>es</strong>sual<br />

e a oitiva de t<strong>es</strong>temunhas da parte autora.<br />

8. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

92 - 2008.50.50.005033-3/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo<br />

Marçal.) x LUIZ FERNANDO DE PAIVA BARCELOS (ADVOGADO: VALTEMIR DA SILVA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.005033-3/01<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL<br />

Recorrido : LUIZ FERANDO DE PAIVA BARCELOS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – CONVERSÃO DE TEMPO COMUM EM<br />

ESPECIAL ANTERIORMENTE À LEI N. 9.032/95 – POSSIBILIDADE – JUROS DE MORA – INCIDÊNCIA A PARTIR DA<br />

CITAÇÃO – LEI N. 11.960/2009 – APLICABILIDADE - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS con<strong>tr</strong>a a r.<br />

sentença que julgou procedente o pedido inicial para condenar o réu a conceder à parte autora a aposentadoria <strong>es</strong>pecial.<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega o INSS a impossibilidade de conversão do tempo comum em <strong>es</strong>pecial do período<br />

compreendido en<strong>tr</strong>e 02/02/1981 a 26/05/1982, pois o art. 57, §3º, da Lei n. 8.213/91 permite apenas a conversão da<br />

atividade <strong>es</strong>pecial em comum, mas não o con<strong>tr</strong>ário; a impossibilidade de se considerar <strong>es</strong>pecial a atividade exercida no<br />

período de 01/07/1982 a 08/03/1987, pois o autor somente apr<strong>es</strong>entou sua CTPS como prova das condiçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>peciais; a


impossibilidade de se considerar <strong>es</strong>pecial o período 23/03/1993 a 11/07/2007, pois o Perfil Profissiográfico Previdenciário de<br />

fls. 105/106 demons<strong>tr</strong>a que houve efetiva e eficaz utilização do Equipamento de Proteção Individual, o que d<strong>es</strong>caracteriza a<br />

atividade como <strong>es</strong>pecial, ao menos no período posterior à edição da Lei n. 9.732/98. Requer que os juros de mora incidam<br />

a partir da citação e que haja aplicação imediata da Lei n. 11.960/2009.<br />

3. A Lei nº 9.032, de 28-04-1995, ao alterar o § 3º do art. 57 da Lei n. 8.213/91, vedando a possibilidade de conversão de<br />

tempo de serviço comum em <strong>es</strong>pecial (para fins de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria <strong>es</strong>pecial) não atinge os<br />

períodos anterior<strong>es</strong> à sua vigência, ainda que os requisitos para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria venham a ser preenchidos<br />

posteriormente, uma vez que o tempo de serviço é disciplinado pela lei em vigor à época em que efetivamente exercido,<br />

passando a integrar, como direito adquirido, o pa<strong>tr</strong>imônio jurídico do <strong>tr</strong>abalhador. Sendo assim, não há obstáculo a impedir<br />

a conversão do tempo comum em <strong>es</strong>pecial do período compreendido en<strong>tr</strong>e 02/02/1981 a 26/05/1982.<br />

4. Deve ser considerada <strong>es</strong>pecial a atividade exercida no período de 01/07/1982 a 08/03/1987. O exercício da atividade de<br />

Auxiliar Técnico de Raio-x encon<strong>tr</strong>a-se comprovado pelo regis<strong>tr</strong>o de fl. 21 (Carteira de Trabalho e Previdência Social),<br />

sendo oportuno observar que a comprovação do exercício de atividade sob condiçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>peciais, em tal período, exigia o<br />

simpl<strong>es</strong> enquadramento do segurado em alguma das atividad<strong>es</strong> profissionais consideradas prejudiciais à saúde ou à<br />

integridade física, às quais a legislação vigente conferia pr<strong>es</strong>unção absoluta de nocividade. De acordo com o item 1.1.4. do<br />

quadro a que se refere o art. 2º do Decreto n. 53.831/64, o profissional que <strong>tr</strong>abalha com exposição a raio-x tem direito a ter<br />

reconhecido como <strong>es</strong>pecial tal período, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a apr<strong>es</strong>entação de formulário comprovando exposição a<br />

agent<strong>es</strong> nocivos.<br />

5. Quanto ao período 23/03/1993 a 11/07/2007, é pacífico o entendimento jurisprudencial de que o uso de equipamento de<br />

proteção individual, ainda que obrigatório, não d<strong>es</strong>qualifica o tempo de serviço <strong>es</strong>pecial do segurado, nem exclui o direito à<br />

aposentadoria <strong>es</strong>pecial. O equipamento de proteção, seja individual, seja coletivo, tem o <strong>es</strong>copo de proteger a saúde do<br />

<strong>tr</strong>abalhador, a fim de que não sofra l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong>, mas não d<strong>es</strong>caracteriza a situação agr<strong>es</strong>siva ou nociva. N<strong>es</strong>se sentido,<br />

encon<strong>tr</strong>a-se o disposto na Súmula nº 09 da Turma Nacional de Uniformização: “Ainda que o EPI elimine a insalubridade, no<br />

caso de exposição a ruído, não d<strong>es</strong>caracteriza o tempo de serviço <strong>es</strong>pecial pr<strong>es</strong>tado.”<br />

6. Os juros moratórios só começam a correr a partir do momento em que o devedor é constituído em mora. Não existe lei<br />

que eleja o ato ilícito como ins<strong>tr</strong>umento de constituição em mora. De acordo com o art. 219 do CPC, é a citação válida que<br />

constitui em mora o devedor. Aplicação da Súmula 204 do STJ, do seguinte teor: “Os juros de mora nas açõ<strong>es</strong> relativas a<br />

benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”.<br />

7. Considerando que a r. sentença de fls. 123/126 foi prolatada em 05/07/2010, ou seja, posteriormente à edição da Lei n.<br />

11.960/2009, devem ser observados os índic<strong>es</strong> de correção nela previstos, a partir de sua edição.<br />

8. Recurso conhecido e parcialmente provido.<br />

9. Custas isentas, na forma do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/1996. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n.º.<br />

9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº. 10.259/01.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

93 - 2007.50.50.009793-0/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL<br />

VIEIRA.) x ZILDA RODRIGUES TEIXEIRA (ADVOGADO: MARIA DE FATIMA MONTEIRO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2007.50.50.009793-0/01<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrido : ZILDA RODRIGUES TEIXEIRA<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – CONTRADIÇÃO EXISTENTE ENTRE O DISPOSITIVO E A FUNDAMENTAÇÃO DO<br />

ACÓRDÃO – EMBARGOS ACOLHIDOS.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração interpostos em face do acórdão de fls. 132/133, proferido pela Turma Recursal, por<br />

intermédio dos quais aduz o INSS que houve con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e o dispositivo do m<strong>es</strong>mo e sua fundamentação, tendo em<br />

vista que todos os pedidos da autarquia foram julgados procedent<strong>es</strong>, não devendo constar do dispositivo que houve parcial<br />

provimento do recurso.<br />

Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida, nada mais. A hipót<strong>es</strong>e dos autos caracteriza con<strong>tr</strong>adição<br />

en<strong>tr</strong>e a fundamentação e o dispositivo do acórdão, devendo prosperar o recurso interposto, uma vez que pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> um dos


equisitos previstos no art. 535 do CPC.<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, verifica-se que o acórdão proferido julgou procedent<strong>es</strong> os pedidos do recurso impugnatório da sentença<br />

interposto pela autarquia previdenciária. D<strong>es</strong>se modo, deve ser realizada pequena correção no referido acórdão, quanto ao<br />

seu dispositivo, de modo que onde consta “CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO”, passe a<br />

constar “CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO”. Esta retificação faz com que o item 8 do acórdão, onde<br />

consta “Recurso conhecido e parcialmente provido”, passe a constar “Recurso conhecido e provido”.<br />

Deve, também, por <strong>es</strong>tar diretamente relacionado com a alteração acima procedida, haver retificação quanto ao motivo de<br />

isenção do pagamento de honorários advocatícios. Onde consta “devido à sucumbência recíproca”, passará a constar<br />

“devido à previsão contida no artigo 55 da Lei 9.099/95”.<br />

Embargos de declaração acolhidos.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

94 - 2007.50.54.000960-1/01 INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA<br />

DOMINGUES CARVALHO, RODRIGO COSTA BUARQUE, THIAGO COSTA BOLZANI.) x ORLANDINA NUNES<br />

CARNEIRO (ADVOGADO: BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2007.50.54.000960-1/01<br />

Embargante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL<br />

Embargada : ORLANDINA NUNES CARNEIRO<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO - INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO – LIVRE<br />

APRECIAÇÃO DAS PROVAS PELO JUIZ – ART. 131 DO CPC – RECURSO NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL em face de acórdão<br />

que negou provimento ao recurso inominado. Alega a embargante que a decisão seria omissa quanto aos argumentos<br />

suscitados por ocasião da impe<strong>tr</strong>ação do recurso inominado con<strong>tr</strong>a a sentença guerreada, deixando de analisar provas<br />

juntadas aos autos.<br />

Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do<br />

embargante, verifica-se que <strong>es</strong>ta aponta a existência de omissão na decisão proferida por <strong>es</strong>te Juízo. Todavia, a hipót<strong>es</strong>e<br />

dos autos não caracteriza omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade, não podendo prosperar o recurso interposto, uma vez que<br />

ausent<strong>es</strong> os requisitos previstos no art. 535 do CPC.<br />

Conforme se observa nos autos, a decisão colegiada analisou sim os argumentos recursais ao entender que o alegado<br />

histórico de vínculos urbanos do cônjuge da embargada não obstava o reconhecimento do regime de economia familiar<br />

rural d<strong>es</strong>ta, em observância à Súmula 41 da TNU. Deveras, o fato de o acórdão guerreado não ter se manif<strong>es</strong>tado<br />

expr<strong>es</strong>samente sobre determinada prova dos autos, ou sobre determinado argumento recursal, não leva à conclusão de<br />

que r<strong>es</strong>tou ofendido o art. 535 do CPC, pois o julgador, d<strong>es</strong>de que fundamente suficientemente sua decisão, não <strong>es</strong>tá<br />

obrigado a r<strong>es</strong>ponder todas as alegaçõ<strong>es</strong> das part<strong>es</strong>, a ater-se aos fundamentos por elas apr<strong>es</strong>entados nem a rebater um a<br />

um todos os argumentos levantados, de tal sorte que a insatisfação quanto ao d<strong>es</strong>linde da causa não oportuniza a oposição<br />

de embargos de declaração, sem que pr<strong>es</strong>ente alguma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> do art. 535 do CPC.<br />

Impera r<strong>es</strong>saltar, ainda, a liberdade de apreciação das provas inerent<strong>es</strong> à atuação jurisdicional, d<strong>es</strong>de que cumprida a<br />

condição da devida fundamentação do ato decisório, conforme preceitua o art. 131 do CPC. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, após<br />

minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, <strong>es</strong>te Juízo entendeu que o material probatório<br />

acostado aos autos é elucidativo no sentido de satisfazer ao requisito previdenciário para conc<strong>es</strong>são da aposentadoria rural.<br />

Embargos de declaração não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, r<strong>es</strong>tando demons<strong>tr</strong>ada tão-somente


a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

95 - 2005.50.54.000219-1/01 FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE - FUNASA (PROCDOR: LEONARDO QUEIROZ<br />

BRINGHENTI.) x ANOEL DE PAULA (ADVOGADO: EUSTACHIO DOMICIO L. RAMACCIOTTI, ERANDI BARBOSA DE<br />

CASTRO, MARCELO MATEDI ALVES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2005.50.54.000219-1/01<br />

Recorrente : FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA<br />

Recorrido : ANOEL DE PAULA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – DESCABIDA A ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO NO PRESENTE<br />

CASO – DEVIDAS AS DIFERENÇAS RELATIVAS À INDENIZAÇÃO DE CAMPO NO PERÍODO DE OUTUBRO/1995 A<br />

JULHO/2002 – RESPEITO À PROPORCIONALIDADE DE 46,87% DO VALOR DAS DIÁRIAS – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensão<br />

externada na inicial, condenado a autarquia federal a pagar, ao autor, as diferenças relativas à indenização de campo, no<br />

período que se <strong>es</strong>tende de outubro/1995 a julho/2002, para voltar a ser r<strong>es</strong>peitada a proporcionalidade de 46,87% do valor<br />

das diárias. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que há pr<strong>es</strong>crição da pretensão autoral (pr<strong>es</strong>crição do próprio<br />

fundo de direito) e, mais adiante, reitera os argumentos apr<strong>es</strong>entados em sede de cont<strong>es</strong>tação, apr<strong>es</strong>entando t<strong>es</strong>e no<br />

sentido de que o autor não faz jus ao benefício concedido.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que, no que tange à pr<strong>es</strong>crição suscitada, conforme d<strong>es</strong>tacou a decisão guerreada, não há<br />

que se falar em sua incidência no pr<strong>es</strong>ente caso, uma vez que, em 2002, a recorrente reconheceu o direito ao reajuste<br />

pleiteado pela parte recorrida, por ato oficial, nos termos da peça de def<strong>es</strong>a acostada aos autos. Assim, não se pode negar<br />

que o reconhecimento de um direito implica na interrupção do prazo pr<strong>es</strong>cricional, nos termos do art. 172, V, e 173, ambos<br />

do CCB, o qual passar a ser contado a partir do ato ou fato que interrompeu a pr<strong>es</strong>crição. Ora, a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada<br />

em 12.12.2005.<br />

Não obstante, vale apontar que a pr<strong>es</strong>crição pr<strong>es</strong>supõe l<strong>es</strong>ão e inércia do titular na propositura da ação e se inaugura com<br />

o inadimplemento da obrigação. Tratando-se de obrigação de <strong>tr</strong>ato suc<strong>es</strong>sivo, a violação do direito ocorre de forma<br />

contínua. D<strong>es</strong>sa forma, o prazo pr<strong>es</strong>cricional é renovado em cada pr<strong>es</strong>tação periódica não-cumprida, podendo cada parcela<br />

ser fulminada isoladamente pelo decurso do tempo, sem, contudo, prejudicar as posterior<strong>es</strong>. Aplicação da Súmula n.<br />

85/STJ (REsp 801.291/SP, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/09/2007, DJ 18/10/2007 p. 277;<br />

REsp 752.822/SP, Rel. Minis<strong>tr</strong>o TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/10/2006, DJ 13/11/2006 p.<br />

231). No caso dos autos, por se <strong>tr</strong>atar de relação jurídica de <strong>tr</strong>ato suc<strong>es</strong>sivo, cuja l<strong>es</strong>ão se renova a cada mês, a teor do<br />

que preceitua a Súmula nº 85/STJ, a pr<strong>es</strong>crição não atinge o fundo de direito (Precedent<strong>es</strong>: REsp 956.844/RS, Rel. Minis<strong>tr</strong>o<br />

ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 26/05/2009, DJe 29/06/2009; REsp 980.680/RS, Rel. Minis<strong>tr</strong>o<br />

ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 12/08/2008, DJe 06/10/2008)<br />

Deveras, a Lei nº 8.270/91 <strong>es</strong>tabeleceu que a indenização de campo, instituída pela Lei nº 8.216/91, seria reajustada na<br />

m<strong>es</strong>ma base das diárias, época em que o valor da primeira corr<strong>es</strong>pondia a 46,87% do valor das segundas.<br />

De fato, houve reconhecimento adminis<strong>tr</strong>ativo de que o reajuste pleiteado seria devido, mas um mero ato adminis<strong>tr</strong>ativo<br />

normativo não pode con<strong>tr</strong>ariar os termos de uma lei prévia, que <strong>tr</strong>atou do m<strong>es</strong>mo assunto, uma vez que configuraria<br />

violação manif<strong>es</strong>ta do Princípio da Legalidade.<br />

Na verdade, aplica-se, ao caso, o Enunciado nº 32 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo, n<strong>es</strong>te sentido: “É devido aos servidor<strong>es</strong> o reajuste da vantagem pecuniária prevista no art. 16 da Lei n.º<br />

8.216/91 (gratificação de campo), d<strong>es</strong>de a edição do Decreto n.º 1.665/95, não se aplicando a r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição temporal


<strong>es</strong>tabelecida na Portaria n.º 406, de 02 de outubro de 2002, do Ministério do Planejamento, Orçamento e G<strong>es</strong>tão, que o<br />

reconhecia, porém somente a partir de 1.º de agosto de 2002”.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condeno a recorrente em honorários advocatícios que fixo em 10% sobre o valor da<br />

condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC, combinado com o art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

96 - 2008.50.50.001483-3/01 SIMONE MALEK RODRIGUES PILONE (ADVOGADO: SIMONE MALEK RODRIGUES<br />

PILON.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.50.001483-3/01<br />

Recorrente : SIMONE MALEK RODRIGUES<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DESCABIDO O SUSCITADO CERCEAMENTO DE DEFESA,<br />

POSTO QUE O JUIZ PODE JULGAR A LIDE ANTECIPADAMENTE QUANDO FORMADO SEU CONVENCIMENTO -<br />

MANIFESTO O ABALO PSÍQUICO PELA SUBTRAÇÃO FRAUDULENTA DO PATRIMÔNIO DA PARTE AUTORA, ORA<br />

RECORRENTE – CABÍVEL A INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS NA HIPÓTESE COM BASE NA JURISPRUDÊNCIA<br />

DO E. STJ - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, em que se pleiteava a condenação da ré ao pagamento da diferença dos valor<strong>es</strong><br />

cobrados a título de juros, imposto de operação financeira, CPMF e de ou<strong>tr</strong>os encargos, como também ao pagamento de<br />

danos morais. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, a recorrente aduz preliminarmente cerceamento de def<strong>es</strong>a, posto que não houve<br />

abertura de ins<strong>tr</strong>ução probatória na hipót<strong>es</strong>e, embora se <strong>tr</strong>ate de matéria fática. No mérito, reitera a t<strong>es</strong>e inicial de que o<br />

dano moral r<strong>es</strong>tou configurado na hipót<strong>es</strong>e.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que não se vislumbra, no caso, cerceamento de def<strong>es</strong>a, posto que o juiz tem o poder-dever<br />

de julgar a lide antecipadamente, d<strong>es</strong>prezando a realização de audiência para a produção de provas ao constatar que o<br />

acervo documental é suficiente para nortear e ins<strong>tr</strong>uir seu entendimento. Na verdade, é do seu livre convencimento o<br />

deferimento de pedido para a produção de quaisquer provas que entender pertinent<strong>es</strong> ao julgamento da lide.<br />

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), <strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e<br />

nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong><br />

financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, a parte recorrente sofreu prejuízo pa<strong>tr</strong>imonial em sua conta bancária, em razão de diversos saqu<strong>es</strong> fraudulentos,<br />

todavia tal quantia foi adminis<strong>tr</strong>ativamente r<strong>es</strong>tituída pela parte recorrida.<br />

Incon<strong>tr</strong>oversa, portanto, a ocorrência de furto na hipót<strong>es</strong>e. Ora, nos termos do art. 14 da Lei n. 8.078/1990, aplicável às<br />

relaçõ<strong>es</strong> bancárias, o fornecedor de serviços r<strong>es</strong>ponde objetivamente pelos danos causados ao consumidor, decorrent<strong>es</strong> de<br />

serviços defeituosos.


Não há dúvidas de que o furto em qu<strong>es</strong>tão ocasionou cons<strong>tr</strong>angimentos e dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis de<br />

indenização por dano moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se regis<strong>tr</strong>e que a pretensa reparação do dano moral não se<br />

r<strong>es</strong>olve numa indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências,<br />

na medida em que a dor, o sofrimento e o cons<strong>tr</strong>angimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária<br />

atende a dois pr<strong>es</strong>supostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte l<strong>es</strong>ada, procure minimizar<br />

os efeitos do evento danoso; b) uma afetação no pa<strong>tr</strong>imônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo<br />

punitivo/educativo. Todavia, a condenação pecuniária decorrente de dano moral deve ser fixada com moderação, vez que<br />

seu objetivo não é o enriquecimento da parte que a pleiteia, devendo ser levada em conta a dimensão do evento danoso e<br />

sua repercussão na <strong>es</strong>fera do ofendido.<br />

Consoante jurisprudência do e. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, "... os saqu<strong>es</strong> irregular<strong>es</strong> efetuados na conta corrente do autor<br />

acarretaram situação evidente de cons<strong>tr</strong>angimento para o correntista (que, como reconhece, expr<strong>es</strong>samente, o Tribunal<br />

'perdeu quase todo o seu dinheiro que tinha em sua conta corrente'), caracterizando, por isso, ato ilícito, passível de<br />

indenização a título de danos morais. Segundo precedent<strong>es</strong> d<strong>es</strong>ta Corte, em casos como <strong>es</strong>te, o dever de indenizar<br />

pr<strong>es</strong>cinde da demons<strong>tr</strong>ação objetiva do abalo moral sofrido, exigindo-se como prova apenas o fato ensejador do dano, ou<br />

seja, os saqu<strong>es</strong> indevidos por culpa da instituição ora recorrida: 'a exigência de prova do dano moral se satisfaz com a<br />

comprovação do fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam'. Precedent<strong>es</strong>." (REsp 797689/MT,<br />

Rel. Minis<strong>tr</strong>o Jorge Scartezzini, Quarta Turma, DJ de 11/09/2006).<br />

Inegável, portanto, o fato de que qualquer sub<strong>tr</strong>ação fraudulenta do pa<strong>tr</strong>imônio de uma p<strong>es</strong>soa é causa suficiente a ensejar<br />

<strong>tr</strong>anstornos e abalo psíquico, ainda mais no caso dos autos, no qual o valor furtado é de monta considerável.<br />

Ante o exposto, merece reforma a sentença guerreada, devendo a parte recorrida indenizar a parte autora, ora recorrente, a<br />

título de danos morais, os quais devem ser fixados em R$ 1.000,00 (um mil reais).<br />

11. Recurso conhecido e, no mérito, provido.<br />

Custas, na forma da lei. Sem a condenação da parte recorrida em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n.<br />

9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

97 - 2004.50.50.011396-9/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x DINAH RAMOS DOS<br />

SANTOS (ADVOGADO: STEPHAN E. SCHNEEBELI, WILMA CHEQUER BOU-HABIB, ALVARO JOSE GIMENES DE<br />

FARIA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2004.50.50.011396-9/01<br />

Recorrente : UNIÃO<br />

Recorrida : DINAH RAMOS DOS SANTOS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – DEVIDA A RESTITUIÇÃO DO VALOR RETIRADO INDEVIDAMENTE DA CONTA CORRENTE<br />

DA PARTE AUTORA - NÃO HÁ COMO AFERIR SE O SALDO EXISTENTE NA DATA DA REVERSÃO CONSISTIA<br />

UNICAMENTE NO VALOR DE DEPOSITADO A TÍTULO DE PROVENTOS DO SERVIDOR – A FAZENDA PÚBLICA<br />

POSSUI OUTROS MEIOS PARA OBTENÇÃO DOS SEUS CRÉDITOS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO -<br />

SENTENÇA MANTIDA.


Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, em face da sentença que julgou procedente a pretensão externada<br />

na inicial d<strong>es</strong>ta ação, em que se pleiteava a condenação da UNIÃO a r<strong>es</strong>tituir o valor retirado indevidamente de sua conta<br />

corrente conjunta, a título de reversão de crédito decorrente de pagamento indevido de proventos de aposentadoria. Alega a<br />

recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não há nenhuma razão de lógica ou moral que justifique a r<strong>es</strong>tituição do valor<br />

pleiteado à parte autora, d<strong>es</strong>tacando que, no que tange aos juros de mora, não podem <strong>es</strong>t<strong>es</strong> ser fixados acima de 6% ao<br />

ano.<br />

R<strong>es</strong>tou comprovado, nos autos, que houve retirada do saldo existente na conta corrente da autora, ora recorrida, que é<br />

conjunta com seu cônjuge, ocorrida em 29/01/2004, no valor de R$ 1.129,96 (fl. 16), seguida da <strong>tr</strong>ansferência do numerário<br />

para conta única do t<strong>es</strong>ouro nacional (fls. 17, 58/59), a título de reversão de crédito solicitada pelo Ministério dos<br />

Transport<strong>es</strong> ao Banco do Brasil (fl. 55). Observa-se que o crédito revertido refere-se ao pagamento indevido dos proventos<br />

da inatividade do cônjuge da recorrida, relativo ao período de 13/11/2003 a 31/12/2003 (fls. 12/13), totalizando o valor de R$<br />

3.290,25 (fl. 56).<br />

Todavia, conforme bem d<strong>es</strong>tacou a sentença guerreada, embora o pagamento dos proventos do servidor falecido,<br />

referente ao período após o seu óbito, tenha sido indevido, a retirada do saldo existente na conta, a título de reversão de<br />

crédito em favor do T<strong>es</strong>ouro Nacional, foi ilegítima, posto que se <strong>tr</strong>atava de conta conjunta do servidor e seu cônjuge (no<br />

caso, a autora), pelo que não se poderia afirmar que o saldo existente na data da reversão consistia unicamente no valor<br />

depositado a título de proventos do servidor, principalmente considerando que a reversão do crédito ocorreu<br />

posteriormente, e não imediatamente ao creditamento dos proventos.<br />

Vale d<strong>es</strong>tacar que a Fazenda Pública possui ou<strong>tr</strong>os meios para a obtenção dos seus créditos, não podendo lançar mão do<br />

saldo existente em conta bancária dos adminis<strong>tr</strong>ados, ainda que para fins de r<strong>es</strong>tituição ao erário. Além disso, a pensão por<br />

morte da autora foi concedida em 16/04/2004 (fl. 78), com data de início em 12/11/2003, sendo que o primeiro pagamento<br />

ocorreu em abril de 2004 (fls. 18/19), abrangendo 4 parcelas (referent<strong>es</strong> a janeiro a abril de 2004), r<strong>es</strong>tando devidas as<br />

parcelas referent<strong>es</strong> ao período de 12/11/2003 a 31/12/2003.<br />

Considerando que a pensão da autora consiste em 100% da remuneração do servidor instituidor (fls. 12/13), verifica-se que<br />

o crédito do t<strong>es</strong>ouro nacional, relativo ao pagamento indevido de proventos do servidor falecido, coincide com o crédito da<br />

autora relativo às parcelas vencidas da pensão por morte. N<strong>es</strong>se panorama, não há duvidas de que o Ministério dos<br />

Transport<strong>es</strong> poderia obter o r<strong>es</strong>sarcimento do pagamento indevido por meio de acerto de contas quando do pagamento dos<br />

a<strong>tr</strong>asados da pensão da autora; ou, ainda, por meio de d<strong>es</strong>conto de parcelas mensais na pensão da autora.<br />

Ante o exposto, não merece reparo a sentença guerreada, que deve ser mantida por seus próprios fundamentos, os quais<br />

inclusive serviram como razõ<strong>es</strong> de decidir para o pr<strong>es</strong>ente acórdão.<br />

No mais, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a modificação do art. 1º-F, in<strong>tr</strong>oduzida pela Lei nº 11.960/2009, só se aplica, no pr<strong>es</strong>ente<br />

caso, após a vigência do referido diploma legal.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />

Sem custas na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, que fixo em 10% sobre o valor da<br />

condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC, combinado com o art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

98 - 2006.50.51.001595-3/01 JONAS DOS SANTOS BELO (ADVOGADO: ANDRE FACHETTI LUSTOSA.) x INSTITUTO<br />

NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2006.50.51.001595-3/01<br />

Recorrente : JONAS DOS SANTOS BELO<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS<br />

E M E N T A


RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PAGAMENTO EQUIVOCADO DE AUXÍLIO-DOENÇA PELA AUTARQUIA<br />

PREVIDENCIÁRIA – DESCONTOS INDEVIDOS – CONFIGURADA A BOA-FÉ NO RECEBIMENTO CUMULATIVO DE<br />

BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS – CARÁTER ALIMENTAR – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO –<br />

SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou parcialmente<br />

procedente a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, condenando a autarquia previdenciária a abster-se de d<strong>es</strong>contar o<br />

montante de 30% do valor do salário-de-benefício daquele e passar a d<strong>es</strong>contar somente o percentual de 10%. Alega o<br />

recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, em apertada sínt<strong>es</strong>e, que se aplica, ao caso, o princípio da irrepetibilidade dos<br />

alimentos, não podendo sofrer o ônus pelo erro adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

O autor relata, na inicial, que, em 07.10.2000, sofreu acidente de <strong>tr</strong>abalho e, por <strong>es</strong>se motivo, en<strong>tr</strong>ou em gozo de<br />

auxílio-doença, sendo que, em 07.01.2002, a perícia médica aduziu que poderia voltar ao <strong>tr</strong>abalho, motivo pelo qual foi<br />

c<strong>es</strong>sado o benefício em qu<strong>es</strong>tão, mas lhe foi concedido auxílio-acidente em 11.01.2002; porém, ingr<strong>es</strong>sou com novo pedido<br />

de auxílio-doença, o que foi deferido pela autarquia previdenciária, em 10.04.2002, mas novamente c<strong>es</strong>sado em<br />

31.12.2002; ocorre que o autor requereu de novo o r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença, sendo-lhe deferido em 06.03.2003.<br />

Expõe ainda que, em 27.10.2004, requereu a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, sendo-lhe<br />

concedida em 03.06.2005.<br />

Mais adiante, revela que, o INSS, ao conferir todos os proc<strong>es</strong>sos adminis<strong>tr</strong>ativos em qu<strong>es</strong>tão, constatou que o benefício<br />

concedido em 11.01.2002 (auxílio-acidente) não tinha sido devidamente cancelado no momento oportuno, sendo que,<br />

quando da conc<strong>es</strong>são do benefício em 16.04.2002 (auxílio-doença), havia pagamento cumulativo, motivo pelo qual<br />

suspendeu os pagamentos e encaminhou corr<strong>es</strong>pondência ao segurado, ora recorrente, passando a d<strong>es</strong>contar o percentual<br />

de 30% de seus rendimentos previdenciários até que se complete a r<strong>es</strong>tituição do valor total.<br />

Os valor<strong>es</strong> recebidos pelo recorrente têm natureza alimentar, sendo insuscetíveis de repetição. Além disso, o recorrente<br />

recebeu os valor<strong>es</strong> de boa-fé, em nada concorrendo com a situação. A jurisprudência recente do Superior Tribunal de<br />

<strong>Justiça</strong> é firme sobre a impossibilidade de repetição de valor<strong>es</strong> recebidos de boa-fé por servidor público, devendo ser<br />

aplicado analogicamente tal entendimento ao beneficiário do RGPS, por não ser razoável <strong>tr</strong>atá-los de forma diferente.<br />

Na <strong>es</strong>teira do entendimento acima, citem-se os seguint<strong>es</strong> julgados:<br />

“Uma vez reconhecida a natureza alimentar dos benefícios previdenciários é inadmissível a pretensão de r<strong>es</strong>tituição dos<br />

valor<strong>es</strong> pagos aos segurados, em razão do princípio da irrepetibilidade ou da não-devolução dos alimentos”. (AGRESP<br />

697397 - Data da decisão: 19/04/2005 – DJ 16/05/2005 PÁGINA:399).<br />

“Pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> alimentícias percebidas de boa-fé não <strong>es</strong>tão sujeitas a repetição, máxime quando o pagamento indevido<br />

decorre de erro da própria Adminis<strong>tr</strong>ação. (RESP 392176 - Data da decisão: 15/04/2003 – DJ 13/06/2005 PÁGINA: 354) É<br />

firme o cons<strong>tr</strong>ucto dou<strong>tr</strong>inário e jurisprudencial no sentido de que os benefícios previdenciários têm natureza alimentar,<br />

sendo, portanto, irrepetíveis. (AGRESP 709312 - Data da decisão: 17/03/2005 – DJ 01/07/2005 p. 690) Inadmissível o pleito<br />

de r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> pagos aos segurados por força da decisão r<strong>es</strong>cindida, em razão do reconhecimento da natureza<br />

alimentar dos benefícios previdenciários”. (AGRESP 722464 - Data da decisão: 26/04/2005 – DJ 23/05/2005 p. 345).<br />

“Consoante recente posicionamento d<strong>es</strong>ta Corte Superior de <strong>Justiça</strong>, é incabível o d<strong>es</strong>conto das diferenças recebidas<br />

indevidamente pelo servidor, em decorrência de errônea interpretação ou má aplicação da lei pela Adminis<strong>tr</strong>ação Pública,<br />

quando constatada a boa-fé do beneficiado.” (RESP 645165 - Data da decisão: 01/03/2005 – DJ 28/03/2005 p. 307 –<br />

Relatora Laurita Vaz)<br />

“Firmou-se o entendimento, a partir do julgamento do REsp 488.905/RS por <strong>es</strong>ta E. Quinta Turma, no sentido da<br />

inviabilidade de r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> pagos erroneamente pela Adminis<strong>tr</strong>ação em virtude de d<strong>es</strong>acerto na interpretação<br />

ou má aplicação da lei, quando verificada a boa-fé dos servidor<strong>es</strong> beneficiados”. (RESP 598395 - Data da decisão:<br />

21/10/2004 – DJ 29/11/2004 p. 377 – Relator Felix Fischer)<br />

Diante do que foi exposto e analisado, merece reforma a sentença, não se falando em d<strong>es</strong>conto sobre o<br />

salário-de-benefício do recorrente (aposentadoria por invalidez), com relação às verbas creditadas por equívoco da<br />

autarquia previdenciária, no que tange aos benefícios de auxílio-acidente e auxílio-doença concedidos cumulativamente em<br />

2002.<br />

No mais, pelos m<strong>es</strong>mos motivos que sustentaram a c<strong>es</strong>sação do d<strong>es</strong>conto em qu<strong>es</strong>tão, não vejo razão para que a<br />

autarquia previdenciária seja compelida a devolver os valor<strong>es</strong> já d<strong>es</strong>contados, uma vez que o fez ou por imposição legal ou<br />

por determinação judicial.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, parcialmente provido.<br />

Sem custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.


ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,<br />

na forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

99 - 2007.50.50.007219-1/01 JOSVALDO MARIA DOS ANJOS (ADVOGADO: RENATO TOGNERE FERRON.) x TERRA<br />

NETWORKS BRASIL S/A (ADVOGADO: UMBERTO PIZOLOTTO CASTANHO, SERGIO PADILHA MACHADO.) x CAIXA<br />

ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA, CLEBER ALVES TUMOLI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2007.50.50.007219-1/01<br />

Recorrente : JOSVALDO MARIA DOS ANJOS<br />

Recorridas : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA e<br />

TERRA NETWORKS BRASIL S/A<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – A COBRANÇA DE DUAS MENSALIDADES EM UMA MESMA<br />

FATURA, POR SI SÓ, NÃO CONFIGURA ATO ILÍCITO – O PAGAMENTO ESTÁ ATRELADO AO VENCIMENTO DA<br />

OBRIGAÇÃO E NÃO AO VENCIMENTO DA FATURA DE CARTÃO DE CRÉDITO – NÃO HOUVE COMPROVAÇÃO DE<br />

QUE AS PARCELAS QUE MOTIVARAM A INSCRIÇÃO NOS ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO FORAM<br />

QUITADAS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, em que se pleiteava se pleiteava a retirada do nome dos cadas<strong>tr</strong>os de órgãos de<br />

proteção ao crédito, inclusive a título de antecipação dos efeitos da tutela, e o pagamento de indenização por danos morais.<br />

Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o simpl<strong>es</strong> fato de a recorrida ter cobrado, em um único mês, duas<br />

mensalidad<strong>es</strong>, já <strong>es</strong>taria ocorrendo erro grave, sendo que, inobstante, houve, no caso, cobrança em duplicidade. Aponta<br />

que a empr<strong>es</strong>a recorrida reconheceu, em audiência, que todas as mensalidade foram quitadas.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, deveras, não houve cobrança em duplicidade, mas sim cobrança pelo serviço de internete referente a dois m<strong>es</strong><strong>es</strong><br />

subsequent<strong>es</strong> em um único ex<strong>tr</strong>ato do cartão de crédito. Ou seja, no mês de maio, foi cobrada a mensalidade de abril; no<br />

de junho, a de maio; e, por fim, no de julho, foram cobradas tanto a mensalidade do mês de junho quanto a de julho,<br />

conforme documento de fl. 23.<br />

Conforme bem d<strong>es</strong>tacou a sentença guerreada, tal fato, por si só, não configura ato ilícito por parte da recorrida, posto que<br />

o pagamento <strong>es</strong>tá a<strong>tr</strong>elado ao vencimento da obrigação e não ao vencimento da fatura do cartão de crédito. Ora, a<br />

cobrança efetivada no mês de julho foi clara ao se referir às competências de junho e julho, sendo que os vencimentos das<br />

parcelas posterior<strong>es</strong> passaram a ser no mês corr<strong>es</strong>pondente.<br />

Recurso ao qual se nega provimento, devendo a sentença guerreada ser mantida por seus próprios fundamentos, m<strong>es</strong>mo<br />

porque não houve comprovação de que as parcelas que ensejaram a inscrição do nome do recorrente nos órgãos de<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito foram devidamente quitadas.<br />

Sem custas e condenação em honorários advocatícios, por gozar a parte recorrente do benefício da assistência judiciária<br />

gratuita.


ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

100 - 2008.50.50.000317-3/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CRISTIANO TEIXEIRA PASSOS,<br />

FREDERICO LYRA CHAGAS, LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.) x JOSE AMORIM ANDRADE (ADVOGADO: EMILIO LUIZ<br />

CANDIDO DA SILVA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.50.000317-3/01<br />

Recorrente : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

Recorrida : JOSE AMORIM ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – RESTOU CONFIGURADA, NO CASO, A CULPA<br />

CONCORRENTE OU EXCLUSIVA DA VÍTIMA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensão<br />

externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, condenando a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL a r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> indevidamente<br />

retirados da caderneta de poupança do autor e ainda a pagar indenização por danos morais. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, a<br />

recorrente apr<strong>es</strong>enta t<strong>es</strong>e em que afirma que não con<strong>tr</strong>ibuiu para a ocorrência do evento danoso, d<strong>es</strong>tacando que o autor é<br />

que con<strong>tr</strong>ibuiu para o seu próprio infortúnio. Aduz ainda que é totalmente insubsistente a condenação em danos morais.<br />

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), <strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e<br />

nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong><br />

financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, a parte recorrida perdeu o seu cartão da caderneta de poupança, o qual foi utilizado por terceiros para diversas<br />

compras em <strong>es</strong>tabelecimentos comerciais da Grande Vitória/ES, além de saqu<strong>es</strong> em casas lotéricas e terminais de 24<br />

horas, totalizando um prejuízo de R$ 7.603,00. O fato foi regis<strong>tr</strong>ado, em 02.05.2007, na 20ª Delegacia de Polícia, em Vila<br />

Velha/ES, conforme <s<strong>tr</strong>ong>boletim</s<strong>tr</strong>ong> de ocorrência de n. 2961/07 (fl. 08). Por tal motivo, requereu a parte autora indenização pelos<br />

citados danos materiais, além dos morais, em razão dos <strong>tr</strong>anstornos vivenciados.<br />

Nos termos do art. 14 da Lei n. 8.078/1990, aplicável às relaçõ<strong>es</strong> bancárias, o fornecedor de serviços r<strong>es</strong>ponde<br />

objetivamente pelos danos causados ao consumidor, decorrent<strong>es</strong> de serviços defeituosos.<br />

Vale regis<strong>tr</strong>ar que o Banco Cen<strong>tr</strong>al do Brasil (BACEN), por meio da R<strong>es</strong>olução n. 2.878, determina às instituiçõ<strong>es</strong><br />

financeiras garantir aos client<strong>es</strong> e ao público em geral informaçõ<strong>es</strong> sobre as características das operaçõ<strong>es</strong> bancárias e a<br />

adoção de medidas que pr<strong>es</strong>ervem a integridade, a confiabilidade, a segurança e o sigilo das <strong>tr</strong>ansaçõ<strong>es</strong> realizadas, assim<br />

como a legitimidade dos serviços pr<strong>es</strong>tados.<br />

Todavia, no caso, se vislumbra hipót<strong>es</strong>e de culpa concorrente ou exclusiva da vítima, tendo em vista que, se tiv<strong>es</strong>se a parte<br />

recorrida agido com prudência, o evento danoso não teria ocorrido.<br />

O art. 6º, VIII, do CDC, com vistas a garantir o pleno exercício do direito de def<strong>es</strong>a do consumidor, <strong>es</strong>tabelece que a<br />

inversão do ônus da prova será deferida quando a alegação por ele apr<strong>es</strong>entada seja verossímil, ou quando constatada a<br />

sua hipossuficiência. Na hipót<strong>es</strong>e, a alegação inicial da parte recorrida se mos<strong>tr</strong>a inverossímil, posto que os saqu<strong>es</strong><br />

indevidos perpe<strong>tr</strong>ados por terceiros na conta bancária d<strong>es</strong>ta somente foi possível mediante ac<strong>es</strong>so de senhas.<br />

Ora, r<strong>es</strong>ta claro que a parte recorrida não tomou todas as medidas de segurança nec<strong>es</strong>sárias para evitar o golpe. A forma<br />

como os saqu<strong>es</strong> foram realizados leva à conclusão de que não houve falha por parte da instituição bancária.<br />

Diante d<strong>es</strong>te contexto, entende-se por não comprovada a falha na pr<strong>es</strong>tação do serviço a legitimar a pretensão deduzida,


ficando patente a hipót<strong>es</strong>e de culpa exclusiva ou concorrente da vítima.<br />

Assim, d<strong>es</strong>caracterizado serviço defeituoso da empr<strong>es</strong>a pública recorrente, ou seja, o nexo causal, não há que se falar em<br />

dever de indenizar.<br />

11. Recurso conhecido e, no mérito, provido.<br />

Custas, na forma da lei. Sem condenação da parte recorrida em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n.<br />

9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

101 - 2007.50.50.010616-4/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI, LUCIANO<br />

PEREIRA CHAGAS.) x HANS WILLI FLEISCHMANN JUNIOR29010330 (ADVOGADO: SEM ADVOGADO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2007.50.50.010616-4/01<br />

Recorrente : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

Recorrido : HANS WILLI FLEISCHMANN JUNIOR<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DO<br />

NOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DEVIDAMENTE ARBITRADO O VALOR DA<br />

INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS – CARÁTER PEDAGÓGICO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO -<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensão<br />

externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, condenando a instituição bancária a pagar o valor de R$ 9.300,00, a título de danos morais,<br />

por ter incluído, indevidamente, o nome do autor no órgão r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivo de crédito. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que houve, no caso, decadência quanto ao direito de reclamar. Aduz também que não r<strong>es</strong>tou configurado dano<br />

moral na hipót<strong>es</strong>e, posto que não houve prova n<strong>es</strong>se sentido, motivo pelo qual não há r<strong>es</strong>ponsabilidade civil sobre tal fato<br />

não comprovado. Frisa que meros dissabor<strong>es</strong> não ensejam danos morais. Subsidiariamente, pugnando pela redução do<br />

valor arbi<strong>tr</strong>ado, por considerar exagerado.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que o prazo para o consumidor pleitear o recebimento de indenização por danos decorrent<strong>es</strong><br />

de falha na pr<strong>es</strong>tação do serviço é de 5 (cinco) anos, conforme prevê o art. 27 do CDC, não sendo aplicável, por<br />

consequência, os prazos de decadência, previstos no art. 26 do CDC. A ação de indenização movida pelo consumidor<br />

con<strong>tr</strong>a a pr<strong>es</strong>tadora de serviço, por danos decorrent<strong>es</strong> de inclusão incorreta de seu nome em órgão de regis<strong>tr</strong>o ao crédito,<br />

pr<strong>es</strong>creve em cinco anos, conforme o art. 27 do CDC. No caso, a teor do documento de fl. 31, a inclusão no SERASA se<br />

deu em 12.11.2005, tendo sido ajuizada a ação em 05.12.2007, motivo pelo qual não há que se falar que houve, no caso,<br />

perda do direito de reclamar a reparação por danos morais em qu<strong>es</strong>tão.<br />

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), <strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e<br />

nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong><br />

financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, r<strong>es</strong>tou comprovado, nos autos, que a inscrição do nome do recorrido no órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito foi realizada<br />

de forma indevida, posto que os elementos dos autos denotam que não foi o recorrido quem assinou os chequ<strong>es</strong> sem<br />

provisão de fundos, os quais motivaram a aludida inserção no SERASA. Por ou<strong>tr</strong>o lado, consta que o recorrido tomou as


devidas cautelas, ao comunicar à recorrente o problema, conforme se ex<strong>tr</strong>ai dos documentos de fls. 23, 24, 25, 32 e 35.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, em decorrência de uma cobrança indevida, ou seja, a parte recorrente inscreveu o nome do recorrido no<br />

SERASA. Quanto a <strong>es</strong>te fato, não há con<strong>tr</strong>ovérsia nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia gira em torno da configuração de dano moral e<br />

do valor arbi<strong>tr</strong>ado pelo Juízo a quo, se é exacerbado ou não.<br />

Na hipót<strong>es</strong>e, r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade do recorrente no evento danoso, havendo, assim, ensejo para<br />

reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima con<strong>tr</strong>ibuído para a sua ocorrência,<br />

r<strong>es</strong>ta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.<br />

A inscrição indevida no SPC ocasionou cons<strong>tr</strong>angimentos e dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis de indenização por dano<br />

moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se regis<strong>tr</strong>e que a pretensa reparação do dano moral não se r<strong>es</strong>olve numa<br />

indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida em<br />

que a dor, o sofrimento e o cons<strong>tr</strong>angimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a dois<br />

pr<strong>es</strong>supostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte l<strong>es</strong>ada, procure minimizar os efeitos do<br />

evento danoso; b) uma afetação no pa<strong>tr</strong>imônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.<br />

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadas<strong>tr</strong>o r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivo de crédito configura<br />

dano moral, não assistindo razão à recorrente em sua alegação recursal de que não houve prova n<strong>es</strong>se sentido e de que a<br />

hipót<strong>es</strong>e configura a pr<strong>es</strong>ença de mero aborrecimento.<br />

Quanto ao valor arbi<strong>tr</strong>ado a título de indenização, verifico que se mos<strong>tr</strong>a proporcional ao dano, razão pela qual entendo<br />

deva o m<strong>es</strong>mo ser mantido, não se falando em enriquecimento da parte que a pleiteia, posto que deve ser levada em conta<br />

a repercussão do dano na <strong>es</strong>fera dos ofendidos. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em qu<strong>es</strong>tão<br />

tem por objetivo evitar que o ofensor “saia lucrando”, ou seja, que <strong>es</strong>te considere que perpe<strong>tr</strong>ar o ilícito não lhe <strong>tr</strong>ouxe<br />

qualquer incoveniente, m<strong>es</strong>mo porque o indenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e a<br />

condição socioeconômica do ofendido, de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitud<strong>es</strong><br />

negligent<strong>es</strong> e l<strong>es</strong>ivas como do caso em tela venham a se repetir.<br />

Recurso ao qual se nega provimento.<br />

Custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente arbi<strong>tr</strong>ados em 10% sobre o valor da<br />

condenação, nos termos do art. 20, §3º, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

102 - 2009.50.53.000225-4/01 CARLOS ALBERTO MENELI LYRIO (ADVOGADO: VANESSA MARIA BARROS GURGEL<br />

ZANONI.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: AMANTINO PEREIRA PAIVA, WAGNER DE FREITAS<br />

RAMOS, FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2009.50.53.000225-4/01<br />

Recorrente : CARLOS ALBERTO MENELI LYRIO<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – PERMANÊNCIA<br />

INDEVIDA DA INSCRIÇÃO DO NOME NO ÓRGÃO DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO (SPC) – RECURSO CONHECIDO E<br />

PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, em que pleiteava a condenação da ré no pagamento de indenização por danos<br />

morais, haja vista a permanência indevida de seu nome em cadas<strong>tr</strong>o r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivo de crédito. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, o<br />

recorrente reitera a t<strong>es</strong>e inicial de que a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL é r<strong>es</strong>ponsável pelo dano sofrido, o qual merece


eparação pecuniária.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

R<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ado, nos autos, que, deveras, o nome do recorrente foi negativado no SPC (SERVIÇO DE PROTEÇÃO<br />

AO CRÉDITO), em 07.01.2009, devido a um débito que se originou de uma dívida de cartão de crédito datada de<br />

25.09.2008, o qual, todavia, foi quitado em 10.02.2009. Todavia, em 26.02.2009, a negativação em qu<strong>es</strong>tão ainda <strong>es</strong>tava<br />

ativa, tendo sido o recorrente, n<strong>es</strong>sa data, privado de crédito no mercado, quando tentou efetuar compras, sem êxito.<br />

Deveras, conforme o documento acostado à fl. 13, o autor quitou seu débito com a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL em<br />

10.02.2009. Ocorre que o documento juntado à fl. 16 denota que, em 03.03.2009, a recorrida não havia ainda encaminhado<br />

comunicado ao SPC sobre a liquidação do débito do autor em 10.02.2009. É flagrante, portanto, no mínimo, o abuso de<br />

direito. A permanência do nome do autor, ora recorrente em cadas<strong>tr</strong>o de inadimplência não se justifica.<br />

Ora, o princípio da veracidade rege os cadas<strong>tr</strong>os de consumidor<strong>es</strong> (art. 43, § 1º, da Lei n° 8.078/90) e o consumidor tem o<br />

direito de exigir do fornecedor das informaçõ<strong>es</strong> reparação (art. 6º, inciso VI, da Lei n. 8.078/90) dos danos decorrent<strong>es</strong> da<br />

inscrição e permanência indevidas de seu nome em tais bancos de dados.<br />

É certo que o serviço de proteção ao crédito foi criado para facilitar e dar maior segurança às operaçõ<strong>es</strong> mercantis, de<br />

serviços e financeiras, de forma a evitar que determinados indivíduos que se encon<strong>tr</strong>avam em mora pud<strong>es</strong>sem con<strong>tr</strong>air<br />

novas dívidas, sem promover a quitação do débito anterior. Todavia, satisfeita a obrigação, a permanência de seus nom<strong>es</strong><br />

no cadas<strong>tr</strong>o de maus pagador<strong>es</strong> afigura-se indevida.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, uma vez satisfeita a obrigação, deve o credor providenciar imediatamente a retirada do nome dos<br />

ex-inadimplent<strong>es</strong> no cadas<strong>tr</strong>o do SPC. O próprio regulamento nacional dos SPCs, no seu art. 16, <strong>es</strong>tabelece que os<br />

associados-usuários assumem perante a mantenedora do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC e terceiros, a<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade total pelos regis<strong>tr</strong>os de débitos em a<strong>tr</strong>aso, demais ocorrências e seus imediatos cancelamentos.<br />

Há de se reconhecer o d<strong>es</strong>conforto suportado pelo recorrente em decorrência da permanência de seu nome no Cadas<strong>tr</strong>o de<br />

Inadimplent<strong>es</strong> do SPC até a data supracitada, causando, inegavelmente, cons<strong>tr</strong>angimento e situação vexatória passível de<br />

reparação.<br />

N<strong>es</strong>se sentido, cumpre colacionar o seguinte julgado: “ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE<br />

CIVIL. DANO MORAL. MANUTENÇÃO INDEVIDA DO NOME da AUTORA NOS CADASTROS DO SPC. DANO MORAL<br />

CONFIGURADO. Incumbe à instituição financeira a exclusão de quem, embora tenha inadimplido em parte a dívida, haja<br />

quitado a parcela em a<strong>tr</strong>aso. A indevida manutenção do nome da Autora nos regis<strong>tr</strong>os de proteção ao crédito, após a<br />

quitação, enseja indenização por dano moral. D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a configuração do prejuízo do dano sofrido pela parte,<br />

considerando-se que a mera permanência indevida do nome da Recorrente em cadas<strong>tr</strong>o de inadimplent<strong>es</strong> reflete em sua<br />

capacidade de obter créditos, muito embora não tenha ocorrido concretamente. N<strong>es</strong>te sentido é o entendimento do STJ (cf.<br />

RESP 332622/RJ, Quarta Turma, Min. Cezar Asfor Rocha, DJ de 11/11/2002). Recurso a que se dá provimento, para o fim<br />

de julgar procedente a ação, obrigando a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> a pagar à Autora, a título de danos morais, a<br />

importância de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais - valor arbi<strong>tr</strong>ado considerando o período de indevida manutenção da<br />

inscrição, 2 anos, e o fato que o ensejou - julgamento na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/95). Sem custas e honorários (Lei<br />

nº 9.099/95, art. 55, caput)” (TRDF, 1ª TURMA RECURSAL/DF, PROCESSO N. 432039020044013, DJ 16.04.2004, REL.<br />

JUIZ MARCUS VINÍCIUS REIS BASTOS).<br />

Na hipót<strong>es</strong>e, r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade da recorrida no evento danoso, havendo, assim, ensejo para<br />

reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima con<strong>tr</strong>ibuído para a sua ocorrência, no<br />

caso, a permanência do seu nome no cadas<strong>tr</strong>o do SPC após a quitação da dívida, r<strong>es</strong>ta, portanto, configurado o dever de<br />

indenizar da instituição financeira, que não teve a cautela de comunicar, de pronto, a quitação da dívida ao SPC.<br />

A permanência indevida do nome do recorrente no SPC ocasionou cons<strong>tr</strong>angimentos e dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis<br />

de indenização por dano moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se regis<strong>tr</strong>e que a pretensa reparação do dano moral não<br />

se r<strong>es</strong>olve numa indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas<br />

consequências, na medida em que a dor, o sofrimento e o cons<strong>tr</strong>angimento não são aquilatáveis em pecúnia. A<br />

condenação pecuniária atende a dois pr<strong>es</strong>supostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte<br />

l<strong>es</strong>ada, procure minimizar os efeitos do evento danoso; b) uma afetação no pa<strong>tr</strong>imônio do ofensor, constituindo reprimenda<br />

de conteúdo punitivo/educativo.<br />

Ante o exposto, deverá a recorrida pagar à recorrente o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), referente à indenização por


danos morais.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, provido.<br />

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

103 - 2008.50.50.006560-9/01 CARLOS AUGUSTO DA SILVA (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.) x CAIXA<br />

ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.50.006560-9/01<br />

Recorrente : CARLOS AUGUSTO DA SILVA<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DESCABIDO O PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS<br />

MORAIS – NÃO HOUVE INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME NOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO – MERA<br />

COBRANÇA DE DÍVIDA INEXISTENTE - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente em parte a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, condenado a recorrida tão-somente a se abster de incluir o nome da parte autora<br />

nos serviços de proteção ao crédito, posto que foram efetuados d<strong>es</strong>contos regularmente, sendo que não fora efetuado<br />

procedimento adminis<strong>tr</strong>ativo para averiguação dos repass<strong>es</strong>. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, aduz que a<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL é objetiva, somente excluída se demons<strong>tr</strong>ado que houve culpa<br />

exclusiva da vítima ou de terceiro, nos termos do art. 14 do CDC, o que não ocorreu na hipót<strong>es</strong>e.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

O empréstimo mediante consignação em folha de pagamento repr<strong>es</strong>enta uma con<strong>tr</strong>atação <strong>es</strong>pecial em que as duas part<strong>es</strong><br />

no negócio jurídico são beneficiadas: o tomador do empréstimo tem facilidad<strong>es</strong> operacionais para a amortização, pois terá o<br />

valor corr<strong>es</strong>pondente d<strong>es</strong>contado de seus vencimentos e repassado ao credor por seu empregador (no caso, a autarquia<br />

previdenciária); a instituição financeira, uma garantia maior de receber o crédito na data aprazada.<br />

In casu, a recorrente alega, na inicial, que, na qualidade de pensionista do INSS, con<strong>tr</strong>atou empréstimo consignado com a<br />

instituição recorrida, sendo que, embora as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>sem sido d<strong>es</strong>contadas de seu benefício<br />

previdenciário, não houve repasse dos valor<strong>es</strong> à parte credora, ora recorrida, por meio da autarquia previdenciária, o que<br />

levou à cobrança das parcelas r<strong>es</strong>pectivas, mediante envio de corr<strong>es</strong>pondência ao endereço do autor, pela instituição<br />

bancária.<br />

Na hipót<strong>es</strong>e, r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade da recorrida no evento danoso, qual seja, a cobrança indevida das<br />

parcelas do empréstimo em qu<strong>es</strong>tão. Todavia, tal fato, por si só, não enseja a reparação pecuniária pleiteada.<br />

Diferentemente seria se houv<strong>es</strong>se a inscrição indevida no SPC/SERASA, o que realmente ocasionaria cons<strong>tr</strong>angimentos e<br />

dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis de indenização por dano moral (art. 5º, V, da CR/88).


A jurisprudência do E. SJT tem entendimento de que o envio de carta informando da possível inscrição do nome do<br />

d<strong>es</strong>tinatário nos cadas<strong>tr</strong>os de con<strong>tr</strong>ole de crédito, sem dizer<strong>es</strong> ofensivos, cobrando dívida inexistente, não sustenta o pedido<br />

de indenização por danos morais, principalmente pelo fato de que a inscrição não se consumou (STJ, RESP 504639, 4ª<br />

TURMA, DJ 25.08.2003, REL. MIN. SÁLVIO DE FIGUEREDO TEIXEIRA).<br />

Na verdade, na circunstância dos autos, o mero envio equivocado de cobrança não acarreta dano moral, uma vez que o<br />

autor não foi atingido por qualquer tipo de humilhação ou mancha em sua dignidade, em <strong>es</strong>pecial, por não haver sequer a<br />

negativação de seu nome nos cadas<strong>tr</strong>os de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição creditícia, r<strong>es</strong>tando evidente a ausência de evento danoso a impor à<br />

instituição bancária a nec<strong>es</strong>sidade de indenizar.<br />

Regis<strong>tr</strong>e-se que a nec<strong>es</strong>sidade de buscar o Poder Judiciário pode até ter demandado tempo e causado irritação ao autor,<br />

mas se <strong>tr</strong>ata de circunstância a que todos <strong>es</strong>tão sujeitos, porque própria da vida em sociedade, não causando, por si só,<br />

dor, sofrimento, cons<strong>tr</strong>angimento ou ul<strong>tr</strong>aje de magnitude.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />

Sem a condenação de custas e honorários advocatícios, por força do benefício da assistência judiciária gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

104 - 2007.50.50.011060-0/01 RONILTON MIRANDA CRUZ (ADVOGADO: EUSEBIO VIZEU ALEXANDRE FERREIRA.) x<br />

CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: GILMAR ZUMAK PASSOS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2007.50.50.011060-0/01<br />

Recorrente : RONILTON MIRANDA CRUZ<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DO<br />

NOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CARÁTER PEDAGÓGICO – NÃO CONFIGURADA<br />

CULPA POR PARTE DO RECORRENTE - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente, em parte,<br />

a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, condenando a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA tão-somente a retirar<br />

o nome da parte autora dos cadas<strong>tr</strong>os r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivos de crédito, no que diz r<strong>es</strong>peito ao débito discutido n<strong>es</strong>ta ação, indeferindo o<br />

pedido de antecipação dos efeitos da tutela. O recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta que foi vítima de <strong>es</strong>telionato<br />

e que a inscrição indevida de seu nome nos órgãos r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivos de crédito ocasionou-lhe diversos danos, inclusive a sua<br />

não-con<strong>tr</strong>atação em <strong>es</strong>tágios supervisionados que lhe são exigidos pelo Curso Técnico em Automação Indus<strong>tr</strong>ial.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ado, nos autos, que terceiro se utilizou dos documentos de identificação do recorrente para<br />

abertura fraudulenta de conta corrente junto à instituição bancária recorrida, o que gerou a inscrição indevida daquele nos<br />

órgãos r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivos de crédito. Todavia, a sentença guerreada apontou que o recorrente possuía o nome incluso, em tais


egis<strong>tr</strong>os, por diversos motivos, motivo pelo qual não se vislumbrou procedência na pretensão de indenização pelo abalo<br />

moral.<br />

Deveras, o documento acostado às fls. 16/17 denota que não foi a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA a única<br />

instituição a inscrever o nome do recorrente no banco de dados do SPC. Porém, nota-se que as referidas inscriçõ<strong>es</strong> foram<br />

efetivadas posteriormente à data em que o recorrente teve ex<strong>tr</strong>aviados seus documentos, em 17.11.2004, conforme<br />

BOLETIM DE OCORRÊNCIA n. 8.613/04 (fl. 15), ou seja, na segunda quinzena de 2005 e no início de 2006. Além disso,<br />

observa-se ainda que as instituiçõ<strong>es</strong> que procederam a tais anotaçõ<strong>es</strong> se encon<strong>tr</strong>am localizadas na cidade do Rio de<br />

Janeiro/RJ, domicílio diverso da parte recorrente. E mais: os documentos acostados às fls. 65/70 revelam que o recorrente<br />

ajuizou demandas em face dos <strong>es</strong>tabelecimentos comerciais em qu<strong>es</strong>tão, logrando êxito no pedido de indenização por<br />

danos morais em razão de inscrição indevida nos órgãos de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito.<br />

Ora, cruzando todas <strong>es</strong>sas informaçõ<strong>es</strong>, r<strong>es</strong>ta claro que as inscriçõ<strong>es</strong> do nome do recorrente no SPC reveladas no<br />

documento de fls. 16/17 decorreram do fato de que terceiro se utilizou dos documentos ex<strong>tr</strong>aviados daquele para obter<br />

crédito no mercado, não se vislumbrando conduta do recorrente em tal episódio que pud<strong>es</strong>se acarretar-lhe culpa exclusiva<br />

para o evento danoso.<br />

No âmbito do direito privado, o ordenamento jurídico pá<strong>tr</strong>io adota a t<strong>es</strong>e da r<strong>es</strong>ponsabilidade civil subjetiva, disciplinada no<br />

art. 186 do Código Civil de 2002. Na hipót<strong>es</strong>e, r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade da recorrida no evento danoso,<br />

havendo, assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima<br />

con<strong>tr</strong>ibuído para a sua ocorrência, r<strong>es</strong>ta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.<br />

A inscrição indevida no SPC ocasionou cons<strong>tr</strong>angimentos e dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis de indenização por dano<br />

moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se regis<strong>tr</strong>e que a pretensa reparação do dano moral não se r<strong>es</strong>olve numa<br />

indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida em<br />

que a dor, o sofrimento e o cons<strong>tr</strong>angimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a dois<br />

pr<strong>es</strong>supostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte l<strong>es</strong>ada, procure minimizar os efeitos do<br />

evento danoso; b) uma afetação no pa<strong>tr</strong>imônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.<br />

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadas<strong>tr</strong>o r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivo de crédito configura<br />

dano moral.<br />

Quanto ao valor a ser arbi<strong>tr</strong>ado a título de indenização, deve ser levada em conta a repercussão do dano na <strong>es</strong>fera da parte<br />

ofendida. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em qu<strong>es</strong>tão tem por objetivo evitar que o ofensor<br />

“saia lucrando”, ou seja, que <strong>es</strong>te considere que perpe<strong>tr</strong>ar o ilícito não lhe <strong>tr</strong>ouxe qualquer inconveniente, m<strong>es</strong>mo porque o<br />

indenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e a condição socioeconômica do ofendido,<br />

de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitud<strong>es</strong> negligent<strong>es</strong> e l<strong>es</strong>ivas como do caso em tela<br />

venham a se repetir.<br />

Ante o exposto, deve ser a recorrida condenada a pagar ao recorrente o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a título de<br />

indenização por danos morais.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, provido.<br />

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

105 - 2009.50.53.000719-7/01 MIRTHES OLIVEIRA RIBEIRO (ADVOGADO: PAULO CÉSAR ANTUNES BARBOSA.) x<br />

CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: RENATO MIGUEL.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2009.50.53.000719-7/01<br />

Recorrente : MIRTHES OLIVEIRA RIBEIRO<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA


E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DO<br />

NOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – CARÁTER PEDAGÓGICO - RECURSO CONHECIDO E<br />

PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, em que se pleiteava o pagamento de indenização por danos morais, por<br />

inscrição indevida no SPC/SERASA. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que teve seu nome inscrito no SPC e<br />

SERASA em 22.09.2009 por uma dívida já quitada no dia 01.09.2009, sendo que os comunicados corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong><br />

somente foram enviados posteriormente à quitação do débito. Aponta que o dano moral, no caso, é pr<strong>es</strong>umido e que, não<br />

obstante, não houve, nos autos, oportunidade para ins<strong>tr</strong>ução probatória.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, em decorrência de uma cobrança indevida, ou seja, dívida já quitada, a parte recorrente inscreveu o nome da<br />

recorrente no SPC. Quanto a <strong>es</strong>te fato, não há con<strong>tr</strong>ovérsia nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia gira em torno da configuração de<br />

dano moral.<br />

No âmbito do direito privado, o ordenamento jurídico pá<strong>tr</strong>io adota a t<strong>es</strong>e da r<strong>es</strong>ponsabilidade civil subjetiva, disciplinada no<br />

art. 186 do Código Civil de 2002. Na hipót<strong>es</strong>e, r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade da recorrida no evento danoso,<br />

havendo, assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima<br />

con<strong>tr</strong>ibuído para a sua ocorrência, posto que, em 01.09.2009, ant<strong>es</strong> da inscrição do seu nome no SPC/SERASA, em<br />

22.09.2009, já havia quitado a dívida, r<strong>es</strong>ta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.<br />

A inscrição indevida no SPC ocasionou cons<strong>tr</strong>angimentos e dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis de indenização por dano<br />

moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se regis<strong>tr</strong>e que a pretensa reparação do dano moral não se r<strong>es</strong>olve numa<br />

indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida em<br />

que a dor, o sofrimento e o cons<strong>tr</strong>angimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a dois<br />

pr<strong>es</strong>supostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte l<strong>es</strong>ada, procure minimizar os efeitos do<br />

evento danoso; b) uma afetação no pa<strong>tr</strong>imônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.<br />

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadas<strong>tr</strong>o r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivo de crédito configura<br />

dano moral.<br />

Quanto ao valor a ser arbi<strong>tr</strong>ado a título de indenização, deve ser levada em conta a repercussão do dano na <strong>es</strong>fera da parte<br />

ofendida. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em qu<strong>es</strong>tão tem por objetivo evitar que o ofensor<br />

“saia lucrando”, ou seja, que <strong>es</strong>te considere que perpe<strong>tr</strong>ar o ilícito não lhe <strong>tr</strong>ouxe qualquer inconveniente, m<strong>es</strong>mo porque o<br />

indenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e a condição socioeconômica do ofendido,<br />

de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitud<strong>es</strong> negligent<strong>es</strong> e l<strong>es</strong>ivas como do caso em tela<br />

venham a se repetir.<br />

Ante o exposto, deve ser a recorrida condenada a pagar à recorrente o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a título de<br />

indenização por danos morais.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, provido.<br />

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

106 - 2009.50.50.000259-8/01 JALDEMIR RAMALHO MARQUES (ADVOGADO: NAYARA GRACELLI.) x CAIXA<br />

ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2009.50.50.000259-8/01<br />

Recorrente : JALDEMIR RAMALHO MARQUES<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ESPERA NA FILA<br />

PARA ATENDIMENTO BANCÁRIO, POR SI SÓ, NÃO CONFIGURA ABALO MORAL – MERO ABORRECIMENTO –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, em que se pleiteava o pagamento de indenização por danos morais, por<br />

permanência na fila da instituição bancária em período superior ao permitido por lei. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que o tempo de <strong>es</strong>pera na fila não configurou mero aborrecimento, d<strong>es</strong>tacando que a falta de aplicação efetiva da<br />

legislação municipal só faz aumentar o d<strong>es</strong>caso que a recorrida tem com seus client<strong>es</strong>.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, em decorrência de uma longa <strong>es</strong>pera na fila da agência da instituição bancária recorrida, a parte recorrente pugna<br />

pela indenização por danos morais. Quanto ao evento danoso, não há con<strong>tr</strong>ovérsia nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia gira em torno<br />

da configuração de dano moral.<br />

No âmbito do direito privado, o ordenamento jurídico pá<strong>tr</strong>io adota a t<strong>es</strong>e da r<strong>es</strong>ponsabilidade civil subjetiva, disciplinada no<br />

art. 186 do Código Civil de 2002. Na hipót<strong>es</strong>e, r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade do recorrente no evento danoso,<br />

havendo, assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima<br />

con<strong>tr</strong>ibuído para a sua ocorrência, r<strong>es</strong>ta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.<br />

A parte recorrente pretende o recebimento de uma indenização por ter aguardado mais de uma hora para receber<br />

atendimento em agência bancária da instituição ora recorrida, o que configuraria o d<strong>es</strong>cumprimento de legislação municipal<br />

que regula a matéria.<br />

Deveras, conforme d<strong>es</strong>tacou a sentença guerreada, para melhorar o atendimento a sua clientela, a maioria das instituiçõ<strong>es</strong><br />

financeiras disponibilizam a realização dos mais diversos serviços mediante utilização de terminais ele<strong>tr</strong>ônicos de<br />

autoatendimento, além de ou<strong>tr</strong>os canais que podem ser utilizados como alternativa para se evitar o fluxo de p<strong>es</strong>soas e o<br />

cong<strong>es</strong>tionamento no atendimento físico pr<strong>es</strong>tado nas agências.<br />

Na hipót<strong>es</strong>e dos autos, embora configurada a demora na pr<strong>es</strong>tação do serviço pr<strong>es</strong>tado pela instituição recorrida, não <strong>es</strong>tá<br />

configurada a r<strong>es</strong>ponsabilidade civil da instituição financeira, por inexistir dano moral a indenizar. Isso porque a <strong>es</strong>pera em<br />

fila de banco, por um período de tempo superior ao <strong>es</strong>timado em legislação municipal, repr<strong>es</strong>enta um mero aborrecimento<br />

ou <strong>tr</strong>anstorno corriqueiro e não constitui afronta a qualquer direito da personalidade do autor.<br />

Ora, o dano moral se configura sempre que alguém, injustamente, causa l<strong>es</strong>ão a inter<strong>es</strong>se não pa<strong>tr</strong>imonial relevante.<br />

O recorrente não logrou demons<strong>tr</strong>ar que o tempo <strong>es</strong>perado para ser atendido em agência da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, por período superior a uma hora, foi capaz de ensejar qualquer abalo à sua honra ou l<strong>es</strong>ão psicológica<br />

suficiente para configurar um dano que mereça ser indenizado. Assim, o aborrecimento decorrente da <strong>es</strong>pera não passou<br />

de um mero dissabor a que qualquer cidadão <strong>es</strong>tá propenso a vivenciar nas relaçõ<strong>es</strong> sociais modernas, o que afasta a<br />

possibilidade de caracterização dos danos morais na forma pretendida.<br />

Sobre o assunto, vale colacionar o julgado a seguir: "CIVIL. CEF. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO<br />

SUPERIOR A QUINZE MINUTOS. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. INOCORRÊNCIA. I. A Constituição <strong>Federal</strong> em seu


art. 5º, V, garante a indenização da l<strong>es</strong>ão moral, independente de <strong>es</strong>tar, ou não, associada a prejuízo pa<strong>tr</strong>imonial. II. O dano<br />

moral se configura sempre que alguém, injustamente, causa l<strong>es</strong>ão a inter<strong>es</strong>se não pa<strong>tr</strong>imonial relevante, o que não ocorreu<br />

no pr<strong>es</strong>ente caso. III. Não demons<strong>tr</strong>ou o autor que o tempo gasto na fila do banco, por período de uma hora e quinze<br />

minutos, foi capaz de ensejar qualquer sofrimento ou l<strong>es</strong>ão psicológica. Tal fato, ao con<strong>tr</strong>ário, não passou de mero<br />

aborrecimento, incapaz de gerar qualquer indenização por danos morais. IV. Apelação improvida” (TRF, 5ª Região, Quarta<br />

Turma, AC 472710, Relatora D<strong>es</strong>embargadora <strong>Federal</strong> Margarida Cantarelli, DJ: 09/07/2009).<br />

Recurso ao qual se nega provimento.<br />

Custas já recolhidas. Condeno a parte recorrente em honorários advocatícios, que fixo em 2% sobre o valor a<strong>tr</strong>ibuído à<br />

causa, nos termos do art. 20, §3º, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

107 - 2008.50.50.000839-0/01 NAIR RANGEL (ADVOGADO: PAULO ROBERTO MENDONCA FRANCA, SUELI DE PAULA<br />

FRANCA, NEUZA SCHULTHAIS ANDRADE, RODRIGO MIGUEL VERVLOET, RENATA STAUFFER DUARTE.) x CAIXA<br />

ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: FREDERICO LYRA CHAGAS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.50.000839-0/01<br />

Recorrente : NAIR RANGEL<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – CABÍVEL O PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS<br />

– HOUVE INSCRIÇÃO INDEVIDA DO NOME NOS ÓRGÃOS DE RESTRIÇÃO AO CRÉDITO – INVERSÃO DO ÔNUS DA<br />

PROVA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, em que se pleiteava, a título de antecipação dos efeitos da tutela, a retirada do<br />

nome do autor nos cadas<strong>tr</strong>os dos órgãos de proteção creditícia, bem como a condenação ao pagamento por danos morais.<br />

A recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, apr<strong>es</strong>enta laboriosa t<strong>es</strong>e, reiterando as alegaçõ<strong>es</strong> iniciais.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

O empréstimo mediante consignação em folha de pagamento repr<strong>es</strong>enta uma con<strong>tr</strong>atação <strong>es</strong>pecial em que as duas part<strong>es</strong><br />

no negócio jurídico são beneficiadas: o tomador do empréstimo tem facilidad<strong>es</strong> operacionais para a amortização, pois terá o<br />

valor corr<strong>es</strong>pondente d<strong>es</strong>contado de seus vencimentos e repassado ao credor por seu empregador; a instituição financeira,<br />

uma garantia maior de receber o crédito na data aprazada.<br />

In casu, a recorrente alega, na inicial, que, as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> do empréstimo con<strong>tr</strong>aído com a recorrida eram d<strong>es</strong>contadas em<br />

sua folha de pagamento e que, por tal motivo, quando mudou de emprego, se dirigiu à instituição bancária credora para<br />

informar o ocorrido, sendo que, na oportunidade, combinou com o agente da recorrida que depositaria o valor relativo às<br />

pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> do empréstimo em sua caderneta de poupança, para a devida sub<strong>tr</strong>ação em favor da instituição bancária.


Todavia, embora tenha efetuado os r<strong>es</strong>pectivos depósitos, seu nome foi incluído no cadas<strong>tr</strong>o de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito.<br />

Deveras, às fls. 22/24, a autora comprovou que depositou, na caderneta de poupança de n. 013.00003164-5, valor<strong>es</strong><br />

corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> às parcelas pelo empréstimo con<strong>tr</strong>aído com a recorrida, conforme con<strong>tr</strong>ato acostado às fls. 08/13.<br />

Todavia, houve cobrança, por parte da instituição bancária, das referidas pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong>, a teor dos documentos de fls. 14/18, o<br />

que levou <strong>es</strong>ta a incluir o nome da recorrente no SERASA (fl. 20).<br />

Ora, cruzando todas <strong>es</strong>sas informaçõ<strong>es</strong>, r<strong>es</strong>ta claro que a inscrição do nome da recorrente no órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição creditícia<br />

revelada no documento de fl. 20 decorreu do fato de que a instituição bancária não honrou o acordo firmado com a parte<br />

recorrente, que depositaria, todo mês, o valor das pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> em sua caderneta de poupança, o que r<strong>es</strong>tou comprovado<br />

nos autos (fls. 22/24).<br />

Assim, na hipót<strong>es</strong>e, não há dúvidas de que foi demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade da recorrida no evento danoso, havendo,<br />

assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima con<strong>tr</strong>ibuído para a<br />

sua ocorrência, r<strong>es</strong>ta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.<br />

Quanto à cláusula con<strong>tr</strong>atual de que a dívida venceria antecipadamente no caso de incorrer r<strong>es</strong>cisão do con<strong>tr</strong>ato de<br />

<strong>tr</strong>abalho, cumpre <strong>es</strong>clarecer que não pode a parte ser penalizada com o vencimento antecipado da dívida por <strong>es</strong>se motivo,<br />

considerando que se <strong>tr</strong>ata de norma abusiva, nula, portanto, de pleno direito, m<strong>es</strong>mo porque é caso de con<strong>tr</strong>ato de ad<strong>es</strong>ão.<br />

No caso em particular, caberia a parte recorrida comprovar que não houve ajuste en<strong>tr</strong>e as part<strong>es</strong> sobre a forma de<br />

pagamento das parcelas do empréstimo, após o d<strong>es</strong>emprego da recorrente, em atenção ao art. 14 do CDC. Por ou<strong>tr</strong>o lado,<br />

apr<strong>es</strong>entou t<strong>es</strong>e de que a cláusula décima quinta do referido empréstimo informa que a dívida venceria antecipadamente no<br />

caso de incorrer infringência de cláusulas con<strong>tr</strong>atuais ou r<strong>es</strong>cisão do con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho durante a vigência do con<strong>tr</strong>ato.<br />

A inscrição indevida no SPC ocasionou cons<strong>tr</strong>angimentos e dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis de indenização por dano<br />

moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se regis<strong>tr</strong>e que a pretensa reparação do dano moral não se r<strong>es</strong>olve numa<br />

indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida em<br />

que a dor, o sofrimento e o cons<strong>tr</strong>angimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a dois<br />

pr<strong>es</strong>supostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte l<strong>es</strong>ada, procure minimizar os efeitos do<br />

evento danoso; b) uma afetação no pa<strong>tr</strong>imônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.<br />

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadas<strong>tr</strong>o r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivo de crédito configura<br />

dano moral.<br />

Quanto ao valor a ser arbi<strong>tr</strong>ado a título de indenização, deve ser levada em conta a repercussão do dano na <strong>es</strong>fera da parte<br />

ofendida. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em qu<strong>es</strong>tão tem por objetivo evitar que o ofensor<br />

“saia lucrando”, ou seja, que <strong>es</strong>te considere que perpe<strong>tr</strong>ar o ilícito não lhe <strong>tr</strong>ouxe qualquer inconveniente, m<strong>es</strong>mo porque o<br />

indenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e a condição socioeconômica do ofendido,<br />

de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitud<strong>es</strong> negligent<strong>es</strong> e l<strong>es</strong>ivas como do caso em tela<br />

venham a se repetir.<br />

Ante o exposto, deve ser a recorrida condenada a pagar ao recorrente o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a título de<br />

indenização por danos morais.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, provido.<br />

Custas de lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

108 - 2008.50.54.000402-4/01 JOANDRESON GOMES DE ANDRADE (ADVOGADO: SANSÃO SILVA BORGES.) x CAIXA<br />

ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: WAGNER DE FREITAS RAMOS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.54.000402-4/01<br />

Recorrente : JOANDRESON GOMES DE ANDRADE


Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – ESPERA NA FILA<br />

PARA ATENDIMENTO BANCÁRIO, POR SI SÓ, NÃO CONFIGURA ABALO MORAL – MERO ABORRECIMENTO –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, em que se pleiteava o pagamento de indenização por danos morais, por<br />

permanência na fila da instituição bancária em longo período. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o tempo<br />

de <strong>es</strong>pera na fila atingiu os seus sentimentos, posto que se sentiu d<strong>es</strong>prezado, ridicularizado e impotente.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, em decorrência de uma longa <strong>es</strong>pera na fila da agência da instituição bancária recorrida, a parte recorrente pugna<br />

pela indenização por danos morais. Quanto ao evento danoso, não há con<strong>tr</strong>ovérsia nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia gira em torno<br />

da configuração de dano moral.<br />

Deveras, para melhorar o atendimento a sua clientela, a maioria das instituiçõ<strong>es</strong> financeiras disponibilizam a realização dos<br />

mais diversos serviços mediante utilização de terminais ele<strong>tr</strong>ônicos de autoatendimento, além de ou<strong>tr</strong>os canais que podem<br />

ser utilizados como alternativa para se evitar o fluxo de p<strong>es</strong>soas e o cong<strong>es</strong>tionamento no atendimento físico pr<strong>es</strong>tado nas<br />

agências.<br />

Na hipót<strong>es</strong>e dos autos, embora configurada a demora na pr<strong>es</strong>tação do serviço pr<strong>es</strong>tado pela instituição recorrida, não <strong>es</strong>tá<br />

configurada a r<strong>es</strong>ponsabilidade civil da instituição financeira, por inexistir dano moral a indenizar. Isso porque a <strong>es</strong>pera em<br />

fila de banco, por longo período, repr<strong>es</strong>enta um mero aborrecimento ou <strong>tr</strong>anstorno corriqueiro e não constitui afronta a<br />

qualquer direito da personalidade do autor.<br />

Ora, o dano moral se configura sempre que alguém, injustamente, causa l<strong>es</strong>ão a inter<strong>es</strong>se não pa<strong>tr</strong>imonial relevante.<br />

O recorrente não logrou demons<strong>tr</strong>ar que o tempo <strong>es</strong>perado para ser atendido em agência da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, por período superior a uma hora, foi capaz de ensejar qualquer abalo à sua honra ou l<strong>es</strong>ão psicológica<br />

suficiente para configurar um dano que mereça ser indenizado. Assim, o aborrecimento decorrente da <strong>es</strong>pera não passou<br />

de um mero dissabor a que qualquer cidadão <strong>es</strong>tá propenso a vivenciar nas relaçõ<strong>es</strong> sociais modernas, o que afasta a<br />

possibilidade de caracterização dos danos morais na forma pretendida.<br />

Sobre o assunto, vale colacionar o julgado a seguir: "CIVIL. CEF. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO<br />

SUPERIOR A QUINZE MINUTOS. INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. INOCORRÊNCIA. I. A Constituição <strong>Federal</strong> em seu<br />

art. 5º, V, garante a indenização da l<strong>es</strong>ão moral, independente de <strong>es</strong>tar, ou não, associada a prejuízo pa<strong>tr</strong>imonial. II. O dano<br />

moral se configura sempre que alguém, injustamente, causa l<strong>es</strong>ão a inter<strong>es</strong>se não pa<strong>tr</strong>imonial relevante, o que não ocorreu<br />

no pr<strong>es</strong>ente caso. III. Não demons<strong>tr</strong>ou o autor que o tempo gasto na fila do banco, por período de uma hora e quinze<br />

minutos, foi capaz de ensejar qualquer sofrimento ou l<strong>es</strong>ão psicológica. Tal fato, ao con<strong>tr</strong>ário, não passou de mero<br />

aborrecimento, incapaz de gerar qualquer indenização por danos morais. IV. Apelação improvida” (TRF, 5ª Região, Quarta<br />

Turma, AC 472710, Relatora D<strong>es</strong>embargadora <strong>Federal</strong> Margarida Cantarelli, DJ: 09/07/2009).<br />

Recurso ao qual se nega provimento.<br />

Sem a condenação em custas e honorários advocatícios, por gozar a parte recorrente do benefício da assistência judiciária<br />

gratuita.<br />

ACÓRDÃO


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

109 - 2008.50.50.003290-2/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CARTOES DE CREDITO (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO<br />

SOBREIRA.) x JOSÉ BENJAMIM BORTOLINI DE MATOS (ADVOGADO: FABIANO LARANJA RIBEIRO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.50.003290-2/01<br />

Recorrente : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

Recorrido : JOSÉ BENJAMIM BORTOLINI DE MATOS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DO<br />

NOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DEVIDAMENTE ARBITRADO O VALOR DA<br />

INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS – CARÁTER PEDAGÓGICO - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO -<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente, em parte, a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, declarando inexistente o débito referente ao cartão de crédito e condenando ao<br />

pagamento de indenização a título de danos morais. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não r<strong>es</strong>tou<br />

configurado dano moral na hipót<strong>es</strong>e, posto que não houve prova n<strong>es</strong>se sentido, motivo pelo qual não há r<strong>es</strong>ponsabilidade<br />

civil sobre tal fato não comprovado. Frisa que meros dissabor<strong>es</strong> não ensejam danos morais. Subsidiariamente, pugna pela<br />

redução do valor arbi<strong>tr</strong>ado, por considerar exagerado.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, em decorrência de uma cobrança indevida, ou seja, dívida já quitada, a parte recorrente inscreveu o nome do<br />

recorrido no SPC. Quanto a <strong>es</strong>te fato, não há con<strong>tr</strong>ovérsia nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia gira em torno da configuração de dano<br />

moral e do valor arbi<strong>tr</strong>ado pelo Juízo a quo, se é exacerbado ou não.<br />

No âmbito do direito privado, o ordenamento jurídico pá<strong>tr</strong>io adota a t<strong>es</strong>e da r<strong>es</strong>ponsabilidade civil subjetiva, disciplinada no<br />

art. 186 do Código Civil de 2002. Na hipót<strong>es</strong>e, r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade do recorrente no evento danoso,<br />

havendo, assim, ensejo para reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima<br />

con<strong>tr</strong>ibuído para a sua ocorrência, r<strong>es</strong>ta configurado o dever de indenizar da instituição financeira.<br />

A inscrição indevida no SPC ocasionou cons<strong>tr</strong>angimentos e dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis de indenização por dano<br />

moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se regis<strong>tr</strong>e que a pretensa reparação do dano moral não se r<strong>es</strong>olve numa<br />

indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida em<br />

que a dor, o sofrimento e o cons<strong>tr</strong>angimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a dois<br />

pr<strong>es</strong>supostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte l<strong>es</strong>ada, procure minimizar os efeitos do<br />

evento danoso; b) uma afetação no pa<strong>tr</strong>imônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.<br />

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadas<strong>tr</strong>o r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivo de crédito configura<br />

dano moral, não assistindo razão à recorrente em sua alegação recursal de que não houve prova n<strong>es</strong>se sentido e de que a<br />

hipót<strong>es</strong>e configura a pr<strong>es</strong>ença de mero aborrecimento.<br />

Quanto ao valor arbi<strong>tr</strong>ado a título de indenização, verifico que se mos<strong>tr</strong>a proporcional ao dano, razão pela qual entendo<br />

deva o m<strong>es</strong>mo ser mantido, não se falando em enriquecimento da parte que a pleiteia, posto que deve ser levada em conta<br />

a repercussão do dano na <strong>es</strong>fera do ofendido. Além disso, o caráter punitivo, ou educativo, da condenação em qu<strong>es</strong>tão tem<br />

por objetivo evitar que o ofensor “saia lucrando”, ou seja, que <strong>es</strong>te considere que perpe<strong>tr</strong>ar o ilícito não lhe <strong>tr</strong>ouxe qualquer<br />

incoveniente, m<strong>es</strong>mo porque o indenizatório pelo dano moral deve observar ainda as circunstâncias da causa e a condição<br />

socioeconômica do ofendido, de modo que o valor a ser pago sirva também para coibir que as atitud<strong>es</strong> negligent<strong>es</strong> e l<strong>es</strong>ivas


como do caso em tela venham a se repetir.<br />

Recurso ao qual se nega provimento.<br />

Custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente arbi<strong>tr</strong>ados em 10% sobre o valor da<br />

condenação, nos termos do art. 20, §3º, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

110 - 2008.50.50.005753-4/01 CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI.) x JOSE<br />

ADERALDO TONIATO (ADVOGADO: RODRIGO OTTONI M. AMARANTE, MARX LAYO KOGURE GANASIN.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.50.005753-4/01<br />

Recorrente : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

Recorrido : JOSÉ ADERALDO TONIATO<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – MERA INSCRIÇÃO DO<br />

NOME NO SPC GERA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – O FIADOR DEVE SER CONSTITUÍDO EM MORA ANTES<br />

DA INSCRIÇÃO DO SEU NOME NO CADASTRO DE INADIMPLENTE – DESPROPORCIONAL O VALOR ARBITRADO<br />

DA INDENIZAÇÃO A TÍTULO DE DANOS MORAIS – DESCARACTERIZADA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NO PRESENTE<br />

CASO POR PARTE DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO -<br />

SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensão<br />

externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, condenando a instituição bancária a pagar o valor de R$ 20.400,00, a título de danos<br />

morais, por ter incluído, indevidamente, o nome do autor no órgão r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivo de crédito, e ainda a pagar multa pecuniária e<br />

indenização de 20% sobre o valor arbi<strong>tr</strong>ado a título de danos morais pela demora indevida que a def<strong>es</strong>a con<strong>tr</strong>a texto<br />

expr<strong>es</strong>so em lei gerou no <strong>tr</strong>âmite do feito, além de honorários advocatícios. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, a recorrente rechaça<br />

a ocorrência de litigância de má-fé no pr<strong>es</strong>ente caso, aduzindo que, n<strong>es</strong>se aspecto, houve cerceamento do direito de<br />

def<strong>es</strong>a. Frisa que também não houve danos morais passíveis de reparação, sustentando ainda que o valor arbi<strong>tr</strong>ado, a título<br />

de danos morais, é d<strong>es</strong>proporcional ao dano.<br />

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), <strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e<br />

nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong><br />

financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, r<strong>es</strong>tou comprovado, nos autos, que a inscrição do nome do recorrido no órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito foi realizada<br />

de forma indevida, posto que os elementos dos autos denotam que o recorrido, na qualidade de fiador, não teve ciência da<br />

inadimplência de seu afiançado, não lhe sendo aberta, portanto, a oportunidade de quitar a dívida, para evitar a inscrição do<br />

seu nome no órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, ant<strong>es</strong> m<strong>es</strong>mo de constituir o recorrido em mora, a parte recorrente inscreveu o nome do recorrido no cadas<strong>tr</strong>o<br />

de órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito. Quanto a <strong>es</strong>te fato, não há con<strong>tr</strong>ovérsia nos autos, posto que o documento acostado à fl 22<br />

dos autos, ao con<strong>tr</strong>ário do que alega a recorrente, não revela que a parte recorrida teve ciência do fato que ocasionou o<br />

regis<strong>tr</strong>o do seu nome no órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição creditícia ant<strong>es</strong> m<strong>es</strong>mo da efetiva inscrição. A con<strong>tr</strong>ovérsia, portanto, gira em<br />

torno da configuração de dano moral e do valor arbi<strong>tr</strong>ado pelo Juízo a quo, se é exacerbado ou não.


Na hipót<strong>es</strong>e, r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade do recorrente no evento danoso, havendo, assim, ensejo para<br />

reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima con<strong>tr</strong>ibuído para a sua ocorrência (no<br />

caso, a precipitada inscrição do nome no órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição creditícia), r<strong>es</strong>ta configurado o dever de indenizar da instituição<br />

financeira.<br />

A inscrição indevida no SPC ocasionou cons<strong>tr</strong>angimentos e dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis de indenização por dano<br />

moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se regis<strong>tr</strong>e que a pretensa reparação do dano moral não se r<strong>es</strong>olve numa<br />

indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida em<br />

que a dor, o sofrimento e o cons<strong>tr</strong>angimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a dois<br />

pr<strong>es</strong>supostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte l<strong>es</strong>ada, procure minimizar os efeitos do<br />

evento danoso; b) uma afetação no pa<strong>tr</strong>imônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.<br />

Vale apontar que a jurisprudência firmou entendimento de que a mera inclusão em cadas<strong>tr</strong>o r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivo de crédito configura<br />

dano moral, não assistindo razão à recorrente em sua alegação recursal de que não houve prova n<strong>es</strong>se sentido.<br />

Quanto ao valor arbi<strong>tr</strong>ado a título de indenização, verifico que se mos<strong>tr</strong>a d<strong>es</strong>proporcional ao dano, razão pela qual entendo<br />

deva o m<strong>es</strong>mo ser alterado, posto que, do con<strong>tr</strong>ário, haveria enriquecimento da parte que a pleiteia, considerando que deve<br />

ser levada em conta a repercussão do dano na <strong>es</strong>fera do ofendido. Ora, o recorrido não comprovou (ou ao menos alegou)<br />

que sofreu concretas r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong> nos negócios da vida privada em decorrência de seu nome constar indevidamente no<br />

cadas<strong>tr</strong>o de inadimplent<strong>es</strong>. A indenização por danos morais, na hipót<strong>es</strong>e, seria pela mera inclusão do nome do recorrido no<br />

órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição creditícia, conforme já exposto no parágrafo anterior.<br />

No mais, a litigância de má-fé é reputada àquele que deduz def<strong>es</strong>a con<strong>tr</strong>a texto expr<strong>es</strong>so de lei ou fato incon<strong>tr</strong>overso,<br />

alterando a verdade dos fatos, opondo r<strong>es</strong>istência injustificada ao andamento do proc<strong>es</strong>so ou provocando incident<strong>es</strong><br />

manif<strong>es</strong>tamente infundados (CPC, art. 17, incisos I, II e IV). Não se vislumbra, na hipót<strong>es</strong>e, a pr<strong>es</strong>ença de tais requisitos,<br />

uma vez que, para a aplicação da multa por litigância de má fé, nec<strong>es</strong>sária se faz a demons<strong>tr</strong>ação de que tenha havido<br />

má-fé.<br />

Ora, não há litigância de má-fé na mera r<strong>es</strong>istência ao pleito autoral, que se constitui em manif<strong>es</strong>tação do direito de def<strong>es</strong>a.<br />

A imposição de multa por litigância de má-fé pr<strong>es</strong>supõe o dolo da parte, com nítido propósito de obstar o regular<br />

proc<strong>es</strong>samento do feito, o que não se verifica no caso. A cont<strong>es</strong>tação genérica enseja tão-somente a pr<strong>es</strong>unção de<br />

veracidade dos fatos não impugnados, sendo que, no caso, não houve qualquer ato por parte da CAIXA que pud<strong>es</strong>se ser<br />

interpretado como óbice ao <strong>tr</strong>âmite proc<strong>es</strong>sual.<br />

Conforme já decidiu o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, para que haja condenação em litigância de má-fé, nec<strong>es</strong>sário que da<br />

"conduta r<strong>es</strong>ulte prejuízo proc<strong>es</strong>sual à parte con<strong>tr</strong>ária" (REsp 250.781/SP - 1ª Turma - Rel. Min. José Delgado), o que não<br />

ocorreu no pr<strong>es</strong>ente caso, em que o magis<strong>tr</strong>ado a quo acolheu o pedido da parte autora.<br />

Vale d<strong>es</strong>tacar ainda o seguinte julgado: "A aplicação de penalidad<strong>es</strong> por litigância de má-fé exige dolo <strong>es</strong>pecífico,<br />

perfeitamente identificável a olhos d<strong>es</strong>armados, sem o qual se pune indevidamente a parte que se vale de direitos<br />

constitucionalmente protegidos (ação e def<strong>es</strong>a)" (STJ, RESP 906269/BA, Rel. Min. Humberto Gom<strong>es</strong> de Barros, j. em<br />

16.10.2007).<br />

N<strong>es</strong>se contexto, mos<strong>tr</strong>a-se indevida a condenação em honorários advocatícios, posto que afastada a ocorrência de<br />

litigância de má-fé no pr<strong>es</strong>ente caso.<br />

R<strong>es</strong>ta ainda d<strong>es</strong>cabida a condenação da CAIXA ao pagamento de indenização de 20% sobre o valor da causa, pela demora<br />

indevida do feito em razão da t<strong>es</strong>e manif<strong>es</strong>tada na peça de r<strong>es</strong>istência, posto que é assegurado, à parte ré, pela lei, o pleno<br />

exercício de def<strong>es</strong>a, sem contar que a sentença guerreada já arbi<strong>tr</strong>ou a reparação por danos morais.<br />

Recurso conhecido e provido em parte, reformando a sentença guerreada, para afastar a condenação da recorrente na<br />

multa por litigância de má-fé e na indenização de 20% sobre o valor da causa, além dos honorários advocatícios, devendo<br />

a condenação em danos morais ser reduzida para R$ 5.000,00 (cinco mil reais).<br />

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a sucumbência recíproca (art. 21<br />

do CPC).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO EM PARTE,<br />

na forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

111 - 2008.50.50.004096-0/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.) x FUNDAÇAO<br />

UNIVERSITARIA JOSE BONIFACIO - FUJB x DIEGO CASER.<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.50.004096-0/01


Recorrente : UNIÃO<br />

Recorrida : DIEGO CASER<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DESCABIDO O PEDIDO DE SUSPENSÃO DO FEITO –<br />

LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO PARA RESPONDER PELOS DANOS SOFRIDOS PELA PARTE AUTORA – RISCO<br />

ADMINISTRATIVO - PRESENTE O NEXO CAUSAL ENTRE O DANO E AÇÃO ESTATAL – JUROS MORATÓRIOS A<br />

PARTIR DA CITAÇÃO - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, em face da sentença que julgou procedente em parte a pretensão<br />

externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, condenando a UNIÃO a r<strong>es</strong>sarcir o autor a quantia de R$ 239,47, a título de danos<br />

materiais. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, a recorrente requer a suspensão do proc<strong>es</strong>so, na forma do art. 265, IV, b, do CPC,<br />

considerando que o enfrentamento do mérito da demanda depende de apuração, na <strong>es</strong>fera criminal, da causa do<br />

vazamento do exemplar da prova de seleção, que gerou o cancelamento do certame e deu causa ao evento danoso em<br />

qu<strong>es</strong>tão. Aduz ainda que é parte ilegítima, posto que o concurso público <strong>es</strong>tava sob a r<strong>es</strong>ponsabilidade da Fundação<br />

Universitária José Bonifácio, vinculada à UFRJ (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RJ), a qual deve suportar o ônus de um<br />

eventual procedimento judicial, motivo pelo qual requer a extinção do feito sem a r<strong>es</strong>olução do mérito. Mais adiante, frisa<br />

que não houve, no caso, danos materiais, por ausência de nexo causal. Por fim, aponta que, com relação à fixação dos<br />

juros de mora, <strong>es</strong>ta deve ser no momento da citação e não do evento danoso.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que é pacífica a jurisprudência do e. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> no sentido da independência<br />

e autonomia das instâncias adminis<strong>tr</strong>ativa, civil e penal. R<strong>es</strong>salvadas as hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de reconhecimento, na <strong>es</strong>fera penal, da<br />

inexistência do fato ou da comprovação de que não foi o réu o autor do fato, não interfere na <strong>es</strong>fera adminis<strong>tr</strong>ativa a<br />

absolvição penal. O Código de Proc<strong>es</strong>so Civil <strong>es</strong>tabelece a possibilidade de suspensão do proc<strong>es</strong>so, sob a ótica em exame,<br />

en<strong>tr</strong>etanto, a interpretação de tais regras <strong>es</strong>tão pontificadas pela sua provisoriedade. Trata-se, no primeiro caso, de<br />

prejudicialidade externa, podendo o juiz determinar o sobr<strong>es</strong>tamento do feito civil, até que seja julgada a qu<strong>es</strong>tão prejudicial<br />

no proc<strong>es</strong>so penal.<br />

Não obstante, a suspensão do proc<strong>es</strong>so civil não é obrigatória, mas constitui mera faculdade a<strong>tr</strong>ibuída ao juiz, nos termos<br />

do artigo 110 do CPC, que exara: “Art. 110. Se o conhecimento da lide depender nec<strong>es</strong>sariamente da verificação da<br />

existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobr<strong>es</strong>tar no andamento do proc<strong>es</strong>so até que se pronuncie a justiça<br />

criminal. Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida den<strong>tr</strong>o de 30 (<strong>tr</strong>inta) dias, contados da intimação do d<strong>es</strong>pacho<br />

de sobr<strong>es</strong>tamento, c<strong>es</strong>sará o efeito d<strong>es</strong>te, decidindo o juiz cível a qu<strong>es</strong>tão prejudicial”.<br />

Por ou<strong>tr</strong>o lado, a parte recorrente não comprovou que <strong>es</strong>teja <strong>tr</strong>amitando demanda criminal em que se discute uma das<br />

hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> supracitadas, aduzindo apenas que a qu<strong>es</strong>tão <strong>es</strong>tá sendo objeto de inv<strong>es</strong>tigação pela Polícia <strong>Federal</strong> de Nova<br />

Iguaçu/RJ. Por tal motivo, não há que se falar em suspensão do feito.<br />

D<strong>es</strong>cabida também a alegação da UNIÃO de que é parte ilegítima na pr<strong>es</strong>ente demanda, posto que, conforme bem<br />

d<strong>es</strong>tacou a sentença guerreada, o edital do certame revela que a UFRJ (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)<br />

é a repr<strong>es</strong>entante da FUJB (FUNDAÇÃO JOSÉ BONIFÁCIO), sendo que tal edital não separa as duas instituiçõ<strong>es</strong> quanto<br />

as suas funçõ<strong>es</strong> na realização do proc<strong>es</strong>so seletivo. Não obstante, após a decretação de fraude do concurso, foi a UNIÃO,<br />

por intermédio do Departamento da Polícia Rodoviária <strong>Federal</strong> – DPRF, quem recebeu o valor de todas as inscriçõ<strong>es</strong>, com<br />

o fim de realizar novo exame por intermédio de ou<strong>tr</strong>a instituição educacional, conforme Portaria Conjunta n. 1, de 08 de<br />

janeiro de 2008, expedida por <strong>es</strong>te órgão.<br />

Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.<br />

A Constituição <strong>Federal</strong> prevê que as p<strong>es</strong>soas jurídicas de direito público e as de direito privado pr<strong>es</strong>tadoras de serviços<br />

públicos r<strong>es</strong>ponderão pelos danos que seus agent<strong>es</strong>, n<strong>es</strong>sa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de<br />

regr<strong>es</strong>so con<strong>tr</strong>a o r<strong>es</strong>ponsável nos casos de dolo ou culpa. Assim, a r<strong>es</strong>ponsabilidade civil das p<strong>es</strong>soas jurídicas de direito<br />

público e das p<strong>es</strong>soas jurídicas de direito privado pr<strong>es</strong>tadoras de serviço público baseia-se no risco adminis<strong>tr</strong>ativo, sendo<br />

objetiva. Essa r<strong>es</strong>ponsabilidade objetiva exige a ocorrência dos seguint<strong>es</strong> requisitos: ocorrência do dano; ação ou omissão<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa; existência de nexo causal en<strong>tr</strong>e o dano e a ação ou omissão adminis<strong>tr</strong>ativa e ausência de causa excludente<br />

da r<strong>es</strong>ponsabilidade <strong>es</strong>tatal.<br />

Com relação à alegação recursal de ausência de nexo causal, não há dúvidas de que não tem cabimento <strong>es</strong>sa afirmação,<br />

posto que r<strong>es</strong>tou configurado o dever da UNIÃO, por intermédio de sua con<strong>tr</strong>atada, em manter a segurança do certame e<br />

informar os candidatos sobre quaisquer alteraçõ<strong>es</strong> de provas e etapas d<strong>es</strong>te. Verifica-se que, por ou<strong>tr</strong>o lado, a instituição<br />

que <strong>es</strong>tava organizando a seleção comunicou o cancelamento da prova algumas horas ant<strong>es</strong> da viagem do autor, motivo<br />

pelo qual <strong>es</strong>te não pôde ser informado a r<strong>es</strong>peito de tal fato. Por isso, foi obrigado a custear d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as de viagem para<br />

d<strong>es</strong>locamento de seu domicílio, conforme documentos de fls. 10/11, embora a prova que pr<strong>es</strong>taria já <strong>es</strong>tava cancelada pela<br />

instituição organizadora. Ora, há sim nexo causal en<strong>tr</strong>e o dano e a ação adminis<strong>tr</strong>ativa.<br />

Por fim, no que tange à fixação dos juros moratórios, merece amparo a alegação recursal, posto que os juros moratórios só


começam a correr a partir do momento em que o devedor é constituído em mora. Isso porque não existe lei que eleja o ato<br />

ilícito como ins<strong>tr</strong>umento de constituição em mora. De acordo com o art. 219 do CPC, é a citação válida que constitui em<br />

mora o devedor. Aplicação da Súmula 204 do STJ, do seguinte teor: “Os juros de mora nas açõ<strong>es</strong> relativas a benefícios<br />

previdenciários incidem a partir da citação válida”.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, parcialmente provido, para fixar a incidência dos juros de mora a partir da citação, nos<br />

termos expostos.<br />

Sem custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC, no art. 55 da Lei n. 9.099/95 e no art. 21, §único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,<br />

na forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

112 - 2006.50.50.001883-0/01 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFES (PROCDOR: OSWALDO<br />

HORTA AGUIRRE FILHO.) x LUIZ PAULO LOPES DE JESUS.<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2006.50.50.001883-0/01<br />

Recorrente : UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES<br />

Recorrido : LUIZ PAULO DE JESUS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MATERIAL – FURTO DE VEÍCULO AUTOMOTOR NO<br />

ESTACIONAMENTO DA UNIVERSIDADE – RESPONSABILIDADE SUBJETIVA – CULPA IN VIGILANDO - RECURSO<br />

IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES con<strong>tr</strong>a a r.<br />

sentença de fls. 54/56, que julgou procedente o pedido formulado na inicial, condenando a recorrente ao pagamento de<br />

danos materiais no valor de R$ 8.500,00 (oito mil e quinhentos reais).<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta a recorrente a inexistência de r<strong>es</strong>ponsabilidade objetiva, bem como a de<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade subjetiva, ante a ausência de conduta culposa, pois não há o dever de vigilância do pa<strong>tr</strong>imônio de<br />

terceiros pela Universidade. Afirma que o campus universitário é local público que não pode ter ac<strong>es</strong>so r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ingido a quem<br />

quer que seja, equivalendo às vias públicas, aduzindo, ainda, que não obtém qualquer vantagem na oferta das vagas de<br />

<strong>es</strong>tacionamento.<br />

3. Acerca da r<strong>es</strong>ponsabilidade da recorrente, adota-se o entendimento do STF a seguir <strong>tr</strong>anscrito: “Tratando-se de ato<br />

omissivo do poder público, a r<strong>es</strong>ponsabilidade civil por <strong>es</strong>se ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, em sentido<br />

<strong>es</strong><strong>tr</strong>ito, <strong>es</strong>ta numa de suas <strong>tr</strong>ês vertent<strong>es</strong> - a negligência, a imperícia ou a imprudência -- não sendo, en<strong>tr</strong>etanto, nec<strong>es</strong>sário<br />

individualizá-la, dado que pode ser a<strong>tr</strong>ibuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. II. - A falta do serviço<br />

-- faute du service dos franc<strong>es</strong><strong>es</strong> -- não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade en<strong>tr</strong>e ação<br />

omissiva a<strong>tr</strong>ibuída ao poder público e o dano causado a terceiro (...)” (RE 382054/RJ, Relator Minis<strong>tr</strong>o Carlos Velloso, DJ<br />

01-10-2004 PP-00037, EMENT VOL-02166-02 PP-00330, RT v. 94, n. 832, 2005, p. 157-164, RJADCOAS v. 62, 2005, p.<br />

38-44, RTJ VOL 00192-01 PP-00356<br />

4. O oferecimento de <strong>es</strong>tacionamento com aparente segurança - circunstância evidenciada na cont<strong>es</strong>tação apr<strong>es</strong>entada<br />

pela segunda ré, Plantão Serviços de Vigilância Ltda, na qual admite a existência de um con<strong>tr</strong>ato de pr<strong>es</strong>tação de serviços<br />

de vigilância nas dependências da Universidade - a<strong>tr</strong>ai o dever de guarda e vigilância do pa<strong>tr</strong>imônio de terceiros. R<strong>es</strong>tou<br />

comprovada nos autos a infração da ré ao dever de diligência <strong>es</strong>pecífico, no caso, a vigilância do veículo da parte autora,<br />

uma vez que o documento de fl. 10 at<strong>es</strong>ta que o veículo encon<strong>tr</strong>ava-se <strong>es</strong>tacionado no pátio da UFES quando foi furtado,<br />

não logrando êxito a União em demons<strong>tr</strong>ar a configuração de qualquer excludente de r<strong>es</strong>ponsabilidade.<br />

5. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

6. Recurso conhecido e improvido.<br />

7. Custas isentas, na forma da lei. Condenação da parte recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em<br />

10% do valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

113 - 2005.50.50.007620-5/01 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFES x ROBSON TARDIN SILVA.<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2005.50.50.007620-5/01<br />

Recorrente : UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES<br />

Recorrido : ROBSON TARDIN SILVA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MATERIAL – FURTO DE VEÍCULO AUTOMOTOR NO<br />

ESTACIONAMENTO DA UNIVERSIDADE – RESPONSABILIDADE SUBJETIVA – CULPA IN VIGILANDO - RECURSO<br />

IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES con<strong>tr</strong>a a r.<br />

sentença de fls. 82/87, que julgou procedente o pedido formulado na inicial, condenando a recorrente ao pagamento de<br />

danos materiais no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais).<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a recorrente a legitimidade passiva da empr<strong>es</strong>a Plantão Serviços de Vigilância Ltda, vez<br />

que pactuou com a recorrente a r<strong>es</strong>ponsabilidade por eventuais danos causados a terceiros. No mérito, afirma que o autor<br />

não juntou aos autos provas suficient<strong>es</strong> que demons<strong>tr</strong>em a veracidade dos fatos narrados, como, por exemplo, a nota fiscal<br />

do aparelho que alega ter sido furtado. Sustenta a inexistência de r<strong>es</strong>ponsabilidade objetiva, bem como a de<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade subjetiva, ante a ausência de conduta culposa, pois não há o dever de vigilância do pa<strong>tr</strong>imônio de<br />

terceiros pela Universidade. Afirma que o campus universitário é local público que não pode ter ac<strong>es</strong>so r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ingido a quem<br />

quer que seja, equivalendo às vias públicas, aduzindo, ainda, que não obtém qualquer vantagem na oferta das vagas de<br />

<strong>es</strong>tacionamento.<br />

3. A empr<strong>es</strong>a terceirizada não é parte legítima para figurar no pólo passivo da ação, sendo oportuno observar que, de<br />

acordo com o art. 10 da Lei n. 9.099/95, não se admitirá qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência.<br />

4. A suposta insuficiência das provas dos fatos alegados na inicial não foi abordada em cont<strong>es</strong>tação. O art. 515, caput e §<br />

1º, do CPC, r<strong>es</strong><strong>tr</strong>inge a análise recursal ao que já foi objeto de pedido quando da propositura da ação ou de sua<br />

cont<strong>es</strong>tação, r<strong>es</strong>tando, pois, preclusa a alusão a tema não debatido nos autos, sob pena de ofensa ao princípio do duplo<br />

grau de jurisdição.<br />

5. A r. sentença não reconheceu a r<strong>es</strong>ponsabilidade objetiva, mas a subjetiva, carecendo o recurso de inter<strong>es</strong>se, no<br />

particular.<br />

6. O oferecimento de <strong>es</strong>tacionamento com aparente segurança, circunstância que r<strong>es</strong>tou evidenciada a<strong>tr</strong>avés da existência<br />

de cartão de con<strong>tr</strong>ole de en<strong>tr</strong>ada/saída (fl. 72), a<strong>tr</strong>ai o dever de guarda e vigilância do pa<strong>tr</strong>imônio de terceiros. R<strong>es</strong>tou<br />

comprovada nos autos a infração da ré ao dever de diligência <strong>es</strong>pecífico, no caso, a vigilância do veículo da parte autora,<br />

uma vez que os documentos de fls. 07/12 at<strong>es</strong>tam que o veículo da parte autora <strong>es</strong>tava <strong>es</strong>tacionado no pátio da UFES<br />

quando foi arrobado e teve furtado o aparelho de som, apensar de se encon<strong>tr</strong>ar a uma pequena distância da guarita de<br />

vigilância, não logrando êxito a União em demons<strong>tr</strong>ar a configuração de qualquer excludente de r<strong>es</strong>ponsabilidade.<br />

7. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

8. Recurso conhecido e improvido.<br />

9. Custas isentas, na forma da lei. Condenação da parte recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em<br />

10% do valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

114 - 2008.50.54.000746-3/01 JOSE CLAUDIO PEYNEAU (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO<br />

FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.54.000746-3/01


Recorrente : JOSE CLAUDIO PEYNEAU<br />

Recorrida : UNIÃO<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – TEMA AFETO À COMPETÊNCIA DOS<br />

JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO – ART. 150, §1º, C/C ART. 168, I, AMBOS DO CTN<br />

– SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou extinto o feito<br />

sem a r<strong>es</strong>olução do mérito, nos termos do art. 51, II, da Lei n. 9.099/95 combinado com o art. 12 da Lei n. 10.259/2001.<br />

Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a demanda não exige complexidade contábil, posto que basta<br />

tão-somente a r<strong>es</strong>tituição de 1/3 do total do período bi<strong>tr</strong>ibutado.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação é afeta à competência dos Juizados<br />

Especiais Federais, posto que, ao con<strong>tr</strong>ário do entendimento do Juízo a quo, se <strong>tr</strong>ata de matéria que não demanda provas<br />

complexas. Passo, então, à análise do mérito.<br />

Não obstante a competência d<strong>es</strong>te Juízo para proc<strong>es</strong>sar e julgar a pr<strong>es</strong>ente ação, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a pretensão autoral<br />

foi alcançada pela pr<strong>es</strong>crição, uma vez que o prazo de cinco anos (art. 150, § 1º c/c art. 168, I, ambos do CTN e art. 3º da<br />

LC 118/2005) tem início com a aposentadoria, que ocorreu, no caso, em 02.08.1997 (fl. 17), sendo a ação proposta<br />

somente em 15 de dezembro de 2008 (fl. 02). Jurisprudência da Corte Especial e da 1ª Seção do STJ (ERESP 327.043/DF<br />

e EREsp nº. 644.736/PE).<br />

Ante o exposto, extingo o proc<strong>es</strong>so com a r<strong>es</strong>olução do mérito, com fulcro no art. 269, IV, do CPC.<br />

Sem custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do pedido de assistência judiciária gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo PRONUNCIAR A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO AUTORAL, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

115 - 2005.50.01.003038-9/01 MARCO ANTONIO VIEIRA (ADVOGADO: ARMANDO VEIGA.) x INSTITUTO NACIONAL<br />

DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TIBÉRIO VIANNA XAVIER.).<br />

116 - 2007.50.50.010406-4/01 VANTUIL FLORINDO DA SILVA (ADVOGADO: ROGERIO SIMOES ALVES, HELTON<br />

TEIXEIRA RAMOS.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2007.50.50.010406-4/01<br />

Recorrente : VANTUIL FLORINDO DA SILVA<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – CABÍVEL A APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DE JUROS SALDO DA CONTA<br />

VINCULADA AO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.107/66 – EXIBIÇÃO DOS EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADAS


AO FGTS É DEVER DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ART. 355 DO CPC - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –<br />

SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela aplicação da taxa progr<strong>es</strong>siva de juros na forma da Lei n.<br />

5.107/66 sobre o saldo da sua conta vinculada ao FGTS. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta que houve, no caso,<br />

cerceamento de def<strong>es</strong>a, posto que cabe à parte recorrida exibir os ex<strong>tr</strong>atos relativos ao FGTS dos períodos declinados na<br />

peça inicial.<br />

Deveras, a sentença guerreada julgou improcedente a pretensão externada na inicial em razão de a parte autora não ter<br />

colacionado, aos autos, documentos que comprovassem ser beneficiária do direito pleiteado. Na verdade, a magis<strong>tr</strong>ada a<br />

quo d<strong>es</strong>tacou que, à época em que admitido na empr<strong>es</strong>a, bem como quando da sua opção pelo FGTS, a parte autora ainda<br />

<strong>es</strong>tava ao abrigo das normas que asseguraram o direito à progr<strong>es</strong>sividade prevista na lei, sendo que <strong>es</strong>ta, todavia, não<br />

demons<strong>tr</strong>ou que houve l<strong>es</strong>ão a seu direito, posto que não <strong>tr</strong>ouxe nenhum documento n<strong>es</strong>se sentido.<br />

Não há dúvidas de que os ex<strong>tr</strong>atos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,<br />

podendo sua ausência ser suprida por ou<strong>tr</strong>as provas (STJ, 2ª TURMA, RESP 824266, REL. MIN. JOÃO OTÁVIO DE<br />

NORONHA, DJ 06.02.2007). No pr<strong>es</strong>ente caso, a recorrente comprovou, com cópia da CTPS, ter feito a opção original pelo<br />

FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 ou a opção re<strong>tr</strong>oativa por <strong>es</strong>se fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e<br />

8.036/90), conforme fls. 09/13. É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.<br />

A r<strong>es</strong>ponsabilidade pela exibição dos ex<strong>tr</strong>atos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, I, da Lei n.º 8.036/90, que <strong>es</strong>tabelece que compete à g<strong>es</strong>tora do<br />

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço "emitir regularmente os ex<strong>tr</strong>atos individuais corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> à conta vinculada”.<br />

O art. 24 do Decreto n. 99.684/90, por seu turno, dispõe que “por ocasião da cen<strong>tr</strong>alização na CEF, caberá ao banco<br />

depositário emitir o último ex<strong>tr</strong>ato das contas vinculadas sob sua r<strong>es</strong>ponsabilidade, que deverá conter, inclusive, o regis<strong>tr</strong>o<br />

dos valor<strong>es</strong> <strong>tr</strong>ansferidos e a discriminação dos depósitos efetuados na vigência do último con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho”.<br />

A jurisprudência do e. STJ firmou o entendimento de que a apr<strong>es</strong>entação dos ex<strong>tr</strong>atos anterior<strong>es</strong> a 1992 nas açõ<strong>es</strong> de<br />

execução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de r<strong>es</strong>ponsabilidade da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, na condição de g<strong>es</strong>tora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empr<strong>es</strong>a pública os requisite aos<br />

bancos depositários. Isso porque no momento da cen<strong>tr</strong>alização das contas vinculadas para a Caixa Econômica <strong>Federal</strong>,<br />

obrigatoriamente, ocorreu a <strong>es</strong>crituração contábil e a consequente <strong>tr</strong>ansferência das informaçõ<strong>es</strong> à g<strong>es</strong>tora do FGTS, do<br />

que se ex<strong>tr</strong>ai ser improvável a ausência da documentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN.<br />

HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).<br />

Na verdade, o Decreto n.º 99.684/90, na parte em que regulamenta a <strong>tr</strong>ansferência das contas vinculadas, quando da<br />

cen<strong>tr</strong>alização do FGTS junto à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, <strong>es</strong>tabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários<br />

deveriam informar à CAIXA, de forma detalhada, de toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade, no período anterior à migração. Assim, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA é r<strong>es</strong>ponsável pelas<br />

informaçõ<strong>es</strong> e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária durante o proc<strong>es</strong>so migratório e,<br />

sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos depositários os ex<strong>tr</strong>atos nec<strong>es</strong>sários<br />

em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (N<strong>es</strong>se sentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma,<br />

Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de<br />

16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).<br />

Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadas<strong>tr</strong>o do FGTS, emitir<br />

regularmente os ex<strong>tr</strong>atos individuais corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> às contas vinculadas (Lei 8036/90, artigo 7º, I), independentemente<br />

de a conta originária <strong>es</strong>tar em ou<strong>tr</strong>o banco depositário, já que houve a cen<strong>tr</strong>alização dos depósitos (artigo 12). Quando a lei<br />

mencionou que a CAIXA assumiria o con<strong>tr</strong>ole de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano, contado da vigência da<br />

lei, <strong>es</strong>tava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correçõ<strong>es</strong> e de juros.<br />

N<strong>es</strong>te sentido: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.<br />

FGTS. CONTAS VINCULADAS. EXTRATOS ANTERIORES A 1992. RESPONSABILIDADE DA CEF. (PRECEDENTE.<br />

RESP. N.º 1.108.034/RN, DJ. 25.11.2009. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO REGIME DE RECURSOS<br />

REPETITIVOS, ART. 543-C, DO CPC). 1. A r<strong>es</strong>ponsabilidade pela apr<strong>es</strong>entação dos ex<strong>tr</strong>atos das contas vinculadas ao<br />

FGTS, m<strong>es</strong>mo em se <strong>tr</strong>atando de período anterior a 1992, é, por força de lei, da Caixa Econômica <strong>Federal</strong>, g<strong>es</strong>tora do<br />

fundo. 2. Deveras, m<strong>es</strong>mo no período antecedente a 1992 <strong>es</strong>se dever se impõe, por isso que o Decreto n.º 99.684/90, na<br />

parte em que regulamenta a <strong>tr</strong>ansferência das contas vinculadas, quando da cen<strong>tr</strong>alização do FGTS junto à CEF,<br />

<strong>es</strong>tabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários deveriam informar à CEF, de forma detalhada, de toda<br />

movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua r<strong>es</strong>ponsabilidade, no período anterior à migração. 3. É cediço na<br />

Corte que a CEF é r<strong>es</strong>ponsável pelas informaçõ<strong>es</strong> e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária<br />

durante o proc<strong>es</strong>so migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos<br />

depositários os ex<strong>tr</strong>atos nec<strong>es</strong>sários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Precedent<strong>es</strong>: REsp<br />

n.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel.<br />

Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ<br />

de 16/05/2005). 4. (omissis). 5. (omissis). 6. (omissis). 7. Agravo regimental d<strong>es</strong>provido” (AGRESP 201000032493<br />

AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1175088; STJ 1ª Turma; Relator Luiz Fux, DJE<br />

DATA:29/03/2010).<br />

Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os ex<strong>tr</strong>atos da conta vinculada da parte autora, pois,<br />

se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> em que não houv<strong>es</strong>se <strong>tr</strong>azido os ex<strong>tr</strong>atos,<br />

constituindo um d<strong>es</strong><strong>es</strong>tímulo a que persistisse na juntada dos m<strong>es</strong>mos nos demais proc<strong>es</strong>sos.<br />

O art. 355 do CPC é bem claro ao dispor que o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se ache em<br />

seu poder.<br />

Vale regis<strong>tr</strong>ar que a parte recorrente, na inicial, requereu a juntada, pela recorrida, dos ex<strong>tr</strong>atos de movimentação da conta


vinculada ao FGTS, nos termos do art. 355 do CPC combinado com o art. 11 da Lei n. 10.259/2001. Regis<strong>tr</strong>e-se que,<br />

intimada para apr<strong>es</strong>entar os ex<strong>tr</strong>atos bancários em qu<strong>es</strong>tão (fl. 41), a recorrida não cumpriu o determinado pelo Juízo a<br />

quo.<br />

Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.<br />

Para ter direito à aplicação dos juros progr<strong>es</strong>sivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguint<strong>es</strong> requisitos: a) ter<br />

sido con<strong>tr</strong>atado como empregado en<strong>tr</strong>e 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS na vigência da Lei<br />

n. 5.107/66 ou a opção re<strong>tr</strong>oativa por <strong>es</strong>se fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e 8.036/90); c) ter permanecido<br />

na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a por mais de 2 (dois) anos.<br />

Os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que não preencherem todos os <strong>tr</strong>ês requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nos<br />

saldos do FGTS.<br />

É indispensável que <strong>es</strong>se vínculo empregatício iniciado en<strong>tr</strong>e 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,<br />

porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/66, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos<br />

depósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progr<strong>es</strong>são: I – 3% (<strong>tr</strong>ês por cento) durante os dois primeiros anos de<br />

permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a; II – 4% (qua<strong>tr</strong>o por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a;<br />

III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a; IV – 6% (seis por cento) do<br />

décimo-primeiro ano de permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a, em diante”.<br />

Sobre o tema, vale colacionar o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E 5.958/73 -<br />

SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTO AOS<br />

REQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação<br />

de juros progr<strong>es</strong>sivos para os optant<strong>es</strong> que permanec<strong>es</strong>sem na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a pelo período de tempo fixado no art. 4º da<br />

referida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da en<strong>tr</strong>ada em vigor<br />

da norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progr<strong>es</strong>sividade prevista inicialmente, mantido o<br />

direito adquirido daquel<strong>es</strong> que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito <strong>es</strong>te que c<strong>es</strong>saria se o empregado mudasse de<br />

empr<strong>es</strong>a. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para <strong>es</strong>timular os empregados que poderiam ter optado pelo regime quando do<br />

advento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos re<strong>tr</strong>oativos a 1º/01/67 ou à data da admissão,<br />

se posterior àquela, d<strong>es</strong>de que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progr<strong>es</strong>sivos se a opção foi<br />

feita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date de período posterior<br />

a 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo con<strong>tr</strong>ovérsia de natureza fática, aplica-se<br />

o teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).<br />

No caso dos autos, verifico que a aplicação dos juros progr<strong>es</strong>sivos sobre o FGTS do autor é procedente, posto que <strong>es</strong>te foi<br />

admitido na empr<strong>es</strong>a em 27.01.1962, permanecendo no vínculo empregatício até 08.03.1994, tendo feito a opção re<strong>tr</strong>oativa<br />

(fls. 09/13).<br />

Ante o exposto, deve ser dado provimento recurso inominado para reformar a sentença e condenar a Caixa Econômica<br />

<strong>Federal</strong> a recompor o saldo da conta vinculada de FGTS com a aplicação da taxa de juros progr<strong>es</strong>sivos na forma do art. 4º<br />

da Lei nº 5.107/66. O valor apurado deverá ser acr<strong>es</strong>cido de juros e correção de acordo com as regras do FGTS até a data<br />

do efetivo pagamento, observada a pr<strong>es</strong>crição <strong>tr</strong>intenária. D<strong>es</strong>taca-se ainda, que deverão ser deduzidas eventuais parcelas<br />

já pagas adminis<strong>tr</strong>ativamente sob o m<strong>es</strong>mo título, por ocasião da liquidação.<br />

Recurso conhecido e provido.<br />

Custas ex lege. Sem a condenação em honorários advocatícios, em atenção ao disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

117 - 2007.50.50.002896-7/01 ZANILO ZANETTI (ADVOGADO: ROGERIO SIMOES ALVES, HELTON TEIXEIRA RAMOS.)<br />

x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO, CLEBER ALVES TUMOLI.).


Proc<strong>es</strong>so nº. 2007.50.50.002896-7/01<br />

Recorrente : ZANILO ZANETTI<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – DESCABIDA A APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DE JUROS SALDO DA CONTA<br />

VINCULADA AO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.107/66 – EXIBIÇÃO DOS EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADAS<br />

AO FGTS É DEVER DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ART. 355 DO CPC – A PARTE RECORRENTE NÃO<br />

COMPROVOU QUE FEZ A OPÇÃO RETROATIVA AO REGIME DO FGTS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela aplicação da taxa progr<strong>es</strong>siva de juros na forma da Lei n.<br />

5.107/66 sobre o saldo da sua conta vinculada ao FGTS. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta que houve, no caso,<br />

cerceamento de def<strong>es</strong>a, posto que cabe à parte recorrida exibir os ex<strong>tr</strong>atos relativos ao FGTS dos períodos declinados na<br />

peça inicial.<br />

Deveras, a sentença guerreada julgou improcedente a pretensão externada na inicial em razão de a parte autora não ter<br />

colacionado, aos autos, documentos que comprovassem ser beneficiária do direito pleiteado. Na verdade, a magis<strong>tr</strong>ada a<br />

quo d<strong>es</strong>tacou que, à época em que admitido na empr<strong>es</strong>a, bem como quando da sua opção pelo FGTS, a parte autora ainda<br />

<strong>es</strong>tava ao abrigo das normas que asseguraram o direito à progr<strong>es</strong>sividade prevista na lei, sendo que <strong>es</strong>ta, todavia, não<br />

demons<strong>tr</strong>ou que houve l<strong>es</strong>ão a seu direito, posto que não <strong>tr</strong>ouxe nenhum documento n<strong>es</strong>se sentido.<br />

Não há dúvidas de que os ex<strong>tr</strong>atos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,<br />

podendo sua ausência ser suprida por ou<strong>tr</strong>as provas (STJ, 2ª TURMA, RESP 824266, REL. MIN. JOÃO OTÁVIO DE<br />

NORONHA, DJ 06.02.2007). No pr<strong>es</strong>ente caso, a recorrente comprovou, com cópia da CTPS, ter feito a opção original pelo<br />

FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 ou a opção re<strong>tr</strong>oativa por <strong>es</strong>se fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e<br />

8.036/90), conforme fls. 09/12. É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.<br />

A r<strong>es</strong>ponsabilidade pela exibição dos ex<strong>tr</strong>atos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, I, da Lei n.º 8.036/90, que <strong>es</strong>tabelece que compete à g<strong>es</strong>tora do<br />

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço "emitir regularmente os ex<strong>tr</strong>atos individuais corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> à conta vinculada”.<br />

O art. 24 do Decreto n. 99.684/90, por seu turno, dispõe que “por ocasião da cen<strong>tr</strong>alização na CEF, caberá ao banco<br />

depositário emitir o último ex<strong>tr</strong>ato das contas vinculadas sob sua r<strong>es</strong>ponsabilidade, que deverá conter, inclusive, o regis<strong>tr</strong>o<br />

dos valor<strong>es</strong> <strong>tr</strong>ansferidos e a discriminação dos depósitos efetuados na vigência do último con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho”.<br />

A jurisprudência do e. STJ firmou o entendimento de que a apr<strong>es</strong>entação dos ex<strong>tr</strong>atos anterior<strong>es</strong> a 1992 nas açõ<strong>es</strong> de<br />

execução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de r<strong>es</strong>ponsabilidade da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, na condição de g<strong>es</strong>tora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empr<strong>es</strong>a pública os requisite aos<br />

bancos depositários. Isso porque no momento da cen<strong>tr</strong>alização das contas vinculadas para a Caixa Econômica <strong>Federal</strong>,<br />

obrigatoriamente, ocorreu a <strong>es</strong>crituração contábil e a consequente <strong>tr</strong>ansferência das informaçõ<strong>es</strong> à g<strong>es</strong>tora do FGTS, do<br />

que se ex<strong>tr</strong>ai ser improvável a ausência da documentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN.<br />

HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).<br />

Na verdade, o Decreto n.º 99.684/90, na parte em que regulamenta a <strong>tr</strong>ansferência das contas vinculadas, quando da<br />

cen<strong>tr</strong>alização do FGTS junto à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, <strong>es</strong>tabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários<br />

deveriam informar à CAIXA, de forma detalhada, de toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade, no período anterior à migração. Assim, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA é r<strong>es</strong>ponsável pelas<br />

informaçõ<strong>es</strong> e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária durante o proc<strong>es</strong>so migratório e,<br />

sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos depositários os ex<strong>tr</strong>atos nec<strong>es</strong>sários<br />

em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (N<strong>es</strong>se sentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma,<br />

Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de<br />

16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).<br />

Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadas<strong>tr</strong>o do FGTS, emitir<br />

regularmente os ex<strong>tr</strong>atos individuais corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> às contas vinculadas (Lei 8036/90, artigo 7º, I), independentemente<br />

de a conta originária <strong>es</strong>tar em ou<strong>tr</strong>o banco depositário, já que houve a cen<strong>tr</strong>alização dos depósitos (artigo 12). Quando a lei<br />

mencionou que a CAIXA assumiria o con<strong>tr</strong>ole de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano, contado da vigência da<br />

lei, <strong>es</strong>tava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correçõ<strong>es</strong> e de juros.<br />

N<strong>es</strong>te sentido: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.<br />

FGTS. CONTAS VINCULADAS. EXTRATOS ANTERIORES A 1992. RESPONSABILIDADE DA CEF. (PRECEDENTE.<br />

RESP. N.º 1.108.034/RN, DJ. 25.11.2009. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO REGIME DE RECURSOS<br />

REPETITIVOS, ART. 543-C, DO CPC). 1. A r<strong>es</strong>ponsabilidade pela apr<strong>es</strong>entação dos ex<strong>tr</strong>atos das contas vinculadas ao<br />

FGTS, m<strong>es</strong>mo em se <strong>tr</strong>atando de período anterior a 1992, é, por força de lei, da Caixa Econômica <strong>Federal</strong>, g<strong>es</strong>tora do<br />

fundo. 2. Deveras, m<strong>es</strong>mo no período antecedente a 1992 <strong>es</strong>se dever se impõe, por isso que o Decreto n.º 99.684/90, na<br />

parte em que regulamenta a <strong>tr</strong>ansferência das contas vinculadas, quando da cen<strong>tr</strong>alização do FGTS junto à CEF,<br />

<strong>es</strong>tabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários deveriam informar à CEF, de forma detalhada, de toda<br />

movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua r<strong>es</strong>ponsabilidade, no período anterior à migração. 3. É cediço na<br />

Corte que a CEF é r<strong>es</strong>ponsável pelas informaçõ<strong>es</strong> e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária<br />

durante o proc<strong>es</strong>so migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos


depositários os ex<strong>tr</strong>atos nec<strong>es</strong>sários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Precedent<strong>es</strong>: REsp<br />

n.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel.<br />

Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ<br />

de 16/05/2005). 4. (omissis). 5. (omissis). 6. (omissis). 7. Agravo regimental d<strong>es</strong>provido” (AGRESP 201000032493<br />

AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1175088; STJ 1ª Turma; Relator Luiz Fux, DJE<br />

DATA:29/03/2010).<br />

Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os ex<strong>tr</strong>atos da conta vinculada da parte autora, pois,<br />

se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> em que não houv<strong>es</strong>se <strong>tr</strong>azido os ex<strong>tr</strong>atos,<br />

constituindo um d<strong>es</strong><strong>es</strong>tímulo a que persistisse na juntada dos m<strong>es</strong>mos nos demais proc<strong>es</strong>sos.<br />

O art. 355 do CPC é bem claro ao dispor que o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se ache em<br />

seu poder.<br />

Vale regis<strong>tr</strong>ar que a parte recorrente, na inicial, requereu a juntada, pela recorrida, dos ex<strong>tr</strong>atos de movimentação da conta<br />

vinculada ao FGTS, nos termos do art. 355 do CPC combinado com o art. 11 da Lei n. 10.259/2001. Regis<strong>tr</strong>e-se que,<br />

intimada para apr<strong>es</strong>entar os ex<strong>tr</strong>atos bancários em qu<strong>es</strong>tão (fl. 45), a recorrida não cumpriu o determinado pelo Juízo a<br />

quo.<br />

Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.<br />

Para ter direito à aplicação dos juros progr<strong>es</strong>sivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguint<strong>es</strong> requisitos: a) ter<br />

sido con<strong>tr</strong>atado como empregado en<strong>tr</strong>e 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS na vigência da Lei<br />

n. 5.107/66 ou a opção re<strong>tr</strong>oativa por <strong>es</strong>se fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e 8.036/90); c) ter permanecido<br />

na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a por mais de 2 (dois) anos.<br />

Os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que não preencherem todos os <strong>tr</strong>ês requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nos<br />

saldos do FGTS.<br />

É indispensável que <strong>es</strong>se vínculo empregatício iniciado en<strong>tr</strong>e 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,<br />

porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/66, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos<br />

depósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progr<strong>es</strong>são: I – 3% (<strong>tr</strong>ês por cento) durante os dois primeiros anos de<br />

permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a; II – 4% (qua<strong>tr</strong>o por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a;<br />

III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a; IV – 6% (seis por cento) do<br />

décimo-primeiro ano de permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a, em diante”.<br />

Sobre o tema, vale colacionar o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E 5.958/73 -<br />

SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTO AOS<br />

REQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação<br />

de juros progr<strong>es</strong>sivos para os optant<strong>es</strong> que permanec<strong>es</strong>sem na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a pelo período de tempo fixado no art. 4º da<br />

referida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da en<strong>tr</strong>ada em vigor<br />

da norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progr<strong>es</strong>sividade prevista inicialmente, mantido o<br />

direito adquirido daquel<strong>es</strong> que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito <strong>es</strong>te que c<strong>es</strong>saria se o empregado mudasse de<br />

empr<strong>es</strong>a. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para <strong>es</strong>timular os empregados que poderiam ter optado pelo regime quando do<br />

advento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos re<strong>tr</strong>oativos a 1º/01/67 ou à data da admissão,<br />

se posterior àquela, d<strong>es</strong>de que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progr<strong>es</strong>sivos se a opção foi<br />

feita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date de período posterior<br />

a 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo con<strong>tr</strong>ovérsia de natureza fática, aplica-se<br />

o teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).<br />

No caso dos autos, verifico que a aplicação dos juros progr<strong>es</strong>sivos sobre o FGTS do autor é improcedente, posto que<br />

embora <strong>es</strong>te tenha sido admitido na empr<strong>es</strong>a em 29.01.1964, permanecendo no vínculo empregatício até 04.05.1988 (fls.<br />

09/12), não comprovou que fez a opção re<strong>tr</strong>oativa, ônus que lhe competia, nos termos do art. 333 do CPC.<br />

Recurso conhecido e improvido.<br />

Sem a condenação em custas e honorários advocatícios, por gozar a parte recorrente do benefício da assistência judiciária<br />

gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

118 - 2006.50.50.005634-0/01 LUIZ JOSÉ CRUZ (ADVOGADO: BRUNO ÁLVARES, RENATA GÓES FURTADO, PABLO<br />

LUIZ ROSA OLIVEIRA.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO PEREIRA CHAGAS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2006.50.50.005634-0/01<br />

Recorrente : LUIZ JOSÉ CRUZ<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA


E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – CABÍVEL A APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DE JUROS SALDO DA CONTA<br />

VINCULADA AO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.107/66 – EXIBIÇÃO DOS EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADAS<br />

AO FGTS É DEVER DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ART. 355 DO CPC - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –<br />

SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela aplicação da taxa progr<strong>es</strong>siva de juros na forma da Lei n.<br />

5.107/66 sobre o saldo da sua conta vinculada ao FGTS. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta que houve, no caso,<br />

cerceamento de def<strong>es</strong>a, posto que cabe à parte recorrida exibir os ex<strong>tr</strong>atos relativos ao FGTS dos períodos declinados na<br />

peça inicial.<br />

Deveras, a sentença guerreada julgou improcedente a pretensão externada na inicial em razão de a parte autora não ter<br />

colacionado, aos autos, documentos que comprovassem ser beneficiária do direito pleiteado. Na verdade, a magis<strong>tr</strong>ada a<br />

quo d<strong>es</strong>tacou que, à época em que admitido na empr<strong>es</strong>a, bem como quando da sua opção pelo FGTS, a parte autora ainda<br />

<strong>es</strong>tava ao abrigo das normas que asseguraram o direito à progr<strong>es</strong>sividade prevista na lei, sendo que <strong>es</strong>ta, todavia, não<br />

demons<strong>tr</strong>ou que houve l<strong>es</strong>ão a seu direito, posto que não <strong>tr</strong>ouxe nenhum documento n<strong>es</strong>se sentido.<br />

Não há dúvidas de que os ex<strong>tr</strong>atos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,<br />

podendo sua ausência ser suprida por ou<strong>tr</strong>as provas (STJ, 2ª TURMA, RESP 824266, REL. MIN. JOÃO OTÁVIO DE<br />

NORONHA, DJ 06.02.2007). No pr<strong>es</strong>ente caso, a recorrente comprovou, com cópia da CTPS, ter feito a opção original pelo<br />

FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 ou a opção re<strong>tr</strong>oativa por <strong>es</strong>se fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e<br />

8.036/90), conforme fls. 19/22. É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.<br />

A r<strong>es</strong>ponsabilidade pela exibição dos ex<strong>tr</strong>atos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, I, da Lei n.º 8.036/90, que <strong>es</strong>tabelece que compete à g<strong>es</strong>tora do<br />

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço "emitir regularmente os ex<strong>tr</strong>atos individuais corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> à conta vinculada”.<br />

O art. 24 do Decreto n. 99.684/90, por seu turno, dispõe que “por ocasião da cen<strong>tr</strong>alização na CEF, caberá ao banco<br />

depositário emitir o último ex<strong>tr</strong>ato das contas vinculadas sob sua r<strong>es</strong>ponsabilidade, que deverá conter, inclusive, o regis<strong>tr</strong>o<br />

dos valor<strong>es</strong> <strong>tr</strong>ansferidos e a discriminação dos depósitos efetuados na vigência do último con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho”.<br />

A jurisprudência do e. STJ firmou o entendimento de que a apr<strong>es</strong>entação dos ex<strong>tr</strong>atos anterior<strong>es</strong> a 1992 nas açõ<strong>es</strong> de<br />

execução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de r<strong>es</strong>ponsabilidade da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, na condição de g<strong>es</strong>tora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empr<strong>es</strong>a pública os requisite aos<br />

bancos depositários. Isso porque no momento da cen<strong>tr</strong>alização das contas vinculadas para a Caixa Econômica <strong>Federal</strong>,<br />

obrigatoriamente, ocorreu a <strong>es</strong>crituração contábil e a consequente <strong>tr</strong>ansferência das informaçõ<strong>es</strong> à g<strong>es</strong>tora do FGTS, do<br />

que se ex<strong>tr</strong>ai ser improvável a ausência da documentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN.<br />

HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).<br />

Na verdade, o Decreto n.º 99.684/90, na parte em que regulamenta a <strong>tr</strong>ansferência das contas vinculadas, quando da<br />

cen<strong>tr</strong>alização do FGTS junto à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, <strong>es</strong>tabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários<br />

deveriam informar à CAIXA, de forma detalhada, de toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade, no período anterior à migração. Assim, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA é r<strong>es</strong>ponsável pelas<br />

informaçõ<strong>es</strong> e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária durante o proc<strong>es</strong>so migratório e,<br />

sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos depositários os ex<strong>tr</strong>atos nec<strong>es</strong>sários<br />

em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (N<strong>es</strong>se sentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma,<br />

Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de<br />

16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).<br />

Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadas<strong>tr</strong>o do FGTS, emitir<br />

regularmente os ex<strong>tr</strong>atos individuais corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> às contas vinculadas (Lei 8036/90, artigo 7º, I), independentemente<br />

de a conta originária <strong>es</strong>tar em ou<strong>tr</strong>o banco depositário, já que houve a cen<strong>tr</strong>alização dos depósitos (artigo 12). Quando a lei<br />

mencionou que a CAIXA assumiria o con<strong>tr</strong>ole de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano, contado da vigência da<br />

lei, <strong>es</strong>tava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correçõ<strong>es</strong> e de juros.<br />

N<strong>es</strong>te sentido: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.<br />

FGTS. CONTAS VINCULADAS. EXTRATOS ANTERIORES A 1992. RESPONSABILIDADE DA CEF. (PRECEDENTE.<br />

RESP. N.º 1.108.034/RN, DJ. 25.11.2009. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO REGIME DE RECURSOS<br />

REPETITIVOS, ART. 543-C, DO CPC). 1. A r<strong>es</strong>ponsabilidade pela apr<strong>es</strong>entação dos ex<strong>tr</strong>atos das contas vinculadas ao<br />

FGTS, m<strong>es</strong>mo em se <strong>tr</strong>atando de período anterior a 1992, é, por força de lei, da Caixa Econômica <strong>Federal</strong>, g<strong>es</strong>tora do<br />

fundo. 2. Deveras, m<strong>es</strong>mo no período antecedente a 1992 <strong>es</strong>se dever se impõe, por isso que o Decreto n.º 99.684/90, na<br />

parte em que regulamenta a <strong>tr</strong>ansferência das contas vinculadas, quando da cen<strong>tr</strong>alização do FGTS junto à CEF,<br />

<strong>es</strong>tabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários deveriam informar à CEF, de forma detalhada, de toda<br />

movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua r<strong>es</strong>ponsabilidade, no período anterior à migração. 3. É cediço na<br />

Corte que a CEF é r<strong>es</strong>ponsável pelas informaçõ<strong>es</strong> e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária<br />

durante o proc<strong>es</strong>so migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos<br />

depositários os ex<strong>tr</strong>atos nec<strong>es</strong>sários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Precedent<strong>es</strong>: REsp<br />

n.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel.<br />

Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ<br />

de 16/05/2005). 4. (omissis). 5. (omissis). 6. (omissis). 7. Agravo regimental d<strong>es</strong>provido” (AGRESP 201000032493<br />

AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1175088; STJ 1ª Turma; Relator Luiz Fux, DJE<br />

DATA:29/03/2010).


Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os ex<strong>tr</strong>atos da conta vinculada da parte autora, pois,<br />

se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> em que não houv<strong>es</strong>se <strong>tr</strong>azido os ex<strong>tr</strong>atos,<br />

constituindo um d<strong>es</strong><strong>es</strong>tímulo a que persistisse na juntada dos m<strong>es</strong>mos nos demais proc<strong>es</strong>sos.<br />

O art. 355 do CPC é bem claro ao dispor que o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se ache em<br />

seu poder.<br />

Vale regis<strong>tr</strong>ar que a parte recorrente, na inicial, requereu a juntada, pela recorrida, dos ex<strong>tr</strong>atos de movimentação da conta<br />

vinculada ao FGTS, nos termos do art. 339 do CPC combinado com o art. 24 do Decreto n. 99.684/90. Regis<strong>tr</strong>e-se que,<br />

intimada para apr<strong>es</strong>entar os ex<strong>tr</strong>atos bancários em qu<strong>es</strong>tão (fl. 57), a recorrida não cumpri o que lhe foi determinado por<br />

<strong>es</strong>te Juízo.<br />

Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.<br />

Para ter direito à aplicação dos juros progr<strong>es</strong>sivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguint<strong>es</strong> requisitos: a) ter<br />

sido con<strong>tr</strong>atado como empregado en<strong>tr</strong>e 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS na vigência da Lei<br />

n. 5.107/66 ou a opção re<strong>tr</strong>oativa por <strong>es</strong>se fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e 8.036/90); c) ter permanecido<br />

na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a por mais de 2 (dois) anos.<br />

Os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que não preencherem todos os <strong>tr</strong>ês requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nos<br />

saldos do FGTS.<br />

É indispensável que <strong>es</strong>se vínculo empregatício iniciado en<strong>tr</strong>e 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,<br />

porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/66, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos<br />

depósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progr<strong>es</strong>são: I – 3% (<strong>tr</strong>ês por cento) durante os dois primeiros anos de<br />

permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a; II – 4% (qua<strong>tr</strong>o por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a;<br />

III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a; IV – 6% (seis por cento) do<br />

décimo-primeiro ano de permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a, em diante”.<br />

Sobre o tema, vale colacionar o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E 5.958/73 -<br />

SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTO AOS<br />

REQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação<br />

de juros progr<strong>es</strong>sivos para os optant<strong>es</strong> que permanec<strong>es</strong>sem na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a pelo período de tempo fixado no art. 4º da<br />

referida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da en<strong>tr</strong>ada em vigor<br />

da norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progr<strong>es</strong>sividade prevista inicialmente, mantido o<br />

direito adquirido daquel<strong>es</strong> que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito <strong>es</strong>te que c<strong>es</strong>saria se o empregado mudasse de<br />

empr<strong>es</strong>a. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para <strong>es</strong>timular os empregados que poderiam ter optado pelo regime quando do<br />

advento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos re<strong>tr</strong>oativos a 1º/01/67 ou à data da admissão,<br />

se posterior àquela, d<strong>es</strong>de que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progr<strong>es</strong>sivos se a opção foi<br />

feita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date de período posterior<br />

a 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo con<strong>tr</strong>ovérsia de natureza fática, aplica-se<br />

o teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).<br />

No caso dos autos, verifico que a aplicação dos juros progr<strong>es</strong>sivos sobre o FGTS do autor é procedente, posto que <strong>es</strong>te foi<br />

admitido na empr<strong>es</strong>a em 21.05.1946, permanecendo no vínculo empregatício até 17.11.1983, tendo feito a opção re<strong>tr</strong>oativa<br />

(fls. 21/22).<br />

Ante o exposto, deve ser dado provimento recurso inominado para reformar a sentença e condenar a Caixa Econômica<br />

<strong>Federal</strong> a recompor o saldo da conta vinculada de FGTS com a aplicação da taxa de juros progr<strong>es</strong>sivos na forma do art. 4º<br />

da Lei nº 5.107/66. O valor apurado deverá ser acr<strong>es</strong>cido de juros e correção de acordo com as regras do FGTS até a data<br />

do efetivo pagamento, observada a pr<strong>es</strong>crição <strong>tr</strong>intenária. D<strong>es</strong>taca-se ainda, que deverão ser deduzidas eventuais parcelas<br />

já pagas adminis<strong>tr</strong>ativamente sob o m<strong>es</strong>mo título, por ocasião da liquidação.<br />

Recurso conhecido e provido.<br />

Custas ex lege. Sem a condenação em honorários advocatícios, em atenção ao disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


119 - 2007.50.50.003011-1/01 NOEL NASCIMENTO DE SOUZA (ADVOGADO: ROGERIO SIMOES ALVES, HELTON<br />

TEIXEIRA RAMOS.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER ALVES TUMOLI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2007.50.50.003011-1/01<br />

Recorrente : NOEL NASCIMENTO DE SOUZA<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – CABÍVEL A APLICAÇÃO DA TAXA PROGRESSIVA DE JUROS SALDO DA CONTA<br />

VINCULADA AO FGTS, NOS TERMOS DA LEI N. 5.107/66 – EXIBIÇÃO DOS EXTRATOS DAS CONTAS VINCULADAS<br />

AO FGTS É DEVER DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – ART. 355 DO CPC - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO –<br />

SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela aplicação da taxa progr<strong>es</strong>siva de juros na forma da Lei n.<br />

5.107/66 sobre o saldo da sua conta vinculada ao FGTS. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta que houve, no caso,<br />

cerceamento de def<strong>es</strong>a, posto que cabe à parte recorrida exibir os ex<strong>tr</strong>atos relativos ao FGTS dos períodos declinados na<br />

peça inicial.<br />

Deveras, a sentença guerreada julgou improcedente a pretensão externada na inicial em razão de a parte autora não ter<br />

colacionado, aos autos, documentos que comprovassem ser beneficiária do direito pleiteado. Na verdade, a magis<strong>tr</strong>ada a<br />

quo d<strong>es</strong>tacou que, à época em que admitido na empr<strong>es</strong>a, bem como quando da sua opção pelo FGTS, a parte autora ainda<br />

<strong>es</strong>tava ao abrigo das normas que asseguraram o direito à progr<strong>es</strong>sividade prevista na lei, sendo que <strong>es</strong>ta, todavia, não<br />

demons<strong>tr</strong>ou que houve l<strong>es</strong>ão a seu direito, posto que não <strong>tr</strong>ouxe nenhum documento n<strong>es</strong>se sentido.<br />

Não há dúvidas de que os ex<strong>tr</strong>atos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,<br />

podendo sua ausência ser suprida por ou<strong>tr</strong>as provas (STJ, 2ª TURMA, RESP 824266, REL. MIN. JOÃO OTÁVIO DE<br />

NORONHA, DJ 06.02.2007). No pr<strong>es</strong>ente caso, a recorrente comprovou, com cópia da CTPS, ter feito a opção original pelo<br />

FGTS na vigência da Lei n. 5.107/66 ou a opção re<strong>tr</strong>oativa por <strong>es</strong>se fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e<br />

8.036/90), conforme fls. 09/10. É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.<br />

A r<strong>es</strong>ponsabilidade pela exibição dos ex<strong>tr</strong>atos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, I, da Lei n.º 8.036/90, que <strong>es</strong>tabelece que compete à g<strong>es</strong>tora do<br />

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço "emitir regularmente os ex<strong>tr</strong>atos individuais corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> à conta vinculada”.<br />

O art. 24 do Decreto n. 99.684/90, por seu turno, dispõe que “por ocasião da cen<strong>tr</strong>alização na CEF, caberá ao banco<br />

depositário emitir o último ex<strong>tr</strong>ato das contas vinculadas sob sua r<strong>es</strong>ponsabilidade, que deverá conter, inclusive, o regis<strong>tr</strong>o<br />

dos valor<strong>es</strong> <strong>tr</strong>ansferidos e a discriminação dos depósitos efetuados na vigência do último con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho”.<br />

A jurisprudência do e. STJ firmou o entendimento de que a apr<strong>es</strong>entação dos ex<strong>tr</strong>atos anterior<strong>es</strong> a 1992 nas açõ<strong>es</strong> de<br />

execução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de r<strong>es</strong>ponsabilidade da CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL - CAIXA, na condição de g<strong>es</strong>tora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empr<strong>es</strong>a pública os requisite aos<br />

bancos depositários. Isso porque no momento da cen<strong>tr</strong>alização das contas vinculadas para a Caixa Econômica <strong>Federal</strong>,<br />

obrigatoriamente, ocorreu a <strong>es</strong>crituração contábil e a consequente <strong>tr</strong>ansferência das informaçõ<strong>es</strong> à g<strong>es</strong>tora do FGTS, do<br />

que se ex<strong>tr</strong>ai ser improvável a ausência da documentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN.<br />

HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).<br />

Na verdade, o Decreto n.º 99.684/90, na parte em que regulamenta a <strong>tr</strong>ansferência das contas vinculadas, quando da<br />

cen<strong>tr</strong>alização do FGTS junto à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, <strong>es</strong>tabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários<br />

deveriam informar à CAIXA, de forma detalhada, de toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade, no período anterior à migração. Assim, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXA é r<strong>es</strong>ponsável pelas<br />

informaçõ<strong>es</strong> e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária durante o proc<strong>es</strong>so migratório e,<br />

sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos depositários os ex<strong>tr</strong>atos nec<strong>es</strong>sários<br />

em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (N<strong>es</strong>se sentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma,<br />

Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de<br />

16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).<br />

Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadas<strong>tr</strong>o do FGTS, emitir<br />

regularmente os ex<strong>tr</strong>atos individuais corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> às contas vinculadas (Lei 8036/90, artigo 7º, I), independentemente<br />

de a conta originária <strong>es</strong>tar em ou<strong>tr</strong>o banco depositário, já que houve a cen<strong>tr</strong>alização dos depósitos (artigo 12). Quando a lei<br />

mencionou que a CAIXA assumiria o con<strong>tr</strong>ole de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano, contado da vigência da<br />

lei, <strong>es</strong>tava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correçõ<strong>es</strong> e de juros.<br />

N<strong>es</strong>te sentido: “PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.<br />

FGTS. CONTAS VINCULADAS. EXTRATOS ANTERIORES A 1992. RESPONSABILIDADE DA CEF. (PRECEDENTE.<br />

RESP. N.º 1.108.034/RN, DJ. 25.11.2009. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AO REGIME DE RECURSOS<br />

REPETITIVOS, ART. 543-C, DO CPC). 1. A r<strong>es</strong>ponsabilidade pela apr<strong>es</strong>entação dos ex<strong>tr</strong>atos das contas vinculadas ao<br />

FGTS, m<strong>es</strong>mo em se <strong>tr</strong>atando de período anterior a 1992, é, por força de lei, da Caixa Econômica <strong>Federal</strong>, g<strong>es</strong>tora do<br />

fundo. 2. Deveras, m<strong>es</strong>mo no período antecedente a 1992 <strong>es</strong>se dever se impõe, por isso que o Decreto n.º 99.684/90, na<br />

parte em que regulamenta a <strong>tr</strong>ansferência das contas vinculadas, quando da cen<strong>tr</strong>alização do FGTS junto à CEF,<br />

<strong>es</strong>tabeleceu, em seu artigo 24, que os bancos depositários deveriam informar à CEF, de forma detalhada, de toda<br />

movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua r<strong>es</strong>ponsabilidade, no período anterior à migração. 3. É cediço na


Corte que a CEF é r<strong>es</strong>ponsável pelas informaçõ<strong>es</strong> e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela rede bancária<br />

durante o proc<strong>es</strong>so migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dos bancos<br />

depositários os ex<strong>tr</strong>atos nec<strong>es</strong>sários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Precedent<strong>es</strong>: REsp<br />

n.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE, Segunda Turma, Rel.<br />

Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ<br />

de 16/05/2005). 4. (omissis). 5. (omissis). 6. (omissis). 7. Agravo regimental d<strong>es</strong>provido” (AGRESP 201000032493<br />

AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1175088; STJ 1ª Turma; Relator Luiz Fux, DJE<br />

DATA:29/03/2010).<br />

Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os ex<strong>tr</strong>atos da conta vinculada da parte autora, pois,<br />

se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> em que não houv<strong>es</strong>se <strong>tr</strong>azido os ex<strong>tr</strong>atos,<br />

constituindo um d<strong>es</strong><strong>es</strong>tímulo a que persistisse na juntada dos m<strong>es</strong>mos nos demais proc<strong>es</strong>sos.<br />

O art. 355 do CPC é bem claro ao dispor que o juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou coisa que se ache em<br />

seu poder.<br />

Vale regis<strong>tr</strong>ar que a parte recorrente, na inicial, requereu a juntada, pela recorrida, dos ex<strong>tr</strong>atos de movimentação da conta<br />

vinculada ao FGTS, nos termos do art. 355 do CPC combinado com o art. 11 da Lei n. 10.259/2001. Regis<strong>tr</strong>e-se que,<br />

intimada para apr<strong>es</strong>entar os ex<strong>tr</strong>atos bancários em qu<strong>es</strong>tão (fl. 52), a recorrida não cumpriu o determinado pelo Juízo a<br />

quo.<br />

Passa-se agora à análise do mérito propriamente dito.<br />

Para ter direito à aplicação dos juros progr<strong>es</strong>sivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguint<strong>es</strong> requisitos: a) ter<br />

sido con<strong>tr</strong>atado como empregado en<strong>tr</strong>e 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS na vigência da Lei<br />

n. 5.107/66 ou a opção re<strong>tr</strong>oativa por <strong>es</strong>se fundo (nos termos das Leis n. 5.958/73, 7.839/89 e 8.036/90); c) ter permanecido<br />

na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a por mais de 2 (dois) anos.<br />

Os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que não preencherem todos os <strong>tr</strong>ês requisitos acima são devidos apenas os juros fixos de 3% ao ano nos<br />

saldos do FGTS.<br />

É indispensável que <strong>es</strong>se vínculo empregatício iniciado en<strong>tr</strong>e 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,<br />

porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/66, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dos<br />

depósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progr<strong>es</strong>são: I – 3% (<strong>tr</strong>ês por cento) durante os dois primeiros anos de<br />

permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a; II – 4% (qua<strong>tr</strong>o por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a;<br />

III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a; IV – 6% (seis por cento) do<br />

décimo-primeiro ano de permanência na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a, em diante”.<br />

Sobre o tema, vale colacionar o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E 5.958/73 -<br />

SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTO AOS<br />

REQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu a aplicação<br />

de juros progr<strong>es</strong>sivos para os optant<strong>es</strong> que permanec<strong>es</strong>sem na m<strong>es</strong>ma empr<strong>es</strong>a pelo período de tempo fixado no art. 4º da<br />

referida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da en<strong>tr</strong>ada em vigor<br />

da norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progr<strong>es</strong>sividade prevista inicialmente, mantido o<br />

direito adquirido daquel<strong>es</strong> que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito <strong>es</strong>te que c<strong>es</strong>saria se o empregado mudasse de<br />

empr<strong>es</strong>a. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para <strong>es</strong>timular os empregados que poderiam ter optado pelo regime quando do<br />

advento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos re<strong>tr</strong>oativos a 1º/01/67 ou à data da admissão,<br />

se posterior àquela, d<strong>es</strong>de que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progr<strong>es</strong>sivos se a opção foi<br />

feita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date de período posterior<br />

a 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo con<strong>tr</strong>ovérsia de natureza fática, aplica-se<br />

o teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).<br />

No caso dos autos, verifico que a aplicação dos juros progr<strong>es</strong>sivos sobre o FGTS do autor é procedente, posto que <strong>es</strong>te foi<br />

admitido na empr<strong>es</strong>a em 13.07.1967, permanecendo no vínculo empregatício até 01.11.1977, tendo feito a opção re<strong>tr</strong>oativa<br />

(fl. 09).<br />

Ante o exposto, deve ser dado provimento recurso inominado para reformar a sentença e condenar a Caixa Econômica<br />

<strong>Federal</strong> a recompor o saldo da conta vinculada de FGTS com a aplicação da taxa de juros progr<strong>es</strong>sivos na forma do art. 4º<br />

da Lei nº 5.107/66. O valor apurado deverá ser acr<strong>es</strong>cido de juros e correção de acordo com as regras do FGTS até a data<br />

do efetivo pagamento, observada a pr<strong>es</strong>crição <strong>tr</strong>intenária. D<strong>es</strong>taca-se ainda, que deverão ser deduzidas eventuais parcelas<br />

já pagas adminis<strong>tr</strong>ativamente sob o m<strong>es</strong>mo título, por ocasião da liquidação.<br />

Recurso conhecido e provido.<br />

Custas ex lege. Sem a condenação em honorários advocatícios, em atenção ao disposto no art. 55 da Lei n. 9.099/95.


ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO, na forma<br />

do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

120 - 2008.50.50.003449-2/01 JAIME SILVA DE OLIVEIRA (ADVOGADO: RODRIGO SALES DOS SANTOS, RENATO<br />

DEL SILVA AUGUSTO.) x CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.50.003449-2/01<br />

Recorrente : JAIME SILVA DE OLIVEIRA<br />

Recorrida : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CAIXA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS –<br />

COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE CHEQUE NA CONTA BANCÁRIA DA PARTE RECORRENTE – RESPONSABILIDADE<br />

OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA – RELAÇÃO DE CONSUMO - RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE<br />

PROVIDO - SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente em<br />

parte a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, condenando a recorrida ao pagamento de R$ 465,00, a título de danos<br />

morais. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, o recorrente sustenta que a indenização pretendida não é ou<strong>tr</strong>a além da r<strong>es</strong>tituição<br />

daquilo que a recorrida <strong>es</strong>tornou indevidamente, como também a devolução das taxas e juros cobrados, sendo que, em<br />

nenhum momento, se postulou o pagamento do cheque. Pugna pela condenação em danos morais em valor mais elevado,<br />

considerando o dano sofrido. A parte recorrida, em suas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, preliminarmente alega decadência do direito de<br />

reclamar e, no mérito, rechaça a ocorrência de danos morais.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que o prazo para o consumidor pleitear o recebimento de indenização por danos decorrent<strong>es</strong><br />

de falha na pr<strong>es</strong>tação do serviço é de 5 (cinco) anos, conforme prevê o art. 27 do CDC, não sendo aplicável, por<br />

consequência, os prazos de decadência, previstos no art. 26 do CDC. A ação de indenização movida pelo consumidor<br />

con<strong>tr</strong>a a pr<strong>es</strong>tadora de serviço, por danos decorrent<strong>es</strong> de compensação indevida de cheque, pr<strong>es</strong>creve em cinco anos,<br />

conforme o art. 27 do CDC. No caso, a teor do documento de fl. 10, a compensação do cheque se deu em 03.08.2007,<br />

tendo sido ajuizada a ação em 13.06.2008, motivo pelo qual não há que se falar que houve, no caso, perda do direito de<br />

reclamar a reparação por danos materiais e morais.<br />

A Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º), <strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e<br />

nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong><br />

financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

O recorrente ajuizou ação por indenização de ordem material e moral, sob a alegação de haver sofrido prejuízo e<br />

cons<strong>tr</strong>angimentos, tendo em vista o defeito na pr<strong>es</strong>tação de serviço por parte da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, em<br />

decorrência de compensação indevida de cheque em sua conta corrente. Pelos elementos dos autos, a instituição bancária<br />

recorrida, efetivamente, pagou o cheque n.° 900036, apr<strong>es</strong>entado via compensação, sem conferência da rasura, a qual foi<br />

observada somente dias após.<br />

Na verdade, <strong>es</strong>se cheque depositado, pelo recorrente, não foi pago, em sua primeira apr<strong>es</strong>entação, por falta de provisão de<br />

fundos, conforme cópia à fl. 44. Contudo, na segunda apr<strong>es</strong>entação, houve a compensação, em 03.08.2007, e, ao ser <strong>es</strong>te<br />

compensado, o recorrente gastou o dinheiro, conforme ex<strong>tr</strong>ato analítico à fl. 11. Todavia, a recorrida, alguns dias depois,<br />

<strong>es</strong>tornou tal montante da conta bancária do recorrente, em 06.08.2007, sob o motivo de rasura na data da ordem de<br />

pagamento, retendo o documento em sua agência.


Para que surja o dever de indenizar, é nec<strong>es</strong>sário ação ou omissão do agente, dano material ou imaterial e nexo de<br />

causalidade en<strong>tr</strong>e o dano causado e a ação ou omissão do agente, sendo que, do con<strong>tr</strong>ário, se entende inexistente a<br />

possibilidade de r<strong>es</strong>ponsabilização da recorrida. Pode-se ainda afirmar que o nexo de causalidade é elemento indispensável<br />

em qualquer <strong>es</strong>pécie de r<strong>es</strong>ponsabilidade civil.<br />

No caso, a própria recorrida afirmou que compensou o cheque na conta bancária do recorrente e fez o <strong>es</strong>torno do valor<br />

corr<strong>es</strong>pondente somente quando a emitente alegou que era vítima de fraude, posto que a cártula teria sido adulterada.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, cabível a condenação da recorrida em reparar os danos materiais e morais sofridos pela parte autora, eis que<br />

caracterizada a falha do serviço bancário (art. 14 da Lei 8078/90).<br />

Na hipót<strong>es</strong>e, r<strong>es</strong>tou, portanto, demons<strong>tr</strong>ada a r<strong>es</strong>ponsabilidade da recorrida no evento danoso, havendo, assim, ensejo para<br />

reparação pecuniária. Tendo sido comprovado o evento danoso e não tendo a vítima con<strong>tr</strong>ibuído para a sua ocorrência,<br />

posto que, quando da apr<strong>es</strong>entação do cheque para compensação em sua conta bancária, acreditava que a cártula era<br />

eficaz para tal intento, configurado-se assim o dever de indenizar da instituição financeira, que não teve cautela ao<br />

compensar o cheque sem observar as formalidad<strong>es</strong> do ato.<br />

A compensação indevida do cheque ocasionou cons<strong>tr</strong>angimentos e dissabor<strong>es</strong> injustificados, passíveis de indenização por<br />

dano moral (art. 5º, V, da CR/88). É bom que se regis<strong>tr</strong>e que a pretensa reparação do dano moral não se r<strong>es</strong>olve numa<br />

indenização propriamente dita, uma vez que não ocorre a eliminação do prejuízo e de suas consequências, na medida em<br />

que a dor, o sofrimento e o cons<strong>tr</strong>angimento não são aquilatáveis em pecúnia. A condenação pecuniária atende a dois<br />

pr<strong>es</strong>supostos básicos: a) uma compensação que, disponibilizando recursos à parte l<strong>es</strong>ada, procure minimizar os efeitos do<br />

evento danoso; b) uma afetação no pa<strong>tr</strong>imônio do ofensor, constituindo reprimenda de conteúdo punitivo/educativo.<br />

Quanto ao valor arbi<strong>tr</strong>ado a título de danos morais, o critério que vem sendo utilizado pelo e. STJ considera as condiçõ<strong>es</strong><br />

p<strong>es</strong>soais e econômicas das part<strong>es</strong>, devendo o arbi<strong>tr</strong>amento operar-se com moderação e razoabilidade, atento à realidade<br />

da vida e às peculiaridad<strong>es</strong> de cada caso, de forma a não haver o enriquecimento indevido do ofendido, bem como que<br />

sirva para d<strong>es</strong><strong>es</strong>timular o ofensor a repetir o ato ilícito. D<strong>es</strong>sa forma, considerando-se as peculiaridad<strong>es</strong> do caso concreto,<br />

observa-se que a fixação do quantum indenizatório a título de danos morais foi medida acertada pelo magis<strong>tr</strong>ado a quo,<br />

posto que não houve comprovação (ou m<strong>es</strong>mo alegação) de concretos cons<strong>tr</strong>angimentos da parte aliados ao evento<br />

danoso.<br />

Ante o exposto, merece reforma a sentença guerreada, devendo a parte recorrente ser indenizada também pelos prejuízos<br />

materiais vivenciados no valor de R$ 1.100,00 (um mil e cem reais), com a aplicação de correção monetária e juros de<br />

mora a partir da citação, nos termos da lei.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, provido em parte.<br />

Custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, tendo em vista a sucumbência recíproca.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,<br />

na forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

121 - 2008.50.50.006321-2/01 SEBASTIAO SABINO BORTOLINI (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON<br />

HOLLIDAY.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.006321-2/01<br />

Recorrente : SEBASTIÃO SABINO BORTOLINI<br />

Recorridos : UNIÃO FEDERAL<br />

E M E N T A<br />

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – ACORDO REALIZADO NA JUSTIÇA<br />

DO TRABALHO – AUSÊNCIA DE DESEMBOLSO FINANCEIRO PELA PARTE AUTORA – IMPROCEDÊNCIA - RECURSO<br />

CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso interposto por SEBASTIÃO SABINO BORTOLINI em face da r. sentença que julgou improcedente o<br />

pedido inicial.


2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, pugna o recorrente pela r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> recolhidos a título de con<strong>tr</strong>ibuição<br />

previdenciária, decorrent<strong>es</strong> de valor<strong>es</strong> recebidos em acordo realizado em ação <strong>tr</strong>abalhista, uma vez que já con<strong>tr</strong>ibuía com o<br />

valor máximo para a Previdência Social.<br />

3. A parte autora alegou na petição inicial que foi realizado acordo perante a <strong>Justiça</strong> do Trabalho no qual foi recolhida aos<br />

cofr<strong>es</strong> públicos a quantia de R$ 5.616,40 (cinco mil, seiscentos e dez<strong>es</strong>seis reais e quarenta centavos), a título de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária, que lhe deverá ser r<strong>es</strong>tituída, uma vez que já con<strong>tr</strong>ibuía com o valor máximo. Afirmou que o<br />

referido valor seria a ele revertido caso não fosse sido recolhido à União.<br />

4. Na hipót<strong>es</strong>e de condenação na <strong>es</strong>fera <strong>tr</strong>abalhista prevendo o pagamento de valor<strong>es</strong> integrant<strong>es</strong> do salário de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição, permanece a r<strong>es</strong>ponsabilidade do empregado e do empregador pelos valor<strong>es</strong> devidos à previdência social,<br />

segundo critérios e cotas definidos em lei, sendo d<strong>es</strong>te último a r<strong>es</strong>ponsabilidade pelo recolhimento das aludidas<br />

con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, podendo, para tanto, d<strong>es</strong>contar do montante da execução a cota-parte devida pelo empregado (art. 276 do<br />

Decreto n º 3.048/99 que regulamentou a Lei nº 8.212/91).<br />

5. Nada impede, contudo, o empregador e o <strong>tr</strong>abalhador se conciliem e <strong>es</strong>tabeleçam algo diverso do que havia sido<br />

determinado pela lei ou pela sentença.<br />

6. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, observa-se que o acordo a que se refere a petição inicial foi firmado en<strong>tr</strong>e a empr<strong>es</strong>a e o<br />

Sindicato repr<strong>es</strong>entante da categoria à qual pertence a parte autora, tendo sido expr<strong>es</strong>samente consignado que “O<br />

recolhimento dos encargos incident<strong>es</strong> (IRPF e INSS Empr<strong>es</strong>a e Empregados), devidamente discriminados no ANEXO I,<br />

será de r<strong>es</strong>ponsabilidade da RECLAMADA, bem como serão efetuados den<strong>tr</strong>o dos prazos legais” (fl. 39). O anexo I, por sua<br />

vez, delimita o valor líquido devido a cada empregado (fl. 42), circunstância que demons<strong>tr</strong>a ter ficado avençado que,<br />

embora a r<strong>es</strong>ponsabilidade do recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária fosse do empregador, os empregados não<br />

ficariam isentos do recolhimento da parte que lh<strong>es</strong> competia.<br />

7. Logo, conquanto o d<strong>es</strong>embolso financeiro tenha sido arcado pela reclamada, os empregados sofreram a incidência da<br />

con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária, o que, a princípio, favoreceria a t<strong>es</strong>e de repetição de indébito.<br />

8. Não obstante, observa-se que a União impugnou a alegação contida na petição inicial de que a parte autora já con<strong>tr</strong>ibuía<br />

no limite máximo para a Previdência Social (fl. 28, último parágrafo), e, sendo assim, competia ao autor o ônus da prova do<br />

fato constitutivo de seu direito (art. 333, I, do CPC), o que não ocorreu.<br />

9. Sendo assim, embora por fundamento diverso, mantém-se a r. sentença e nega-se provimento ao recurso.<br />

10. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício da<br />

assistência judiciária gratuita (fl. 54).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

122 - 2008.50.50.007380-1/01 SYLVIO SOUZA ROCHA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO<br />

FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.007380-1/01<br />

Recorrent<strong>es</strong> : SYLVIO SOUZA ROCHA<br />

Recorridos : UNIÃO FEDERAL<br />

E M E N T A<br />

TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR<br />

HOMOLOGAÇÃO – PRESCRIÇÃO – TERMO INICIAL – LC 118/2005 - NÃO OCORRÊNCIA – SENTENÇA REFORMADA -<br />

APLICAÇÃO DO ART. 515, PARÁGRAFO 3º, DO CPC – APRECIAÇÃO DO MÉRITO - RECURSO CONHECIDO E<br />

PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso interposto por SYLVIO SOUZA ROCHA em face da sentença que julgou extinto o feito sem<br />

r<strong>es</strong>olução do mérito, ante a pronúncia da pr<strong>es</strong>crição.<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a parte autora ter havido equívoco de interpretação dos prazos pr<strong>es</strong>cricionais previstos<br />

na LC n. 118/2005 pelo juízo a quo, pois a pr<strong>es</strong>ente demanda versa sobre a r<strong>es</strong>tituição do imposto de renda incidente sobre<br />

verbas r<strong>es</strong>cisórias pagas em 1999. Afirma que, por ser o Imposto de Renda um <strong>tr</strong>ibuto de lançamento por homologação, e<br />

<strong>es</strong>te sendo pago ant<strong>es</strong> da vigência da Lei Complementar n. 118/2005 (09/06/2005), deve-se considerar como termo inicial<br />

do prazo pr<strong>es</strong>cricional a homologação d<strong>es</strong>te lançamento pelo Fisco. Aduz que, não sendo a homologação expr<strong>es</strong>sa, será<br />

considerada tácita após <strong>tr</strong>anscorridos 5 anos do lançamento, abrindo-se, em seguida, prazo qüinqüenal para que o<br />

con<strong>tr</strong>ibuinte pela a r<strong>es</strong>tituição, sendo <strong>es</strong>ta a t<strong>es</strong>e dos “cinco mais cinco” prevista no art. 168, I, do CTN. Transcreve julgados<br />

da 1ª Turma do Colendo STJ e pugna, ao final, pela reforma do julgado e deferimento do pedido inicial.<br />

3. A qu<strong>es</strong>tão suscitada nos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos diz r<strong>es</strong>peito ao prazo pr<strong>es</strong>cricional para se pleitear a r<strong>es</strong>tituição de <strong>tr</strong>ibuto<br />

lançado por homologação (IR), indevidamente recolhido. Objetiva a autora, a<strong>tr</strong>avés da pr<strong>es</strong>ente ação, a condenação da ré à<br />

devolução, em dobro, dos valor<strong>es</strong> retidos a título de imposto de renda sobre verbas oriundas de r<strong>es</strong>cisão de con<strong>tr</strong>ato de<br />

<strong>tr</strong>abalho, pagas ao autor no mês de maio de 1999 (fl. 12-vº).<br />

4. O juízo de origem manif<strong>es</strong>tou entendimento no sentido de que a Lei Complementar nº 118/2005, na qualidade de lei de<br />

índole material, não poderia re<strong>tr</strong>oagir para alcançar demandas já em curso anteriormente à sua vigência, mas que, na<br />

<strong>es</strong>teira do julgado proferido pelo C. STJ, aplicar-se-ia a fatos gerador<strong>es</strong> pretéritos ainda não submetidos à apreciação do<br />

judiciário, r<strong>es</strong>peitando-se o término da “vacatio legis” de 120 (cento e vinte) dias previsto no art.4º da referida Lei


Complementar.<br />

5. Ocorre que a qu<strong>es</strong>tão em debate foi apreciada no julgamento do REsp repr<strong>es</strong>entativo de con<strong>tr</strong>ovérsia n.º 1.002.932/RJ,<br />

da relatoria do Min. Luiz Fux, sob o rito do art. 543-C do CPC e da R<strong>es</strong>olução STJ n.º 08/2008 (DJe 18/12/2009), r<strong>es</strong>umido<br />

na ementa de seguinte teor, cujos fundamentos se adotam como razõ<strong>es</strong> de decidir:<br />

“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC.<br />

TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO CONDUÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR<br />

HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 4º, DA LC 118/2005.<br />

DETERMINAÇÃO DE APLICAÇÃO RETROATIVA. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. CONTROLE DIFUSO.<br />

CORTE ESPECIAL. RESERVA DE PLENÁRIO.<br />

1. O princípio da irre<strong>tr</strong>oatividade impõe a aplicação da LC 118, de 9 de fevereiro de 2005, aos pagamentos indevidos<br />

realizados após a sua vigência e não às açõ<strong>es</strong> propostas posteriormente ao referido diploma legal, posto norma referente à<br />

extinção da obrigação e não ao aspecto proc<strong>es</strong>sual da ação corr<strong>es</strong>pectiva.<br />

2. O advento da LC 118/05 e suas conseqüências sobre a pr<strong>es</strong>crição, do ponto de vista prático, implica dever a m<strong>es</strong>ma ser<br />

contada da seguinte forma: relativamente aos pagamentos efetuados a partir da sua vigência (que ocorreu em 09.06.05), o<br />

prazo para a repetição do indébito é de cinco a contar da data do pagamento; e relativamente aos pagamentos anterior<strong>es</strong>, a<br />

pr<strong>es</strong>crição obedece ao regime previsto no sistema anterior, limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da<br />

vigência da lei nova.<br />

3. Isto porque a Corte Especial declarou a inconstitucionalidade da expr<strong>es</strong>são "observado, quanto ao art. 3º, o disposto no<br />

art. 106, I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional", constante do artigo 4º, segunda parte,<br />

da Lei Complementar 118/2005 (AI nos ERESP 644736/PE, Relator Minis<strong>tr</strong>o Teori Albino Zavascki, julgado em 06.06.2007).<br />

4. Deveras, a norma inserta no artigo 3º, da lei complementar em tela, indubitavelmente, cria direito novo, não configurando<br />

lei meramente interpretativa, cuja re<strong>tr</strong>oação é permitida, consoante apregoa dou<strong>tr</strong>ina abalizada: (...)<br />

5. Consectariamente, em se <strong>tr</strong>atando de pagamentos indevidos efetuados ant<strong>es</strong> da en<strong>tr</strong>ada em vigor da LC 118/05<br />

(09.06.2005), o prazo pr<strong>es</strong>cricional para o con<strong>tr</strong>ibuinte pleitear a r<strong>es</strong>tituição do indébito, nos casos dos <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a<br />

lançamento por homologação, continua observando a cognominada t<strong>es</strong>e dos cinco mais cinco, d<strong>es</strong>de que, na data da<br />

vigência da novel lei complementar, sobejem, no máximo, cinco anos da contagem do lapso temporal (regra que se<br />

coaduna com o disposto no artigo 2.028, do Código Civil de 2002, segundo o qual: "Serão os da lei anterior os prazos,<br />

quando reduzidos por <strong>es</strong>te Código, e se, na data de sua en<strong>tr</strong>ada em vigor, já houver <strong>tr</strong>anscorrido mais da metade do tempo<br />

<strong>es</strong>tabelecido na lei revogada." ).<br />

6. D<strong>es</strong>ta sorte, ocorrido o pagamento antecipado do <strong>tr</strong>ibuto após a vigência da aludida norma jurídica, o di<strong>es</strong> a quo do prazo<br />

pr<strong>es</strong>cricional para a repetição/compensação é a data do recolhimento indevido. (...)<br />

9. Recurso <strong>es</strong>pecial provido, nos termos da fundamentação expendida. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC<br />

e da R<strong>es</strong>olução STJ 08/2008”. (DJe: 18/12/2009).<br />

6. Convém d<strong>es</strong>tacar que o imposto de renda possui fato gerador complexo, que não se perfaz numa única ocasião, mas na<br />

soma de todas as operaçõ<strong>es</strong> geradoras de renda ocorridas no período do ano-base. Assim, o pagamento dos valor<strong>es</strong> da<br />

r<strong>es</strong>cisão con<strong>tr</strong>atual da parte autora e toda renda obtida ao longo do ano-base 1999 devem ser considerados em conjunto<br />

como um único fato gerador, aperfeiçoado no último dia do ano-base 1999. Assim, o prazo de pr<strong>es</strong>crição para a repetição<br />

dos valor<strong>es</strong> retidos na fonte ao longo do ano-base 1999 é contado a partir de 31/12/1999.<br />

7. Feitos tais <strong>es</strong>clarecimentos, observa-se que, no caso concreto, onde houve a retenção na fonte do imposto de renda<br />

incidente sobre as verbas da r<strong>es</strong>cisão con<strong>tr</strong>atual, pagas ao autor no mês de maio de 1999 (fl. 12-vº).<br />

8. Na data da vigência da LC 118/2005, em 09/06/2005, já haviam <strong>tr</strong>anscorridos cinco anos e seis m<strong>es</strong><strong>es</strong>, ou seja,<br />

sobejavam menos de cinco anos da contagem do lapso temporal, aplicando-se, portanto, o antigo prazo decenal. E,<br />

considerando que a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada em 28/11/2008, não há pr<strong>es</strong>crição a ser declarada, razão pela qual deve ser<br />

reformada a r. sentença de origem.<br />

9. Tratando-se de qu<strong>es</strong>tão de direito e encon<strong>tr</strong>ando-se a causa madura para a apreciação do mérito, passa-se à sua<br />

análise.<br />

10. O Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> já pacificou o entendimento de que as indenizaçõ<strong>es</strong> recebidas a título de férias não<br />

gozadas, férias proporcionais e r<strong>es</strong>pectivos terços constitucionais, indenizadas por ocasião da r<strong>es</strong>cisão do con<strong>tr</strong>ato de<br />

<strong>tr</strong>abalho, <strong>es</strong>tão ao abrigo da incidência do imposto de renda, seguindo a orientação de que tais verbas não constituem<br />

acréscimos pa<strong>tr</strong>imoniais subsumidos na hipót<strong>es</strong>e do art. 43 do CTN (EREsp 957098/RN, Minis<strong>tr</strong>a Eliane Calmon, 1ª Seção,<br />

DJe 20/10/2008).<br />

11. O Termo de R<strong>es</strong>cisão do Con<strong>tr</strong>ato de Trabalho de fl. 12 regis<strong>tr</strong>a o pagamento de “férias vencidas 98/99”, no valor de R$<br />

5.797,82 (item n. 39); “férias proporc. 5/12 avos”, no valor de R$ 2.415,76 (item n. 42); “1/3 salário s/ férias”, no valor de R$<br />

805,25 (item 45); e “gratificação de férias”, no valor de R$ 4.058,47 (item 34), sendo indevida, nos termos da jurisprudência<br />

supra, a incidência do imposto de renda sobre os <strong>tr</strong>ês primeiros itens.<br />

12. Se a recorrente não tiv<strong>es</strong>se sofrido a retenção do imposto na fonte, é certo que <strong>es</strong>se valor não teria sido deduzido na<br />

apuração no imposto devido por ocasião da declaração de ajuste anual. Por ou<strong>tr</strong>o lado, pr<strong>es</strong>ume-se, à míngua de prova em<br />

con<strong>tr</strong>ário, que o valor sobre a qual incidiu a retenção do imposto na fonte tenha sido, na declaração de ajuste anual, lançado<br />

na base de cálculo do <strong>tr</strong>ibuto, aumentando o valor do imposto devido. Por isso, o valor já r<strong>es</strong>tituído adminis<strong>tr</strong>ativamente, nos<br />

termos da declaração de ajuste anual, não influi no valor do crédito agora reconhecido judicialmente.<br />

13. Sobre o valor do crédito da recorrente aplica-se a taxa SELIC, que cumpre cumulativamente a função de correção<br />

monetária e de juros de mora. A retenção na fonte ocorreu na competência maio/1999. Conforme art. 39, § 4º, da Lei nº<br />

9.250/95, a taxa SELIC, porém, somente se aplica a partir de 1º de janeiro de 2000.<br />

14. Recurso conhecido e parcialmente provido.<br />

15. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado


Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

123 - 2007.50.01.015066-5/01 FABIOLA FORZZA (ADVOGADO: PAULO CESAR CAETANO, Ramon Ferreira de Almeida,<br />

LEONARDO CARVALHO DA SILVA.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2007.50.01.015066-5/01<br />

Recorrent<strong>es</strong> : FABIOLA FORZZA<br />

Recorridos : UNIÃO FEDERAL<br />

E M E N T A<br />

TRIBUTÁRIO – CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNRURAL – EMPREGADOR RURAL – COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS<br />

RURAIS – ARTIGO 25, I E II, DA LEI N. 8.212/91 – INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR -<br />

INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO PLENÁRIO DO EXCELSO STF – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recursos interpostos por FABIOLA FORZZA em face da r. sentença que julgou improcedente o pedido inicial.<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, pugna a recorrente pela reforma da r. sentença a fim de que seja declarada a inexistência de<br />

relação jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e ela e a União no que tange à con<strong>tr</strong>ibuição ao FUNRURAL, prevista no art. 25, I e II da Lei n.<br />

8.212/91, em razão de sua flagrante inconstitucionalidade, bem como seja deferido o direito de compensar os créditos<br />

advindos do recolhimento indevido da aludida exação dos últimos cinco anos ou a r<strong>es</strong>pectiva devolução. Aduz que somente<br />

por lei complementar é que poderia ter sido instituída tal con<strong>tr</strong>ibuição; que existe dupla incidência de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> sociais<br />

sobre a m<strong>es</strong>ma fonte de custeio para a seguridade social (COFINS e FUNRURAL) e que, em decisão recente, o Supremo<br />

Tribunal <strong>Federal</strong>, por unanimidade, declarou a inconstitucionalidade da con<strong>tr</strong>ibuição em tela.<br />

3. O C. STJ possui entendimento assente no sentido de que a con<strong>tr</strong>ibuição ao FUNRURAL sobre o valor da<br />

comercialização dos produtos rurais foi devida até o advento da Lei n. 8.213/91, que passou a viger em novembro de 1991,<br />

entendendo, porém, que no caso de p<strong>es</strong>soa física empregadora rural, tal con<strong>tr</strong>ibuição voltou a ser devida a partir de<br />

23.3.1993, por ocasião da Lei n. 8.540/92. Precedent<strong>es</strong>: AgRg no REsp 1.119.692/RS, Rel. Min. Benedito Gonçalv<strong>es</strong>,<br />

Primeira Turma, DJe de 25.11.2009; AgRg nos EDcl no REsp 846.026/MT, Rel. Min. Cas<strong>tr</strong>o Meira, Segunda Turma, DJe de<br />

16.4.2009; REsp 730.894/PR, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Denise Arruda, Primeira Turma, DJe de 26.5.2008; REsp 871.852/RJ, Rel. Min.<br />

Luiz Fux, Primeira Turma, DJe de 12.5.2008.<br />

4. Não obstante, o Tribunal Pleno do Excelso SFT, em julgamento ocorrido em 03/02/2010 e publicado em 23/04/2010,<br />

decidiu, por unanimidade, conhecer e dar provimento ao Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário RE 363852/MG para d<strong>es</strong>obrigar os<br />

recorrent<strong>es</strong> da retenção e do recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição social ou do seu recolhimento por sub-rogação sobre a “receita<br />

bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregador<strong>es</strong>, p<strong>es</strong>soas naturais, fornecedor<strong>es</strong> de bovinos para<br />

abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e<br />

VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação<br />

nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

5. O relator do referido acórdão, Minis<strong>tr</strong>o Marco Aurélio, assim se manif<strong>es</strong>tou:<br />

“(...) Então, o produtor rural, p<strong>es</strong>soa natural, fica compelido a satisfazer, de um lado, a con<strong>tr</strong>ibuição sobre a folha de salários<br />

e, de ou<strong>tr</strong>o, a COFINS, não havendo lugar para ter-se novo ônus, relativamente ao financiamento da seguridade social, isso<br />

a partir de valor alusivo à venda de bovinos. Cumpre ter pr<strong>es</strong>ente, até m<strong>es</strong>mo, a regra do inciso II do artigo 150 da<br />

Constituição <strong>Federal</strong>, no que veda instituir <strong>tr</strong>atamento d<strong>es</strong>igual en<strong>tr</strong>e con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> que se encon<strong>tr</strong>em em situação<br />

equivalente. De acordo com o artigo 195, §8º, do Diploma Maior, se o produtor não possui empregados, fica compelido,<br />

inexistente a base de incidência da con<strong>tr</strong>ibuição – a folha de salários – a recolher percentual sobre o r<strong>es</strong>ultado da<br />

comercialização da produção. Se, ao con<strong>tr</strong>ário, conta com empregados, <strong>es</strong>tará obrigado não só ao recolhimento sobre a<br />

folha de salários, como também, levando em conta o faturamento, da Con<strong>tr</strong>ibuição Social para Financiamento da<br />

Seguridade Social – COFINS e da prevista – tomada a m<strong>es</strong>ma base de incidência, o valor comercializado – no artigo 25 da<br />

Lei n. 8.212/91. Assim, não fosse suficiente a duplicidade, considerado o faturamento, tem-se, ainda, a quebra da isonomia.<br />

(...) Assentou o Plenário que o §2º do artigo 25 da Lei n. 8.870/94 fulminado ensejara fonte de custeio sem observância do<br />

§4º do artigo 195 da Constituição <strong>Federal</strong>, ou seja, sem a vinda à baila de lei complementar. O enfoque serve, sob o ângulo<br />

da exigência d<strong>es</strong>ta última, no tocante à disposição do artigo 25 da Lei n. 8.212/91. É que, mediante lei ordinária, versou-se a<br />

incidência da con<strong>tr</strong>ibuição sobre a proveniente da comercialização pelo empregador rural, p<strong>es</strong>soa natural. Ora, como<br />

salientado no artigo de Hugo de Brito Machado e Hugo de Brito Machado Segundo, houv<strong>es</strong>se confusão, houv<strong>es</strong>se<br />

sinonímia en<strong>tr</strong>e o faturamento e o r<strong>es</strong>ultado da comercialização da produção, não haveria razão para a norma do §8º do<br />

artigo 195 da Constituição <strong>Federal</strong> relativa ao produtor que não conta com empregados e exerça atividad<strong>es</strong> em regime de<br />

economia familiar. Já <strong>es</strong>tava ele alcançado pela previsão imediatamente anterior – do inciso I do artigo 195 da Constituição.<br />

Também sob <strong>es</strong>se prisma, procede a irr<strong>es</strong>ignação, entendendo-se que comercialização da produção é algo diverso do<br />

faturamento e <strong>es</strong>te não se confunde com receita, tanto assim que a Emenda Constitucional nº 20/98 inseriu, ao lado do<br />

vocábulo “faturamento, no inciso I do artigo 195, o vocábulo “receita”. Então, não há como deixar de assentar que a nova<br />

fonte deveria <strong>es</strong>tar <strong>es</strong>tabelecida em lei complementar. O m<strong>es</strong>mo enfoque serve a rechaçar a óptica daquel<strong>es</strong> que<br />

vislumbram, no artigo 25, incisos I e II, da Lei nº 8.212/91, a majoração da alíquota alusiva à citada con<strong>tr</strong>ibuição que <strong>es</strong>tá<br />

prevista na Lei Complementar nº 70/91. Ante <strong>es</strong>s<strong>es</strong> aspectos, conheço e provejo o recurso interposto para d<strong>es</strong>obrigar os<br />

recorrent<strong>es</strong> da retenção e do recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição social ou do seu recolhimento por sub-rogação sobra a “receita<br />

bruta proveniente da comercialização da produção rural” de empregador<strong>es</strong>, p<strong>es</strong>soas naturais, fornecedor<strong>es</strong> de bovinos para<br />

abate, declarando a inconstitucionalidade do artigo 1º da Lei nº 8.540/92, que deu nova redação aos artigos 12, incisos V e


VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação atualizada até a Lei nº 9.528/97, até que legislação<br />

nova, arrimada na Emenda Constitucional nº 20/98, venha a instituir a con<strong>tr</strong>ibuição, tudo na forma do pedido inicial,<br />

invertidos os ônus da sucumbência”.<br />

6. Diante da manif<strong>es</strong>tação da mais alta Corte do país sobre a qu<strong>es</strong>tão ora debatida, decide <strong>es</strong>ta Egrégia Turma Recursal<br />

CONHECER E DAR PROVIMENTO ao recurso para julgar procedente o pleito autoral, declarando a inexistência de relação<br />

jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e a autora e a União no que tange à con<strong>tr</strong>ibuição ao FUNRURAL, prevista no art. 25, I e II da Lei n.<br />

8.212/91 e para reconhecer o direito da autora em compensar os créditos advindos do recolhimento indevido da aludida<br />

exação dos últimos cinco anos.<br />

7. Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/01).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

124 - 2009.50.01.004009-1/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x ROBSON LUIZ<br />

RIBEIRO (ADVOGADO: VITOR SEABRA SEIXAS PINTO, MARCELO MARTINS ALTOÉ.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.01.004009-1/01<br />

Recorrente : UNIÃO FEDERAL<br />

Recorridos : ROBSON LUIZ RIBEIRO<br />

E M E N T A<br />

CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO – IMPOSTO DE RENDA – INDENIZAÇÃO POR DESAPROPRIAÇÃO – VERBA<br />

INDENIZATÓRIA – NÃO INCIDÊNCIA – PRECEDENTES DO STJ - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso interposto pela UNIÃO FEDERAL em face da r. sentença que julgou procedente o pedido inicial.<br />

2. Segundo o juízo de origem, se a indenização pela d<strong>es</strong>apropriação por inter<strong>es</strong>se público deve ser justa, nos termos do<br />

inciso XXIV do art. 5º da CR/88, não haverá acréscimo pa<strong>tr</strong>imonial, pois pensar diverso seria afirmar que a indenização foi<br />

além do real valor do imóvel d<strong>es</strong>apropriado. Como tal t<strong>es</strong>e não foi defendida em sede de cont<strong>es</strong>tação, considerou que a<br />

União reconheceu implicitamente como justa a indenização paga, não se podendo falar em acréscimo pa<strong>tr</strong>imonial e,<br />

tampouco, capacidade con<strong>tr</strong>ibutiva em face da qual dev<strong>es</strong>se incidir o imposto de renda.<br />

3. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que o ganho de capital auferido em razão da<br />

d<strong>es</strong>apropriação de imóvel urbano deve ser computado na base de cálculo do imposto de renda, já que se <strong>tr</strong>ata de típica<br />

aquisição de renda, embora não <strong>tr</strong>ibutada gradualmente e cobrada ano a ano do proprietário con<strong>tr</strong>ibuinte, o que não impede<br />

que o seja por ocasião da alienação.<br />

4. Rejeita-se a preliminar de não conhecimento do recurso suscitada em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, submetendo-se o feito à apreciação<br />

do colegiado, vez que o artigo 557 do CPC cuida de faculdade oferecida ao magis<strong>tr</strong>ado, não o vinculando. N<strong>es</strong>se sentido,<br />

Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery , in Código de Proc<strong>es</strong>so Civil Comentado afirmam que “(...) Nada<br />

obstante o teor imperativo da norma (‘negará seguimento’), o relator não fica obrigado a indeferir o recurso que foi<br />

interposto con<strong>tr</strong>ariando a súmula do próprio <strong>tr</strong>ibunal ou de <strong>tr</strong>ibunal superior. Trata-se de faculdade que a lei confere ao<br />

relator.” (Código de Proc<strong>es</strong>so Civil Comentado,São Paulo Editora: Revista dos Tribunais, 9 Ed. Revista e ampliada, p.<br />

815/816).<br />

5. A jurisprudência do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> firmou-se no sentido da não-incidência da exação sobre as verbas<br />

auferidas a título de indenização advinda de d<strong>es</strong>apropriação, seja por nec<strong>es</strong>sidade ou utilidade pública ou por inter<strong>es</strong>se<br />

social, porquanto não repr<strong>es</strong>entam acréscimo pa<strong>tr</strong>imonial. (Precedent<strong>es</strong>: AgRg no Ag 934.006/SP, Rel. Minis<strong>tr</strong>o CARLOS<br />

FERNANDO MATHIAS, DJ 06.03.2008; REsp 799.434/CE, Rel. Minis<strong>tr</strong>a DENISE ARRUDA, DJ 31.05.2007; REsp<br />

673273/AL, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, DJ 02.05.2005; REsp 156.772/RJ, Rel. Min. Garcia Vieira, DJ 04/05/98; REsp<br />

118.534/RS, Rel. Min. Milton Luiz Pereira, DJ 19/12/1997).<br />

6. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

7. Custas na forma da lei. Condenação da parte recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em 10% do<br />

valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

125 - 2006.50.50.006935-7/01 JAIME ALMEIDA DE ARAUJO (ADVOGADO: NICOLE PORCARO BRASIL, ALEXANDRE<br />

MELO BRASIL.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2006.50.50.006935-7/01


Recorrente : JAIME ALMEID DE ARAÚJO<br />

Recorrida : UNIÃO<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - TRIBUTÁRIO – ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA – MOLÉSTIA GRAVE – INAPLICÁVEL A<br />

LEI N. 7.713/88 À HIPÓTESE – FATO GERADOR NÃO GARANTE A INCIDÊNCIA DO BENEFÍCIO PLEITEADO -<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, na qual o autor pugna pela r<strong>es</strong>tituição do imposto de renda d<strong>es</strong>contado de verba<br />

recebida em ação <strong>tr</strong>abalhista, sob a alegação de é portador de doença grave. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, o recorrente<br />

reitera as alegaçõ<strong>es</strong> iniciais de que faz jus à isenção do imposto de renda com fulcro no art. 6º da Lei n. 7.713/88, posto<br />

que, d<strong>es</strong>de 2003, sofre de moléstia grave que o torna legitimado a usufruir o benefício em qu<strong>es</strong>tão. Em sede de<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, a parte recorrida sustenta a t<strong>es</strong>e de que as verbas recebidas pela parte recorrente não se enquadram no<br />

disposto no art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88, frisando que, não obstante, a doença acometida pela parte recorrente se<br />

encon<strong>tr</strong>a con<strong>tr</strong>olada, afastando-se assim o predicativo de “grave”.<br />

Deveras, a Lei n. 7.713/88 instituiu a isenção, ao portador de doença grave, do imposto de renda retido na fonte sobre as<br />

parcelas recebidas a título de aposentadoria. O parágrafo 6º do art. 150 da Constituição da República prevê que qualquer<br />

subsídio ou isenção, relativos a impostos, taxas ou con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, só poderá ser concedido mediante lei <strong>es</strong>pecífica. O art.<br />

111 do CTN, por sua vez, dispõe que, em se <strong>tr</strong>atando de isenção, a legislação <strong>tr</strong>ibutária deve ser interpretada de forma<br />

literal. A isenção do imposto de renda de que cuida o art. 6º, XIV, da Lei nº 7.713/88 somente se aplica a proventos de<br />

aposentadoria ou reforma.<br />

No caso, os valor<strong>es</strong> percebidos pela parte autora são decorrent<strong>es</strong> de reclamatória <strong>tr</strong>abalhista, <strong>es</strong>tando, por <strong>es</strong>sa razão,<br />

sujeitos à <strong>tr</strong>ibutação, nos termos do art. 43, I, do CTN.<br />

Sobre o tema, vale colacionar o julgado: “IMPOSTO DE RENDA. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. NEOPLASIA<br />

MALIGNA. ISENÇÃO. LEI Nº 7.713/1988. VERBAS TRABALHISTAS. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. CTN, ART. 111. A<br />

lei assegura a isenção do imposto de renda sobre os proventos de aposentadoria de quem for acometido de neoplasia<br />

maligna, m<strong>es</strong>mo que a doença tenha sido con<strong>tr</strong>aída depois da aposentadoria (Lei nº 7.713, de 1998, art. 6º, XIV, com<br />

redação dada pela Lei nº 8.541, de 1992). Os valor<strong>es</strong> percebidos pelo autor em razão de reclamatória <strong>tr</strong>abalhista não <strong>es</strong>tão<br />

abarcados pela referida isenção, porquanto não têm relação com os proventos de aposentadoria percebidos pelo autor,<br />

bem como não são relativos a a<strong>tr</strong>asados ou diferenças de aposentadoria. No caso, <strong>tr</strong>ata-se de verba proveniente da relação<br />

de <strong>tr</strong>abalho, anterior à aposentadoria do autor. Por <strong>es</strong>se motivo, sobre tais valor<strong>es</strong> incide o imposto de renda, nada havendo<br />

a ser r<strong>es</strong>tituído. Em matéria <strong>tr</strong>ibutária, as isençõ<strong>es</strong> são conferidas por lei, não se admitindo interpretaçõ<strong>es</strong> ampliativas da<br />

regra, como determina o artigo 111 do Código Tributário Nacional” (TRF, 4ª REGIÃO, 1ª TURMA, AC 200470000034984,<br />

DJ 04.12.2006).<br />

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, em atenção ao pedido de assistência judiciária gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER O RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma do voto constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

126 - 2008.50.50.005672-4/01 MUNICÍPIO DE CARIACICA (ADVOGADO: LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO.) x UNIÃO<br />

FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MARLUCE SCARPINO DE OLIVEIRA (DEF.PUB: ALINE<br />

FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.005672-4/01


Recorrent<strong>es</strong> : UNIÃO FEDERAL e MUNICÍPIO DE CARIACICA<br />

Recorrido : MARLUCE SCARPINO DE OLIVEIRA<br />

E M E N T A<br />

CONSTITUCIONAL – DIREITO À SAÚDE – CONCESSÃO DE MEDICAMENTO – LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO,<br />

DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS – RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

1. Trata-se de recursos interpostos pela UNIÃO FEDERAL e pelo MUNICÍPIO DE CARIACICA em face da r. sentença que<br />

julgou procedente o pedido inicial para condenar os réus a fornecerem à parte autora 01 (uma) cama hospitalar de <strong>tr</strong>ês<br />

manivelas.<br />

2. Segundo o juízo de origem, a parte autora é portadora de doença degenerativa do sistema neurológico (doença de<br />

Huntington), encon<strong>tr</strong>a-se acamada, <strong>tr</strong>aqueostomisada, com sonda gás<strong>tr</strong>ica, apr<strong>es</strong>enta movimentos involuntários contínuos e<br />

encon<strong>tr</strong>a-se totalmente dependente de seus familiar<strong>es</strong> (laudo médico às fls. 21/22, 24 e 72), nec<strong>es</strong>sitando fazer uso do<br />

equipamento pleiteado na inicial (cama de <strong>tr</strong>ês manivelas), que, segundo o Diretor Superintendente do HUCAM/UFES, Prof.<br />

Emílio Mameri Neto (fl. 81) permite, além da elevação da cabeceira e dos membros inferior<strong>es</strong>, também a regulação da<br />

altura da cama em relação ao piso, facilitando a mobilização do paciente no leito para a pr<strong>es</strong>tação de cuidados e para a<br />

retirada do paciente da cama para a cadeira ou maca, en<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os, mobilização que se apr<strong>es</strong>enta nec<strong>es</strong>sária para a<br />

manutenção da saúde do paciente.<br />

3. Alegam os recorrent<strong>es</strong>, em sínt<strong>es</strong>e, serem part<strong>es</strong> ilegítimas para figurar no pólo passivo da demanda, vez que não se<br />

encon<strong>tr</strong>a den<strong>tr</strong>e suas a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> o fornecimento do equipamento pretendido pela parte autora. Aduz o Município, ainda, a<br />

incompetência do Juizado Especial <strong>Federal</strong> para apreciar e julgar o pedido deduzido em face do Município de Cariacica, em<br />

razão do disposto no art. 6º da Lei n. 10.259/01.<br />

4. Rejeita-se a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pelos recorrent<strong>es</strong>. O funcionamento do Sistema Único de<br />

Saúde – SUS é de r<strong>es</strong>ponsabilidade solidária da União, Estados-membros e Municípios, de modo que qualquer d<strong>es</strong>sas<br />

entidad<strong>es</strong> tem legitimidade ad causam para figurar no pólo passivo de demanda que objetiva a garantia do ac<strong>es</strong>so à<br />

medicação para p<strong>es</strong>soas d<strong>es</strong>providas de recursos financeiros. Precedent<strong>es</strong> do STJ. O fato de a União ser g<strong>es</strong>tora e<br />

financiadora do Sistema Único de Saúde não exime a sua con<strong>tr</strong>ibuição na pr<strong>es</strong>tação de serviços de saúde, tendo em vista<br />

<strong>tr</strong>atar-se de r<strong>es</strong>ponsabilidade solidária do Estado. Da m<strong>es</strong>ma forma, inexiste violação do princípio da legalidade <strong>es</strong>culpido<br />

no art. 37 da CF/88, uma vez que a própria carta constitucional em seu art. 196 acolhe a pretensão autoral. Por seu turno,<br />

em casos como o dos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos, em que a efetivação da tutela concedida <strong>es</strong>tá relacionada à pr<strong>es</strong>ervação da saúde<br />

do indivíduo, a ponderação das normas constitucionais deve privilegiar a proteção do bem maior que é a vida.<br />

5. Rejeita-se, igualmente, a incompetência do Juizado Especial <strong>Federal</strong> para julgamento da ação, pois embora os <strong>es</strong>tados e<br />

os municípios não <strong>es</strong>tejam expr<strong>es</strong>samente incluídos no art. 6º, II da Lei nº. 10.259/01 como part<strong>es</strong> passivas nos Juizados, a<br />

solidariedade na pr<strong>es</strong>tação de serviços de saúde, consolidada pela pr<strong>es</strong>ença da União na lide, caracteriza a existência de<br />

litisconsórcio nec<strong>es</strong>sário. De acordo com a jurisprudência dominante no STJ, há obrigação legal do ESTADO, que<br />

subentende como União, Estados Federados, Dis<strong>tr</strong>ito <strong>Federal</strong> e Município, em arcar com os <strong>tr</strong>atamentos médicos<br />

nec<strong>es</strong>sários a garantir a vida da p<strong>es</strong>soa humana.<br />

6. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

7. Recursos conhecidos e improvidos.<br />

8. Custas na forma da lei. Condenação dos recorrent<strong>es</strong> ao pagamento dos honorários advocatícios, pró-rata, que fixo em<br />

10% do valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS<br />

INOMINADOS, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

127 - 2008.50.50.008322-3/01 LUCIANA MESSIAS ROSA (DEF.PUB: LUIZ HENRIQUE MIGUEL PAVAN, Karina Rocha<br />

Mitleg Bayerl.) x MUNICÍPIO DE CARIACICA (ADVOGADO: LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO.) x UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: ANDREA M. SANTOS SANTANA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.008322-3/01<br />

Recorrente : LUCIANA MESSIAS ROSA<br />

Recorridos : UNIÃO FEDERAL, ESTADO DO ESPÍRITO SANTO e MUNICÍPIO DE CARIACICA<br />

E M E N T A<br />

CONSTITUCIONAL – DIREITO À SAÚDE – CONCESSÃO DE MEDICAMENTO – RESSARCIMENTO DE DANO<br />

MATERIAL - ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA<br />

POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.<br />

1. Trata-se de recurso interposto por LUCIANA MESSIAS ROSA em face da r. sentença declarou a ilegitimidade ativa ad<br />

causam e julgou extinto o feito sem r<strong>es</strong>olução do mérito.<br />

2. Segundo o juízo de origem, o titular do direito postulado na inicial é a sogra da autora, única titular do direito aos<br />

medicamentos obtidos por meio de antecipação de tutela no bojo da ação judicial de nº 2007.50.50.002872-4. Assim,


eventuais danos materiais e morais decorrent<strong>es</strong> do d<strong>es</strong>cumprimento da aludida medida antecipatória atingirão diretamente<br />

aquela última, e não a autora, consignando o juízo, por fim, não se <strong>tr</strong>atar de nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de legitimação<br />

ex<strong>tr</strong>aordinária previstas em lei.<br />

3. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que é titular da relação jurídica de direito material posta à<br />

apreciação, advinda da l<strong>es</strong>ão a seus direitos da personalidade, em virtude do não cumprimento de decisão judicial, tendo a<br />

m<strong>es</strong>ma que utilizar de sua parca poupança para efetuar a compra de medicamentos em favor de sua sogra. Afirma que o<br />

direito ou não ao r<strong>es</strong>sarcimento das quantias d<strong>es</strong>pendidas a título de medicamentos, ou o nexo de causalidade en<strong>tr</strong>e o ato<br />

ilícito e o dano, envolve o mérito da demanda, e não a legitimidade ativa, razão pela qual pugna pela reforma da sentença e<br />

pelo regular procedimento do feito.<br />

4. O cerne da qu<strong>es</strong>tão consiste em se aferir a ilegitimidade ativa ad causam da parte autora, ora recorrente.<br />

5. Nos termos do art. 6º do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, a ninguém é dada a prerrogativa de pleitear em nome próprio direito<br />

de terceiro. Essa é justamente a hipót<strong>es</strong>e dos autos, pois a recorrente não logrou êxito em comprovar que possui algum elo<br />

jurídico com os demandados, não podendo exigir dos recorridos uma indenização por um dano que não lh<strong>es</strong> é pertinente.<br />

6. Convém d<strong>es</strong>tacar a observação do juízo de origem, no sentido de que a própria autora informa na inicial que a compra da<br />

medicação nec<strong>es</strong>sária ao <strong>tr</strong>atamento de sua sogra se deu por ato voluntário de sua parte, o que não justifica a ação de<br />

regr<strong>es</strong>so con<strong>tr</strong>a o Estado, pois o pagamento de algo sem a efetiva demons<strong>tr</strong>ação da ocorrência de erro ou coação<br />

repr<strong>es</strong>enta mera liberalidade, não se justificando a repetição.<br />

7. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

8. Sem custas e condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente goza do benefício da assistência<br />

judiciária gratuita (fl. 195).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

128 - 2008.50.50.007290-0/01 UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x ESTADO DO ESPIRITO<br />

SANTO (ADVOGADO: EVA PIRES DUTRA.) x DALILA VALIATE SCANDIAN (DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.007290-0/01<br />

Recorrent<strong>es</strong> : UNIÃO FEDERAL e ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

Recorrido : DALILA VALIATE SCANDIAN<br />

E M E N T A<br />

CONSTITUCIONAL – DIREITO À SAÚDE – CONCESSÃO DE MEDICAMENTO – LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO –<br />

PROVA TÉCNICA PARA COMPROVAR A POSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DO MEDICAMENTO PLEITEADO POR<br />

OUTRO SIMILAR – DESNECESSIDADE – LAUDO MÉDICO ATESTANDO A IMPRESCINDIBILIDADE DO<br />

MEDICAMENTO – INEXISTÊNCIA DE CERCEIO DE DEFESA – RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

1. Trata-se de recursos interpostos pela UNIÃO FEDERAL e pelo ESTADO DO ESPÍRITO SANTO em face da r. sentença<br />

que julgou procedente o pedido inicial para condenar solidariamente os réus a fornecer mensalmente, à parte autora, o<br />

medicamento denominado insulina lantus, mediante receita médica atualizada periodicamente.<br />

2. Alegam os recorrent<strong>es</strong>, em sínt<strong>es</strong>e, que seria impr<strong>es</strong>cindível a realização de prova técnica para se aferir a possibilidade<br />

de substituição da insulina pleiteada por ou<strong>tr</strong>as insulinas <strong>tr</strong>adicionais, razão pela qual pugnam pela nulidade da r. sentença,<br />

por cerceio de def<strong>es</strong>a, ou, suc<strong>es</strong>sivamente, pela sua reforma, julgando-se improcedente o pleito inicial.<br />

3. Rejeita-se a preliminar de ilegitimidade passiva suscitada pela União. O funcionamento do Sistema Único de Saúde –<br />

SUS é de r<strong>es</strong>ponsabilidade solidária da União, Estados-membros e Municípios, de modo que qualquer d<strong>es</strong>sas entidad<strong>es</strong><br />

tem legitimidade ad causam para figurar no pólo passivo de demanda que objetiva a garantia do ac<strong>es</strong>so à medicação para<br />

p<strong>es</strong>soas d<strong>es</strong>providas de recursos financeiros. Precedent<strong>es</strong> do STJ.<br />

4. Também merece ser rejeitada a preliminar de nulidade da sentença por cerceio de def<strong>es</strong>a. O direito de produzir provas<br />

não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, não se caracteriza como cerceamento de def<strong>es</strong>a,<br />

principalmente quando se mos<strong>tr</strong>a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária à elucidação do caso concreto, como será demons<strong>tr</strong>ado adiante.<br />

5. A Constituição <strong>Federal</strong> consagra a saúde como um direito fundamental ao prevê-la, em seu artigo 6º, como um direito<br />

social. O artigo 196 da Carta, por sua vez, <strong>es</strong>tabelece ser a saúde um direito de todos e dever do Estado, garantido<br />

mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de ou<strong>tr</strong>os agravos e ao ac<strong>es</strong>so<br />

universal e igualitário às açõ<strong>es</strong> e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.<br />

6. Den<strong>tr</strong>e os serviços e benefícios pr<strong>es</strong>tados no âmbito da Saúde encon<strong>tr</strong>a-se a assistência farmacêutica. O artigo 6º, inciso<br />

I, alínea "d", da Lei nº 8.080/90, expr<strong>es</strong>samente inclui no campo de atuação do Sistema Único de Saúde a execução de<br />

açõ<strong>es</strong> de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica. Logo, a Política Nacional de Medicamentos e Assistência<br />

Farmacêutica é parte integrante da Política Nacional de Saúde, sendo obrigação do Estado, no sentido genérico (União,<br />

Estados e Municípios) assegurar às p<strong>es</strong>soas d<strong>es</strong>providas de recursos financeiros o ac<strong>es</strong>so à medicação nec<strong>es</strong>sária,<br />

sobretudo no caso de doença grave.<br />

7. No caso em exame, a parte autora demons<strong>tr</strong>ou ser portadora de Diabet<strong>es</strong> tipo 2, nec<strong>es</strong>sitando fazer uso de INSULINA<br />

LANTUS. O laudo médico de fl. 18 comprova que a paciente, com 73 anos de idade, passou a fazer uso de insulina lantus


18 UI por dia após r<strong>es</strong>posta clínica insatisfatória a medicamentos orais e insulina NPH, com episódios frequent<strong>es</strong> de<br />

hipoglicemia e perda de consciência, sendo nec<strong>es</strong>sário o uso de insulina lantus para o con<strong>tr</strong>ole de sua doença crônica.<br />

8. A alegação de que inexiste comprovação acerca da ineficácia/inadequação dos ou<strong>tr</strong>os medicamentos indicados ao<br />

<strong>tr</strong>atamento da m<strong>es</strong>ma enfermidade da parte autora e d<strong>es</strong>pendidos regularmente pelo SUS, não merece prosperar.<br />

9. Afinal, a pr<strong>es</strong>crição dos medicamentos - cujo fornecimento foi indeferido pela Secretaria Estadual de Saúde – não<br />

constituiu mera opção por parte do médico que acompanha a parte autora, mas efetiva tentativa, clinicamente<br />

fundamentada, de alcançar melhor<strong>es</strong> r<strong>es</strong>ultados no <strong>tr</strong>atamento minis<strong>tr</strong>ado, haja vista <strong>tr</strong>atar-se de paciente com 73 anos de<br />

idade e que apr<strong>es</strong>enta quadro clínico comprometido em virtude de moléstia da qual é portadora.<br />

10. Logo, o minucioso relatório médico (fl. 18), mencionando a impr<strong>es</strong>cindibilidade de utilização do medicamento pleiteado,<br />

é prova suficiente para a ins<strong>tr</strong>ução da pr<strong>es</strong>ente ação, não sendo razoável a dilação probatória para a constatação do<br />

medicamento mais adequado ou mais/menos eficaz ao <strong>tr</strong>atamento.<br />

11. Comprovada a impr<strong>es</strong>cindibilidade do medicamento, pleiteado por p<strong>es</strong>soa nec<strong>es</strong>sitada, <strong>es</strong>te deve ser fornecido de<br />

forma irr<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita, implicando a negativa do Poder Público em ofensa ao direito à saúde, garantido pela Lei Maior.<br />

12. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

13. Recursos conhecidos e improvidos.<br />

14. Custas na forma da lei. Condenação dos recorrent<strong>es</strong> ao pagamento dos honorários advocatícios, pró-rata, que fixo em<br />

10% do valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS<br />

INOMINADOS, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Fernando C<strong>es</strong>ar Baptista de Mattos<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Total Acolher os embargos : 2<br />

Total Dar parcial provimento : 13<br />

Total Dar provimento : 23<br />

Total Extinguir o proc<strong>es</strong>so com r<strong>es</strong>olução : 2 de mérito<br />

Total Não conhecer o recurso : 2<br />

Total Negar provimento : 81<br />

Total Rejeitar os embargos :<br />

4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!