17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL<br />

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:<br />

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-31, 51<br />

ADENILSON VIANA NERY-11, 115, 117, 118, 124, 127, 128, 3, 52, 6, 72, 74, 77, 98<br />

ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-57<br />

ADRIANA ZANDONADE-135, 136, 28, 68, 81<br />

ADRIANA ZAPALA RABELO-99<br />

ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA-67<br />

ALAN ROVETTA DA SILVA-57<br />

ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA LOPES-110<br />

ALECIO JOCIMAR FAVARO-135, 136, 137, 138<br />

ALEXANDRE RABELLO DE FREITAS-101<br />

ALFREDO ANGELO CREMASCHI-69<br />

ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-143, 85, 87, 91, 92<br />

Allan Titonelli Nun<strong>es</strong>-139, 153<br />

ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE-114<br />

ALMIR MELQUIADES DA SILVA-103<br />

AMANDA MACEDO TORRES MOULIN OLMO-108<br />

ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-146, 33<br />

ANA MERCEDES MILANEZ-112<br />

ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-84<br />

ANA PAULA CESAR-8<br />

ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA-122<br />

ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-108, 11, 115, 117, 119, 124, 127, 47, 50, 52, 59, 60, 65, 74, 75,<br />

ANDRÉ DIAS IRIGON-4, 69, 8<br />

ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES-73<br />

ANILSON BOLSANELO-113<br />

Antonio Carlos Carara Ponciano-149<br />

ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO-105, 44<br />

ANTÔNIO JUSTINO COSTA-121<br />

ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO-62, 63<br />

ARY RABELO PAULUCIO-101<br />

BRIAN CERRI GUZZO-137<br />

BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-148<br />

BRUNO MIRANDA COSTA-12, 147, 26, 58, 91, 96<br />

BRUNO SANTOS ARRIGONI-44<br />

CARLOS ALBERTO AMORIM DE ASSIS-89<br />

CARLOS GOMES MAGALHÃES JÚNIOR-58<br />

CARLOS VINICIUS SOARES CABELEIRA-2<br />

Carolina Augusta da Rocha Rosado-30, 79<br />

CATARINE MULINARI NICO-151, 93<br />

CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-149<br />

CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-23, 25, 88, 97<br />

CLÁUDIO LÉLIO DOS ANJOS-104<br />

CLEBER ALVES TUMOLI-100, 34<br />

CLEBSON DA SILVEIRA-112, 82<br />

DANIELA DE CASTRO NEVES-79<br />

DÁRIO DELGADO-83<br />

DIMAS PINTO VIEIRA-15<br />

DOURIVAN DANTAS DIAS-24<br />

DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-142<br />

EDGARD VALLE DE SOUZA-109, 110, 111, 120, 126<br />

EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-46<br />

EDUARDO FRANCISCO DE SOUZA-144<br />

EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA-34


EDUARDO SOARES CARARRA-135, 136, 137, 138<br />

EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA-37<br />

ELAINE CRISTINA ARPINI-61<br />

ELIZABETH GAVA DE SOUZA-79<br />

ELIZETE PENHA DA LUZ-99<br />

ELVIMARA LOPES GONCALVES-71<br />

ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-35<br />

EMILENE ROVETTA DA SILVA-57<br />

ERALDO AMORIM DA SILVA-48<br />

ERIKA SEIBEL PINTO-157, 84<br />

ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-106, 40, 45<br />

EUGENIO CANTARINO NICOLAU-21<br />

EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI-55, 56, 64<br />

FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-103<br />

FERNANDA ANDRADE SANTANA-122<br />

Filipe Domingos Commetti-123<br />

FLAVIO TELES FILOGONIO-32, 55<br />

FRANCELINO JOSÉ HENRIQUES-20<br />

GABRIELA PARMA MARÇAL-79<br />

GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-75<br />

GISELLE PEREIRA DIAS VILLARREAL-123<br />

GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO-48<br />

GUILHERME WAYAND DA SILVA SOUTO-137<br />

GUSTAVO CABRAL VIEIRA-23, 25<br />

GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-138, 140, 155, 54<br />

GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-154, 27<br />

GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS-125, 40<br />

HELEN FREITAS DE SOUZA JUDICE-13<br />

HELTON TEIXEIRA RAMOS-158, 32, 83<br />

Hordalha Gom<strong>es</strong> Soar<strong>es</strong> Oliveira-8<br />

INGRID SILVA DE MONTEIRO-141<br />

Isabela Boechat B. B. de Oliveira-143, 16, 93, 97<br />

IZAEL DE MELLO REZENDE-112<br />

JAILTON AUGUSTO FERNANDES-132, 3, 71, 98<br />

JAMILSON SERRANO PORFIRIO-29<br />

JANAINA RODRIGUES LIMA-9<br />

JEFFERSON R. MOURA-9<br />

JERIZE TERCIANO ALMEIDA-13<br />

JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-149, 85, 89, 94<br />

JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-149<br />

JOSE APARECIDO BUFFON-104, 72<br />

JOSE CARLOS BENINCA-17<br />

JOSE GERALDO NUNES FILHO-30<br />

JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-10, 95<br />

JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-1, 130, 45<br />

JOSÉ OLIVEIRA DA SILVA-99<br />

JOSE OLIVEIRA DE SOUZA-119<br />

JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-18<br />

JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-20, 31<br />

KAMILA MEIRELLES PAULO-20<br />

Karina Rocha Mitleg Bayerl-144<br />

KÉZIA NICOLINI-131, 5<br />

Kleison Ferreira-141, 156<br />

LEONARDO JUNHO GARCIA-101<br />

LEONARDO PIZZOL VINHA-55, 56, 64, 66<br />

LIDIANE DA PENHA SEGAL-146, 78, 84


LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA-142<br />

LILIAN BELISARIO DOS SANTOS-102<br />

LILIAN MAGESKI ALMEIDA-30<br />

LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE-14<br />

LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-39, 48<br />

LUCIANO ANTONIO FIOROT-2, 95<br />

Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho-46<br />

LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO-146<br />

LUCIANO PEREIRA CHAGAS-101<br />

LUDMYLLA MARIANA ANSELMO-34<br />

Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-42<br />

LUIZ ALBERTO LIMA MARTINS-136<br />

LUIZ CARLOS BARRETO-16, 96<br />

LUIZ CLAUDIO SOBREIRA-36<br />

MANOEL FERNANDES ALVES-60<br />

MANOELA MELLO SARCINELLI-26<br />

MARCELA BRAVIN BASSETTO-17, 70, 83<br />

MARCELA REIS SILVA-116, 123, 133, 134<br />

MARCELO MATEDI ALVES-55, 56, 64, 66, 82<br />

MARCIA RIBEIRO PAIVA-88<br />

MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA NEVES-79<br />

MARCO HENRIQUE KAMHAJI-134<br />

Marcos Figueredo Marçal-78, 80, 92<br />

MARCOS JOSÉ DE JESUS-24<br />

MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-121, 43<br />

MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-152, 153, 154, 155, 27, 28, 54, 68, 81<br />

MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-132, 75<br />

MARIA DO CARMO NETTO FERREIRA-36<br />

MARIA ISABEL PONTINI-108<br />

MARIA MARGARIDA MELO MAGNAGO-90<br />

MARIA REGINA COUTO ULIANA-107, 41, 47, 50, 65<br />

MARIANA MARCHEZI BRUSCHI-33<br />

MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-112<br />

MARILENE NICOLAU-12<br />

MARIO SERGIO NEMER VIEIRA-133<br />

MATHEUS GUERINE RIEGERT-99<br />

MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES-30<br />

MILA VALLADO FRAGA-13<br />

NEIDE DEZANE MARIANI-56<br />

OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-38<br />

OSCARLENE BARROSO L. MEIRA-156<br />

PAULA GHIDETTI NERY LOPES-11, 98<br />

Paulo Henrique Vaz Fidalgo-103, 131, 37, 5<br />

PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO-104, 49<br />

PEDRO INOCENCIO BINDA-105, 44<br />

RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA-94<br />

RAMON RAIMUNDO BATISTA DOS SANTOS-100<br />

RENATA BUFFA SOUZA PINTO-86<br />

RENATA GÓES FURTADO-157<br />

RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-7<br />

RICARDO FIGUEIREDO GIORI-70<br />

RISONETE MARIA OLIVEIRA MACEDO-71<br />

ROBNEI BATISTA DE BARROS-105, 106, 44<br />

RODOLFO GOMES AMADEO-145<br />

RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO-158<br />

RODRIGO BARBOSA DE BARROS-62, 63


odrigo peixoto pimentel-36<br />

RODRIGO SALES DOS SANTOS-34, 67<br />

RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-102, 107, 109, 111, 118, 120, 126, 128, 129, 41, 49<br />

ROGERIO SIMOES ALVES-32, 83<br />

RONALDO DE SOUZA GUIMARAES-7<br />

ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-76, 87, 90<br />

SAMYRA CARNEIRO PERUCHI-20<br />

SANTOS MIRANDA NETO-12<br />

SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-112<br />

SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-113<br />

SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS-131, 5<br />

SELCO DALTO-101<br />

SELMA SEGATO VIEIRA-53<br />

SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-39, 42<br />

SHIZUE SOUZA KITAGAWA-66<br />

SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-145, 15, 150<br />

SIRO DA COSTA-114, 4<br />

TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-14, 148, 18<br />

THIAGO AARÃO DE MORAES-147<br />

Thor Lincoln Nun<strong>es</strong> Grünewald-21, 22<br />

UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-1, 122, 125, 130, 19, 22, 29, 51, 53, 61, 9<br />

Valber Cruz Cereza-116, 38, 43<br />

VERA LÚCIA FÁVARES-76<br />

VILMAR LOBO ABDALAH JR.-64<br />

VINICIUS DINIZ SANTANA-150<br />

Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-57<br />

VINÍCIUS RIETH DE MORAES-99<br />

WESLEY LOUREIRO DA CUNHA-139, 140<br />

WILLIAN PEREIRA PRUCOLI-80<br />

WILLIAN SILVA SALLES-10<br />

Expediente do dia<br />

26/11/2012<br />

1ª Turma Recursal<br />

JUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

DIRETOR(a) DE SECRETARIA<br />

Nro. Boletim 2012.000195<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

1 - 0000562-04.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000562-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x EDINA MARIA FOLLI AMANCIO (ADVOGADO:<br />

JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000562-04.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: EDINA MARIA FOLLI AMANCIO<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />

DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO<br />

MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 96-101 em razão da sentença<br />

de fls. 90-94 que julgou procedente o pedido inaugural, condenando o recorrente ao pagamento do benefício de<br />

aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo mensal, com data de início (DIB) fixada na data de en<strong>tr</strong>ada do


equerimento (DER), a dizer, 18.03.2011. Sustenta a Autarquia Previdenciária, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, o não<br />

preenchimento dos requisitos legais ensejador<strong>es</strong> da conc<strong>es</strong>são do pleiteado benefício pelas seguint<strong>es</strong> razõ<strong>es</strong>: i)<br />

d<strong>es</strong>caracterização do regime de economia familiar e, via de consequência, da qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial da recorrida,<br />

por ter seu <strong>es</strong>poso laborado na função de gerente de propriedade rural en<strong>tr</strong>e os anos de 1992 e 2003, consoante por ele<br />

m<strong>es</strong>mo afirmado nos autos do proc<strong>es</strong>so nº 2011.50.53.000343-5; ii) d<strong>es</strong>continuidade do período laborativo fora dos lind<strong>es</strong><br />

permitidos pelo art. 143 da Lei nº 8.213,1991. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se<br />

improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 109-112.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o <strong>tr</strong>abalhador rural preencha o requisito<br />

referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda que<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência<br />

<strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 21.02.1956 (fl. 10) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por<br />

idade em 18.03.2011 (fl. 75), indeferido ao argumento de não ter sido comprovado o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

de carência exigido por lei.<br />

Ocorre que, para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou aos<br />

autos: 1) certidão de casamento, celebrado em 27.07.1974, em que consta a profissão do seu marido como lavrador, (fl.<br />

09); 2) <strong>es</strong>critura pública de <strong>tr</strong>ansmissão de imóvel rural, lavrada em 22.08.1974, na qual figura como adquirente seu sogro,<br />

Sr. LEOPOLDO AMANCIO, também qualificado como lavrador (fls. 15-23); 3) certidão de regis<strong>tr</strong>o emitida pelo Cartório do<br />

1º Ofício da Comarca de Aracruz/ES na qual aparece o nome do Sr. LEOPOLDO AMANCIO como proprietário do imóvel<br />

regis<strong>tr</strong>ado sob a ma<strong>tr</strong>ícula n. 410 e situado no local denominado Sertão do Gongo, Aracruz/ES (fls. 24-25); 4) Certificado de<br />

Cadas<strong>tr</strong>o de Imóvel Rural (CCIR) referente aos anos de 2003 a 2005, em que consta a informação de que o Sítio<br />

Esperança, situado em Cachoeira do Riacho, Aracruz, é um minifúndio com 1,53 módulos rurais, regis<strong>tr</strong>ado em 01.07.1976<br />

em nome de LEOPOLDO AMANCIO sob a ma<strong>tr</strong>ícula 410 no 1º Ofício (fl. 26); 5) certidão de nº 358, expedida pelo INCRA -<br />

Superintendência Regional do Estado do Espírito Santo, donde é possível aferir a informação de que LUCIENE<br />

GONÇALVES FERREIRA AMANCIO, nora da recorrida conforme documento de fl. 33, “... é assentado(a) no Projeto de<br />

Assentamento PA NOVA ESPERANÇA, localizado no(s) município(s) de ARACRUZ, inscrito(a) no Sistema de Informaçõ<strong>es</strong><br />

de Projetos de Reforma Agrária – SIPRA, sob o código ES 001000000071, onde d<strong>es</strong>envolve atividad<strong>es</strong> rurais em regime de<br />

economia familiar no lote/gleba/parcela rural n. 02 - , que lh<strong>es</strong> foi d<strong>es</strong>tinada d<strong>es</strong>de 30/10/2008, conforme Proc<strong>es</strong>so<br />

Adminis<strong>tr</strong>ativo/INCRA/ n. 54340..001543/2008-88” (grifei) (fl. 32); 6) Documento de fl. 33, intitulado “Espelho da Unidade<br />

Familiar - Identificação”, emitido em nome de LUCIENE GONÇALVES FERREIRA AMANCIO, nora da recorrida, e em cuja<br />

parte final consta a seguinte observação: “DEPENDENTE SOGRO. ANTONIO BATISTA AMANCIO CPF 577.293.877-00 E<br />

SOGRA EDNA MARIA FOLLI AMANCIO NASCDA LINARES CPF 952.341.287-68 MORAM NO PA DESDE 22/12/2006.”<br />

(sic); 7) prontuário de ambulatório, emitido pela Prefeitura Municipal de Linhar<strong>es</strong>/ES, em que foi qualificada como lavradora<br />

(fls. 43-44); 8) ficha de ma<strong>tr</strong>ícula de seu filho, na qual foi consignada sua profissão enquanto <strong>tr</strong>abalhadora braçal (fls.<br />

47-49), den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os.<br />

A certidão de casamento con<strong>tr</strong>aído em 27.07.1974, donde se ex<strong>tr</strong>ai a qualificação profissional do marido da recorrida<br />

(lavrador), constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo<br />

verbete sumular nº 6 da Turma Nacional de Uniformização -TNU.<br />

Por seu turno, as provas t<strong>es</strong>temunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência exigida, 180 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

Por oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

“DEPOIMENTO PESSOAL: nasceu em 1956; r<strong>es</strong>ide atualmente no assentamento nova <strong>es</strong>perança, em Aracruz. Está há 8<br />

anos no assentamento; r<strong>es</strong>ide ali numa casa que era de seu filho Leopoldo; o terreno <strong>es</strong>tá no nome da nora, LUCIENE<br />

FERREIRA GONÇALVES AMANCIO. Ant<strong>es</strong> de morar no assentamento morava no terreno de seu sogro, em Cachoeira do<br />

Riacho, Aracruz. A propriedade tinha meio alqueire; plantava lá (ainda tem) café, mandioca, milho e frutas. No<br />

assentamento planta café e feijão, milho, abóbora aipim. Está com 15 mil pés de café novo (com 1 ano de plantado). O<br />

marido da autora <strong>tr</strong>abalha também no assentamento.”<br />

“TESTEMUNHA MANOEL: tem 56 anos. Conhece EDINA há mais de 20 anos, de cachoeira do riacho, Aracruz. É lavrador.<br />

EDINA sempre <strong>tr</strong>abalhou na roça, plantando feijão, milho, mandioca, fazia farinha. Conhece seu marido, ANTONIO<br />

BATISTA NUNES. El<strong>es</strong> tem 6 filhos. Agora ela mora no assentamento nova <strong>es</strong>perança.”<br />

“TESTEMUNHA MARIA JOSÉ: tem 34 anos; conhece EDINA d<strong>es</strong>de 1996, quando ela <strong>tr</strong>abalhava no terreno dela e o<br />

marido dela <strong>tr</strong>abalhava no Dr. Candido (fazenda). A depoente mora no assentamento mas é p<strong>es</strong>cadora. Saía para vender<br />

peixe e encon<strong>tr</strong>ava a autora (era caminho). EDINA planta mandioca, café, coco, quiabo e tem fruiteiras no terreno. R<strong>es</strong>ide<br />

no assentamento nova <strong>es</strong>perança d<strong>es</strong>de 2003 mas continua <strong>tr</strong>abalhando no terreno del<strong>es</strong> na cachoeirinha do riacho (são<br />

uns 20 e poucos km do assentamento). No assentamento EDINA ajuda seu filho no plantio do assentamento (café,<br />

mandioca, milho, feijão, cria galinhas e porcos).”


“TESTEMUNHA EDINA BENTO: tem 34 anos; é p<strong>es</strong>cadora. Conhece EDINA MARIA há mais ou menos 15 anos, no brejo<br />

grande. EDINA MARIA <strong>tr</strong>abalhava no terreno que tinha na cachoeirinha, plantando café, mandioca, aipim. R<strong>es</strong>ide no<br />

assentamento nova <strong>es</strong>perança d<strong>es</strong>de 2003, continua <strong>tr</strong>abalhando na roça com café e lavoura branca.”<br />

Consignou, ademais, o magis<strong>tr</strong>ado sentenciante que “a Autora r<strong>es</strong>pondeu com muita segurança às perguntas feitas por Dr.<br />

Pedro Sá, Procurador do INSS, sobre plantio e colheita de milho e sobre criação de galinhas e de porcos”, o que corrobora<br />

a t<strong>es</strong>e de que recorrida <strong>es</strong>teve diretamente envolvida com o exercício de atividad<strong>es</strong> rurais, juntamente com sua família, por<br />

todo lapso temporal legalmente exigido.<br />

Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de comprovação documental de todo o período laborado<br />

na atividade rural, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova material, d<strong>es</strong>de que validada por prova t<strong>es</strong>temunhal<br />

idônea. N<strong>es</strong>se sentido, consolidada a jurisprudência do C. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da TNU. Confira-se:<br />

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVA<br />

MATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos da<br />

consolidada jurisprudência do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigida<br />

prova documental de todo o período laborado nas lid<strong>es</strong> camp<strong>es</strong>inas, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova<br />

material, d<strong>es</strong>de que corroborada por via t<strong>es</strong>temunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempo<br />

postulado quando a comprovação t<strong>es</strong>temunhal se mos<strong>tr</strong>a insuficiente para empr<strong>es</strong>tar eficácia à prova material colacionada.<br />

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Minis<strong>tr</strong>o OG FERNANDES, SEXTA<br />

TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOS<br />

IRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTE<br />

TESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de período<br />

de labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), las<strong>tr</strong>eado no início de prova material, com base em certidõ<strong>es</strong> de nascimento dos<br />

irmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova t<strong>es</strong>temunhal. 2. Acórdão da Turma Recursal<br />

reforma sentença n<strong>es</strong>sa parte, por entender que tais documentos, caracterizador<strong>es</strong> do início de prova material, só tem<br />

aptidão para comprovar a atividade rural d<strong>es</strong>sa data em diante (1973), a d<strong>es</strong>considerar, portanto, todo o período anterior<br />

então reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 d<strong>es</strong>ta Turma Nacional não exige que o início de prova material<br />

abranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e d<strong>es</strong>ta TNU assenta entendimento de que<br />

havendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se d<strong>es</strong>eja comprovar, caberá aos ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos do contexto probatório constant<strong>es</strong> dos autos, geralmente a prova t<strong>es</strong>temunhal, ampliar a sua eficácia probatória,<br />

quer para fim re<strong>tr</strong>ospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de<br />

reformar o acórdão n<strong>es</strong>sa parte, a r<strong>es</strong>taurar os termos da r. sentença. (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL<br />

PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011.)<br />

Decerto o fato de o marido da recorrida ter mantido vínculo empregatício, conforme se verifica à fl. 76, não gera, por si só,<br />

pr<strong>es</strong>unção d<strong>es</strong>favorável, porquanto o art. 143 da Lei nº 8.213/1991 contempla tanto o segurado <strong>es</strong>pecial (inciso VII do art.<br />

11) quanto o empregado rural (inciso I do art. 11), convindo recordar, a bem d<strong>es</strong>te particular, que empregado rural é “toda<br />

p<strong>es</strong>soa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, pr<strong>es</strong>ta serviços de natureza não eventual a empregador rural, sob<br />

a dependência d<strong>es</strong>te e mediante salário” (Lei nº 5.889/1973, art. 2º).<br />

Com efeito, da dicção do art. 2º da Lei nº 5.889/1973 exsurge nítido que a distinção en<strong>tr</strong>e empregado rural e urbano não<br />

r<strong>es</strong>ide no local em que <strong>es</strong>te <strong>tr</strong>abalha ou exerce a atividade, mas na natureza do empregador.<br />

Apropriada, ou<strong>tr</strong>ossim, a lembrança da orientação vertida na Súmula nº 41 da TNU, verbis: “A circunstância de um dos<br />

integrant<strong>es</strong> do núcleo familiar d<strong>es</strong>empenhar atividade urbana não implica, por si só, a d<strong>es</strong>caracterização do <strong>tr</strong>abalhador<br />

rural como segurado <strong>es</strong>pecial, condição que deve ser analisada no caso concreto.”<br />

Diante disso, forçoso concluir que o vínculo empregatício do marido da recorrida firmado com proprietário rurícola, frise-se,<br />

ainda que vi<strong>es</strong>se a ser considerado urbano, não constitui óbice ao deferimento do pretendido benefício, porquanto o fato<br />

constitutivo do direito da recorrida r<strong>es</strong>tou plenamente comprovado pelo robusto conjunto probatório existente nos autos.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

ACÓRDÃO


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

92001 - RECURSO/SENTENÇA PENAL<br />

2 - 0001610-70.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001610-9/01) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (PROCDOR: CARLOS<br />

VINICIUS SOARES CABELEIRA.) x GIANCARLO STABILE (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 0001610-70.2012.4.02.5050/01 – classe 92001<br />

RECURSO/SENTENÇA PENAL<br />

Recorrente: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL<br />

Recorrido: GIANCARLOS STABILE<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

Relatório<br />

O Ministério Público <strong>Federal</strong> interpôs Apelação (fls. 30-33), objetivando a reforma da sentença proferida nas fls. 26-28 na<br />

qual foi rejeitada a denúncia oferecida em face de GIANCARLOS STABILE qualificado na fls 03 por entender, em r<strong>es</strong>umo,<br />

não configurada a moldura do tipo previsto no art. 330 do Código Penal, na forma do art. 395, inciso III, do Código de<br />

Proc<strong>es</strong>so Penal.<br />

De início, releva <strong>tr</strong>anscrever excertos das razõ<strong>es</strong> recursais oferecidas pelo MPF in litteris:<br />

“(...) 1) A sentença deve ser anulada porque não obedeceu ao rito previsto no art. 81 da Lei nº 9099/95, que diz que a<br />

denúncia deve ser recebida em audiência, depois de dada a palavra ao defensor para r<strong>es</strong>ponder à acusação, enquanto que<br />

no pr<strong>es</strong>ente caso o MM. Juiz rejeitou a denúncia de plano, violando assim a lei federal no artigo citado. Em razão disso,<br />

requeiro seja anulada a sentença qu<strong>es</strong>tionada e determinada ao juízo de piso que marque audiência de ins<strong>tr</strong>ução e<br />

julgamento, ocasião própria para a avaliação do recebimento ou não da denúncia.<br />

2) Quanto ao mérito, observo que o caso pr<strong>es</strong>ente não se <strong>tr</strong>ata de prisão civil de depositário infiel pelo óbvio motivo de que<br />

não é uma causa civil, mas uma acusação criminal com base no código penal.<br />

3) A vedação à prisão civil não impede a existência e constitucionalidade do tipo penal de d<strong>es</strong>obediência, nem que seja a<br />

d<strong>es</strong>obediência de uma ordem judicial de penhora. A r<strong>es</strong>ponsabilidade criminal exige a prova do dolo e das elementar<strong>es</strong> do<br />

tipo penal em um proc<strong>es</strong>so com ampla def<strong>es</strong>a, depois de acusação formalizada pelo Ministério Público, e o <strong>tr</strong>ânsito em<br />

julgado da decisão. Além disso, dificilmente ocorrerá, de fato, a prisão, uma vez que há diversos mecanismo de substituição<br />

por penas r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivas de direito e multas. (Grifei)<br />

4) A vedação à prisão civil não é uma canonização, aprovação, conc<strong>es</strong>são de imunidade ou louvor à impunidade do sujeito<br />

que ignora a ordem judicial devidamente cientificada p<strong>es</strong>soalmente e que, além disso, compareceu p<strong>es</strong>soalmente em juízo<br />

e se comprometeu a cumpri-la. É uma vedação à medida de coação de prisão em proc<strong>es</strong>so civil, que não repercute na<br />

possibilidade de persecução criminal. (Grifei)<br />

5) Lembrem-se, Excelentíssimos Julgador<strong>es</strong>, que a m<strong>es</strong>ma alegação de inconstitucionalidade em razão da vedação à<br />

prisão civil foi rejeitada de forma definitiva e pacífica no caso do crime do art. 168A do Código Penal, que se refere ao não<br />

recolhimento de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> previdenciárias d<strong>es</strong>contadas dos empregados. O que é o empregador que não um<br />

depositário do dinheiro d<strong>es</strong>contado dos empregados em face da Previdência? No entanto a constitucionalidade do art. 168A<br />

foi devidamente firmada e reafirmada pelos nossos <strong>tr</strong>ibunais superior<strong>es</strong>.<br />

6) No caso pr<strong>es</strong>ente, o sujeito não foi acusado em razão de não ter pago a dívida. Bastaria ele justificar que não havia<br />

faturamento para penhorar ou apr<strong>es</strong>entar ou<strong>tr</strong>a justificativa fundamentada. Ele foi acusado porque d<strong>es</strong>obedeceu<br />

injustificadamente a ordem judicial de penhora e nem m<strong>es</strong>mo se preocupou em se reportar à autoridade emissora da ordem<br />

legítima. Por on<strong>tr</strong>o lado, se ele <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>se sendo acusado por dívida, o pagamento seria causa imediata de extinção do<br />

proc<strong>es</strong>so, o que não é possível no proc<strong>es</strong>so por crime de d<strong>es</strong>obediência.<br />

Além de tudo, não se <strong>tr</strong>ata de depositário de um carro alienado fiduciariamente que <strong>es</strong>tá sendo executado por um banco,


mas de um empregador condenado pela <strong>Justiça</strong> do Trabalho que se nega a pagar os direitos CONSTITUCIONALMENTE<br />

PROTEGIDOS de seus empregados, que tem, inclusive, CARÁTER ALIMENTÍCIO.<br />

8) Peço a Vossas Excelências que <strong>tr</strong>atem o pr<strong>es</strong>ente caso com atenção, uma vez que boa parte da efetividade dos direitos<br />

sociais do <strong>tr</strong>abalho depende de penhoras de faturamento que ficariam completamente inviabilizadas se não pud<strong>es</strong>se nem<br />

em t<strong>es</strong>e haver r<strong>es</strong>ponsabilidade criminal, já que a prisão civil não existe m<strong>es</strong>mo. (Grifei)<br />

9) A tolerância com o crime de d<strong>es</strong>obediência a ordens judiciais tanto mal tem <strong>tr</strong>azido ao sistema constitucional brasileiro<br />

em que as autoridad<strong>es</strong> públicas e os particular<strong>es</strong> não têm mais qualquer r<strong>es</strong>peito por liminar<strong>es</strong> e ordens judiciais, confiant<strong>es</strong><br />

na impunidade que conseguem na prática, em razão da ineficiência do proc<strong>es</strong>so penal. Qual não será o r<strong>es</strong>ultado se <strong>es</strong>sa<br />

impunidade prtática virar direito de d<strong>es</strong>cumprir a ordem judicial?...”<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas nas fls. 41-48, nas quais aduziu, em r<strong>es</strong>umo: (i) a atipicidade da conduta a<strong>tr</strong>ibuída ao<br />

recorrido, na linha da dou<strong>tr</strong>ina e da jurisprudência d<strong>es</strong>tacadas; (ii) a vedação constitucional à prisão por dívidas, consoante<br />

a jurisprudência colacionada; e (iii) a inadequação do tipo penal à teleologia privada da execução em causa, para assim<br />

concluir pela manutenção da sentença recorrida.<br />

Passo ao voto.<br />

I) Quanto à pretendida anulação da sentença, em virtude da inobservância do rito previsto no art. 81 da Lei nº 9.099/1995 e<br />

consequente impossibilidade de prolação de sentença; regis<strong>tr</strong>e-se, foi oferecida denúncia (fls. 03-05) e o Juiz <strong>Federal</strong> em<br />

atendimento aos critérios da informalidade, economia proc<strong>es</strong>sual e da celeridade (art. 62 da Lei nº 9.099/1995), após<br />

analisar detidamente os documentos e os elementos fáticos e jurídicos oferecidos pelo Ministério Público <strong>Federal</strong> concluiu,<br />

d<strong>es</strong>de logo, segundo seu livre convencimento adequadamente motivado e embasado, diga-se, no art. 92 da referida Lei –<br />

que autoriza expr<strong>es</strong>samente a aplicação subsidiaria do Código Penal e do Código de Proc<strong>es</strong>so Penal – no sentido da<br />

atipicidade da conduta, e da ausência de justa causa para a ação penal, na forma do art. 395, inciso III, do CPP.<br />

Frise-se, se o juiz pode e deve, caso a caso, em infraçõ<strong>es</strong> penais de maior potencial ofensivo, rejeitar liminarmente a<br />

denúncia (art. 395 do CPP), de modo algum se identifica óbice legal ou fático que o impeça – em infraçõ<strong>es</strong> de menor<br />

potencial ofensivo – uma vez constatando, d<strong>es</strong>de logo, motivadamente, a ausência de justa causa, como n<strong>es</strong>te caso.<br />

Efetivamente, considero que pensar diferentemente pelo fato de tal não ocorrer mediante audiência – sem que daí se<br />

ex<strong>tr</strong>aia a ocorrência de prejuízo para as part<strong>es</strong> (arts. 563 e 564 do CPP) – importa a primazia injustificada do formal, em<br />

de<strong>tr</strong>imento do <strong>es</strong>sencial. Portanto, não reconheço defeito na regular atuação jurisdicional em qu<strong>es</strong>tão, e voto, no ponto, pelo<br />

d<strong>es</strong>acolhimento da pretensão anulatória.<br />

.<br />

II) Quanto à qu<strong>es</strong>tão de fundo, envolvendo a atipicidade ou não da conduta, impende d<strong>es</strong>tacar que a matéria fática<br />

ensejadora da causa de pedir em primeiro grau teve origem conforme se encon<strong>tr</strong>am os atos proc<strong>es</strong>suais da <strong>Justiça</strong> do<br />

Trabalho, a seguir re<strong>tr</strong>atados:<br />

Na fl. 13 vemos o mandado de penhora de renda mensal expedido pela MM Juíza do Trabalho da 3ª Vara do Trabalho de<br />

Vitória/ES, para cons<strong>tr</strong>ição de 30% (<strong>tr</strong>inta por cento) da renda da sociedade empr<strong>es</strong>ária Mercearia Ouro Minas Ltda. – Me,<br />

até o limite mensal de R$ 1.000,00 (mil reais) para pagamento do débito no montante de R$ 14.437,15 (quatorze mil<br />

qua<strong>tr</strong>ocentos e <strong>tr</strong>inta e sete reais e quinze centavos), com atualização até 01/06/2011.<br />

Realizada a penhora (fl. 14) foi nomeado fiel depositário Giancarlo Stábile denunciado/recorrido.<br />

A penhora deu-se em 14/07/2011 e até 16/08/2011 o recorrido não efetuara o pagamento. Isso levou o MM Juiz do Trabalho<br />

a determinar as providências <strong>es</strong>tampadas na fl. 15.<br />

Em razão disso, o recorrido compareceu à Secretaria do Juízo em 22 de setembro de 2011 (fl. 17) e se comprometeu a<br />

pagar mensalmente a quantia determinada en<strong>tr</strong>e os dias 5 e 10 de cada mês.<br />

R<strong>es</strong>salte-se, o Juiz do Trabalho referiu na fl. 15 pagamento de parcela pela reclamada (fls. 156 do proc<strong>es</strong>so <strong>tr</strong>abalhista).<br />

Na fl. 20 o m<strong>es</strong>mo Juiz do Trabalho, após verificada a falta de pagamento conforme fl. 174 do proc<strong>es</strong>so original, determinou<br />

nova intimação do recorrido para efetuar o pagamento no prazo de 05 dias, das parcelas alusivas aos m<strong>es</strong><strong>es</strong> de outubro e<br />

novembro de 2011, com a cominação de possível instauração de inquérito policial com vistas à apuração da prática do<br />

crime de d<strong>es</strong>obediência previsto no art. 330 do Código Penal.<br />

Em 16 de dezembro de 2011 o recorrido foi notificado, conforme certificado na fl. 23.<br />

Esse o subs<strong>tr</strong>ato fático ensejador da denúncia.<br />

Por oportuno, o Código Penal assim dispõe sobre o crime de d<strong>es</strong>obediência, in verbis:


Art. 330. D<strong>es</strong>obedecer ordem legal de funcionário público:<br />

Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) m<strong>es</strong><strong>es</strong>, e multa.<br />

Pois bem. O intuito claro da ordem judicial acima <strong>tr</strong>anscrita – embora o recorrido tenha comparecido em juízo e se<br />

comprometido a pagar o débito, e até ter iniciado o pagamento – foi r<strong>es</strong>ponsabilizar subsidiária e casuisticamente o<br />

recorrido na <strong>es</strong>fera penal.<br />

Buscou-se conferir eficácia aos atos da execução, mediante a convolação, repita-se, casuística, da prisão civil por dívida de<br />

“depositário infiel” – ante o óbice decorrente da incorporação ao ordenamento jurídico-constitucional brasileiro, mercê do<br />

pacto de São José da Costa Rica do qual o Brasil é signatário – pela clara criminalização da conduta a<strong>tr</strong>ibuída ao recorrido<br />

(art. 330 do Código Penal), de modo a obrigá-lo à satisfação do crédito em execução.<br />

Frise-se, o tipo penal em tela, pr<strong>es</strong>supõe segundo entendimento assentado no âmbito, v.g., do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> a<br />

previsão expr<strong>es</strong>sa de sançõ<strong>es</strong> civil ou adminis<strong>tr</strong>ativa cumulada com a sanção de natureza penal .<br />

Pois bem. Da forma como se observa a dinâmica do fato re<strong>tr</strong>atado acima, não se demons<strong>tr</strong>ou o indispensável dolo<br />

consistente na não en<strong>tr</strong>ega deliberada do rendimento penhorado mediante r<strong>es</strong>istência clara ou ardil; ant<strong>es</strong>, pr<strong>es</strong>umiu-se.<br />

Demais disso, de fato a natureza da sanção proc<strong>es</strong>sual civil aplicável ao caso (arts. 600 e 601 ambos do Código de<br />

Proc<strong>es</strong>so Civil) de modo algum veicula regra cumulativa com a <strong>es</strong>fera penal. Não se pode ex<strong>tr</strong>air cumulatividade, ante a<br />

simpl<strong>es</strong> referência a sançõ<strong>es</strong> de natureza material e proc<strong>es</strong>sual constante do art. 601 do CPC.<br />

Vale aqui lembrar, por oportuno, que no proc<strong>es</strong>so nº 0002371-69.2010.4.02.5051 d<strong>es</strong>ta relatoria, houve cons<strong>tr</strong>utiva<br />

divergência inaugurada pelo voto-vista do eminente Juiz <strong>Federal</strong> Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong>, acompanhado pelo<br />

eminente Juiz <strong>Federal</strong> Bruno Du<strong>tr</strong>a, vencido o relator, versando o m<strong>es</strong>mo tipo penal de d<strong>es</strong>obediência (art. 330 do CP).<br />

D<strong>es</strong>ta feita, no entanto, colho o ensejo para realçar, r<strong>es</strong>peitosamente, que o ar<strong>es</strong>to <strong>tr</strong>anscrito no voto-vista divergente <strong>tr</strong>ata<br />

de situaçõ<strong>es</strong> fáticas com nuanc<strong>es</strong> important<strong>es</strong> diversas. No ar<strong>es</strong>to em apreço, da relatoria da Minis<strong>tr</strong>a Eliana Calmon, a<br />

p<strong>es</strong>soa incriminada claramente durante <strong>tr</strong>ês anos, pôs-se a driblar a justiça e a não pr<strong>es</strong>tar contas, conforme acentuou a<br />

Minis<strong>tr</strong>a. Enquanto que, n<strong>es</strong>te caso, embora não se tenha demons<strong>tr</strong>ado que o recorrido não quer pagar ou que <strong>es</strong>tá<br />

driblando a <strong>Justiça</strong> – vez que compareceu em juízo e até iniciou o pagamento – deliberadamente r<strong>es</strong>olveu-se contornar o<br />

óbice da supr<strong>es</strong>são da prisão civil por dívidas do ordenamento jurídico.<br />

Já em relação ao segundo ar<strong>es</strong>to <strong>tr</strong>azido no r<strong>es</strong>peitável voto-vista, da relatoria da D<strong>es</strong>embargadora <strong>Federal</strong> Maria Helena<br />

Cisne, datado de 17/04/2008, cujas premissas jurídicas – em parte – não enseja discordância, ele expr<strong>es</strong>sa entendimento<br />

anterior ao julgamento pelo Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> do RE 466343/SP, relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Cezar Peluso, em 3.12.2008,<br />

o qual levou ao cancelamento do enunciado da Súmula nº . 619 do STF. Portanto, sem embargo de entendimento em<br />

sentido con<strong>tr</strong>ário, não se aplica, ao menos por inteiro, à matéria sob exame.<br />

Regis<strong>tr</strong>e-se, ou<strong>tr</strong>ossim, que não se pode tolerar qualquer atitude comissiva ou omissiva, de não acatamento às ordens<br />

judiciais, ou que simpl<strong>es</strong>mente seja anteparo à impunidade; nem tampouco se entender que a supr<strong>es</strong>são da prisão de<br />

depositário infiel consubstancia cânone para impedir, sempre, a configuração do crime de d<strong>es</strong>obediência; no que concordo,<br />

no ponto, com o Procurador da República recorrente.<br />

Acontece que <strong>es</strong>tamos diante de qu<strong>es</strong>tão <strong>es</strong>pecífica de lege ferenda, importa dizer, o paralelismo com o tipo previsto no art.<br />

168-A do Código Penal e com o entendimento jurisprudencial d<strong>es</strong>tacado pelo MPF sobre a matéria, não se mos<strong>tr</strong>a<br />

juridicamente aceitável, basta lembrarmos que para a viabilidade da punição na forma do referido artigo em se <strong>tr</strong>atando de<br />

con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> sociais d<strong>es</strong>contadas dos empregados e não recolhidas pelo empregador, tal se deu pela Lei nº 9.983, de<br />

14.7.2000 discutida e promulgada para <strong>es</strong>pecificamente criar a figura da apropriação indébita previdenciária.<br />

E, no caso d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, por equiparação, analogia, buscou-se incriminar conduta que se quer foi objeto de apuração, p.<br />

ex.: a) se os requisitos do art. 677 do CPC foram atendidos; b) se caso fortuito ou ocorrência de força maior se verificou ou<br />

não; e c) se os elementos configurador<strong>es</strong> de depositário – tendo em conta não se ter penhorado dinheiro em depósito, mas<br />

quantias futuras sujeitas às incertezas do funcionamento da p<strong>es</strong>soa jurídica e do faturamento, se perfectibilizaram etc.<br />

Regis<strong>tr</strong>e-se, embora o Juiz do Trabalho tenha assentado em suas falas cominatórias o propósito de se instaurar inquérito<br />

policial para apurar o quadro fático d<strong>es</strong>tinado a reunir ou não, elementos configurador<strong>es</strong> do crime de d<strong>es</strong>obediência.<br />

Nou<strong>tr</strong>o vértice, há de se ter em conta, além de reiterados ar<strong>es</strong>tos do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no sentido de que quando a<br />

cominação prevista em Lei civil, proc<strong>es</strong>sual civil ou adminis<strong>tr</strong>ativa não prevê a cumulação expr<strong>es</strong>sa com reprimenda de<br />

índole penal, não se pode inferir diversamente para incriminar; o magistério que se encon<strong>tr</strong>a na Decisão proferida pela<br />

Minis<strong>tr</strong>a Cármen Lúcia (habeas corpus nº 96020/SP, julgado em 27/04/2009, Dje-082 DIVULG 05/05/2009, publicação em<br />

06/05/2009, no qual <strong>tr</strong>ata até m<strong>es</strong>mo da higidez jurídica de penhora de faturamento, e para tanto <strong>tr</strong>anscreve voto da lavra do<br />

Minis<strong>tr</strong>o Teori Albino Zavaski, in litteris:<br />

“`(...) N<strong>es</strong>te caso, ap<strong>es</strong>ar de haver ‘depositário judicial’, a penhora é sobre faturamento, o que significa dizer que não há<br />

propriamente depósito. É penhora atípica. É diferente. É comum se fazer confusão en<strong>tr</strong>e penhora de depósito em dinheiro,


em conta corrente, e penhora de faturamento. Penhora de faturamento é penhora sobre ingr<strong>es</strong>sos futuros. Assim sendo, o<br />

encargo de reter futuros ingr<strong>es</strong>sos de recursos não é o m<strong>es</strong>mo que encargo de fiel depositário, pois no momento em que há<br />

a d<strong>es</strong>ignação não existe depósito algum Concedo a ordem de habeas corpus. É o voto´”<br />

Assim colocado, independentemente de qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> relacionadas, v.g., com a regra do art. 677 do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil,<br />

com o caráter ex<strong>tr</strong>emo e excepcional da medida judicial em qu<strong>es</strong>tão, em cujos d<strong>es</strong>dobramentos, aliás, não se percebe a<br />

pr<strong>es</strong>ença de advogado etc., certo é que a matéria de fundo é de índole proc<strong>es</strong>sual civil e civil (art. 652 do Código Civil).<br />

Transmudou-se, deliberadamente, não a partir da demons<strong>tr</strong>ação de conduta típica, a não continuidade do pagamento, para<br />

a <strong>es</strong>fera penal, mediante um arranjo punitivo. Seguiu-se o intuito acusatório, diga-se, por analogia, porquanto nas<br />

circunstâncias a conduta a<strong>tr</strong>ibuída ao recorrido não atende à moldura do art. 330 do Código Penal.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, alinho-me às razõ<strong>es</strong> adotadas em primeiro grau de jurisdição, para votar no sentido do não provimento<br />

da apelação e da confirmação da r. sentença.<br />

Custas inexigíveis (art. 4º, inciso III, da Lei nº 9.289/1996).<br />

Vitória, 04 de novembro de 2012<br />

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

EMENTA<br />

APELAÇÃO. AÇÃO PENAL. DESOBEDIENCIA NÃO CONFIGURADA. ATIPICIDADE. DENÚNCIA REJEITADA.<br />

SENTENÇA CONFIRMADA. IMPROVIMENTO.<br />

Acórdão<br />

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, negar<br />

provimento à apelação, na forma da ementa que integra o julgado.<br />

Vitória, 04 de novembro de 2012<br />

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

3 - 0000308-05.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000308-0/01) PEDRO SILVA DOS SANTOS (ADVOGADO: ADENILSON<br />

VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000308-05.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São Mateus<br />

Recorrente : PEDRO SILVA DOS SANTOS<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A


RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL PREEXISTENTE AO INGRESSO NO RGPS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não <strong>es</strong>tava incapaz no<br />

momento de sua inscrição no Regime Geral da Previdência Social (RGPS), que sua incapacidade só ocorreu após o seu<br />

ingr<strong>es</strong>so no RGPS, devido ao agravamento de sua doença. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja reformada a sentença, julgando-se<br />

procedente o pedido deduzido na inicial. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se na fl. 57.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

A con<strong>tr</strong>ovérsia nos autos <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ita à preexistência da incapacidade laboral ao ingr<strong>es</strong>so no RGPS.<br />

Na análise pericial do Juízo (fls. 43-44), o recorrente (28 anos) foi examinado e diagnosticado com Lupus Eritematoso<br />

Sistêmico com poliar<strong>tr</strong>algia (qu<strong>es</strong>ito nº 02 - fl. 43), patologias que o incapacitam total e definitivamente para qualquer<br />

atividade laborativa (qu<strong>es</strong>itos nº 08 e 09 – fl. 44). Ao ser qu<strong>es</strong>tionado sobre a data de início da incapacidade, em qu<strong>es</strong>ito de<br />

nº 07 (fl. 43), asseverou o perito que o recorrente encon<strong>tr</strong>a-se incapaz d<strong>es</strong>de o ano de 2002.<br />

Da análise detida dos autos, verifica-se que o recorrente ingr<strong>es</strong>sou no RGPS em abril de 2005 (fl. 26), vertendo um total de<br />

apenas cinco con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>.<br />

Considerando que no ano de 2002 a incapacidade laborativa já <strong>es</strong>tava consolidada, r<strong>es</strong>ta patente a subsunção do pr<strong>es</strong>ente<br />

caso ao parágrafo único do art. 59 da Lei nº 8.213/1991, 1ª parte, que assim orienta: “não será devido o auxílio-doença ao<br />

segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da l<strong>es</strong>ão invocada como causa para<br />

o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progr<strong>es</strong>são ou agravamento d<strong>es</strong>sa doença ou l<strong>es</strong>ão”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício<br />

da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,<br />

mantendo-se a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

4 - 0000951-92.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000951-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x MARIA ODETE POLVERINE ELOI (ADVOGADO: SIRO<br />

DA COSTA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000951-92.2011.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: MARIA ODETE POLVERINE ELOY<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />

DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO


MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 124-130, em razão de sentença<br />

de fls. 120-122 que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade rural, com DIB fixada<br />

na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, a dizer, 25.04.2011, determinando a implementação do benefício den<strong>tr</strong>o de 30<br />

(<strong>tr</strong>inta) dias, a contar da prolação daquele decisum; condenando, ou<strong>tr</strong>ossim, a Autarquia ré ao pagamento do valor das<br />

pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas, observada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, inexistir nos<br />

autos prova suficiente do exercício de atividade rural, ao argumento de que o fato do marido da recorrida usufruir de<br />

benefício de auxílio-doença enquanto comerciário, possuir vínculos urbanos e, ainda, ter laborado como autônomo,<br />

d<strong>es</strong>caracterizariam o regime de economia familiar, implicando a perda da qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial. D<strong>es</strong>sa forma,<br />

requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 131-133.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o <strong>tr</strong>abalhador rural preencha o requisito<br />

referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda que<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência<br />

<strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 15.02.1951 (fl. 13) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por<br />

idade em 20.01.2011 (fl. 44), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

de carência exigido por lei.<br />

Ocorre que, para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou aos<br />

autos: 1) carteira do sindicato rural de Cachoeiro de Itapemirim/ES emitida em 11.12.1985 (fl. 14); 2) con<strong>tr</strong>atos de parceria<br />

agrícola datados em 06.05.2010 (no qual consta a informação de que a recorrida <strong>tr</strong>abalhou na propriedade do<br />

parceiro/outorgante com con<strong>tr</strong>ato verbal de 11.12.1985 a 31.12.2003 que, por aquele ato, <strong>tr</strong>ansformava-se em <strong>es</strong>crito) e<br />

21.07.2010, no qual figura a recorrida como parceira/outorgada (fls. 15-19); 3) certidõ<strong>es</strong> da justiça eleitoral das quais se<br />

infere sua qualificação de <strong>tr</strong>abalhadora rural (fls. 20-21); 4) ficha de <strong>tr</strong>atamento odontológico emitida pela Secretaria<br />

Municipal de Saúde de Cachoeiro de Itapemirim/ES, em que foi consignada a profissão de lavradora (fls. 22-23); 5) ficha do<br />

Sistema Único de Saúde- SUS datada em 16.08.2010, na qual aparece a informação de exercer labor rural (fl. 24); 6) ficha<br />

de cadas<strong>tr</strong>o, também com sua qualificação enquanto lavradora (fl. 25); 7) ficha da prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim/ES<br />

datada em 19.04.2007, em que a recorrida figura com a m<strong>es</strong>ma qualificação profissional (fl. 27); 8) cadas<strong>tr</strong>o de p<strong>es</strong>soa<br />

física e con<strong>tr</strong>ibuinte individual datada em 17.01.2011, na qual aparece como segurada <strong>es</strong>pecial (fl. 29); 9) <strong>es</strong>critura pública<br />

lavrada em 17.08.2004, em que consta como outorgante/vendedor EDUARDO ELOY, sogro da recorrida (fls. 30-31).<br />

A carteira do Sindicato Rural de Cachoeiro de Itapemirim/ES emitida em 11.12.1985 (fl. 14), constitui início de prova<br />

material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete sumular nº 6 da Turma<br />

Nacional de Uniformização -TNU.<br />

Por seu turno, as provas t<strong>es</strong>temunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência exigida, 150 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

Por oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

“Em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, a Parte Autora declarou que <strong>tr</strong>abalha para o Sr. Sérgio Zanelato. Relatou que recebe metade<br />

do que colhe. Disse que vende milho, feijão. Na última vez que vendeu seu feijão foi em março do ano passado e o milho no<br />

fim do ano. Informou que <strong>es</strong>te ano não colheu nada porque <strong>es</strong>tá com depr<strong>es</strong>são e foi proibida de <strong>tr</strong>abalhar. Relatou que o<br />

<strong>es</strong>poso tem mantido a casa, pois <strong>es</strong>tá com problemas de depr<strong>es</strong>são. Informou que usa o dinheiro da roça para comprar<br />

remédios, roupas. Lembrou que no ano passado vendeu cinco sacos de milho por R$ 22,00 reais cada. Vendeu também o<br />

feijão por R$ 40,00 a saca, tendo vendido 1 saca e meia. Relatou que colhe feijão e milho apenas uma vez por ano.<br />

Informou que vende ovos e galinha, que lhe ajudam na d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>a. Informou que vende cerca de 20 dúzias de ovos por mês,<br />

por R$ 4,00 cada dúzia. Afirmou que planta também mandioca. Disse que quando faz cercas, o pa<strong>tr</strong>ão lhe paga por fora.<br />

Lembrou que <strong>tr</strong>abalhou para o Sr. Jair Nascimento por um pouco mais de um ano. Em Santa Fé de Cima, <strong>tr</strong>abalhou para o<br />

Sr. Eduardo Eloi. Relatou que nunca teve ou<strong>tr</strong>a atividade além da rural.” (sic)<br />

“A t<strong>es</strong>temunha ouvida, Sr. Carlos Meneguelli declarou que conhece a autora há muito tempo e sabe que ela <strong>tr</strong>abalhou nas<br />

terras do sogro, Sr. Eduardo. Pelo que sabe, a Sra. Maria Odete <strong>tr</strong>abalhou por mais de 10 anos para o sogro. Após, sabe<br />

que a autora foi morar próximo a localidade de Castelo, e continuou <strong>tr</strong>abalhando na atividade rural. Lembrou que nas terras<br />

do sogro havia lavoura de café e autora <strong>tr</strong>abalhava com o <strong>es</strong>poso.”<br />

“A t<strong>es</strong>temunha ouvida, Sr. Antonio informou que conhece a autora da localidade de Mangueira d<strong>es</strong>de 1990, informou que<br />

n<strong>es</strong>ta época a autora <strong>tr</strong>abalhava para o sogro. Atualmente a autora continua <strong>tr</strong>abalhando na roça. Informou que conheceu o<br />

<strong>es</strong>poso da autora e sabe que ele também <strong>tr</strong>abalhava na roça.”<br />

“A t<strong>es</strong>temunha ouvida, Sra. Andréia disse que conhece a autora, pois mora perto da fazenda do Sr. Américo Zanelato e<br />

sabe que o <strong>es</strong>poso da autora é caseiro d<strong>es</strong>ta m<strong>es</strong>ma fazenda. Informou que já viu a autora <strong>tr</strong>abalhando, capinando,<br />

colhendo. Sabe que lá há milho, mandioca, feijão e há também algumas galinhas. Não sabe informar o que a autora faz<br />

com o que produz.”


Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de comprovação documental de todo o período laborado<br />

na atividade rural, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova material, d<strong>es</strong>de que validada por prova t<strong>es</strong>temunhal<br />

idônea. N<strong>es</strong>se sentido, consolidada a jurisprudência do C. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da TNU. Confira-se:<br />

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVA<br />

MATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos da<br />

consolidada jurisprudência do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigida<br />

prova documental de todo o período laborado nas lid<strong>es</strong> camp<strong>es</strong>inas, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova<br />

material, d<strong>es</strong>de que corroborada por via t<strong>es</strong>temunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempo<br />

postulado quando a comprovação t<strong>es</strong>temunhal se mos<strong>tr</strong>a insuficiente para empr<strong>es</strong>tar eficácia à prova material colacionada.<br />

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Minis<strong>tr</strong>o OG FERNANDES, SEXTA<br />

TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOS<br />

IRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTE<br />

TESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de período<br />

de labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), las<strong>tr</strong>eado no início de prova material, com base em certidõ<strong>es</strong> de nascimento dos<br />

irmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova t<strong>es</strong>temunhal. 2. Acórdão da Turma Recursal<br />

reforma sentença n<strong>es</strong>sa parte, por entender que tais documentos, caracterizador<strong>es</strong> do início de prova material, só tem<br />

aptidão para comprovar a atividade rural d<strong>es</strong>sa data em diante (1973), a d<strong>es</strong>considerar, portanto, todo o período anterior<br />

então reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 d<strong>es</strong>ta Turma Nacional não exige que o início de prova material<br />

abranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e d<strong>es</strong>ta TNU assenta entendimento de que<br />

havendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se d<strong>es</strong>eja comprovar, caberá aos ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos do contexto probatório constant<strong>es</strong> dos autos, geralmente a prova t<strong>es</strong>temunhal, ampliar a sua eficácia probatória,<br />

quer para fim re<strong>tr</strong>ospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de<br />

reformar o acórdão n<strong>es</strong>sa parte, a r<strong>es</strong>taurar os termos da r. sentença. (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL<br />

PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011.)<br />

Importa salientar que, o fato de o marido da recorrida ter d<strong>es</strong>envolvido atividade urbana nos períodos de 09.1977 a 12.1977,<br />

03.1979 a 12.1980, 03.1981 a 09.1982, 11.1982 a 01.1984, 05.2007 a 07.2010 e 03.2011 a 07.2011 (fl. 48) não prejudica a<br />

contagem do tempo de atividade rural. N<strong>es</strong>se diapasão, quadra recordar a orientação da Súmula nº 41 da TNU: “A<br />

circunstância de um dos integrant<strong>es</strong> do núcleo familiar d<strong>es</strong>empenhar atividade urbana não implica, por si só, a<br />

d<strong>es</strong>caracterização do <strong>tr</strong>abalhador rural como segurado <strong>es</strong>pecial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. Ao<br />

depois, o regime de economia familiar somente <strong>es</strong>taria d<strong>es</strong>caracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse<br />

suficiente para a manutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, inc. VII, §1º, da Lei nº<br />

8.213/1991).<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

Oportunamente, proceda a Secretaria d<strong>es</strong>ta 1ª Turma Recursal/ES à retificação da autuação, fazendo constar como parte<br />

recorrida d<strong>es</strong>te feito MARIA ODETE POLVERINE ELOY ao invés de MARIA ODETE POLVERINE ELOI.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS


5 - 0000467-44.2006.4.02.5054/01 (2006.50.54.000467-2/01) VALDEMIRA DE SOUZA NOGUEIRA (ADVOGADO:<br />

SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS, KÉZIA NICOLINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2006.50.54.000467-2/01<br />

Recorrente : VALDEMIRA DE SOUZA NOGUEIRA<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – REAQUISIÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO –<br />

PRIMEIRA CONTRIBUIÇÃO RECOLHIDA APÓS SURGIMENTO DA INCAPACIDADE – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente<br />

o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, no caso, não se<br />

(re) filiou ao INSS com a doença já d<strong>es</strong>envolvida, mas com ela em d<strong>es</strong>envolvimento, e que cumpriu o requisito do artigo 24,<br />

parágrafo único, da Lei nº 8.213/91, visto que con<strong>tr</strong>ibuiu com 1/3 das pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> nec<strong>es</strong>sárias para a obtenção do<br />

auxílio-doença, o que a fez readquirir a qualidade de segurada. Requer, assim, a reforma da sentença.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,<br />

quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por<br />

mais de 15 (quinze) dias consecutivos, não sendo devido o benefício àquele que se filiar já portador da doença ou da l<strong>es</strong>ão<br />

invocada como causa do benefício.<br />

No caso dos autos, o juiz a quo entendeu que deve incidir o parágrafo único, primeira parte, do art. 59 da Lei nº 8.213/91,<br />

pois a autora (re) filiou-se ao Regime já acometida da moléstia incapacitante, não sendo hipót<strong>es</strong>e de progr<strong>es</strong>são nem<br />

agravamento do fator incapacitante para a profissão da autora (manicure).<br />

A autora <strong>es</strong>teve vinculada ao RGPS no período de 24/04/1995 a 31/12/1995. Após <strong>es</strong>se período, há um vínculo com a<br />

empr<strong>es</strong>a Lus<strong>tr</strong>age Acabamento e Man. em Madeiras Nobr<strong>es</strong> Ltda, com início em 03/05/1999 e sem a data da c<strong>es</strong>sação<br />

(ex<strong>tr</strong>ato do CNIS – fl. 37). O INSS alega em sua cont<strong>es</strong>tação que a autora <strong>es</strong>teve vinculada até 30/05/1999. A partir da<br />

competência “03/2005” recolheu como con<strong>tr</strong>ibuinte individual (fls. 38/39), requerendo o benefício de auxílio-doença em<br />

17/10/2005.<br />

O primeiro laudo pericial (fls. 52/53) at<strong>es</strong>ta que a recorrente tem sequelas de AVC, com incapacidade total e definitiva para<br />

o <strong>tr</strong>abalho. Concluiu o perito que a incapacidade existe d<strong>es</strong>de o início de 2005. Na segunda análise pericial (fl. 92, com<br />

r<strong>es</strong>posta a qu<strong>es</strong>itos complementar<strong>es</strong> na fl. 106) ficou evidenciada a incapacidade laborativa da recorrente, em decorrência<br />

de um AVC isquêmico, com data de início em abril de 2005 (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito complementar nº. 01 do INSS, fl. 106), que<br />

acarreta a incapacidade parcial e temporária para a realização da sua atividade habitual. O perito afirmou que o período de<br />

recuperação é de 02 (dois) anos em média. Além disso, afirmou que não havia incapacidade no mês de março de 2005<br />

(qu<strong>es</strong>ito nº 03 do INSS, fl. 106).<br />

Um dos requisitos para a obtenção do auxílio-doença é o preenchimento do período de carência que corr<strong>es</strong>ponde a 12<br />

(doze) m<strong>es</strong><strong>es</strong>. Compulsando as provas existent<strong>es</strong> nos autos, verifico que a autora, ant<strong>es</strong> de sua inscrição como con<strong>tr</strong>ibuinte<br />

individual, havia recolhido 09 (nove) con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> (vínculo existente na CTPS, ex<strong>tr</strong>ato do CNIS e cont<strong>es</strong>tação). Ou seja,<br />

possuía a qualidade de segurada, mas não havia preenchido o período de carência nec<strong>es</strong>sário. Após a perda da qualidade<br />

de segurada, a recorrente voltou a con<strong>tr</strong>ibuir como con<strong>tr</strong>ibuinte individual (primeiro recolhimento em 12/04/2005 – fl. 38).<br />

Ant<strong>es</strong> do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (17/10/2005), recolheu mais 07 (sete) con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>. Alega a recorrente que con<strong>tr</strong>ibuiu<br />

(como con<strong>tr</strong>ibuinte individual) com mais de 1/3 da carência do benefício (in casu, 04 m<strong>es</strong><strong>es</strong>), o que faria com que pud<strong>es</strong>se<br />

reaproveitar as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> passadas já pagas e que, somadas, ul<strong>tr</strong>apassam a carência nec<strong>es</strong>sária.<br />

Porém, não se deve confundir o reaproveitamento de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> passadas com a reaquisição da qualidade de segurado.<br />

Para <strong>es</strong>ta última, deve ser verificada a data do recolhimento da primeira con<strong>tr</strong>ibuição sem a<strong>tr</strong>aso, o que se deu em 12 de<br />

abril de 2005 (fl. 38). O perito do Juízo (fl. 106) foi categórico ao afirmar que a pericianda <strong>es</strong>tava capaz no mês de março e<br />

incapaz no mês de abril. Assim, verifico que a recorrente recolheu sua primeira con<strong>tr</strong>ibuição já incapaz, motivo pelo qual<br />

não faz jus ao benefício pleiteado. Sendo assim, não merece reforma a sentença prolatada pelo Juízo a quo, que<br />

considerou, corretamente, que a recorrente refiliou-se ao RGPS já incapaz.<br />

Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />

Sem custas e honorários advocatícios em virtude de a recorrente fazer jus ao benefício da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E, NO MÉRITO, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

6 - 0000148-09.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000148-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ISABEL JESUS SOUZA<br />

(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000148-09.2011.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São Mateus<br />

Recorrente: ISABEL JESUS DE SOUZA<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />

DE ECONOMIA FAMILIAR NÃO CARACTERIZADO. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. RECURSO<br />

CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 42-44, em razão de sentença de fls. 37-40 que julgou<br />

improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de aposentadoria rural por idade. Sustenta a recorrente,<br />

em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que há nos autos documentos comprobatórios do exercício de atividade rural em regime de<br />

economia familiar pelo período de carência legalmente exigido. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,<br />

julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 51-66.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o <strong>tr</strong>abalhador rural preencha o requisito<br />

referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda que<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência<br />

<strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

In casu, verifica-se que a recorrente nasceu em 09.09.1948 (fl. 05) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por<br />

idade em 27.07.2010 (fl. 06), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

de carência exigido por lei.<br />

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos: 1) cópia da CTPS<br />

com o regis<strong>tr</strong>o de vínculos empregatícios enquanto rurícula, com data de admissão a partir de 18.05.2000 (fls. 07-08) e 2)<br />

certidão de óbito de seu <strong>es</strong>poso, datada em 19.05.2006, em que consta sua qualificação como lavrador/aposentado (fl. 10).<br />

A cópia da CTPS em que constam vínculos empregatícios da recorrente como rural com data de admissão a partir de<br />

18.05.2000, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada<br />

pelo verbete sumular nº 6 da Turma Nacional de Uniformização -TNU.<br />

Contudo, as provas t<strong>es</strong>temunhais colhidas em audiência não confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência exigida, 132 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº<br />

8.213/1991. Por oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

“Realizada audiência, a própria autora declarou que, d<strong>es</strong>de a aposentadoria do cônjuge, <strong>tr</strong>abalha apenas na época das<br />

safras de pimenta e macadâmia, alguns m<strong>es</strong><strong>es</strong> por ano, sendo que no r<strong>es</strong>tante do ano fica apenas em casa, provendo seu<br />

sustento com a aposentadoria do cônjuge e, a partir de 2006, com a pensão por morte.”<br />

“A primeira t<strong>es</strong>temunha declarou que conhece a autora há cerca de vinte anos e que nos períodos de safra ele <strong>tr</strong>abalha<br />

com diarista. Afirmou que a demandante <strong>tr</strong>abalha cerca de qua<strong>tr</strong>o a seis m<strong>es</strong><strong>es</strong> por ano.”<br />

“A segunda t<strong>es</strong>temunha declarou que conhece a autora há cerca de dez anos e que a demandante <strong>tr</strong>abalha na colheita de<br />

macadâmia e pimenta, cerca de qua<strong>tr</strong>o a seis m<strong>es</strong><strong>es</strong> por ano.”<br />

Sem embargo da caracterização de início de prova material, importa d<strong>es</strong>tacar que o fato de a percepção de benefício<br />

previdenciário evidenciar-se como base do sustento familiar constitui óbice à conc<strong>es</strong>são do benefício pretendido, porquanto<br />

denota que o <strong>tr</strong>abalho rural d<strong>es</strong>envolvido pela recorrente não é indispensável à manutenção do sustento da família,<br />

r<strong>es</strong>tando, pois, d<strong>es</strong>caracterizado o regime de economia familiar.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.


N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 14, na forma,<br />

r<strong>es</strong>salvado o entendimento d<strong>es</strong>te relator, do art. 12 da Lei n° 1.060/1950.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

7 - 0000417-22.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000417-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x MARIA DA PENHA MARTINS (ADVOGADO: RONALDO<br />

DE SOUZA GUIMARAES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE LABORAL ANTERIOR<br />

AO INGRESSO NO RGPS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma do voto e ementa<br />

constant<strong>es</strong> dos autos, que passam a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

8 - 0000694-67.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.000694-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x GLORIA SOUZA DO AMPARO (ADVOGADO: Hordalha<br />

Gom<strong>es</strong> Soar<strong>es</strong> Oliveira, ANA PAULA CESAR.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000694-67.2011.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: GLÓRIA SOUZA DO AMPARO<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIME<br />

DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO<br />

MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 234-243, em razão de sentença<br />

de fls. 229-232 que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade rural, com DIB fixada<br />

na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, a dizer, 08.09.2010, determinando a implementação do benefício den<strong>tr</strong>o de 30<br />

(<strong>tr</strong>inta) dias, a contar da prolação daquele decisum; condenando, ou<strong>tr</strong>ossim, a Autarquia ré ao pagamento do valor das<br />

pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas, observada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que os


documentos acostados pela recorrida não comprovam o efetivo exercício de atividade rural pelo período legalmente exigido.<br />

Argumenta, ou<strong>tr</strong>ossim, a nec<strong>es</strong>sidade de existência de início de prova material contemporânea ao tempo labor, não<br />

admitindo a legislação de regência comprovação por meio de prova exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja<br />

conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 244-255.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige que o <strong>tr</strong>abalhador rural preencha o requisito<br />

referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade rural, ainda que<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência<br />

<strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991.<br />

In casu, verifica-se que a recorrida nasceu em 15.08.1955 (fl. 23) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por<br />

idade em 08.09.2010 (fl. 21), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

de carência exigido por lei.<br />

Ocorre que, para comprovação do exercício de atividade rural pelo tempo de carência exigido por lei, a recorrida juntou aos<br />

autos: 1) carteira do sindicato dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais de Iúna e Irupi - ES, com data de filiação em 31.01.2001 (fl. 24); 2)<br />

recibos de mensalidad<strong>es</strong> do referido sindicato, relativos ao período de 01.01.2000 à 28.02.2007 e 01.03.2007 a 31.12.2008<br />

(fl. 27); 3) declaração da Secretaria Municipal de Educação de Iúna/ES datada em 05.09.2010, informando que quando da<br />

ma<strong>tr</strong>ícula de seus filhos a recorrida afirmou ser lavradora, (fl. 29); 4) atas dos r<strong>es</strong>ultados finais <strong>es</strong>colar<strong>es</strong> de seus filhos<br />

datadas em 19.12.1986, 20.12.1989, 25.01.1989, 19.12.1989, 21.12.1987, 06.01.1992, 18.02.1991, 06.01.1993, 21.12.1987<br />

e 25.01.1989, as quais at<strong>es</strong>tam a frequência em <strong>es</strong>cola de zona rural (fls. 30-47); 5) con<strong>tr</strong>ato de compra e venda, em que<br />

consta como outorgado comprador o ex-companheiro da recorrida, datado em 01.01.1997(fls. 56-57); 6) certificado de<br />

cadas<strong>tr</strong>o de imóvel rural datado em 30.12.2002, em que consta como proprietário o ex-companheiro da recorrida, (fl. 58); 7)<br />

con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola datado em 04.08.2006, em que figura como parceira/ outorgada (fls. 67-68); den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os.<br />

A declaração da Secretaria Municipal de Educação de Iúna em conjunto com a ata dos r<strong>es</strong>ultados finais <strong>es</strong>colar<strong>es</strong> da filha<br />

da recorrida com data de 19.12.1986, donde se ex<strong>tr</strong>ai a qualificação profissional da recorrida (lavradora), constituem início<br />

de prova material contemporâneo à época dos fatos e têm sua validade probatória amparada pelo verbete sumular nº 6 da<br />

Turma Nacional de Uniformização -TNU.<br />

Por seu turno, as provas t<strong>es</strong>temunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo<br />

nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência exigida, 150 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela prevista no art. 174 da Lei nº 8.213/1991.<br />

Por oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

“Em seu DEPOIMENTO PESSOAL, a parte autora relata que tem 56 anos e <strong>tr</strong>ês filhos (Luciene, Rogério e Viviane) com um<br />

companheiro, mas <strong>es</strong>tá atualmente separada. Relatou que veio do Rio de Janeiro, do bairro da Pavuna para morar na roça,<br />

porque o companheiro era de Irupi. Está separada há seis anos. Quando veio do RJ foi morar nas terras do sogro na<br />

condição de meeira. Informou que m<strong>es</strong>mo tendo se separado ainda mora nas terras do sogro. Informou que nos dias atuais<br />

<strong>tr</strong>abalha com o Sr. David há seis anos. A propriedade onde <strong>tr</strong>abalha hoje é vizinha da que <strong>tr</strong>abalhava ant<strong>es</strong> de se separar.<br />

Informou que o con<strong>tr</strong>ato com o Sr. David <strong>es</strong>tá terminando. Lembrou que na época em que era casada pegava café e<br />

capinava. Informou que o genro a ajuda a “panhar” o café e que <strong>tr</strong>oca dia com alguns vizinhos. Seu companheiro se chama<br />

Elio Tiengo, teve filhos com ele. A filha caçula, de nome Luciene, <strong>es</strong>tá com vinte e nove anos. Começou a viver com o Sr.<br />

Elio quando ainda morava no Rio de Janeiro, aproximadamente em 1976. Afirma que não tinha con<strong>tr</strong>ato com o sogro. Só<br />

tem um con<strong>tr</strong>ato a partir de 2006.”<br />

“Afirma ainda, que n<strong>es</strong>te período, não exerceu ou<strong>tr</strong>a atividade, que não fosse na roça, também não ficou doente. No ano<br />

passado, declara que colheu dezoito sacas (dividiu com o pa<strong>tr</strong>ão, ficou com quarenta por cento disto, aproximadamente<br />

oito), guardou e foi vendendo aos poucos. Acha que n<strong>es</strong>te ano vai colher mais. No ano passado, vendeu cada saca por uns<br />

R$220,00 (duzentos e vinte reais). Declara que mora sozinha, num “barraquinho” de <strong>tr</strong>ês cômodos, na propriedade do<br />

ex-sogro, bem próximo à casa da filha. Cultiva também feijão e milho para d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>a. Relata que não possui ou<strong>tr</strong>a fonte de<br />

renda. Os filhos a ajudam nas épocas de colheita. Cultiva dois mil pés de café. O genro também é <strong>tr</strong>abalhador rural, cultiva<br />

umas oito mil covas. Atualmente, não <strong>es</strong>tá pagando ao Sindicato, porque não tem dinheiro. Os remédios para hipertensão<br />

ela recebe da Prefeitura.”<br />

“O Sr. ELIO TIENGO, foi ouvido na condição de informante. É ex-marido da Autora, <strong>es</strong>tão separados há uns seis ou sete<br />

anos. Declara que a Autora mora numa casinha na propriedade que era do pai, que agora foi herdada pelo informante.<br />

Mora no m<strong>es</strong>mo terreno que a filha del<strong>es</strong>. Começaram a viver juntos no Rio de Janeiro, os <strong>tr</strong>ês filhos do casal nasceram no<br />

Rio de Janeiro. Depois, como a família do informante era do Espírito Santo, vieram morar aqui. Pelo que se lembra, quando<br />

vieram morar no ES, a filha mais nova, de vinte e nove anos, era bem pequena. Quando saíram do Rio de Janeiro, já<br />

vieram direto morar na propriedade de seus pais, o informante foi <strong>tr</strong>abalhar na propriedade como meeiro. Declara que<br />

<strong>tr</strong>abalhou com carteira assinada um tempo no Rio de Janeiro, depois teve um comércio de “secos e molhados” em Iúna, por<br />

aproximadamente um pouco mais de um ano. Afirma que <strong>es</strong>ta mercearia era na roça. Relata que a Autora não a ajudava<br />

n<strong>es</strong>te comércio, ela <strong>tr</strong>abalhava na roça. O informante declara que depois que<br />

veio para cá, não teve ou<strong>tr</strong>o <strong>tr</strong>abalho, além da roça e d<strong>es</strong>te comércio. Afirma que <strong>tr</strong>abalharam uns nove anos na<br />

propriedade de seu pai, depois o informante adquiriu um pedaço de terra.”


“A t<strong>es</strong>temunha ouvida, Sr. DAVID GONÇALVES DE MORAES, relata que tem um con<strong>tr</strong>ato de parceria com a Autora.<br />

Declara que na sua propriedade a Autora cultiva dois mil pés de café. Relata que quando a Autora fez o con<strong>tr</strong>ato, em 2006,<br />

ela já <strong>tr</strong>abalhava lá há uns dois ou <strong>tr</strong>ês anos (aproximadamente na época em que se separou do Sr. Elio). D<strong>es</strong>de que<br />

conhece a Autora, pode afirmar que ela sempre <strong>tr</strong>abalhou na roça. A t<strong>es</strong>temunha não se recorda se o companheiro da<br />

Autora, Sr. Elio, já teve uma mercearia.”<br />

Ainda que assim não fosse, não se pode olvidar a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de comprovação documental de todo o período laborado<br />

na atividade rural, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova material, d<strong>es</strong>de que validada por prova t<strong>es</strong>temunhal<br />

idônea. N<strong>es</strong>se sentido, consolidada a jurisprudência do C. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da TNU. Confira-se:<br />

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. LABOR RURAL. RECONHECIMENTO. PROVA<br />

MATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A NÃO CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. Nos termos da<br />

consolidada jurisprudência do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, para a comprovação do tempo de serviço rural, não é exigida<br />

prova documental de todo o período laborado nas lid<strong>es</strong> camp<strong>es</strong>inas, sendo suficiente a apr<strong>es</strong>entação de início de prova<br />

material, d<strong>es</strong>de que corroborada por via t<strong>es</strong>temunhal idônea. 2. Impossível o reconhecimento do labor rural pelo tempo<br />

postulado quando a comprovação t<strong>es</strong>temunhal se mos<strong>tr</strong>a insuficiente para empr<strong>es</strong>tar eficácia à prova material colacionada.<br />

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp 1180335/PR, Rel. Minis<strong>tr</strong>o OG FERNANDES, SEXTA<br />

TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 03/08/2011)” (Grifei)<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA IDADE RURAL. REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PERÍODO ANTERIOR ÀS CERTIDÕES DE NASCIMENTO DOS<br />

IRMÃOS. VALIDADE. AMPLIAÇÃO DA EFICÁCIA EM FACE DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA, ESPECIALMENTE<br />

TESTEMUNHAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Sentença reconhece a íntegra de período<br />

de labor rural (07/09/1961 a 31/12/1975), las<strong>tr</strong>eado no início de prova material, com base em certidõ<strong>es</strong> de nascimento dos<br />

irmãos da segurada, no ano de 1973, corroborada por consistente prova t<strong>es</strong>temunhal. 2. Acórdão da Turma Recursal<br />

reforma sentença n<strong>es</strong>sa parte, por entender que tais documentos, caracterizador<strong>es</strong> do início de prova material, só tem<br />

aptidão para comprovar a atividade rural d<strong>es</strong>sa data em diante (1973), a d<strong>es</strong>considerar, portanto, todo o período anterior<br />

então reconhecido (07/09/1961 a 31/12/1972). 3. Súmula 14 d<strong>es</strong>ta Turma Nacional não exige que o início de prova material<br />

abranja todo o período de carência. 4. Jurisprudência consolidada do STJ e d<strong>es</strong>ta TNU assenta entendimento de que<br />

havendo início de prova material contemporânea, no período de carência que se d<strong>es</strong>eja comprovar, caberá aos ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos do contexto probatório constant<strong>es</strong> dos autos, geralmente a prova t<strong>es</strong>temunhal, ampliar a sua eficácia probatória,<br />

quer para fim re<strong>tr</strong>ospectivo, quer para fim prospectivo. 5. Pedido de Uniformização conhecido e provido, para o fim de<br />

reformar o acórdão n<strong>es</strong>sa parte, a r<strong>es</strong>taurar os termos da r. sentença. (PEDIDO 200772600027110, JUIZ FEDERAL<br />

PAULO RICARDO ARENA FILHO, DOU 30/08/2011.)<br />

D<strong>es</strong>tarte, à luz da prova t<strong>es</strong>temunhal colhida, cotejada com os documentos carreados, tenho que faz jus a recorrida ao<br />

pleiteado benefício.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

9 - 0000263-61.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000263-3/01) VILMA MARIA DOS SANTOS (ADVOGADO: JEFFERSON R.


MOURA, JANAINA RODRIGUES LIMA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN<br />

CRUZ RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

INCAPACIDADE LABORAL – DOENÇA ANTERIOR À FILIAÇÃO AO RGPS – AUSÊNCIA DA QUALIDADE DE<br />

SEGURADO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 90/92, que julgou improcedente<br />

o seu pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, VILMA<br />

MARIA DOS SANTOS (59 anos de idade), em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de a<strong>tr</strong>ofia nas mãos e se encon<strong>tr</strong>a<br />

incapacitada para o exercício de atividade laboral; afirma a recorrente que sua incapacidade sobreveio à (nova) filiação no<br />

RGPS, por força de agravamento. Assim, requer a reforma da sentença, julgando procedente o pedido exposto na inicial. O<br />

INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado<br />

que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A recorrente requereu o benefício de auxílio-doença em 19/10/2009. Porém, teve seu pedido indeferido, sob a alegação<br />

de que não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, a incapacidade para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a<br />

sua atividade habitual (fl. 50).<br />

4. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 69/72), que a<br />

autora é portadora de <strong>es</strong>pondiloar<strong>tr</strong>ose/osteoar<strong>tr</strong>ite aos níveis da coluna vertebral, punhos, interfalang<strong>es</strong> das mãos e tíbio<br />

fibular distal <strong>es</strong>querda e que segundo relatos da parte autora, a data do início da doença ocorreu há aproximadamente<br />

cinco anos. Verifica-se, também, que a autora apr<strong>es</strong>enta invalidez permanente para o exercício de atividad<strong>es</strong> laborais.<br />

5. De acordo com o CNIS de fl. 88, verifica-se que a autora possuiu vínculo urbano até abril de 1999, voltando a con<strong>tr</strong>ibuir<br />

para a Previdência Social, como con<strong>tr</strong>ibuinte individual, em junho de 2008. Conforme relatos da autora, ao perito médico<br />

judicial, a data de início da doença ocorreu há aproximadamente cinco anos, ou seja, a perícia médica foi realizada em<br />

15/12/2010, assim, a data de início da doença ocorreu em 2005, ano em que a autora não possuía mais a qualidade de<br />

segurada. D<strong>es</strong>te modo, quando a autora voltou a con<strong>tr</strong>ibuir para a Previdência Social, em junho de 2008, já era portadora<br />

de doença incapacitante. A incapacidade laborativa é fato incon<strong>tr</strong>overso, detectado pela perícia e admitido pelo INSS. A<br />

autora-recorrente, contudo, afirma que a incapacidade sobreveio por motivo de agravamento de sua doença, fato que, se<br />

comprovado, lhe daria direito ao benefício previdenciário.<br />

5. Não obstante a obscuridade do laudo pericial quanto à data de início da incapacidade (DII), há nos autos elementos de<br />

prova indicativos de que tal incapacidade preexistia à (re)filiação da autora-recorrente no RGPS, o que ocorreu em junho de<br />

2008. Com efeito, da leitura do laudo de densitome<strong>tr</strong>ia óssea da coluna lombar de fl. 19, afirma-se que a autora possui<br />

osteoporose em face da avaliação densitomé<strong>tr</strong>ica de L1-L4; que possui déficit de massa óssea de cerca de 28%, “...<br />

encon<strong>tr</strong>ando-se a densidade óssea -2,7 d<strong>es</strong>vio-padrão abaixo da média.” Afirma-se também no referido laudo que “o risco<br />

de fratura DOBRA a cada d<strong>es</strong>vio padrão negativo.”. Este laudo foi lavrado em 26/01/2005. Analisando seu teor, afere-se<br />

que a autora recorrente sofria risco de fratura de coluna lombar elevadíssimo, se comparada com uma p<strong>es</strong>soa sem a<br />

osteoporose detectada. Visto que tal laudo de densitome<strong>tr</strong>ia foi lavrado em janeiro de 2005, r<strong>es</strong>ta evidente que a<br />

incapacidade já existia em 2008, quando a autora novamente se filiou ao RGPS.<br />

6. Vale r<strong>es</strong>saltar, quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial, produzido pelo juízo, é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS


10 - 0000700-43.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000700-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUA DE CARVALHO FREIRE<br />

(ADVOGADO: WILLIAN SILVA SALLES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ<br />

GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000700-43.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF<br />

Recorrente: LUÃ DE CARVALHO FREIRE<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. MISERABILIDADE NÃO AFERIDA EM<br />

CONCRETO, NÃO OBSTANTE ADMITIDA A FLEXIBILIZAÇÃO DO CRITÉRIO OBJETIVO DE MISERABILIDADE.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA. MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 78-79, em razão de sentença (fls. 71-72) que julgou<br />

improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do Benefício de Pr<strong>es</strong>tação Continuada - BPC previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993<br />

(Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta o recorrente, em r<strong>es</strong>umo, que o gasto com medicamentos<br />

ul<strong>tr</strong>apassa em muito a quantia lançada no relatório social, fazendo-se nec<strong>es</strong>sária a utilização nos momentos de crise de<br />

medicação excepcional além dos valor<strong>es</strong> d<strong>es</strong>pendidos com consultas médicas. Assinala que em virtude de permanecer em<br />

casa durante o todo o dia, acaba por consumir grande quantidade de alimentos, p<strong>es</strong>ando atualmente 110 kg. Ademais, que<br />

o grupo familiar possui um débito no importe de R$ 4.629,00 referente às taxas condominiais em aberto, correndo o risco de<br />

ter o imóvel penhorado em futura ação de cobrança. Assevera, ainda, que o irmão encon<strong>tr</strong>a-se pr<strong>es</strong>o no município de<br />

Guarapari e que sua genitora d<strong>es</strong>pende a cada visita quinzenal em média R$ 30,00, além de pagar ou<strong>tr</strong>os R$ 30,00 a<br />

p<strong>es</strong>soa incumbida de r<strong>es</strong>guardá-lo durante a ausência. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se<br />

procedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 95-100.<br />

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com a<br />

redação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada corr<strong>es</strong>ponde à garantia de um salário-mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa com<br />

deficiência e ao idoso com 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover a<br />

própria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família será<br />

composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os<br />

irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menor<strong>es</strong> tutelados, d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto (§1º).<br />

Consigne-se, anteriormente à alteração promovida pela Lei nº 12.435/2011 a definição de família pela LOAS <strong>es</strong>tava<br />

condicionada ao art. 16 da Lei nº 8.213/1991. Tal preceptivo elenca como dependent<strong>es</strong> do segurado: (i) o cônjuge, a<br />

companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; e<br />

(ii) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido.<br />

Por sua vez, na <strong>es</strong>teira do novel § 2º, in<strong>tr</strong>oduzido pela Lei nº 12.470/2011 e ex<strong>tr</strong>aído mutatis mutandis da Convenção sobre<br />

Direitos das P<strong>es</strong>soas com Deficiência da Organização das Naçõ<strong>es</strong> Unidas - ONU , considera-se p<strong>es</strong>soa com deficiência<br />

aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação<br />

com diversas barreiras, podem obs<strong>tr</strong>uir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõ<strong>es</strong> com as<br />

demais p<strong>es</strong>soas; e, na forma do §3º, incapaz de prover a manutenção da p<strong>es</strong>soa com deficiência ou idosa a família cuja<br />

renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo.<br />

Inter<strong>es</strong>sante regis<strong>tr</strong>ar, n<strong>es</strong>sa linha, a supr<strong>es</strong>são da expr<strong>es</strong>são “para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho”, ínsita no extinto<br />

inciso II do §2º do art. 20 . Com efeito, doravante considera-se impedimento de longo prazo, para os fins do parágrafo 2º,<br />

acima epigrafado, apenas aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos (§ 10), r<strong>es</strong>tando, à evidência,<br />

revogado o requisito da dupla incapacidade.<br />

A bem de ver, a revogação da dupla incapacidade veio ao encon<strong>tr</strong>o da jurisprudência sumulada da Turma Nacional de<br />

Uniformização - TNU assente em que: “para os efeitos do art. 20, §2º, da Lei nº 8.742, de 1993, incapacidade para a vida<br />

independente não é só aquela que impede as atividad<strong>es</strong> mais elementar<strong>es</strong> da p<strong>es</strong>soa, mas também a impossibilita de<br />

prover ao próprio sustento” (verbete nº 29), sub<strong>tr</strong>aindo da ordem jurídica a tênue linha que ex<strong>tr</strong>emava aquela primeira da<br />

incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Importa realçar, arrematando a parte in<strong>tr</strong>odutória da exposição, que nenhum óbice se coloca à aplicação das inovaçõ<strong>es</strong><br />

<strong>tr</strong>azidas pelas Leis nº 12.435/2011 e nº 12.470/2011 aos casos em que o requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo é anterior à sua<br />

en<strong>tr</strong>ada em vigor, d<strong>es</strong>de que mais benéficas à parte requerente e modulados, em abono do princípio tempus regit actum, os<br />

efeitos financeiros da condenação para a data da publicação das r<strong>es</strong>pectivas Leis, 7.7.2011 ou 1.9.2011, na ordem,<br />

conforme se tenham por implementados os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial com supedâneo em uma


ou ou<strong>tr</strong>a.<br />

Lançadas as premissas, regis<strong>tr</strong>e-se, a con<strong>tr</strong>ovérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita,<br />

<strong>es</strong>pecificamente se é possível ou não a flexibilização do critério objetivo de aferição.<br />

Ant<strong>es</strong> de ingr<strong>es</strong>sar na análise de mérito, propriamente dita, convém explicitar – para a correta figuração da situação fática<br />

relacionada com a causa de pedir recursal –, aspectos referent<strong>es</strong> ao histórico clínico e ao perfil profissigráfico do recorrente.<br />

Consoante a análise pericial de fls. 42-44 <strong>es</strong>te foi diagnosticado com Esquizofrenia (CIC-101-F20), apr<strong>es</strong>entando sinais e<br />

sintomas de alucinaçõ<strong>es</strong> visuais e delírios persecutórios d<strong>es</strong>de o ano de 2010. O juízo crítico e a percepção da realidade<br />

<strong>es</strong>tão comprometidos de maneira definitiva. Apr<strong>es</strong>enta-se incapaz de diferenciar o ou<strong>tr</strong>o de si m<strong>es</strong>mo. A doença é incurável<br />

e de prognóstico r<strong>es</strong>ervado. Os medicamentos atualmente disponíveis apenas amenizam o quadro clínico da doença<br />

mental que o acomete. Regis<strong>tr</strong>e-se, ademais, atualmente o recorrente conta com 24 anos de idade, tendo exercido a<br />

profissão de embalador (atualmente d<strong>es</strong>empregado).<br />

De par com isso, cabe sumariar o teor do relatório social de fls. 48-55. No que tange à composição familiar, consta da<br />

r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito “b” (fl. 52) que o recorrente (24 anos) r<strong>es</strong>ide com a mãe, Sra. Maria Guiomar Galdino de Carvalho, com<br />

64 anos de idade à época da feitura do relatório (10.7.2012). Por sua vez, segundo a r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº “d” (fl. 52),<br />

tem-se que a renda familiar advém dos proventos de aposentadoria da genitora, no importe de R$ 1.463,00 (um mil<br />

qua<strong>tr</strong>ocentos e s<strong>es</strong>senta e <strong>tr</strong>ês reais).<br />

As d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as totalizam R$ 603,96 (seiscentos e <strong>tr</strong>ês reais e noventa e seis centavos), dis<strong>tr</strong>ibuídos en<strong>tr</strong>e medicação de uso<br />

contínuo, consultas e cuidados médicos (fl. 53).<br />

Averbe-se, ou<strong>tr</strong>ossim, o apartamento onde r<strong>es</strong>ide a família é próprio (pertencente à genitora), com padrõ<strong>es</strong> simpl<strong>es</strong>, de<br />

alvenaria, composto por qua<strong>tr</strong>o cômodos (dois quartos, uma sala e uma cozinha acoplada à área de serviço) e um banheiro.<br />

O piso é de cerâmica e o teto de laje cimentada; observou-se que as janelas do imóvel – feitas em madeira – apr<strong>es</strong>entam<br />

deteriorização com risco de d<strong>es</strong>abamento (fl. 53). Ademais, a família não é assistida por nenhum programa assistencial do<br />

governo.<br />

Como se vê, do cotejo en<strong>tr</strong>e o montante da renda familiar (R$ 1.463,00) e a composição legal da família (recorrente e mãe)<br />

r<strong>es</strong>ulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo (renda<br />

per capita = R$ 731,00; ¼ do salário mínimo = R$ 155,5).<br />

D<strong>es</strong>cortina-se no horizonte do recorrente, en<strong>tr</strong>etanto, a possibilidade de aferição da miserabilidade à conta de ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos referent<strong>es</strong> à situação econômico-financeira do beneficiário, à exceção de gastos (i) com aquisição de<br />

medicamentos ou consultas médicas, porquanto fornecidos pelo Sistema Único de Saúde – SUS, importante mecanismo de<br />

promoção da equidade no atendimento das nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> de saúde da população e (ii) que provenham das nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong><br />

básicas do dia-a-dia, como energia elé<strong>tr</strong>ica, gás de cozinha e alimentos, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os, pois que carecem da nec<strong>es</strong>sária<br />

uniformidade.<br />

Sabe-se, n<strong>es</strong>sa linha, que a Terceira Seção do egrégio Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, por ocasião do julgamento do REsp<br />

1.112.557/MG pelo rito dos recursos repetitivos, assentou o entendimento de que “a limitação do valor da renda per capita<br />

familiar não deve ser considerada a única forma de se comprovar que a p<strong>es</strong>soa não possui ou<strong>tr</strong>os meios para prover a<br />

própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a nec<strong>es</strong>sidade,<br />

ou seja, pr<strong>es</strong>ume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a ¼ do<br />

salário-mínimo”.<br />

Vale <strong>tr</strong>anscrever a ementa do julgado. Verbis:<br />

“RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 105, III, ALÍNEA C DA CF. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO<br />

ASSISTENCIAL. POSSIBILIADE DE DEMONSTRAÇÃO DA CONDIÇÃO DE MISERABILIADE DO BENEFICIÁRIO POR<br />

OUTROS MEIOS DE PROVA, QUANDO A RENDA PER CAPITA DO NÚCLEO FAMILIAR FOR SUPERIOR A ¼ DO<br />

SALÁRIO MÍNIMO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.<br />

A CF/88 prevê em seu art. 203, caput e inciso V a garantia de um salário mínimo de benefício mensal, independente de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição à Seguridade Social, à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de<br />

prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.<br />

Regulamentado o comando constitucional, a Lei 8.742/93, alterada pela Lei 9.720/98, dispõe que será devida a conc<strong>es</strong>são<br />

de benefício assistencial aos idosos e às p<strong>es</strong>soas portadoras de deficiência que não possuam meios de prover à própria<br />

manutenção, ou cuja família possua renda mensal per capita inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo.<br />

O egrégio Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, já declarou, por maioria de votos, a constitucionalidade d<strong>es</strong>sa limitação legal relativa<br />

ao requisito econômico, no julgamento da ADI 1.232/DF (Rel. para o acórdão Min. NELSON JOBIM, DJU 1.6.2001).<br />

En<strong>tr</strong>etanto, diante do compromisso constitucional com a dignidade da p<strong>es</strong>soa humana, <strong>es</strong>pecialmente no que se refere à<br />

garantia das condiçõ<strong>es</strong> básicas de subsistência física, <strong>es</strong>se dispositivo deve ser interpretado de modo a amparar<br />

irr<strong>es</strong><strong>tr</strong>itamente ao cidadão social e economicamente vulnerável.<br />

A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada a única forma de se comprovar que a p<strong>es</strong>soa<br />

não possui ou<strong>tr</strong>os meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento<br />

objetivo para se aferir a nec<strong>es</strong>sidade, ou seja, pr<strong>es</strong>ume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per<br />

capita inferior a ¼ do salário-mínimo.


Além disso, em âmbito judicial vige o princípio do livre convencimento motivado do Juiz (art. 131 do CPC) e não o sistema<br />

de tarifação legal de provas, motivo pelo qual <strong>es</strong>sa limitação do valor da renda familiar per capita não deve ser tida como<br />

único meio de prova da condição de miserabilidade do beneficiário. De fato, não se pode admitir a vinculação do magis<strong>tr</strong>ado<br />

a determinado elemento probatório, sob pena de cercear o seu direito de julgar.<br />

Recurso Especial provido.”<br />

N<strong>es</strong>se m<strong>es</strong>mo rumo, o verbete nº 11 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização – TNU:<br />

“A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo não impede a conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

assistencial previsto no art. 20, §3º da Lei nº 8.742 de 1993, d<strong>es</strong>de que comprovada, por ou<strong>tr</strong>os meios, a miserabilidade do<br />

postulante.”<br />

Assim, ainda que a renda per capita familiar mensal per capita seja superior a ¼ do salário mínimo, apr<strong>es</strong>enta-se possível a<br />

aferição da condição de hipossuficiência econômica por ou<strong>tr</strong>os meios.<br />

No caso em apreço, o recorrente alega que o relatório social não re<strong>tr</strong>ata fielmente todos os gastos usualmente d<strong>es</strong>pendidos<br />

com medicamentos, os quais são ilus<strong>tr</strong>ados no quadro a seguir:<br />

Haldoldecanoato<br />

R$ 95,70<br />

Fernegan (3 caixas)<br />

R$ 35,40<br />

Clorpromazina (3 caixas)<br />

R$ 14,40<br />

Biperideno (3 caixas)<br />

R$ 112,25<br />

Aldol (2 caixas)<br />

R$ 16,40<br />

Diazepan (3 caixas)<br />

R$ 25,50<br />

Viverdal (3 caixas)<br />

R$ 79,74<br />

E, ademais, as seguint<strong>es</strong> d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as:<br />

R$ 95,00 e R$ 50,00<br />

Medicação excepcional e consultas, se crise<br />

R$ 500,00<br />

Alimentação<br />

R$ 90,00<br />

Gás de cozinha<br />

R$ 327,96<br />

Condomínio<br />

R$ 4.629,00<br />

Débito para com o condomínio<br />

R$ 60<br />

Gastos decorrent<strong>es</strong> de visita a familiar pr<strong>es</strong>o<br />

As alegadas d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as totalizam em média R$ 1.357,35 (um mil, <strong>tr</strong>ezentos e cinqüenta e sete reais e <strong>tr</strong>inta e cinco<br />

centavos). Verifica-se, contudo, à luz do que já exposto, a impossibilidade de dedução de tais valor<strong>es</strong> da renda familiar, pelo<br />

que não preenchido o requisito referente à renda mínima, nos termos do item nº 14 d<strong>es</strong>te julgado.


Tenha-se pr<strong>es</strong>ente que a caracterização do <strong>es</strong>tado de pobreza não configura, por si só e nec<strong>es</strong>sariamente, causa eficiente<br />

de incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza” e “miserabilidade” são situaçõ<strong>es</strong> distintas.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas ou condenação em honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong>.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

11 - 0001043-38.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001043-6/01) DIVINO JOSE DA SILVA (ADVOGADO: PAULA GHIDETTI<br />

NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE<br />

COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0001043-38.2009.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São Mateus<br />

Recorrente : DIVINO JOSE DA SILVA<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERDA DA<br />

QUALIDADE DE SEGURADO. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que há nos autos laudos médicos que comprovam a existência de incapacidade d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação<br />

do benefício. Alega que não há de se falar em perda da qualidade de segurado, pois na época em que o benefício foi<br />

c<strong>es</strong>sado indevidamente, mantinha a qualidade de segurado, devendo o benefício ser r<strong>es</strong>tabelecido. Aduz, ainda, pelo<br />

recebimento de danos morais, uma vez que o fato de não poder <strong>tr</strong>abalhar acarreta grav<strong>es</strong> privaçõ<strong>es</strong> na sua vida. D<strong>es</strong>sa<br />

forma, requer seja reformada a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong><br />

encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 55-58.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

aludido diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou<br />

não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que<br />

lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da capacidade laboral da recorrente já que constatado o não preenchimento da qualidade de<br />

segurado.<br />

Com efeito, de acordo com o art. 15, II, da Lei nº 8.213/1991 perde a qualidade de segurado o <strong>tr</strong>abalhador que deixa de<br />

con<strong>tr</strong>ibuir para o sistema previdenciário após 12 m<strong>es</strong><strong>es</strong> da c<strong>es</strong>sação das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>.<br />

Compulsando os autos, verifico que o benefício foi c<strong>es</strong>sado em 23.08.2006 (fl. 35) e o recorrente requereu


adminis<strong>tr</strong>ativamente o auxílio-doença na data de 06.08.2009 (fl. 08), época em que não mais ostentava a qualidade de<br />

segurado.<br />

A par do que já foi exposto, ap<strong>es</strong>ar de at<strong>es</strong>tar a existência de incapacidade total e definitiva para o labor habitual, o laudo<br />

pericial (fls. 38-40) não foi apto a aferir a data de início da incapacidade (qu<strong>es</strong>ito nº 06 - fl. 39). Contudo, o laudo referiu que<br />

os documentos de fls. 10/18 “... confirmam a incapacidade par suas atividad<strong>es</strong> laborativas.” (fl. 39, n. 10).<br />

Os documentos de fls. 10/18 são laudos e exam<strong>es</strong>; apenas <strong>tr</strong>ês del<strong>es</strong> referem a períodos posterior<strong>es</strong> à data da c<strong>es</strong>sação<br />

do benefício (23/08/06) e anterior<strong>es</strong> à data da en<strong>tr</strong>ada do novo requerimento (agosto de 2009); <strong>tr</strong>atam-se: (i) do at<strong>es</strong>tado de<br />

fls. 17/18, lavrado em 21/02/08, que, contudo, é in<strong>es</strong>pecífico à r<strong>es</strong>peito da incapacidade laborativa; (ii) dos at<strong>es</strong>tados de fls.<br />

10 e 11, de abril e junho de 2009, que, embora indiquem a incapacidade laboral, re<strong>tr</strong>ocedem apenas qua<strong>tr</strong>o m<strong>es</strong><strong>es</strong> ant<strong>es</strong> da<br />

data da en<strong>tr</strong>ada do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo; e, portanto, não são hábeis a excluir a conclusão a que chegou o Juízo a<br />

quo, qual seja, a de que o autor perdera a qualidade de segurado.<br />

Quanto à correção da condenação em danos morais pela c<strong>es</strong>sação do auxílio-doença, obviamente que não assiste razão<br />

ao recorrente. Com efeito, convém não confundir a c<strong>es</strong>sação abrupta e injustificada do benefício com aquela decorrente do<br />

exercício regular do direito-dever de fiscalização e auditoria, em que o segurado é submetido periodicamente a exam<strong>es</strong><br />

médico-periciais. Somente naquela primeira hipót<strong>es</strong>e é que, eventualmente, pode ser devida a fixação de condenação em<br />

danos morais.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

10. Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do<br />

benefício da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,<br />

mantendo-se a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

12 - 0006215-30.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006215-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CESAR ROSA PASSOS<br />

(ADVOGADO: SANTOS MIRANDA NETO, MARILENE NICOLAU.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0006215-30.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de Vitória<br />

Recorrente: CESAR ROSA PASSOS<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 52-58, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença ou conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. Sustenta o<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que os laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos comprovam sua incapacidade total e definitiva para o<br />

labor. Assevera que, além de ser portador de sequela de poliomielite no membro inferior direito, teve seu quadro de saúde<br />

agravado por um acidente vascular cerebral- AVC sofrido no ano de 2007. Aduz que, a d<strong>es</strong>peito de seu labor não exigir<br />

<strong>es</strong>forço físico, requer muita atenção, o que se mos<strong>tr</strong>a inviabilizado pelas fort<strong>es</strong> e contínuas dor<strong>es</strong> sentidas ao permanecer<br />

muito tempo sentado. Argumenta que a Constituição da República tem por fundamento a promoção do bem <strong>es</strong>tar de todos<br />

sem qualquer forma de discriminação, além de assegurar o r<strong>es</strong>peito à dignidade da p<strong>es</strong>soa humana (art. 1º, inciso III, da<br />

CR). Invoca, ou<strong>tr</strong>ossim, o art. 196 da Carta Magna que preconiza ser a saúde direito de todos e dever do Estado, bem como<br />

o art. 201, que disciplina a previdência social. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a<br />

sentença, concedendo-lhe o benefício de auxílio-doença previdenciário.


Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa do<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 26-29), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia, o recorrente (56 anos) foi<br />

examinado e diagnosticado com sequela de poliomielite em membro inferior direito (qu<strong>es</strong>ito nº 01), patologia de origem<br />

infecciosa que, en<strong>tr</strong>etanto, não o incapacita para sua atividade habitual de contador (qu<strong>es</strong>itos nº 07, 08 e 09). Em suas<br />

conclusõ<strong>es</strong> de fl. 28, consignou o perito que, em relação ao acidente vascular cerebral (AVC) não foi verificada sequela.<br />

At<strong>es</strong>tou que o autor tem boa mobilidade dos membros superior e inferior sem alteraçõ<strong>es</strong> neurológicas ou de força.<br />

Informou, ainda, que o periciado pode ter apr<strong>es</strong>entado ataque isquêmico <strong>tr</strong>ansitório que recuperou sem sequelas. Por fim,<br />

asseverou que o recorrente encon<strong>tr</strong>a-se totalmente apto para o labor habitual, uma vez que realiza sua atividade sentado e<br />

sem <strong>es</strong>forço físico.<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Por derradeiro, cabe r<strong>es</strong>saltar que a dor não pode ser cientificamente comprovada, motivo pelo qual, em casos como <strong>es</strong>te,<br />

a incapacidade pode ser avaliada com base em regra de pr<strong>es</strong>unção. En<strong>tr</strong>etanto, inexistem elementos de prova nos autos<br />

dos quais se possa inferir a severidade do quadro clínico at<strong>es</strong>tado.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 18, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

13 - 0004009-98.2007.4.02.5001/01 (2007.50.01.004009-4/01) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFES<br />

(PROCDOR: HELEN FREITAS DE SOUZA JUDICE.) x MARIA IGNEZ PFISTER (ADVOGADO: MILA VALLADO FRAGA,<br />

JERIZE TERCIANO ALMEIDA.) x LAURA DA SILVA FERREIRA x OS MESMOS.<br />

E M E N T A<br />

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO – REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA DE MAGISTÉRIO – INSERÇÃO DE<br />

NOVA CLASSE – AUSÊNCIA DE DECRÉSCIMO REMUNERATÓRIO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO DA UFES<br />

CONHECIDO E PROVIDO. RECURSO DAS AUTORAS CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recursos inominados, interpostos por LAURA DA SILVA FERREIRA, MARIA IGNÊZ PFISTER e


UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, em face da sentença de fls. 109/117, que julgou parcialmente<br />

procedente os pedidos iniciais, para determinar à UFES que se abstiv<strong>es</strong>se de exigir das autoras a reposição de parcelas<br />

por elas recebidas indevidamente.<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, a UFES alega que os valor<strong>es</strong> recebidos indevidamente pelas autoras já teriam sido<br />

d<strong>es</strong>contados e, por isso, não haveria possibilidade de cumprimento da antecipação de tutela determinada na sentença.<br />

Aduz, ainda, que o direito brasileiro obriga à devolução de valor<strong>es</strong> recebidos de maneira indevida, independentemente da<br />

boa ou má-fé. As autoras apr<strong>es</strong>entaram con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso da UFES, pedindo o cumprimento da tutela antecipada, a<br />

fim de que a ré devolva os valor<strong>es</strong> já d<strong>es</strong>contados, por terem sido recebidos de boa-fé.<br />

3. Já as autoras, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, aduzem que a criação de uma nova classe na carreira do magistério pela Lei nº<br />

11.344/06, <strong>tr</strong>ouxe prejuízo imediato aos aposentados no cálculo da rubrica decorrente do art. 192 da Lei nº 8.112/90, visto<br />

que <strong>es</strong>tão excluídas da possibilidade de ascensão à nova classe. Alegam, ainda, que a aposentadoria constitui ato jurídico<br />

perfeito e, portanto, imune a inovaçõ<strong>es</strong> legislativas, além de que o ato da Adminis<strong>tr</strong>ação foi tomado sem oportunidade de<br />

def<strong>es</strong>a às autoras. Aduzem que houve violação ao princípio isonômico, tendo em vista que os aposentados não <strong>es</strong>tariam<br />

recebendo os aumentos no vencimento básico e demais parcelas, diferentemente dos prof<strong>es</strong>sor<strong>es</strong> da ativa. A UFES<br />

apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

4. As autoras são prof<strong>es</strong>soras aposentadas pela UFES. Seus proventos são acr<strong>es</strong>cidos da vantagem anteriormente prevista<br />

no art. 192, da Lei nº 8.112/90, que garantia, quando da aposentadoria, o recebimento de uma diferença de vencimentos da<br />

classe imediatamente superior ou a inferior, caso o servidor se encon<strong>tr</strong>asse no topo da carreira. A sentença a quo<br />

antecipou, em parte, os efeitos da tutela para determinar à UFES que se abstiv<strong>es</strong>se de exigir das autoras a reposição das<br />

parcelas por elas recebidas. Observa-se, porém, que as notificaçõ<strong>es</strong> de r<strong>es</strong>sarcimento ao Erário ocorreram em 28/09/2006<br />

(fls. 77 e 80), sendo que em março e abril de 2007 as parcelas foram d<strong>es</strong>contadas das autoras (fls. 134 e 139). A ação,<br />

en<strong>tr</strong>etanto, foi ajuizada apenas em 18/04/2007, quando os d<strong>es</strong>contos já haviam sido realizados. Não obstante, a parte<br />

dispositiva da sentença determinou também a r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong>, caso o d<strong>es</strong>conto já houv<strong>es</strong>se sido realizado (o que de<br />

fato ocorreu).<br />

5. Quanto ao recurso das autoras, deve-se analisar, primeiramente, que não houve mudança no ato de aposentação. O<br />

direito à vantagem do art. 192, da Lei nº 8.112/90, permaneceu incólume. A Adminis<strong>tr</strong>ação Pública apenas adequou a<br />

situação jurídica das autoras à norma superveniente. Além disso, não há qualquer prejuízo n<strong>es</strong>ta alteração de class<strong>es</strong><br />

<strong>tr</strong>azida pela lei, porquanto não gerou dec<strong>es</strong>so remuneratório, sendo, por tal motivo, d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sário abrir oportunidade para o<br />

con<strong>tr</strong>aditório e a ampla def<strong>es</strong>a. Convém assinalar, conforme entendimento predominante, que o servidor público não<br />

adquire direito a determinado regime jurídico, inclusive no que tange à forma de cálculo de remuneração, ou percentual de<br />

gratificação, d<strong>es</strong>de que observado a regra da irredutibilidade de vencimentos. N<strong>es</strong>se sentido:<br />

EMENTA: DIREITOS CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. ESTABILIDADE FINANCEIRA. MODIFICAÇÃO DE<br />

FORMA DE CÁLCULO DA REMUNERAÇÃO. OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL DA IRREDUTIBILIDADE DA<br />

REMUNERAÇÃO: AUSÊNCIA. JURISPRUDÊNCIA. LEI COMPLEMENTAR N. 203/2001 DO ESTADO DO RIO GRANDE<br />

DO NORTE: CONSTITUCIONALIDADE. 1. O Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> pacificou a sua jurisprudência sobre a<br />

constitucionalidade do instituto da <strong>es</strong>tabilidade financeira e sobre a ausência de direito adquirido a regime jurídico. 2. N<strong>es</strong>ta<br />

linha, a Lei Complementar n. 203/2001, do Estado do Rio Grande do Norte, no ponto que alterou a forma de cálculo de<br />

gratificaçõ<strong>es</strong> e, conseqüentemente, a composição da remuneração de servidor<strong>es</strong> públicos, não ofende a Constituição da<br />

República de 1988, por dar cumprimento ao princípio da irredutibilidade da remuneração. 3. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário ao qual<br />

se nega provimento. (STF. RE 563965, Minis<strong>tr</strong>a Carmen Lúcia)<br />

6. Não merece prosperar, também, o argumento de violação ao princípio da isonomia. A regra de paridade não é absoluta,<br />

já que a extensão aos inativos das melhorias da remuneração concedidas aos servidor<strong>es</strong> em atividade não implica a<br />

nec<strong>es</strong>sidade de paridade en<strong>tr</strong>e proventos e vencimentos, pois nos últimos é permitido incluir vantagens pecuniárias que, por<br />

sua natureza, só podem ser a<strong>tr</strong>ibuídas aos servidor<strong>es</strong> que se encon<strong>tr</strong>am em atividade. Ademais, não é lícito ao Poder<br />

Judiciário, que não exerce função legislativa, conceder aumentos sob a justificativa da isonomia, conforme entendimento<br />

abaixo declinado:<br />

“ADMINISTRATIVO. SERVIDORES. URP. 26,05%. CÁLCULO. REESTRUTURAÇÃO DA CARREIRA. CONTRADITÓRIO.<br />

AMPLA DEFESA. DECADÊNCIA. COISA JULGADA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. No caso dos autos, o SIAPE não<br />

suprimiu a parcela paga, nem efetuou redução re<strong>tr</strong>oativa aos planos de carreira implementados no ano de 2001/2002<br />

(re<strong>es</strong><strong>tr</strong>uturaçõ<strong>es</strong> de cargos dos servidor<strong>es</strong> técnico-adminis<strong>tr</strong>ativos das instituiçõ<strong>es</strong> federais de ensino decorrente da MP nº<br />

2.150-39, reeditada até a MP n.º 2.229-43, de 06/09/2001 e, posteriormente, pela Lei n.º 10.302/2001; e dos prof<strong>es</strong>sor<strong>es</strong> de<br />

1º, 2º e 3º graus de instituição federal de ensino, advinda da Lei nº 10.405, de 10/01/2002), ele apenas evitou que houv<strong>es</strong>se<br />

novo reajuste ilegal, decorrente da incidência do percentual de 26,05% sobre os novos patamar<strong>es</strong> remuneratórios<br />

in<strong>tr</strong>oduzidos no ano de 2006 (por força da MP 295, de 29/05/2006, convertida na Lei 11.344, de 08/09/2006, que operou a<br />

re<strong>es</strong><strong>tr</strong>uturação da carreira de Magistério de Ensino Superior de Instituiçõ<strong>es</strong> Federais de Ensino e pela Lei 11.091/2005,<br />

atinente ao novo plano de carreira dos técnicos adminis<strong>tr</strong>ativos). 2. Não há nec<strong>es</strong>sidade de garantir o con<strong>tr</strong>aditório e ampla<br />

def<strong>es</strong>a aos servidor<strong>es</strong>. A Adminis<strong>tr</strong>ação apenas impediu a incidência de 26,05% sobre os novos patamar<strong>es</strong> remuneratórios<br />

in<strong>tr</strong>oduzidos no ano de 2006, visto que consubstanciaria nova ilegalidade, ou seja, não ocorreu decréscimo remuneratório.<br />

Também não é o caso de que se cogite de decadência, pois não houve anulação de ato adminis<strong>tr</strong>ativo, nem revisão de<br />

valor<strong>es</strong>, mas tão somente adequação da forma de cálculo no SIAPE, a fim de que os pagamentos futuros da vantagem não<br />

incidissem sobre os novos vencimentos. 3. Como não ocorreu supr<strong>es</strong>são da parcela ou redução re<strong>tr</strong>oativa aos planos de<br />

carreira de 2001/2002, é irrelevante a alegação de ofensa à coisa julgada formada nos Mandados de Segurança referidos<br />

nos autos (2001.71.01.001282-2 e 2001.71.01.001283-4, fls. 237/242 e 257/262), que d<strong>es</strong>tinaram-se a evitar a supr<strong>es</strong>são


da vantagem no ano de 2001. 4. Ao alterar a forma de cálculo da URP no SIAPE, tomando por base o valor da parcela em<br />

junho/2006, a atuação da Adminis<strong>tr</strong>ação significou mero cumprimento do princípio da legalidade, bem como não atingiu<br />

qualquer garantia constitucional ou legal dos servidor<strong>es</strong> substituídos. (AC 200671010051540, MARGA INGE BARTH<br />

TESSLER, TRF4 - QUARTA TURMA, D.E. 22/03/2010.)<br />

7. O Recurso da UFES merece ser provido. Com efeito, no que refere à r<strong>es</strong>tituição de valor<strong>es</strong> pagos indevidamente a<br />

servidor<strong>es</strong> públicos, o STF acr<strong>es</strong>centou ou<strong>tr</strong>os requisitos além da boa fé para que a reposição ao erário não seja<br />

obrigatória. O TRF da 2ª Região, analisando caso idêntico ao que ora me deparo, reputou válida a nec<strong>es</strong>sidade de<br />

reposição ao erário, visto que inexistia dúvida plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no<br />

momento da edição do ato que autorizou o pagamento do valor impugnado. Eis o teor da ementa:<br />

REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO. DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO.<br />

VANTAGEM DO ART. 192, LEI 8.112/90. MANUTENÇÃO DA FORMA DO CÁCULO COM BASE NA REMUNERAÇÃO DE<br />

PROFESSOR TITULAR. AUSÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. REPOSIÇÃO AO ERÁRIO. BOA FÉ<br />

INSUFICIENTE. PROVI MENTO. 1. Trata-se de rem<strong>es</strong>sa nec<strong>es</strong>sária e apelação interposta con<strong>tr</strong>a sentença que concedeu a<br />

segurança pleiteada pelos impe<strong>tr</strong>ant<strong>es</strong>. Est<strong>es</strong>, servidor<strong>es</strong> públicos aposentados, pretendiam a manutenção do pagamento<br />

da vantagem prevista no art. 192, da Lei nº 8.112/90, com base na diferença de remuneração en<strong>tr</strong>e as class<strong>es</strong> de prof<strong>es</strong>sor<br />

adjunto e titular, abs<strong>tr</strong>aindo-se a nova classe de prof<strong>es</strong>sor associado instituída pela Lei nº 11.344/2006, bem como que seja<br />

sustado qualquer d<strong>es</strong>conto de seus proventos, a título de reposição ao erário. 2. Os apelados pretendem, em verdade, a<br />

manutenção da forma de cálculo de seus proventos, ou seja, que continuem sendo calculados com base na remuneração<br />

percebida pelo prof<strong>es</strong>sor titular, que era, à época de suas aposentadorias, a classe imediatamente superior àquela em que<br />

se encon<strong>tr</strong>avam posicionados. 3. Tal pretensão encon<strong>tr</strong>a óbice no princípio de que o servidor não possui direito adquirido a<br />

regime jurídico, sendo-lhe garantido, tão somente, a irredutibilidade de seus vencimentos. Sendo assim, diante da<br />

modificação in<strong>tr</strong>oduzida pela MP nº 295/06, correta a Adminis<strong>tr</strong>ação ao adequar a situação dos apelados à novel legislação,<br />

diante do princípio da legalidade. 4. Não há re<strong>tr</strong>oatividade da lei, ou afronta ao princípio da segurança jurídica. As<br />

aposentadorias dos apelados não foram abaladas, nem seus proventos. Modificou-se apenas a base de cálculo,<br />

adotando-se como parâme<strong>tr</strong>o o novo cargo criado pela MP acima referida. 5. A hipót<strong>es</strong>e não comportava instauração de<br />

procedimento adminis<strong>tr</strong>ativo, eis que se revelava evidente e claro o equívoco no cálculo dos proventos dos apelados.<br />

Assim, <strong>tr</strong>atava-se apenas de verificar a correção (objetiva) dos valor<strong>es</strong> a partir dos referenciais normativos aplicáveis à<br />

<strong>es</strong>pécie. 6. O Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> acr<strong>es</strong>centou ou<strong>tr</strong>os requisitos além da boa fé para que a reposição ao erário não<br />

seja obrigatória, in verbis: “ii] ausência, por parte do servidor, de influência ou interferência para a conc<strong>es</strong>são da vantagem<br />

impugnada; iii] existência de dúvida plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no momento<br />

da edição do ato que autorizou o pagamento da vantagem impugnada; iv] interpretação razoável, embora errônea, da lei<br />

pela Adminis<strong>tr</strong>ação." 7. No caso em tela, ainda que haja boa-fé dos apelados, falta-lh<strong>es</strong> o terceiro requisito acima elencado,<br />

qual seja, existência de dúvida plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no momento da<br />

edição do ato que autorizou o pagamento do valor impugnado. O que ocorreu foi mero equívoco da Adminis<strong>tr</strong>ação, ou seja,<br />

o ato adminis<strong>tr</strong>ativo era inválido e, com tal, passível de anulação. 8. Rem<strong>es</strong>sa nec<strong>es</strong>sária e apelação providas.<br />

Proc<strong>es</strong>so AMS 200650010121260. AMS - APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA – 72678. Relator D<strong>es</strong>embargador<br />

<strong>Federal</strong> GUILHERME CALMON NOGUEIRA DA GAMA Sigla do órgão TRF2 Órgão julgador SEXTA TURMA<br />

ESPECIALIZADA Fonte E-DJF2R - Data::03/12/2010 - Página::243/244)<br />

8. Den<strong>tr</strong>o do contexto acima exposto, reputo válido o procedimento adotado pela UFES, no sentido de apurar os valor<strong>es</strong><br />

pagos a maior e efetivar os correlatos d<strong>es</strong>contos nos vencimentos das autoras.<br />

9. Recurso das autoras conhecido e improvido. Recurso da UFES conhecido e provido, determinando-se a reforma na<br />

sentença no que refere à determinação de que a UFES proced<strong>es</strong>se à r<strong>es</strong>tituição de valor<strong>es</strong> eventualmente d<strong>es</strong>contados e<br />

se abstiv<strong>es</strong>se de proceder a d<strong>es</strong>contos de valor<strong>es</strong> pagos a maior. Por conseqüência, revoga-se a antecipação de tutela e<br />

julga-se improcedente o pedido.<br />

10. Custas ex lege. Condenação de cada autora ao pagamento de R$ 200,00 (duzentos reais) a título de honorários<br />

advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DAS AUTORAS, bem como<br />

CONHECER E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA UFES, na forma da ementa constante dos autos, que passa a<br />

integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

14 - 0002611-27.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002611-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOELMA DA SILVA MIRANDA<br />

(ADVOGADO: LUCÉLIA GONÇALVES DE REZENDE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).


Proc<strong>es</strong>so n.º 0002611-27.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de Vitória<br />

Recorrente: JOELMA DA SILVA MIRANDA<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 89-92, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a moléstia da qual padece a incapacita total e definitivamente para o labor. Aduz que foi<br />

prejudicada quando da realização da perícia médica oficial por não ter fornecido exame de TC do Crânio solicitado pelo<br />

expert, não possuindo, todavia, condiçõ<strong>es</strong> financeiras para arcar com os custos do referido exame. Com base nisso, requer<br />

seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, concedendo-lhe o benefício de aposentadoria por invalidez.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 96-99.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 74-75), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia e <strong>tr</strong>aumatologia, a<br />

recorrente (31 anos) foi examinada, não sendo, todavia, diagnosticada qualquer patologia (qu<strong>es</strong>ito nº 01). Consignou o<br />

expert que durante o exame pericial não se evidenciaram sinais e sintomas de l<strong>es</strong>ão osteomuscular incapacitante.<br />

Constatou que a recorrente foi submetida à cirurgia para <strong>tr</strong>atamento de l<strong>es</strong>ão no ombro direito, apr<strong>es</strong>entando cura conforme<br />

at<strong>es</strong>tam os exam<strong>es</strong> pós-operatórios (qu<strong>es</strong>ito nº 02). Informou que a emissão de seu parecer pr<strong>es</strong>cinde da realização de<br />

exame complementar (qu<strong>es</strong>ito nº 06). N<strong>es</strong>se quadrante, concluiu pela plena capacidade laborativa (qu<strong>es</strong>itos nº 09 e 14).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 69, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente


15 - 0005906-43.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005906-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) REGINA LUCIA HOLZ<br />

(ADVOGADO: DIMAS PINTO VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE<br />

LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0005906-43.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° de JEF Vitória<br />

Recorrente: REGINA LUCIA HOLZ<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 54-62, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.<br />

Sustenta a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que o magis<strong>tr</strong>ado sentenciante baseou-se apenas e tão somente no laudo pericial para<br />

formar seu convencimento, d<strong>es</strong>prezando prova <strong>es</strong>sencial consubstanciada nos laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos, os<br />

quais at<strong>es</strong>tam a incapacidade total e definitiva para o labor. Aduz que percebera auxílio-doença previdenciário por<br />

aproximadamente 03 (<strong>tr</strong>ês) anos, o qual foi c<strong>es</strong>sado pela autarquia previdenciária, muito embora subsistisse a incapacidade<br />

laborativa. Assevera, por fim, correr o risco de agravamento de sua doença caso compelida a retornar ao <strong>tr</strong>abalho. Com<br />

base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 66-69.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 34-35), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia, a recorrente (57 anos) foi<br />

examinada e diagnosticada com dor na região lombar, tendo sido submetida a ar<strong>tr</strong>od<strong>es</strong>e da coluna lombar para <strong>tr</strong>atamento<br />

de <strong>es</strong>pondilolist<strong>es</strong>e lombar. Trata-se de patologia de ordem degenerativa que, no entanto, não a incapacita para o exercício<br />

de sua atividade habitual de costureira (qu<strong>es</strong>itos n°s 07, 08 e 09). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as característic as da doença,<br />

asseverou o expert que a periciada apr<strong>es</strong>entou limitação na flexão da coluna lombar, com t<strong>es</strong>te de lasegue negativo, t<strong>es</strong>te<br />

de SLR normal e marcha normal (qu<strong>es</strong>ito n° 02). Sobr e as limitaçõ<strong>es</strong> funcionais que impediriam o d<strong>es</strong>empenho da atividade<br />

habitual, informou que a recorrente não pode carregar p<strong>es</strong>o, inexistindo óbice à realização de <strong>tr</strong>abalho sentada (qu<strong>es</strong>ito n°<br />

11). Quanto à eventual nec<strong>es</strong>sidade de adaptaçõ<strong>es</strong> no posto de <strong>tr</strong>abalho, elucidou que conquanto não tenha sido verificada<br />

incapacidade, a realização de intervalos e mudanças de posição podem ajudar a periciada a apr<strong>es</strong>entar melhor<br />

d<strong>es</strong>empenho (qu<strong>es</strong>ito n° 15).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 29, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade


Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

16 - 0008144-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008144-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDUARDO BRANDÃO DOS<br />

SANTOS (ADVOGADO: LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0008144-64.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de Vitória<br />

Recorrente: EDUARDO BRANDÃO DOS SANTOS<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 94-100, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez. Sustenta o<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que os laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos at<strong>es</strong>tam de forma inequívoca sua incapacidade total e<br />

definitiva para o labor. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se<br />

procedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na inicial. Eventualmente, requer a realização de nova perícia médica dada a divergência<br />

existente en<strong>tr</strong>e o laudo oficial e os laudos particular<strong>es</strong>.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 104-107.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa do<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 79-81), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de cardiologia, o recorrente (53 anos) foi<br />

examinado e diagnosticado com doença coronária crônica, com Infarto Agudo do Miocárdio – IAM em setembro de 2010 e<br />

Angioplastia Transluminal Coronária – ATC em circunflexa e diagonal (qu<strong>es</strong>ito n° 01). Trata-se de patol ogia de origem<br />

multifatorial com component<strong>es</strong> hereditários comportamentais e etários que, no entanto, não incapacita para o exercício da<br />

atividade habitual de motorista (qu<strong>es</strong>itos n°s 07, 0 8 e 09). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as características da doença, <strong>es</strong>clareceu o<br />

perito que a “insuficiência coronariana é uma deficiência na irrigação miocárdica ocasionada pela diminuição da luz ou<br />

diâme<strong>tr</strong>o interno de uma ou mais artérias coronárias. O proc<strong>es</strong>so de diminuição do diâme<strong>tr</strong>o interno de uma artéria<br />

coronária ocorre principalmente devido ao depósito de col<strong>es</strong>terol na camada média da artéria [...] Implica sempre em<br />

doença grave que se não <strong>tr</strong>atada pode evoluir para infarto agudo do miocárdio” (qu<strong>es</strong>ito n° 02). Quanto à possibilidade de<br />

agravamento da doença em virtude do d<strong>es</strong>empenho da atividade habitual, asseverou que não há risco de agravamento,<br />

pois além da doença <strong>es</strong>tar con<strong>tr</strong>olada, a profissão de motorista não exige capacidade cardiopulmonar otimizada (qu<strong>es</strong>ito n°<br />

10). No que concerne às limitaçõ<strong>es</strong> funcionais no d<strong>es</strong>empenho da atividade habitual, afirmou que o recorrente pode subir e<br />

d<strong>es</strong>cer <strong>es</strong>cadas, mas não deve carregar p<strong>es</strong>o (qu<strong>es</strong>ito n° 11).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 73, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa


que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

17 - 0000348-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000348-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x SELMO RAMALHETE MAGRI (ADVOGADO:<br />

JOSE CARLOS BENINCA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000348-85.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de Vitória<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrido: SELMO RAMALHETE MAGRI<br />

Relator:Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS<br />

LEGAIS NÃO PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Serviço Social – INSS às fls. 79-82, em razão da sentença<br />

que julgou parcialmente procedente os pedidos deduzidos na inicial, condenando o INSS a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de<br />

auxílio-doença NB 124.001.147-1 d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação, a dizer 22.11.2011, e a convertê-lo em aposentadoria por invalidez<br />

com DIB em 09.04.2012. Sustenta o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a perícia judicial concluiu pela incapacidade parcial e<br />

definitiva, razão pela qual não faz jus o recorrido ao benefício de aposentadoria por invalidez. Aduz, ou<strong>tr</strong>ossim, que se<br />

afigura precoce concluir pela insuscetibilidade de reabilitação do recorrido por inexistência de atividade compatível na região<br />

onde r<strong>es</strong>ide. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se<br />

improcedente a pretensão autoral.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurado e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. Assim, a qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce diz com a<br />

natureza e extensão da incapacidade laboral.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fl. 40), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de gas<strong>tr</strong>oenterologia, o recorrido (33 anos) foi<br />

examinado e diagnosticado com diabet<strong>es</strong> tipo II, insulino dependente, cica<strong>tr</strong>iz abdominal com grande herniação supra<br />

umbilical, perda parcial de tecido da parede abdominal, patologia de origem adquirida que o incapacita para sua atividade<br />

habitual de lavrador (qu<strong>es</strong>itos nºs 07, 08 e 09). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as características da doença, r<strong>es</strong>pondeu o expert que o<br />

paciente era alcoolista; apr<strong>es</strong>entou quadro de pancreatite aguda necro hemorrágica em 10.01.2011; foi operado no<br />

HUCAM, apr<strong>es</strong>entando fístula <strong>es</strong>tercoral que levou à colocação de uma colostomia, a qual permaneceu até 2011 quando foi<br />

feita cirurgia para recons<strong>tr</strong>ução do cólon (qu<strong>es</strong>ito nº 02). Asseverou que o periciado não possui condiçõ<strong>es</strong> de <strong>tr</strong>abalhar<br />

como lavrador por <strong>es</strong>tar impedido de pegar p<strong>es</strong>o, dada a fragilidade de sua parede abdominal (qu<strong>es</strong>itos nºs 09 e 16).<br />

Quanto à possibilidade de reabilitação, informou que o periciado pode perfeitamente ser reabilitado para funçõ<strong>es</strong> como a de<br />

vigilante, porteiro, balconista, vendedor de jornal etc (qu<strong>es</strong>itos nºs 15 e 17). Concluiu, assim, pela incapacidade parcial e<br />

definitiva.<br />

N<strong>es</strong>se contexto, o magis<strong>tr</strong>ado prolator da sentença, no alvi<strong>tr</strong>e de que o recorrido não <strong>es</strong>tá obrigado a migrar da sua região<br />

para buscar emprego e que dificilmente conseguirá d<strong>es</strong>empenhar algum tipo de atividade que lhe garanta sustento den<strong>tr</strong>o<br />

de sua limitação física e profissional, entendeu que se <strong>tr</strong>ata, em verdade, de incapacidade total e definitiva, concedendo o<br />

benefício da aposentadoria por invalidez.<br />

Todavia, em que p<strong>es</strong>em os bem lançados argumentos, merece parcial reforma a sentença recorrida.<br />

Preconiza a Súmula nº 47 da Turma Nacional de Uniformização – TNU que “uma vez reconhecida a incapacidade parcial<br />

para o <strong>tr</strong>abalho, o juiz deve analisar as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais e sociais do segurado para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por<br />

invalidez”.<br />

N<strong>es</strong>se viés, considerando notadamente que o recorrido encon<strong>tr</strong>a-se com apenas 33 anos de idade, não se afigura prudente<br />

ou razoável d<strong>es</strong>cartar a priori a possibilidade de recolocação profissional, r<strong>es</strong>peitadas as limitaçõ<strong>es</strong> diagnosticadas pelo<br />

perito e o contexto social do segurado, sendo m<strong>es</strong>mo prematura a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez.<br />

Oportuno repisar que a ordem social tem como base o primado do <strong>tr</strong>abalho (Constituição da República, art. 193) e que a<br />

pr<strong>es</strong>tação previdenciária concedida em primeiro grau somente deve ser paga quando efetivamente devida, sob pena de<br />

vilipendiar-se o equilíbrio do sistema financeiro e atuarial do sistema previdenciário.<br />

D<strong>es</strong>se modo, mais adequada ao caso é a conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença até a reabilitação do<br />

segurado, devendo ser excluída da condenação a aposentadoria por invalidez.<br />

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para reformar a sentença, excluindo a condenação do INSS a<br />

promover a implantação do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, permanecendo incólume o comando de<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento de auxílio-doença d<strong>es</strong>de 22.11.2011, até a reabilitação do segurado.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em


vista o disposto no art. 55 da Lei nº 8.213/1991.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar total provimento, na forma da<br />

ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

18 - 0000237-04.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000237-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROZIMAR MARIA DA SILVA<br />

ANDRADE (ADVOGADO: JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />

INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000237-04.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de Vitória<br />

Recorrente: ROZIMAR MARIA DA SILVA ANDRADE<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator:Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA<br />

RECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 81-90, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.<br />

Sustenta a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que o magis<strong>tr</strong>ado sentenciante baseou-se apenas e tão somente no laudo pericial para<br />

formar seu convencimento, d<strong>es</strong>prezando prova <strong>es</strong>sencial consubstanciada nos laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos, os<br />

quais at<strong>es</strong>tam a incapacidade total e definitiva para o labor. Pugna sejam levados em consideração o histórico clínico e<br />

suas condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedent<strong>es</strong> os pedidos<br />

deduzidos na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 94-99.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 34-35), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia e <strong>tr</strong>aumatologia, a<br />

recorrente (49 anos) foi examinada, não sendo, todavia, diagnosticada patologia do ponto de vista ortopédico (qu<strong>es</strong>ito n°<br />

01). Consignou o expert que durante o exame pericial a recorrente apr<strong>es</strong>entou-se assintomática, com exame físico e<br />

radiológicos normais (qu<strong>es</strong>itos n° 02 e 09). Conclui u, pois, pela plena capacidade laborativa (qu<strong>es</strong>itos nº 09 e 14).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Por derradeiro, no caso vertente, as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da recorrente (idade, condição social, grau de ins<strong>tr</strong>ução, etc.), em<br />

cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não são aptas a infirmar a conclusão jurisdicional adotada.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 61, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

19 - 0000487-62.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000487-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JOEL JOSÉ RODRIGUES FRANKOVIAKY.<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000487-62.2011.4.02.5053/01– Juízo de Origem: 1ª VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrido: JOEL JOSÉ RODRIGUES FRANKOVIAKY<br />

Relator:Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL VERIFICADA. LAUDO<br />

PERICIAL FAVORÁVEL. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Serviço Social – INSS às fls. 56-58, em razão de sentença<br />

que julgou procedente o pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento de auxílio-doença previdenciário (NB 531.439.541-6), d<strong>es</strong>de a data de<br />

sua c<strong>es</strong>sação, a dizer 31.03.2011, fixando-se como DIP a data de prolação da sentença. Sustenta a Autarquia<br />

Previdenciária, em sínt<strong>es</strong>e, que a perícia judicial concluiu pela capacidade laborativa com r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong>, o que não se equipara<br />

à incapacidade laboral, razão pela qual não faz jus o recorrido ao postulado benefício. Pugna sejam considerados os laudos<br />

médicos emitidos pelos peritos do INSS, os quais at<strong>es</strong>tam a existência de capacidade laborativa em momento posterior ao<br />

da c<strong>es</strong>sação do benefício. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença,<br />

julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

A condição de segurado e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce diz com a<br />

existência ou não de incapacidade laboral.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 31-34), realizado por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia, o recorrido (57 anos) foi<br />

examinado e diagnosticado com sequela de fratura em perna direita, l<strong>es</strong>ão de origem <strong>tr</strong>aumática que o incapacita para o<br />

exercício de sua atividade habitual de <strong>tr</strong>abalhador rural/meeiro (qu<strong>es</strong>itos do INSS n°s 02 e 06). Qu<strong>es</strong>ti onado sobre a relação<br />

en<strong>tr</strong>e a patologia e o constatado impedimento para o labor, consignou o perito que há incapacidade para o exercício de<br />

qualquer atividade que demande <strong>es</strong>forço físico, sobrecarga na perna direita e deambulação constante (qu<strong>es</strong>ito do Juízo 04,<br />

alínea “d”). Quanto à possibilidade de reabilitação, asseverou que o recorrido pode exercer qualquer função que não exija<br />

<strong>es</strong>forço físico, nem sobrecarga intensa em perna direita (qu<strong>es</strong>ito do INSS n° 12). Concluiu, pois, pela existência de<br />

incapacidade parcial e definitiva (qu<strong>es</strong>ito do Juízo n° 04, alínea “b”).<br />

Em qu<strong>es</strong>itos complementar<strong>es</strong> (fl. 45), repisou o expert que em decorrência da fratura experimentada, o recorrido apr<strong>es</strong>enta<br />

incapacidade parcial e definitiva para atividad<strong>es</strong> com <strong>es</strong>forços intensos e constant<strong>es</strong> nas pernas. Esclareceu, por oportuno,<br />

que o periciado pode exercer den<strong>tr</strong>o de sua atividade habitual qualquer tarefa que não demande <strong>es</strong>forços intensos na perna<br />

direita ou m<strong>es</strong>mo ser habilitado para ou<strong>tr</strong>a função.<br />

Ora, ainda que se admita que o recorrido <strong>es</strong>teja apto para exercer tarefas que não demandem <strong>es</strong>forço físico, não se pode<br />

d<strong>es</strong>curar que a atividade rural a que ele se dedica não comporta tal possibilidade. Não é possível ao lavrador <strong>es</strong>colher<br />

executar apenas tarefas lev<strong>es</strong>. Ao con<strong>tr</strong>ário, o labor na lavoura exige vigor físico, demandando a realização movimentos<br />

incompatíveis com a limitação física apr<strong>es</strong>entada pelo recorrido.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, há que se ter em mente que a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho é requisito que deve ser analisado à luz dos<br />

princípios basilar<strong>es</strong> que norteiam a Constituição da República, como o da dignidade da p<strong>es</strong>soa humana, da justiça social e<br />

da redução das d<strong>es</strong>igualdad<strong>es</strong>, e, igualmente, sob a ótica da proteção ao direito fundamental à saúde (CF, art. 6º).<br />

Assim, considerando a limitação funcional apontada pelo perito, consistente impossibilidade de realização de <strong>es</strong>forço físico<br />

intenso, sobrecarga na perna direita e deambulação constante, tenho que o recorrido encon<strong>tr</strong>a-se, de fato, incapacitado<br />

para o ofício de meeiro, o qual, saliente-se, demanda <strong>es</strong>forço físico intenso e permanência por longos períodos em pé.<br />

Por derradeiro, calha gizar que, padecendo da referida limitação, o recorrido dificilmente atingirá a média dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong><br />

da sua categoria profissional sem o sacrifício da <strong>es</strong>tabilidade do seu quadro clínico. Por irradiação do princípio da dignidade<br />

da p<strong>es</strong>soa humana (CR, inc. III do art. 1º) e do direito fundamental à saúde (CR, art. 6º) deve, pois, ser reconhecida a<br />

incapacidade laboral parcial e definitiva no pr<strong>es</strong>ente caso.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

20 - 0004836-88.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004836-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LECIRA DE CASTRO SOUZA<br />

SALLES (ADVOGADO: SAMYRA CARNEIRO PERUCHI, KAMILA MEIRELLES PAULO, FRANCELINO JOSÉ<br />

HENRIQUES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO<br />

JUNQUEIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0004836-88.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de Vitória<br />

Recorrente: LECIRA DE CASTRO SOUZA SALLES<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 149-157, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido<br />

de r<strong>es</strong>tabelecimento de benefício previdenciário de auxílio-doença, bem como o de indenização a título de dano moral.<br />

Sustenta a recorrente, em r<strong>es</strong>umo, a “nulidade” do laudo pericial, porquanto omisso e genérico em muitos pontos. Aduz<br />

ainda, que os laudos e ou<strong>tr</strong>os documentos médicos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados (fls. 21, 22,23, 24 e 31), at<strong>es</strong>tam de forma<br />

inequívoca que sua incapacidade laboral se <strong>es</strong>tendera por período superior àquele da fruição do auxílio-doença concedido<br />

no período de 06/11/2008 a 31/12/2008 (NB 534.555.306.-4). Assim, requer o conhecimento e o provimento do recurso,<br />

anulando-se a sentença para reabrir a ins<strong>tr</strong>ução proc<strong>es</strong>sual e, subsidiariamente, a reforma da sentença, julgando-se<br />

procedente o pedido inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 165-167.<br />

Sobre a matéria preceitua o art. 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991 que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual<br />

por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

D<strong>es</strong>cabe pronunciamento acerca da condição de segurada e do período de carência, porquanto não con<strong>tr</strong>overtidos <strong>es</strong>s<strong>es</strong><br />

pontos, além de o proc<strong>es</strong>so demons<strong>tr</strong>ar o recebimento de benefício pela recorrente contemporâneo à causa de pedir<br />

recursal.<br />

A recorrente cen<strong>tr</strong>a sua irr<strong>es</strong>ignação na alegada deficiência das r<strong>es</strong>postas constant<strong>es</strong> do laudo médico pericial judicial (fl.<br />

106), por entender viciado, porquanto omisso em alguns pontos e genérico, o que indica a ausência de análise cuidadosa e<br />

pormenorizada da matéria fática.<br />

Em 13/11/2012, ontem, recebi o Advogado da recorrente portando memoriais os quais enfatizam as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> até aqui<br />

delineadas, em prol das razõ<strong>es</strong> da recorrente. Pois bem. Vemos que a perícia foi realizada por médico da <strong>es</strong>pecialidade<br />

ortopedia. Vale dizer, exatamente a área da patologia ostentada na causa. Por seu turno, a recorrente (com 38 anos) de<br />

idade foi examinada e diagnosticada com l<strong>es</strong>ão de menisco medial e l<strong>es</strong>ão condral femoral medial II no joelho <strong>es</strong>querdo; e<br />

assim, submetida a <strong>tr</strong>atamento cirúrgico ar<strong>tr</strong>oscópico em 09.09.2008 (qu<strong>es</strong>ito do Juízo nº 01). O perito consignou que a<br />

patologia é degenerativa, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacita para suas atividad<strong>es</strong> habituais de auxiliar adminis<strong>tr</strong>ativa (qu<strong>es</strong>itos do<br />

Juízo nºs 09 e 11). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as características da doença, asseverou o perito que as l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> podem provocar<br />

incapacidade temporária para realizar atividad<strong>es</strong> vigorosas com o joelho <strong>es</strong>querdo, mas que isso impede, todavia, que se<br />

<strong>tr</strong>abalhe sentado ou com pouca locomoção, pouco tempo após o procedimento cirúrgico, e que, na maioria dos casos tal<br />

l<strong>es</strong>ão não impede o exercício de cargos burocráticos. (qu<strong>es</strong>ito do Juízo nº 04).<br />

Em laudo complementar (fl. 129), afirmou que o grau de seriedade da cirurgia é pequeno (qu<strong>es</strong>ito da parte autora nº 01) e<br />

que o tempo médio de recuperação após o procedimento cirúrgico é en<strong>tr</strong>e 15 a 30 dias, podendo, após <strong>es</strong>se prazo, a<br />

periciada realizar todas as suas atividad<strong>es</strong> (qu<strong>es</strong>itos da recorrente nºs 02 e 07).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. No caso em apreço, após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo<br />

entende que o material probatório acostado – não obstante a ênfase da irr<strong>es</strong>ignação da recorrente – <strong>es</strong>ta não se apr<strong>es</strong>enta<br />

apta a infirmar a análise e as conclusõ<strong>es</strong> da perícia judicial <strong>es</strong>pecializada, produzidos em duas oportunidad<strong>es</strong> (fls. 106 e<br />

129) – aí incluídos qu<strong>es</strong>itos <strong>es</strong>pecíficos formulados pela recorrente.<br />

Com efeito, a causa de pedir recursal assenta-se, como sói acontecer, na contingência etiológica <strong>es</strong>pecífica, da qual possa<br />

se inferir a pr<strong>es</strong>ença de incapacidade temporária ou definitiva para o <strong>tr</strong>abalho. Este o núcleo con<strong>tr</strong>oversial. Para dirimi-lo,<br />

em matéria previdenciária (art. 12, § 2º, da Lei nº 10.259/2001) o juiz poderá determinar a realização de exame técnico, do<br />

que intimará as part<strong>es</strong>, tanto para <strong>es</strong>tas apr<strong>es</strong>entarem qu<strong>es</strong>itos, quanto para indicarem assistent<strong>es</strong>.<br />

No caso em julgamento, ao exame compareceu o assistente técnico do INSS (fl. 106), enquanto que a recorrente não se<br />

utilizou d<strong>es</strong>sa faculdade.


11. N<strong>es</strong>se diapasão, oportuno lembrar entendimento sufragado no âmbito d<strong>es</strong>ta Turma Recursal, no sentido de que: “o<br />

médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar<br />

(<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais<br />

indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por<br />

isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.”<br />

(Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011 por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz<br />

<strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

12. Já a alegativa da recorrente acerca da prevalência, in casu, da documentação médica particular apr<strong>es</strong>entada, nela<br />

incluídos laudos médicos, após analisados, não se mos<strong>tr</strong>am aptos a superar fática e clinicamente, as conclusõ<strong>es</strong> do laudo<br />

médico judicial, m<strong>es</strong>mo porque <strong>es</strong>te textualmente assentou na r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 9 que na data da perícia, isto é, em<br />

05 de março de 2010 não constatou incapacidade da recorrente para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

13. Assim colocado, tendo em relevo a contingência na qual se assenta a causa de pedir, incide na <strong>es</strong>pécie o entendimento<br />

expr<strong>es</strong>so no Enunciado de nº 08 d<strong>es</strong>ta Turma Recursal, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral,<br />

enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a<br />

r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

14. Oportuno rememorar que o exc<strong>es</strong>so de objetividade não invalida a prova pericial. Importa que o laudo pericial seja<br />

conclusivo e que inequivocamente revele a conclusão formada pelo perito. Nos juizados <strong>es</strong>peciais, os atos proc<strong>es</strong>suais são<br />

regidos pela simplicidade e pela informalidade (art. 2º da Lei 9.099/95), razão pela qual o laudo pericial não precisa conter<br />

fundamentação detalhada.<br />

15. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

16. N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso, mas nego-lhe provimento.<br />

17. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 159,<br />

na forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950, r<strong>es</strong>salvado, no ponto, o entendimento do relator.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

21 - 0000143-81.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000143-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x IRACENILDA MARIA DIAS (ADVOGADO:<br />

Thor Lincoln Nun<strong>es</strong> Grünewald.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000143-81.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: IRACENILDA MARIA DIAS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL VERIFICADA. LIMITAÇÃO FUNCIONAL COMPROMETEDORA DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE LABORATIVA<br />

HABITUAL. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 84-87, em razão de sentença<br />

que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença, com DIB fixada em 08.08.2011<br />

(data da perícia judicial) e DIP coincidente com a data de prolação da sentença. Sustenta o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a<br />

recorrida possui plena capacidade laborativa, conforme at<strong>es</strong>tou o perito do Juízo. Argumenta que não há razão para<br />

d<strong>es</strong>considerar as conclusõ<strong>es</strong> da perícia judicial, porquanto gozam de tecnicismo, co<strong>es</strong>ão e imparcialidade. Com base nisso,<br />

requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 97-101.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurada e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce cinge-se, pois, a<br />

existência ou não de incapacidade laboral.<br />

Na análise pericial do Juízo (fls. 60-63), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de ortopedia, a recorrida (49 anos) foi examinada<br />

e diagnosticada com ar<strong>tr</strong>ose e discopatia em coluna e lombar (qu<strong>es</strong>ito do INSS nº 01), patologia de ordem degenerativa<br />

que, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacita para suas atividad<strong>es</strong> habituais de doméstica (qu<strong>es</strong>itos do INSS nºs 02 e 06 e qu<strong>es</strong>ito do


Juízo nº 04). Sobre as características da doença, informou o expert que ar<strong>tr</strong>ose é uma afecção de caráter degenerativo das<br />

articulaçõ<strong>es</strong> do corpo humano, de evolução lenta e normal a todos os ser<strong>es</strong> humanos que não a incapacita para o exercício<br />

da atividade habitual (qu<strong>es</strong>ito do INSS nº 04). Em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito do Juízo nº 06, consignou que a recorrida pode<br />

d<strong>es</strong>empenhar qualquer atividade que não exija atividad<strong>es</strong> com sobrecarga de p<strong>es</strong>o ex<strong>tr</strong>emo em coluna lombar.<br />

Embora a conclusão exarada pelo perito judicial tenha sido pela capacidade laborativa, é nec<strong>es</strong>sário recapitular que o juiz<br />

não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, seja judicial ou adminis<strong>tr</strong>ativo, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou<br />

fatos provados nos autos (CPC, art. 436).<br />

De par com isso, não é ocioso enfatizar que a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho é requisito que deve ser analisado à luz dos<br />

princípios basilar<strong>es</strong> que norteiam a Constituição da República, como o da dignidade da p<strong>es</strong>soa humana, da justiça social e<br />

da redução das d<strong>es</strong>igualdad<strong>es</strong>, e, igualmente, sob a ótica da proteção ao direito fundamental à saúde (CF, art. 6º).<br />

N<strong>es</strong>se contexto, o magis<strong>tr</strong>ado prolator da sentença, no correto alvi<strong>tr</strong>e de que a r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição funcional apontada pelo perito<br />

(sobrecarga de p<strong>es</strong>o em coluna lombar) prejudica severamente o ofício de doméstica, entendeu que a recorrida<br />

encon<strong>tr</strong>a-se, em verdade, incapacitada temporariamente para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Por derradeiro, calha gizar que, padecendo da referida limitação, a recorrida dificilmente atingirá a média dos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong><br />

da sua categoria profissional sem o sacrifício da <strong>es</strong>tabilidade do seu quadro clínico. Por irradiação do princípio da dignidade<br />

da p<strong>es</strong>soa humana (CR, inc. III do art. 1º) e do direito fundamental à saúde (CR, art. 6º) deve, pois, ser reconhecida a<br />

incapacidade laboral parcial e definitiva no pr<strong>es</strong>ente caso.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

22 - 0000630-51.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000630-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BENEDITA LIRIO DA<br />

FONSECA (ADVOGADO: Thor Lincoln Nun<strong>es</strong> Grünewald.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000630-51.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1º VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: BENEDITA LIRIO DA FONSECA<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL NÃO VERIFICADA. INEXISTÊNCIA DE PATOLOGIA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 56-74, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta a<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que sua incapacidade laboral decorre do somatório de enfermidad<strong>es</strong> que não foram devidamente<br />

analisadas pelo perito do Juízo, razão pela qual mister se faz a realização de nova perícia. Com base nisso, requer seja<br />

conhecido e provido o recurso para anular a sentença, convertendo-se o feito em diligência para reabrir a ins<strong>tr</strong>ução<br />

proc<strong>es</strong>sual.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 41-42), feita por <strong>es</strong>pecialista na área de neurologia, a recorrente (49 anos) foi<br />

examinada, não sendo, todavia, diagnosticada patologia neurológica alguma (qu<strong>es</strong>itos nºs 01 e 02).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. No caso em apreço, após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo


entende que o material probatório acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Por derradeiro, d<strong>es</strong>cabida a realização de nova perícia médica por ou<strong>tr</strong>o <strong>es</strong>pecialista, sob pena de se negar vigência à<br />

legislação que regulamenta a profissão de médico, a qual não exige <strong>es</strong>pecialização para o diagnóstico de doenças ou para<br />

a realização de perícias. Argüição de nulidade rejeitada.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 24, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

23 - 0005980-63.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005980-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x ANTONIA MARIA RODRIGUES CAMPELO<br />

(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0005980-63.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de Vitória<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: ANTONIA MARIA RODRIGUES CAMPELO<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL VERIFICADA. RESTRIÇÃO FUNCIONAL COMPROMETEDORA DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE HABITUAL.<br />

DIB COINCIDENTE COM A DATA DA CESSAÇÃO INDEVIDA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS às fls. 54-57, em razão de<br />

sentença que julgou parcialmente procedent<strong>es</strong> os pedidos, condenando a autarquia recorrente a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de<br />

auxílio-doença previdenciário NB 534.394.142-3, d<strong>es</strong>de a data da c<strong>es</strong>sação indevida, a dizer 21.10.2010. Sustenta o<br />

recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que a recorrida não se apr<strong>es</strong>enta incapaz para exercício de sua atividade habitual, conforme<br />

concluiu o perito do Juízo. Aduz que não há nos autos elemento de prova apto a infirmar tal conclusão e ensejar a<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício pretendido. Caso assim não se entenda, pugna que ao menos seja fixada DIB na data da<br />

realização da perícia judicial, sem qualquer condenação anterior àquela data, na <strong>es</strong>teira de reiterada jurisprudência do<br />

Colendo Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a<br />

sentença, julgando-se improcedente a pretensão autoral ou, subsidiariamente, procedida à alteração da DIB.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 65-71.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurada e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce cinge-se, pois, a<br />

aferir a existência ou não de incapacidade laborativa.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 31-33), a recorrida (41 anos) foi examinada e diagnosticada com l<strong>es</strong>ão neurológica<br />

do membro superior direito (qu<strong>es</strong>ito nº 01), patologia que, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacita para o exercício da atividade habitual<br />

de inspetora <strong>es</strong>colar/adminis<strong>tr</strong>adora (qu<strong>es</strong>itos nºs 08 e 09). Consignou, todavia, o expert que a periciada “consegue


<strong>es</strong>crever e digitar, porém <strong>es</strong>tá com movimentos mais lentos” (qu<strong>es</strong>ito nº 09). Sobre as características da doença, at<strong>es</strong>tou<br />

que a recorrida apr<strong>es</strong>enta hipo<strong>tr</strong>ofia muscular na mão e antebraço direito (qu<strong>es</strong>ito nº 02). No que concerne à origem da<br />

enfermidade, asseverou não ser possível <strong>es</strong>tabelecê-la, visto que o “médico assistente não fez o diagnóstico etiológico da<br />

doença” (qu<strong>es</strong>ito nº 07). Quanto às limitaçõ<strong>es</strong> funcionais que impediriam o d<strong>es</strong>empenho da atividade habitual, informou<br />

inexistirem limitaçõ<strong>es</strong> (qu<strong>es</strong>ito nº 11).<br />

Embora a conclusão exarada pelo perito judicial tenha sido pela capacidade laborativa, nec<strong>es</strong>sário recapitular que o juiz não<br />

<strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos provados nos autos (art. 436<br />

do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil).<br />

Diante disso e com base nos demais elementos de prova constant<strong>es</strong> dos autos, o douto magis<strong>tr</strong>ado sentenciante entendeu<br />

pela existência de incapacidade laborativa, ponderando que “se a limitação funcional não impedir o segurado de exercer<br />

parcela das funçõ<strong>es</strong> próprias da atividade habitual, mas implicar redução significativa da produtividade, comparativamente<br />

aos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> da m<strong>es</strong>ma categoria profissional, caracteriza-se a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. Entendimento em<br />

sentido con<strong>tr</strong>ário implica ofensa ao princípio constitucional da dignidade da p<strong>es</strong>soa humana”. (grifo nosso)<br />

Ora, inqu<strong>es</strong>tionável o acerto do decisum, uma vez que r<strong>es</strong>tou comprovado pelos laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos que<br />

a recorrida apr<strong>es</strong>enta sequelas neurológicas irreversíveis (fls. 17 e 18) que implicam perda da capacidade de preensão,<br />

pinça e movimentos finos da mão direita (fl. 20), tornando-a inapta para o exercício de suas atividad<strong>es</strong> laborativas por<br />

tempo indeterminado (fl. 16).<br />

N<strong>es</strong>se contexto, não há como negar que a continuidade do exercício profissional tende a agravar a <strong>es</strong>tabilidade do quadro<br />

clínico da recorrida, circunstância que não se coaduna com o princípio da dignidade humana (art. 1º, inciso III, da<br />

Constituição da República), repr<strong>es</strong>entando, para mais, mácula ao direito fundamental à saúde (CR, art. 6º).<br />

Faz jus, portanto, a recorrida ao benefício de auxílio-doença até a recuperação da capacidade laborativa ou reabilitação<br />

para profissão compatível com a limitação física apr<strong>es</strong>entada.<br />

De igual modo, irretocável a sentença no que tange à fixação da DIB. De fato, os Tribunais não têm apr<strong>es</strong>entado<br />

uniformidade de entendimento quanto ao termo inicial dos benefícios decorrent<strong>es</strong> de incapacidade. Importa, d<strong>es</strong>tacar,<br />

contudo, o posicionamento que vem sendo adotado pela TNU – Turma Nacional de Uniformização ao enfrentar o tema.<br />

Confira-se:<br />

EMENTA-VOTO - PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. DIB. FIXAÇÃO. LIVRE CONVENCIMENTO DO<br />

MAGISTRADO. PERITO NÃO FIXA DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE. DIB FIXADA NA DATA DA PERÍCIA.<br />

PRECEDENTES DA TNU. 1. Esta TNU já firmou entendimento no sentido de que “o termo inicial dos benefícios, seja por<br />

incapacidade, seja no de pr<strong>es</strong>tação continuada deve ser assim fixado: a) na data de elaboração do laudo pericial, se o<br />

médico não precisar o início da incapacidade e o juiz não possuir ou<strong>tr</strong>os elementos nos autos para sua fixação (Precedente:<br />

PEDILEF n.º 200936007023962); b) na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, se a perícia constatar a existência da<br />

incapacidade em momento anterior a <strong>es</strong>te pedido (Precedente: PEDILEF n.º 00558337620074013400); e c) na data do<br />

ajuizamento do feito, se não houver requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo e a perícia constatar o início da incapacidade em momento<br />

anterior à propositura da ação (Precedente: PEDILEF n.º 00132832120064013200). Em todos os casos, se privilegia o<br />

princípio do livre convencimento motivado que permite ao magis<strong>tr</strong>ado a fixação da data de início do benefício mediante a<br />

análise do conjunto probatório (Precedente: PEDILEF n.º 05017231720094058500)” (Cf. PEDILEF n.º<br />

0501152-47.2007.4.05.8102, Rel. Juiz <strong>Federal</strong> Paulo Ricardo Arena Filho, j. 25 mai. 2012). 2. Hipót<strong>es</strong>e em que a sentença,<br />

mantida pelo acórdão, d<strong>es</strong>tacou: “Regis<strong>tr</strong>e-se, por fim, que o início do benefício deve corr<strong>es</strong>ponder à data do ajuizamento<br />

da ação (13/10/2008), haja vista que o médico/perito não soube determinar, com base nas informaçõ<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>tadas, a data<br />

do início da incapacidade”. Assim, à luz do entendimento pacificado no âmbito da TNU, e considerando a ausência de<br />

elementos para fixação do início da incapacidade pelo perito, deve-se fixar a DIB na data da realização da perícia. 3.<br />

Recurso conhecido e provido. (PEDIDO 05065426120084058102, JUIZ FEDERAL ANTÔNIO FERNANDO SCHENKEL DO<br />

AMARAL E SILVA, DOU 03/08/2012.) (grifo nosso)<br />

No caso em apreço, existem elementos de prova que permitem concluir que na data da indevida c<strong>es</strong>sação do benefício, a<br />

dizer 21.10.2010 (fl. 12), a recorrida encon<strong>tr</strong>ava-se, de fato, incapaz (fl. 16). Logo, correta a fixação da DIB como<br />

coincidente com aquela data.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

N<strong>es</strong>sas condiçõ<strong>es</strong>, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, fixados em 10%<br />

sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

24 - 0001698-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001698-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x GENARO FRANCISCO DE OLIVEIRA<br />

(ADVOGADO: DOURIVAN DANTAS DIAS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0001698-11.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3° JEF de Vitória<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS


Recorrido: GENARO FRANCISCO DE OLIVEIRA<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOS LEGAIS NÃO<br />

PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS às fls. 74-78, em razão de sentença<br />

que julgou improcedente a pretensão de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário auxílio-doença e procedente a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que o recorrido não preenche os requisitos<br />

para a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por invalidez, porquanto a perícia médica constatou a apenas a existência<br />

de incapacidade laborativa parcial. Aduz, ou<strong>tr</strong>ossim, que, dadas as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais do recorrido, afigura-se plenamente<br />

possível a sua reabilitação. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se<br />

improcedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 83-87.<br />

A aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 da Lei nº 8.213/1991, uma vez cumprida, quando for o caso,<br />

a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e<br />

insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto<br />

permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurado e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A qu<strong>es</strong>tão que reman<strong>es</strong>ce diz, pois, com a<br />

natureza e extensão da incapacidade laboral.<br />

Consoante a análise pericial do Juízo (fls. 43-44), realizada por médico <strong>es</strong>pecialista em ortopedia, o recorrente (46 anos) foi<br />

examinado, sendo constatada incapacidade definitiva para a profissão de vigilante ou ou<strong>tr</strong>a atividade que requeira alto<br />

d<strong>es</strong>empenho (qu<strong>es</strong>ito n° 02). Qu<strong>es</strong>tionado sobre a possibilidade de reabilitação, asseverou o perito que ser ela possível;<br />

porém o periciado ficará com sequela definitiva para deambulação o que, todavia, não obsta o exercício de profissão que<br />

não exija <strong>es</strong>forço para andar e ficar durante muito tempo em pé (qu<strong>es</strong>ito n° 05).<br />

N<strong>es</strong>se contexto, o magis<strong>tr</strong>ado prolator da sentença, no alvi<strong>tr</strong>e de que o recorrido dificilmente conseguirá d<strong>es</strong>empenhar<br />

algum tipo de atividade que lhe garanta sustento den<strong>tr</strong>o de sua limitação física e profissional, notadamente diante de suas<br />

condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais, entendeu que se <strong>tr</strong>ata, em verdade, de incapacidade total e definitiva.<br />

Todavia, em que p<strong>es</strong>em os bem lançados argumentos, merece parcial reforma a sentença recorrida.<br />

Preconiza a Súmula nº 47 da Turma Nacional de Uniformização – TNU que “uma vez reconhecida a incapacidade parcial<br />

para o <strong>tr</strong>abalho, o juiz deve analisar as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais e sociais do segurado para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por<br />

invalidez”.<br />

N<strong>es</strong>se viés, considerando notadamente que o recorrido encon<strong>tr</strong>a-se com apenas 46 anos de idade, não se afigura prudente<br />

ou razoável d<strong>es</strong>cartar a priori a possibilidade de recolocação profissional, r<strong>es</strong>peitadas as limitaçõ<strong>es</strong> diagnosticadas pelo<br />

perito e o contexto social do segurado, sendo m<strong>es</strong>mo prematura a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez.<br />

Oportuno repisar que a ordem social tem como base o primado do <strong>tr</strong>abalho (Constituição da República, art. 193) e que a<br />

pr<strong>es</strong>tação previdenciária concedida em primeiro grau somente deve ser paga quando efetivamente devida, sob pena de<br />

vilipendiar-se o equilíbrio do sistema financeiro e atuarial do sistema previdenciário.<br />

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para reformar a sentença, excluindo a condenação do INSS ao<br />

pagamento de aposentadoria por invalidez.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em<br />

vista o disposto no art. 55 da Lei nº 8.213/1991.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar total provimento, na forma da<br />

ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

25 - 0001689-83.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001689-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JAIME DOS SANTOS<br />

PARADELLAS (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />

INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0001689-83.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2° JEF de Vitória<br />

Recorrente: JAIME DOS SANTOS PARADELLAS<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE


E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORATIVA NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA<br />

RECURSAL/ES. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 105-123, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente,<br />

em sínt<strong>es</strong>e, que é portador de <strong>tr</strong>anstorno falciforme do tipo anemia falciforme que o incapacita para o exercício de sua<br />

atividade habitual de ajudante de pedreiro. Assevera que já <strong>es</strong>teve em gozo de auxílio-doença, cujo pagamento, no entanto,<br />

fora indevidamente c<strong>es</strong>sado pelo INSS. Argumenta que, a d<strong>es</strong>peito do <strong>tr</strong>atamento medicamentoso empreendido, não<br />

apr<strong>es</strong>enta melhora em seu quadro clínico. Aduz, ou<strong>tr</strong>ossim, que o laudo pericial afigura-se con<strong>tr</strong>overso, visto que, muito<br />

embora o perito tenha reconhecido a existência da patologia, concluiu pela plena capacidade laborativa. Com base nisso,<br />

requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a sentença, julgando-se procedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na<br />

inicial.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 129-132.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa do<br />

recorrente.<br />

Consoante o laudo pericial em Juízo (fls. 45-56), realizada por <strong>es</strong>pecialista na área de hemetologia, o recorrente (28 anos)<br />

foi examinado e diagnosticado com <strong>tr</strong>anstorno falciforme (CID 10 como D57) em seu tipo anemia falciforme, patologia de<br />

ordem genética que, no entanto, não o incapacita para a atividade habitual de <strong>es</strong>toquista (qu<strong>es</strong>itos n°s 01, 02 e 06).<br />

Qu<strong>es</strong>tionado sobre as características da doença, asseverou o expert que “a doença por si não é incapacitante para o<br />

<strong>tr</strong>abalho, uma vez que há várias modalidad<strong>es</strong> de expr<strong>es</strong>são genética que levam a diferent<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entaçõ<strong>es</strong> da anemia<br />

falciforme” (qu<strong>es</strong>ito n° 06). Em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 08, afirmou que “não há evidências orgânicas de que a anemia<br />

falciforme <strong>es</strong>teja perturbando a fisiologia do autor, mas, ao con<strong>tr</strong>ário, parece <strong>es</strong>tar ele se beneficiando”. Concluiu o laudo<br />

pericial consignando que o recorrente “é portador de anemia falciforme, com uma variante tendente à elevação da<br />

hemoglobina fetal, submetendo-se à terapêutica apropriada com o fármaco hidróxi-uréia, havendo evidências clínicas e<br />

laboratoriais de que o <strong>tr</strong>atamento obteve êxito, devendo ser continuado conforme orientação médica (...) Pode exercer<br />

atividad<strong>es</strong> laborais em geral, exceto aquelas que venham a ser vetadas pelo médico coordenador do Programa de Con<strong>tr</strong>ole<br />

Médico da Saúde Ocupacional do empregador” (qu<strong>es</strong>ito nº 14).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

D<strong>es</strong>cabida a alegação sobre a mudança de profissão, uma vez que a r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição apr<strong>es</strong>entada pelo perito à fl. 49 (qu<strong>es</strong>ito nº<br />

06) diz r<strong>es</strong>peito ao <strong>tr</strong>abalhador de cons<strong>tr</strong>ução civil quando d<strong>es</strong>ignado para exercer atividade em grand<strong>es</strong> alturas, o que não<br />

é o caso do recorrente.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 33, na<br />

forma do art. 12 da Lei n 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.


Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

26 - 0003666-47.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003666-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARIA MIRANDA (ADVOGADO: MANOELA<br />

MELLO SARCINELLI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0003666-47.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de Vitória<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida: MARIA MIRANDA<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL TOTAL E DEFINITIVA VERIFICADA. DIB FIXADA NA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS às fls. 88-91, em razão<br />

de sentença que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez, com DIB fixada em 08.04.2010 -<br />

data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Sustenta o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que os benefícios por incapacidade possuem<br />

caráter substitutivo, d<strong>es</strong>tinando-se a acobertar o risco social da incapacidade impeditiva do exercício de atividade habitual<br />

garantidora da subsistência. Aduz, ou<strong>tr</strong>ossim, que a recorrida exerceu atividade remunerada de forma ininterrupta até, no<br />

mínimo, agosto de 2011, o que obsta a re<strong>tr</strong>oação da DIB à data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, sob pena ensejar<br />

enriquecimento sem causa. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso, para reformar a sentença,<br />

fixando-se como termo inicial do benefício de aposentadoria por invalidez a data da sentença.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 98-103.<br />

A matéria con<strong>tr</strong>oversa nos autos diz r<strong>es</strong>peito à fixação da DIB.<br />

Com efeito, os Tribunais não têm apr<strong>es</strong>entado uniformidade de entendimento quanto ao termo inicial dos benefícios<br />

decorrent<strong>es</strong> de incapacidade. Importa, d<strong>es</strong>tacar, contudo, o posicionamento que vem sendo adotado pela TNU – Turma<br />

Nacional de Uniformização ao enfrentar o tema. Confira-se:<br />

EMENTA-VOTO - PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. DIB. FIXAÇÃO. LIVRE CONVENCIMENTO DO<br />

MAGISTRADO. PERITO NÃO FIXA DATA DO INÍCIO DA INCAPACIDADE. DIB FIXADA NA DATA DA PERÍCIA.<br />

PRECEDENTES DA TNU. 1. Esta TNU já firmou entendimento no sentido de que “o termo inicial dos benefícios, seja por<br />

incapacidade, seja no de pr<strong>es</strong>tação continuada deve ser assim fixado: a) na data de elaboração do laudo pericial, se o<br />

médico não precisar o início da incapacidade e o juiz não possuir ou<strong>tr</strong>os elementos nos autos para sua fixação (Precedente:<br />

PEDILEF n.º 200936007023962); b) na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, se a perícia constatar a existência da<br />

incapacidade em momento anterior a <strong>es</strong>te pedido (Precedente: PEDILEF n.º 00558337620074013400); e c) na data do<br />

ajuizamento do feito, se não houver requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo e a perícia constatar o início da incapacidade em momento<br />

anterior à propositura da ação (Precedente: PEDILEF n.º 00132832120064013200). Em todos os casos, se privilegia o<br />

princípio do livre convencimento motivado que permite ao magis<strong>tr</strong>ado a fixação da data de início do benefício mediante a<br />

análise do conjunto probatório (Precedente: PEDILEF n.º 05017231720094058500)” (Cf. PEDILEF n.º<br />

0501152-47.2007.4.05.8102, Rel. Juiz <strong>Federal</strong> Paulo Ricardo Arena Filho, j. 25 mai. 2012). 2. Hipót<strong>es</strong>e em que a sentença,<br />

mantida pelo acórdão, d<strong>es</strong>tacou: “Regis<strong>tr</strong>e-se, por fim, que o início do benefício deve corr<strong>es</strong>ponder à data do ajuizamento<br />

da ação (13/10/2008), haja vista que o médico/perito não soube determinar, com base nas informaçõ<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>tadas, a data<br />

do início da incapacidade”. Assim, à luz do entendimento pacificado no âmbito da TNU, e considerando a ausência de<br />

elementos para fixação do início da incapacidade pelo perito, deve-se fixar a DIB na data da realização da perícia. 3.<br />

Recurso conhecido e provido. (PEDIDO 05065426120084058102, JUIZ FEDERAL ANTÔNIO FERNANDO SCHENKEL DO<br />

AMARAL E SILVA, DOU 03/08/2012.) (grifo nosso)<br />

E, ainda, não se pode olvidar o teor da Súmula nº 22 da m<strong>es</strong>ma TNU, segundo a qual: “Se a prova pericial realizada em<br />

juízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, <strong>es</strong>ta é o termo inicial do benefício<br />

assistencial”.<br />

No caso em apreço, o perito do Juízo foi categórico ao afirmar que na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, a dizer,<br />

08.04.2010 (fl. 17), a incapacidade possivelmente existia (fl. 46, qu<strong>es</strong>ito nº 7.1). Logo, correta a fixação da DIB coincidente<br />

com aquela data.<br />

Nou<strong>tr</strong>o vértice, não há que se falar em enriquecimento sem causa. A manutenção de vínculo laboral durante o período em<br />

que já se encon<strong>tr</strong>ava incapacitada para o exercício de atividade laborativa habitual não milita em d<strong>es</strong>favor da recorrida,<br />

porquanto, ante a negativa da autarquia previdenciária de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário postulado, ou<strong>tr</strong>a alternativa<br />

não lhe r<strong>es</strong>tou senão <strong>tr</strong>abalhar, sob pena de indigência.<br />

Consoante bem lançado pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante, “(...) o <strong>tr</strong>abalho remunerado em período em que at<strong>es</strong>tada a<br />

incapacidade não pr<strong>es</strong>supõe aptidão física, mormente quando o laudo pericial é categórico em afirmar a data de início da<br />

incapacidade. Muito ao con<strong>tr</strong>ário, <strong>tr</strong>abalhar doente prejudica a saúde do obreiro e o próprio <strong>tr</strong>abalho. O exercício de<br />

atividade laborativa sem condiçõ<strong>es</strong> de saúde não pode prejudicar o segurado, ainda mais considerando a nec<strong>es</strong>sidade de<br />

manutenção do próprio sustento”.<br />

No m<strong>es</strong>mo sentido já decidiu a TNU:<br />

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. CANCELAMENTO. ATIVIDADE LABORAL.<br />

JURISPRUDÊNCIA DA TNU NA LINHA DO ACÓRDÃO RECORRIDO. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. 1. Pretende o INSS


a modificação de acórdão, que deu parcial provimento ao recurso que interpôs, modificando os critérios relativos aos juros<br />

de mora, mas mantendo a sentença por seus próprios fundamentos em relação ao r<strong>es</strong>tante da condenação. A sentença de<br />

1º grau julgou parcialmente procedente o pedido, condenando a autarquia a r<strong>es</strong>tabelecer o auxílio-doença da parte autora<br />

d<strong>es</strong>de a sua c<strong>es</strong>sação (30/10/2009), bem como ao pagamento das pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas. Aduz o INSS que as parcelas<br />

referent<strong>es</strong> ao período em que o segurado exerceu atividade remunerada devem ser abatidas das parcelas vencidas<br />

referente ao auxílio-doença concedido, face à impossibilidade de percepção de salário concomitantemente com pagamento<br />

de benefício previdenciário por incapacidade. Apr<strong>es</strong>enta como paradigmas acórdãos da 2ª Turma Recursal da Seção<br />

Judiciária do Ceará e da 1ª Turma Recursal da Seção Judiciária do Mato Grosso. 2. Verifico, no entanto, que o acórdão<br />

recorrido se alinha com a posição d<strong>es</strong>ta Turma Nacional, que considera que o <strong>tr</strong>abalho exercido pelo segurado em período<br />

de incapacidade decorre da nec<strong>es</strong>sidade de sobrevivência, implicando ofensa ao princípio da dignidade humana, motivo<br />

pelo qual não impede o pagamento de benefício previdenciário equivocadamente indeferido, sob pena de o Judiciário<br />

recompensar a falta de eficiência do INSS. (Cf. Pedilef 20087252041361, Rel. Juiz Fed. Antônio Fernando Schenkel do<br />

Amaral e Silva, DOU 13/05/2011; Pedilef 200650500062090, Juiz <strong>Federal</strong> Antônio Fernando Schenkel do Amaral e Silva,<br />

DOU 25/11/2011). A circunstância a<strong>tr</strong>ai a aplicação da Qu<strong>es</strong>tão de Ordem n.º 13 d<strong>es</strong>ta Corte, impedindo o conhecimento<br />

d<strong>es</strong>te incidente. 3. Incidente não conhecido. (PEDIDO 200972540067463, JUÍZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS<br />

LEMOS FERNANDES, DOU 25/05/2012.)<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela recorrente fixados em<br />

10% sobre o valor da condenação, nos mold<strong>es</strong> do art. 20, § 3º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

27 - 0002559-02.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002559-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x RONALDO GONÇALVES VIANNA (ADVOGADO: MARIA<br />

DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0002559-02.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de Vitória<br />

Recorrente: UNIÃO<br />

Recorrido: RONALDO GONÇALVES VIANNA<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTAÇÃO DE<br />

APOSENTADORIA. BIS IN IDEM. MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU. RECURSO CONHECIDO E, NO<br />

MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela UNIÃO às fls. 83-94, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

declaração de inexigibilidade do imposto de renda incidente sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período em que vigorou a Lei nº<br />

7.713/1988, e procedente o pleito de r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> cobrados a título de imposto de renda sobre a complementação<br />

de aposentadoria, declarando a inexistência de relação jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e as part<strong>es</strong> relativamente à incidência do<br />

referido imposto sobre as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas na época da vigência da<br />

Lei nº 7.713/1988 (01.01.1989 a 31.12.1995), condenando a UNIÃO a r<strong>es</strong>tituir ao con<strong>tr</strong>ibuinte o que fora recolhido<br />

indevidamente a título de imposto de renda sobre aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corr<strong>es</strong>ponder às<br />

parcelas de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pelo autor no período de vigência da Lei nº 7.713/1988 (1º.01.89 a 31.12.95). Argui a<br />

recorrente, preliminarmente, nulidade da sentença por violação dos arts. 460 e 472, ambos do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil;<br />

inépcia da inicial por cumulação de pedidos incompatíveis en<strong>tr</strong>e si e pr<strong>es</strong>crição em relação a qualquer montante de <strong>tr</strong>ibuto<br />

pago nos 05 anos anterior<strong>es</strong> ao ajuizamento d<strong>es</strong>ta ação. No mérito, pugna pela improcedência de todos os pedidos<br />

deduzidos na exordial e, eventualmente, pela adoção de ou<strong>tr</strong>o critério para apuração do valor a ser r<strong>es</strong>tituído ao<br />

con<strong>tr</strong>ibuinte. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para, assim, reformar a sentença.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

Inicialmente, importa reforçar que o tema da lide é afeto à competência dos Juizados Especiais Federais, na medida em<br />

que, no Conflito de Competência nº 101.969/ES, DJE 12.03.2009, o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> reafirmou o<br />

posicionamento daquela corte “no sentido de que a eventual nec<strong>es</strong>sidade de perícia não exclui da competência dos<br />

Juizados Especiais o julgamento das causas cujo proveito econômico não exceda s<strong>es</strong>senta salários mínimos”.<br />

Os pedidos de inexigibilidade de imposto de renda e r<strong>es</strong>tituição sobre o que foi indevidamente cobrado sobre a<br />

complementação de aposentadoria são complementar<strong>es</strong> e compatíveis en<strong>tr</strong>e si, inexistindo, pois, a inépcia declarada pela<br />

recorrente.<br />

Por sua vez, no que pertine à pr<strong>es</strong>crição, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, quando do julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário nº


566.621/RS, assentou o entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário ajuizadas<br />

após o decurso da vacatio legis de 120 dias prevista na Lei Complementar nº 118/2005, o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05<br />

(cinco) anos, a d<strong>es</strong>peito da data do pagamento indevido. Assim, se a ação tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a<br />

consagrada t<strong>es</strong>e dos “cinco mais cinco” não pode ser aplicada para regular a pr<strong>es</strong>crição.<br />

Quanto ao termo a quo do prazo pr<strong>es</strong>cricional, há de ser considerado o mês em que o beneficiário efetivamente passou a<br />

perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei<br />

9.250/1995 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996 (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX,<br />

PRIMEIRA TURMA, julgado em 20.05.2010, DJe 14.06.2010).<br />

Como o recorrido aposentou-se em 13.10.2004 (fl. 23) e a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada em 01.04.2009 (fl. 01), não <strong>es</strong>tá<br />

pr<strong>es</strong>crita a pretensão de obter o r<strong>es</strong>sarcimento das retençõ<strong>es</strong> do imposto de renda sobre o benefício.<br />

Superadas as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> prévias, passa-se agora ao exame do mérito. N<strong>es</strong>sa seara, r<strong>es</strong>ta pacificado pela jurisprudência do<br />

Colendo STJ e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais que “não incide imposto de renda sobre os<br />

benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos<br />

beneficiários (excluídos os aport<strong>es</strong> das pa<strong>tr</strong>ocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/1988, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01.01.1989 e<br />

31.12.1995 ou en<strong>tr</strong>e 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. (PEDILEF<br />

200685005020159, Relatora Juíza <strong>Federal</strong> Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009) (grifo nosso).<br />

Diante disso, para reconhecimento da procedência do pedido mister sejam preenchidos os seguint<strong>es</strong> requisitos: (1) que<br />

tenham ocorrido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária<br />

a exibição integral da documentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem <strong>tr</strong>ibutário poderá ser feita na<br />

fase de cumprimento da sentença e (2) que <strong>es</strong>teja aposentado. No caso em comento, os documentos colacionados pela<br />

parte autora demons<strong>tr</strong>am o preenchimento de ambos os requisitos, tais sejam: con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período de janeiro de 1989<br />

a dezembro de 1995 (fl. 24) e aposentadoria em 13.10.2004 (fl. 23).<br />

Relativamente aos critérios de apuração do indébito, assiste razão à recorrente, visto que deverá ser observado o seguinte:<br />

As con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pela parte autora no período compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 até dezembro de 1995, e não<br />

en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 e a data de aposentadoria como disposto na sentença de fl. 79, já que a aposentadoria deu-se<br />

posteriormente a janeiro de 1996, deverão ser atualizadas monetariamente pelos índic<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do Manual de<br />

Orientação de Procedimentos para os Cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, aprovado pela R<strong>es</strong>olução 561/CJF, de 02.07.2007, do<br />

Conselho da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de<br />

complementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraçõ<strong>es</strong> Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios<br />

imediatamente seguint<strong>es</strong> à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encon<strong>tr</strong>o de contas, pelos<br />

m<strong>es</strong>mos índic<strong>es</strong> determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo a<br />

fixar-se o valor a ser r<strong>es</strong>tituído, quantia <strong>es</strong>ta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de ou<strong>tr</strong>o índice de<br />

correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em<br />

25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).<br />

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS<br />

ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do e. Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 4ª Região, no julgamento em Reexame Nec<strong>es</strong>sário<br />

do proc<strong>es</strong>so nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):<br />

“Suponha-se que o crédito relativo às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas en<strong>tr</strong>e 1989 e 1995 corr<strong>es</strong>ponda a R$ 150.000,00, e que o<br />

beneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.<br />

Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, <strong>es</strong>te<br />

último valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foi<br />

efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta, ainda,<br />

um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997<br />

corr<strong>es</strong>pondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, o<br />

IR efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta,<br />

ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”<br />

A operação acima mencionada deverá ser repetida suc<strong>es</strong>sivamente, até o <strong>es</strong>gotamento do crédito. Na hipót<strong>es</strong>e em que,<br />

após r<strong>es</strong>tituírem-se todos os valor<strong>es</strong>, ainda r<strong>es</strong>tar crédito, a dedução do saldo credor pode ser efetuada diretamente na<br />

base de cálculo das declaraçõ<strong>es</strong> de imposto de renda referent<strong>es</strong> aos futuros exercícios financeiros, atualizada pelos índic<strong>es</strong><br />

da tabela de Precatórios da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> até a data do acerto anual. Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o<br />

complemento de benefício até o <strong>es</strong>gotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiver sido pago será objeto de repetição.<br />

Por todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso apenas e tão somente no que concerne ao método para o cálculo do<br />

indébito.<br />

A UNIÃO deverá efetuar, no prazo de 60 (s<strong>es</strong>senta) dias, a revisão adminis<strong>tr</strong>ativa das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de<br />

renda p<strong>es</strong>soa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do imposto devido à parcela relativa ao crédito do<br />

con<strong>tr</strong>ibuinte, na forma fixada por <strong>es</strong>ta ementa, ciente o autor que deverá providenciar junto à sua pa<strong>tr</strong>ocinadora a soma das<br />

importâncias por ele vertidas referent<strong>es</strong> ao período pleiteado judicialmente.<br />

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a UNIÃO informar ao Juízo o valor total da r<strong>es</strong>tituição a ser<br />

requisitado, o qual não poderá ul<strong>tr</strong>apassar o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais (s<strong>es</strong>senta salários mínimos),<br />

aferido por ocasião da propositura da ação.<br />

Após a revisão das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda e da apuração do valor da r<strong>es</strong>tituição devida, no caso de ainda<br />

haver saldo de crédito em favor do con<strong>tr</strong>ibuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do imposto<br />

devido nos exercícios financeiros seguint<strong>es</strong>, até o <strong>es</strong>gotamento do saldo credor.<br />

Custas isentas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios ante a<br />

sucumbência recíproca (CPC, art. 21).<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, conhecer do recurso e a ele dar parcial provimento, na forma da<br />

ementa que passa a integrar o julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

28 - 0001129-15.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001129-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x ELIMARIO SCHUINA NUNES (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA<br />

DOMENEGHETTI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0001129-15.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de Vitória<br />

Recorrente: UNIÃO<br />

Recorrido: ELIMARIO SCHUINA NUNES<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTAÇÃO DE<br />

APOSENTADORIA. BIS IN IDEM. MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ E PELA TNU. RECURSO CONHECIDO E, NO<br />

MÉRITO, PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela UNIÃO às fls. 58-65, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

declaração de inexigibilidade do imposto de renda incidente sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período em que vigorou a Lei nº<br />

7.713/1988, e procedente o pleito de r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> cobrados sobre a complementação de aposentadoria,<br />

declarando a inexistência da relação jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e as part<strong>es</strong> relativamente à incidência do referido imposto sobre<br />

as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas no período de vigência da Lei nº 7.713/1988<br />

(1º.01.89 a 31.12.95), condenando UNIÃO a r<strong>es</strong>tituir ao con<strong>tr</strong>ibuinte o que fora recolhido indevidamente a título de imposto<br />

de renda sobre sua aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corr<strong>es</strong>ponder às parcelas de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

efetuadas pelo autor no período de vigência da Lei nº 7.713/1988 (1º.01.89 a 31.12.95). Argui a recorrente, preliminarmente,<br />

nulidade da sentença por violação do art. 460 do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil e pr<strong>es</strong>crição, tendo em vista que o pedido de<br />

devolução alcança valor<strong>es</strong> pagos há mais de dez anos do ajuizamento da ação, quando, em verdade, é de 05 (cinco) anos<br />

o prazo pr<strong>es</strong>cricional para repetição em casos como o pr<strong>es</strong>ente, contatos da data do pagamento indevido, nos termos do<br />

art. 168, inciso I, do Código Tributário Nacional, conjugado com os arts. 3º e 4º da Lei Complementar nº 118/2005. No<br />

mérito, pugna pela improcedência de todos os pedidos deduzidos na exordial e, eventualmente, pela adoção de ou<strong>tr</strong>o<br />

critério para apuração do valor a ser r<strong>es</strong>tituído ao con<strong>tr</strong>ibuinte. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso<br />

para, assim, reformar a sentença.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 70-79.<br />

Inicialmente, importa reforçar que o tema da lide é afeto à competência dos Juizados Especiais Federais, na medida em<br />

que, no Conflito de Competência nº 101.969/ES, DJE 12.03.2009, o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> reafirmou o<br />

posicionamento daquela corte “no sentido de que a eventual nec<strong>es</strong>sidade de perícia não exclui da competência dos<br />

Juizados Especiais o julgamento das causas cujo proveito econômico não exceda s<strong>es</strong>senta salários mínimos”.<br />

Os pedidos de inexigibilidade de imposto de renda e r<strong>es</strong>tituição sobre o que foi indevidamente cobrado sobre a<br />

complementação de aposentadoria são complementar<strong>es</strong> e compatíveis en<strong>tr</strong>e si, inexistindo a nulidade invocada pela<br />

recorrente.<br />

Por sua vez, no que pertine à pr<strong>es</strong>crição, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, quando do julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário nº<br />

566.621/RS, assentou o entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário ajuizadas<br />

após o decurso da vacatio legis de 120 dias prevista na Lei Complementar nº 118/2005, o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05<br />

(cinco) anos, a d<strong>es</strong>peito da data do pagamento indevido. Assim, se a ação tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a<br />

consagrada t<strong>es</strong>e dos “cinco mais cinco” não pode ser aplicada para regular a pr<strong>es</strong>crição.<br />

Quanto ao termo a quo do prazo pr<strong>es</strong>cricional, há que ser considerado o mês em que o beneficiário efetivamente passou a<br />

perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei<br />

9.250/1995 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996 (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX,<br />

PRIMEIRA TURMA, julgado em 20.05.2010, DJe 14.06.2010).<br />

Como o recorrido aposentou-se em 09.07.2005 (fl. 17) e a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada ant<strong>es</strong> de 16.02.2009 (fl. 18), não <strong>es</strong>tá<br />

pr<strong>es</strong>crita a pretensão de obter o r<strong>es</strong>sarcimento das retençõ<strong>es</strong> do imposto de renda sobre o benefício.<br />

Superadas as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> prévias, passa-se agora ao exame do mérito. N<strong>es</strong>sa seara, r<strong>es</strong>ta pacificado pela jurisprudência do<br />

Colendo STJ e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais que “não incide imposto de renda sobre os<br />

benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos<br />

beneficiários (excluídos os aport<strong>es</strong> das pa<strong>tr</strong>ocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/1988, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01.01.1989 e<br />

31.12.1995 ou en<strong>tr</strong>e 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. (PEDILEF<br />

200685005020159, Relatora Juíza <strong>Federal</strong> Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de 09.02.2009) (grifo nosso).<br />

Diante disso, para reconhecimento da procedência do pedido mister sejam preenchidos os seguint<strong>es</strong> requisitos: (1) que<br />

tenham ocorrido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do autor no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária


a exibição integral da documentação comprobatória eis que a aferição do valor do bis in idem <strong>tr</strong>ibutário poderá ser feita na<br />

fase de cumprimento da sentença e (2) que <strong>es</strong>teja aposentado. No caso dos autos os documentos colacionados pela parte<br />

autora demons<strong>tr</strong>am o preenchimento dos dois requisitos, quais sejam: con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período de janeiro de 1989 a<br />

dezembro de 1995 (fls. 28-29) e aposentadoria em 09.07.2005 (fl. 17).<br />

Relativamente aos critérios de apuração do indébito, deverá ser observado o seguinte:<br />

As con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pela parte autora no período compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 até dezembro de 1995<br />

deverão ser atualizadas monetariamente pelos índic<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do Manual de Orientação de Procedimentos para os<br />

Cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, aprovado pela R<strong>es</strong>olução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de<br />

complementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraçõ<strong>es</strong> Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios<br />

imediatamente seguint<strong>es</strong> à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encon<strong>tr</strong>o de contas, pelos<br />

m<strong>es</strong>mos índic<strong>es</strong> determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo a<br />

fixar-se o valor a ser r<strong>es</strong>tituído, quantia <strong>es</strong>ta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de ou<strong>tr</strong>o índice de<br />

correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em<br />

25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).<br />

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anoto o exemplo elaborado pelo Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS<br />

ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do e. Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 4ª Região, no julgamento em Reexame Nec<strong>es</strong>sário<br />

do proc<strong>es</strong>so nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009):<br />

“Suponha-se que o crédito relativo às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas en<strong>tr</strong>e 1989 e 1995 corr<strong>es</strong>ponda a R$ 150.000,00, e que o<br />

beneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.<br />

Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, <strong>es</strong>te<br />

último valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foi<br />

efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta, ainda,<br />

um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997<br />

corr<strong>es</strong>pondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, o<br />

IR efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta,<br />

ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”<br />

A operação acima mencionada deverá ser repetida suc<strong>es</strong>sivamente, até o <strong>es</strong>gotamento do crédito. Na hipót<strong>es</strong>e em que,<br />

após r<strong>es</strong>tituírem-se todos os valor<strong>es</strong>, ainda r<strong>es</strong>tar crédito, a dedução do saldo credor pode ser efetuada diretamente na<br />

base de cálculo das declaraçõ<strong>es</strong> de imposto de renda referent<strong>es</strong> aos futuros exercícios financeiros, atualizada pelos índic<strong>es</strong><br />

da tabela de Precatórios da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> até a data do acerto anual. Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o<br />

complemento de benefício até o <strong>es</strong>gotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiver sido pago será objeto de repetição.<br />

Por todo o exposto, dou parcial provimento ao recurso apenas e tão somente no que concerne ao método para o cálculo do<br />

indébito.<br />

A UNIÃO deverá efetuar, no prazo de 60 (s<strong>es</strong>senta) dias, a revisão adminis<strong>tr</strong>ativa das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de<br />

renda p<strong>es</strong>soa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do imposto devido à parcela relativa ao crédito do<br />

con<strong>tr</strong>ibuinte, na forma fixada por <strong>es</strong>ta ementa, ciente o autor que deverá providenciar junto à sua pa<strong>tr</strong>ocinadora a soma das<br />

importâncias por ele vertidas referent<strong>es</strong> ao período pleiteado judicialmente.<br />

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a UNIÃO informar ao Juízo o valor total da r<strong>es</strong>tituição a ser<br />

requisitado, o qual não poderá ul<strong>tr</strong>apassar o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais (s<strong>es</strong>senta salários mínimos),<br />

aferido por ocasião da propositura da ação.<br />

Após a revisão das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda e da apuração do valor da r<strong>es</strong>tituição devida, no caso de ainda<br />

haver saldo de crédito em favor do con<strong>tr</strong>ibuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do imposto<br />

devido nos exercícios financeiros seguint<strong>es</strong>, até o <strong>es</strong>gotamento do saldo credor.<br />

Custas isentas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios ante a<br />

sucumbência recíproca (CPC, art. 21).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, conhecer do recurso e a ele dar parcial provimento, na forma da<br />

ementa que passa a integrar o julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

29 - 0000838-35.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000838-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANERIA CRISTINA JAVARINI<br />

(ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000838-35.2011.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de Linhar<strong>es</strong><br />

Recorrente: ANERIA CRISTINA JAVARINI<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE


E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

LABORAL NÃO VERIFICADA. PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL. ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pela parte autora às fls. 83-86, em razão de sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.<br />

Sustenta a recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que os laudos médicos particular<strong>es</strong> coligidos at<strong>es</strong>tam de forma inequívoca sua<br />

incapacidade total e definitiva para o labor. Com base nisso, requer seja conhecido e provido o recurso para reformar a<br />

sentença, julgando-se procedent<strong>es</strong> os pedidos deduzidos na inicial. Eventualmente, requer a realização de nova perícia<br />

médica dada a divergência existente en<strong>tr</strong>e o laudo oficial e os laudos particular<strong>es</strong>.<br />

Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

A r<strong>es</strong>peito, preceitua o artigo 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991, que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. E o art. 42 da precitada Lei que a aposentadoria por invalidez, uma vez<br />

cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença,<br />

for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e<br />

ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurada e do período de carência, já que constatada a capacidade laborativa da<br />

recorrente.<br />

Consoante análise pericial do Juízo (fls. 68-70), a recorrente (40 anos) foi examinada e diagnosticada com nefrolitíase<br />

bilateral e adenoma supra renal <strong>es</strong>querdo (qu<strong>es</strong>ito do juízo nº 01 e qu<strong>es</strong>ito do INSS nº 01 ), patologias de ordem<br />

degenerativa que, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacitam para suas atividad<strong>es</strong> habituais de lavradora (qu<strong>es</strong>itos do juízo nºs 02 e 04 e<br />

qu<strong>es</strong>itos do INSS nºs 02 e 07). Esclareceu o expert que “adenoma de supra renal é um tumor benigno, são achados<br />

incidentais. L<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> pequenas e assintomáticas como a da parte autora devem ser feitos segmentos das imagens de <strong>tr</strong>ês a<br />

seis m<strong>es</strong><strong>es</strong> para confirmar a <strong>es</strong>tabilidade de cr<strong>es</strong>cimento. Nefrolitíase são formaçõ<strong>es</strong> sólidas originadas de acúmulos de<br />

substâncias que por aumento de excreção ou por distúrbio de funcionamento deixam de ser excretadas pelas vias urinárias”<br />

(qu<strong>es</strong>ito do INSS nº 04).<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. No caso em apreço,<br />

após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório<br />

acostado não se mos<strong>tr</strong>a suficiente para afastar a conclusão da perícia judicial.<br />

N<strong>es</strong>sa seara, não se deve d<strong>es</strong>curar que “o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos<br />

fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na s<strong>es</strong>são de 14.12.2011<br />

por <strong>es</strong>ta Turma Recursal, de relatoria do Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>).<br />

Ademais, importa d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 54, na<br />

forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />

30 - 0004242-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004242-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIAS TEODORO DE JESUS<br />

(ADVOGADO: MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES, JOSE GERALDO NUNES FILHO, LILIAN MAGESKI<br />

ALMEIDA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0004242-74.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF


Recorrente : ELIAS TEODORO DE JESUS<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORAL NÃO<br />

VERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Este recurso inominado foi interposto pelo autor às fls. 78-82, em razão de sentença que julgou improcedente a pretensão<br />

de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a perda da visão do<br />

olho <strong>es</strong>querdo enseja incapacidade para qualquer atividade laborativa. Alega que diante de suas condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais e<br />

sociais (54 anos, deficiente visual, pouca ins<strong>tr</strong>ução), a sua reinserção no mercado de <strong>tr</strong>abalho torna-se muito difícil, razão<br />

pela qual deve ser concedida a aposentadoria por invalidez.<br />

Ademais, sustenta que não consegue d<strong>es</strong>empenhar a função para a qual foi reabilitado, pois o uso do computador causa<br />

<strong>tr</strong>anstornos à sua vista. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido<br />

na inicial. Eventualmente, pleiteia por nova reabilitação em função que não prejudique sua visão.<br />

As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 87-90.<br />

A aposentadoria por invalidez, conforme se depreende do artigo 42 da Lei nº 8.213/1991, será devido ao segurado que uma<br />

vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e<br />

insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto<br />

permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, até porque o recorrente encon<strong>tr</strong>a-se auferindo<br />

benefício previdenciário.<br />

Consoante o laudo pericial (fls. 51-54) produzido por médico oftalmologista, o recorrente (com 55 anos de idade) foi<br />

examinado e diagnosticado com visão subnormal do olho <strong>es</strong>querdo (qu<strong>es</strong>ito nº 01 – fl. 53), patologia que, no entanto, não o<br />

incapacita para o exercício da atividade para a qual foi reabilitado, qual seja de operador de computador com<br />

montagem/manutenção em equipamento de informática (qu<strong>es</strong>ito nº 06 - fl. 53). Em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 14 (fl. 54), o<br />

perito informou que o recorrente apr<strong>es</strong>enta boa acuidade no olho direito, r<strong>es</strong>tando apto para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Pois bem. O recorrente tem a profissão de soldador e em 12/07/2005 sofreu um acidente que o levou à perda de 80%<br />

(oitenta por cento) da visão do olho <strong>es</strong>querdo (sentença de fls. 75-76) atingido por um prego no ambiente de <strong>tr</strong>abalho.<br />

Na m<strong>es</strong>ma sentença acha-se ainda consignado:<br />

O autor, que tem a idade de 53 anos recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 03/08/2005 a 09/02/2009 (NB<br />

138.964.413-5), diagnóstico cegueira e visão subnormal (CID10 H54), tendo sido reabilitado para a função de operador de<br />

computador com montagem/manutenção em equipamento de informática, conforme Certificado de Reabilitação Profissional<br />

juntado aos autos às fls. 31.<br />

Atualmente recebe o benefício de auxílio-acidente d<strong>es</strong>de 10/02/2009 (NB 534.619.120-4).<br />

Os laudos médicos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados pela autora (fls. 32/37) elencaram a doença sofrida pelo autor, mas, não<br />

constataram sua incapacidade.<br />

Insta salientar que, conforme cont<strong>es</strong>tação da autarquia-ré (fls. 59/63) o autor, a partir do dia seguinte à c<strong>es</strong>sação do auxílio<br />

doença, passou a receber o auxílio-acidente previdenciário (NB 543.619.120-4) devido à consolidação das l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> sofridas.<br />

Por sua vez, o recorrente alega que, ao con<strong>tr</strong>ário da conclusão da perícia-médica, não tem condiçõ<strong>es</strong> de exercer, seja a<br />

função para a qual foi reabilitado, sejam ou<strong>tr</strong>as ocupaçõ<strong>es</strong>, porquanto seus olhos lacrimejam, ardem e doem.<br />

Com efeito, a limitação para o <strong>tr</strong>abalho, seja na ocupação para a qual foi reabilitado (operador de computador com<br />

montagem/manutenção em equipamento de informática), ou em ocupação diversa, certo é que ele não apr<strong>es</strong>enta, nem<br />

demons<strong>tr</strong>a qualquer ou<strong>tr</strong>a situação <strong>es</strong>pecial condizente com a contingência nec<strong>es</strong>sária à obtenção de aposentadoria por<br />

invalidez, vale dizer, incapacidade total e permanente; conforme bem analisado na sentença recorrida. Frise-se, não se<br />

pode simpl<strong>es</strong>mente inferir: primeiro que a sintomatologia alegada é permanente e, segundo, que <strong>es</strong>se quadro seja apto a<br />

configurar incapacidade total, con<strong>tr</strong>ariando toda a apreciação e conclusão médica <strong>es</strong>pecializada.<br />

Por ou<strong>tr</strong>o lado, não se identifica, não obstante as alegaçõ<strong>es</strong> do recorrente, a impr<strong>es</strong>cindibilidade, na constância do<br />

recebimento de auxílio doença regular – o que implica reavaliação pericial normal pelo INSS – de realização de nova<br />

perícia ou a submissão a nova reabilitação, considerando as possibilidad<strong>es</strong> reais de <strong>tr</strong>abalho do recorrente.


No que tange à alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>te a incapacidade total e definitiva do<br />

recorrente, oportuno d<strong>es</strong>tacar o entendimento consolidado no Enunciado nº 08 d<strong>es</strong>ta Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo,: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de <strong>Justiça</strong> à fl. 39, na forma,<br />

r<strong>es</strong>salvado o entendimento d<strong>es</strong>te relator, do art. 12 da Lei n° 1.060/1950.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />

que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

31 - 0000603-05.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000603-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x CARLITO PEREIRA DA SILVA<br />

(ADVOGADO: ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.).<br />

RECURSO Nº 0000603-05.2010.4.02.5053/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: CARLITO PEREIRA DA SILVA<br />

REDATOR PARA O ACÓRDÃO: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. PENSÃO DESCONSIDERADA DO<br />

CÁLCULO DA RENDA FAMILIAR PER CAPITA. VALORES REVERTIDOS PARA O SUSTENTO DOS NETOS QUE NÃO<br />

PODEM SER CONSIDERADOS PARA EFEITOS DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. REQUISITOS<br />

PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS às fls. 42-50, em razão de<br />

sentença (fls. 36-41) que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do Benefício de Pr<strong>es</strong>tação Continuada – BPC, previsto<br />

no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS). Sustenta o recorrente, em r<strong>es</strong>umo, que o<br />

parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso é claro ao <strong>es</strong>tabelecer que não será computado para os fins do cálculo da<br />

renda familiar somente o benefício assistencial concedido a qualquer de seus membros. Aduz que se o legislador<br />

tencionasse excluir de tal cálculo o valor referente a quaisquer ou<strong>tr</strong>os benefícios, a exemplo dos previdenciários, teria<br />

assentado a dire<strong>tr</strong>iz de forma expr<strong>es</strong>sa. Invoca, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os, o art. 195, § 5º da Constituição da República, onde se<br />

encon<strong>tr</strong>a gravada a “regra da con<strong>tr</strong>apartida”, e seus arts. 2º e 44, <strong>es</strong>quadros do princípio da separação dos poder<strong>es</strong>.<br />

Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

Eventualmente, requer a fixação da data de início do benefício (DIB) na data da prolação da sentença ou da citação.<br />

2. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 54-58.<br />

3. A sentença de origem concedeu o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada ao autor pois, ap<strong>es</strong>ar de entender que o seu<br />

cônjuge percebia pensão no valor de um salário mínimo, d<strong>es</strong>considerou tais rendimentos do cálculo da renda familiar per<br />

capita, por força de aplicação analógica do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Embora concorde com o<br />

posicionamento do relator de que a hipót<strong>es</strong>e dos autos não se enquadra nos casos de aplicação analógica do referido<br />

dispositivo legal, na medida em que o cônjuge do autor não é p<strong>es</strong>soa idosa para fins de percepção de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada (61 anos atualmente), a sentença deve ser mantida por fundamentos diversos.<br />

4. Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com<br />

a redação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011),<br />

o benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada corr<strong>es</strong>ponde à garantia de um salário-mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa com<br />

deficiência e ao idoso com 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover a<br />

própria manutenção nem tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família será<br />

composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os


irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menor<strong>es</strong> tutelados, d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto (§1º).<br />

5. Lançadas <strong>es</strong>tas premissas, regis<strong>tr</strong>e-se que a con<strong>tr</strong>ovérsia gravita em torno do requisito atinente à renda per capita.<br />

6. Ant<strong>es</strong> de ingr<strong>es</strong>sar na análise de mérito propriamente dita, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 25/28. No<br />

que tange à composição familiar, consta da r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 1 (fl. 25) que o recorrido (68 anos) r<strong>es</strong>ide com a <strong>es</strong>posa,<br />

Sra. Maria Delmiro Pereira, com 59 anos de idade à época da confecção do relatório (25/01/2011), e <strong>tr</strong>ês netos: Carla,<br />

Carlos Daniel e Giovana Pereira Ramos, de 10, 9 e 12 anos, r<strong>es</strong>pectivamente. Est<strong>es</strong> não r<strong>es</strong>idem com a genitora – que,<br />

aparentemente, mora em uma casa vizinha, no m<strong>es</strong>mo quintal - porque o homem com quem ela se uniu maritalmente não<br />

os aceita (fl. 27). Por sua vez, segundo a r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito nº 2 (fl. 25), tem-se que a renda familiar advém da pensão em<br />

virtude da morte do filho mais velho, auferida pela <strong>es</strong>posa do recorrido, no importe de R$ 510,00 (quinhentos e dez reais).<br />

7. Conforme dicção expr<strong>es</strong>sa de dispositivo acima <strong>tr</strong>anscrito, em regra, os netos, embora r<strong>es</strong>ident<strong>es</strong> com o casal idoso, não<br />

podem ser considerados para o cálculo da renda familiar per capita, de modo que, em uma análise primária, poder-se-ia<br />

concluir que a renda familiar por cabeça seria superior à prevista na legislação (1/2 salário mínimo por p<strong>es</strong>soa), o que<br />

afastaria a conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />

8. Esta, contudo, não é a solução a ser adotada no pr<strong>es</strong>ente caso. Compulsando os autos, observo que a pensão<br />

supostamente auferida pela <strong>es</strong>posa do requerente é devida em razão da morte de seu filho mais velho. Também se infere<br />

que <strong>es</strong>te filho falecido é o pai dos netos menor<strong>es</strong> que r<strong>es</strong>idem com o casal, visto que a mãe del<strong>es</strong> se uniu maritalmente a<br />

ou<strong>tr</strong>o homem. Ora, n<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, há que se concluir que a pensão por morte é de titularidade dos netos do requerente,<br />

filho do de cujus, pois, como se sabe, nos termos da legislação previdenciária, os d<strong>es</strong>cendent<strong>es</strong> preferem aos ascendent<strong>es</strong><br />

no recebimento de pensão alimentícia. Assim, pelos elementos <strong>tr</strong>azidos aos autos, conclui-se que a <strong>es</strong>posa do requerente<br />

apenas “aufere” a pensão alimentícia por cuidar de seus netos, sendo, portanto, mera adminis<strong>tr</strong>adora.<br />

9. Assim, a meu ver, para que a pensão integrasse o cálculo da renda familiar per capita da família, os menor<strong>es</strong> deveriam<br />

ser levados em consideração, de modo que, de uma forma ou de ou<strong>tr</strong>a, o requisitos da miserabilidade r<strong>es</strong>taria preenchido.<br />

10. Em suma, entendo que a sentença de conc<strong>es</strong>são do benefício deve ser mantida, embora por fundamento diverso.<br />

11. Recurso conhecido e, no mérito, improvido.<br />

12. Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de<br />

honorários advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput,<br />

da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, por maioria de votos, vencido o douto relator,<br />

NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> – Redator para o acórdão<br />

32 - 0005093-50.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005093-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: FLAVIO TELES FILOGONIO.) x SONIA MARIA NOGUEIRA SANT'ANA (ADVOGADO: ROGERIO SIMOES<br />

ALVES, HELTON TEIXEIRA RAMOS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.005093-0/01– Juízo de origem: 1º JEF<br />

Embargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Embargado: SONIA MARIA NOGUEIRA SANT’ANA<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICA. GDATA. OBSCURIDADE. OMISSÃO. TERMO FINAL DA<br />

PARIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS em razão de acórdão<br />

proferido pela Turma Recursal. Alega o embargante que o julgado é obscuro no que diz r<strong>es</strong>peito ao período de junho de<br />

2002 a abril de 2004, em relação ao qual não há condenação, vale dizer, se seria devida a gratificação “GDAMP” de<br />

18.02.2004 a 30.04.2004. Ademais, que há omissão no julgado, porquanto não delimitado termo final para o pagamento das<br />

gratificaçõ<strong>es</strong> que sucederam a Gratificação de Atividade Técnica Adminis<strong>tr</strong>ativa - GDATA. D<strong>es</strong>sa forma, requer sejam<br />

sanados os apontados vícios.<br />

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer <strong>es</strong>tejam


pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> os pr<strong>es</strong>supostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida, <strong>es</strong>ta última d<strong>es</strong>de que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se que<br />

<strong>es</strong>te aponta a existência de obscuridade e omissão no julgado.<br />

No que tange à primeira alegativa, argumenta o embargante que:<br />

“As condenaçõ<strong>es</strong> da sentença foram en<strong>tr</strong>e fevereiro e maio de 2002 e a partir de maio de 2004 (fl. 37). Já a decisão da<br />

Turma Recursal foi no sentido de que (fl. 54):<br />

“Não há que se reparar a sentença para impor uma limitação à percepção da GDATA em virtude da nova gratificação criada<br />

pela Lei nº 10.876/2004, uma vez que a condenação do INSS <strong>es</strong>tá r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita ao pagamento das diferenças en<strong>tr</strong>e o total de<br />

pontos efetivamente pagos e os devidos”.<br />

Surgiu uma dúvida quanto ao período no qual não houve condenação em sentença – de junho de 2002 a abril de 2004 –<br />

mas no qual em parte do m<strong>es</strong>mo (partir de 18/02/2004) a autora passou a receber GDAMP.<br />

Seria devida <strong>es</strong>ta gratificação – a GDAMP de 18/02/2004 a 30/04/2004, período em que não houve condenação em<br />

sentença ao pagamento da GDATA?”(fl. 57).“<br />

Observa-se, contudo, que a sentença expr<strong>es</strong>samente consignou que “no período de 01.06.2002 e 30.04.2004, nenhuma<br />

diferença é devida, pois o STF entendeu que tanto os servidor<strong>es</strong> ativos quanto os inativos deveriam receber GDATA no<br />

valor corr<strong>es</strong>pondente a 10 pontos, de acordo com o art. 5º, parágrafo único, da Lei 10.404/2002, equiparável ao art. 2º, II, da<br />

m<strong>es</strong>ma Lei, o que já foi concedido pela Adminis<strong>tr</strong>ação”, disposição em nada alterada n<strong>es</strong>ta sede.<br />

Quanto ao segundo pleito, o de fixação do termo final das gratificaçõ<strong>es</strong> que sucederam a GDATA, com razão o<br />

embargante.<br />

De fato, cumpre integrar o acórdão recorrido de modo a que o termo final da paridade coincida com o início do ciclo relativo<br />

à primeira avaliação comprovadamente implementada, no valor equivalente a 80 (oitenta) pontos; em conformidade com o<br />

entendimento expr<strong>es</strong>so no Enunciado nº 105 das Turmas Recursais dos JEFs da Seção Judiciária do Estado do rio de<br />

Janeiro (Publicado no DJe de 14.09.2011).<br />

Embargos de declaração conhecidos e parcialmente providos, consoante a fundamentação acima exposta.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e prover parcialmente os embargos de declaração, na<br />

forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Boaventura João Andrade<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

33 - 0005577-65.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005577-0/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS<br />

BARBOSA.) x HELDER MAGNO DA SILVA (ADVOGADO: MARIANA MARCHEZI BRUSCHI.).<br />

E M E N T A<br />

ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO CIVIL – REMOÇÃO A PEDIDO – INTERESSE PÚBLICO – LEI 8.112/90 –<br />

APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA - AJUDA DE CUSTO - PAGAMENTO DEVIDO – ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DA TNU –<br />

JUROS DE MORA - 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM REDAÇÃO DATA PELA LEI Nº 11.960/2009 – APLICAÇÃO ÀS AÇÕES<br />

EM CURSO.<br />

Trata-se de recurso interposto pela União <strong>Federal</strong> con<strong>tr</strong>a sentença que julgou procedente o pedido, condenando-a ao<br />

pagamento ao autor, Procurador da República, do valor corr<strong>es</strong>pondente ao subsídio do mês de outubro de 2006, a título de<br />

ajuda de custo, em razão de sua remoção, a pedido, da Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro para a<br />

Procuradoria da República n<strong>es</strong>te Estado. Alega a recorrente que a incompetência do JEF, eis que o pedido importa na<br />

nec<strong>es</strong>sidade de se anular ato adminis<strong>tr</strong>ativo consubstanciado no art. 6º do Edital nº 12/2006, segundo o qual “as remoçõ<strong>es</strong><br />

decorrent<strong>es</strong> d<strong>es</strong>te concurso ocorrerão sem qualquer ônus adicional para o Ministério Público <strong>Federal</strong>”. No mérito, invoca os<br />

princípios da legalidade <strong>es</strong><strong>tr</strong>ita e da moralidade adminis<strong>tr</strong>ativa, bem como o artigo 227, I, a e III, a da Lei Complementar<br />

75/93 - norma <strong>es</strong>pecial que afasta a aplicação subsidiária da Lei nº 8.112/90 -, e argumenta que o preenchimento da vaga


por remoção depende única e exclusivamente da vontade p<strong>es</strong>soal do inter<strong>es</strong>sado. Em relação aos juros de mora, alega que<br />

deve prevalecer o disposto no art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, com a redação incluída pela MP 457, de 10/02/2009, convertida<br />

na Lei nº 11.960/2009. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 139/165.<br />

Não se <strong>tr</strong>ata de ação para anulação ou cancelamento de ato adminis<strong>tr</strong>ativo, ao con<strong>tr</strong>ário do que sustenta a recorrente, eis<br />

que o pedido não engloba a anulação do edital do concurso de remoção. Trata-se apenas de aferir se, à luz da legislação<br />

em vigor, o autor faz jus à percepção da vantagem pretendida. Afastada, pois, a alegada incompetência do JEF.<br />

A Turma Nacional de Uniformização consolidou o entendimento de que há direito à ajuda de custo no caso do Procurador<br />

da República removido em razão de concurso de remoção, por entender - com base no art. 287 da LC 75/93 - aplicável<br />

subsidiariamente a Lei nº 8.112/1990, cujo artigo 53 contém disposição geral aplicável aos servidor<strong>es</strong> públicos civis da<br />

União, não conflitante com qualquer disposição <strong>es</strong>pecial do Estatuto do Ministério Público da União, bem como por<br />

entender que a remoção n<strong>es</strong>sa hipót<strong>es</strong>e (concurso de remoção) atende primariamente o inter<strong>es</strong>se do serviço e apenas<br />

secundariamente o inter<strong>es</strong>se do agente. Veja-se o acórdão:<br />

DIREITO ADMINISTRATIVO. REMOÇÃO “A PEDIDO”. ALTERAÇÃO DE DOMICÍLIO. PROCURADOR DA REPÚBLICA.<br />

INAMOVIBILIDADE. CONCURSO DE REMOÇÃO (EDITAL). INTERESSE PÚBLICO. LEI Nº. 8.112/1990 (RJU).<br />

APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA. INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 287 E 277 DA LEI COMPLEMENTAR Nº. 75/1993 (LOMP).<br />

DIREITO À AJUDA DE CUSTO. PRECEDENTES DESTA TNU. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO DO STJ EM RELAÇÃO<br />

À MAGISTRATURA. SIMETRIA. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO. DEVOLUÇÃO À TURMA RECURSAL DE<br />

ORIGEM, PARA ADEQUAÇÃO DO JULGADO. ARTS. 7º VII, “A” E 15, §§ 1º E 3º, DA RESOLUÇÃO CJF Nº. 22 DE 4 DE<br />

SETEMBRO DE 2008 (RI/TNU).<br />

1 - Trata-se de Pedido de Uniformização interposto em face de acórdão que negou provimento a recurso inominado de<br />

sentença que julgou improcedente pedido de pagamento de ajuda de custo por remoção “a pedido” de membro do<br />

Ministério Público <strong>Federal</strong> em decorrência de “Concurso de Remoção” promovido pela Instituição.<br />

2 - O acórdão recorrido fixou a t<strong>es</strong>e de que apenas remoção “de ofício”, não “a pedido”, enseja o pretendido pagamento,<br />

nos termos do disposto no art. 277 da Lei Complementar nº. 75/1993 – Estatuto do Ministério Público da União – (“Os<br />

membros do Ministério Público da União farão jus, ainda, às seguint<strong>es</strong> vantagens: I - ajuda de custo em caso de: a)<br />

remoção de ofício, promoção ou nomeação que importe em alteração do domicílio legal, para atender às d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as de<br />

instalação na nova sede de exercício em valor corr<strong>es</strong>pondente a até <strong>tr</strong>ês m<strong>es</strong><strong>es</strong> de vencimentos”). Fixou, ainda, a t<strong>es</strong>e de<br />

que o <strong>tr</strong>atamento exaustivo das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de pagamento de ajuda de custo pela LC nº. 75/1993, lei <strong>es</strong>pecial, afasta a<br />

aplicação, ainda que subsidiária, da Lei nº. 8.112/1990 – Regime Jurídico dos Servidor<strong>es</strong> Públicos Civis da União –, lei<br />

geral, conforme art. 287, LC nº. 75/1993 (“Aplicam-se subsidiariamente aos membros do Ministério Público da União as<br />

disposiçõ<strong>es</strong> gerais referent<strong>es</strong> aos servidor<strong>es</strong> públicos, r<strong>es</strong>peitadas, quando for o caso, as normas <strong>es</strong>peciais contidas n<strong>es</strong>ta<br />

lei complementar.”).<br />

3 – omissis<br />

4 – omissis<br />

5 - O art. 277, I, “a”, da LC nº. 75/1993 não previu todas as hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de conc<strong>es</strong>são da vantagem ajuda de custo por<br />

remoção; com efeito, refere-se apenas àquela de ofício, de caráter eminentemente punitivo, fundada no inter<strong>es</strong>se público e<br />

decidida pelo voto da maioria absoluta dos membros do órgão colegiado competente, assegurada ampla def<strong>es</strong>a. Não tendo<br />

a LC nº. 75/1993 <strong>tr</strong>atado exaustivamente do tema, aplica-se subsidiariamente a Lei nº. 8.112/1990, como previsto em seu<br />

art. 287. O art. 53 d<strong>es</strong>sa última lei contém disposição geral aplicável aos servidor<strong>es</strong> públicos civis da União não conflitante<br />

com qualquer disposição <strong>es</strong>pecial do Estatuto do Ministério Público da União, confira-se: “A ajuda de custo d<strong>es</strong>tina-se a<br />

compensar as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as de instalação do servidor que, no inter<strong>es</strong>se do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com<br />

mudança de domicílio em caráter permanente, vedado o duplo pagamento de indenização, a qualquer tempo, no caso de o<br />

cônjuge ou companheiro que detenha também a condição de servidor, vier a ter exercício na m<strong>es</strong>ma sede”.<br />

6 - Gozando os membros do Ministério Público da garantia constitucional da inamovibilidade (art. 128, § 5º, I, “b”, CF), sua<br />

remoção pr<strong>es</strong>supõe manif<strong>es</strong>tação de vontade, materializada na formulação de “pedido”. O edital publicado pela<br />

Adminis<strong>tr</strong>ação, por sua vez, revela a existência de vagas e o inter<strong>es</strong>se público em provê-las. A remoção n<strong>es</strong>sa hipót<strong>es</strong>e<br />

atende primariamente o inter<strong>es</strong>se do serviço e apenas secundariamente o inter<strong>es</strong>se do agente. Fazem jus, portanto, os<br />

membros do MPF ao pagamento de ajuda de custo quando a remoção no inter<strong>es</strong>se público importa em alteração do<br />

domicílio.<br />

7 - Precedent<strong>es</strong> da TNU: PEDILEF nº. 2006.51.51.002075-6, Rel. Juiz <strong>Federal</strong> Sebastião Ogê Muniz, DJU 18.2.2008;<br />

PEDILEF nº. 200251520015144, Relª Juíza <strong>Federal</strong> Mônica Sifuent<strong>es</strong>, DJU 29.9.2004.<br />

8 - Consolidação no STJ, ademais, de entendimento que acolhe idêntica ratio acerca do pagamento de ajuda de custo à<br />

magis<strong>tr</strong>atura (art. 65, I, LC nº. 35/1979 – LOMAN), carreira simé<strong>tr</strong>ica à do Ministério Público (cf. CNJ, PP nº.<br />

0002043-22.2009.2.00.0000, Rel. Conselheiro Gilberto Valente Martins, pub. DJe 14.12.2010), verbis: “3. A jurisprudência<br />

d<strong>es</strong>ta Corte firmou-se no sentido de que o magis<strong>tr</strong>ado faz jus à ajuda de custo, seja na remoção ex officio, seja na levada a<br />

efeito a pedido do inter<strong>es</strong>sado, uma vez que em ambas <strong>es</strong>tá pr<strong>es</strong>ente o inter<strong>es</strong>se público. Precedent<strong>es</strong>: AgRg no REsp<br />

945.420/SC, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Laurita Vaz, Quinta Turma, DJe 27.9.2010; AgRg no REsp 779.276/SC, Rel. Celso Limongi<br />

(D<strong>es</strong>embargador Convocado do TJ-SP), Sexta Turma, DJe 18.5.2009; AgRg no Ag 1.354.482/SC, Rel. Min. Cas<strong>tr</strong>o Meira,<br />

Segunda Turma, DJe 18.2.2011”. (Proc<strong>es</strong>so AgRg no AREsp 64318/RS - 2011/0242466-9, Segunda Turma, Rel. Minis<strong>tr</strong>o<br />

Humberto Martins, pub. DJe 5.3.2012).<br />

9 - Incidente de uniformização conhecido e provido. Devolução dos autos à Turma Recursal de origem para adequação do<br />

julgado à premissa de direito uniformizada.<br />

10 - O julgamento d<strong>es</strong>te incidente de uniformização, que reflete o entendimento consolidado da Turma Nacional de<br />

Uniformização, r<strong>es</strong>ultará na devolução às Turmas de origem de todos os ou<strong>tr</strong>os recursos que versem sobre o m<strong>es</strong>mo<br />

objeto a fim de que mantenham ou promovam a adequação do acórdão recorrido à t<strong>es</strong>e jurídica firmada, em cumprimento<br />

ao disposto nos arts. 7º VII, “a” e 15, §§ 1º e 3º, da R<strong>es</strong>olução CJF nº. 22 de 4 de setembro de 2008 (RI/TNU).<br />

(PEDIDO 200837007015970, JUIZ FEDERAL ALCIDES SALDANHA LIMA, DOU 20/07/2012.)


4. Quanto aos juros de mora a sentença encon<strong>tr</strong>a-se em sentido con<strong>tr</strong>ário ao da jurisprudência pacificada na TNU,<br />

segundo a qual a norma do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009, se aplica<br />

imediatamente a todas as açõ<strong>es</strong> em curso, independentemente de terem sido propostas ant<strong>es</strong> ou depois da mencionada<br />

inovação legislativa. N<strong>es</strong>se sentido, a partir de junho de 2009, nos débitos da Fazenda Nacional, qualquer que seja a sua<br />

natureza, incluídos os débitos previdenciários, devem ser observados os índic<strong>es</strong> de correção monetária e juros de mora<br />

aplicáveis às cadernetas de poupança (PEDIDO 05048748820094058500, JUIZ FEDERAL ADEL AMÉRICO DE OLIVEIRA,<br />

DOU 01/06/2012).<br />

5. Recurso conhecido e provido em parte, apenas quanto aos juros de mora.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

34 - 0008223-48.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.008223-1/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO<br />

SALES DOS SANTOS, CLEBER ALVES TUMOLI.) x JADER ADAME LOUZADA (DEF.PUB: LUDMYLLA MARIANA<br />

ANSELMO, EDUARDO JOSÉ TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MATERIAL - SAQUE INDEVIDO – RESPONSABILIDADE<br />

OBJETIVA DA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA – DANO MORAL INEXISTENTE - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,<br />

PROVIDO PARCIALMENTE.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela Caixa Econômica <strong>Federal</strong>, ora recorrente, em face de sentença que julgou<br />

procedente a pretensão de condenação da Empr<strong>es</strong>a Pública no pagamento de indenização a título de danos materiais e<br />

morais. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que em procedimento de verificação não ficou caracterizada<br />

qualquer fraude no uso do cartão da parte autora. Alega, ainda, que não houve a retirada de todo o dinheiro da conta<br />

corrente, fato atípico em se <strong>tr</strong>atando de clonagem, e que a recorrida não <strong>tr</strong>ouxe aos autos qualquer prova de que tenha<br />

sofrido dano moral. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o pr<strong>es</strong>ente recurso, julgando-se procedente o pedido<br />

deduzido na inicial. Eventualmente, requer a redução da quantia fixada a título de danos morais.<br />

Inicialmente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que a Lei n. 8.078/90 inclui a atividade bancária no conceito de serviço (art. 3º, § 2º),<br />

<strong>es</strong>tabelecendo como objetiva a r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual do banco (art. 14), que fica configurada na pr<strong>es</strong>ença dos<br />

seguint<strong>es</strong> pr<strong>es</strong>supostos: fato, dano e nexo de causalidade. Nos termos da Súmula n. 297 do STJ, “O Código de Def<strong>es</strong>a do<br />

Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras”.<br />

Nos termos do CDC, o consumidor é a parte mais fraca na relação jurídica de consumo (art. 4º), prevalecendo o direito<br />

subjetivo à inversão do ônus da prova a seu favor (art. 6º, VIII), cabendo, em regra, ao banco, para elidir sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, comprovar que o fato alegado derivou da culpa do cliente ou da força maior ou caso fortuito (art. 14,<br />

§ 3º).<br />

In casu, o recorrido alega ter sido vítima de <strong>tr</strong>ês saqu<strong>es</strong> indevidos em sua conta corrente nos dias 6, 8 e 21 de maio de<br />

2008 (fls.129/130), totalizando o valor de R$ 3.000,00 (<strong>tr</strong>ês mil reais). Em 06.06.2008 regis<strong>tr</strong>ou ocorrência perante a Polícia<br />

Civil (fl. 20) e diligenciou junto à recorrente, sendo-lhe informado, em 09.07.2008, que não foram encon<strong>tr</strong>ados indícios de<br />

falha ou irregularidade nos procedimentos adotados pela CEF (fl. 23). É importante regis<strong>tr</strong>ar que o cartão magnético foi<br />

retido pela CEF para fins de averiguação dos saqu<strong>es</strong> indevidos.<br />

Considerando a dificuldade de comprovação por parte da autora de que não teria efetuado os saqu<strong>es</strong> cont<strong>es</strong>tados, ligada à<br />

complexidade da prova negativa, e tendo em conta, ainda, a possibilidade da instituição financeira produzir prova em<br />

sentido con<strong>tr</strong>ário, mediante apr<strong>es</strong>entação das fitas de gravação do circuito interno e câmeras instaladas nos terminais de<br />

auto-atendimento e caixas 24 horas, não r<strong>es</strong>ta dúvida de que a CEF é que teria condiçõ<strong>es</strong> de identificar quem efetuou os<br />

saqu<strong>es</strong> indevidos, devendo, assim, ser invertido o ônus da prova, nos termos do artigo 6.º, VIII, do CDC.<br />

A gravação juntada pela CEF à fl. 157 não é apta a comprovar a conclusão da CEF de que provavelmente ocorreu a<br />

utilização do cartão por alguém próximo do Sr. Jader Adame Louzada, seja um amigo, um parente, que tinha conhecimento<br />

de sua senha. A par disso, os ex<strong>tr</strong>atos de fls. 51/131 comprovam que, efetivamente, o recorrido somente realizava saqu<strong>es</strong><br />

diretamente no banco ou em casas lotéricas.<br />

Não se d<strong>es</strong>incumbindo a instituição financeira de comprovar a culpa exclusiva ou concorrente do cliente no saque<br />

fraudulento realizado por terceiro, d<strong>es</strong>ponta a r<strong>es</strong>ponsabilidade da CEF em reparar o dano material decorrente.<br />

Já o dano moral configura-se sempre que alguém, injustamente, causa l<strong>es</strong>ão a inter<strong>es</strong>se não pa<strong>tr</strong>imonial relevante. O<br />

recorrido não logrou demons<strong>tr</strong>ar que o saque indevido foi capaz de ensejar qualquer abalo à sua honra ou l<strong>es</strong>ão psicológica<br />

suficiente para configurar um dano que mereça ser indenizado. Assim, o aborrecimento decorrente do evento danoso não<br />

passou de um mero dissabor a que qualquer cidadão <strong>es</strong>tá propenso a vivenciar nas relaçõ<strong>es</strong> sociais modernas, o que<br />

afasta a possibilidade de caracterização dos danos morais na forma pretendida. R<strong>es</strong>salte-se que a análise das filmagens<br />

corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> em nada con<strong>tr</strong>ibuiria para se concluir sobre a r<strong>es</strong>ponsabilidade do próprio autor pelos saqu<strong>es</strong> efetuados,<br />

ao con<strong>tr</strong>ário do que r<strong>es</strong>tou assentado na sentença como fundamento para a condenação em danos morais.<br />

Merece parcial reparo, portanto, a sentença proferida pelo Juízo “a quo”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, tão somente para d<strong>es</strong>constituir a condenação da CEF no<br />

pagamento de danos morais ao autor, mantida a condenação em danos materiais.<br />

Custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado


Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

35 - 0000541-08.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000541-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x JOSILENE DE JESUS OLIVEIRA.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – INSS – SALÁRIO-MATERNIDADE – EMPREGADA DOMÉSTICA – REQUISITOS PREENCHIDOS –<br />

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO NÃO RECEBIDO PELO INSS – INTERESSE DE AGIR CONFIGURADO -<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, em face da sentença de fls.<br />

30/31, que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de salário maternidade. Alega o recorrente que não<br />

houve prévio requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do benefício salário-maternidade, pugnando pela extinção do proc<strong>es</strong>so por<br />

ausência de inter<strong>es</strong>se de agir. Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A autora aduz, na inicial, que procurou o réu INSS para obtenção do salário-maternidade bem como que a Previdência<br />

Social, negando-se à <strong>tr</strong>amitação dos documentos próprios par ao benefício almejado, alega que a autora não <strong>es</strong>taria regular<br />

perante o PIS-PASEP, tendo que providenciar atos junto à empregadora. Ato seguinte, foi até a co-ré CEF para r<strong>es</strong>olver a<br />

situação; contudo, permaneceu a informação de irregularidade.<br />

3. Conquanto não haja nos autos comprovação da negativa do INSS de receber o requerimento, não se pode pr<strong>es</strong>umir a<br />

má-fé da autora nem há motivos para considerar inverídicos os fatos por ela narrados na inicial, mormente em face de tê-la<br />

ins<strong>tr</strong>uído com documento relativo ao PIS, expedido pela CEF em 30/01/2009 (fl. 10), m<strong>es</strong>ma data em que ajuizada a ação,<br />

sem assistência de advogado.<br />

4. Correta, pois, a sentença ao rejeitar a preliminar de carência de ação aduzida na cont<strong>es</strong>tação do INSS.<br />

5. R<strong>es</strong>salte-se que no julgamento do Recurso Especial nº 1.310.042-PR, ocorrido em 15/05/2012, a 2ª Turma do STJ<br />

assentou o entendimento no sentido de que o inter<strong>es</strong>se proc<strong>es</strong>sual do segurado e a utilidade da pr<strong>es</strong>tação jurisdicional<br />

concretizam-se nas hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de a) recusa de recebimento do requerimento ou b) negativa de conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

previdenciário, seja pelo concreto indeferimento do pedido, seja pela notória r<strong>es</strong>istência da autarquia à t<strong>es</strong>e jurídica<br />

<strong>es</strong>posada (g.n.), bem como de que a aplicação dos critérios acima deve observar a pr<strong>es</strong>cindibilidade do exaurimento da via<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa para ingr<strong>es</strong>so com ação previdenciária, conforme Súmulas 89/STJ e 213/ex-TFR.<br />

6. A d<strong>es</strong>peito de não haver o INSS con<strong>tr</strong>overtido o mérito, r<strong>es</strong>salto <strong>es</strong>tar correta a sentença ao conceder o benefício, eis que<br />

a autora comprovou filiação ao RGPS na condição de empregada doméstica na data do afastamento, conforme<br />

documentos de fls. 07 e 09.<br />

7. Recurso conhecido e improvido.<br />

8. Sem custas. Sem condenação em honorários, tendo em vista que a autora não constituiu advogado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante<br />

dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

36 - 0005748-22.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005748-0/01) CARLOS ROBERTO AZEVEDO COSTA (ADVOGADO:<br />

rodrigo peixoto pimentel, MARIA DO CARMO NETTO FERREIRA.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ<br />

CLAUDIO SOBREIRA.).<br />

E M E N T A<br />

FGTS – JUROS PROGRESSIVOS – TAXA INDEVIDAMENTE UTILIZADA – DIREITO À RECOMPOSIÇÃO DA CONTA<br />

VINCULADA – RESPEITO À PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA – ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA – TERMO DE ADESÃO NOS<br />

TERMOS DA LEI COMPLEMENTAR Nº 110/2001 – RENÚNCIA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO<br />

– SENTENÇA REFORMADA<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO<br />

RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

37 - 0000628-49.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000628-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS


(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x ALDEIR JOSE VIEIRA (ADVOGADO: EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei refere-se exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 97/101, que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à parte autora,<br />

d<strong>es</strong>de a data da suspensão adminis<strong>tr</strong>ativa. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo<br />

de miserabilidade da recorrida, e que não é devida a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso.<br />

Assim, aduz que a renda da aposentadoria por idade da genitora (repr<strong>es</strong>entante) não deve ser excluída do cômputo para<br />

cálculo da renda per capita .<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93, a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem tê-lo<br />

provido por sua família. A condição de portadora de deficiência da parte autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos.<br />

4. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita.<br />

6. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que<br />

deve ser feita uma análise da situação de miserabilidade, com base no critério objetivo da renda per capita da família para<br />

fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que<br />

aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de<br />

percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na<br />

velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o princípio<br />

constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade. Portanto, deve ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria<br />

por invalidez da genitora no cálculo da renda per capita.<br />

7. O INSS alega que a renda familiar per capita é superior a ¼ do salário mínimo. Ao se analisar a renda familiar,<br />

constata-se que a genitora do autor é a única p<strong>es</strong>soa do grupo familiar que aufere renda, no valor de R$ 510,00 (quinhentos<br />

e dez reais, fl. 59) proveniente de aposentadoria. Porém, por analogia ao art. 34 da lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) o<br />

valor auferido pela genitora não irá ser computado para fins de cálculo da renda per capita familiar.<br />

8. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:<br />

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar. 4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e<br />

da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por<br />

maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no<br />

parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Proc<strong>es</strong>so 00161457720074036302 –<br />

02/03/2012)”<br />

9. De acordo com o relatório social (fls. 68/76), verifica-se que o número de p<strong>es</strong>soas r<strong>es</strong>ident<strong>es</strong> sob o m<strong>es</strong>mo teto é de 02<br />

p<strong>es</strong>soas, sendo elas, a parte autora e sua mãe. A <strong>es</strong><strong>tr</strong>utura física do imóvel é precária, não contém rede de <strong>es</strong>goto, nem<br />

condiçõ<strong>es</strong> físicas adequadas, além de possuir infra<strong>es</strong><strong>tr</strong>utura irregular, sendo imóvel sem boa habitabilidade. Constatou-se,<br />

também, que da renda proveniente de um salário mínimo, são gastos R$ 55,00 (cinquenta e cinco reais) em conta de água,<br />

luz e gás, R$ 200,00 (duzentos reais) em medicamentos para a mãe da parte autora, bem como R$ 250,00(duzentos e<br />

cinquenta reais) com alimentação.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


38 - 0000621-66.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000621-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA DAS NEVES COTTA (ADVOGADO: Valber Cruz Cereza.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 59/62) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data da<br />

prolação da sentença. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo de miserabilidade da<br />

recorrida, pois não é devida a aplicação analógica do artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da<br />

aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do cômputo da renda per capita da autora. Requer, assim, seja julgado<br />

totalmente improcedente o pedido. A parte autora não apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso e que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 11). A m<strong>es</strong>ma requereu o<br />

benefício adminis<strong>tr</strong>ativamente em 09/01/2009, tendo <strong>es</strong>te sido negado sob a alegação de não enquadramento no art. 20, §<br />

3º da Lei nº 8.742/93 (fl. 14).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 21/26) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o benefício de aposentadoria compulsória no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso (75 anos)<br />

da recorrida (fl. 17). Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o casal possui diversos gastos com<br />

alimentação, energia, água, gás e que a requerente não possui meios de prover sua própria manutenção. Deve-se, assim,<br />

ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do cônjuge no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o<br />

requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, Parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), bem como o artigo 34, Parágrafo único, do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico<br />

que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos, uma vez que o pr<strong>es</strong>ente juízo de<br />

mérito foi alcançado, valendo-se o magis<strong>tr</strong>ado dos meios de interpretação da norma (hermenêutica), da jurisprudência, dos<br />

critérios de razoabilidade e proporcionalidade e, ainda, do livre convencimento motivado, que lhe são peculiar<strong>es</strong>.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

39 - 0000658-93.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000658-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x TEONILA BICALHO (ADVOGADO: SERGIO DE LIMA FREITAS<br />

JUNIOR.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 65/67) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data da<br />

juntada do laudo da assistente social. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo de<br />

miserabilidade da recorrida, pois não é devida a aplicação analógica do artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e,<br />

por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do cômputo da renda per capita da autora. Requer,<br />

assim, seja julgado totalmente improcedente o pedido. A parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela<br />

manutenção da sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso e que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 16). A m<strong>es</strong>ma requereu o<br />

benefício adminis<strong>tr</strong>ativamente em 10/04/2008, tendo sido o m<strong>es</strong>mo negado, sob a alegação de que a renda per capita era<br />

igual ou superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo mensal (fl. 36).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 40/41) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

convivente, é o benefício de aposentadoria por idade rural no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo<br />

companheiro (80 anos) da recorrida (vide INFBEN em fl. 20). Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda que o<br />

casal possui gastos com alimentação, energia, água, gás de cozinha e, principalmente, com medicamentos, e que a renda<br />

mensal percebida pelo companheiro tem sido insuficiente para suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas da família. Deve-se, assim,<br />

ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o<br />

requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à constitucionalidade e alegada violação dos dispositivos<br />

constitucionais de que <strong>tr</strong>atam os artigos 1º (Regime Democrático de Direito) e 2º (separação e independência en<strong>tr</strong>e os<br />

poder<strong>es</strong> republicanos); artigo 195, § 5º (precedência da fonte de custeio); artigo 203, inciso V (r<strong>es</strong>erva legal em matéria de


enefício de amparo social), bem como o artigo 20, § 3º da Lei nº 8.742/93 c/c artigo 34, Parágrafo único, do Estatuto do<br />

Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos,<br />

uma vez que o pr<strong>es</strong>ente juízo de mérito foi alcançado pelos meios de interpretação da norma (hermenêutica), da<br />

jurisprudência, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade e, ainda, do livre convencimento motivado, que são<br />

peculiar<strong>es</strong> ao magis<strong>tr</strong>ado.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

40 - 0000001-48.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000001-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x THEREZINHA SILVA DE AZEVEDO OLIVEIRA (ADVOGADO: GUSTAVO<br />

SABAINI DOS SANTOS.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei refere-se exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença (fls. 70/75) que julgou procedente o pedido<br />

inicial de THEREZINHA SILVA DE AZEVEDO OLIVEIRA, condenando a autarquia ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício<br />

assistencial à parte autora, d<strong>es</strong>de a data de sua c<strong>es</strong>sação (01/01/2009). Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o<br />

entendimento do juízo a quo acerca do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, em não contabilizar o benefício<br />

previdenciário (aposentadoria por idade do <strong>es</strong>poso) para fins de cálculo da renda familiar per capita, seria uma inovação<br />

legislativa, e não uma interpretação analógica, impossibilitando, portanto, sua aplicação pelo Poder Judiciário.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possua meios de prover o próprio sustento e nem de tê-lo<br />

provido por sua família. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial<br />

concedido a qualquer membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

4. A alegação do INSS de que a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único, implica ilegalidade, não merece prosperar.<br />

O entendimento firmado na sentença a quo sustenta-se nas interpretaçõ<strong>es</strong> sistemática e teleológica, que são plenamente<br />

acolhidas no âmbito jurídico. Na técnica sistemática, cabe ao magis<strong>tr</strong>ado considerar aquel<strong>es</strong> dispositivos legais que se<br />

interrelacionam, analisando-os de forma conjunta, para que sejam inseridos da melhor forma possível no contexto jurídico.<br />

Já a técnica teleológica permite ao magis<strong>tr</strong>ado analisar a finalidade social da lei, ou seja, a intenção que o legislador<br />

possuía ao elaborar a norma.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do<br />

Idoso, possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos<br />

por ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário,<br />

defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício<br />

assistencial pode ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação<br />

absolutamente paradoxal, haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício<br />

assistencial tem seu valor excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que<br />

aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade.<br />

Essa situação, além de violar o princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade. A dignidade<br />

da p<strong>es</strong>soa humana não pode ser ferida por mera interpretação literal, podendo, assim, o poder judiciário realizar<br />

interpretaçõ<strong>es</strong> teleológicas e sistemáticas do ordenamento jurídico.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:<br />

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e<br />

da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por<br />

maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no<br />

parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Proc<strong>es</strong>so 00161457720074036302 –<br />

02/03/2012)”


7. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, Parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), arts. 2º e 44 (princípio da separação de poder<strong>es</strong>); bem como o artigo 34, Parágrafo<br />

único, do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação<br />

d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos, visto que o entendimento do Juízo foi alcançado tendo-se em conta os meios de interpretação da norma<br />

(hermenêutica), da jurisprudência, dos critérios de razoabilidade e proporcionalidade e, ainda, do livre convencimento, que<br />

são peculiar<strong>es</strong> ao magis<strong>tr</strong>ado.<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 57/59) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela recorrida (77 anos<br />

de idade), seu marido (77 anos de idade) e sua filha (50 anos de idade), é o benefício de aposentadoria por idade no valor<br />

de um salário mínimo recebido pelo <strong>es</strong>poso da recorrida (vide fl. 67). Deve-se, portanto, com base na interpretação<br />

sistemática, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte,<br />

preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial, visto que a renda per capita é nula. É<br />

possível verificar que a c<strong>es</strong>sação do benefício assistencial realizado pelo INSS é, evidentemente, indevida.<br />

9. Sendo assim, ao verificar que a autora preenchia, no momento da c<strong>es</strong>sação indevida realizada pela autarquia federal,<br />

todos os requisitos para o aferimento do benefício assistencial, não merecem guarida os argumentos apr<strong>es</strong>entados no<br />

pedido recursal do INSS.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

41 - 0000456-50.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000456-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x PAULO ROBERTO CARDOSO (ADVOGADO: MARIA REGINA<br />

COUTO ULIANA.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000456-50.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000456-0/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 91/95, que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à parte autora,<br />

d<strong>es</strong>de a data da suspensão adminis<strong>tr</strong>ativa. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo<br />

de miserabilidade do recorrido, não sendo devida a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso.<br />

Assim, aduz que a renda da aposentadoria por invalidez da genitora (repr<strong>es</strong>entante) não deve ser excluída do cômputo para<br />

cálculo da renda per capita.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93, a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento. A condição<br />

de portadora de deficiência da parte autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos.<br />

4. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita.<br />

6. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que<br />

deve ser feita uma análise da situação de miserabilidade, com base no critério objetivo da renda per capita da família para<br />

fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que<br />

aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de<br />

percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na<br />

velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o princípio<br />

constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade. Portanto, deve ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria<br />

por invalidez da genitora no cálculo da renda per capita.<br />

7. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não


deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”. É possível, ainda, verificar tal entendimento na jurisprudência mais recente:<br />

“O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e<br />

da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por<br />

maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no<br />

parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso. (5ª Turma Recursal – TRSP: Proc<strong>es</strong>so 00161457720074036302 –<br />

02/03/2012)”<br />

8. Segundo relatório social (fl. 54), realizado pela Prefeitura Municipal de Boa Esperança/ES, a parte autora r<strong>es</strong>ide em casa<br />

própria com sua mãe juntamente com seus 2 (dois) irmãos maior<strong>es</strong> de idade e seu sobrinho. Além disso, relata que a parte<br />

autora recebia benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, que garantia a relativa <strong>es</strong>tabilidade familiar, mas que veio a ser c<strong>es</strong>sada<br />

em virtude da mãe receber pensão por morte do marido. Com a perda do beneficio de pr<strong>es</strong>tação continuada, a família vem<br />

enfrentando várias dificuldad<strong>es</strong>, como a compra de medicamentos para o <strong>tr</strong>atamento do requerente e de sua mãe. A<br />

assistente social ainda afirma que a família se encon<strong>tr</strong>a em situação de risco social devido à ausência do benefício,<br />

devendo ter sua situação reavaliada.<br />

9. De acordo com o relatório social mais recente (fls. 61/62), verifica-se que a parte autora r<strong>es</strong>ide numa casa pertencente à<br />

família, onde moram também seus 2 (dois) irmãos, seu sobrinho e a sua mãe. Constatou-se que o grupo familiar se<br />

mantém com uma renda mensal de 01 (um) salário mínimo, recebido pela genitora do requerente proveniente da pensão<br />

por morte do marido. Alega, ainda, que a renda mensal não é suficiente para suprir as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as do lar, sendo que o<br />

benefício que ant<strong>es</strong> a parte autora recebia custeava a alimentação e a compra de roupas.<br />

10. Como a renda da genitora não foi computada no cálculo da renda per capita, a renda familiar é zero. Assim, r<strong>es</strong>ta, por<br />

conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

42 - 0000574-92.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000574-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x FRANCISCA OLIVEIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: SERGIO<br />

DE LIMA FREITAS JUNIOR.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 92/94) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo de<br />

miserabilidade da recorrida. Além disso, sustenta que não é devida a aplicação analógica do artigo 34, parágrafo único do<br />

Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do cômputo da renda per capita<br />

da autora. Requer, assim, seja julgado totalmente improcedente o pedido. A parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>,<br />

pugnando pela manutenção da sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 18).


4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 63/66) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o benefício de aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso (83 anos) da<br />

recorrida (vide INFBEN em fl. 42). Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o casal possui gastos com<br />

alimentação, energia, água, gás de cozinha e, principalmente, com medicamentos, exam<strong>es</strong> médicos e <strong>tr</strong>ansporte para<br />

<strong>tr</strong>atamento de saúde em Cachoeiro de Itapemirim e Alegre e que, portanto, a renda mensal não vem suprindo tais<br />

d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as. Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por<br />

conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), bem como o artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico<br />

que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos, uma vez que o Juízo a quo<br />

utilizou-se dos meios de interpretação da norma (hermenêutica), da jurisprudência, dos critérios de razoabilidade e<br />

proporcionalidade e, ainda, do livre convencimento motivado, que lhe são peculiar<strong>es</strong>.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

43 - 0001937-17.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001937-6/01) ALZIRA MARIA POLONINI REBONATO (ADVOGADO:<br />

Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA<br />

BRITO.).<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 20, PARÁGRAFO PRIMEIRO DA<br />

LEI Nº 8.742/93 – FILHOS NÃO INCLUÍDOS NO CÁLCULO DA RENDA PER CAPITA FAMILIAR – ART. 34, PARÁGRAFO<br />

ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – RENDA DO ESPOSO DESCONSIDERADA –<br />

CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE NÃO CONSTATADA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA


MANTIDA.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 98/99, que julgou improcedente o<br />

pedido inicial de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que a assistente social foi conclusiva em afirmar o seu <strong>es</strong>tado de miserabilidade, nec<strong>es</strong>sitando do benefício para<br />

sua sobrevivência digna. Aduz, ainda, que o grupo familiar para fins de conc<strong>es</strong>são do benefício pleiteado é aquele previsto<br />

no artigo 16 da Lei nº 8.213/91, motivo pelo qual os rendimentos de seus filhos, todos maior<strong>es</strong> de 21 anos, não devem ser<br />

computados para fins de averiguação da renda per capita. Requer, d<strong>es</strong>tarte, seja considerado unicamente o rendimento de<br />

seu <strong>es</strong>poso quando da análise acerca da renda familiar, reformando-se a sentença a quo, para julgar totalmente<br />

procedent<strong>es</strong> os pedidos aduzidos na inicial. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

3. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo, a<br />

família é composta, conforme o § 1º do referido artigo de lei, pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na<br />

ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menor<strong>es</strong> tutelados,<br />

d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto.<br />

4. Ora ap<strong>es</strong>ar da afirmação da assistente social, em p<strong>es</strong>quisa sócio-econômica (fls. 20/23), de que a composição familiar<br />

da autora seria de 06 (seis) membros, verificou-se que, em verdade, os filhos da autora não vivem sob o m<strong>es</strong>mo teto,<br />

havendo provas de que os m<strong>es</strong>mos con<strong>tr</strong>aíram casamento (fls. 35 e 36) e, ainda, regis<strong>tr</strong>o de nascimento de uma neta -<br />

prole de sua filha - (fl.34), motivos pelos quais <strong>es</strong>t<strong>es</strong> não se incluem na composição da família a que se refere o § 1º do<br />

artigo 20 da Lei nº 8.742/93, não havendo que se falar, por sua vez, no cômputo da renda dos filhos para fins de cálculo da<br />

renda per capita familiar.<br />

5. A renda de seu <strong>es</strong>poso, decorrente de aposentadoria no valor de 1 (um) salário mínimo, deve também ser<br />

d<strong>es</strong>considerada quando da averiguação da renda per capita familiar. Explica-se:<br />

6. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita. Com efeito, deve ser<br />

adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, possibilitando a<br />

d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por ou<strong>tr</strong>os membros<br />

da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido pela autarquia<br />

previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode ser excluído<br />

para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que<br />

aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de<br />

percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na<br />

velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o princípio<br />

constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

7. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica de<br />

da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

8. Todavia, ainda que d<strong>es</strong>consideradas as rendas obtidas pelos filhos e pelo <strong>es</strong>poso para análise do cumprimento do<br />

requisito objetivo para conc<strong>es</strong>são do benefício, é evidente, no caso sub examen, que a autora possui totais condiçõ<strong>es</strong> de<br />

prover sua própria manutenção. Isto se infere na medida em que se observa, conforme parecer sócio-econômico (fls.<br />

20/23), as condiçõ<strong>es</strong> e benfeitorias do local de moradia, inclusive, a quantidade de recursos instalados, os equipamentos<br />

que a autora possui e os móveis da casa. A recorrente mora, frisa-se, em bairro que apr<strong>es</strong>enta infra-<strong>es</strong><strong>tr</strong>utura urbana<br />

básica, com ruas pavimentadas, ac<strong>es</strong>so a água canalizada, rede elé<strong>tr</strong>ica, de <strong>es</strong>goto, comércio local, <strong>es</strong>cola (fls. 21/22).<br />

D<strong>es</strong>taca-se, ainda, o que afirma a assistente social em seu parecer quanto ao fato de que o casal (autora e cônjuge)<br />

planeja alugar a casa térrea ao nível da rua.<br />

9. O que se depreende, de fato e de forma indubitável, é que não há condição alguma de miserabilidade. Ora, não se pode<br />

considerar miserável, sob pena de se confundir e se perder os parâme<strong>tr</strong>os diferenciador<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> en<strong>tr</strong>e o <strong>es</strong>tado de<br />

pobreza e de miserabilidade, um indivíduo que amealha tantos bens quanto os relacionados pela assistente social em seu<br />

parecer, que possui tantos recursos e, ainda, que r<strong>es</strong>ide num pavimento de imóvel (próprio), com a possibilidade de aferir<br />

renda de aluguel sob ou<strong>tr</strong>o pavimento.<br />

10. Sendo assim, não r<strong>es</strong>tou constatada a condição de miserabilidade para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial.<br />

11. Recurso conhecido e improvido.<br />

12. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.


44 - 0000124-09.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000124-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x GEILZA ALVES PEREIRA (ADVOGADO: ROBNEI BATISTA DE BARROS,<br />

BRUNO SANTOS ARRIGONI, ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO.).<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS<br />

RECURSO Nº 0000124-09.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000124-8) – TURMA RECURSAL<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: GEILZA ALVES PEREIRA<br />

VARA ORIGINÁRIA: 1ª VF Colatina – Cível/Juizado Especial <strong>Federal</strong><br />

RELATOR: Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – REQUISITOS LEGAIS<br />

PREENCHIDOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão da sentença de fls. 50/52 que<br />

julgou procedente a pretensão de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que a recorrida não apr<strong>es</strong>entou início de prova material indicando atividade rural pelo período de carência<br />

nec<strong>es</strong>sário para a conc<strong>es</strong>são do benefício. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o pr<strong>es</strong>ente recurso, para que seja<br />

revogada a antecipação de tutela concedida e julgado improcedente o pedido externado na Inicial. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong><br />

encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 69-71.<br />

2. Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o <strong>tr</strong>abalhador rural<br />

preencha o requisito referente à idade (60 anos, se homem, e 55, se mulher), bem como comprove o exercício de atividade<br />

rural, ainda que d<strong>es</strong>contínua, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício<br />

pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº<br />

8.213/91.<br />

3. A recorrida nasceu em 16/02/1939 (fl. 11) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 02/03/2009<br />

(fl. 37), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período nec<strong>es</strong>sário à<br />

carência exigida.<br />

4. Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais<br />

Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus próprios<br />

fundamentos, den<strong>tr</strong>e os quais releva regis<strong>tr</strong>ar ipsis litteris:<br />

“A título de início de prova material, a parte demandante colacionou aos autos os seguint<strong>es</strong> documentos: documento de fls.<br />

31 que consta que a autora recebe benefício de pensão por morte do falecido marido, que foi reconhecido como <strong>tr</strong>abalhador<br />

rural pelo INSS; fichas de ma<strong>tr</strong>ícula <strong>es</strong>colar de seus filhos, em 1985 e 1994, constando ser lavradora (fls. 21/22), fichas de<br />

atendimento médico ambulatorial em 2002, 2005 e 2008 mencionando ser lavradora (fls. 23, 25 e 27). Reputa-se <strong>es</strong>sa<br />

documentação como suficiente início de prova material do direito alegado. A existência da prova documental, en<strong>tr</strong>etanto, é<br />

insuficiente para gerar a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria, sendo impr<strong>es</strong>cindível a complementação pela prova t<strong>es</strong>temunhal.As<br />

duas t<strong>es</strong>temunhas arroladas foram uníssonas no sentido da autora ter laborado por toda a vida na qualidade de<br />

<strong>tr</strong>abalhadora rural (meeira) em regime de economia familiar juntamente com seus familiar<strong>es</strong> (falecido marido, mãe, filhos<br />

etc); as t<strong>es</strong>temunhas <strong>es</strong>clareçam que a autora nunca <strong>tr</strong>abalhou com carteira assinada e que sempre viveu no campo.<br />

Considerando que a parte demandante é p<strong>es</strong>soa de situação financeira precária, de pouca ins<strong>tr</strong>ução e tendo em vista a<br />

consistência do conjunto probatório apr<strong>es</strong>entado nos autos, tornando verossímeis as alegaçõ<strong>es</strong> <strong>tr</strong>azidas na petição inicial.<br />

Entende-se que deve ser aplicada a teoria da carga dinâmica para a dis<strong>tr</strong>ibuição do ônus da prova. No caso, a autora, por<br />

ser ile<strong>tr</strong>ada, apr<strong>es</strong>enta documentos razoáveis em que consta a qualidade de <strong>tr</strong>abalhadora rural em regime de economia<br />

familiar. Esse contexto probatório é confirmado pela oitiva das t<strong>es</strong>temunhas”.<br />

5. Em acréscimo, quadra regis<strong>tr</strong>ar que à luz do verbete nº 14 da Turma Nacional de Uniformização “para a conc<strong>es</strong>são de<br />

aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corr<strong>es</strong>ponda a todo o período equivalente à<br />

carência do benefício”, pelo que o início de prova material apr<strong>es</strong>entado merece ser <strong>es</strong>tendido ao período posterior, por força<br />

dos depoimentos t<strong>es</strong>temunhais, todos coerent<strong>es</strong> e co<strong>es</strong>os.<br />

6. Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, <strong>es</strong>tampada no<br />

verbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se ao<br />

<strong>tr</strong>abalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, a toda evidência, chancela o<br />

exercício de atividade rural pelo tempo nec<strong>es</strong>sário ao adimplemento da carência legal, como na hipót<strong>es</strong>e vertente (72<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).<br />

7. Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo a quo.<br />

8. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

9. Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,<br />

com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,<br />

mantendo a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

45 - 0000903-98.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000903-0/01) MERCEDES PINHEIRO GONÇALVES (ADVOGADO: JOSÉ<br />

LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE<br />

VIEIRA.).<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO INFERIOR AO ESTABELECIDO NO<br />

ART. 142 DA LEI 8.213/91 - – TEMPO DE ATIVIDADE RURAL ANTERIOR – CÔMPUTO INDEVIDO PARA EFEITO DE<br />

CARÊNCIA – ART. 55, § 2º DA LEI 8.213/91 - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença de fls. 49/52, que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade urbana. A sentença fundamenta-se no fato de que o período <strong>tr</strong>abalhado<br />

como rural não deve ser averbado para efeito de carência, conforme art. 55, § 2º, da Lei nº 8.213/90. Em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, a autora alega que, na data do requerimento, contava com 10 anos e 4 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição, contudo <strong>tr</strong>abalhou<br />

de sua adol<strong>es</strong>cência até 1988 como lavradora, o que foi confirmado por prova material corroborada por t<strong>es</strong>temunhas. Diz<br />

que a regra contida no § 2º do art. 55 da Lei nº 8.213/91 não deve ser aplicada para aposentadoria por idade no valor de um<br />

salário mínimo, uma vez que tal dispositivo encon<strong>tr</strong>a-se no tópico da aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição. Sustenta<br />

que tem direito a somar o período urbano com o rural para todos os efeitos, inclusive de carência, para aposentadoria por<br />

idade, conforme § 3º do art. 48 da Lei nº 8.213/91. Pede a reforma da sentença para determinar ao recorrido que conceda o<br />

benefício, condenando-o ao pagamento dos valor<strong>es</strong> re<strong>tr</strong>oativos a 02/06/2008. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 62/65. A<br />

autora/recorrente, às fls. 67/68, requer a alteração do pedido, pretendendo a condenação do réu apenas às parcelas<br />

a<strong>tr</strong>asadas, ou seja, da data do indeferimento do benefício (02/06/2008) até a data em que o recorrido concederá o benefício<br />

no âmbito adminis<strong>tr</strong>ativo (03/06/2011)<br />

2. A conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade pr<strong>es</strong>supõe o preenchimento de certos requisitos, quais sejam: o<br />

cumprimento do período de carência nec<strong>es</strong>sário, exigido na própria Lei n° 8.213/91 e ainda que o segura do tenha 65 anos<br />

de idade se for do sexo masculino e 60, se do sexo feminino.<br />

3. Verifica-se que a recorrida nasceu em 29/05/1948 (fl. 11), portanto, completou 60 anos em 29/05/2008. Requereu o<br />

benefício previdenciário em 26/01/2005 (fl. 11). De acordo com o artigo art. 142 da Lei 8.213/91, a carência nec<strong>es</strong>sária é de<br />

162 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, ou seja, 13 anos e 6 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, sendo incon<strong>tr</strong>overso que a autora contava com 10 anos e 4 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição à época do requerimento.<br />

4. A pretensão de averbação do tempo de atividade rural anterior ao início da vigência da Lei 8.213/91, conjugando-se ao<br />

tempo de <strong>tr</strong>abalho urbano para fins de cumprimento da carência, encon<strong>tr</strong>a óbice no § 2º do art. 55 da Lei nº 8.213/91,<br />

segundo o qual o tempo de serviço do segurado <strong>tr</strong>abalhador rural, anterior à data de início de vigência d<strong>es</strong>ta Lei, será<br />

computado independentemente de recolhimento das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> a ele corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong>, exceto para efeito de carência,<br />

conforme dispuser o Regulamento (g.n.).<br />

5. O art. 48 da Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento da carência exigida n<strong>es</strong>ta lei para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por<br />

idade, razão pela qual se aplicam também a <strong>es</strong>se benefício as regras relativas à carência, inclusive a exceção constante do<br />

§ 2º do art. 55 da Lei nº8.213/91, ao con<strong>tr</strong>ário do que alega a recorrente. Essa interpretação foi sufragada pela T.N.U. no<br />

julgamento do Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei <strong>Federal</strong> n.º 200770550015045, cuja ementa <strong>tr</strong>anscrevo<br />

abaixo:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. CONTRARIEDADE À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO STJ.<br />

APOSENTADORIA POR IDADE URBANA. TEMPO DE SERVIÇO COMO EMPREGADO RURAL. CÔMPUTO PARA<br />

EFEITO DE CARÊNCIA ANTES DA LEI 8.213/1991, SEM COMPROVAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES. IMPOSSIBILIDADE.<br />

IMPROVIMENTO. 1. Cabe Pedido de Uniformização Nacional quando demons<strong>tr</strong>ado que o acórdão recorrido con<strong>tr</strong>aria a<br />

jurisprudência dominante do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>. 2. Só o tempo de serviço do empregado rural pr<strong>es</strong>tado após<br />

1991, ou anterior, se empregado de empr<strong>es</strong>a agroindus<strong>tr</strong>ial ou agrocomercial, pode ser computado para efeito de carência<br />

da aposentadoria por idade urbana. O tempo de serviço do empregado rural pr<strong>es</strong>tado ant<strong>es</strong> da edição da Lei nº 8.213, de<br />

1991, e devidamente anotado na CTPS, salvo o do empregado de empr<strong>es</strong>a agroindus<strong>tr</strong>ial ou agrocomercial, não pode ser<br />

computado para efeito de carência do benefício de aposentadoria por idade mediante cômputo de <strong>tr</strong>abalho urbano. 3.<br />

Pedido de Uniformização Nacional conhecido e não provido.<br />

(TNU – Proc<strong>es</strong>so PEDIDO 200770550015045. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL.


Relator JUIZ FEDERAL JOSÉ ANTONIO SAVARIS Fonte DOU 11/03/2011).<br />

6. Recurso inominado conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista ser a recorrente beneficiária da<br />

gratuidade de justiça (fl. 37).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

46 - 0000337-24.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000337-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho.) x CELIA DIAS BENTO (ADVOGADO: EDSON ROBERTO<br />

SIQUEIRA JUNIOR.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0000337-24.2010.4.02.5051/01-Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrido : CELIA DIAS BENTO<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. NÃO PREENCHIMENTO DOS<br />

REQUISITOS LEGAIS. PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO<br />

CONHECIDO E PROVIDO.<br />

. Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia ré, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a sentença proferida pelo juiz a quo que<br />

julgou procedente a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que objetivava a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por<br />

idade. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta o recorrente, que r<strong>es</strong>tou comprovada a d<strong>es</strong>caracterização do regime de<br />

economia familiar no período de carência do benefício, deixando então a autora, de fazer jus ao benefício de aposentadoria<br />

por idade rural. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando improcedente o pedido deduzido na<br />

inicia. As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas à fls. 75-81.<br />

2. Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o <strong>tr</strong>abalhador rural<br />

preencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade<br />

rural, ainda que d<strong>es</strong>contínua, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício<br />

pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência <strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº<br />

8.213/91.<br />

A recorrente nasceu em 10.08.1953 (fl. 07), e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 06.08.2009<br />

(fl. 45), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período nec<strong>es</strong>sário à<br />

carência exigida.<br />

Na Certidão de casamento de fl. 16, o ex-marido da recorrida é qualificado como pedreiro e ela, do lar. Tal documento não<br />

constitui, pois, início de prova material.<br />

A autora ainda juntou aos autos: Declaraçõ<strong>es</strong> dos Srs. José Lop<strong>es</strong> Justo (fl. 22), Valdemar José Vieira (fl. 25) e José Uledir<br />

Tiengo (fl. 26) de que a autora <strong>tr</strong>abalhou em suas propriedad<strong>es</strong> rurais, na condição de diarista, nos períodos de 1985 a<br />

1990, 1990 a 1996 e 1996 a 2002, r<strong>es</strong>pectivamente. Uma das declaraçõ<strong>es</strong> foi confirmada em audiência pelo próprio<br />

declarante. Além disso, ou<strong>tr</strong>a t<strong>es</strong>temunha afirmou que <strong>tr</strong>abalhou com a autora em torno de 18 anos, fiscalizando seu<br />

<strong>tr</strong>abalho em lavoura.<br />

A jurisprudência consolidou-se no sentido de que a prova exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal, sem o razoável início de prova<br />

material, não basta à comprovação do exercício de atividade rural para efeito de obtenção do benefício previdenciário ora<br />

pleiteado (verbete nº 149 da Súmula do E. Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>).<br />

Ademais, verifica-se na CTPS da autora (fls. 09/13), que ela manteve con<strong>tr</strong>atos de <strong>tr</strong>abalho com a Prefeitura Municipal de<br />

Iuna nos períodos de 01/02/1991 a 31/12/1997, 12/03/1998 a 31/12/1998, 01/12/1999 a 01/08/1999, 02/08/1999 a<br />

31/12/1999 e 03/04/2000 a 31/12/2000, nos cargos de “servente”, “operário” e “servente <strong>es</strong>colar”. Enfim, a autora exerceu,<br />

en<strong>tr</strong>e 1991 e 2000, atividad<strong>es</strong> urbanas. Além disto, a autora recebe pensão por morte decorrente do falecimento de seu<br />

marido, o qual era segurado urbano, como se depreende do ex<strong>tr</strong>ato Plenus de fl. 38, onde consta a atividade “comerciário”.<br />

Todo <strong>es</strong>se contexto re<strong>tr</strong>ata séria dúvida a r<strong>es</strong>peito da qualificação da autora como segurada <strong>es</strong>pecial.<br />

O fato constitutivo do direito não r<strong>es</strong>tou comprovado. Por conseqüência, merece reparo, portanto, a sentença recorrida.


Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido.<br />

Eventuais valor<strong>es</strong> percebidos em virtude da antecipação dos efeitos da tutela encon<strong>tr</strong>am-se salvaguardados, nos termos do<br />

Enunciado nº 52 d<strong>es</strong>ta Turma Recursal.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO,<br />

reformando-se a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

47 - 0000965-44.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000965-3/01) GENI JOSE DA LUZ (ADVOGADO: MARIA REGINA<br />

COUTO ULIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0000965-44.2009.4.02.5052/01 - Juízo de Origem: 1ª VF São Mateus<br />

Recorrente : GENI JOSE DA LUZ<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. PERÍODO DE CARÊNCIA<br />

COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO CONHECIDO E<br />

PROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em razão da sentença que julgou improcedente o pedido de<br />

conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta a recorrente que a certidão de casamento<br />

consiste em início de prova material, comprovando o efetivo exercício de atividade rurícola pelo período exigido de carência.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se na fls. 93-96.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o <strong>tr</strong>abalhador rural<br />

preencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividade<br />

rural, ainda que d<strong>es</strong>contínua, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício<br />

pretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência <strong>es</strong>ta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei<br />

nº 8.213/1991.<br />

A recorrente nasceu em 26.04.1953 (fl. 14) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 17.06.2009 (fl.<br />

41), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período nec<strong>es</strong>sário à carência<br />

exigida. Considerando que completou 55 anos de idade em 26.04.2008, o tempo de carência corr<strong>es</strong>ponde a 162 m<strong>es</strong><strong>es</strong>.<br />

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos: certidão de<br />

casamento, realizado na data de 29.06.1970, em que consta a profissão do seu <strong>es</strong>poso como sendo lavrador, certidão <strong>es</strong>sa<br />

data de 02/10/2003 (fl. 12); CTPS em que constam con<strong>tr</strong>atos de <strong>tr</strong>abalho a partir do ano de 2003 (fl. 16); declaração de<br />

exercício de atividade rural, expedida pelo Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Pinheiros, datada de 17/06/2009, da qual<br />

consta data de filiação em 26/05/2008 (fl. 17); declaraçõ<strong>es</strong> particular<strong>es</strong>, datadas de 04/04/2009 e 25/05/2009, que at<strong>es</strong>tam<br />

labor rural no período de 01/02/1992 a 30/06/2003 (fls. 18, 19, 21 e 23); e <strong>es</strong>critura pública de compra e venda de imóvel,<br />

em que consta como comprador o Sr. Ilídio Cerqueira Filho (fls. 25/27).<br />

Conforme Súmula 34 da TNU, para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser<br />

contemporâneo à época dos fatos a provar.<br />

A Certidão de Casamento, ocorrido em 29/06/1970, contendo a qualificação profissional do marido da recorrente como<br />

lavrador, constituiria, em princípio, início de prova material contemporâneo à época dos fatos e teria sua validade probatória<br />

amparada pelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, o que, contudo, não pode prevalecer, tendo


em vista ter sido expedida em 02/10/2003.<br />

A declaração emitida pelo Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Pinheiros, segundo a qual a autora exercia atividade rural<br />

na Fazenda Califórnia, de propriedade do Sr. Ilídio Cerqueira Filho no período de 01/02/1992 a 30/06/2003 não pode ser<br />

considerada contemporânea à época dos fatos, eis que datada de 17/06/2009, constando, ainda, data de filiação em<br />

26/05/2008. Ademais, tal declaração não foi homologada pelo INSS, como exige o art. 106, III, da Lei nº 8.213/91.<br />

As declaraçõ<strong>es</strong> particular<strong>es</strong> não repr<strong>es</strong>entam início de prova material, tendo o m<strong>es</strong>mo valor da prova t<strong>es</strong>temunhal.<br />

Os dois con<strong>tr</strong>atos de <strong>tr</strong>abalho constant<strong>es</strong> da CTPS, conquanto mencionem o cargo de “serviços gerais”, demons<strong>tr</strong>am a<br />

qualidade de empregada rural da autora, a partir de 01/07/2003, tendo em vista que os serviços eram pr<strong>es</strong>tados em<br />

fazendas (Fazenda Califórnia e Fazenda Pratinha), <strong>es</strong>pecificadas como <strong>es</strong>tabelecimentos de agropecuária e agricultura,<br />

r<strong>es</strong>pectivamente. Tal documento constitui início de prova material do exercício de atividade rural.<br />

Segundo entendimento assentado na Súmula 14 da TNU, para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade, não se exige<br />

que o início de prova material, corr<strong>es</strong>ponda a todo o período equivalente à carência do benefício.<br />

A prova t<strong>es</strong>temunhal colhida em audiência confirma o exercício de atividade rural pela recorrente pelo tempo nec<strong>es</strong>sário ao<br />

adimplemento da carência exigida, 162 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991. Por<br />

oportuno, <strong>tr</strong>ago à colação r<strong>es</strong>umo dos depoimentos lançados pelo magis<strong>tr</strong>ado sentenciante:<br />

Realizada audiência, em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, a autora, que <strong>es</strong>tá com 57 anos, disse que é casada com Ismael Pereira<br />

Luz e que mora em Pinheiros, na zona urbana, há 38 anos. Afirmou que parou de <strong>tr</strong>abalhar há dois anos, por problema de<br />

coluna e osteoporose. Ant<strong>es</strong>, porém, <strong>tr</strong>abalhou na fazenda de Ilídio, com cultura de café, durante 15 anos. Também<br />

menciona que nunca <strong>tr</strong>abalhou com ou<strong>tr</strong>a atividade e é analfabeta. Na época, <strong>tr</strong>abalhava com sua família, composta de<br />

cinco filhas e seu marido. Informou que seu marido era vigia da prefeitura à noite, recebendo um salário mínimo, mas<br />

mantinha o labor rural durante o dia.<br />

A t<strong>es</strong>temunha Maria de Lourd<strong>es</strong> Oliveira Mend<strong>es</strong> disse que conhece a autora há 12 anos e confirmou o depoimento.<br />

Já a t<strong>es</strong>temunha Devanilde de Souza Ferreira afirmou conhecer a autora há 10 anos e também confirmou o depoimento<br />

autoral.<br />

Por seu turno, a t<strong>es</strong>temunha Maria Áurea dos Santos Souza informou que conhece a demandante há mais de 12 anos e da<br />

m<strong>es</strong>ma forma confirmou o depoimento.<br />

Note-se que o fato de a autora ter parado de <strong>tr</strong>abalhar dois anos ant<strong>es</strong> da audiência realizada em 18/08/2010 não impede a<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício. Isso porque a autora detinha a condição de segurada <strong>es</strong>pecial na data do adimplemento do<br />

requisito idade (55 anos), em 2008. O entendimento firmado na TNU é no sentido da nec<strong>es</strong>sidade de comprovação da<br />

atividade rural no período imediatamente anterior ao implemento da idade ou do requerimento do benefício. Isso porque em<br />

ambos os casos é inequívoco o implemento simultâneo dos requisitos para conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />

O m<strong>es</strong>mo empregador identificado na CTPS, com a qual a autora manteve con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho no período de 01/07/2003 a<br />

01/01/2006 declara que ela exerceu atividade rural em sua propriedade (Fazenda Califórnia), como parceira agrícola, na<br />

lavoura de café e mandioca, no período de 01/02/1992 a 30/06/2003, constando dos autos, ainda, cópia da <strong>es</strong>critura pública<br />

de compra e venda da propriedade, adquirida em 21/05/1992 (fls. 25/27).<br />

Para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável à<br />

subsistência do <strong>tr</strong>abalhador e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de<br />

empregados permanent<strong>es</strong> (art. 11, VII e § 1º, da Lei n°. 8.213/1991), circunstâncias que verifico pr<strong>es</strong>e nt<strong>es</strong> no caso<br />

concreto, durante o período em que a autora manteve parceria agrícola. A partir de 01/07/2003, a autora passou a ser<br />

empregada rural (art. 11, I, a, da Lei nº 8.213/91).<br />

R<strong>es</strong>salte-se que a atividade urbana (vigilante da Prefeitura de Pinheiros durante a noite) exercida pelo marido da autora a<br />

partir de 22/11/2001 (fl. 38) não d<strong>es</strong>caracteriza o regime de economia familiar.<br />

Merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar a Autarquia Previdenciária a implantar o benefício<br />

de aposentadoria rural por idade em favor da recorrente no prazo de 30 (<strong>tr</strong>inta) dias. São devidos a<strong>tr</strong>asados d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (17.06.2009 – fl. 41). Sobre as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas incidem, até 30/06/2009, correção<br />

monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partir da citação. D<strong>es</strong>ta data em diante, aplicam-se os índic<strong>es</strong> oficiais de<br />

remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei 11.960/2009).<br />

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei<br />

9.099/1995.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO,


eformando-se a sentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

48 - 0002524-39.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002524-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA MARGARIDA FELIX AGUIAR (ADVOGADO: GLEIS<br />

APARECIDA AMORIM DE CASTRO, ERALDO AMORIM DA SILVA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0002524-39.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF Cachoeiro<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrida : MARIA MARGARIDA FELIX AGUIAR<br />

Relator : Juiz <strong>Federal</strong> PABLO COELHO CHARLES GOMES<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM<br />

REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. DIB MANTIDA.<br />

SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, em<br />

razão de sentença que julgou procedente a pretensão de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade rural. Em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, sustenta que não há provas nos autos de que a autora tenha exercido atividade rural pelo período exigido em lei<br />

para a conc<strong>es</strong>são do benefício e que não foram juntados quaisquer documentos de prova material contemporânea, apenas<br />

provas t<strong>es</strong>temunhais. Alega também que a DIB não pode começar a contar a partir da data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo,<br />

tendo em vista que naquele período, a autora não coletou provas suficient<strong>es</strong> para comprovar que ela fosse <strong>tr</strong>abalhadora<br />

rural. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> encon<strong>tr</strong>am-se nas fls. 144-148.<br />

A recorrida nasceu em 04.03.1954 (fls. 09) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 10.03.2009<br />

(fls. 10), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o efetivo exercício de atividade rural (fls. 56-57).<br />

Considerando que a autora completou 55 anos em 04/03/2009, o período de carência corr<strong>es</strong>ponde a 168 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, conforme<br />

art. 142 da Lei nº 8.213/1990.<br />

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Certidão de<br />

casamento, realizado em 1975 constando a profissão do marido da autora como lavrador (fls. 12); documento de identidade<br />

emitido pelo Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Muniz Freire (fl. 14); Documento de Cadas<strong>tr</strong>o do<br />

Trabalhador/Con<strong>tr</strong>ibuinte Individual recebido no Instituto Nacional do Seguro Social no ano de 1995, do qual consta no<br />

campo ocupação a qualificação de segurado <strong>es</strong>pecial da autora (fl. 15); Documentos referent<strong>es</strong> ao imóvel rural de seu<br />

marido, adquirido por meio de partilha de bens em razão da morte de seu pai, em 20/01/1984 (fls. 18/22); Comprovante de<br />

Pagamento de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, no ano de 1992 (fls. 24/25); Declaração de isenção de<br />

ITR relativo ao ano de 1997 (fl. 28), Certificado de Cadas<strong>tr</strong>o de Imóvel rural referente a 2003/2004/2005 (fl. 29); Recibos de<br />

en<strong>tr</strong>ega de declaração do ITR referent<strong>es</strong> aos exercícios de 2005 a 2008 (fls. 30/35); declaração de aptidão ao pronaf,<br />

referente ao ano agrícola de 08/2003 a 08/2004 (fl. 36); declaração para cadas<strong>tr</strong>o de imóvel rural no INCRA (fl. 37/39).<br />

O marido da autora recebe benefício de aposentadoria rural por idade d<strong>es</strong>de setembro de 2003 (fl. 49).<br />

A certidão de casamento, contendo a qualificação profissional do marido como lavrador, constitui início de prova material<br />

contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 06 da Súmula da TNU. No<br />

pr<strong>es</strong>ente caso, além da referida certidão, a autora ins<strong>tr</strong>uiu os autos com prova material muito consistente. Além disso, foi<br />

produzida prova t<strong>es</strong>temunhal, que tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período<br />

nec<strong>es</strong>sário à conc<strong>es</strong>são do benefício. Note-se que as t<strong>es</strong>temunhas afirmam que já viram a autora <strong>tr</strong>abalhando na lavoura.<br />

Para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável à<br />

subsistência do <strong>tr</strong>abalhador e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de<br />

empregados permanent<strong>es</strong> (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91), circunstâncias que verifico pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> no caso concreto.<br />

R<strong>es</strong>salte-se que os benefícios de auxílio doença recebidos pela autora nos períodos de 10/1995 a 06/1996 (fl. 45), 09/1996<br />

a 02/1997 (fl. 46) e de auxílio acidente, a partir de 02/1997 (fl. 47), foram-lhe pagos pela autarquia previdenciária na<br />

qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial.<br />

O entendimento firmado pela TNU no sentido de condicionar a outorga de aposentadoria rural por idade àquel<strong>es</strong> que<br />

comprovem exercício de atividade rurícola no período imediatamente anterior ao requerimento, não impede a conc<strong>es</strong>são da<br />

aposentadoria no caso em que o segurado <strong>es</strong>pecial recebeu benefício de auxílio doença e/ou auxílio acidente no período<br />

imediatamente anterior ao requerimento.<br />

Observo que à época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, em 10.03.2009, a autarquia já havia reconhecido a qualidade de<br />

segurada <strong>es</strong>pecial da autora, bem como já <strong>es</strong>tava apurado que a família da autora não con<strong>tr</strong>atava mão de obra de terceiros<br />

de forma constante, eram os próprios membros da família que cuidavam da terra, fato que caracteriza por completo o<br />

regime de economia familiar.<br />

Assim, comungo do m<strong>es</strong>mo entendimento que a magis<strong>tr</strong>ada em fixar a DIB do benefício em 10.03.2009, data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.


Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,<br />

nos mold<strong>es</strong> do art. 20, §3º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se a<br />

sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

49 - 0000206-33.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000206-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x NELSON BRITO AVELAR (ADVOGADO: PAULO WAGNER<br />

GABRIEL AZEVEDO.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE (SEGURADO ESPECIAL) – ADEQUAÇÃO DO ACÓRDÃO –<br />

ENTENDIMENTO DA TNU – EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO<br />

IMPLEMENTO DA IDADE OU DO REQUERIMENTO DO BENEFÍCIO – NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO –<br />

ATIVIDADE URBANA NOS DOIS ANOS ANTERIORES AO IMPLEMENTO DA IDADE – TEMPO DE SERVIÇO RURAL NO<br />

PERÍODO POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI Nº 8.213/91 – CÔMPUTO PARA EFEITO DE CARÊNCIA – POSSIBILIDADE<br />

– INTELIGÊNCIA DO ART. 55, § 2º, DA LEI Nº 8.213/91 – CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR<br />

IDADE PREVISTA NO ART. 48 CAPUT, DA LEI Nº 8.213/91 – POSSIBILIDADE.<br />

1. O INSS interpôs Pedido de Uniformização para Turma Nacional de Uniformização em face do acórdão de fls.<br />

192/193, que negou provimento ao recurso inominado por ele interposto, mantendo a sentença que julgou procedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade a p<strong>es</strong>cador art<strong>es</strong>anal.<br />

2. Pela decisão de fls. 218/219, foi recebido o incidente de uniformização e determinado o encaminhamento dos autos ao<br />

relator do acórdão recorrido para adequação do julgado à t<strong>es</strong>e jurídica firmada pela TNU.<br />

3. A jurisprudência dominante da TNU firmou-se no sentido de que, em se <strong>tr</strong>atando de aposentadoria rural por idade, além<br />

dos requisitos da idade e da “carência”, exige a lei a comprovação do exercício do labor rural no período imediatamente<br />

anterior ao implemento da idade ou ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (arts. 39, I; 48, § 2º; e 143 da Lei nº 8.213/91), de modo<br />

a se pr<strong>es</strong>ervar a <strong>es</strong>pecialidade do regime não-con<strong>tr</strong>ibutivo dos rurícolas, nos julgamentos dos PEDILEF nº<br />

200670510009431 e PEDILEF nº 200570950016044, cujos acórdãos têm as seguint<strong>es</strong> ementas:<br />

I - PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE.<br />

II - CIDADÃO QUE, CONFORME A TABELA DO ART. 142 DA LEI Nº 8.213/91, TRABALHOU NO CAMPO PELO TEMPO<br />

EQUIVALENTE AO DA CARÊNCIA DA APOSENTADORIA NO ANO EM QUE COMPLETOU A IDADE MÍNIMA, MAS QUE<br />

JÁ ESTAVA AFASTADO DAS EFETIVAS LIDAS RURAIS E COM OFÍCIOS URBANOS HÁ TEMPOS ANTES DE ATINGIR<br />

A IDADE E DAR ENTRADA NO SEU REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO.<br />

III - DESNECESSIDADE DO CUMPRIMENTO SIMULTÂNEO DOS REQUISITOS CARÊNCIA E IDADE PARA O DIREITO<br />

A BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, CONFORME PREVÊ O ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003 E RECONHECE A<br />

JURISPRUDÊNCIA.<br />

IV - A APOSENTADORIA RURAL, PORÉM, TEM REQUISITO ADICIONAL ESPECÍFICO DE QUE DEVE SER<br />

COMPROVADO O EFETIVO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL EM PERÍODO LOGO ANTECEDENTE AO<br />

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA ESTA REITERADA NOS ARTS. 39, INCISO I; 48, § 2º; E 143, TODOS<br />

DA LEI Nº 8.213, DE 1991.<br />

V - CONSOANTE JÁ ASSENTADO PELA TNU, “COMO SE EXTRAI DOS ARTIGOS 39, INCISO I; 48, § 2º; E 143, TODOS<br />

DA LEI Nº 8.213, DE 1991, PREOCUPOU-SE O LEGISLADOR (PROVA DISTO É A REITERAÇÃO DA EXIGÊNCIA EM<br />

TRÊS ARTIGOS DISTINTOS) EM CONDICIONAR A OUTORGA DE APOSENTADORIA ÀQUELES QUE COMPROVEM<br />

EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURÍCOLA NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. TEVE POR<br />

ESCOPO, DESTARTE, AMPARAR AQUELES TRABALHADORES QUE ESTEJAM DE FATO À MARGEM DO MERCADO<br />

FORMAL DE TRABALHO E, MAIS ESPECIFICAMENTE, DO MERCADO URBANO. DESTINAM-SE AS NORMAS,<br />

PORTANTO, ÀQUELES QUE LABUTAM SEM PERSPECTIVA DE LOGRAR UMA APOSENTADORIA DO REGIME<br />

CONTRIBUTIVO. (...) O ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003 (“NA HIPÓTESE DE APOSENTADORIA POR<br />

IDADE, A PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO NÃO SERÁ CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DESSE<br />

BENEFÍCIO, DESDE QUE O SEGURADO CONTE COM, NO MÍNIMO, O TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO<br />

CORRESPONDENTE AO EXIGIDO PARA EFEITO DE CARÊNCIA NA DATA DO REQUERIMENTO DO BENEFÍCIO”),<br />

COMO SE INFERE DE SEU PRÓPRIO TEOR – HÁ EXPRESSA REFERÊNCIA AO “TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO” – ESTÁ<br />

A TRATAR DAS APOSENTADORIAS POR IDADE URBANAS, EIS QUE, NAS RURAIS, INEXISTEM CONTRIBUIÇÕES


POR PARTE DO SEGURADO ESPECIAL” (PEDILEF N° 2007.72 .95.004435-1 – REL. JUÍZA FEDERAL JOANA<br />

CAROLINA LINS PEREIRA - J. EM 03/08/2009 - UNÂNIME).<br />

VI – PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. (PEDILEF 200670510009431, JUIZ<br />

FEDERAL MANOEL ROLIM CAMPBELL PENNA, DJ 05/05/2010.)<br />

PREVIDENCIÁRIO. RURÍCOLA. IMPLEMENTO DA IDADE POSTERIOR À SAÍDA DO CAMPO. APOSENTADORIA.<br />

EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO IMEDIATAMENTE ANTERIOR AO REQUERIMENTO. REQUISITO.<br />

NÃO CUMPRIMENTO. ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 10.666, DE 2003. INAPLICABILIDADE.<br />

1. Pedido de Uniformização d<strong>es</strong>afiado em face de acórdão da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região, a qual<br />

negou provimento a incidente que buscava a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade a <strong>tr</strong>abalhadora rural que havia deixado<br />

o campo <strong>tr</strong>ês anos ant<strong>es</strong> do implemento do requisito idade, tendo, ulteriormente, laborado com vínculo urbano. Negado<br />

também o pedido alternativo de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. Quanto à aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, não aproveita à autora a alegada divergência en<strong>tr</strong>e o acórdão<br />

recorrido e aquele proferido pelo Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> no EDcl no AgRg no REsp. nº 603550/RS, eis que o colendo<br />

STJ, n<strong>es</strong>te último, proclamou que, ¿Para que o segurado faça jus à aposentadoria por tempo de serviço computando o<br />

período de atividade agrícola sem con<strong>tr</strong>ibuição, impõe-se que a carência tenha sido cumprida durante o tempo de <strong>tr</strong>abalho<br />

urbano¿. No caso dos autos, a demandante conta com apenas 77 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> de vínculo urbano, as quais se afiguram<br />

insuficient<strong>es</strong>, diante da exigência, arrimada no artigo 142 da Lei nº 8.213/1991, de 132 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>. Ausência de similitude<br />

fática (Qu<strong>es</strong>tão de ordem nº 22 da TNU).<br />

3. Os precedent<strong>es</strong> da Terceira Seção do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> relativos à d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de implemento simultâneo<br />

dos requisitos para conc<strong>es</strong>são de uma aposentadoria por idade versam acerca da aposentadoria por idade de <strong>tr</strong>abalhador<br />

urbano, e não de <strong>tr</strong>abalhador rural, como se infere da análise do EREsp. nº 502420/SC (rel. Min. José Arnaldo da Fonseca,<br />

julg. 11.05.2005, DJ 23.05.2005), bem assim do EREsp. nº 649496/SC (rel. Min. Hamilton Carvalhido, julg. 08.03.2006, DJ<br />

10.04.2006) e do EREsp. nº 551997/RS (rel. Min. Gilson Dipp, julg. 27.04.2005, DJ 11.05.2005).<br />

4. Como se ex<strong>tr</strong>ai dos artigos 39, inciso I; 48, § 2º; e 143, todos da Lei nº 8.213, de 1991, preocupou-se o legislador (prova<br />

disto é a reiteração da exigência em <strong>tr</strong>ês artigos distintos) em condicionar a outorga de aposentadoria àquel<strong>es</strong> que<br />

comprovem exercício de atividade rurícola no período imediatamente anterior ao requerimento. Teve por <strong>es</strong>copo, d<strong>es</strong>tarte,<br />

amparar aquel<strong>es</strong> <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que <strong>es</strong>tejam de fato à margem do mercado formal de <strong>tr</strong>abalho e, mais <strong>es</strong>pecificamente, do<br />

mercado urbano. D<strong>es</strong>tinam-se as normas, portanto, àquel<strong>es</strong> que labutam sem perspectiva de lograr uma aposentadoria do<br />

regime con<strong>tr</strong>ibutivo.<br />

5. O artigo 3º, § 1º, da Lei nº 10.666, de 2003 (¿Na hipót<strong>es</strong>e de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado<br />

não será considerada para a conc<strong>es</strong>são d<strong>es</strong>se benefício, d<strong>es</strong>de que o segurado conte com, no mínimo, o tempo de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente ao exigido para efeito de carência na data do requerimento do benefício¿), como se infere de<br />

seu próprio teor ¿ há expr<strong>es</strong>sa referência ao ¿tempo de con<strong>tr</strong>ibuição¿ ¿ <strong>es</strong>tá a <strong>tr</strong>atar das aposentadorias por idade<br />

urbanas, eis que, nas rurais, inexistem con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do segurado <strong>es</strong>pecial. 6. Pedido de uniformização conhecido<br />

em parte e, n<strong>es</strong>ta parte, improvido.<br />

(PEDILEF 200570950016044, JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA, TNU - Turma Nacional de<br />

Uniformização, DJ 29/05/2009.)<br />

4. O acórdão considerou, ao con<strong>tr</strong>ário d<strong>es</strong>se entendimento, que a perda da qualidade de segurado não impede a conc<strong>es</strong>são<br />

da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº 8.213/91 não exige a simultaneidade no implemento dos<br />

requisitos nec<strong>es</strong>sários ao deferimento do benefício (item 3), bem como que o fato de o recorrido ter passado a d<strong>es</strong>envolver,<br />

a partir de 2005 (já aos 58 anos de idade), atividade de vigilante junto à prefeitura do Município de Conceição da Barra-ES,<br />

onde sempre exerceu sua atividade p<strong>es</strong>queira, com a percepção de salário mínimo mensal, não d<strong>es</strong>caracteriza sua<br />

condição de p<strong>es</strong>cador art<strong>es</strong>anal, inserido no regime de economia familiar (item 10).<br />

5. De fato, o autor passou a exercer atividade urbana junto à Prefeitura de Conceição da Barra-ES a partir de 03/01/2005 (fl.<br />

74) e completou 60 anos de idade em 13/12/2006. Tendo em vista o entendimento firmado pela TNU, acima referido, há<br />

que ser adequado o acórdão e reformada a sentença.<br />

6. Há que se considerar, contudo, que o autor detém a qualidade de segurado empregado d<strong>es</strong>de 2005, quando passou a<br />

exercer atividade urbana, já tendo completado 65 anos de idade em 13/12/2011. Assim é que <strong>es</strong>tão cumpridos os requisitos<br />

para a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade – art. 48 caput, sem a redução de idade prevista no § 1º -, uma<br />

vez cumprida a carência nec<strong>es</strong>sária para percepção da pr<strong>es</strong>tação, já que <strong>tr</strong>abalhou como p<strong>es</strong>cador no período de julho de<br />

1991 a dezembro de 2004 - conforme documentos de fls. 28/37 e depoimentos das t<strong>es</strong>temunhas, as quais, conforme<br />

consta expr<strong>es</strong>samente da sentença, corroboraram em uníssono o teor da prova documental produzida, comprovando-se<br />

mais de 360 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de atividade. R<strong>es</strong>salte-se, n<strong>es</strong>te ponto, que a vedação contida no § 2º do art. 55 da Lei nº 8.213/91 ao<br />

cômputo do tempo de serviço do segurado <strong>tr</strong>abalhador rural para efeito de carência diz r<strong>es</strong>peito apenas ao período anterior<br />

à vigência da referida lei.<br />

7. Portanto, o autor faz jus ao benefício requerido – aposentadoria por idade – mas não à redução de idade prevista no § 1º<br />

do art. 48 da Lei nº 8.213/91, devendo ser reconhecido o direito apenas a partir da data em que completou 65 anos.<br />

8. R<strong>es</strong>salte-se que, conquanto o autor, em sua petição inicial, tenha requerido o benefício na qualidade de segurado<br />

<strong>es</strong>pecial, entendo não haver julgamento ex<strong>tr</strong>a petita na decisão que concede aposentadoria por idade na qualidade de<br />

segurado empregado, preenchidos os requisitos d<strong>es</strong>te benefício. Isso em face da relevância da qu<strong>es</strong>tão social envolvida,<br />

bem como dos princípios novit curia e narra mihi factum dabo tibi ius, os quais autorizam até m<strong>es</strong>mo a conc<strong>es</strong>são de<br />

benefício diverso do requerido, caso cumpridos os requisitos legais, conforme tem entendido a jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia,


valendo <strong>tr</strong>anscrever, a título exemplificativo, o ar<strong>es</strong>to abaixo:<br />

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO.<br />

REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS. POSSIBILIDADE DE VERIFICAÇÃO DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS<br />

PARA A OBTENÇÃO DE BENEFÍCIO DIVERSO DO PLEITEADO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. REQUISITOS<br />

PREENCHIDOS. CONCESSÃO. 1. Em relação ao período posterior à competência de outubro de 1991, o cômputo do<br />

tempo de serviço rural para fins de obtenção de benefícios diversos daquel<strong>es</strong> previstos no artigo 39 da Lei 8.213/91,<br />

inclusive a aposentadoria por tempo de serviço, pr<strong>es</strong>supõe con<strong>tr</strong>ibuição para a Previdência Social, consoante consagrado<br />

na Súmula 272 do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> ("O <strong>tr</strong>abalhador rural, na condição de segurado <strong>es</strong>pecial, sujeito à<br />

con<strong>tr</strong>ibuição obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se<br />

recolher con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> facultativas"). 2. Esta Corte tem entendido, em face da natureza pro misero do Direito previdenciário,<br />

e calcada nos princípios da proteção social e da fungibilidade dos pedidos (em equivalência ao da fungibilidade dos<br />

recursos), não consistir julgamento ul<strong>tr</strong>a ou ex<strong>tr</strong>a petita a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria diversa da pedida. 3. Assim, inviável<br />

a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por tempo de serviço ao <strong>tr</strong>abalhador rural, nada obsta a apreciação sobre a possibilidade de<br />

conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade, mediante aplicação dos princípios jura novit curia e narra mihi factum dabo tibi ius,<br />

sem que se cogite de violação aos limite da lide. 4. Hipót<strong>es</strong>e na qual pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> os requisitos para a obtenção do benefício<br />

de aposentadoria rural por idade.<br />

(AC 200304010489011, LORACI FLORES DE LIMA, TRF4 - TURMA SUPLEMENTAR, 19/07/2007)<br />

9. Assim, deve ser concedido o benefício de aposentadoria por idade (art. 48 caput da Lei nº 8.213/91), a partir de<br />

13/12/2011, data em que completou 65 anos de idade, tendo em vista a qualidade de segurado empregado do autor,<br />

verificada d<strong>es</strong>de janeiro de 2005.<br />

10. D<strong>es</strong>sa forma, com base no art. 543-B, § 3º do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, procedo à adequação do acórdão de fls.<br />

192/193 para dar parcial provimento ao recurso inominado do INSS e reformar a sentença para condenar o INSS a<br />

conceder ao autor (segurado empregado) aposentadoria por idade, com DIB em 13/12/2011.<br />

11. As parcelas vencidas deverão ser acr<strong>es</strong>cidas de correção monetária d<strong>es</strong>de o momento em que deveriam ter sido pagas<br />

e de juros de mora nos termos da Lei nº 11.960/2009. Deverá o INSS informar ao Juízo a quo os valor<strong>es</strong> a serem<br />

requisitados. Quanto à não liquidez d<strong>es</strong>ta decisão, r<strong>es</strong>salto o fato de que o INSS possui maior<strong>es</strong> condiçõ<strong>es</strong> de elaborar os<br />

cálculos dos valor<strong>es</strong> em a<strong>tr</strong>aso, e que tal posicionamento se coaduna com o Enunciado nº 04 da Turma Recursal do<br />

Espírito Santo. D<strong>es</strong>ta feita, após a apuração adminis<strong>tr</strong>ativa dos valor<strong>es</strong> em comento, a ser considerada como obrigação de<br />

fazer, na forma do art. 16 da Lei nº 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.<br />

12. Custas ex lege. Sem condenação em honorários.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, ADEQUAR O ACÓRDÃO DE FLS. 192/193<br />

E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DO INSS, na forma da ementa constante dos autos, que fica<br />

fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

50 - 0000964-59.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000964-1/01) ANDRE RODRIGUES DOS SANTOS (ADVOGADO: MARIA<br />

REGINA COUTO ULIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS<br />

RECURSO Nº 2009.50.52.000964-1/01 – TURMA RECURSAL<br />

RECORRENTE: ANDRE RODRIGUES DOS SANTOS<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

VARA ORIGINÁRIA: VARA FEDERAL DE SÃO MATEUS<br />

RELATOR: Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL –<br />

COMPROVAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA<br />

REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na<br />

forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

51 - 0000899-61.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000899-2/01) JOSENILTO DE OLIVEIRA FERREIRA (ADVOGADO:<br />

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN<br />

CRUZ RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto por JOSENILTO DE OLIVEIRA FERREIRA em face da sentença de fls.<br />

101/103, que julgou improcedente o pedido inicial de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença ou conc<strong>es</strong>são da aposentadoria<br />

por invalidez. Afirma o recorrente que os laudos médicos colacionados aos autos comprovam sua incapacidade para o labor<br />

e que o magis<strong>tr</strong>ado não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição. Já o auxílio-doença, será devido, conforme<br />

art. 59 da Lei nº 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar<br />

incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. O recorrente recebeu auxílio-doença en<strong>tr</strong>e os períodos de 23/11/2008 a 20/12/2008 (fl. 120), logo após requereu o<br />

benefício novamente, o qual foi indeferido por parecer con<strong>tr</strong>ário da perícia médica do INSS (fl. 18). Em seguida, foi feito<br />

pedido de reconsideração, que não foi acolhido (fl. 19).<br />

4. Submetido à perícia médica judicial, realizada em 17/11/2010 (fls. 57/60), foi constatado que o autor é portador de<br />

Espondiloar<strong>tr</strong>ose ao nível da coluna lombo-sacra (qu<strong>es</strong>ito nº 1 do juiz linha c). Ainda de acordo com o perito, o requerente,<br />

cuja profissão é pedreiro com 48 anos de idade, tem no momento, aptidão física e mental para exercer sua atividade<br />

habitual.<br />

5. Conforme exame pericial mais recente (fls. 80/83), realizado por ortopedista, datado de 29/08/2011, o autor apr<strong>es</strong>enta<br />

discopatia em coluna lombar (qu<strong>es</strong>ito nº 1 do INSS), <strong>es</strong>tando apto ao <strong>tr</strong>abalho (qu<strong>es</strong>ito nº 6 do INSS). Ainda em r<strong>es</strong>posta ao<br />

qu<strong>es</strong>ito nº 5 do juiz linha “c”, <strong>es</strong>te r<strong>es</strong>ponde: que não há como afirmar se o autor permaneceu incapacitado por todo o<br />

período compreendido en<strong>tr</strong>e seu início e a propositura da ação, haja vista não saber o quadro clínico apr<strong>es</strong>entado pelo autor<br />

naquela data.<br />

6. Quanto à juntada de laudos médicos particular<strong>es</strong>, regis<strong>tr</strong>o que o at<strong>es</strong>tado médico equipara-se a mero parecer de<br />

assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniõ<strong>es</strong> deve ser r<strong>es</strong>olvida em favor do parecer do perito do juízo.<br />

De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,<br />

enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a<br />

r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não<br />

lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação<br />

médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico<br />

perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico<br />

emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

7. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

52 - 0000945-87.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000945-4/01) ANTONIO ALVES SOUZA E OUTROS (ADVOGADO:<br />

ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 0000945-87.2008.4.02.5052/01<br />

Recorrente: ANTONIO ALVES SOUZA E OUTROS<br />

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

E M E N T A


RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA –INCAPACIDADE NÃO CONSTATADA – BENEFÍCIO<br />

INDEVIDO – CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADO – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO –<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelos suc<strong>es</strong>sor<strong>es</strong> da autora, ora recorrent<strong>es</strong>, em face da sentença que julgou<br />

improcedente a pretensão de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença. Sustentam os recorrent<strong>es</strong>, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que<br />

houve cerceamento de def<strong>es</strong>a pelo fato de o Juízo a quo ter indeferido o pedido formulado à fl. 32, que indagava ao perito<br />

se a autora possuía lombalgia quando do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega, ainda, que o laudo pericial con<strong>tr</strong>aria todos os<br />

laudos acostados aos autos e não r<strong>es</strong>ponde a qu<strong>es</strong>tionamentos de suma importância. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja reformada<br />

a sentença, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer seja conhecido e provido o Agravo<br />

Retido que suscita o cerceamento de def<strong>es</strong>a, sendo anulada a sentença e determinada a baixa dos autos para produção<br />

das provas requisitadas.<br />

2. O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade da autora<br />

originária.<br />

4. Com efeito, na análise pericial do Juízo (fls. 29/30), a autora (41 anos de idade na data da perícia – falecida em<br />

14/08/2010, após a<strong>tr</strong>opelamento) foi examinada e diagnosticada com lombalgia (qu<strong>es</strong>ito n° 1), doença adq uirida (qu<strong>es</strong>ito n°<br />

3) que, no entanto, não a incapacita para o exercício de suas atividad<strong>es</strong> habituais de <strong>tr</strong>abalhadora rural (qu<strong>es</strong>itos n° 4 e 5).<br />

5. Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. Na hipót<strong>es</strong>e em<br />

apreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, <strong>es</strong>te Juízo entende que o<br />

material probatório acostado aos autos sinaliza o demérito da pleiteante aos pretendidos benefícios.<br />

6. Con<strong>tr</strong>a a alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>ta a incapacidade da recorrente, importa<br />

d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do<br />

Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido<br />

pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de<br />

prevalecer sobre o particular”.<br />

7. Além disso, o médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo<br />

paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o<br />

<strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença<br />

incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da<br />

incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

8. D<strong>es</strong>cabida a alegação de cerceamento de def<strong>es</strong>a fundada no indeferimento de produção das provas solicitadas. Os<br />

exam<strong>es</strong> clínicos e os documentos exibidos pela autora foram suficient<strong>es</strong> para sedimentar as conclusõ<strong>es</strong> do perito judicial.<br />

Assim, sendo suficient<strong>es</strong> as provas produzidas em Juízo, fica afastada a alegação de violação aos princípios do<br />

con<strong>tr</strong>aditório e da ampla def<strong>es</strong>a. Além disso, o Agravo Retido é recurso incompatível com o rito dos Juizados Especiais<br />

Federais.<br />

9. Por derradeiro, na hipót<strong>es</strong>e vertente, as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da recorrente (idade, condição social, grau de ins<strong>tr</strong>ução,<br />

etc.), em cotejo com os demais elementos de prova dos autos, não têm o condão de alterar a conclusão jurisdicional<br />

adotada pelo magis<strong>tr</strong>ado.<br />

10. Não merece reparo, pois, a sentença proferida pelo Juízo a quo.<br />

11. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

12. Sem custas, na forma da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício<br />

da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong>


Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

53 - 0000551-43.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000551-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JACIMAR CASOTTO (ADVOGADO: SELMA SEGATO VIEIRA.).<br />

VOTO<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 134/136, que julgou procedente<br />

o pedido da parte autora, condenando a autarquia previdenciária a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de auxílio-doença d<strong>es</strong>de sua<br />

c<strong>es</strong>sação, em 02/06/2007, e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a partir da realização da perícia médica<br />

(20/09/2010).<br />

Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais:<br />

(a) que o autor não pode ser qualificado como <strong>tr</strong>abalhador rural, para que tenha sua capacidade analisada como tal, uma<br />

vez que <strong>es</strong>teve vinculado à Previdência Social como empr<strong>es</strong>ário, havendo, inclusive, diversas provas cabais acostadas aos<br />

autos de que o autor não é mais <strong>tr</strong>abalhador rural.<br />

(b) Caso mantida a condenação, requereu que a DIB seja fixada em momento posterior à c<strong>es</strong>sação do labor da parte<br />

autora, sob pena de configurar enriquecimento sem causa;<br />

(c) impossibilidade de cumular benefício por incapacidade e renda do <strong>tr</strong>abalho (d<strong>es</strong>contar os m<strong>es</strong><strong>es</strong> em que o autor<br />

<strong>tr</strong>abalhou);<br />

(d) a sentença fixou DIB da aposentadoria por invalidez em 20/09/2010; requereu o recorrente a fixação da data da<br />

c<strong>es</strong>sação da aposentadoria por invalidez (DCB) em 01/10/2010, visto que o recorrido <strong>es</strong>tava <strong>tr</strong>abalhando normalmente;<br />

(e) como o laudo pericial não logrou fixar a data de início da incapacidade, requereu seja a DIB fixada na data da realização<br />

da perícia;<br />

(f) o autor recebeu auxílio-doença en<strong>tr</strong>e 23/10/2008 e 23/04/2009 (adminis<strong>tr</strong>ativamente); requereu sejam tais valor<strong>es</strong><br />

d<strong>es</strong>contados, caso mantida a condenação.<br />

A parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

Este é o breve relatório. Passo a votar.<br />

2. Sabe-se que o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91,<br />

será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de<br />

reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta<br />

condição.<br />

A parte autora requereu adminis<strong>tr</strong>ativamente o benefício de auxílio-doença em 23/04/2007 (fl. 89). O pedido foi deferido<br />

pelo INSS, sendo-lhe concedido o benefício de auxílio doença de nº 520.288.211-0. Todavia, o benefício foi c<strong>es</strong>sado em<br />

01/06/2007 e, ap<strong>es</strong>ar dos vários pedidos de prorrogação e novas perícias, a entidade ré não r<strong>es</strong>tabeleceu o benefício do<br />

autor.<br />

Após ser submetido à cirurgia da coluna, com implantação de parafusos e barras, o autor requereu novamente, em<br />

07/11/2008 (fl. 89), o benefício de auxílio doença, o qual lhe foi concedido até 23/02/2009, sendo prorrogado por uma única<br />

vez até o dia 23/04/2009, ap<strong>es</strong>ar dos diversos pedidos de prorrogação para que o benefício fosse mantido.<br />

De acordo com a perícia médica judicial (fls. 101/106), verifica-se que o autor apr<strong>es</strong>enta quadro degenerativo de<br />

<strong>es</strong>pondiloar<strong>tr</strong>ose, <strong>es</strong>tenose do canal vertebral cen<strong>tr</strong>al ao nível da região lombossacra, de modo que se encon<strong>tr</strong>a<br />

incapacitado de forma total e definitiva para o <strong>tr</strong>abalho. En<strong>tr</strong>etanto, em r<strong>es</strong>posta ao pedido de <strong>es</strong>clarecimento formulado<br />

pelo INSS, a perita do juízo afirma, em fl. 117, que considerando <strong>tr</strong>atar-se o autor de um empr<strong>es</strong>ário/comerciante, não<br />

sendo <strong>tr</strong>abalhador rural, haveria mudança na r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito quanto à invalidez definitiva passando a ser apto para a<br />

sua função de empr<strong>es</strong>ário.<br />

Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se que a qualidade de segurado do autor é fato<br />

incon<strong>tr</strong>overso nos autos. O motivo de divergência em qu<strong>es</strong>tão cinge-se quanto à qualificação laboral do autor, o que implica<br />

diretamente na constatação da existência ou inexistência de incapacidade para o exercício de determinada atividade<br />

profissional.<br />

Argui o INSS que há nos autos diversos documentos que comprovam a qualidade de empr<strong>es</strong>ário/comerciante do autor. O<br />

con<strong>tr</strong>ato de constituição de sociedade firmado em 2003 (fls. 18/21), que constitui uma empr<strong>es</strong>a de <strong>tr</strong>ansporte de cargas em<br />

geral, seria a prova cabal da qualidade de empr<strong>es</strong>ário do recorrido. Além disso, o Cadas<strong>tr</strong>o Nacional de Informaçõ<strong>es</strong><br />

Sociais - CNIS - (fl. 123) apr<strong>es</strong>enta, d<strong>es</strong>de 2004, uma série de recolhimentos efetuados pelo autor, na qualidade de


con<strong>tr</strong>ibuinte individual (empr<strong>es</strong>ário). Com razão o recorrente. Em que p<strong>es</strong>e as alegaçõ<strong>es</strong> do recorrido no sentido de que<br />

sempre <strong>tr</strong>abalhou na lavoura e de que a própria recorrente concedeu-lhe o benefício previdenciário na qualidade de<br />

segurado <strong>es</strong>pecial rural em 2000 (fl. 88), há que se d<strong>es</strong>tacar que o objeto de análise cinge-se aos anos posterior<strong>es</strong> à<br />

referida data, uma vez que há fort<strong>es</strong> indícios de que, a partir de 2003, o autor tenha exercido, não mais a atividade rural,<br />

mas sim, a atividade de empr<strong>es</strong>ário/comerciante, a qual, conforme <strong>es</strong>clarecimentos da perícia judicial em fl. 117, o recorrido<br />

<strong>es</strong>taria plenamente apto a exercer, não fazendo jus à aposentadoria por invalidez.<br />

O recorrido, em suas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, <strong>es</strong>clarece que os recolhimentos regis<strong>tr</strong>ados d<strong>es</strong>de 2004 na qualidade de con<strong>tr</strong>ibuinte<br />

individual (empr<strong>es</strong>ário) foram realizados pelo contador da empr<strong>es</strong>a de <strong>tr</strong>ansport<strong>es</strong> e que <strong>es</strong>s<strong>es</strong> recolhimentos não<br />

d<strong>es</strong>caracterizam a sua principal atividade que é o labor rural, a qual, por sua vez, r<strong>es</strong>tou comprovada a<strong>tr</strong>avés dos<br />

documentos acostados à inicial. Sem dúvida alguma, o recorrido exercia, até o ano de 2003, a atividade rurícola. En<strong>tr</strong>etanto,<br />

após o mencionado ano, faltam nos autos provas de que o autor tenha se mantido n<strong>es</strong>sa condição, e muitas são as provas<br />

de que <strong>es</strong>te tenha se dedicado à atividade empr<strong>es</strong>arial/comercial. Inclusive, no próprio con<strong>tr</strong>ato de constituição de<br />

sociedade firmado em junho de 2003 (fls. 18/21), o autor declara ser comerciante. Além disso, independente de quem tenha<br />

efetuado os recolhimentos (fls. 123), <strong>es</strong>t<strong>es</strong> constam em nome do autor e indicam a constância da atividade<br />

empr<strong>es</strong>arial/comercial.<br />

É de suma importância a discussão que ora se procede, tendo em vista o fato de que o conhecimento acerca da atividade<br />

laborativa d<strong>es</strong>envolvida pelo autor, de <strong>tr</strong>abalhador rural ou de empr<strong>es</strong>ário/comerciante, será justamente o que delineará a<br />

sua aptidão ou inaptidão, conforme o caso sub examen, de se adequar ao mercado de <strong>tr</strong>abalho, ou m<strong>es</strong>mo, de retornar ao<br />

exercício de suas funçõ<strong>es</strong> habituais.<br />

Ap<strong>es</strong>ar de ter sido constatada, num primeiro momento (fls. 101/106), a incapacidade total e permanente da parte autora<br />

pelo perito médico judicial, ficou evidente, num segundo momento (fl. 117), em <strong>es</strong>clarecimentos do perito, que <strong>es</strong>te havia<br />

considerado em suas primeiras r<strong>es</strong>postas a declaração do recorrido, o qual afirmava ser <strong>tr</strong>abalhador rural. Analisado como<br />

empr<strong>es</strong>ário/comerciante, condição que r<strong>es</strong>tou comprovada nos autos, o perito foi preciso ao informar que o diagnóstico da<br />

l<strong>es</strong>ão continuaria o m<strong>es</strong>mo, havendo, contudo, mudança no qu<strong>es</strong>ito quanto à invalidez definitiva passando a ser apto para a<br />

sua função de empr<strong>es</strong>ário.<br />

Tendo em vista que, conforme <strong>es</strong>clarecimentos supramencionados, a parte autora não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada<br />

definitivamente, insubsistente se torna a confirmação do benefício de aposentadoria por invalidez concedido pela sentença.<br />

N<strong>es</strong>te pormenor, a sentença há de ser reformada.<br />

3. Quanto ao benefício de auxílio-doença, entende-se que o recorrido se encon<strong>tr</strong>a atualmente apto ao seu <strong>tr</strong>abalho<br />

habitual - empr<strong>es</strong>ário - e que não faz jus à conc<strong>es</strong>são de tal benefício. En<strong>tr</strong>etanto, não se pode negar ao autor o direito de<br />

reaver as parcelas devidas de auxílio-doença, decorrent<strong>es</strong> do período em que <strong>es</strong>teve incapacitado para sua atividade<br />

habitual e, ainda assim, teve o benefício c<strong>es</strong>sado indevidamente. N<strong>es</strong>te sentido, muitas são as provas que at<strong>es</strong>tam a<br />

condição de incapaz do autor, en<strong>tr</strong>e o período compreendido en<strong>tr</strong>e 02/06/2007 a 19/01/2011 (data da perícia judicial que<br />

verificou a capacidade laboral do recorrido). Os laudos e at<strong>es</strong>tados médicos particular<strong>es</strong> acostados aos autos, em fls. 34,<br />

41, 60/61, 65/67 e 107, produzidos no referido interregno temporal, revelam o acometimento de doenças/l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> na região<br />

lombossacra - consoante perícia médica judicial - e a incapacidade laboral do autor, tendo o INSS, contudo, c<strong>es</strong>sado o<br />

benefício.<br />

Assim sendo, deve o benefício ser r<strong>es</strong>tabelecido d<strong>es</strong>de sua c<strong>es</strong>sação em 02/06/2007 até a data de 19/01/2011, quando<br />

então foi constatado, a<strong>tr</strong>avés do <strong>es</strong>clarecimento do perito médico judicial, que o recorrido <strong>es</strong>tava apto para a sua função de<br />

empr<strong>es</strong>ário/comerciante (<strong>es</strong>clarecimentos do perito, fl. 117).<br />

Não obstante, devem ser d<strong>es</strong>contados os valor<strong>es</strong> já pagos a título d<strong>es</strong>te benefício, concedidos adminis<strong>tr</strong>ativamente en<strong>tr</strong>e<br />

23/10/2008 e 23/04/2009. Mais uma vez, também n<strong>es</strong>te pormenor, o recurso do INSS há de ser provido.<br />

4. O INSS também requereu a exclusão, da condenação, do pagamento do auxílio-doença nos m<strong>es</strong><strong>es</strong> em que o<br />

autor efetivou recolhimentos a título de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária; afirma o recorrente a inviabilidade de se pagar benefício<br />

por incapacidade em período no qual o segurado <strong>es</strong>teve <strong>tr</strong>abalhando.<br />

Não obstante, ainda que a autora tenha efetuado recolhimentos como con<strong>tr</strong>ibuinte individual em períodos abarcados pela<br />

condenação fixada na sentença e exercido suas atividad<strong>es</strong> n<strong>es</strong>s<strong>es</strong> períodos, isso não retira o seu direito ao benefício. Deve<br />

ser levado em consideração que a p<strong>es</strong>soa, m<strong>es</strong>mo incapacitada, se sacrifica para assegurar seu próprio sustento e o de<br />

sua família. N<strong>es</strong>se sentido já decidiu o TRF da 2ª Região, como se depreende do julgado abaixo:<br />

AGRAVO INTERNO - PREVIDENCIÁRIO - AUXÍLIO-DOENÇA - EXERCÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA - NÃO<br />

CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO - DECISÃO MANTIDA. 1. Agravo interno interposto pelo INSS em face da decisão que negou<br />

provimento à rem<strong>es</strong>sa oficial e à apelação. 2. Pedido da agravante no sentido da c<strong>es</strong>sação do benefício auxílio-doença,<br />

pois a doença que acomete a autora não r<strong>es</strong>ultou em incapacidade total, uma vez que ela continuou exercendo uma ou<strong>tr</strong>a<br />

atividade remunerada. 3. O exercício de ou<strong>tr</strong>a atividade remunerada não é argumento aceitável para excluir-se a pretensão<br />

ao benefício, pois até m<strong>es</strong>mo o segurado com doença grave irá se arrastar ao <strong>tr</strong>abalho, se <strong>es</strong>sa for a única saída para a<br />

sobrevivência. É justamente para erradicar <strong>es</strong>sa situação que a previdência social existe. 4. A c<strong>es</strong>sação do benefício<br />

demanda a comprovação, a<strong>tr</strong>avés da perícia, de que a patologia identificada como incapacitante não mais existe, regrediu a<br />

ponto de permitir a volta ao <strong>tr</strong>abalho ou, por fim, que o segurado tenha sido efetivamente reabilitado para nova função


compatível com sua limitação. 5. Agravo Interno conhecido, mas não provido. (AC 200651015180190, D<strong>es</strong>embargador<br />

<strong>Federal</strong> MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, 12/11/2010)”<br />

5. Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO para reformar a<br />

sentença recorrida, julgando PROCEDENTE O PEDIDO DE CONCESSÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA, condenando o INSS a<br />

pagar ao autor tal benefício d<strong>es</strong>de sua c<strong>es</strong>sação, em 02/06/2007, até a data de 19/01/2011, excluindo-se o período no qual<br />

o autor recebeu tal benefício (en<strong>tr</strong>e 23/10/2008 e 23/04/2009); JULGAR IMPROCEDENTE O PEDIDO DE<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, nos termos acima referidos, conforme fundamentação supra, devendo ser revogada<br />

a antecipação de tutela.<br />

Dado o caráter alimentar dos valor<strong>es</strong> recebidos, os m<strong>es</strong>mos não deverão ser r<strong>es</strong>tituídos.<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma<br />

do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –– INCAPACIDADE PARA O LABOR<br />

RURAL – ATIVIDADE HABITUAL DE EMPRESÁRIO – INCAPACIDADE PARCIAL E TEMPORÁRIA – LAUDO MÉDICO<br />

PERICIAL – ESCLARECIMENTOS DO PERITO MÉDICO JUDICIAL – SENTENÇA REFORMADA – ANTECIPAÇÃO DE<br />

TUTELA REVOGADA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, dar provimento PARCIAL ao recurso, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

54 - 0006298-17.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006298-0/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE<br />

RAPOSO.) x JOSE JACINTO BALDOTTO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA - COMPLEMENTAÇÃO DE<br />

APOSENTADORIA – AÇÃO AJUIZADA APÓS 08/06/2005 - PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – ADEQUAÇÃO DO ACÓRDÃO<br />

- POSSIBILIDADE - EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS – SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela União <strong>Federal</strong> em face do acórdão de fls. 242/245, que deu parcial<br />

provimento ao recurso inominado por ela interposto, reformando, apenas quanto ao critério de liquidação do crédito, a<br />

sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para declarar a inexigibilidade do imposto de renda incidente sobre o<br />

benefício de complementação ou suplementação de aposentadoria, auferido pela parte autora, na proporção<br />

corr<strong>es</strong>pondente às suas con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> recolhidas ao plano de previdência privada pelo período de m<strong>es</strong><strong>es</strong> em que ocorreu a<br />

<strong>tr</strong>ibutação prévia, na forma da Lei nº 7.713/89, bem como para condenar a União a r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> indevidamente<br />

d<strong>es</strong>contados da suplementação de aposentadoria.<br />

A embargante alega omissão quanto à nec<strong>es</strong>sidade de conversão do julgamento em diligência, pois o autor não apr<strong>es</strong>entou<br />

qualquer documento que indique a data de início de fruição do benefício não valendo para tanto aquele acostado à fl. 18 já<br />

que não fornece data segura, tanto que a própria ementa faz ilaçõ<strong>es</strong> a <strong>es</strong>se r<strong>es</strong>peito. Alega que tal documento é<br />

impr<strong>es</strong>cindível para verificação da própria existência do direito pretendido pelo autor e para que a ré possa aferir seu<br />

inter<strong>es</strong>se em recorrer do acórdão já que <strong>es</strong>te acolheu a pr<strong>es</strong>crição decenal. Aponta também erro material na forma de<br />

apuração do indébito, pois a aplicação da taxa selic deve ser feita somente com relação ao indébito <strong>tr</strong>ibutário, não devendo<br />

incidir sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pelo autor no período compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 e dezembro de 1995.<br />

Aponta, ainda, omissão quanto ao abatimento das quantias r<strong>es</strong>tituídas após cada declaração anual de ajuste. Pede seja<br />

sanada omissão e erro material no acórdão, com a extinção do feito sem r<strong>es</strong>olução do mérito face à ausência de<br />

documentos <strong>es</strong>senciais à demons<strong>tr</strong>ação do direito. Subsidiariamente, caso se entenda que o vício pode ser contornado,<br />

requer seja convertido o feito em diligência para que o autor comprove a data de início de fruição do benefício, declarando<br />

pr<strong>es</strong>crita a pretensão com relação aos valor<strong>es</strong> eventualmente recolhidos há mais de cinco anos do ajuizamento da ação.<br />

Requer, ainda, que a atualização dos valor<strong>es</strong> vertidos ao fundo pelo autor no período de 89/95 seja feita pelos índic<strong>es</strong> do<br />

manual de cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> para as açõ<strong>es</strong> condenatórias em geral, sem inclusão de SELIC, e seja autorizada a<br />

dedução das quantias já r<strong>es</strong>tituídas regularmente após cada declaração anual de ajuste.<br />

A r<strong>es</strong>peito dos documentos indispensáveis ao ajuizamento da ação, o acórdão, no item 5, afirma que tais documentos são<br />

apenas os nec<strong>es</strong>sários para evidenciar o recolhimento das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> para o fundo de previdência privada no período de<br />

janeiro/1989 a dezembro/1995 e o recebimento de complementação de aposentadoria paga pelo fundo de previdência a<br />

partir de janeiro/1996, bem como afirma que o autor comprovou, com con<strong>tr</strong>achequ<strong>es</strong> contemporâneos, ter recolhido<br />

con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> para a Fundação Previ en<strong>tr</strong>e os anos de 1989 e 1995, que se aposentou após fevereiro/2003 e que recebe<br />

suplementação da entidade de previdência complementar com incidência de IRRF.<br />

Ao <strong>tr</strong>atar da pr<strong>es</strong>crição, no item 4, o acórdão afirma que o recorrido <strong>tr</strong>abalhou pelo menos até fevereiro/2003 (fl. 18), que


não deve ter se aposentado ant<strong>es</strong> d<strong>es</strong>sa época e que somente começou a receber o complemento da aposentadoria depois<br />

que parou de <strong>tr</strong>abalhar.<br />

O documento de fl. 18 consiste em cópia da CTPS da qual consta con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho com o Banco do Brasil S/A no<br />

período de 13/07/1981 a 16/02/2003.<br />

Conforme verificado em consulta ao Sistema de benefícios da Previdência Social (Plenus), o autor recebe aposentadoria<br />

por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição d<strong>es</strong>de 17/02/2003, exatamente como se deduziu no acórdão embargado. Diante disso, considero<br />

d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sário baixar o feito em diligência para fins de comprovação do início da complementação do benefício, devida<br />

d<strong>es</strong>de <strong>es</strong>sa data.<br />

O acórdão adotou a t<strong>es</strong>e da pr<strong>es</strong>crição decenal e, por isso, considerou não consumada a pr<strong>es</strong>crição.<br />

Ocorre que, no julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011 – véspera da s<strong>es</strong>são da Turma Recursal em que proferido o<br />

acórdão embargado -, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, por maioria, tendo como relatora a Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie, pacificou o<br />

entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição de indébito ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário ajuizadas após 09/06/2005,<br />

o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05 (cinco) anos. Segue informativo nº 634 do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>:<br />

“É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I<br />

do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre,<br />

no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art.<br />

150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.<br />

3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.<br />

A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação<br />

de penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,<br />

d<strong>es</strong>proveu, por maioria, recurso ex<strong>tr</strong>aordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.<br />

Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípio<br />

da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>, com suporte implícito e<br />

expr<strong>es</strong>so nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às<br />

açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Minis<strong>tr</strong>os Celso de Mello e<br />

Luiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aos<br />

próprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Minis<strong>tr</strong>os Marco<br />

Aurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mend<strong>es</strong>, que davam provimento ao recurso.<br />

(RE 566621/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 4.8.2011. (RE-566621)”<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, a complementação de aposentadoria do autor iniciou-se em 17/02/2003, enquanto a ação foi ajuizada<br />

em 23/10/2008, após decorrido prazo da pr<strong>es</strong>crição quinquenal.<br />

Entendo cabível a adequação do acórdão ainda não <strong>tr</strong>ansitado em julgado, em sede de embargos de declaração, em<br />

cumprimento aos princípios da economia proc<strong>es</strong>sual e da razoabilidade, tendo em vista que tal medida seria inevitável após<br />

a interposição de recurso ex<strong>tr</strong>aordinário ou pedido de uniformização de jurisprudência por parte da União <strong>Federal</strong>, por força<br />

do art. 543-B, § 3º do CPC, cabendo à própria relatoria proceder à posterior adequação.<br />

Pelo exposto, conheço e dou provimento aos embargos de declaração para adequar o acórdão de fls. 242/245 e dar<br />

provimento ao recurso inominado da União <strong>Federal</strong> para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido, julgando<br />

extinto o feito com r<strong>es</strong>olução do mérito, com fulcro no art. 269, IV, do CPC, em face da pr<strong>es</strong>crição.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO para<br />

adequar o acórdão de fls. 242/245 e DAR PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DA UNIÃO FEDERAL, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

55 - 0000652-48.2007.4.02.5054/02 (2007.50.54.000652-1/02) DENILSON CARLOS DO CARMO (ADVOGADO:<br />

LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES, EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI.) x<br />

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: FLAVIO TELES FILOGONIO.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO - CONTRIBUIÇÃO PARA O PSS SOBRE<br />

O ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS –TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE - LEGITIMIDADE PASSIVA<br />

DA FUNASA - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA em face do acórdão de fls.<br />

162/163, que deu parcial provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, para reformar a sentença,<br />

declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto a incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre a<br />

parcela referente ao terço constitucional de férias, condenando a autarquia a c<strong>es</strong>sar os d<strong>es</strong>contos e a r<strong>es</strong>tituir todos os<br />

valor<strong>es</strong> que já tenham sido arrecadados ao T<strong>es</strong>ou Nacional, r<strong>es</strong>peitada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Alega a embargante que o<br />

acórdão contém con<strong>tr</strong>adição em seu item 2, já que, se foi reconhecido que o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição é<br />

repassado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, não poderia condenar a FUNASA à obrigação de r<strong>es</strong>tituir ao autor os valor<strong>es</strong> já recolhidos<br />

a título de PSS sobre o terço de férias. Alega, ainda, omissão quanto à sua ilegitimidade, à luz do disposto no art. 40, § 20,<br />

da CF, diante da constatação de que o produto da arrecadação é d<strong>es</strong>tinado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, bem como omissão<br />

quanto à incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre o adicional de 1/3 de férias gozadas pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados<br />

ao RGPS, devendo ser oferecidos os fundamentos para o <strong>tr</strong>atamento diferenciado ora dado aos servidor<strong>es</strong> públicos.


Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição e<br />

omissõ<strong>es</strong> na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Conforme consta expr<strong>es</strong>samente do acórdão de fls. 162/163, A União havia sido condenada a r<strong>es</strong>tituir o indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União, anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com<br />

a citação da Funasa. Foi proferida sentença de improcedência em face da autarquia, que, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso do<br />

autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.<br />

No item 2 do acórdão, considerou-se que, m<strong>es</strong>mo sendo o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária<br />

repassado para o T<strong>es</strong>ouro Nacional, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, concluindo-se que a legitimação<br />

passiva para a causa é concorrente en<strong>tr</strong>e a União e autarquia, podendo o servidor público ajuizar a ação em face de<br />

qualquer um dos ent<strong>es</strong> legitimados, r<strong>es</strong>saltando, ainda, a possibilidade de ação regr<strong>es</strong>siva da FUNASA con<strong>tr</strong>a a União ou<br />

de compensação ex<strong>tr</strong>aproc<strong>es</strong>sual. Como se vê, não houve con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e as disposiçõ<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do acórdão, mas<br />

sim adoção de entendimento diverso do defendido pela autarquia.<br />

Quanto à t<strong>es</strong>e de que o regime deve ser o m<strong>es</strong>mo para o servidor público <strong>es</strong>tatutário e para os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados ao<br />

RGPS, r<strong>es</strong>tou afastada com a adoção da t<strong>es</strong>e de que a cobrança em tela <strong>tr</strong>ansgride o princípio da razoabilidade, sendo<br />

certo que o juízo não <strong>es</strong>tá obrigado a analisar todos os pontos alegados pelas part<strong>es</strong>.<br />

Não r<strong>es</strong>taram, assim, caracterizadas nem as omissõ<strong>es</strong> nem a con<strong>tr</strong>adição apontadas, pretendendo a embargante, na<br />

verdade, rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se<br />

tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou<br />

qualquer razão plausível que justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

56 - 0000134-58.2007.4.02.5054/02 (2007.50.54.000134-1/02) PAULO ROGERIO MANZINI DE SOUZA (ADVOGADO:<br />

EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI, LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x<br />

FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO - CONTRIBUIÇÃO PARA O PSS SOBRE<br />

O ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS – TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE - LEGITIMIDADE PASSIVA<br />

DA FUNASA - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA em face do acórdão de fls.<br />

174/175, que deu parcial provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, para reformar a sentença,<br />

declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto a incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre a<br />

parcela referente ao terço constitucional de férias, condenando a autarquia a c<strong>es</strong>sar os d<strong>es</strong>contos e a r<strong>es</strong>tituir todos os<br />

valor<strong>es</strong> que já tenham sido arrecadados ao T<strong>es</strong>ou Nacional, r<strong>es</strong>peitada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Alega a embargante que o<br />

acórdão contém con<strong>tr</strong>adição em seu item 2, já que, se foi reconhecido que o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição é<br />

repassado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, não poderia condenar a FUNASA à obrigação de r<strong>es</strong>tituir ao autor os valor<strong>es</strong> já recolhidos<br />

a título de PSS sobre o terço de férias. Alega, ainda, omissão quanto à sua ilegitimidade, à luz do disposto no art. 40, § 20,<br />

da CF, diante da constatação de que o produto da arrecadação é d<strong>es</strong>tinado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, bem como omissão<br />

quanto à incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre o adicional de 1/3 de férias gozadas pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados<br />

ao RGPS, devendo ser oferecidos os fundamentos para o <strong>tr</strong>atamento diferenciado ora dado aos servidor<strong>es</strong> públicos.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição e<br />

omissõ<strong>es</strong> na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Conforme consta expr<strong>es</strong>samente do acórdão de fls. 174/175, A União havia sido condenada a r<strong>es</strong>tituir o indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União, anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com<br />

a citação da Funasa. Foi proferida sentença de improcedência em face da autarquia, que, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso do<br />

autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.<br />

No item 2 do acórdão, considerou-se que, m<strong>es</strong>mo sendo o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária<br />

repassado para o T<strong>es</strong>ouro Nacional, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, concluindo-se que a legitimação<br />

passiva para a causa é concorrente en<strong>tr</strong>e a União e autarquia, podendo o servidor público ajuizar a ação em face de


qualquer um dos ent<strong>es</strong> legitimados, r<strong>es</strong>saltando, ainda, a possibilidade de ação regr<strong>es</strong>siva da FUNASA con<strong>tr</strong>a a União ou<br />

de compensação ex<strong>tr</strong>aproc<strong>es</strong>sual. Como se vê, não houve con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e as disposiçõ<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do acórdão, mas<br />

sim adoção de entendimento diverso do defendido pela autarquia.<br />

Quanto à t<strong>es</strong>e de que o regime deve ser o m<strong>es</strong>mo para o servidor público <strong>es</strong>tatutário e para os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados ao<br />

RGPS, r<strong>es</strong>tou afastada com a adoção da t<strong>es</strong>e de que a cobrança em tela <strong>tr</strong>ansgride o princípio da razoabilidade, sendo<br />

certo que o juízo não <strong>es</strong>tá obrigado a analisar todos os pontos alegados pelas part<strong>es</strong>.<br />

Não r<strong>es</strong>taram, assim, caracterizadas nem as omissõ<strong>es</strong> nem a con<strong>tr</strong>adição apontadas, pretendendo a embargante, na<br />

verdade, rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se<br />

tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou<br />

qualquer razão plausível que justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

57 - 0001719-86.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001719-7/01) SADIR EULARIO NASCIMENTO (ADVOGADO: ADMILSON<br />

TEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO CONFIGURADA – APOSENTADORIA ESPECIAL – RENDA MENSAL –<br />

ART. 57, § 1º DA LEI Nº 8.213/91 - EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 112/114, que reformou a sentença que<br />

julgara improcedente o pedido e o condenou a implantar o benefício previdenciário de aposentadoria <strong>es</strong>pecial, no valor<br />

integral do salário de con<strong>tr</strong>ibuição, devidos a<strong>tr</strong>asados d<strong>es</strong>de 05/08/2008, data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o<br />

embargante que o acórdão embargado é omisso quanto ao disposto no art. 57, § 1º, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual a<br />

aposentadoria <strong>es</strong>pecial consiste em renda mensal equivalente a 100% do salário de benefício e não do salário de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

Como dito, o acórdão condenou o INSS a implantar o benefício previdenciário de aposentadoria <strong>es</strong>pecial, no valor integral<br />

do salário de con<strong>tr</strong>ibuição, deixando de observar o disposto no art. 57, § 1º da Lei nº 8.213/91, sem nada aduzir a r<strong>es</strong>peito.<br />

Configura-se, pois, a omissão apontada, que passo a sanar.<br />

O benefício de aposentadoria <strong>es</strong>pecial rege-se pelo disposto nos artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91, <strong>es</strong>tando<br />

expr<strong>es</strong>samente previsto no parágrafo primeiro do art. 57 que a aposentadoria <strong>es</strong>pecial consistirá numa renda mensal<br />

equivalente a 100% (cem por cento) do salário de benefício. Não havendo qualquer razão exposta no acórdão embargado<br />

para a fixação da renda mensal no valor integral do salário de con<strong>tr</strong>ibuição, há que prevalecer a disposição legal.<br />

Embargos conhecidos e providos para, sanando a omissão ora reconhecida, declarar que a renda mensal do benefício de<br />

aposentadoria <strong>es</strong>pecial concedido no acórdão de fls. 112/114 corr<strong>es</strong>ponde ao valor integral do salário de benefício - e não<br />

do salário de con<strong>tr</strong>ibuição -, permanecendo inalterado, contudo, o r<strong>es</strong>ultado do julgamento.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHE PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

58 - 0001750-12.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001750-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x CÍCERO RODRIGUES PINHEIRO FILHO (ADVOGADO: CARLOS GOMES<br />

MAGALHÃES JÚNIOR.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO CONFIGURADA – PEDIDO DE ALTERAÇÃO DA DIB NÃO APRECIADO –<br />

LAUDO PERICIAL CONTRADITÓRIO – SENTENÇA MANTIDA – ACÓRDÃO INALTERADO - EMBARGOS CONHECIDOS<br />

E PROVIDOS EM PARTE.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 64/65, que negou provimento ao<br />

recurso inominado por ele interposto con<strong>tr</strong>a a sentença que o condenou a conceder o benefício de auxílio-doença ao autor,<br />

com DIB em 16/12/2008. Alega o embargante a nec<strong>es</strong>sidade de pronunciamento expr<strong>es</strong>so do órgão colegiado quanto à


fixação da DIB na data da juntada do laudo pericial em juízo.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

A sentença fixou a DIB em 16/12/2008 (data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo), uma vez que o perito afirmou que n<strong>es</strong>ta data<br />

o autor apr<strong>es</strong>entava instalado o quadro patológico verificado no momento do exame .pericial, conforme r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito<br />

nº 7.1 do laudo pericial de fl. 31. O acórdão manteve a sentença, sem se manif<strong>es</strong>tar expr<strong>es</strong>samente acerca do pedido<br />

constante do recurso inominado, no sentido de que, na eventualidade de ser mantida a procedência do pedido, fosse fixada<br />

a DIB na data da juntada aos autos do laudo pericial em juízo. Configura-se, pois, a omissão apontada, que passo a sanar.<br />

O pedido de modificação da DIB fixada na sentença <strong>es</strong>tá fundamentado, no recurso, no fato de que o ilus<strong>tr</strong>e perito foi<br />

categórico ao afirmar ser impossível dizer se em algum momento houve incapacidade. Ora, o acórdão considerou que a<br />

conclusão do perito de que o autor se encon<strong>tr</strong>a capacitado para o <strong>tr</strong>abalho, <strong>es</strong>tando apto a exercer sua atividade de<br />

motorista, é con<strong>tr</strong>aditória com as r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong> funcionais apontadas no próprio laudo, que acarretam risco de agravamento da<br />

<strong>es</strong>pondilose. Entendeu-se, pois, que tais r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong> r<strong>es</strong>ultam em uma incapacidade temporária. Uma vez que o perito afirma<br />

que pelos r<strong>es</strong>ultados dos exam<strong>es</strong>, em dezembro de 2008 a condição já <strong>es</strong>tava instalada, condição <strong>es</strong>sa que foi entendida<br />

como incapacidade temporária, não há razão para fixar a DIB na data do laudo pericial, como pretende o INSS, devendo o<br />

início do benefício re<strong>tr</strong>oagir àquela data.<br />

Embargos conhecidos e providos em parte apenas para reconhecer a omissão apontada, mantido, contudo, o acórdão<br />

embargado tal como lançado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

59 - 0001026-02.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001026-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x JOSE ALVES DE SOUZA.<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO NÃO CONFIGURADA – ATIVIDADE ESPECIAL DE VIGIA –<br />

COMPROVAÇÃO DE PORTE DE ARMA DE FOGO – DESNECESSIDADE – QUESTÃO ENFRENTADA NO<br />

JULGAMENTO - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 136/137, que deu parcial provimento ao<br />

recurso inominado por ele interposto em face da sentença que o condenou a conceder aposentadoria por tempo de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição, por considerar <strong>es</strong>pecial a atividade de vigilante exercida até 28/04/1995. Alega a embargante que o acórdão<br />

contém omissão quanto ao fato de que o enquadramento da atividade de vigia como <strong>es</strong>pecial depende da comprovação do<br />

uso de arma de fogo, conforme Súmula 10 da Turma Recursal da 4ª Região e entendimento da TNU. Pede seja sanada a<br />

omissão, a<strong>tr</strong>ibuindo-se efeitos infringent<strong>es</strong> aos embargos para julgar improcedente o pedido.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

In casu, a embargante alega omissão quanto à nec<strong>es</strong>sidade de porte de arma para caracterizar a periculosidade na<br />

atividade de vigia. Ocorre que a qu<strong>es</strong>tão foi enfrentada no julgamento do recurso inominado, conforme se depreende do<br />

teor da certidão de julgamento de fl. 135, da qual consta ter ficado “vencido o MM. Juiz <strong>Federal</strong> Rogério Moreira Alv<strong>es</strong> que<br />

dava provimento ao recurso por não ter sido comprovado o uso de arma de fogo pelo vigilante”. Não se configura, pois, a<br />

omissão apontada.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

60 - 0000783-58.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000783-8/01) AURINDA FERREIRA DA FONSECA (ADVOGADO:


MANOEL FERNANDES ALVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE<br />

COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E DE CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO E<br />

DISPOSITIVO LEGAL E NÃO ENTRE AS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO PRÓPRIO ACÓRDÃO – EMBARGOS<br />

CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora em face do acórdão de fls. 110/111, que negou provimento ao<br />

recurso inominado por ela interposto em face da sentença que julgou improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de<br />

aposentadoria rural por idade. A embargante alega que o acórdão contém con<strong>tr</strong>adição e omissão quanto à jurisprudência<br />

colacionada, bem como com as normas infraconstitucionais (art. 11, VII, a, 1, da Lei nº 8.213/91 e constitucionais (art. 1º, III,<br />

art. 194, I e § 8º; art. 201, I e §§ 1º e 7º, I e II).<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

A con<strong>tr</strong>adição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/95, tal qual a referida no art. 535 do CPC, deve se configurar en<strong>tr</strong>e as<br />

disposiçõ<strong>es</strong> contidas na própria decisão. In casu, a embargante alega con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e o teor do acórdão e dispositivos<br />

legais e constitucionais, bem como omissão quanto a tais dispositivos, atacando, na verdade, o entendimento adotado no<br />

acórdão, intuito para o qual não se pr<strong>es</strong>tam os embargos declaratórios.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos<br />

embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que<br />

justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

61 - 0000153-62.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000153-7/01) IVANILDE DE SOUSA MORAIS (ADVOGADO: ELAINE<br />

CRISTINA ARPINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ<br />

RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE NA FORMA DO<br />

ART. 285-A DO CPC – ACÓRDÃO QUE MANTÉM A SENTENÇA POR AUSÊNCIA DE PROVA - EMBARGOS<br />

CONHECIDOS E PROVIDOS - SENTENÇA ANULADA.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora em face do acórdão de fl. 56 que negou provimento ao recurso<br />

inominado por ela interposto con<strong>tr</strong>a sentença que julgou improcedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença,<br />

procedendo ao julgamento antecipado da lide, nos termos do art. 285-A do CPC.<br />

Alega a embargante que o acórdão deixou de analisar os pedidos contidos no recurso inominado para que, diante da<br />

irregular abreviação do feito, fosse determinada sua nulidade e regular proc<strong>es</strong>samento. Diz que houve omissão quanto ao<br />

alegado erro no procedimento do feito, em face da inaplicabilidade do art. 285-A do CPC à qu<strong>es</strong>tão que exige dilação<br />

probatória, bem como omissão quanto à ofensa ao devido proc<strong>es</strong>so legal.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> da embargante, verifica-se que <strong>es</strong>ta aponta a existência de omissão na<br />

decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

O acórdão de fl. 56, que confirmou a sentença de fls. 33/35, considerou não haver nenhum documento que comprove o<br />

<strong>es</strong>tado clínico da recorrente em 31/1/2000, faltando elementos para demons<strong>tr</strong>ar a persistência da incapacidade para o<br />

<strong>tr</strong>abalho sem solução de continuidade d<strong>es</strong>de o ano 2000.<br />

Nada obstante, não apreciou a alegação constante do recurso inominado de nec<strong>es</strong>sidade de dilação probatória.<br />

Configura-se, pois, a omissão apontada.<br />

Com efeito, não se <strong>tr</strong>atando de matéria exclusivamente de direito, não é possível o julgamento antecipado da lide na forma<br />

prevista no art. 285-A do CPC.


N<strong>es</strong>se passo, inevitável a anulação da sentença de primeiro grau, a fim de que se dê prosseguimento ao feito, inclusive<br />

com a possibilidade de produção de prova pelas part<strong>es</strong>, até prolação de nova sentença, ao final.<br />

R<strong>es</strong>salto a d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de intimação do INSS para se manif<strong>es</strong>tar sobre os embargos, a d<strong>es</strong>peito dos efeitos<br />

infringent<strong>es</strong> dos m<strong>es</strong>mos, tendo em vista que a autarquia ainda não foi intimada do acórdão de fl. 56.<br />

Embargos conhecidos e providos para reconhecer a omissão apontada e, sanando-a, dar provimento ao recurso inominado<br />

da autora e anular a sentença de fls. 33/35.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

62 - 0001928-92.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001928-4/01) ER CONSULTORIA E TREINAMENTO LTDA (ADVOGADO:<br />

ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO E DISPOSITIVO LEGAL E NÃO<br />

ENTRE AS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO PRÓPRIO ACÓRDÃO – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fl. 191, que reconheceu a legitimidade ativa<br />

da autora para, na condição de pr<strong>es</strong>tadora de serviço, cobrar r<strong>es</strong>tituição do valor da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária retido sobre<br />

o valor bruto da nota fiscal, bem como negou provimento ao recurso inominado por ela interposto, tendo em vista a sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual (cláusula sexta, item 6.2.2.1) por arrecadar a con<strong>tr</strong>ibuição incidente sobre a remuneração dos<br />

prof<strong>es</strong>sor<strong>es</strong>, segurados con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> individuais, e por não haver nos autos nenhuma prova documental da afirmação de<br />

que os funcionários do CEFETS envolvidos na segunda etapa de <strong>tr</strong>einamento eram remunerados pelo FUNCEFETES.<br />

Alega a embargante que <strong>es</strong>te colegiado foi con<strong>tr</strong>aditório à regra do art. 333, I e II do CPC, uma vez que foi provado o fato<br />

constitutivo do direito, com o con<strong>tr</strong>ato de pr<strong>es</strong>tação de serviço coma CST, a nota fiscal e o comprovante de retenção do<br />

imposto, além da RAIS negativa, comprovando a inexistência de empregados no quadro de funcionários da embargante. O<br />

fato modificativo do direito, qual seja, existência de empregados e falta de recolhimento dos impostos, é que não foi<br />

comprovado pela União, que o alegou. Argumenta a embargante que é p<strong>es</strong>soa jurídica distinta do CEFETES e do<br />

FINCEFETES, não tendo como obter cópia do con<strong>tr</strong>ato firmado en<strong>tr</strong>e aquelas empr<strong>es</strong>as, bem como ao recolhimento da<br />

con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

A con<strong>tr</strong>adição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/95, tal qual a referida no art. 535 do CPC, deve se configurar en<strong>tr</strong>e as<br />

disposiçõ<strong>es</strong> contidas na própria decisão. In casu, a embargante alega con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e o teor do acórdão e o dispositivo<br />

legal invocado, art. 333, I e II, do CPC, atacando, na verdade, o entendimento adotado no acórdão, intuito para o qual não<br />

se pr<strong>es</strong>tam os embargos declaratórios.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos<br />

embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que<br />

justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

63 - 0001895-05.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001895-4/01) ER CONSULTORIA E TREINAMENTO LTDA (ADVOGADO:<br />

ANTONIO VALDEMIR PEREIRA COUTINHO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO E DISPOSITIVO LEGAL E NÃO<br />

ENTRE AS DISPOSIÇÕES CONTIDAS NO PRÓPRIO ACÓRDÃO – RECONHECIMENTO DA INCOMPETÊNCIA<br />

ABSOLUTA EM FACE DA ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DA PARTE AUTORA PARA DEMANDAR EM JUIZADOS<br />

ESPECIAIS FEDERAIS – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS - ACÓRDÃO E SENTENÇA ANULADOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fl. 246, que reconheceu a legitimidade ativa<br />

da autora para, na condição de pr<strong>es</strong>tadora de serviço, cobrar r<strong>es</strong>tituição do valor da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária retido sobre


o valor bruto da nota fiscal, bem como negou provimento ao recurso inominado por ela interposto, tendo em vista a sua<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade con<strong>tr</strong>atual (cláusula sexta, item 6.2.2.1) por arrecadar a con<strong>tr</strong>ibuição incidente sobre a remuneração dos<br />

prof<strong>es</strong>sor<strong>es</strong>, segurados con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> individuais, e por não haver nos autos nenhuma prova documental da afirmação de<br />

que os funcionários do CEFETS envolvidos na segunda etapa de <strong>tr</strong>einamento eram remunerados pelo FUNCEFETES.<br />

Alega a embargante que <strong>es</strong>te colegiado foi con<strong>tr</strong>aditório à regra do art. 333, I e II do CPC, uma vez que foi provado o fato<br />

constitutivo do direito, com o con<strong>tr</strong>ato de pr<strong>es</strong>tação de serviço coma CST, a nota fiscal e o comprovante de retenção do<br />

imposto, além da RAIS negativa, comprovando a inexistência de empregados no quadro de funcionários da embargante. O<br />

fato modificativo do direito, qual seja, existência de empregados e falta de recolhimento dos impostos, é que não foi<br />

comprovado pela União, que o alegou. Argumenta a embargante que é p<strong>es</strong>soa jurídica distinta do CEFETES e do<br />

FINCEFETES, não tendo como obter cópia do con<strong>tr</strong>ato firmado en<strong>tr</strong>e aquelas empr<strong>es</strong>as, bem como ao recolhimento da<br />

con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária.<br />

Detecto causa que exclui a competência dos Juizados Especiais Federais para proc<strong>es</strong>sar e julgar <strong>es</strong>sa ação. Como se<br />

cuida de competência absoluta, a matéria é de ordem pública e deve ser aferida de ofício.<br />

São legitimados a figurar como autor<strong>es</strong> em ação que <strong>tr</strong>amite em Juizados Especiais Federais as p<strong>es</strong>soas físicas e, den<strong>tr</strong>e<br />

as p<strong>es</strong>soas jurídicas, somente as microempr<strong>es</strong>as e as empr<strong>es</strong>as de pequeno porte (artigo 6º, I, da Lei 10.259/01). No caso<br />

dos autos, afere-se que a empr<strong>es</strong>a autora não é microempr<strong>es</strong>a nem empr<strong>es</strong>a de pequeno porte, uma vez que, analisando a<br />

denominação lançada na petição inicial e no comprovante de inscrição no CNPJ, afere-se que do nome empr<strong>es</strong>arial não<br />

consta a expr<strong>es</strong>são “microempr<strong>es</strong>a” ou “ME”; nem consta a expr<strong>es</strong>são "empr<strong>es</strong>a de pequeno porte", ou “EPP”.<br />

À luz da legislação de regência, ao menos d<strong>es</strong>de 1994 existe a indispensabilidade de a microempr<strong>es</strong>a ser identificada pelas<br />

expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> “microempr<strong>es</strong>a” ou “ME”; e de a empr<strong>es</strong>a de pequeno porte ser identificada pelas expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> “empr<strong>es</strong>a de<br />

pequeno porte” ou “EPP”. É o que se infere do disposto no artigo 6º da Lei 8.864/94; no artigo 7º da Lei 9.841/99; e no artigo<br />

72 da Lei Complementar nº 123/2006, cujas redaçõ<strong>es</strong> seguem abaixo:<br />

Artigo 6º da Lei 8.864/94: “Art. 6° Feita a comuni cação, e independentemente de alteração do ato constitutivo, a<br />

microempr<strong>es</strong>a adotará, em seguida ao seu nome, a expr<strong>es</strong>são "microempr<strong>es</strong>a" ou, abreviadamente, "ME", e a empr<strong>es</strong>a de<br />

pequeno porte, a expr<strong>es</strong>são "empr<strong>es</strong>a de pequeno porte", ou "EPP". Parágrafo único. E privativo de microempr<strong>es</strong>a de<br />

empr<strong>es</strong>a de pequeno porte o uso das expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> de que <strong>tr</strong>ata <strong>es</strong>te artigo.”<br />

Artigo 7º da Lei 9.841/99: “Art. 7º Feita a comunicação, e independentemente de alteração do ato constitutivo, a<br />

microempr<strong>es</strong>a adotará, em seguida ao seu nome, a expr<strong>es</strong>são "microempr<strong>es</strong>a" ou, abreviadamente, "ME", e a empr<strong>es</strong>a de<br />

pequeno porte, a expr<strong>es</strong>são "empr<strong>es</strong>a de pequeno porte" ou "EPP". Parágrafo único. É privativo de microempr<strong>es</strong>a e de<br />

empr<strong>es</strong>a de pequeno porte o uso das expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> de que <strong>tr</strong>ata <strong>es</strong>te artigo.”<br />

Artigo 72 da Lei Complementar nº 123/2006: “Art. 72. As microempr<strong>es</strong>as e as empr<strong>es</strong>as de pequeno porte, nos termos da<br />

legislação civil, acr<strong>es</strong>centarão à sua firma ou denominação as expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> “Microempr<strong>es</strong>a” ou “Empr<strong>es</strong>a de Pequeno<br />

Porte”, ou suas r<strong>es</strong>pectivas abreviaçõ<strong>es</strong>, “ME” ou “EPP”, conforme o caso, sendo facultativa a inclusão do objeto da<br />

sociedade.”<br />

Essa determinação legal nos suc<strong>es</strong>sivos diplomas que regulam o <strong>tr</strong>atamento conferido às microempr<strong>es</strong>as e empr<strong>es</strong>as de<br />

pequeno porte também <strong>es</strong>teve – como <strong>es</strong>tá – pr<strong>es</strong>ente nas Ins<strong>tr</strong>uçõ<strong>es</strong> Normativas do Departamento Nacional de Regis<strong>tr</strong>o<br />

Comercial que <strong>tr</strong>atam da formação do nome empr<strong>es</strong>arial e da proteção a ele conferida. A ins<strong>tr</strong>ução que atualmente se<br />

encon<strong>tr</strong>a em vigor é a IN-DNRC nº 116/2011, cujo artigo 14 tem a seguinte redação:<br />

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 116, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2011.<br />

Dispõe sobre a formação do nome empr<strong>es</strong>arial, sua proteção e dá ou<strong>tr</strong>as providências.<br />

(...)<br />

Art. 14. As microempr<strong>es</strong>as e empr<strong>es</strong>as de pequeno porte acr<strong>es</strong>centarão à sua firma ou denominação as<br />

expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> “Microempr<strong>es</strong>a” ou “Empr<strong>es</strong>a de Pequeno Porte”, ou suas r<strong>es</strong>pectivas abreviaçõ<strong>es</strong>, “ME” ou “EPP”.<br />

À luz d<strong>es</strong>se contexto, a autora é uma sociedade empr<strong>es</strong>ária limitada, mas não posso considerá-la, nem supor, que se cuida<br />

de uma microempr<strong>es</strong>a ou empr<strong>es</strong>as de pequeno porte, visto que de sua denominação não consta nenhuma das<br />

expr<strong>es</strong>sõ<strong>es</strong> que a lei considera indispensáveis para tanto.<br />

Visto que a parte autora não é uma microempr<strong>es</strong>a nem é uma empr<strong>es</strong>a de pequeno porte, falta-lhe legitimação ativa para<br />

demandar em Juizado Especial <strong>Federal</strong>.<br />

Como a petição inicial foi subscrita por advogado (e, consequentemente, pode ser proc<strong>es</strong>sado em vara comum), reconheço<br />

a incompetência absoluta dos Juizados Especiais Federais para proc<strong>es</strong>sar e julgar a ação; uma vez que o acórdão não<br />

<strong>tr</strong>ansitou em julgado (por força dos embargos de declaração interpostos), reconheço a nulidade do acórdão e da sentença<br />

proferida pelo JEF, razão pela qual voto pela anulação de ambos e pela ulterior rem<strong>es</strong>sa dos autos a uma das varas cíveis<br />

com competência <strong>tr</strong>ibutária d<strong>es</strong>ta SJ-ES.<br />

Embargos de declaração não conhecidos. Acórdão e sentença anulados, em face da incompetência absoluta dos Juizados<br />

Especiais Federais, devendo os autos serem dis<strong>tr</strong>ibuídos en<strong>tr</strong>e uma das varas cíveis com competência <strong>tr</strong>ibutária d<strong>es</strong>ta<br />

SJ-ES.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NÃO CONHECER dos embargos de declaração e, de ofício,<br />

ANULAR acórdão e sentença proferidos, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

64 - 0000657-70.2007.4.02.5054/02 (2007.50.54.000657-0/02) GEROLINO PACATUBA (ADVOGADO: EUSTÁQUIO<br />

DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI, LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO<br />

NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VILMAR LOBO ABDALAH JR..).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO - CONTRIBUIÇÃO PARA O PSS SOBRE<br />

O ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS – TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE - LEGITIMIDADE PASSIVA<br />

DA FUNASA - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA em face do acórdão de fls.<br />

174/175, que deu parcial provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, para reformar a sentença,<br />

declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto a incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre a<br />

parcela referente ao terço constitucional de férias, condenando a autarquia a c<strong>es</strong>sar os d<strong>es</strong>contos e a r<strong>es</strong>tituir todos os<br />

valor<strong>es</strong> que já tenham sido arrecadados ao T<strong>es</strong>ou Nacional, r<strong>es</strong>peitada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Alega a embargante que o<br />

acórdão contém con<strong>tr</strong>adição em seu item 2, já que, se foi reconhecido que o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição é<br />

repassado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, não poderia condenar a FUNASA à obrigação de r<strong>es</strong>tituir ao autor os valor<strong>es</strong> já recolhidos<br />

a título de PSS sobre o terço de férias. Alega, ainda, omissão quanto à sua ilegitimidade, à luz do disposto no art. 40, § 20,<br />

da CF, diante da constatação de que o produto da arrecadação é d<strong>es</strong>tinado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, bem como omissão<br />

quanto à incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre o adicional de 1/3 de férias gozadas pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados<br />

ao RGPS, devendo ser oferecidos os fundamentos para o <strong>tr</strong>atamento diferenciado ora dado aos servidor<strong>es</strong> públicos.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição e<br />

omissõ<strong>es</strong> na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Conforme consta expr<strong>es</strong>samente do acórdão de fls. 174/175, A União havia sido condenada a r<strong>es</strong>tituir o indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União, anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com<br />

a citação da Funasa. Foi proferida sentença de improcedência em face da autarquia, que, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso do<br />

autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.<br />

No item 2 do acórdão, considerou-se que, m<strong>es</strong>mo sendo o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária<br />

repassado para o T<strong>es</strong>ouro Nacional, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, concluindo-se que a legitimação<br />

passiva para a causa é concorrente en<strong>tr</strong>e a União e autarquia, podendo o servidor público ajuizar a ação em face de<br />

qualquer um dos ent<strong>es</strong> legitimados, r<strong>es</strong>saltando, ainda, a possibilidade de ação regr<strong>es</strong>siva da FUNASA con<strong>tr</strong>a a União ou<br />

de compensação ex<strong>tr</strong>aproc<strong>es</strong>sual. Como se vê, não houve con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e as disposiçõ<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do acórdão, mas<br />

sim adoção de entendimento diverso do defendido pela autarquia.<br />

Quanto à t<strong>es</strong>e de que o regime deve ser o m<strong>es</strong>mo para o servidor público <strong>es</strong>tatutário e para os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados ao<br />

RGPS, r<strong>es</strong>tou afastada com a adoção da t<strong>es</strong>e de que a cobrança em tela <strong>tr</strong>ansgride o princípio da razoabilidade, sendo<br />

certo que o juízo não <strong>es</strong>tá obrigado a analisar todos os pontos alegados pelas part<strong>es</strong>.<br />

Não r<strong>es</strong>taram, assim, caracterizadas nem as omissõ<strong>es</strong> nem a con<strong>tr</strong>adição apontadas, pretendendo a embargante, na<br />

verdade, rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se<br />

tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou<br />

qualquer razão plausível que justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

65 - 0000124-49.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000124-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x GERALDA DA SILVA REIS (ADVOGADO:<br />

MARIA REGINA COUTO ULIANA.).


E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO<br />

CONTINUADA – RENDA PER CAPITA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO - HIPOSSUFICIÊNCIA ECONÔMICA<br />

AFERIDA POR OUTROS MEIOS – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no art. 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. O referido dispositivo,<br />

contudo, refere-se exclusivamente aos recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao julgamento dos embargos<br />

de declaração, razão pela qual passo a julgar.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 144/145, que negou provimento ao<br />

recurso por ele interposto con<strong>tr</strong>a sentença que julgou procedente o pedido e o condenou a conceder à parte autora o<br />

benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada no valor de um salário mínimo mensal, nos termos do art. 203, inciso V da CF, e do art.<br />

20 da Lei nº 8.742/93, d<strong>es</strong>de a data do indeferimento adminis<strong>tr</strong>ativo em 19/05/2005. Pretende o embargante que seja<br />

sanada omissão quanto à incidência dos artigos 195, § 5º e 203, V, da CF, bem como quanto à constitucionalidade do art.<br />

20, § 3º da Lei nº 8.742/93, r<strong>es</strong>saltando que os pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> embargos servem para prequ<strong>es</strong>tionar o acórdão recorrido.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

O acórdão embargado não foi omisso quanto aos dispositivos constitucionais e legais invocados pelo embargante, tendo-se<br />

considerado no julgamento que, conforme entendimento pacificado pela Terceira Seção do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>,<br />

ainda que a renda familiar mensal per capita seja superior a ¼ do salário mínimo, é possível a aferição da condição de<br />

hipossuficiência econômica do idoso ou portador de deficiência por ou<strong>tr</strong>os meios, tal como se aferiu no pr<strong>es</strong>ente caso.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

66 - 0000135-43.2007.4.02.5054/02 (2007.50.54.000135-3/02) JOSE AILTON PEREIRA (ADVOGADO: MARCELO MATEDI<br />

ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: SHIZUE SOUZA<br />

KITAGAWA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO E CONTRADIÇÃO - CONTRIBUIÇÃO PARA O PSS SOBRE<br />

O ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS – TRANSGRESSÃO AO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE - LEGITIMIDADE PASSIVA<br />

DA FUNASA - EMBARGOS IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA em face do acórdão de fls.<br />

175/176, que deu parcial provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora, para reformar a sentença,<br />

declarando a inexistência de relação jurídica que tenha por objeto a incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre a<br />

parcela referente ao terço constitucional de férias, condenando a autarquia a c<strong>es</strong>sar os d<strong>es</strong>contos e a r<strong>es</strong>tituir todos os<br />

valor<strong>es</strong> que já tenham sido arrecadados ao T<strong>es</strong>ou Nacional, r<strong>es</strong>peitada a pr<strong>es</strong>crição quinquenal. Alega a embargante que o<br />

acórdão contém con<strong>tr</strong>adição em seu item 2, já que, se foi reconhecido que o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição é<br />

repassado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, não poderia condenar a FUNASA à obrigação de r<strong>es</strong>tituir ao autor os valor<strong>es</strong> já recolhidos<br />

a título de PSS sobre o terço de férias. Alega, ainda, omissão quanto à sua ilegitimidade, à luz do disposto no art. 40, § 20,<br />

da CF, diante da constatação de que o produto da arrecadação é d<strong>es</strong>tinado ao T<strong>es</strong>ouro Nacional, bem como omissão<br />

quanto à incidência de con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária sobre o adicional de 1/3 de férias gozadas pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados<br />

ao RGPS, devendo ser oferecidos os fundamentos para o <strong>tr</strong>atamento diferenciado ora dado aos servidor<strong>es</strong> públicos.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição e<br />

omissõ<strong>es</strong> na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Conforme consta expr<strong>es</strong>samente do acórdão de fls. 175/176, A União havia sido condenada a r<strong>es</strong>tituir o indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

A turma recursal declarou a ilegitimidade passiva da União, anulou a sentença e determinou o prosseguimento do feito com<br />

a citação da Funasa. Foi proferida sentença de improcedência em face da autarquia, que, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> ao recurso do


autor, argüiu sua ilegitimidade passiva.<br />

No item 2 do acórdão, considerou-se que, m<strong>es</strong>mo sendo o produto da arrecadação da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária<br />

repassado para o T<strong>es</strong>ouro Nacional, mantém-se a legitimidade da autarquia para a causa, concluindo-se que a legitimação<br />

passiva para a causa é concorrente en<strong>tr</strong>e a União e autarquia, podendo o servidor público ajuizar a ação em face de<br />

qualquer um dos ent<strong>es</strong> legitimados, r<strong>es</strong>saltando, ainda, a possibilidade de ação regr<strong>es</strong>siva da FUNASA con<strong>tr</strong>a a União ou<br />

de compensação ex<strong>tr</strong>aproc<strong>es</strong>sual. Como se vê, não houve con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e as disposiçõ<strong>es</strong> constant<strong>es</strong> do acórdão, mas<br />

sim adoção de entendimento diverso do defendido pela autarquia.<br />

Quanto à t<strong>es</strong>e de que o regime deve ser o m<strong>es</strong>mo para o servidor público <strong>es</strong>tatutário e para os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> vinculados ao<br />

RGPS, r<strong>es</strong>tou afastada com a adoção da t<strong>es</strong>e de que a cobrança em tela <strong>tr</strong>ansgride o princípio da razoabilidade, sendo<br />

certo que o juízo não <strong>es</strong>tá obrigado a analisar todos os pontos alegados pelas part<strong>es</strong>.<br />

Não r<strong>es</strong>taram, assim, caracterizadas nem as omissõ<strong>es</strong> nem a con<strong>tr</strong>adição apontadas, pretendendo a embargante, na<br />

verdade, rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se<br />

tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou<br />

qualquer razão plausível que justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

67 - 0009954-03.2006.4.02.5001/01 (2006.50.01.009954-0/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO<br />

SALES DOS SANTOS.) x ODILIO DE PAULA HONORIO (ADVOGADO: ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PEDIDO DE ESCLARECIMENTOS – ATAQUE AO ENTENDIMENTO ADOTADO NO<br />

ACÓRDÃO EMBARGADO – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fl. 176, que deu provimento ao recurso<br />

inominado interposto pela CEF con<strong>tr</strong>a a sentença que julgara procedente o pedido para condená-la ao pagamento da<br />

indenização securitária prevista no con<strong>tr</strong>ato de fls. 29 a partir de 02/02/2001 em diante, sendo abatido o valor já pago.<br />

O embargante busca <strong>es</strong>clarecimentos sobre: a) o liame e o fundamento jurídico que revoga direito adquirido, eis que já<br />

havia quitado seu débito a<strong>tr</strong>asado, por avença en<strong>tr</strong>e as part<strong>es</strong>, e o pleito da indenização se refere ao período en<strong>tr</strong>e o auxílio<br />

doença (02/02/2001) e a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez (30/04/2005), período em que nada recebeu pelo seu<br />

sinis<strong>tr</strong>o; b) a data inicial para o pagamento da indenização (se corr<strong>es</strong>ponde à data do sinis<strong>tr</strong>o ou a ou<strong>tr</strong>a data); c) a Circular<br />

da SUSEP nº 111, de 03/12/1999, não mencionada no acórdão.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

O embargante não aponta objetivamente nenhuma omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade no acórdão, podendo-se<br />

considerar como dúvida, em princípio, o pedido de <strong>es</strong>clarecimento. Depreende-se, contudo, do teor do recurso, que o<br />

embargante pretende, à guisa de <strong>es</strong>clarecimentos, modificar o entendimento adotado no acórdão, alegando que <strong>es</strong>te<br />

r<strong>es</strong>ultou em revogação de direito adquirido.<br />

Com relação à data inicial para o pagamento da indenização (se corr<strong>es</strong>ponde à data do sinis<strong>tr</strong>o ou ou<strong>tr</strong>a data), o acórdão foi<br />

claro ao assentar que “o sinis<strong>tr</strong>o foi em 02/02/2011, data de início do benefício previdenciário de auxílio-doença”, bem como<br />

que “conforme <strong>es</strong>tabelecido na sentença, o termo a quo para cobertura do seguro é a data do sinis<strong>tr</strong>o que ocasionou a<br />

aposentadoria por invalidez”.<br />

A sentença r<strong>es</strong>tou reformada por se ter considerado no acórdão que “em que p<strong>es</strong>e ter a CEF efetivado cobrança de período<br />

posterior ao evento incapacitante, não houve pagamento a maior”, eis que o valor corr<strong>es</strong>pondente ao das parcelas em<br />

a<strong>tr</strong>aso quando do sinis<strong>tr</strong>o (R$ 7.215,93) foi pago com d<strong>es</strong>conto (R$ 5.860,46).<br />

Parece-me que o embargante entende fazer jus a receber o valor corr<strong>es</strong>pondente ao saldo devedor verificado na data do<br />

sinis<strong>tr</strong>o, a título de indenização, enquanto o acórdão considerou que tal valor era devido à CEF pela seguradora, a fim de<br />

ser revertido para o saldo devedor, de modo que <strong>es</strong>te r<strong>es</strong>tasse quitado. A prevalecer o entendimento do embargante, a<br />

seguradora <strong>es</strong>taria obrigada a duplo pagamento: cobrir o saldo devedor do embargante junto à CEF e indenizar o<br />

embargante em valor corr<strong>es</strong>pondente a <strong>es</strong>se saldo devedor. Não foi <strong>es</strong>se o entendimento adotado no acórdão.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado


Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

68 - 0007380-83.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007380-1/01) SYLVIO SOUZA ROCHA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA<br />

DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS<br />

RECURSO Nº NUMERO – TURMA RECURSAL<br />

EMBARGANTE: UNIÃO FEDERAL<br />

EMBARGADO: V. ACÓRDÃO DE FLS. 68/70<br />

RELATOR: Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO -TRIBUTÁRIO– OMISSÃO – IMPOSTO DE RENDA INCIDENTE SOBRE VERBAS<br />

TRABALHISTAS – PRESCRIÇÃO QUINQUENAL – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.<br />

Cuida-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO em face de acórdão de fls. 68/70, que deu parcial provimento ao<br />

recurso inominado interposto pelo autor con<strong>tr</strong>a sentença que reconhecera a pr<strong>es</strong>crição e julgara extinto o feito no qual se<br />

pretendia a devolução, em dobro, dos valor<strong>es</strong> retidos a título de imposto de renda sobre as verbas r<strong>es</strong>cisórias de con<strong>tr</strong>ato<br />

de <strong>tr</strong>abalho. O acórdão afastou a pr<strong>es</strong>crição, aplicando o prazo de dez anos (cinco mais cinco), e reconheceu a<br />

procedência, em parte, do pedido.<br />

2. Aduz o embargante que a decisão é omissa por não ter apreciado a alegação constante das con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> no sentido de<br />

que, no caso concreto, é possível identificar ato que consiste na homologação expr<strong>es</strong>sa do auto-lançamento, repr<strong>es</strong>entado<br />

pela aceitação da declaração anual de ajuste, que corr<strong>es</strong>ponde ao pronunciamento referido no §4º do art. 150 do CTN,<br />

razão pela qual se pode contar o prazo pr<strong>es</strong>cricional de cinco anos.<br />

Assiste razão à embargante. O acórdão não se pronunciou sobre a alegação de que houve homologação expr<strong>es</strong>sa,<br />

inclusive com r<strong>es</strong>tituição, em 15/12/2000, do imposto de renda retido na fonte do exercício de 1999, constante das<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, nos itens 12 a 16.<br />

Havendo homologação expr<strong>es</strong>sa do recolhimento em 15/12/2000, conforme comprovado às fls. 62/63, mediante liberação<br />

da r<strong>es</strong>tituição do imposto recolhido a maior no exercício de 1999, não era cabível a aplicação da t<strong>es</strong>e da pr<strong>es</strong>crição decenal<br />

(cinco mais cinco) adotada no acórdão embargado, que considerou <strong>tr</strong>atar-se de homologação tácita.<br />

De qualquer forma, há que se levar em conta que, no julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011, o Supremo Tribunal<br />

<strong>Federal</strong>, por maioria, tendo como relatora a Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie, pacificou o entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição<br />

de indébito ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário ajuizadas após 09/06/2005, o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05 (cinco) anos.<br />

Segue informativo nº 634 do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>:<br />

“É inconstitucional o art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005 [“Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I<br />

do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre,<br />

no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art.<br />

150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art.<br />

3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional”; CTN: “Art. 106.<br />

A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação<br />

de penalidade à infração dos dispositivos interpretados”]. Esse o consenso do Plenário que, em conclusão de julgamento,<br />

d<strong>es</strong>proveu, por maioria, recurso ex<strong>tr</strong>aordinário interposto de decisão que reputara inconstitucional o citado preceito — v.<br />

Informativo 585. Prevaleceu o voto proferido pela Min. Ellen Gracie, relatora, que, em suma, assentara a ofensa ao princípio<br />

da segurança jurídica — nos seus conteúdos de proteção da confiança e de ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>, com suporte implícito e<br />

expr<strong>es</strong>so nos artigos 1º e 5º, XXXV, da CF — e considerara válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às<br />

açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9.6.2005. Os Minis<strong>tr</strong>os Celso de Mello e<br />

Luiz Fux, por sua vez, dissentiram apenas no tocante ao art. 3º da LC 118/2005 e afirmaram que ele seria aplicável aos<br />

próprios fatos (pagamento indevido) ocorridos após o término do período de vacatio legis. Vencidos os Minis<strong>tr</strong>os Marco<br />

Aurélio, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mend<strong>es</strong>, que davam provimento ao recurso.<br />

(RE 566621/RS, rel. Min. Ellen Gracie, 4.8.2011. (RE-566621)”<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, a r<strong>es</strong>cisão do con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho se deu em 03/05/1999, enquanto a ação foi ajuizada em 28/11/2008,<br />

após decorrido o prazo da pr<strong>es</strong>crição quinquenal.<br />

Assim é que deve ser mantida a sentença.<br />

Embargos de declaração conhecidos e providos para alterar o acórdão embargado e negar provimento ao recurso<br />

inominado do autor, mantendo a sentença.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO, na


forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong><br />

69 - 0000281-88.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000281-0/01) JOSE BELLO PEREIRA (ADVOGADO: ALFREDO ANGELO<br />

CREMASCHI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO ENTRE O ACÓRDÃO EMBARGADO E ACÓRDÃO<br />

PROFERIDO EM OUTRO PROCESSO – EMBARGOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor em face do acórdão de fls. 118/120, que negou provimento ao<br />

recurso inominado por ele interposto em face da sentença que julgou improcedente a pretensão de r<strong>es</strong>tabelecimento do<br />

benefício previdenciário de auxílio-doença. Alega a embargante que o acórdão contém con<strong>tr</strong>adição com ou<strong>tr</strong>o julgado em<br />

caso análogo. Pede a reforma do acórdão.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

A con<strong>tr</strong>adição referida no art. 48 da Lei nº 9.099/95, tal qual a referida no art. 535 do CPC, deve se configurar en<strong>tr</strong>e as<br />

disposiçõ<strong>es</strong> contidas na própria decisão. In casu, a embargante alega con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e o teor do acórdão embargado e o<br />

de ou<strong>tr</strong>o acórdão, proferido em ou<strong>tr</strong>o proc<strong>es</strong>so, atacando, na verdade, o entendimento adotado no julgamento, intuito para o<br />

qual não se pr<strong>es</strong>tam os embargos declaratórios.<br />

Não r<strong>es</strong>tou, assim, caracterizada nenhuma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> legais previstas para oposição de embargos declaratórios,<br />

d<strong>es</strong>cabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via<br />

dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipót<strong>es</strong>e é o uso dos<br />

embargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois d<strong>es</strong>tituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível que<br />

justifique sua utilização.<br />

Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

70 - 0002221-91.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002221-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE IRIS ALMEIDA COSTA<br />

(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

MARCELA BRAVIN BASSETTO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so n.º 0002221-91.2010.4.02.5050/01 – 1° JEF<br />

Recorrente : JOSÉ IRIS ALMEIDA COSTA<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

V O T O<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto por JOSÉ ÍRIS ALMEIDA COSTA (42 anos de idade, lavrador), em face da<br />

sentença de fls. 168/169, que julgou improcedente o seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou<br />

conversão em aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portador de uma série de<br />

enfermidad<strong>es</strong> como epilepsia, problemas renais e <strong>es</strong>tomacais, além de ar<strong>tr</strong>ose da coluna lombar e hérnia de disco,<br />

encon<strong>tr</strong>ando-se incapacitado para exercer atividade laborativa. Com isso, requer a reforma ou anulação da sentença,<br />

almejando que seu pedido inicial seja julgado procedente. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

É o breve relatório. Passo a votar.<br />

A conc<strong>es</strong>são do benefício de auxílio-doença exige que o demandante atenda aos requisitos legais dispostos pelo art. 59 da<br />

Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais e, ainda,<br />

<strong>es</strong>tar incapacitado para o <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.<br />

A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença nos seguint<strong>es</strong> períodos: 20/08/2004 a 30/10/2004, 01/11/2007 a<br />

31/03/2008, 17/06/2008 a 15/10/2008, 12/05/2009 a 31/12/2009 e de 14/09/2012 aos dias atuais (Informaçõ<strong>es</strong>: Sistema<br />

Plenus).


A condição de segurado <strong>es</strong>pecial e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos, r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ingindo a divergência com relação à<br />

incapacidade.<br />

O recorrente, lavrador, atualmente com 42 anos de idade, foi submetido à perícia médica judicial (fls. 143/144), realizada<br />

em 30/11/2010. O perito, durante a perícia médica judicial, constatou que o recorrente apr<strong>es</strong>entava ar<strong>tr</strong>ose na coluna<br />

lombar e hérnia de disco lombar, patologias que não induzem à incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho, conforme relatado. O perito<br />

judicial, no entanto, r<strong>es</strong>saltou que o autor apr<strong>es</strong>enta limitaçõ<strong>es</strong> para a realização de atividad<strong>es</strong> físicas que requeiram<br />

<strong>es</strong>forço ex<strong>tr</strong>emo, devendo, assim, evitar carregar p<strong>es</strong>o (qu<strong>es</strong>itos 9 e 10, fl. 143).<br />

Ao se analisar o conjunto probatório, verifica-se que o perito judicial se con<strong>tr</strong>adiz, afinal, o <strong>tr</strong>abalho de lavrador exige <strong>es</strong>forço<br />

físico ex<strong>tr</strong>emo e carregar p<strong>es</strong>o é tarefa que se pode considerar inerente a tal atividade laborativa.<br />

Seria praticamente impossível ao recorrente exercer a sua função habitual (lavrador) em vista das limitaçõ<strong>es</strong> físicas<br />

apontadas no laudo pericial.<br />

Den<strong>tr</strong>o de tal contexto, em linha de princípio, fixaria a DIB na data da perícia judicial.<br />

Não obstante, regis<strong>tr</strong>o que a ação foi proposta em maio de 2010, e há um at<strong>es</strong>tado anterior, anexado à inicial e datado de<br />

13/04/2010, que é claramente indicativo da incapacidade laborativa do autor-recorrente. Trata-se do at<strong>es</strong>tado de fls. 41/42,<br />

onde se afirma que o autor: (i) tem quadro epiléptico; (ii) é hipertenso; (iii) teve hérnia de disco lombar em 2009, sendo<br />

submetido a cirurgia que evoluiu para fibrose epidural envolvendo a raiz neural emergente de L5 na en<strong>tr</strong>ada do forame, o<br />

que causa dor constante, refratária e incapacitante; (iv) recentemente sofrera hemorragia dig<strong>es</strong>tiva alta; (v) “enfim, tem um<br />

quadro de várias patologias e agravos concomitant<strong>es</strong> que incapacitam sua vida p<strong>es</strong>soal, profissional e social” (fl. 41).<br />

Deve ser r<strong>es</strong>saltado que a própria autarquia previdenciária concedeu o benefício por incapacidade a partir de 14/09/2012,<br />

conforme verificado em consulta ao sistema Plenus em 05/11/2012.<br />

Constata-se, então, que a parte autora preenche o requisito referente à incapacidade, visto que se encon<strong>tr</strong>a definitivamente<br />

incapaz para exercer sua profissão habitual. Portanto, faz jus o autor ao benefício de auxílio-doença até que a autarquia<br />

federal o reabilite para ou<strong>tr</strong>o tipo de função que não demande intenso <strong>es</strong>forço físico, ou até que se recupere integralmente<br />

das l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entadas.<br />

Fixo a DIB na data em que foi lavrado o at<strong>es</strong>tado médico de fls. 41/42, subscrito pela Médica de Família do PSF de<br />

Itaguaçu em 13/04/2010.<br />

Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO DA PARTE AUTORA PARA, NO MÉRITO, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO,<br />

condenando, assim, a autarquia previdenciária pagar ao autor o benefício de auxílio-doença d<strong>es</strong>de 13/04/2010.<br />

O benefício deverá ser mantido até que o autor seja reabilitado para ou<strong>tr</strong>a função ou até que se recupere das l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong>,<br />

ficando o autor obrigado a comparecer a todas as perícias adminis<strong>tr</strong>ativas para as quais for regularmente notificado.<br />

Parcelas pagas sob o m<strong>es</strong>mo título deverão ser d<strong>es</strong>contadas. Sobre as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas incidem os índic<strong>es</strong> oficiais de<br />

remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma<br />

do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE – AUXÍLIO-DOENÇA – PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL<br />

CONTRADITÓRIA – REABILITAÇÃO – LIMITAÇÃO FÍSICA – BENEFÍCIO POSTERIORMENTE CONCEDIDO NA<br />

ESFERA ADMINISTRATIVA – RECURSO DO AUTOR CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA<br />

REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo em CONHECER DO RECURSO DA PARTE AUTORA PARA, NO<br />

MÉRITO, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, reformando-se a sentença, na forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos<br />

autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

(assinado ele<strong>tr</strong>onicamente)<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

71 - 0000063-57.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000063-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DARLAN MALAVASI


(ADVOGADO: ELVIMARA LOPES GONCALVES, RISONETE MARIA OLIVEIRA MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000063-57.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000063-9/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – RELATÓRIO SOCIAL – LAUDO<br />

MÉDICO PERICIAL CONCLUSIVO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo autor, DARLAN MALAVASI, menor, absolutamente incapaz, repr<strong>es</strong>entado<br />

por sua genitora LUZIA FREISLEBEN MALAVASI, em face da sentença de fls. 158/160, que julgou improcedente o seu<br />

pedido de condenação do INSS à conc<strong>es</strong>são do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada. Aduz o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que é portador de diabet<strong>es</strong> mellitus que o incapacita para a vida normal. Alega, ainda, que por morar em zona<br />

rural, precisa arcar com gastos de <strong>tr</strong>ansporte, para d<strong>es</strong>locar-se para a cidade mais próxima a fim de <strong>tr</strong>atar de sua doença.<br />

Com isso, requer a reforma da decisão.<br />

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. De acordo com o relatório social (fls. 102/104), o autor atualmente com 08 (oito) anos de idade, r<strong>es</strong>ide em casa própria<br />

com seus genitor<strong>es</strong> e um irmão. A renda familiar é proveniente do <strong>tr</strong>abalho do genitor, no valor de R$ 400,00(qua<strong>tr</strong>ocentos<br />

reais). Além disso, a assistente social afirma que o requerente recebe ajuda de sua avó paterna no valor de R$ 40,00<br />

(quarenta reais), bem como da Secretaria Municipal de Ação Social, que fornece uma c<strong>es</strong>ta básica mensal e da Secretaria<br />

Municipal de Saúde. A d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>a básica mensal é de R$ 70,00 (setenta reais) de energia elé<strong>tr</strong>ica, R$ 45,00 (quarenta e cinco<br />

reais) de gás, R$ 300,00 (<strong>tr</strong>ezentos reais) de medicamentos, R$ 200,00 (duzentos reais) de produtos agrícolas e R$ 80,00<br />

(oitenta reais) de <strong>tr</strong>ansporte.<br />

4. Ao se analisar o conjunto probatório nos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica judicial (fls. 144/145) a fim de<br />

diagnosticar as moléstias que acometem a parte autora. O perito médico concluiu que ap<strong>es</strong>ar de o recorrente ser portador<br />

de diabet<strong>es</strong> mellitus, o m<strong>es</strong>mo não possui limitaçõ<strong>es</strong> que comprometam suas atividad<strong>es</strong> cotidianas. Em qu<strong>es</strong>ito do juízo de<br />

número 5, o perito r<strong>es</strong>ponde que é uma criança bem nu<strong>tr</strong>ida, ágil, inteligente, membros superior<strong>es</strong> e inferior<strong>es</strong> normais,<br />

abdômen normal, conversa e enxerga bem, audição normal e r<strong>es</strong>pondendo com coerência às perguntas feitas. Conclui que<br />

o autor <strong>es</strong>tá apto para a vida normal.<br />

5. O Ministério Público <strong>Federal</strong> se manif<strong>es</strong>tou pela improcedência da pretensão autoral (fls. 154/156 – verso), pelo fato de o<br />

autor não preencher o requisito da miserabilidade.<br />

6. No que tange ao requisito da incapacidade, de acordo com a perícia médica judicial (fls. 144/145), tal requisito não se<br />

encon<strong>tr</strong>a satisfeito, visto que o perito médico alegou não haver incapacidade da parte autora. Assim, a hipót<strong>es</strong>e dos autos<br />

revela que não é devido o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, tendo em vista que não ficou comprovada a incapacidade do<br />

recorrente.<br />

7. D<strong>es</strong>ta forma, não é devido o benefício pleiteado por não <strong>es</strong>tarem preenchidos os requisitos nec<strong>es</strong>sários à sua<br />

conc<strong>es</strong>são.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que o recorrente é beneficiário da assistência judiciária<br />

gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


72 - 0000708-19.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000708-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUAN ROZARIO DOS<br />

SANTOS (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

JOSE APARECIDO BUFFON.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000708-19.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000708-5/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS –<br />

PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL – INCAPACIDADE NÃO COMPROVADA – PREVALÊNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL –<br />

SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por LUAN ROZARIO DOS SANTOS, em face da sentença (fls. 65/67) que<br />

julgou improcedente o seu pedido inicial de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada. Almeja o<br />

recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a sentença prolatada no juízo a quo seja declarada nula e que os autos retornem<br />

ao Juizado de origem para que sejam complementadas as r<strong>es</strong>postas relativas aos qu<strong>es</strong>itos do juízo ou que seja d<strong>es</strong>ignada<br />

nova perícia judicial. Subsidiariamente, o recorrente requer a reforma da sentença, suscitando que a incapacidade pode ser<br />

comprovada pelos laudos acostados aos autos, fazendo-se cumprir, portanto, todas as condiçõ<strong>es</strong> para que o benefício<br />

assistencial seja concedido. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possua meios de prover o próprio sustento e nem de tê-lo<br />

provido por sua família.<br />

3. A perícia médica judicial (fl. 54) constatou que o autor é portador de catarata congênita no olho <strong>es</strong>querdo (amaurose),<br />

sem indicação de <strong>tr</strong>atamento cirúrgico, apr<strong>es</strong>entando quadro <strong>es</strong>tável. Ao verificar tais qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong>, o jurisperito concluiu que o<br />

recorrente não se encon<strong>tr</strong>a incapaz, podendo exercer qualquer atividade, independente de <strong>es</strong>forço físico intenso.<br />

4. Quanto ao pedido de anulação da sentença, entendo que não assiste razão ao recorrente. A matéria foi suficientemente<br />

<strong>es</strong>clarecida pelo médico perito, que é <strong>es</strong>pecialista habilitado e capacitado para realização de perícias de forma imparcial.<br />

Ademais, como é possível perceber, os requisitos que o recorrente almeja que sejam r<strong>es</strong>pondidos em nada alterariam o<br />

r<strong>es</strong>ultado da perícia médica judicial. Sendo assim, não há que se falar em cerceamento de def<strong>es</strong>a, visto que o documento<br />

pericial foi conclusivo e suficiente, não havendo, consequentemente, qualquer nulidade acerca da produção de provas.<br />

5. No que tange à incapacidade, é possível perceber a clara incompatibilidade en<strong>tr</strong>e o laudo particular apr<strong>es</strong>entado (fl. 11) e<br />

o laudo subscrito pelo perito médico judicial (fl. 54). É importante, portanto, atentar ao Enunciado nº 08 da Turma Recursal<br />

do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em<br />

princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena incapacidade laborativa, há de prevalecer sobre o<br />

particular”. Não se dispõe, no caso dos autos, de elementos aptos a excluir a incidência do entendimento consolidado no<br />

referido enunciado.<br />

6. Por todo o exposto, ao se verificar que não houve cerceamento da def<strong>es</strong>a no que tange à perícia médica judicial e que o<br />

recorrente não preencheu o requisito da incapacidade exigido para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial (art. 20 da Lei nº<br />

8.742/93), não merecem guarida os argumentos apr<strong>es</strong>entados em sede recursal.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

73 - 0003638-16.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003638-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS x SEBASTIANA SOTERIA DA CUNHA (ADVOGADO: ANDRÉ VINICIUS MARQUES<br />

GONÇALVES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator


PROCESSO: 0003638-16.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003638-9/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 54/57) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo referente à<br />

renda per capita mínima inferior a ¼ do salário mínimo. Além disso, sustenta que não é devida a aplicação analógica do<br />

artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do<br />

cômputo da renda per capita. Requer, assim, seja reformada a sentença, julgando-se improcedente o pedido. A parte<br />

autora não apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 07).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 15/19) constatou que a única fonte de renda da família, composta nos termos do § 1º do<br />

artigo 20 da Lei nº 8.742/93 pela autora e seu marido, é o benefício de aposentadoria por invalidez no valor de um salário<br />

mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso (69 anos) da recorrida. Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o<br />

casal possui gastos com alimentação, energia, aluguel, conta de telefone e, principalmente, com medicamentos, uma vez<br />

que, tanto a autora quanto seu cônjuge, se apr<strong>es</strong>entam com idade avançada e saúde altamente debilitada em decorrência<br />

de diversas patologias incapacitant<strong>es</strong>, de forma que a renda mensal do <strong>es</strong>poso não vem suprindo tais d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as. Além<br />

disso, cabe d<strong>es</strong>tacar que a autora vive sob condição insalubre de moradia (pared<strong>es</strong> e teto com infil<strong>tr</strong>ação, ausência de<br />

janela, forte odor de mofo no interior da r<strong>es</strong>idência, en<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os). Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do<br />

m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício de amparo assistencial.


9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), bem como o artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03) e o artigo<br />

20, caput e § 3º da Lei nº 8.742/93, verifico que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong><br />

dispositivos, uma vez que o Juízo a quo utilizou-se dos meios de interpretação da norma (hermenêutica) e recorreu ao<br />

entendimento jurisprudencial que se afigura dominante no pr<strong>es</strong>ente momento.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

74 - 0000212-58.2007.4.02.5052/02 (2007.50.52.000212-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ADILSON DE DEUS<br />

PINHEIRO - Repr<strong>es</strong>entado por sua genitora. (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000212-58.2007.4.02.5052/02 (2007.50.52.000212-1/02)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – PORTADOR DE DEFICIÊNCIA – ART.<br />

34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS –<br />

SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 154/158, que julgou procedente o<br />

pedido inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à parte autora d<strong>es</strong>de<br />

a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo de<br />

miserabilidade do recorrido. Aduz, ainda, que não é devida a aplicação analógica do art. 34, parágrafo único do Estatuto do<br />

Idoso e que, portanto, a renda da aposentadoria da genitora não deve ser excluída do cômputo para cálculo da renda<br />

familiar per capita. Requer, assim, o recebimento do recurso nos efeitos devolutivo e suspensivo e, no mérito, que seja<br />

julgado totalmente improcedente o pedido. A parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no art. 20 da Lei nº 8.742/93, a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento. A condição<br />

de portadora de deficiência da parte autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fls. 140/142).<br />

4. O art. 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita.<br />

6. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que<br />

deve ser feita uma análise da situação de miserabilidade, com base no critério objetivo da renda per capita da família para<br />

fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal, haja vista que


aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor excluído para fins de<br />

percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>a p<strong>es</strong>soa da família (idoso ou portador de deficiência), ao passo que aquele que<br />

con<strong>tr</strong>ibuiu para o INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa<br />

situação, além de violar o princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade. Portanto, deve<br />

ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria da genitora no cálculo da renda per capita.<br />

7. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág. 03 - anexo)”.<br />

8. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

9. O parecer socioeconômico (fls. 31/32) constatou que a única fonte de renda da família, composta pelo autor, sua mãe e<br />

irmã, é o benefício de aposentadoria no valor de um salário mínimo mensal recebido pela genitora do recorrido (fl. 28). Por<br />

meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que devido a retardo mental grave com déficit motor em pé e mão direita<br />

(sequelas de meningite), o autor não tem condiçõ<strong>es</strong> de d<strong>es</strong>envolvimento intelectual, nec<strong>es</strong>sitando de auxílio constante de<br />

terceiros para realização de tarefas do cotidiano. Além disso, a sua genitora é idosa e faz uso de medicação contínua para<br />

osteoporose. A família não <strong>es</strong>tá incluída em atendimento assistencial dos Programas Sociais mantidos pelo poder público.<br />

Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria da genitora no cálculo da renda familiar per capita. R<strong>es</strong>ta, por<br />

conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

75 - 0000453-95.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000453-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA BEATRIZ PEREIRA<br />

(ADVOGADO: GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES<br />

GOMES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000453-95.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000453-5/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS –<br />

RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO – MISERABILIDADE NÃO VERIFICADA – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA BEATRIZ PEREIRA, em face da sentença (fls. 103/105) que julgou<br />

improcedente o seu pedido inicial de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada. Almeja a recorrente, em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a referida sentença seja reformada. Seus argumentos se baseiam no moderno entendimento<br />

jurisprudencial que prevê a aplicação analógica do art. 34 da Lei n° 10.741/03. Sustenta a autora que, aplicando<br />

analogicamente o dispositivo, haveria a possibilidade de d<strong>es</strong>considerar o benefício previdenciário percebido pelo cônjuge,


atendendo, d<strong>es</strong>te modo, ao critério objetivo da renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. No pr<strong>es</strong>ente caso, o requisito da incapacidade permaneceu incon<strong>tr</strong>overso, sendo a perícia médica judicial (fls. 93/95)<br />

conclusiva no que concerne à impossibilidade da autora de exercer atividad<strong>es</strong> laborativas. A con<strong>tr</strong>ovérsia r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ingiu-se à<br />

renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

4. O parecer socioeconômico (fls. 44/46), datado de 15/10/2008, constatou que a fonte de renda da família, composta pela<br />

recorrente (59 anos de idade), seu cônjuge (60 anos de idade) e seu filho (21 anos de idade), era o benefício previdenciário<br />

de seguro-d<strong>es</strong>emprego percebido pelo marido, no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais), assim como o capital obtido<br />

a<strong>tr</strong>avés da venda de bebidas alcoólicas no bar da família. A recorrente não soube informar a renda que o bar<br />

proporcionava.<br />

5. Inicialmente, é cabível d<strong>es</strong>tacar que a analogia <strong>tr</strong>atada pelo art. 34 da Lei n° 10.741/93 (Estatuto dos Idosos), faz<br />

referência, exclusivamente, aos idosos. O parágrafo único do dispositivo <strong>es</strong>clarece: “O benefício já concedido a qualquer<br />

membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se<br />

refere a Loas.”. O legislador delimitou os sujeitos da d<strong>es</strong>consideração nos termos do caput. Ao observar isso, conclui-se<br />

que apenas aquel<strong>es</strong> maior<strong>es</strong> de 65 anos de idade terão a oportunidade de ter seus benefícios d<strong>es</strong>considerados. Sendo<br />

assim, sua aplicação torna-se impossível no pr<strong>es</strong>ente caso, visto que o cônjuge da recorrente possui 60 anos de idade, não<br />

sendo englobado no dispositivo.<br />

6. No que concerne ao requisito da miserabilidade, é possível verificar que não houve sua satisfação, afinal, conforme<br />

d<strong>es</strong>tacado no relatório social (fls. 44/46), o núcleo familiar era composto de <strong>tr</strong>ês p<strong>es</strong>soas, auferindo uma renda mensal de<br />

cerca de R$ 600,00 (seiscentos reais). Não havendo a possibilidade de realização da analogia, torna-se inviável<br />

d<strong>es</strong>considerar a renda obtida do benefício de seguro d<strong>es</strong>emprego. Assim, a hipót<strong>es</strong>e dos autos revela que não é devido o<br />

benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, pois a renda per capita disponível é, em muito, superior a ¼ do salário mínimo.<br />

7. Ap<strong>es</strong>ar de o critério referente ao quantum da renda familiar não ser considerado absoluto, podendo ser relativizado em<br />

casos excepcionais, cabe r<strong>es</strong>saltar que no caso em tela não foi constatada condição de miserabilidade. Por todo exposto,<br />

não r<strong>es</strong>tam preenchidos os requisitos legais para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

76 - 0006217-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006217-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x JOANA MARIANO NUNES (ADVOGADO:<br />

VERA LÚCIA FÁVARES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0006217-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006217-2/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.


1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 55/56) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo referente à<br />

renda per capita mínima inferior a ¼ do salário mínimo. Além disso, sustenta que não é devida a aplicação analógica do<br />

artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do<br />

cômputo da renda per capita da autora. Requer, assim, seja reformada a sentença, julgando-se improcedente o pedido. A<br />

parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 12).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 23/28) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o benefício de aposentadoria no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso (78 anos) da recorrida.<br />

Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o casal possui gastos com alimentação, energia, água, gás e,<br />

principalmente, com medicamentos, uma vez que, tanto a autora quanto seu cônjuge, se apr<strong>es</strong>entam com idade avançada<br />

e saúde altamente debilitada em decorrência de diversas patologias incapacitant<strong>es</strong>, de forma que a renda mensal do<br />

<strong>es</strong>poso não vem suprindo tais d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as. Além disso, cabe d<strong>es</strong>tacar que a autora vive sob condição razoável de moradia<br />

(piso de cerâmica e teto de laje), com mobília simpl<strong>es</strong> e de uso comum. O casal não recebe ajuda de nenhum familiar nem<br />

é assistido por programa assistencial do governo. Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada a aposentadoria do cônjuge no<br />

cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

amparo assistencial.<br />

9. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados


Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

77 - 0000242-59.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000242-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x VALDELICE SILVA<br />

FERREIRA (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000242-59.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000242-3/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – REQUISITOS PREENCHIDOS –<br />

INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA INFERIDA DAS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS – RENDA MENSAL<br />

FAMILIAR PER CAPITA NULA – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 71/73 (complementada pela sentença de<br />

fls. 79/81), que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada d<strong>es</strong>de a data do diagnóstico<br />

da doença. Afirma o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a autora não <strong>es</strong>tá total e definitivamente incapacitada para o<br />

exercício de atividad<strong>es</strong> laborativas, isto é, que não preenche o requisito da incapacidade para a conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

amparo assistencial. Aduz, ainda, que a renda mensal familiar per capita supera o patamar legal de ¼ do salário mínimo.<br />

Requer, assim, seja reformada a sentença e julgados improcedent<strong>es</strong> os pedidos exordiais. Subsidiariamente, pugna para<br />

que a condenação se r<strong>es</strong><strong>tr</strong>inja ao pagamento de verbas vencidas referent<strong>es</strong> ao período de 10/11/2008 a 05/2009. A parte<br />

autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença. Ademais, requereu o pagamento das parcelas<br />

compreendidas en<strong>tr</strong>e outubro de 2010 e abril de 2011, visto que a sentença determinou que o pagamento ocorr<strong>es</strong>se a partir<br />

de outubro de 2010 (em sede de antecipação de tutela).<br />

2. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. No que tange à incapacidade, a autora foi submetida à perícia médica judicial (fls. 60/67), onde ficou constatado que a<br />

m<strong>es</strong>ma é portadora de “alteraçõ<strong>es</strong> circulatórias ao nível das coronárias”. O médico perito caracterizou a incapacidade da<br />

autora como sendo de origem degenerativa (qu<strong>es</strong>ito 03 do Juízo) e afirmou que a m<strong>es</strong>ma se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o<br />

exercício de qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, pois pela idade que apr<strong>es</strong>enta, sua empregabilidade<br />

apr<strong>es</strong>enta-se comprometida (qu<strong>es</strong>ito 04 do Juízo). Nos demais qu<strong>es</strong>itos, o médico foi enfático em afirmar que a autora não<br />

<strong>es</strong>tá incapacitada em definitivo para o <strong>tr</strong>abalho ou para o exercício dos atos da vida civil, porém sempre fazendo a r<strong>es</strong>salva<br />

de que a recorrida <strong>es</strong>teve incapacitada no período en<strong>tr</strong>e novembro de 2008 até maio de 2009.<br />

4. Ocorre que as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da autora, como a obs<strong>tr</strong>ução da circulação sanguínea que a impede de realizar<br />

atividad<strong>es</strong> que nec<strong>es</strong>sitem de maior aporte de oxigênio, a experiência profissional ex<strong>tr</strong>emamente limitada às atividad<strong>es</strong> do<br />

lar e o baixo nível de ins<strong>tr</strong>ução (ensino fundamental incompleto) indicam que a incapacidade objetivamente tida por parcial,<br />

na realidade, é total e definitiva. Isso porque, além da incapacidade por si só, existem ou<strong>tr</strong>os fator<strong>es</strong> de ordem p<strong>es</strong>soal que<br />

não podem ser d<strong>es</strong>considerados. Não há atividade laboral compatível com a sua realidade funcional, pois os possíveis<br />

<strong>tr</strong>abalhos a serem exercidos pela recorrida serão de caráter físico, <strong>es</strong>tando incapacitada para a realização de tais funçõ<strong>es</strong>.<br />

5. O parecer socioeconômico (fls. 35/36) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o Benefício de Pr<strong>es</strong>tação Continuada no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo <strong>es</strong>poso da recorrida.<br />

Por meio do referido relatório social, verificou-se, ainda, que o casal possui diversos gastos com alimentação, energia,<br />

água, gás e que a renda mensal percebida pelo companheiro tem sido insuficiente para suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas da<br />

família, uma vez que possuem gastos com alimentação <strong>es</strong>pecial, devido à dieta que o casal nec<strong>es</strong>sita fazer, medicamentos<br />

e exam<strong>es</strong>.<br />

6. Deve-se d<strong>es</strong>tacar, no caso sub examen, o aludido no artigo 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do<br />

Idoso). O referido dispositivo de lei determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer membro da família não<br />

deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.


7. Com efeito, o benefício assistencial percebido pelo cônjuge da requerente deve ser d<strong>es</strong>considerado no cálculo da renda<br />

per capita. Tem-se, por certo, que a renda da família, composta pela autora e o <strong>es</strong>poso, é nula. Não há que se falar em<br />

inexistência de miserabilidade, tampouco que a renda mensal familiar per capita seja superior ao patamar legal de ¼ do<br />

salário mínimo. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo<br />

assistencial.<br />

8. Houve o preenchimento de todos os demais requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada. D<strong>es</strong>se<br />

modo, diante do que fora exposto e argumentado, não merece qualquer reforma a sentença, cujos fundamentos utilizo<br />

como razão adicional de decidir.<br />

9. Quantos às parcelas vencidas en<strong>tr</strong>e a data da sentença (que antecipou os efeitos da tutela) e a efetiva implantação do<br />

benefício (ou seja, en<strong>tr</strong>e outubro de 2010 e abril de 2011), entendo que o pagamento deverá ocorrer juntamente com as<br />

parcelas vencidas ant<strong>es</strong> da prolação da sentença, visto que o ente público <strong>es</strong>tá sujeito ao regime <strong>es</strong>pecial de pagamento<br />

por precatório (ou RPV, caso seja <strong>es</strong>se o caso).<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da<br />

condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

78 - 0003523-58.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003523-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA LUCIA DE SOUZA<br />

PENHA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

Marcos Figueredo Marçal.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0003523-58.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003523-5/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE LABORAL<br />

TEMPORÁRIA – LAUDO MÉDICO PERICIAL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA LÚCIA DE SOUZA PENHA, em face da sentença de fls. 73/74, que<br />

julgou parcialmente procedente o seu pedido inicial, r<strong>es</strong>tabelecendo o benefício de auxílio-doença e rejeitando a sua<br />

conversão em aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, MARIA LÚCIA DE SOUZA PENHA (48 anos de idade,<br />

merendeira), em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de doença que a incapacita de forma total e definitiva (hipertensão<br />

arterial severa e diabet<strong>es</strong> mellitus do tipo insulino-dependente), fazendo jus, assim, ao benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o art. 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao<br />

segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o<br />

exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se quanto à incapacidade definitiva ou não da parte autora. A perícia médica judicial constatou que a<br />

recorrente é portadora de hipertensão arterial sistêmica e diabet<strong>es</strong> mellitus. O jurisperito <strong>es</strong>clareceu, no 9º qu<strong>es</strong>ito, que a<br />

autora não se encon<strong>tr</strong>a, no momento, com aptidão física e mental para exercer a atividade habitual de merendeira, visto<br />

que isso aumentaria o risco de evento cérebro-vascular. Informa, ainda, no 14º qu<strong>es</strong>ito, que a incapacidade profissional da<br />

recorrente é temporária, até que se normalizem os níveis pr<strong>es</strong>sóricos.<br />

4. Não há razõ<strong>es</strong> para se d<strong>es</strong>considerar o laudo judicial de fls. 42/45. A matéria foi suficientemente <strong>es</strong>clarecida pelo perito<br />

médico judicial, que é <strong>es</strong>pecialista habilitado e capacitado para realização de perícias de forma imparcial. Importante<br />

atentar-se ao teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral,<br />

enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a<br />

r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.


5. Assim, não havendo incapacidade definitiva, requisito <strong>es</strong>sencial para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez, não<br />

merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.<br />

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

79 - 0000024-23.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000024-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x ISACK BABISKI (ADVOGADO: ELIZABETH<br />

GAVA DE SOUZA, GABRIELA PARMA MARÇAL, DANIELA DE CASTRO NEVES, MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA<br />

NEVES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000024-23.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000024-0/01)<br />

V O T O<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 43/45, que julgou procedente o pedido de<br />

ISACK BABISKI (41 anos de idade), condenando a autarquia previdenciária a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício previdenciário de<br />

auxílio-doença d<strong>es</strong>de 26/10/2010, assim como a pagar ao autor a quantia vencida, d<strong>es</strong>de 26/06/2010, d<strong>es</strong>contado o período<br />

em que recebeu ou<strong>tr</strong>o benefício (20/01/2011 a 05/08/2011). Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não houve<br />

comprovação capaz de ensejar o recebimento de auxílio-doença no período en<strong>tr</strong>e a conc<strong>es</strong>são dos dois benefícios<br />

previdenciários e, muito menos, no período após a c<strong>es</strong>sação ocorrida em 05/08/2011. A parte autora apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> intemp<strong>es</strong>tivamente, motivo pelo qual tal peça será d<strong>es</strong>considerada.<br />

É o breve relatório. Passo a votar.<br />

A conc<strong>es</strong>são do benefício de auxílio-doença exige que o demandante atenda aos requisitos legais dispostos pelo art. 59 da<br />

Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais e, ainda,<br />

<strong>es</strong>tar incapacitado para o <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.<br />

O recorrido, motorista, atualmente com 41 anos de idade, foi submetido à perícia médica judicial (fls. 28/31) realizada no dia<br />

13/04/2011. O perito, durante a perícia médica judicial, constatou que o recorrido apr<strong>es</strong>entava tuberculose pulmonar<br />

multirr<strong>es</strong>istente, patologia que provoca incapacidade temporária para o <strong>tr</strong>abalho, nec<strong>es</strong>sitando de afastamento por tempo<br />

superior a 15 dias.<br />

Observa-se que a parte autora recebeu o benefício previdenciário en<strong>tr</strong>e os períodos de 30/10/2008 a 26/10/2010 e<br />

20/01/2011 a 05/08/2011. Regis<strong>tr</strong>e-se que na data em que foi realizada a perícia judicial, em 13/04/11, o autor <strong>es</strong>tava no<br />

gozo de auxílio-doença concedido adminis<strong>tr</strong>ativamente, como r<strong>es</strong>saltou o INSS em seu recurso: “(...) De plano, cumpre<br />

d<strong>es</strong>tacar que O LAUDO MÉDICO ELABORADO PELO PERITO JUDICIAL, acostado à fls. 28/31, realizado em 13/04/2011,<br />

CORROBOROU O ENTENDIMENTO ADMINISTRATIVO ao consignar que, naquele momento, encon<strong>tr</strong>a-se incapaz o<br />

autor. À época, o autor encon<strong>tr</strong>ava-se em pleno gozo de benefício. Cumpre d<strong>es</strong>tacar que, no que tange ao período da<br />

incapacidade, o laudo pericial se limitou a at<strong>es</strong>tar tal condição naquele momento, 13/04/2011, e informar que a recuperação<br />

levaria mais do que 15 dias. (...)” (fl. 49). Aparentemente tal dado foi ignorado na sentença.<br />

Com efeito, na sentença prolatada pelo juízo a quo, o r<strong>es</strong>peitável magis<strong>tr</strong>ado condenou o INSS a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício<br />

de auxílio-doença d<strong>es</strong>de a sua c<strong>es</strong>sação em 05/08/2011, assim como a pagar a quantia referente ao período de 26/10/2010<br />

e 19/01/2011. O INSS argumenta que não existe material probatório suficiente para con<strong>tr</strong>ariar a c<strong>es</strong>sação adminis<strong>tr</strong>ativa<br />

após 05/08/11 e, menos ainda, para afirmar a incapacidade laborativa no período en<strong>tr</strong>e os dois benefícios.<br />

No que se refere ao período compreendido en<strong>tr</strong>e 27/10/2010 e 19/01/2011, pr<strong>es</strong>ume-se que a parte autora não obteve<br />

r<strong>es</strong>ultados positivos quanto à sua recuperação, visto que o decurso temporal en<strong>tr</strong>e a c<strong>es</strong>sação do benefício (26/10/2010) e<br />

a nova conc<strong>es</strong>são (20/01/2011) é consideravelmente pequeno. Devido a <strong>es</strong>te lapso temporal ser, evidentemente, curto,<br />

pr<strong>es</strong>supõe-se que a incapacidade temporária ainda acometia a autora, impossibilitando-a de exercer atividad<strong>es</strong><br />

profissionais. Os laudos particular<strong>es</strong> de fls. 9/12 reforçam a percepção de que o autor não <strong>es</strong>tava em condiçõ<strong>es</strong> de exercer


atividad<strong>es</strong> laborais no período mencionado. Logo, torna-se claro que a c<strong>es</strong>sação realizada pela autarquia federal foi<br />

indevida, fazendo a parte autora jus ao pagamento da quantia vencida durante <strong>es</strong>te período.<br />

No que concerne à c<strong>es</strong>sação realizada pela autarquia federal em 05/08/2011, é possível constatar que não há nos autos<br />

nenhum parecer médico ou ou<strong>tr</strong>a forma de prova que confirme a persistência da doença após a c<strong>es</strong>sação do benefício.<br />

Vale regis<strong>tr</strong>ar que a perícia judicial fora realizada em 13/04/11, quase qua<strong>tr</strong>o m<strong>es</strong><strong>es</strong> ant<strong>es</strong> da c<strong>es</strong>sação. Ademais, ainda é<br />

razoável verificar que o INSS r<strong>es</strong>peitou o tempo limite fixado pelo perito judicial, garantindo ao recorrido um prazo muito<br />

superior a 15 dias. Supõe-se, ainda, que a autarquia federal seguiu todos os procedimentos legais para que a c<strong>es</strong>sação<br />

fosse contemplada, realizando a perícia médica adminis<strong>tr</strong>ativa conforme os padrõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>tabelecidos.<br />

Sendo assim, não havendo prova de que a incapacidade da parte autora <strong>es</strong>tendeu-se após a c<strong>es</strong>sação do benefício, em<br />

05/08/2011, inexiste a possibilidade de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença após a mencionada data.<br />

Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO DO INSS PARA, NO MÉRITO, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO e reformar a<br />

sentença recorrida quanto ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença após 05/08/2011. Quanto ao pagamento das<br />

parcelas compreendidas en<strong>tr</strong>e 27/10/2010 e 19/01/2011 a sentença deve ser mantida.<br />

Revoga-se a antecipação de tutela.<br />

Fica o autor d<strong>es</strong>obrigado a r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> recebidos relativamente ao período posterior a 05/08/11 em face do seu<br />

caráter alimentar.<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma<br />

do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE – CESSAÇÃO DEVIDA – INCAPACIDADE NÃO COMPROVADA<br />

– PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL RESPEITADA – LAUDOS PARTICULARES INSUFICIENTES – RECURSO DO INSS<br />

CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo em CONHECER DO RECURSO DO INSS PARA, NO MÉRITO,<br />

DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, reformando-se, em parte, a sentença, na forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos<br />

autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

80 - 0000100-90.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000100-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUCIMAR NATALINO<br />

BOTELHO (ADVOGADO: WILLIAN PEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000100-90.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000100-6/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por JUCIMAR NATALINO BOTELHO, em face da sentença de fls. 101/102,<br />

que julgou improcedente o seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou aposentadoria por invalidez.<br />

Alega o recorrente, JUCIMAR NATALINO BOTELHO (42 anos de idade, auxiliar de obras – profissão declarada na peça<br />

inicial), em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portador de <strong>es</strong>pondiloar<strong>tr</strong>ose lombar, profusão discal en<strong>tr</strong>e l3-l4 e discopatia l4-l5.<br />

Com isso, requer a reforma da sentença, almejando que seu pedido inicial seja julgado procedente. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao segurado<br />

que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de


atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. Preliminarmente, reitero o entendimento firmado no juízo “a quo” acerca da aposentadoria por invalidez. Para que se<br />

caracterize tal benefício, é <strong>es</strong>sencial a demons<strong>tr</strong>ação da incapacidade total, definitiva e absoluta do segurado. Observa-se,<br />

no entanto, que o recorrente não se encon<strong>tr</strong>a em tais condiçõ<strong>es</strong>, conforme os laudos e exam<strong>es</strong> anexados na inicial e as<br />

perícias médicas judiciais (fls. 56/59 e 86/87), impossibilitando, consequentemente, a conc<strong>es</strong>são da pr<strong>es</strong>tação beneficiária.<br />

4. É possível verificar que a parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença por acidente de <strong>tr</strong>abalho no período de<br />

03/03/2009 a 01/05/2009. Após a c<strong>es</strong>sação do benefício, o recorrente formulou novos requerimentos, sendo todos<br />

indeferidos pela perícia médica adminis<strong>tr</strong>ativa da autarquia federal. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos,<br />

é possível constatar que as perícias médicas judiciais não detectaram, em nenhum momento, doença incapacitante, ou<br />

seja, aquela que gera no indivíduo a nec<strong>es</strong>sidade de afastamento da atividade profissional para que haja recuperação.<br />

5. Deve-se observar, ainda, que o segundo jurisperito, de fato, diagnosticou <strong>es</strong>pondiloar<strong>tr</strong>ose incipiente e quadro de dor na<br />

região lombar. En<strong>tr</strong>etanto, como justificado pelo próprio perito, tal patologia não incapacita para a realização da atividade<br />

habitual do recorrente (auxiliar de docas – profissão declarada pelo autor). Ap<strong>es</strong>ar de a parte autora apr<strong>es</strong>entar laudos que<br />

d<strong>es</strong>tacam sua enfermidade (fls. 13/38), vale r<strong>es</strong>saltar o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O<br />

laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial.<br />

O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

6. O requisito da incapacidade é <strong>es</strong>sencial para garantir o benefício de auxílio-doença. Não havendo o preenchimento de tal<br />

condição, torna-se impossível a conc<strong>es</strong>são do benefício previdenciário.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

81 - 0001341-36.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001341-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GEMINIANA MARIA DE<br />

AZEVEDO CASTILHOS DOS REIS (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0001341-36.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001341-9/01)<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – TRIBUTÁRIO – AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA –<br />

COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA – LEIS 7.713/88 E 9.250/95 – PRAZO PRESCRICIONAL DE CINCO ANOS –<br />

AÇÃO AJUIZADA APÓS A VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – ENTENDIMENTO DO SUPREMO<br />

TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 566.621/RS EM 04/08/2011 –<br />

RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO.<br />

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União <strong>Federal</strong>, em face do acórdão que deu provimento ao recurso<br />

inominado interposto pela parte autora, no sentido de que não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência<br />

privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários, sob a égide<br />

da Lei nº 7.713/88, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01/01/1989 e 31/12/1995 ou en<strong>tr</strong>e 01/01/1989 e a data de início da aposentadoria, se<br />

anterior a janeiro de 1996.<br />

Alega a União <strong>Federal</strong> que houve omissão na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma, visto que não abordou o argumento de<br />

que, do valor pleiteado pelo autor, devem ser deduzidas as verbas r<strong>es</strong>tituídas por ocasião do ajuste anual da Declaração de<br />

Imposto de Renda P<strong>es</strong>soa Física. Sustenta a embargante que a omissão em relação à apreciação d<strong>es</strong>te pedido importará<br />

em enriquecimento sem causa do autor. Requer, assim, que conste determinação expr<strong>es</strong>sa de dedução das verbas<br />

recebidas a título de r<strong>es</strong>tituição por ocasião do ajuste anual na DIRPF. Aduz, ainda, que a oposição dos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong><br />

embargos tem por <strong>es</strong>copo pugnar pela adequação do acórdão à orientação emanada do STF, a r<strong>es</strong>peito do prazo<br />

pr<strong>es</strong>cricional aplicável na repetição de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto, visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> da embargante, verifica-se que <strong>es</strong>ta aponta a existência de omissão e


obscuridade na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Com razão a União <strong>Federal</strong>. O entendimento firmado no julgamento do acórdão de fls. 79/82 computou o prazo<br />

pr<strong>es</strong>cricional da seguinte forma:<br />

“O prazo pr<strong>es</strong>cricional das açõ<strong>es</strong> de compensação/repetição de indébito, relativamente às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas en<strong>tr</strong>e<br />

01/01/89 e 31/12/95 ou en<strong>tr</strong>e 01/01/89 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996, deve ser contado<br />

da seguinte forma: para quem se aposentou a partir de 09/06/2005 (vigência da Lei Complementar 118/2005), o prazo para<br />

se pleitear a r<strong>es</strong>tituição é de cinco anos a contar da data da aposentadoria; quem se aposentou ant<strong>es</strong> de 09/06/2005, deve<br />

obedecer ao regime previsto no sistema anterior (10 anos), limitada, porém, ao prazo máximo de cinco anos a contar da<br />

vigência da novel lei complementar.”<br />

Todavia, no julgamento do RE 566.621/RS, em 04/08/2011, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, por maioria, tendo como relatora a<br />

Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie, pacificou o entendimento de que, nas açõ<strong>es</strong> de repetição de indébito ou compensação de indébito<br />

<strong>tr</strong>ibutário ajuizadas após 09/06/2005, o prazo pr<strong>es</strong>cricional é de 05 (cinco) anos.<br />

D<strong>es</strong>ta forma, curvo-me ao entendimento da Excelsa Corte e reconheço a pr<strong>es</strong>crição da pr<strong>es</strong>ente ação, visto que, en<strong>tr</strong>e a<br />

data da aposentadoria da parte autora e a data do ajuizamento da ação, <strong>tr</strong>anscorreram-se mais de 05 (cinco) anos. De fato,<br />

a data de início da aposentadoria da beneficiária é 01/10/2000 (fl. 16) e a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada apenas em 17/02/2009<br />

(fl. 01), apr<strong>es</strong>entando um interregno superior a 05 (cinco) anos.<br />

Sabe-se que o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> é<br />

inexigível (CPC, § 1º do art. 475-L), sendo prudente, por irradiação do direito fundamental a um proc<strong>es</strong>so sem dilaçõ<strong>es</strong><br />

indevidas, adequar o acórdão aos parâme<strong>tr</strong>os fixados pela Corte Superior.<br />

A objeção de que somente na fase executiva do proc<strong>es</strong>so caberia a pr<strong>es</strong>ente discussão cai por terra quando confrontada<br />

com as exigências do proc<strong>es</strong>so civil moderno, em que se requer uma tutela efetiva com o menor gravame para as part<strong>es</strong>.<br />

Daí a pertinência dos princípios da economia e celeridade, que orientam os Juizados Especiais (art. 2º, da lei 9.099/95).<br />

Ainda que <strong>es</strong>te julgador tenha entendimento de que é devida a compensação dos valor<strong>es</strong> pagos adminis<strong>tr</strong>ativamente, r<strong>es</strong>ta<br />

prejudicado o efeito, pelo reconhecimento da pr<strong>es</strong>crição.<br />

Embargos conhecidos e providos. Acórdão reformado para extinguir o proc<strong>es</strong>so com r<strong>es</strong>olução do mérito, nos termos do<br />

art. 269, IV do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, reconhecendo a pr<strong>es</strong>crição.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO,<br />

EXTINGUINDO O PROCESSO, COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, NOS TERMOS DO ART. 269, IV DO CPC, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

82 - 0004377-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004377-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VITOR ANTONIO PIUMBINI<br />

(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA (PROCDOR: CLEBSON DA<br />

SILVEIRA.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0004377-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004377-3/01)<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DE<br />

ENDEMIAS (GACEN). VANTAGEM SUBSTITUTIVA DA INDENIZAÇÃO DE CAMPO PREVISTA NA LEI Nº 8.216/1991.<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedente<br />

a pretensão de declaração de ilegalidade da compensação de valor<strong>es</strong> efetuada pela ré, bem como a r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong><br />

recebidos a título de indenização de campo compensados com aquel<strong>es</strong> devidos em virtude da instituição da Gratificação de<br />

Atividade de Combate e Con<strong>tr</strong>ole de Endemias (GACEN).<br />

Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a medida provisória que instituiu a GACEN previu o seu pagamento<br />

re<strong>tr</strong>oativamente ao mês de março de 2008; no entanto, o pagamento dos m<strong>es</strong><strong>es</strong> de março, abril, maio e junho somente foi<br />

creditado no mês de outubro, compensando-se tais valor<strong>es</strong> com aquel<strong>es</strong> recebidos a título de indenização de campo. Alega<br />

que foi compelida a devolver o valor relativo às diferenças recebidas a maior a título de indenização de campo, no período.<br />

Ademais, que nenhuma compensação é devida, eis que de boa-fé e, notadamente, ante a ausência de previsão legal para a<br />

referida compensação. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido<br />

na inicial.<br />

A Gratificação de Atividade de Combate e Con<strong>tr</strong>ole de Endemias (GACEN) foi instituída pela Lei nº 11.784/2008, a ela<br />

fazendo jus os agent<strong>es</strong> públicos encarregados do combate e con<strong>tr</strong>ole de endemias, submetidos ao regime <strong>es</strong>tatutário, na<br />

forma do seu artigo 54[1], em substituição à verba conhecida como “indenização de campo”, objeto de disciplina da Lei nº


8.216/1991.<br />

Consoante disposição contida no § 7º do artigo 53 da Lei nº 11.784/2008, a aludida gratificação substitui para todos os<br />

efeitos a indenização de campo prevista no artigo 16 da Lei nº 8.216/1991, pelo que não se admite a percepção d<strong>es</strong>ta nos<br />

m<strong>es</strong>mos m<strong>es</strong><strong>es</strong> em que a GACEN é devida.<br />

Consigne-se, conquanto não autorizada expr<strong>es</strong>samente a compensação, na <strong>es</strong>pécie, não cabe invocar o princípio da<br />

legalidade abs<strong>tr</strong>atamente, sendo certo que a percepção simultânea da Gratificação de Atividade de Combate e Con<strong>tr</strong>ole de<br />

Endemias – GACEN e indenização de campo não se coaduna com a ordem constitucional vigente, a razoabilidade e a<br />

moralidade, da qual se ex<strong>tr</strong>ai como corolário cardeal da atuação adminis<strong>tr</strong>ativa.<br />

No julgamento do Mandado de Segurança n. 25.641-DF, o STF evoluiu a sua jurisprudência no que refere à r<strong>es</strong>tituição de<br />

quantias recebidas de boa-fé por servidor público. Com efeito, no aludido julgamento, o STF afirmou que a r<strong>es</strong>tituição<br />

torna-se d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária quando concomitant<strong>es</strong> os seguint<strong>es</strong> requisitos: i) pr<strong>es</strong>ença de boa-fé do servidor; ii) ausência, por<br />

parte do servidor, de influência ou interferência para a conc<strong>es</strong>são da vantagem impugnada; iii) existência de dúvida<br />

plausível sobre a interpretação, validade ou incidência da norma infringida, no momento da edição do ato que autorizou o<br />

pagamento da vantagem impugnada; iv) interpretação razoável, embora errônea, da lei pela Adminis<strong>tr</strong>ação. (MS n. 25.641,<br />

Rel. Min. Eros Grau. Plenário, 22.11.2007). No caso dos autos, não <strong>es</strong>tão pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> os requisitos iii e iv acima indicados.<br />

N<strong>es</strong>sa ordem de idéias, justifica-se a intervenção adminis<strong>tr</strong>ativa, no sentido da compensação, na medida em que<br />

nec<strong>es</strong>sária para o suprimento de sua finalidade, a fim de evitar locupletamento indevido em d<strong>es</strong>favor dos cofr<strong>es</strong> públicos.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da<br />

assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

83 - 0005822-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005822-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO JOSE SILVA<br />

(ADVOGADO: HELTON TEIXEIRA RAMOS, DÁRIO DELGADO, ROGERIO SIMOES ALVES.) x INSTITUTO NACIONAL<br />

DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005822-71.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005822-7/01)<br />

V O T O<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto por ANTONIO JOSÉ SILVA, em face da sentença de fls. 186/187<br />

(complementada pela decisão de fl. 196) que extinguiu o proc<strong>es</strong>so sem r<strong>es</strong>olução do mérito com base no art. 51, III da Lei<br />

nº 9.099/95. Entendeu o magis<strong>tr</strong>ado a quo que o Juizado é absolutamente incompetente para apreciar pedidos cuja causa<br />

de pedir <strong>es</strong>teja relacionada a acident<strong>es</strong> de <strong>tr</strong>abalho. Sustentou, ainda, <strong>es</strong>tar d<strong>es</strong>cartada a rem<strong>es</strong>sa dos autos para o órgão<br />

jurisdicional competente (Vara de Acident<strong>es</strong> do Trabalho da Comarca da Capital) em virtude da aplicação do Enunciado 24<br />

do FONAJEF que assim dispõe: “Reconhecida a incompetência do JEF é cabível a extinção do proc<strong>es</strong>so, sem julgamento<br />

de mérito, nos termos do art. 1º da Lei nº 10.259/01 e do art. 51, III da Lei nº 9.099/95”.<br />

Sustenta o recorrente que a <strong>Justiça</strong> Estadual, a<strong>tr</strong>avés do magis<strong>tr</strong>ado a quo e do Tribunal de <strong>Justiça</strong>, afastou a competência<br />

da vara acidentária por não haver nexo de causalidade en<strong>tr</strong>e a hérnia discal e o acidente de <strong>tr</strong>abalho que o vitimou.<br />

R<strong>es</strong>salta que a doença que o acomete é de natureza degenerativa e que se manif<strong>es</strong>ta com o decorrer do tempo, conclusão<br />

a que chegou o próprio perito judicial. Concluiu alegando que o acidente de <strong>tr</strong>abalho ocorrido em 2002 apenas d<strong>es</strong>encadeou<br />

a referida doença, contudo, tal patologia preexistia àquele fatídico momento. Aduz que diante do <strong>tr</strong>ânsito em julgado do<br />

acórdão que julgou a ação acidentária <strong>es</strong>tá impossibilitado de requerer o benefício de aposentadoria por invalidez junto à<br />

<strong>Justiça</strong> Estadual.<br />

No mérito, afirma o autor-recorrente que <strong>es</strong>tá incapacitado para sua atividade habitual de armazenista e empilhadeirista de<br />

forma total e definitiva, motivo pelo qual faz jus à conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.<br />

O INSS, em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, aduz apenas que não cabe recurso de sentença terminativa, razão pela qual requer seja negado<br />

seguimento ao recurso.<br />

É o relatório do nec<strong>es</strong>sário. Passo a votar.<br />

Para o recebimento da aposentadoria por invalidez, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados


pelo art. 42 da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

mensais e ter constatado a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional que lhe garanta a<br />

subsistência, com insuscetibilidade de reabilitação.<br />

No caso dos autos, os 03 (<strong>tr</strong>ês) requisitos acima encon<strong>tr</strong>am-se pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong>. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se à <strong>Justiça</strong> competente<br />

para apreciar a demanda, se seria a <strong>Justiça</strong> Estadual (Vara de Acident<strong>es</strong> do Trabalho) ou a <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>. Para <strong>es</strong>clarecer<br />

a qu<strong>es</strong>tão, faz-se nec<strong>es</strong>sário identificar se a doença da qual o autor é portador decorre de acidente de <strong>tr</strong>abalho ou não.<br />

Conforme Cas<strong>tr</strong>o e Lazzari , dizer que o acidente de <strong>tr</strong>abalho decorre de um evento causado por agente externo significa<br />

que o mal que atinge o indivíduo não lhe é congênito, nem se <strong>tr</strong>ata de enfermidade preexistente. Porém, no pr<strong>es</strong>ente caso,<br />

embora tenha havido acidente de <strong>tr</strong>abalho, é certo que havia uma enfermidade preexistente. Com efeito, o acidente de<br />

<strong>tr</strong>abalho ocorreu em 2002 mas, em 1999, o autor recebera auxílio doença previdenciário (fl. 184).<br />

O recorrente sofreu acidente de <strong>tr</strong>abalho em 07/01/2002 (Comunicação de Acidente do Trabalho – CAT, fl. 18). Passou a<br />

receber auxílio-doença por acidente do <strong>tr</strong>abalho em 26/02/2002. Uma Tomografia computadorizada da coluna lombar<br />

realizada em 29/02/2002 diagnosticou protusão discal póstero-lateral direita em L5-VT, obliterando o forame neural em<br />

corr<strong>es</strong>pondência, tocando a raiz nervosa, sugerindo hérnia discal (fl. 19). R<strong>es</strong>sonância magnética da coluna lombossacra,<br />

realizada em 25/11/2002, concluiu por discopatia degenerativa em L4-L5 e hérnia discal foraminal direita associada a rotura<br />

radial marginal do anel friboso em L4-L5 (fl. 25).<br />

O laudo pericial realizado na ação que <strong>tr</strong>amitou na <strong>Justiça</strong> Estadual (Vara de Acident<strong>es</strong> do Trabalho) concluiu que o autor<br />

era portador de incapacidade total e definitiva (fls. 83/87). Porém, o perito afirmou não existirem elementos que<br />

evidenciassem o nexo causal en<strong>tr</strong>e o <strong>tr</strong>abalho e a doença. Já o laudo judicial de fl. 171, realizado no âmbito d<strong>es</strong>sa <strong>Justiça</strong><br />

<strong>Federal</strong>, at<strong>es</strong>tou que a incapacidade é definitiva, de difícil melhora clínica e não faz qualquer referência ao acidente de<br />

<strong>tr</strong>abalho ant<strong>es</strong> referido.<br />

Em que p<strong>es</strong>e o recorrente <strong>es</strong>tar recebendo auxílio-doença acidentário, a dúvida surgida em relação ao motivo determinante<br />

que causou o atual diagnóstico (se decorrente do acidente do <strong>tr</strong>abalho ou proveniente da degeneração óssea) a<strong>tr</strong>ai a<br />

competência da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, particularmente, n<strong>es</strong>se caso, dos Juizados Especiais Federais. A regra geral para o<br />

julgamento de lid<strong>es</strong> relativas a benefícios previdenciários é a de que a competência é da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, visto que há uma<br />

autarquia federal (INSS) no pólo passivo. A ação será d<strong>es</strong>locada para a Vara Especializada em Acident<strong>es</strong> do Trabalho<br />

apenas se r<strong>es</strong>tar indubitável a ocorrência de doença/l<strong>es</strong>ão em virtude de tal infortúnio.<br />

Vale dizer: se a competência da <strong>Justiça</strong> Estadual para proc<strong>es</strong>sar e julgar as causas em que se pleiteia benefício<br />

previdenciário decorrente de acidente de <strong>tr</strong>abalho é uma exceção à regra geral, para que tal competência (da <strong>Justiça</strong><br />

Estadual) r<strong>es</strong>te configurada há de haver certeza de que o fator que deflagrou a incapacidade laborativa foi um acidente de<br />

<strong>tr</strong>abalho.<br />

No caso dos autos <strong>es</strong>sa certeza não existe.<br />

Sendo assim, como os peritos não puderam detectar nexo de causalidade en<strong>tr</strong>e o acidente e a doença, ou concausa que<br />

a<strong>tr</strong>aísse a competência do foro <strong>es</strong>pecializado da <strong>Justiça</strong> Estadual, competente é a <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> para o proc<strong>es</strong>samento e<br />

julgamento da pr<strong>es</strong>ente demanda, motivo pelo qual a sentença prolatada pelo Juízo a quo merece ser anulada para que<br />

ou<strong>tr</strong>a possa ser proferida em seu lugar com a devida análise do mérito.<br />

Diante o exposto, conheço do recurso inominado interposto pela parte autora e a ele dou provimento a fim de ANULAR A<br />

SENTENÇA e todos os atos proc<strong>es</strong>suais d<strong>es</strong>de então ocorridos.<br />

Sem custas. Sem honorários.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – CONVERSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – DÚVIDA A<br />

RESPEITO DA CAUSA QUE CULMINOU NA LESÃO ATUAL – REGRA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL –<br />

RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA ANULADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, ANULAR A SENTENÇA e determinar a rem<strong>es</strong>sa dos autos ao<br />

Juízo de origem, na forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong>


Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

84 - 0002018-66.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002018-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x MARLENE DE OLIVEIRA E<br />

OUTROS (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL<br />

PINTO.).<br />

1ª Turma Recursal – 2º Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0002018-66.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002018-7/01)<br />

VOTO<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, em face da sentença de fls.<br />

170/172, que julgou procedente o pedido inicial, condenando o recorrente a pagar aos autor<strong>es</strong> o montante de R$2.947,93<br />

(dois mil, novecentos e quarenta e sete reais e noventa e <strong>tr</strong>ês centavos) a título de danos materiais, relativo ao saque de<br />

FGTS. Aduz, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, preliminarmente, cerceamento de def<strong>es</strong>a, pois teria pedido a denunciação à lide da<br />

Caixa Econômica <strong>Federal</strong> e do dependente que sacou os valor<strong>es</strong> indevidamente, não havendo qualquer decisão sobre <strong>es</strong>te<br />

assunto; e pr<strong>es</strong>crição, já que o pagamento indevido teria sido realizado em 16/06/2004, mas a suposta certidão incorreta<br />

teria sido emitida em 23/01/2003, sendo <strong>es</strong>ta a data do ato ilícito. No mérito, alega o INSS que, se houve pagamento<br />

incorreto dos valor<strong>es</strong> do FGTS, os r<strong>es</strong>ponsáveis pelo ocorrido são a CEF e o dependente que recebeu os valor<strong>es</strong> de forma<br />

independente dos demais.<br />

Os recorridos-herdeiros apr<strong>es</strong>entaram con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença. A CEF não apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, ap<strong>es</strong>ar de devidamente intimada.<br />

Eis o relatório do nec<strong>es</strong>sário. Passo a votar.<br />

Em relação à preliminar de cerceamento de def<strong>es</strong>a, <strong>es</strong>ta não deve ser acolhida, pois o pedido feito pelo INSS foi, sim,<br />

objeto de análise por parte do juízo a quo, conforme decisão de fl. 146, que incluiu a CEF no pólo passivo, não incluindo a<br />

p<strong>es</strong>soa que realizou o saque.<br />

A preliminar de pr<strong>es</strong>crição também não merece ser acolhida. Ap<strong>es</strong>ar de a certidão ter sido emitida em 2003 e o pagamento<br />

indevido ter sido realizado em 2004, percebe-se que, d<strong>es</strong>de então, os autor<strong>es</strong> vem buscando obter adminis<strong>tr</strong>ativamente seu<br />

direito.<br />

A autora Marlene de Oliveira requereu um alvará na <strong>Justiça</strong> Estadual para levantar, junto à CEF, sua cota-parte e de seus<br />

filhos nos saldos do FGTS, em razão do falecimento de seu companheiro. Em 03/10/2003 havia na CEF o depósito de R$<br />

9.002,09 no saldo do de cujus (fl. 46). Em 15/07/2004 foi sacado o valor de R$ 7.861,16 pela dependente Salvia Terezinha<br />

da Silva (fls. 48/49). A CEF informou que o valor liberado foi efetuado a<strong>tr</strong>avés de certidão emitida pelo INSS (fl. 50).<br />

Analisando-se os autos, observa-se que existem oito dependent<strong>es</strong> do de cujus, den<strong>tr</strong>e el<strong>es</strong>: uma <strong>es</strong>posa falecida (Terezinha<br />

Batista da Silva); a filha (Salvia Terezinha da Silva); duas companheiras (Marlene de Oliveira e Vanilda Vieira); e os filhos<br />

(Rafael Oliveira e Silva, Raquel Oliveira e Silva, filhos de Marlene; e Salter Batista da Silva e Salvani Vieira de Oliveira).<br />

Em razão da quantidade de dependent<strong>es</strong> do falecido, o INSS expediu diversas certidõ<strong>es</strong> diferent<strong>es</strong> acerca do assunto:<br />

certidão de fl. 38, emitida em 30/03/1996, constando os nom<strong>es</strong> de Marlene de Oliveira, Terezinha Batista da Silva, Vanilda<br />

Vieira, Salter Batista da Silva e Salvani Vieira de A e Silva; certidão de fl. 57, emitida em março/2002, constando Vanilda<br />

Vieira, Salvani Vieira de A e Silva, Marlene de Oliveira e Salter Batista da Silva; certidão de fl. 60, emitida em 23/01/2003,<br />

constando como dependente Salvia Terezinha da Silva; e certidão de fl. 52, emitida em 08/10/2003, constando como<br />

dependent<strong>es</strong> Marlene de Oliveira, Rafael Oliveira e Silva, Raquel Oliveira e Silva, Salvia Terezinha da Silva, Terezinha<br />

Batista da Silva, Vanilda Vieira, Salter Batista da Silva e Salvani Vieira de Oliveira.<br />

Todas as referidas certidõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas pela CEF no momento em que elaborou ofício informando sobre os<br />

valor<strong>es</strong> liberados na conta do FGTS do de cujus (fl. 50), e todas foram emitidas em datas anterior<strong>es</strong> ao pagamento<br />

indevido. Importante notar que o pagamento objeto da pr<strong>es</strong>ente ação refere-se aos expurgos inflacionários dos planos<br />

econômicos, portanto, não era a primeira vez que a CEF <strong>es</strong>tava efetuando o pagamento dos valor<strong>es</strong> depositados na conta<br />

vinculada de FGTS do falecido, até porque o óbito ocorreu em 05/07/1992 (fl. 27).<br />

Considerando que, no momento do pagamento feito a somente um dos dependent<strong>es</strong>, a CEF sabia da existência dos<br />

demais, a r<strong>es</strong>ponsabilidade pelo equívoco deve ser imputado somente a ela, merecendo reforma a sentença a quo, de<br />

modo a considerá-la, den<strong>tr</strong>e os dois corréus, como a única r<strong>es</strong>ponsável pelo ato cometido.<br />

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença de fls.<br />

170/172, de modo a julgar IMPROCEDENTE O PEDIDO EM RELAÇÃO AO INSS E JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO<br />

EM RELAÇÃO À CEF, condenando-a ao r<strong>es</strong>sarcimento do valor de R$ 2.947,93, referente à cota-parte dos autor<strong>es</strong> no<br />

saldo de FGTS indevidamente sacado. Tal valor deverá ser acr<strong>es</strong>cido de juros de mora e correção monetária, nos termos<br />

do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, para as açõ<strong>es</strong> condenatórias em geral<br />

(Cap 4, item 4.2.1), com termo inicial a partir da data do efetivo prejuízo, conforme súmula 43 do STJ (16/06/2004, fl. 48).


Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na forma<br />

do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL – FGTS – SAQUE INDEVIDO – CERTIDÃO CONSTANDO TODOS OS HERDEIROS EM<br />

PODER DA CEF – RESPONSABILIDADE DO INSS AFASTADA – ATO ILÍCITO COMETIDO PELA CEF – RECURSO<br />

CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na<br />

forma do voto e ementa constant<strong>es</strong> dos autos, que ficam fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

85 - 0000148-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000148-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x ZITA POLETI<br />

ROSSETO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000148-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000148-5/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. O proc<strong>es</strong>so permaneceu sobr<strong>es</strong>tado com fulcro no artigo 543-B, § 1º, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. En<strong>tr</strong>etanto, o referido<br />

dispositivo de lei se refere exclusivamente ao sobr<strong>es</strong>tamento de recursos ex<strong>tr</strong>aordinários. Assim sendo, não há óbice ao<br />

julgamento do recurso inominado, razão pela qual passo a julgar.<br />

2. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença (fls. 37/38) que julgou procedente o pedido<br />

inicial, condenando a autarquia à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada à autora d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não se verifica o requisito objetivo referente à<br />

renda per capita mínima inferior a ¼ do salário mínimo. Além disso, sustenta que não é devida a aplicação analógica do<br />

artigo 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso, e, por isso, a renda da aposentadoria do <strong>es</strong>poso não deve ser excluída do<br />

cômputo da renda per capita da autora. Requer, assim, seja reformada a sentença, julgando-se improcedente o pedido. A<br />

parte autora apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

3. Os requisitos do benefício pleiteado encon<strong>tr</strong>am-se no artigo 20 da Lei nº 8.742/93 a qual prevê que o benefício será<br />

concedido à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso que não possuam meios de prover o próprio sustento e nem de<br />

tê-la provida por sua família. A condição de idosa da autora é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos (fl. 03).<br />

4. O artigo 34 do Estatuto do Idoso, em seu parágrafo único, determinou que o benefício assistencial concedido a qualquer<br />

membro da família não deve ser computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita.<br />

5. Com efeito, deve ser adotada uma interpretação sistemática do apontado artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso<br />

possibilitando a d<strong>es</strong>consideração de benefícios previdenciários, e não apenas os benefícios assistenciais percebidos por<br />

ou<strong>tr</strong>os membros da família do inter<strong>es</strong>sado, para fins de cálculo da renda per capita. O entendimento con<strong>tr</strong>ário, defendido<br />

pela autarquia previdenciária, de prevalecer a interpretação literal no sentido de que somente o benefício assistencial pode<br />

ser excluído para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, engendraria uma situação absolutamente paradoxal,<br />

haja vista que aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Essa situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.


6. Tal entendimento <strong>es</strong>tá em consonância com o Enunciado nº 46 da Turma Recursal do Espírito Santo, que aduz: “A renda<br />

mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de idade não<br />

deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei Orgânica da<br />

Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO - Boletim da<br />

<strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)”.<br />

7. N<strong>es</strong>se sentido, se revela também a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:<br />

”PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ESTATUTO DO IDOSO. ART. 34, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO.<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA. CÔNJUGE QUE PERCEBE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE VALOR MÍNIMO. I. O<br />

parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso) pode ser aplicado por analogia à hipót<strong>es</strong>e em que o<br />

benefício percebido pelo cônjuge é de natureza previdenciária. II. É intuitivo que assim seja, na medida em que a finalidade<br />

da legislação <strong>es</strong>pecial do idoso é o de lhe assegurar uma renda mínima que lhe propicie a existência com dignidade, de<br />

modo que buscou a lei garantir a r<strong>es</strong>erva de um mínimo de recursos para tal fim. III. Precedente d<strong>es</strong>ta TNU no Proc<strong>es</strong>so nº<br />

2006.83.00.510337-1 (julg. 29.10.2008). IV. Pedido de Uniformização improvido. (PEDIDO 200870510028148, JUIZ<br />

FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DJ 25/05/2010.)”<br />

8. O parecer socioeconômico (fls. 20/26) constatou que a única fonte de renda da família, composta pela autora e seu<br />

marido, é o benefício de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição no valor de um salário mínimo mensal recebido pelo<br />

<strong>es</strong>poso (81 anos) da recorrida. Por meio do referido relatório social, verificou-se ainda, que o casal possui gastos com<br />

alimentação, energia, água, conta de telefone e, principalmente, com medicamentos - não adquiridos via SUS (Sistema<br />

Único de Saúde) -, uma vez que, tanto a autora quanto seu cônjuge, se apr<strong>es</strong>entam com idade avançada e saúde<br />

altamente debilitada em decorrência de diversas patologias incapacitant<strong>es</strong>, de forma que a renda mensal do <strong>es</strong>poso não<br />

vem suprindo tais d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as. Além disso, cabe d<strong>es</strong>tacar que a autora vive sob condição razoável de moradia (antiga, com<br />

pared<strong>es</strong> infil<strong>tr</strong>adas, en<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os), com mobília simpl<strong>es</strong>, antiga e em mal <strong>es</strong>tado de uso. Deve-se, assim, ser d<strong>es</strong>considerada<br />

a aposentadoria do m<strong>es</strong>mo no cálculo da renda per capita. R<strong>es</strong>ta, por conseguinte, preenchido o requisito objetivo para a<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo assistencial.<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento do INSS no que diz r<strong>es</strong>peito à alegada violação dos dispositivos constitucionais de que<br />

<strong>tr</strong>atam os artigos 194, parágrafo único e 203, caput (legalidade); artigo 194, inciso III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo<br />

195, § 5º (prévia fonte de custeio), bem como o artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), verifico<br />

que não procedem tais alegaçõ<strong>es</strong>. Não há que se falar em violação d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> dispositivos, uma vez que o Juízo a quo<br />

utilizou-se dos meios de interpretação da norma (hermenêutica) e de entendimento amplamente predominante na<br />

jurisprudência.<br />

10. D<strong>es</strong>tarte, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL<br />

86 - 0000643-25.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000643-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: RENATA BUFFA SOUZA PINTO.) x DARCI MENDONCA MORENA.<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000643-25.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000643-8/01)<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – PREQUESTIONAMENTO – INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO


EMBARGADO – RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.<br />

Trata-se de embargos de declaração, opostos pela União <strong>Federal</strong>, em face do acórdão de fls. 19/21, que julgou extinto o<br />

proc<strong>es</strong>so sem r<strong>es</strong>olução do mérito nos termos do art. 267, IV do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, por entender que o recurso de<br />

medida de urgência apr<strong>es</strong>entado pela União limitou-se a discutir o mérito da causa, expondo argumentos que seriam<br />

cabíveis apenas em sede de recurso inominado.<br />

Alega a embargante que existe omissão no referido acórdão, visto que o Colegiado não se manif<strong>es</strong>tou expr<strong>es</strong>samente<br />

sobre os dispositivos legais e constitucionais invocados no recurso de medida de urgência.<br />

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 do<br />

CPC, constant<strong>es</strong> do decisum embargado, não se pr<strong>es</strong>tando, portanto, a novo julgamento da matéria posta nos autos,<br />

tampouco ao mero prequ<strong>es</strong>tionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização de eventual recurso ex<strong>tr</strong>aordinário,<br />

porquanto, visam, unicamente, completar a decisão quando pr<strong>es</strong>ente omissão de ponto fundamental, con<strong>tr</strong>adição en<strong>tr</strong>e a<br />

fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõ<strong>es</strong> d<strong>es</strong>envolvidas. Já nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/95, os<br />

embargos de declaração são cabíveis quando, na sentença ou acórdão, houver obscuridade, con<strong>tr</strong>adição, omissão ou<br />

dúvida.<br />

Não assiste razão à embargante. A Jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia, ao decidir qu<strong>es</strong>tionamentos quanto às possibilidad<strong>es</strong> de<br />

interposição d<strong>es</strong>sa via recursal, assim já decidiu: “M<strong>es</strong>mo nos embargos de declaração com fins de prequ<strong>es</strong>tionamento,<br />

devem ser observados os limit<strong>es</strong> <strong>tr</strong>açados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, con<strong>tr</strong>adição, omissão e, por cons<strong>tr</strong>ução<br />

pretoriana integrativa, a hipót<strong>es</strong>e de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - Primeira<br />

Turma, R<strong>es</strong>p. 11465-0-SP, rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).<br />

Todos os pontos nec<strong>es</strong>sários ao julgamento da causa foram devidamente analisados na decisão colegiada. O fato de o<br />

acórdão guerreado não ter se manif<strong>es</strong>tado expr<strong>es</strong>samente sobre os artigos de lei que a parte alega incidir à <strong>es</strong>pécie não<br />

leva à conclusão de que tenha ofendido o art. 535 do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, pois o julgador, d<strong>es</strong>de que fundamente<br />

suficientemente sua decisão, não <strong>es</strong>tá obrigado a r<strong>es</strong>ponder todas as alegaçõ<strong>es</strong> das part<strong>es</strong>, a ater-se aos fundamentos por<br />

elas apr<strong>es</strong>entados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal sorte que a insatisfação quanto ao<br />

d<strong>es</strong>linde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que <strong>es</strong>teja pr<strong>es</strong>ente alguma das hipót<strong>es</strong><strong>es</strong><br />

do art. 535 do CPC.<br />

Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, r<strong>es</strong>tando<br />

demons<strong>tr</strong>ada tão-somente a inconformidade do embargante com o provimento jurisdicional.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E NEGAR-LHES PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

87 - 0005747-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005747-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAYTON GUEDES<br />

PEREIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005747-66.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005747-4/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por CLAYTON GUEDES PEREIRA, em face da sentença de fls. 73/74, que<br />

julgou improcedente o pedido inicial de conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez ou, subsidiariamente, de auxílio-doença.<br />

Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que sofre de <strong>tr</strong>anstornos psíquicos, encon<strong>tr</strong>ando-se impossibilitado de<br />

exercer suas atividad<strong>es</strong> laborativas. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. . A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição. Já o auxílio-doença, será devido, conforme<br />

art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar<br />

incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. A parte autora requereu adminis<strong>tr</strong>ativamente o benefício do auxílio-doença em 29/09/2009 (fl. 36), sendo-lhe negado por<br />

falta de incapacidade. Conforme perícia médica judicial, realizada em 07/01/2011, de fls. 48/49, o autor, vendedor, com 33


anos de idade, possui Transtornos Somatoform<strong>es</strong> (CID-10-F45), não apr<strong>es</strong>entando, n<strong>es</strong>te momento, incapacidade para<br />

exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais, pois <strong>es</strong>tá lúcido, orientado, coerente, cooperativo, calmo, sem distúrbios do<br />

comportamento e/ou alteraçõ<strong>es</strong> senso-perceptivas dignas de nota.<br />

4. Não merece prosperar o pedido de reforma da sentença a quo sob a alegação de ter havido conflito com o contexto<br />

fático/probatório dos autos, quanto à existência ou não de incapacidade. Os documentos particular<strong>es</strong> servem apenas como<br />

parecer de assistente técnico, de forma que qualquer opinião divergente deve ser r<strong>es</strong>olvida pelo parecer do perito do juízo.<br />

Merece d<strong>es</strong>taque o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova<br />

unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo<br />

conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

5. Den<strong>tr</strong>o do contexto mencionado, regis<strong>tr</strong>o que o teor do novo laudo médico acostado aos autos pelo autor na fl.100,<br />

subscrito pelo Psiquia<strong>tr</strong>a Dr. Uliss<strong>es</strong> M. Santos em 18/09/12, não diverge, em linhas gerais, do teor do laudo assinado pelo<br />

m<strong>es</strong>mo psiquia<strong>tr</strong>a em 11/05/2009 e juntado aos autos com a inicial, na fl. 28. Depreende-se que o que há é disparidade<br />

en<strong>tr</strong>e a opinião do médico que acompanha o autor e o Perito do Juízo, sendo que, quanto a <strong>es</strong>te, há de se pr<strong>es</strong>umir a sua<br />

imparcialidade, o que não ocorre quanto àquele. Por isso incide, como regra geral, o Enunciado 08 da Turma Recursal do<br />

Espírito Santo, anteriormente <strong>tr</strong>anscrito.<br />

6. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

88 - 0005169-06.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005169-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA PINTO<br />

NASCIMENTO (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />

INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005169-06.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005169-1/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – CAPACIDADE LABORAL – ATIVIDADE HABITUAL – LAUDO MÉDICO<br />

PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA DA PENHA PINTO NASCIMENTO, em face da sentença de fls.<br />

50/51, que julgou improcedente o seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença e/ou conversão em aposentadoria por<br />

invalidez. Alega a recorrente, MARIA DA PENHA PINTO NASCIMENTO (60 anos de idade, costureira autônoma), em suas<br />

razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de neoplasia no seio <strong>es</strong>querdo, não se encon<strong>tr</strong>ando capaz de exercer atividade<br />

profissional, almejando, portanto, que a sentença prolatada no juízo a quo seja reformada, no sentido de conceder-lhe o<br />

benefício previdenciário. O INSS não apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o art. 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao<br />

segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o<br />

exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se quanto à incapacidade ou não da parte autora. A perícia médica judicial (fls. 33/35) constatou que<br />

a recorrente é portadora de carcinoma ductal infil<strong>tr</strong>ante da mama <strong>es</strong>querda operada (quadrantectomia). Importa salientar,<br />

ainda, que a recorrente apr<strong>es</strong>entou-se ao exame em bom <strong>es</strong>tado, lúcida, orientada, com seus movimentos amplos e<br />

pr<strong>es</strong>ervados, deambulando normalmente e com ausência de linfoedema no membro superior <strong>es</strong>querdo. Ao obter tais<br />

informaçõ<strong>es</strong> mencionadas e analisar os laudos dos médicos assistent<strong>es</strong> acostados aos autos, o perito judicial pôde concluir<br />

que a recorrente não apr<strong>es</strong>entava incapacidade que a impossibilitasse de exercer sua função como costureira autônoma.<br />

4. A recorrente afirmou, em sede de recurso inominado, que o perito do Juízo d<strong>es</strong>considerou os laudos e exam<strong>es</strong><br />

apr<strong>es</strong>entados durante a perícia judicial, que comprovavam que a parte autora era portadora de neoplasia no seio <strong>es</strong>querdo.<br />

Ocorre, no entanto, que tal informação não corr<strong>es</strong>ponde aos fatos, afinal, conforme é possível averiguar nos qu<strong>es</strong>itos de nº<br />

3, 4, 6 e 13, o perito médico legal deixa claro que os laudos e exam<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados foram utilizados para que houv<strong>es</strong>se a<br />

conclusão acerca da incapacidade.<br />

5. Por fim, é possível perceber a clara incompatibilidade en<strong>tr</strong>e os laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados (fls. 19/20) e o laudo


subscrito pelo perito médico judicial (fls. 33/35). É importante, portanto, atentar ao Enunciado nº 08 da Turma Recursal do<br />

Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em<br />

princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o<br />

particular”. Ao constatar isso, privilegia-se, em virtude de sua natureza, o laudo médico do perito judicial, que possui caráter<br />

imparcial e busca a verdade material acerca da condição do paciente, em de<strong>tr</strong>imento do laudo particular, que,<br />

costumeiramente, vem carregado de parcialidade, proveniente da relação contínua en<strong>tr</strong>e médico e paciente.<br />

6. Assim, conforme expôs o laudo pericial, não havendo incapacidade, requisito <strong>es</strong>sencial para a conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

previdenciário, não merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

89 - 0006528-88.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006528-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SILENI SIQUEIRA<br />

NASCIENTO KRUGER (ADVOGADO: CARLOS ALBERTO AMORIM DE ASSIS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO<br />

SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0006528-88.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006528-8/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fl. 66, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença. Alega a recorrente, Sileni Siqueira Nascimento Kruger (45<br />

anos de idade), em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não consegue ficar sentada por muito tempo, pois é portadora de hérnia<br />

discal, além de possuir dormência nas pernas, inchaços nos pés e dor<strong>es</strong> nos punhos. Alega, ainda, que o INSS indeferiu<br />

todos os seus pedidos de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença, não r<strong>es</strong>tando ou<strong>tr</strong>a alternativa senão retornar ao<br />

<strong>tr</strong>abalho. Assim, requer a reforma da sentença. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o<br />

caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15<br />

(quinze) dias consecutivos.<br />

3. A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença en<strong>tr</strong>e 28/05/2009 e 02/12/2009 (fl. 65). Requereu a sua prorrogação<br />

em 25/11/2009 e a sua reconsideração em 29/01/2010 (fls. 18/19), tendo seus pedidos indeferidos sob o argumento de que<br />

não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, incapacidade para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua<br />

atividade habitual. Realizou um novo pedido de auxílio-doença em 28/09/2010 (fl. 17), também indeferido.<br />

4. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 58/59), que o<br />

perito não constatou nenhuma doença, l<strong>es</strong>ão, sequela ou deficiência física na parte autora. Alegou, ainda, que a recorrente<br />

possui aptidão física e mental para exercer sua atividade habitual de costureira, atingindo a média de rendimento<br />

alcançada, em condiçõ<strong>es</strong> normais, pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> da m<strong>es</strong>ma categoria profissional. Portanto, afirma que não há<br />

incapacidade para a atividade laboral habitual.<br />

5. Vale r<strong>es</strong>saltar, quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

6. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pedido recursal.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da


Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

90 - 0002287-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002287-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIÃO ARAUJO<br />

(ADVOGADO: MARIA MARGARIDA MELO MAGNAGO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0002287-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002287-3/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por SEBASTIÃO ARAÚJO, em face da sentença de fls. 96/97, que julgou<br />

improcedente o seu pedido inicial. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a doença que o acomete, qual seja,<br />

neoplasia de próstata, é altamente incapacitante para o exercício de seu <strong>tr</strong>abalho de pintor autônomo e requer, assim, a<br />

conc<strong>es</strong>são do auxílio-doença. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença será devido, conforme art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o<br />

período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze)<br />

dias consecutivos.<br />

3. Conforme perícia médica judicial, na área de ortopedia (fls. 68/69), realizada em 11/10/2010, o autor, atualmente com 59<br />

anos de idade, apr<strong>es</strong>enta poliar<strong>tr</strong>algia e adenocarcinoma prostático que, do ponto de vista ortopédico não induz<br />

incapacidade. O perito médico judicial da área de oncologia afirmou que o recorrente possui neoplasia de próstata operada,<br />

tomando por base os exam<strong>es</strong> e laudos apr<strong>es</strong>entados no momento da perícia (fls. 75/77). Ainda de acordo com o perito<br />

oncologista, o autor tem, no momento, aptidão física e mental para exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais, apr<strong>es</strong>entando-se em<br />

bom <strong>es</strong>tado geral, lúcido, orientado, deambulando normalmente, com todos os seus movimentos pr<strong>es</strong>ervados, além <strong>es</strong>tar<br />

com a doença sob con<strong>tr</strong>ole.<br />

4. Os exam<strong>es</strong> e receituários, de fls. 09/22, colacionados aos autos pela parte autora, referem-se aos períodos de<br />

<strong>tr</strong>atamento da doença. O exame mais recente sobre o <strong>es</strong>tado de saúde do recorrente é o laudo médico pericial de fls.<br />

75/77, datado de 07/12/2010, que concluiu não haver incapacidade n<strong>es</strong>te momento.<br />

5. Não havendo incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o Recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91 - 0003775-95.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003775-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x IVONE RODRIGUES (DEF.PUB: ALINE FELLIPE<br />

PACHECO SARTÓRIO.) x OS MESMOS.<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0003775-95.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003775-8/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO – INCAPACIDADE COMPROVADA –<br />

EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE NO MOMENTO DA CESSAÇÃO – LAUDOS PARTICULARES – CONVERSÃO EM<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – IMPOSSIBILIDADE – INCAPACIDADE DEFINITIVA NÃO COMPROVADA -<br />

RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS – SENTENÇA MANTIDA.


1. Trata-se de recursos inominados, interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e por IVONE RODRIGUES,<br />

em face da sentença de fls. 102/103, que julgou parcialmente procedente os pedidos iniciais, condenando o INSS a<br />

r<strong>es</strong>tabelecer o benefício do auxílio-doença, com efeitos re<strong>tr</strong>oativos à data do cancelamento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o INSS,<br />

em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que as perícias médicas judiciais concluíram pela inexistência de incapacidade laborativa,<br />

pugnando pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido de auxílio-doença. A parte autora<br />

aduz, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, considerando suas condiçõ<strong>es</strong> sócio-culturais, encon<strong>tr</strong>a-se definitivamente<br />

incapacidade para exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais.<br />

2. O auxílio-doença, conforme art. 59 da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o<br />

período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze)<br />

dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A autora recebeu auxílio-doença de 29/08/2006 a 20/11/2008 (fl. 101), quando foi indeferido seu pedido de prorrogação<br />

apr<strong>es</strong>entado em 18/11/2008 (fl. 07).<br />

4. O laudo médico judicial, de fls. 48/53, realizado em 30/10/2009 por perito <strong>es</strong>pecialista em ortopedia, constatou que a<br />

autora, empregada doméstica, atualmente com 51 anos de idade, apr<strong>es</strong>enta ar<strong>tr</strong>ose de coluna lombar e cervical sem<br />

comprometimento neurológico e sem alteração nos membros, não havendo incapacidade laboral.<br />

5. Foi realizada ou<strong>tr</strong>a perícia médica judicial, com perito <strong>es</strong>pecialista em clínica geral (fls. 86/89). Conforme o perito, a<br />

autora é portadora de insuficiência renal, tendinite das mãos e <strong>es</strong>pondilodiscoar<strong>tr</strong>ose da coluna cervical e lombar, as quais<br />

não incapacitariam para suas atividad<strong>es</strong> laborais. Aduz o perito, em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 11, porém, que a parte autora<br />

possui limitaçõ<strong>es</strong> funcionais, pois não pode exercer atividade laboral que demande intensa movimentação e tensão na<br />

região cervical, nos dedos das mãos. Em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 15, o perito disse que, para evitar agravamento das l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> a<br />

autora deve realizar pausa no <strong>tr</strong>abalho, exercícios laborativos durante a atividade laboral, terapia con<strong>tr</strong>a o <strong>es</strong><strong>tr</strong><strong>es</strong>s, redução<br />

da carga de <strong>tr</strong>abalho e redução da jornada de <strong>tr</strong>abalho.<br />

6. O Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, em seus artigos 131 e 436, permite ao juiz formar seu convencimento com base em ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos ou fatos provados, não <strong>es</strong>tando ads<strong>tr</strong>ito apenas à conclusão obtida pelo perito, d<strong>es</strong>de que motive suas decisõ<strong>es</strong>.<br />

O segundo perito, ao recomendar redução da jornada e da carga de <strong>tr</strong>abalho, forneceu subsídios para o reconhecimento da<br />

existência de incapacidade parcial para a atividade laborativa. A autora, se reduzir sua jornada e carga de <strong>tr</strong>abalho, irá<br />

produzir menos do que a média alcançada pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> da m<strong>es</strong>ma categoria profissional, fato que poderá ocasionar<br />

sua saída do mercado de <strong>tr</strong>abalho.<br />

7. At<strong>es</strong>tados de médicos assistent<strong>es</strong> demons<strong>tr</strong>am que no m<strong>es</strong>mo período em que houve c<strong>es</strong>sação do benefício pelo INSS<br />

(20/11/2008), a autora <strong>es</strong>tava com os m<strong>es</strong>mos problemas anterior<strong>es</strong>, correndo risco de agravamento da doença<br />

(29/06/2009 – fl. 16, 22/05/2009 – fl. 18, 21/11/2008 – fl. 20). Assim, a parte autora faz jus ao recebimento do<br />

auxílio-doença, d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação indevida.<br />

8. Quanto à aposentadoria por invalidez, a parte autora não tem direito, tendo em vista que não há nos autos elementos<br />

suficient<strong>es</strong> aptos a comprovar incapacidade definitiva para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

9. Comprovados a qualidade de segurado, o cumprimento do período de carência, bem como a incapacidade, no momento<br />

da c<strong>es</strong>sação indevida, para o d<strong>es</strong>empenho de atividade que lhe garanta o sustento, faz jus a autora ao r<strong>es</strong>tabelecimento do<br />

benefício de auxílio-doença. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

10. Recursos conhecidos e improvidos. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, ante a sucumbência recíproca<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

92 - 0001053-54.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001053-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIZIARIA CANDIDA DA<br />

SILVA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0001053-54.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001053-6/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – RECURSO CONHECIDO E


IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ELIZIARIA CANDIDA DA SILVA, em face da sentença de fls. 106/107, que<br />

julgou improcedente o pedido inicial de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença ou conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

Afirma a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais que os laudos médicos colacionados aos autos comprovam sua<br />

incapacidade para o labor e que o magis<strong>tr</strong>ado não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>,<br />

pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição. Já o auxílio-doença, será devido, conforme<br />

art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar<br />

incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. A recorrente recebeu auxílio-doença en<strong>tr</strong>e os períodos de: 25/01/2008 a 20/07/2008 (fl. 53) e de 04/11/2008 a 15/12/2008<br />

(fl. 54). Em 26/06/2009, foi requerido o benefício novamente, o qual foi indeferido por parecer con<strong>tr</strong>ário da perícia médica do<br />

INSS (fl. 10).<br />

4. Conforme perícia médica judicial na área de ortopedia, realizada em 18/05/2010 (fls. 38/41), não foi detectada nenhuma<br />

patologia ortopédica digna de nota na recorrente, ap<strong>es</strong>ar das poliar<strong>tr</strong>algias. Ainda de acordo com o perito, a autora,<br />

empregada doméstica, atualmente com 58 anos de idade, tem, no momento, aptidão física e mental para exercer sua<br />

atividade habitual, por sua doença ser assintomática, não havendo incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

5. Não merece prosperar o pedido de reforma da sentença a quo sob a alegação de ter havido conflito com o contexto<br />

fático/probatório dos autos, quanto à existência ou não de incapacidade. Os documentos particular<strong>es</strong> servem apenas como<br />

parecer de assistente técnico, de forma que qualquer opinião divergente deve ser r<strong>es</strong>olvida pelo parecer do perito do juízo.<br />

Merece d<strong>es</strong>taque o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova<br />

unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo<br />

conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. Vale regis<strong>tr</strong>ar, ainda, que os<br />

laudos/at<strong>es</strong>tados acostados aos autos e indicativos da incapacidade datam de 06/01/09 (fl. 12), 25/06/08 (fl. 20), 29/10/08<br />

(fl. 22), 15/08/08 (fl. 23); todos em data bem anterior à da perícia judicial (maio de 2010, fls. 38/41).<br />

6. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

93 - 0005090-61.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005090-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UBIRAMAR VALÉRIO<br />

BEZERRA (ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005090-61.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005090-8/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por UBIRAMAR VALERIO BEZERRA, em face da sentença de fls. 90/91, que<br />

julgou improcedente o pedido inicial de conc<strong>es</strong>são do auxílio-doença, convertido, posteriormente, em aposentadoria por<br />

invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a nova atividade para a qual foi reabilitado também demanda<br />

<strong>es</strong>forço físico, encon<strong>tr</strong>ando-se incapaz de exercê-la. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição. Já o auxílio-doença, será devido, conforme<br />

art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar


incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. Em 07/05/2004, foi reconhecida a incapacidade do recorrente e a nec<strong>es</strong>sidade de reabilitação em ou<strong>tr</strong>a atividade. A partir<br />

de 20/05/2009, o autor passou a ser <strong>tr</strong>einado na função de chaveiro (fl. 27). O recorrente recebeu o auxílio-doença en<strong>tr</strong>e os<br />

períodos de 13/09/2005 a 12/02/2006 (fl. 28).<br />

4. Conforme perícia médica judicial, realizada em 10/11/2009, de fls. 53/56, o recorrente é portador de sequela de fratura da<br />

crista tibial do joelho direito com pr<strong>es</strong>ença de parafuso e ruela, apr<strong>es</strong>entando exame físico ortopédico normal, sem<br />

comprometimento muscular e articular, <strong>es</strong>tando apto para exercer sua atividade habitual. R<strong>es</strong>pondendo a qu<strong>es</strong>itos<br />

complementar<strong>es</strong>, o perito afirmou que a fratura no joelho encon<strong>tr</strong>a-se totalmente consolidada, podendo causar dor<strong>es</strong><br />

<strong>es</strong>poradicamente e que, subindo <strong>es</strong>cadas ou andando em lugar plano, as chanc<strong>es</strong> de cris<strong>es</strong> de dor são as m<strong>es</strong>mas (fl. 83).<br />

5. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais.<br />

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

94 - 0004468-45.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004468-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NELMO MACHADO<br />

(ADVOGADO: RAFAEL ALMEIDA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

1ª Turma Recursal – 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0004468-45.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004468-6/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por NELMO MACHADO, em face da sentença de fls. 58/59, que julgou<br />

improcedente o pedido inicial de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença, d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação. Alega o recorrente, em suas<br />

razõ<strong>es</strong> recursais, que sofre de doença crônica, encon<strong>tr</strong>ando-se impossibilitado de exercer suas atividad<strong>es</strong> laborativas. O<br />

INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O auxílio-doença será devido, conforme art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o<br />

período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze)<br />

dias consecutivos.<br />

3. O recorrente recebeu o auxílio-doença de 30/06/2009 a 20/01/2010 (fl. 38). O autor requereu o r<strong>es</strong>tabelecimento do<br />

benefício no dia 23/02/2010 (fl. 11), o qual foi negado sob a justificativa de falta de incapacidade.<br />

4. Conforme perícia médica judicial, realizada em 22/11/2010, de fls. 46/47, o autor, ele<strong>tr</strong>icista e montador, com 48 anos de<br />

idade, realizou cirurgia para <strong>tr</strong>atamento de hérnia discal L3-L4 em 1988, não apr<strong>es</strong>entando, n<strong>es</strong>te momento, alteração da<br />

função da coluna vertebral. Afirma o perito <strong>tr</strong>atar-se de uma doença degenerativa que, atualmente, não induz em<br />

incapacidade, <strong>es</strong>tando o recorrente apto para exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais.<br />

5. Não merece prosperar o pedido de reforma da sentença a quo sob a alegação de ter havido conflito com o contexto<br />

fático/probatório dos autos, quanto à existência ou não de incapacidade. Os documentos particular<strong>es</strong> servem apenas como<br />

parecer de assistente técnico, de forma que qualquer opinião divergente deve ser r<strong>es</strong>olvida pelo parecer do perito do juízo.<br />

Merece d<strong>es</strong>taque o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova<br />

unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo<br />

conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

6. Não havendo incapacidade laborativa n<strong>es</strong>te momento, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong><br />

recursais. Diante de tal fato, tomo como razão adicional de decidir os fundamentos da sentença.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

95 - 0003319-77.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003319-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA CLEMENTE SOUZA<br />

(DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ<br />

GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0003319-77.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003319-0/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE –<br />

LAUDOS MÉDICOS PERICIAIS CONCLUSIVOS – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA<br />

MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, LUZIA CLEMENTE SOUZA (58 anos de idade), em face da<br />

sentença de fls. 92/93, que julgou improcedente o pedido de condenação do INSS à conc<strong>es</strong>são do benefício de pr<strong>es</strong>tação<br />

continuada. Aduz a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de ar<strong>tr</strong>ose nos joelhos e inchaço e dor<strong>es</strong> nas<br />

articulaçõ<strong>es</strong>, possuindo diagnóstico de ar<strong>tr</strong>ose difusa em joelhos e coluna e ar<strong>tr</strong>algia em joelhos e coluna. D<strong>es</strong>se modo,<br />

requer a reforma da sentença, e caso os laudos periciais sejam considerados omissos, que seja o julgamento convertido<br />

em diligência, para que nova perícia seja realizada com médico <strong>es</strong>pecialista em reumatologia. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. Ao se analisar o conjunto probatório nos autos, verifica-se que foram realizadas duas perícias médicas judiciais. Na<br />

primeira perícia (fls. 52/53), o perito médico, Dr. Marcelo Dettogni Sarmenghi, <strong>es</strong>pecialista em ortopedia e <strong>tr</strong>aumatologia,<br />

constatou que a recorrente não é portadora de doença e que não há incapacidade para o exercício de sua atividade habitual<br />

(doméstica). Na segunda perícia (fls. 68/71), o perito médico, Dr. Leonardo Q. Chav<strong>es</strong> M. Barros, clínico geral, constatou<br />

que a parte autora sofre de dor<strong>es</strong> articular<strong>es</strong>, porém não <strong>es</strong>tá incapacitada para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

4. A parte autora impugnou os laudos médicos periciais, alegando ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia médica na<br />

área de reumatologia. Entendo não ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia, pois foram realizadas duas perícias<br />

médicas judiciais, uma com perito <strong>es</strong>pecialista em ortopedia e <strong>tr</strong>aumatologia e ou<strong>tr</strong>a com perito clínico geral. O médico<br />

perito é profissional capacitado, podendo se pronunciar sobre qualquer patologia, em qualquer área médica. Além disso, a<br />

matéria foi suficientemente <strong>es</strong>clarecida pelos peritos médicos.<br />

5. Assim, a hipót<strong>es</strong>e dos autos revela que não é devido o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, tendo em vista que não ficou<br />

comprovada a incapacidade da recorrente.<br />

6. Vale r<strong>es</strong>saltar, quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

7. D<strong>es</strong>sa forma, não é devido o benefício pleiteado por não <strong>es</strong>tarem preenchidos os requisitos nec<strong>es</strong>sários à sua<br />

conc<strong>es</strong>são.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária da assistência judiciária<br />

gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

96 - 0005725-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005725-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARLEIDE MARIA COMPER<br />

MILANEZ (ADVOGADO: LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

BRUNO MIRANDA COSTA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0005725-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005725-5/01)<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 83/84, que julgou improcedente<br />

o seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, Arleide Maria Comper<br />

Milanez, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portadora de <strong>es</strong>quizofrenia, ou<strong>tr</strong>os <strong>tr</strong>anstornos da personalidade, do<br />

comportamento adulto e epilepsia. Alega ainda, que a perícia médica judicial foi superficial. Com isso, requer a reforma ou<br />

nulidade da sentença, julgando procedente o pedido exposto na inicial. O INSS não apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. A parte autora recebeu o benefício de auxílio doença de 13/07/2004 a 16/03/2005 e aposentadoria por invalidez no<br />

período de 17/03/2005 a 29/04/2011 (fl. 82). O benefício foi c<strong>es</strong>sado pelo fato de que não ser constatada, em exame<br />

realizado pela perícia médica do INSS, a incapacidade da recorrida.<br />

4. Preliminarmente, a recorrente requer a realização de nova perícia médica, em virtude da arguição de que a m<strong>es</strong>ma é<br />

superficial. Requer, ainda, que seja d<strong>es</strong>ignado o psiquia<strong>tr</strong>a da municipalidade que atende a parte autora para que emita o<br />

laudo, ou que seja oficiado à Unidade de Saúde de Cariacica obrigando <strong>es</strong>ta a en<strong>tr</strong>egar as cópias dos prontuários, haja<br />

vista que há mais de um ano não há médico psiquia<strong>tr</strong>a no posto médico.<br />

5. Verifico que não há razão para se realizar nova perícia médica, visto que a matéria foi suficientemente <strong>es</strong>clarecida pelo<br />

perito médico, que possui <strong>es</strong>pecialidade nas doenças em que a recorrente se queixa, além de não haver nenhuma nulidade<br />

que contamine a produção da prova.<br />

6. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 68/69), que a<br />

recorrente não apr<strong>es</strong>enta incapacidade para a atividade laboral, pois não é portadora de doença mental, encon<strong>tr</strong>a-se lúcida,<br />

orientada, coerente, cooperativa, calma bem humorada, e não apr<strong>es</strong>enta distúrbios do comportamento, limitaçõ<strong>es</strong><br />

funcionais e/ou alteraçõ<strong>es</strong> senso perceptivas. Com isso, o perito afirma que a recorrente encon<strong>tr</strong>a-se apta a exercer<br />

atividade laboral, não apr<strong>es</strong>entando incapacidade.<br />

7. Os at<strong>es</strong>tados de médico assistente apr<strong>es</strong>entados pela parte autora (fls. 17 e 19) corr<strong>es</strong>pondem ao período em que a<br />

m<strong>es</strong>ma <strong>es</strong>teve em gozo de benefício previdenciário, por isso não podem ser considerados, pois não comprovam a<br />

persistência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho após a c<strong>es</strong>sação do benefício.<br />

8. Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

9. Assim, de acordo com o laudo médico pericial, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos<br />

expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência


judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

97 - 0003870-91.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003870-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDSON GOSS (ADVOGADO:<br />

CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela<br />

Boechat B. B. de Oliveira.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0003870-91.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003870-4/01)<br />

VOTO<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 63/64, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença. Alega o recorrente, Edson Goss (40 anos de idade), em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que é portador de Espondiloar<strong>tr</strong>ose Lombar e que sua incapacidade é insuscetível de reabilitação,<br />

considerada incurável. Com isso, requer seja reformada a sentença, julgando procedente o pedido exposto na inicial, a fim<br />

de se r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de auxílio-doença, ou conceder aposentadoria por invalidez. Requer, ainda, o pagamento das<br />

parcelas re<strong>tr</strong>oativas à data do requerimento do benefício, compreendido en<strong>tr</strong>e o período de 31/05/2010 a 09/02/2011.<br />

O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença. Alega que o recorrente <strong>es</strong>tá em gozo do<br />

benefício de auxílio-doença d<strong>es</strong>de 10/02/2011.<br />

Este é o breve relatório. Passo a votar.<br />

Sabe-se que o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,<br />

quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por<br />

mais de 15 (quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida<br />

ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o<br />

exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença no período de 25/02/2006 a 30/05/2010, conforme fl. 06. Em<br />

26/05/2010 requereu prorrogação do auxílio-doença perante o INSS, o que veio a ser indeferido pelo fato de não ter sido<br />

constatada a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual (fl. 8).<br />

De acordo com a perícia médica judicial, verifica-se que o recorrente apr<strong>es</strong>enta quadro de Espondiloar<strong>tr</strong>ose Lombar, porém,<br />

o perito afirmou que não foi constatada a sua incapacidade. Assim, o Juízo a quo julgou improcedente o seu pedido de<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença, alegando a falta do requisito da incapacidade.<br />

Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se que, ao interpor o recurso (07/06/2011), o recorrente já<br />

vinha gozando do benefício de auxílio-doença d<strong>es</strong>de 10/02/2011 (fl. 85). Há, portanto, perda de inter<strong>es</strong>se superveniente no<br />

que refere ao período posterior a 10/02/11.<br />

O motivo da divergência em qu<strong>es</strong>tão r<strong>es</strong>ume-se então ao período em que o recorrente ficou sem receber o benefício,<br />

compreendido en<strong>tr</strong>e 31/05/2010 e 09/02/2011.<br />

A Perícia judicial foi realizada n<strong>es</strong>se interregno, mais precisamente em 26/11/2010 (fl. 38/39); a m<strong>es</strong>ma foi incisiva quanto a<br />

capacidade laborativa.<br />

O fato de o autor-recorrente tornar, após a perícia judicial, a receber auxílio-doença por força de decisão adminis<strong>tr</strong>ativa não<br />

implica na conclusão de que <strong>es</strong>taria incapacitado no período anterior a <strong>es</strong>sa nova conc<strong>es</strong>são. Com efeito, a doença de que<br />

padece o autor pode apr<strong>es</strong>entar momentos em que é viável o d<strong>es</strong>envolvimento da atividade laborativa; e pode ser que, em<br />

alguns momentos, a doença inviabilize o exercício de tal atividade. N<strong>es</strong>se ponto, reporto-me ao que observou o Juízo a quo<br />

na sentença:<br />

“(...)<br />

O perito diagnosticou uma doença degenerativa. Esse fato, porém, não é incompatível com a conclusão pela inexistência de


incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. O simpl<strong>es</strong> fato de <strong>es</strong>tar doente não garante para o segurado o direito ao auxílio-doença: é<br />

preciso ficar comprovado que a doença tenha causado alteraçõ<strong>es</strong> morfopsicofisiológicas que impeçam o d<strong>es</strong>empenho das<br />

funçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>pecíficas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se a<br />

doença diagnosticada inabilita o segurado para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

(...)”<br />

Em conclusão, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos.<br />

Ante o exposto, RECONHEÇO A AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL no que refere ao período posterior a 10/02/11; e<br />

no que refere ao período anterior a 10/02/11, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios.<br />

É como voto.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO ADMINSTRATIVO DE AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INTERESSE<br />

SUPERVENIENTE NO QUE REFERE AO PERÍODO POSTERIOR À NOVA CONCESSÃO – CONJUNTO PROBATÓRIO<br />

INDICATIVO DA CAPACIDADE LABORATIVA NO QUE REFERE AO PERÍODO ANTERIOR AO RESTABELECIMENTO<br />

ADMINISTRATIVO DO BENEFÍCIO - RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NO QUE REFERE AO PERÍODO EM<br />

QUE SUBSISTE INTERESSE DE AGIR, IMPROVIDO.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, em NÃO CONHECER do recurso no que refere ao período posterior a 10/02/11; e, no<br />

que refere ao período anterior a <strong>es</strong>sa data, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante dos<br />

autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

98 - 0000309-53.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000309-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AIMARA DOS SANTOS<br />

BONFIM (ADVOGADO: PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).<br />

1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0000309-53.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000309-4/01)<br />

E M E N T A<br />

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE NO<br />

MOMENTO DA PERÍCIA JUDICIAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL CONCLUSIVO – NOVA PERÍCIA MÉDICA<br />

DESNECESSÁRIA – INCAPACIDADE CONSTATADA ENTRE O REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO E O LAUDO DO<br />

PERITO JUDICIAL – INCAPACIDADE QUE CONFIGURA LIMITAÇÃO LABORATIVA DE CURTO PRAZO – SENTENÇA<br />

MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, AIMARA DOS SANTOS BONFIM (26 anos de idade), em<br />

face da sentença de fl. 92/94, que julgou improcedente o pedido de condenação do INSS à conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada. Aduz a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial e que, por<br />

ser portadora de neoplasia maligna, nec<strong>es</strong>sita de <strong>tr</strong>atamento <strong>es</strong>pecífico, além de remédios fort<strong>es</strong>, sendo impossível a sua<br />

inclusão no mercado de <strong>tr</strong>abalho. Alega, ainda, que o indeferimento do pedido de nova perícia com médico <strong>es</strong>pecialista em<br />

oncologia cerceia o seu direito de def<strong>es</strong>a. D<strong>es</strong>se modo, requer seja anulada a sentença, deferindo o pedido de nova perícia,<br />

retornando os autos para que seja realizada perícia com oncologista e r<strong>es</strong>pondidos os qu<strong>es</strong>itos requeridos.<br />

Subsidiariamente, requer seja reformada a sentença, julgando procedente o pedido inicial. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.


2. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />

considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />

forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />

capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. Ao se analisar o conjunto probatório dos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica a fim de diagnosticar as<br />

moléstias que acometem a autora. O perito médico, Dr. Leonardo Q. Chav<strong>es</strong> M. Barros, clínico geral, constatou que a parte<br />

autora não possui nenhum tipo de incapacidade e que, durante o exame clínico pericial, se apr<strong>es</strong>entou em bom <strong>es</strong>tado<br />

geral de saúde, fáci<strong>es</strong> normais, corada, hidratada, acianótica, eupnéica, sem qualquer aspecto de sofrimento, r<strong>es</strong>pondendo<br />

às perguntas que lhe foram formuladas sem dificuldade, claramente e em bom tom. Afirmou, ainda, não haver sequelas do<br />

<strong>tr</strong>atamento com quimioterapia e radioterapia e constatou a ausência de mama <strong>es</strong>querda. Assim sendo, r<strong>es</strong>tou configurado<br />

não haver incapacidade no momento da perícia.<br />

4. A parte autora impugnou o laudo médico pericial (fl. 83) e alegou no recurso inominado que o indeferimento do seu<br />

pedido por nova perícia cerceia o seu direito de def<strong>es</strong>a, aduzindo ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia médica com<br />

<strong>es</strong>pecialista em oncologia. Sem razão a recorrente. Entendo não ser nec<strong>es</strong>sária a realização de nova perícia, pois a perícia<br />

médica judicial foi realizada com muita propriedade por perito clínico geral. O médico perito é profissional capacitado,<br />

podendo se pronunciar sobre qualquer patologia, em qualquer área médica. Além disso, a matéria foi suficientemente<br />

<strong>es</strong>clarecida pelo perito médico, não r<strong>es</strong>tando dúvidas quanto à capacidade da autora na data da realização do exame<br />

pericial.<br />

5. Em período anterior à data do exame pericial do juízo (17/12/2011), existem laudos médicos particular<strong>es</strong> (fls. 32/33, 57 e<br />

59 - datados de 01/12/2009, 29/07/2010 e 16/09/2010) que evidenciam ter havido incapacidade autoral decorrente da<br />

patologia classificada sob o CID-10: C 50.9 (neoplasia maligna da mama, não <strong>es</strong>pecificada) à época do indeferimento do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Tais documentos indicam que a parte autora <strong>es</strong>tava incapaz na época do requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo. Contudo, a perícia realizada em Juízo detectou que a m<strong>es</strong>ma não se encon<strong>tr</strong>ava incapaz para atividad<strong>es</strong><br />

laborativas. Den<strong>tr</strong>o de tal contexto, depreende-se que a autora sofreu um impedimento laborativo de curto prazo, o qual não<br />

gera direito à percepção do benefício de amparo social, por força do disposto no § 2º do artigo 20 da Lei 8.742/93 (§ 2o<br />

Para efeito de conc<strong>es</strong>são d<strong>es</strong>te benefício, considera-se p<strong>es</strong>soa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo<br />

prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obs<strong>tr</strong>uir sua<br />

participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condiçõ<strong>es</strong> com as demais p<strong>es</strong>soas)<br />

6. Em conclusão, a sentença há de ser mantida pelos seus próprios fundamentos.<br />

7. Recurso improvido. Sentença integralmente mantida.<br />

8. Custas ex lege. Sem honorários, visto que a parte autora goza da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

99 - 0002608-48.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.002608-5/01) EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS -<br />

ECT (ADVOGADO: ADRIANA ZAPALA RABELO, VINÍCIUS RIETH DE MORAES, MATHEUS GUERINE RIEGERT, JOSÉ<br />

OLIVEIRA DA SILVA.) x GABRIELE MONTENEGRO DA SILVA (ADVOGADO: ELIZETE PENHA DA LUZ.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2006.50.50.002608-5/01<br />

Recorrente: Empr<strong>es</strong>a Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT<br />

Recorrida: Gabriele Montenegro da Silva<br />

Relator: Juiz <strong>Federal</strong> Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

Relator para o acórdão: Juiz <strong>Federal</strong> BRUNO DUTRA<br />

2º Relator para o acórdão: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE


EMENTA<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS (ECT). REMESSA DE JÓIAS.<br />

AUSÊNCIA DE DECLARAÇÃO DE VALOR E DE CONTRATAÇÃO DE SEGURO. POSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO<br />

POR OUTROS MEIOS DE PROVA. JUROS DE MORA NA RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL. DATA DA<br />

CITAÇÃO. ISENÇÃO DE CUSTAS. DECRETO-LEI Nº 509/1969. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. A sentença julgou o pedido parcialmente procedente, condenando a ECT a pagar, a título de dano moral, R$<br />

4.200,00 (qua<strong>tr</strong>o mil e duzentos reais); bem como R$ 814,94 (oitocentos e quatorze reais e noventa e qua<strong>tr</strong>o centavos) a<br />

título de dano material. A ECT interpôs recurso inominado, alegando que: (a) o Juízo a quo se equivocou ao afirmar a não<br />

recepção do artigo 17 da Lei n.º 6.538/1978 em face da atual Constituição; (b) equivocou-se o Juízo a quo ao adotar o<br />

entendimento de que, optando por não declarar o valor e não pagar o r<strong>es</strong>pectivo seguro, seria viável utilizar de ou<strong>tr</strong>os meios<br />

de prova para demons<strong>tr</strong>ar o dano; assim ocorre porque existe a garantia constitucional da inviolabilidade do sigilo da<br />

corr<strong>es</strong>pondência, e tal garantia <strong>tr</strong>az conseqüências diretas no campo do direito probatório e da r<strong>es</strong>ponsabilidade civil. N<strong>es</strong>ta<br />

ótica, quaisquer meios de prova que não a declaração do conteúdo ou do valor, pelo remetente, “não passarão de mera<br />

suposição acerca do que foi postado” (fl. 227). (c) não há como indenizar dano material em face da ausência de declaração<br />

de valor e conteúdo; (d) a comprovação do dano e sua extensão é pr<strong>es</strong>suposto do dever de indenizar; como a recorrida não<br />

declarou o conteúdo e o valor do objeto postado, é inviável verificar prejuízo material e, por consectário, eventuais danos<br />

ex<strong>tr</strong>apa<strong>tr</strong>imoniais; logo, não há como fixar indenização por danos morais; (e) a fixação em nove salários mínimos é<br />

exagerada e provoca enriquecimento ilícito; (f) a sentença diverge da orientação dominante no STJ e dos demais Juizados<br />

Especiais Federais; (g) os juros de mora devem ter termo inicial a partir da citação, visto que se <strong>es</strong>tá no campo de<br />

inadimplemento con<strong>tr</strong>atual; (h) a EBCT é isenta de custas, a teor do disposto no artigo 12 do Decreto-Lei n.º 509/1969; (i) a<br />

expedição de ofícios para MPF, MPT, CNJ, D<strong>es</strong>embargador Coordenador dos Juizados da 2ª Região, CGU e Pr<strong>es</strong>idência<br />

da ECT pelo fato de a recorrente não ter manif<strong>es</strong>tado inter<strong>es</strong>se em conciliar e por sonegar aos client<strong>es</strong> informaçõ<strong>es</strong> sobre o<br />

serviço opcional de valor declarado “mos<strong>tr</strong>a-se sem qualquer pertinência para o caso em apreço, afigurando-se uso<br />

d<strong>es</strong>proporcional e d<strong>es</strong>medido, pelo e. magis<strong>tr</strong>ado, de suas funçõ<strong>es</strong> jurisdicionais.” (fl. 243). Razão pela qual requereu que a<br />

Turma “... suspenda a determinação do Juízo singular para sejam expedidos ofícios supraindicados,...” (fl. 245). O autor,<br />

intimado, apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 260-272.<br />

2. A interpretação adotada pelo Juízo de primeiro grau no que refere ao art. 17 da Lei 6.538/1978 não colide com a<br />

parte dispositiva (que é a que efetivamente produz coisa julgada material) do julgamento da ADPF n.º 46. Assim ocorre<br />

porque ali o STF apenas assentou sobre a constitucionalidade do regime de monopólio.<br />

3. Da ausência de declaração do conteúdo da mercadoria postada.<br />

3.1. A sentença adotou o posicionamento de que o mero fato da não declaração da mercadoria e o não pagamento<br />

do seguro são eventos que não inviabilizam a indenização pelo valor integral da mercadoria remetida e ex<strong>tr</strong>aviada;<br />

valoração que pode ser feita a partir de ou<strong>tr</strong>os meios de prova. Com efeito, o entendimento adotado pela sentença<br />

converge com o adotado no âmbito da Turma Nacional de Unificação – TNU, como se depreende do seguinte julgado:<br />

EMENTA CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ECT. EXTRAVIO DE CORRESPONDÊNCIA SEM CONTEÚDO DECLARADO.<br />

POSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO DO CONTEÚDO ATRAVÉS DE OUTRAS PROVAS ADMITIDAS EM DIREITO.<br />

IMPROVIMENTO DO INCIDENTE. 1. No caso dos autos, entenderam o Juiz monocrático e a Turma Recursal, a<strong>tr</strong>avés de<br />

análise do conjunto probatório constante dos autos, que, a d<strong>es</strong>peito da ausência de declaração de conteúdo, <strong>es</strong>taria<br />

devidamente demons<strong>tr</strong>ado que o objeto postado e ex<strong>tr</strong>aviado corr<strong>es</strong>ponderia, efetivamente, ao projetor que fora remetido<br />

ao autor por seu cunhado (que o adquiriu, em nome do demandante, e obteve o corr<strong>es</strong>pondente r<strong>es</strong>sarcimento em conta<br />

bancária). 2. D<strong>es</strong>tarte, o entendimento de que é incabível indenização por danos materiais em caso de ex<strong>tr</strong>avio de objeto<br />

postado sem declaração de conteúdo pode ser temperado, de maneira a se admitir que, quando comprovado o conteúdo da<br />

postagem por ou<strong>tr</strong>os meios admitidos em direito, é cabível a indenização. 3. Pedido de uniformização conhecido e<br />

improvido. (TNU – Proc<strong>es</strong>so PEDIDO 200584005066499 - PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI<br />

FEDERAL. Relator(a) JUÍZA FEDERAL JOANA CAROLINA LINS PEREIRA. Fonte DJ 25/02/2010).<br />

3.2. No julgado em primeiro grau, utilizou-se critério razoável para inferir o valor da mercadoria em qu<strong>es</strong>tão,<br />

concluindo que o dano material foi de R$ 814,94 (oitocentos e quatorze reais e noventa e qua<strong>tr</strong>o centavos). Todos os<br />

pontos do raciocínio do magis<strong>tr</strong>ado foram declinados na sentença objurgada, e nada há a corrigir na sentença sobre a<br />

qu<strong>es</strong>tão em exame, cuja fundamentação ora se adota.<br />

4. Por seu turno, a indenização a título de dano moral foi quantificada em R$ 4.200,00 (qua<strong>tr</strong>o mil e duzentos reais).<br />

O Juízo de primeiro grau utilizou a orientação do enunciado n.º 8 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do<br />

Rio de Janeiro (segundo a qual o valor da indenização é de até 20 salários mínimos para dano moral leve; de 20 a 40 para<br />

dano moral médio; e de 40 a 60 para dano moral grave). Considerou como leve o dano moral sofrido, fixando a indenização<br />

em patamar inferior a 20 salários mínimos. Assim, embora adequadamente explicitado o raciocínio adotado (fls. 216-217),<br />

convenho em dissentir, pontualmente, vale dizer, levando em conta a dinâmica da matéria fática e o grau da repercussão no<br />

âmbito subjetivo, considero razoável <strong>es</strong>tabelecer o valor da reparação a título de dano moral em R$ 2.500,00 (dois mil e<br />

quinhentos reais). Entendimento que prevaleceu apurando-se, in casu, o voto médio da composição da Turma. Vale dizer: o<br />

Juiz <strong>Federal</strong> BRUNO DUTRA votou no sentido de não ser cabível condenação a título de dano moral; o Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

PABLO COELHO CHARLES GOMES, para apenas reconhecer a isenção das custas proc<strong>es</strong>suais em prol da ECT; e o Juiz<br />

<strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE, no sentido apenas da redução do valor da condenação a título de dano moral.<br />

Esta a posição que, n<strong>es</strong>te caso, foi adotada como média en<strong>tr</strong>e os membros. Afora <strong>es</strong>se pormenor, encampa-se, quanto à<br />

matéria fático-jurídica, a fundamentação da sentença.<br />

5. Quanto aos juros de mora; no âmbito do dano material, a sentença fixou o termo inicial dos juros a contar da data<br />

da postagem da mercadoria; e o termo inicial para os juros em relação ao dano moral, a partir da prolação da sentença. Ou<br />

seja, adotou-se a data em que se supôs a ocorrência do fato ilícito. Não obstante, considerando <strong>es</strong>tar-se no campo da<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade civil con<strong>tr</strong>atual, o termo inicial dos juros de mora deve ser a data da citação (art. 219 do Código de


Proc<strong>es</strong>so Civil, em conjugação, a con<strong>tr</strong>ario sensu, com o enunciado da Súmula nº 54 do egrégio STJ. N<strong>es</strong>se pormenor, o<br />

recurso deve ser provido.<br />

6. Custas. Também deve ser acolhida a preliminar de equiparação da ECT à Fazenda Pública, no que tange à<br />

isenção das custas e prazos em dobro, de modo a garantir àquela as m<strong>es</strong>mas prerrogativas d<strong>es</strong>ta. N<strong>es</strong>se sentido:<br />

RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA. CONTRATO<br />

ADMINISTRATIVO. EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS. ISENÇÃO DE CUSTAS PROCESSUAIS.<br />

RECURSO PROVIDO. 1. O Decreto-Lei 509/69 dispõe sobre a <strong>tr</strong>ansformação dos Correios e Telégrafos em empr<strong>es</strong>a<br />

pública, <strong>es</strong>tabelecendo, em seu art. 12, que "a ECT gozará de isenção de direitos de importação de materiais e<br />

equipamentos d<strong>es</strong>tinados aos seus serviços, dos privilégios concedidos à Fazenda Pública, quer em relação a imunidade<br />

<strong>tr</strong>ibutária, direta ou indireta, impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, quer no concernente a foro, prazos e<br />

custas proc<strong>es</strong>suais". 2. Analisando a referida norma, o Plenário do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento do RE<br />

220.906/DF (Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ de 14.11.2002), consagrou entendimento no sentido de que a Constituição<br />

<strong>Federal</strong> de 1988 recepcionou o disposto no art. 12 do Decreto-Lei 509/69, o qual <strong>es</strong>tendeu à Empr<strong>es</strong>a Brasileira de Correios<br />

e Telégrafos - ECT - os privilégios conferidos à Fazenda Pública, en<strong>tr</strong>e el<strong>es</strong> os concernent<strong>es</strong> a foro, prazos e custas<br />

proc<strong>es</strong>suais. 3. A Lei 9.289/96, em seu art. 4º, I, dispõe que "são isentos de pagamento de custas: a União, os Estados, os<br />

Município, os Territórios Federais, o Dis<strong>tr</strong>ito <strong>Federal</strong> e as r<strong>es</strong>pectivas autarquias e fundaçõ<strong>es</strong>". Nota-se, pois, que a lei não<br />

<strong>es</strong>tendeu às empr<strong>es</strong>as públicas a prerrogativa de isenção de custas proc<strong>es</strong>suais. No entanto, <strong>tr</strong>ata-se de norma geral a<br />

r<strong>es</strong>peito da isenção de custas proc<strong>es</strong>suais no âmbito da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>. Por sua vez, o Decreto-Lei 509/69 é norma<br />

<strong>es</strong>pecial, aplicável <strong>es</strong>pecificamente à ECT, <strong>es</strong>tendendo-lhe os m<strong>es</strong>mos privilégios da Fazenda Pública, relativos à<br />

imunidade <strong>tr</strong>ibutária, à impenhorabilidade de seus bens, rendas e serviços, bem como a foro, prazos e custas proc<strong>es</strong>suais.<br />

E não há ainda, no ordenamento jurídico pá<strong>tr</strong>io, nenhuma norma <strong>es</strong>pecial que discipline em con<strong>tr</strong>ário a matéria. D<strong>es</strong>tarte,<br />

considerando que norma <strong>es</strong>pecial não pode ser revogada por norma geral, prevalece incólume o disposto no art. 12 do<br />

Decreto-Lei 509/69, isentando a ECT do recolhimento de custas proc<strong>es</strong>suais. 4. Ou<strong>tr</strong>ossim, como bem delineou o Ministério<br />

Público <strong>Federal</strong>, "o entendimento do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, sobre a isenção da ECT no pagamento de custas<br />

proc<strong>es</strong>suais, é posterior à publicação da Lei 9.289/1996, o que afasta, segundo o posicionamento da Suprema Corte, a<br />

alegação de que o Decreto-Lei 509/1969 teria sido revogado pela Lei 9.289/1996" (fl. 147). 5. Recurso <strong>es</strong>pecial<br />

provido. (RESP 200801984547, DENISE ARRUDA, STJ - PRIMEIRA TURMA, 01/12/2009)”<br />

7. Expedição de ofícios. O Juízo a quo já expediu os ofícios para as autoridad<strong>es</strong> referidas na sentença, por<br />

entender que os procurador<strong>es</strong> da ECT detêm autorização legal para <strong>tr</strong>ansigirem, mas não obstante, afirmam que a ECT não<br />

lh<strong>es</strong> confere poder para tanto. Segundo a empr<strong>es</strong>a pública recorrente, tal procedimento “mos<strong>tr</strong>a-se sem qualquer<br />

pertinência para o caso em apreço, afigurando-se uso d<strong>es</strong>proporcional e d<strong>es</strong>medido, pelo e. magis<strong>tr</strong>ado, de suas funçõ<strong>es</strong><br />

jurisdicionais.” (fl. 243). Razão pela qual requereu que a Turma “... suspenda a determinação do Juízo singular para sejam<br />

expedidos ofícios supraindicados,...” (fl. 245). O fato proc<strong>es</strong>sual da ausência de conciliação (não sendo de relevância o seu<br />

motivo) não se refere a uma matéria preliminar nem ao mérito da causa. No que refere a tal expedição de ofícios, não<br />

houve erro de procedimento, nem de julgamento. Se houve equívoco ou hipotético exc<strong>es</strong>so, cuida-se de matéria a ser<br />

r<strong>es</strong>olvida não em sede recursal, mas em ou<strong>tr</strong>a seara. Nada há, portanto, a deliberar no ponto.<br />

8. Recurso da ECT parcialmente provido para: (i) reduzir o valor a título de dano moral para R$ 2.500,00 (dois mil e<br />

quinhentos reais); (ii) reconhecer a isenção de custas proc<strong>es</strong>suais; e (iii) fixar a data da citação como termo inicial dos juros<br />

de mora da indenização pelo dano material.<br />

9. Custas inexigíveis. Sem honorários.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos<br />

Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO<br />

AO RECURSO, na forma do voto do 2º relator para o acórdão e da ementa constante dos autos, parte integrante do<br />

julgado.<br />

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator para o acórdão<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

100 - 0004411-95.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.004411-4/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER<br />

ALVES TUMOLI.) x EVANDRO FIGUEIREDO GONÇALVES (ADVOGADO: RAMON RAIMUNDO BATISTA DOS<br />

SANTOS.) x ELIZÂNGELA LIPAUS PEREIRA (ADVOGADO: RAMON RAIMUNDO BATISTA DOS SANTOS.) x OS<br />

MESMOS.<br />

EMENTA<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (CAIXA). CONTRATO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL<br />

(FIES). INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE REGISTRO DE CRÉDITO DO CONTRATANTE E DE SUA FIADORA.<br />

NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO DA FIADORA A RESPEITO DO INADIMPLEMENTO DO AFIANÇADO.<br />

DOCUMENTOS ANEXADOS PELA RÉ APÓS A SENTENÇA, MAIS DE UM ANO APÓS A CONTESTAÇÃO. PRECLUSÃO.<br />

RECURSO DA CAIXA PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DO COAUTOR IMPROVIDO.<br />

1. A sentença julgou o pedido do primeiro autor (con<strong>tr</strong>atante) improcedente; e julgou procedente o pedido da<br />

segunda autora (fiadora), fixando compensação, a título de danos morais, em R$20.400,00; condenou a CAIXA por


litigância de má-fé por deduzir pretensão con<strong>tr</strong>a texto expr<strong>es</strong>so de lei (art. 821, CC), bem como em 20% a título de<br />

honorários advocatícios.<br />

1.1. Após a sentença, a CAIXA acostou vários documentos alusivos à notificação da fiadora; e, depois, a CAIXA<br />

interpôs recurso inominado, requerendo a reversão da pena de litigância de má-fé; no que refere à notificação da fiadora<br />

sobre o débito do con<strong>tr</strong>atante, alegou que o fato de a informação à fiadora ser enviada pela credora direta ou pelo órgão de<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito é indiferente no que diz r<strong>es</strong>peito aos propósitos do artigo 821 do CC; afirmou que a juntada de<br />

documentos feita após a sentença se justifica em face “da maneira inusitada como se deu a ciência da nec<strong>es</strong>sidade de<br />

enfrentamento de complexidade relativa à natureza jurídica da mora; requereu que se considere como fato não provado a<br />

alegação autoral de que não recebera a devida notificação a r<strong>es</strong>peito do débito, em face da ausência de inversão de ônus<br />

da prova (que não fora requerida); caso se considere ser o caso de fixação de indenização, que se considere como leve a<br />

sua culpa, reduzindo a indenização para montant<strong>es</strong> compatíveis com a jurisprudência da própria turma.<br />

1.2. O primeiro autor, Evandro, também interpôs recurso inominado. Alegou o primeiro autor que em agosto de 2008<br />

recebeu telefonema do setor de cobrança da Caixa, informando a existência da dívida e que deveria comparecer a uma<br />

agência; procurou a agência 0590 em Campo Grande, Cariacica, onde chegou às 12h, mas não conseguiu obter<br />

informação; retornou no ou<strong>tr</strong>o dia e “recebeu a prom<strong>es</strong>ssa de que após 48 horas seria providenciada a retirada da r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição<br />

do nome...”; que tais fatos deixaram de ser apreciados na sentença; razão pela qual requereu a fixação de compensação<br />

em danos morais. A segunda autora, Elizangela, não apelou.<br />

2. Todo o relato que a petição inicial <strong>tr</strong>az com relação ao primeiro autor (Evandro, que obtivera o financiamento em<br />

seu favor) <strong>es</strong>tá a re<strong>tr</strong>atar um fato lícito: recebera telefonema a r<strong>es</strong>peito do débito e se dirigiu até uma agência da CAIXA<br />

para providenciar a retirada de seu nome de cadas<strong>tr</strong>o de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição. Como bem observou o Juízo a quo, com relação ao<br />

devedor principal não há nec<strong>es</strong>sidade de notificação. Eventual demora de atendimento nos dias em que o autor se dirigira à<br />

agência da Caixa não <strong>es</strong>tá a indicar a ocorrência de qualquer dano moral, visto que <strong>es</strong>te fato (e tão somente ele) é<br />

corriqueiro; e a inicial não imputa, com relação a Evandro, qualquer ou<strong>tr</strong>o evento a denotar a ocorrência de fato que vi<strong>es</strong>se<br />

a provocar ofensa à seu nome, sua imagem, dignidade ou honra; o mero fato da negativação de seu nome foi lícito, visto<br />

que <strong>es</strong>tava inadimplemente. Em conclusão, a sentença há de ser mantida com relação ao primeiro autor.<br />

3. Recurso da Caixa.<br />

3.1. Eis o que dispõe o artigo 821 do Código Civil: “Art. 821. As dívidas futuras podem ser objeto de fiança; mas o<br />

fiador, n<strong>es</strong>te caso, não será demandado senão depois que se fizer certa e líquida a obrigação do principal devedor.”<br />

3.2. Diferentemente do que afirmou a sentença, tal artigo não refere à qu<strong>es</strong>tão da mora (se ex re ou ex persona) em<br />

hipót<strong>es</strong>e de fiança. Refere apenas à possibilidade de se <strong>es</strong>tipular fiança relativamente a uma obrigação futura (cuja<br />

existência pode ou não se configurar), o que se con<strong>tr</strong>apõe a uma obrigação atual (ou seja, já existente); e na hipót<strong>es</strong>e de<br />

obrigação futura, após sua certeza (ou seja, após vir a existir), havendo mora do devedor principal, <strong>es</strong>tipula que o fiador<br />

somente poderá ser executado (“demandado”) se a obrigação do devedor principal já <strong>es</strong>tiver liquidada (ou seja: a execução<br />

do fiador supõe a liquidez da obrigação).<br />

3.3. A nec<strong>es</strong>sidade de se constituir o fiador em mora, por meio de notificação, não decorre do dispositivo<br />

mencionado. Ao revés, decorre implicitamente da cláusula final do artigo 818 do Código Civil, verbis: “Art. 818. Pelo con<strong>tr</strong>ato<br />

de fiança, uma p<strong>es</strong>soa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso <strong>es</strong>te não a cumpra.” D<strong>es</strong>ta<br />

cláusula final decorre que a fiança é, via de regra, subsidiária. Não obstante, o con<strong>tr</strong>ato pode dispor diferentemente e<br />

<strong>es</strong>tipular solidariedade en<strong>tr</strong>e devedor e fiador. A regra em qu<strong>es</strong>tão não é cogente, podendo o con<strong>tr</strong>ato dispor diversamente;<br />

com efeito, a dou<strong>tr</strong>ina pá<strong>tr</strong>ia admite que se <strong>es</strong>tipule solidariedade sem que haja d<strong>es</strong>naturação da fiança (n<strong>es</strong>se sentido é a<br />

lição de Maria Helena Diniz). N<strong>es</strong>te segundo caso, seria dispensável a notificação do fiador, visto que poderia o credor<br />

exigir a pr<strong>es</strong>tação do devedor-afiançado ou do devedor-fiador.<br />

3.4. Não se juntou aos autos o con<strong>tr</strong>ato principal, mas somente seu termo aditivo, que nada dispôs a r<strong>es</strong>peito, de<br />

modo que tenho de supor que a fiança segue a regra geral, ou seja, é subsidiária; há, pois, no caso concreto nec<strong>es</strong>sidade<br />

de o credor notificar o fiador acerca da inadimplência do devedor principal.<br />

3.5. Em suma, havia nec<strong>es</strong>sidade de que o fiador fosse formalmente informado (notificado) da inadimplência do devedor<br />

principal e exortado a cumprir a pr<strong>es</strong>tação por aquele inadimplida. Não obstante, visto que tal nec<strong>es</strong>sidade não decorre do<br />

dispositivo referido na sentença (art. 823, CC) é equivocada a t<strong>es</strong>e de que a ré teria incorrido na hipót<strong>es</strong>e do artigo 17, I, do<br />

CPC. Por tal razão, o recurso há de ser provido, quando pleiteia a reversão da pena de litigância de má-fé.<br />

3.6. Documentos juntados após a sentença.<br />

3.6.1. A notificação a r<strong>es</strong>peito da inadimplência do devedor principal pode ser encaminhada pelo órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao<br />

crédito em nome do credor (CAIXA) d<strong>es</strong>de que, obviamente, o faça ant<strong>es</strong> de efetivar a r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição cadas<strong>tr</strong>al. N<strong>es</strong>te sentido,<br />

procede a argumentação da recorrente; e os documentos que anexou tardiamente aparentemente indicam que o órgão de<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito efetivou tal notificação ant<strong>es</strong> de fazer a inserção do nome.<br />

3.6.2. Não obstante tal fato, operou-se a preclusão da faculdade da CAIXA juntar os documentos que anexou após a<br />

prolação da sentença. Poderia tê-los juntado anteriormente, sendo digno de nota que a CAIXA cont<strong>es</strong>tou a ação em<br />

19/01/09 e juntou tais documentos mais de um ano depois, em 10/02/10. Logo, tais documentos não serão considerados:<br />

deverão ser d<strong>es</strong>en<strong>tr</strong>anhados e grampeados à capa dos autos.<br />

3.6.3. Por força da d<strong>es</strong>consideração acima referida, NÃO há nos autos comprovação de que a CAIXA notificara a<br />

fiadora Elizangela acerca da inadimplência do devedor-principal Evandro (1º autor) ant<strong>es</strong> da efetivação da r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição<br />

cadas<strong>tr</strong>al ao seu nome em órgão de r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição ao crédito (SPC/Serasa).<br />

3.7. Em conclusão, persiste a obrigação de indenizar Elizangela por dano moral.<br />

3.7.1. Mensuração do dano. Conforme a orientação contida no enunciado n.º 8 da Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais do Rio de Janeiro, o valor da indenização é de até 20 salários mínimos para dano moral leve; de 20 a 40<br />

para dano moral médio; e de 40 a 60 para dano moral grave. Na petição inicial, a autora faz uma alegação genérica de que<br />

fora comprar um móvel e então d<strong>es</strong>cobriu que seu nome <strong>es</strong>tava inscrito no SPC; não se mencionou sequer o nome do<br />

<strong>es</strong>tabelecimento comercial onde houve o problema. A comprovação de que terceiros vieram a saber do fato seria difícil ou<br />

m<strong>es</strong>mo inviável de se efetivar. Den<strong>tr</strong>o de tal contexto, reputo como leve o dano moral sofrido por Elisângela, de modo que


eduzo a indenização ao patamar de 5 (cinco) salários mínimos, tomando por base o valor atualmente vigente.<br />

4. Recurso da CAIXA parcialmente provido, para: (i) excluir a condenação por litigância de má-fé, bem como seus<br />

consectários (condenação em honorários e custas); e (ii) reduzir a compensação devida a Elizângela para 5 salários<br />

mínimos, tendo por base o valor atualmente vigente, que deverá sofrer a incidência de juros de mora de 1% ao mês d<strong>es</strong>de<br />

a data do fato narrado na inicial (26/09/08). A partir da prolação d<strong>es</strong>ta sentença, deverá haver também a incidência de<br />

correção monetária (súmula 362 do STJ), além dos juros de mora. Contudo, em face da orientação recente da TNU no<br />

Pedido de Uniformização n.º 2008.71.63.004117-1, <strong>es</strong>tipulo que a partir da data da prolação da sentença deverá incidir,<br />

apenas, a Taxa Selic (cuja composição agrega juros e correção monetária, conforme orientação jurisprudencial pacífica).<br />

5. Recurso do autor Evandro improvido.<br />

6. Custas ex lege. Sem honorários.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos<br />

Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO<br />

AO RECURSO DA CAIXA, e em NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO DO PRIMEIRO AUTOR, na forma do voto/ementa<br />

constante dos autos que faz parte integrante do julgado.<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />

101 - 0001533-68.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.001533-3/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO<br />

PEREIRA CHAGAS, LEONARDO JUNHO GARCIA, SELCO DALTO.) x SERGIO BARBOSA JUNIOR (ADVOGADO:<br />

ALEXANDRE RABELLO DE FREITAS, ARY RABELO PAULUCIO.).<br />

E M E N T A<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – DESCONTOS EM<br />

FOLHA DE PAGAMENTO – PARCELAS NÃO DESCONTADAS POR CULPA DA CEF – INSCRIÇÃO INDEVIDA NA<br />

SERASA – DANO MORAL CONFIGURADO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela Caixa Econômica <strong>Federal</strong>, em face da sentença de fls. 83/89, que julgou<br />

parcialmente procedente os pedidos iniciais, condenando a CEF a pagar R$ 6.000,00 (seis mil reais) a título de danos<br />

morais. Aduz a CEF, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não cometeu qualquer ato ilícito, pois não foi de sua r<strong>es</strong>ponsabilidade a<br />

ocorrência do evento danoso e, por isso, requer a reforma da sentença para julgar improcedente o pedido de condenação<br />

em danos morais ou, se assim não for entendido, que o valor de tal condenação seja minorado. A parte autora apr<strong>es</strong>entou<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O autor firmou con<strong>tr</strong>ato de Empréstimo Consignação Caixa com a recorrente em fevereiro de 2005 (fls. 13/17), com a<br />

autorização de que a convenente/empregador (no caso, a Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim), d<strong>es</strong>contasse<br />

em folha de pagamento as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> devidas.<br />

3. O autor foi informado de que a primeira parcela do citado con<strong>tr</strong>ato seria d<strong>es</strong>contada em março/2005. Não sendo<br />

d<strong>es</strong>contada a primeira parcela na data informada, o recorrido en<strong>tr</strong>ou em contato com a recorrente, sendo-lhe informado que<br />

era normal <strong>es</strong>te a<strong>tr</strong>aso e que no próximo mês viria o d<strong>es</strong>conto. No mês de abril não houve d<strong>es</strong>conto novamente e, em<br />

contato com a Caixa, recebeu a m<strong>es</strong>ma informação do mês anterior. Assim perdurou até o mês de junho, quando o autor<br />

recebeu uma carta de solicitação para comparecer na Caixa.<br />

4. Ainda conforme o autor, ao comparecer na CEF, uma funcionária do banco en<strong>tr</strong>ou em contato com uma funcionária da<br />

Prefeitura, que lhe informou não ter recebido o con<strong>tr</strong>ato para realizar os d<strong>es</strong>contos regularmente. O con<strong>tr</strong>ato só teria sido<br />

enviado em 08 de junho à Prefeitura, iniciando-se os d<strong>es</strong>contos.<br />

5. Na Caixa, o autor tentou quitar as duas parcelas em aberto, sendo proposta uma renegociação que, no entender do<br />

autor, era d<strong>es</strong>vantajosa, já que não teria dado causa ao a<strong>tr</strong>aso. Em decorrência d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> fatos, o nome do autor foi inscrito na<br />

SERASA, tendo havido suc<strong>es</strong>sivas inscriçõ<strong>es</strong> ao longo de 22 m<strong>es</strong><strong>es</strong> (julho de 2005 a abril de 2007 – fl. 69), causando-lhe<br />

diversos prejuízos, pois ficou sem crédito nenhum durante <strong>es</strong>te período, além de todo o cons<strong>tr</strong>angimento de ser visto como<br />

mau pagador.<br />

6. Em audiência, o autor pr<strong>es</strong>tou seu depoimento, confirmando todos os fatos narrados por ele na inicial. Disse que sempre<br />

procurou a CEF, sem nenhuma r<strong>es</strong>posta e que, quando foi quitar as duas primeiras parcelas, a recorrente queria cobrar<br />

juros e correção. A primeira t<strong>es</strong>temunha, preposta da CEF, afirmou que se não houver repasse do convenente para a CEF,<br />

as parcelas do con<strong>tr</strong>ato ficam em aberto; que não há inclusão de con<strong>tr</strong>atos no sistema sem averbação da convenente e que<br />

<strong>es</strong>ta averbação só é feita se a CEF encaminhar o con<strong>tr</strong>ato para a convenente; que não tem conhecimento nenhum do<br />

pr<strong>es</strong>ente caso, <strong>es</strong>pecificamente. A segunda t<strong>es</strong>temunha, uma funcionária da Prefeitura, confirmou a versão do autor,<br />

dizendo que a CEF não tinha enviado o con<strong>tr</strong>ato e, por isso, não houve o d<strong>es</strong>conto das parcelas em folha de pagamento;<br />

disse que, se a CEF tiv<strong>es</strong>se enviado o con<strong>tr</strong>ato, teria que ter uma cópia do m<strong>es</strong>mo, indicando ter sido recebido; afirmou que<br />

o con<strong>tr</strong>ato só foi enviado no mês de junho ou julho/2005. A terceira t<strong>es</strong>temunha, colega de <strong>tr</strong>abalho do recorrido, afirmou<br />

que um banco ligava direto para o <strong>tr</strong>abalho, querendo falar com o autor.<br />

7. Diante dos fatos, conclui-se que o autor não <strong>es</strong>teve em mora relativamente às duas primeiras parcelas do con<strong>tr</strong>ato e,<br />

assim, não poderiam ter sido cobrado juros e correção, nem muito menos ter seu nome inscrito junto à SERASA. R<strong>es</strong>tou


comprovado que a culpa do evento danoso foi da Caixa, pois ela não enviou o con<strong>tr</strong>ato à Prefeitura para que houv<strong>es</strong>se os<br />

devidos d<strong>es</strong>contos em folha de pagamento. Também r<strong>es</strong>tou <strong>es</strong>clarecido que, posteriormente, a CEF reconheceu o erro,<br />

depois de um ano, realocando as duas pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> iniciais ao final do prazo, com o d<strong>es</strong>conto regular no con<strong>tr</strong>acheque do<br />

recorrido, no valor original.<br />

8. O valor do dano moral arbi<strong>tr</strong>ado na sentença <strong>es</strong>tá em conformidade com a pr<strong>es</strong>ente situação, pois levou em<br />

consideração a culpa da CEF e a quantidade de tempo em que o nome do recorrido <strong>es</strong>teve inscrito indevidamente na<br />

SERASA, sendo aplicado um dano moral leve, que foi arbi<strong>tr</strong>ado den<strong>tr</strong>o dos parâme<strong>tr</strong>os do Enunciado nº 08 das Turmas<br />

Recursais do Rio de Janeiro.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

10. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

102 - 0002266-63.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002266-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ROSILENE SILVA DE SOUZA (ADVOGADO: LILIAN BELISARIO<br />

DOS SANTOS.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0002266-63.2008.4.02.5051/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RECORRIDO: ROSILENE SILVA DE SOUZA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE SALÁRIO-MATERNIDADE – RURAL – NÃO<br />

COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE LABORAL EXERCIDA PELA SEGURADA PELO PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO<br />

(10 MESES) – AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA<br />

REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

103 - 0000677-90.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000677-3/01) JOAQUINA MARIA DA SILVA (ADVOGADO: FABIANO<br />

ODILON DE BESSA LURETT, ALMIR MELQUIADES DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº 000677-90.2009.4.02.5054/01<br />

RECORRENTE: JOAQUINA MARIA DA SILVA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINDADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE – RURAL – QUALIDADE DE


SEGURADO ESPECIAL NÃO COMPROVADA – AUSÊNCIA DE ATIVIDADE RURAL EM REGIME DE ECONOMIA<br />

FAMILIAR – SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a a sentença de fl. 69/71 que julgou<br />

improcedente o pedido de aposentadoria rural por idade da autora. Em suas razõ<strong>es</strong> (fls. 119/122), a recorrente sustenta que<br />

possui direito ao benefício de aposentadoria por idade, pois teria comprovado o exercício de atividade rural, em regime de<br />

economia familiar, pelo período de carência exigido por lei. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 72/82.<br />

Em primeiro lugar, é importante r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 143 da Lei nº 8.213/91, o <strong>tr</strong>abalhador rural referido na<br />

alínea “a” dos incisos I e IV, e nos incisos VI e VII do art. 11 da m<strong>es</strong>ma lei, além de comprovar a idade mínima (55<br />

anos/mulher) deve comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período<br />

imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente<br />

à carência do benefício postulado. Para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser<br />

comprovado ao menos por início de razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º<br />

da Lei nº 8.213/91. No entanto, levando-se em conta as condiçõ<strong>es</strong> em que são exercidas as atividad<strong>es</strong> rurícolas, não se<br />

deve exigir rigor ex<strong>tr</strong>emo na comprovação d<strong>es</strong>te <strong>tr</strong>abalho, que é exercido em regime de economia familiar na forma do art.<br />

11, inciso VII, § 1º da Lei nº 8.213/91.<br />

Nos termos da jurisprudência consolidada na Turma Nacional de Uniformização, para fins de obtenção de aposentadoria<br />

rural por idade, além dos requisitos da idade e do tempo de serviço, exige a lei a comprovação do exercício do labor rural<br />

no período imediatamente anterior ao implemento da idade ou ao requerimento do benefício. A parte autora completou 55<br />

anos em 1994, devendo preencher, assim, o período de carência de 72 m<strong>es</strong><strong>es</strong> (6 anos), nos termos do art. 142 da Lei nº<br />

8.213/91.<br />

A título de início de prova material, a recorrente colacionou aos autos os seguint<strong>es</strong> documentos: certidão de casamento<br />

constando seu marido como lavrador (fl.14) e documentação referente à filiação dele ao Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong><br />

Rurais (fls. 16/18). Contudo, o INSS alega que a autora não é <strong>tr</strong>abalhadora rural, pois seu marido manteve vários vínculos<br />

como <strong>tr</strong>abalhador urbano en<strong>tr</strong>e os anos de 1989 e 1998, percebendo aposentadoria na qualidade de comerciário d<strong>es</strong>de<br />

1995.<br />

Ap<strong>es</strong>ar do acervo documental repr<strong>es</strong>entar início de prova material acerca do <strong>tr</strong>abalho rural, a autora não logrou êxito em<br />

comprovar o exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo período de carência exigido por lei, pois o seu<br />

depoimento p<strong>es</strong>soal e a prova t<strong>es</strong>temunhal não corroboraram suficientemente a prova material. Em seu depoimento, a<br />

parte autora relatou que “<strong>tr</strong>abalhou por muitos anos como rural, nas terras do Sr. Gustavo e do Sr. Agenor, e que depois se<br />

mudou para Vitória com o <strong>es</strong>poso, o qual foi <strong>tr</strong>abalhar como vigia. Afirmou que durante os vinte anos que permaneceu em<br />

Vitória não possuiu nenhum vínculo empregatício nem urbano e nem rural, aduzindo ter retornado há cerca de cinco anos<br />

para roça, <strong>tr</strong>abalhando como meeira nas terras de seu filho”.<br />

Conforme r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ado, a autora morou em Vitória, sem exercer atividade rural no período de 1985 a 2005, de modo<br />

que não mais laborava no meio rural ao completar o requisito etário. Assim, por ter a recorrente permanecido por um longo<br />

período afastada da atividade rural, entendo que ficou d<strong>es</strong>caracterizado o conceito de segurada <strong>es</strong>pecial. D<strong>es</strong>se modo, não<br />

ficou comprovado que a autora laborou em regime de economia familiar pelo período de carência exigido.<br />

Por fim, ad argumentandum, nas assiste razão à recorrente ao sustentar que, se considerado apenas o lapso temporal<br />

anterior à sua ida para a zona urbana, já haveria direito ao benefício. Isto porque tal período não pode ser considerado para<br />

efeito de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade, visto que houve interrupção da atividade rural por período superior a 3<br />

(<strong>tr</strong>ês) anos, o que acarretou a perda da qualidade de segurado. N<strong>es</strong>se sentido tem se manif<strong>es</strong>tado a TNU:<br />

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL.<br />

INTERCALAÇÃO COM ATIVIDADE URBANA. ART. 143 DA LEI Nº 8.213/91. 1. Para fins de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria<br />

por idade rural, a d<strong>es</strong>continuidade admitida pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91 é aquela que não importa em perda da condição<br />

de segurado rural, ou seja, é aquela em que o exercício de atividade urbana de forma intercalada não supera o período de 3<br />

(<strong>tr</strong>ês) anos. 2. Caso em que o período de atividade urbana foi exercido por mais de 8 (oito) anos (de 1989 a 1997), não<br />

tendo sido comprovado que, no período imediatamente anterior ao requerimento (1999), a autora tenha d<strong>es</strong>empenhado<br />

atividade rurícola pelo período de carência previsto no art. 142 da Lei nº 8.213/91 para o ano em que completou a idade<br />

(1999): 108 m<strong>es</strong><strong>es</strong> ou 9 anos, ou seja, d<strong>es</strong>de 1990. 3. Aposentadoria por idade rural indevida. 4. Pedido de uniformização<br />

improvido.<br />

(PEDILEF 200783045009515, JUÍZA FEDERAL JACQUELINE MICHELS BILHALVA, TNU - Turma Nacional de<br />

Uniformização, DJ 13/10/2009.)<br />

Em suma, não comprovado o exercício de labor rural em regime de economia familiar pelo período de carência exigido<br />

r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrente não faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita<br />

deferida à fl. 83, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

104 - 0000305-03.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000305-1/01) NICY SILVARES MACIEL (ADVOGADO: CLÁUDIO LÉLIO<br />

DOS ANJOS, PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: JOSE APARECIDO BUFFON.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000305-03.2009.4.02.5003/01<br />

RECORRENTE: NICY SILVARES MACIEL<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL – NÃO<br />

COMPROVAÇÃO DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL PELO PERÍODO EQUIVALENTE À CARÊNCIA DO<br />

BENEFÍCIO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente em face da sentença de fls. 64/67 que julgou<br />

improcedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, alega a autora que<br />

sempre exerceu labor rural em regime de economia familiar, tendo <strong>tr</strong>azido aos autos início razoável de prova material.<br />

Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> à fl.76.<br />

Em primeiro lugar, é importante r<strong>es</strong>saltar que nos termos do art. 39, I, da Lei 8.213/91, para fins de recebimento de<br />

aposentadoria rural por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial previsto no inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade<br />

mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do artigo 48, § 1º do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve demons<strong>tr</strong>ar o<br />

efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do<br />

benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, a prova material cinge-se à certidão de casamento da autora, realizado em 1965, com a informação de<br />

que seu marido era lavrador (fl. 17). Há que se r<strong>es</strong>saltar que a própria autora afirma <strong>es</strong>tar separada de fato há,<br />

aproximadamente, 15 (quinze) anos. Diante disso, percebe-se que não há início de prova material contemporânea ao<br />

período que se pretende comprovar.<br />

Nos termos do art. 55, § 3°, da Lei nº 8.213/91, a comprovação do exercício de qualquer atividade abrangida pelo RGPS,<br />

inclusive a atividade rural, depende de prova material, cabendo à prova t<strong>es</strong>temunhal apenas a complementação daquela<br />

prova. No pr<strong>es</strong>ente caso, a parte autora não juntou aos autos prova material suficiente a comprovar a sua qualidade de<br />

segurada <strong>es</strong>pecial, visto que, o único documento que relaciona a recorrente ao labor rural faz referência a uma época muito<br />

remota. Diante da insuficiência de provas, fica evidente que a recorrente não logrou êxito em comprovar a sua qualidade de<br />

segurada <strong>es</strong>pecial rural, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado, tendo em vista que, a prova t<strong>es</strong>temunhal por si só<br />

não tem o condão de configurar a qualidade de rurícola da autora (súmula 149 do STJ).<br />

D<strong>es</strong>se modo, entendo que diante da insuficiência de prova material contemporânea aos fatos, a recorrente não logrou êxito<br />

em comprovar a sua qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial rural pelo período de carência exigido em lei, não fazendo jus,<br />

portanto ao benefício pleiteado.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência<br />

judiciária gratuita à fl. 35, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 55, caput, da Lei<br />

9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais


da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

105 - 0000126-76.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000126-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x EVA ANTONIA DE JESUS (ADVOGADO: ANTONIO HERMELINDO<br />

RIBEIRO NETO, ROBNEI BATISTA DE BARROS.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N°.0000126-76.2010.4.02.5054/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): EVA ANTONIA DE JESUS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADA ESPECIAL –<br />

INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADA POR PROVA TESTEMUNHAL – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 58/60, que julgou<br />

procedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, a autarquia<br />

previdenciária alega que não r<strong>es</strong>tou comprovado nos autos o efetivo exercício de atividade rural pelo tempo equivalente à<br />

carência exigida para o benefício, conforme disposto no art. 142 da Lei nº 8.213/91. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 77/79.<br />

Deve-se r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por<br />

idade, o segurado <strong>es</strong>pecial do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60<br />

anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do artigo 48, § 1º, do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve comprovar o efetivo exercício de atividade<br />

rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao<br />

número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />

Visando o reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início de razoável<br />

prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei 8213/91, e, para que tal atividade se<br />

enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família seja indispensável à<br />

própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua<br />

dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 da supracitada lei. Vale<br />

mencionar que o inciso VII do artigo 11 da Lei 8213/91 permite que a atividade rural seja exercida individualmente.<br />

No caso sob exame, o ponto con<strong>tr</strong>overtido envolve, tão somente, a suposta ausência de comprovação de exercício de<br />

atividad<strong>es</strong> rurais em regime de economia familiar por período equivalente à carência do benefício. Ocorre que, em análise<br />

do caderno proc<strong>es</strong>sual, entendo que os elementos de prova produzidos nos autos revelam-se suficient<strong>es</strong> à demons<strong>tr</strong>ação<br />

da condição de segurada <strong>es</strong>pecial da parte recorrida e do efetivo d<strong>es</strong>empenho de labor rural pelo tempo exigido em lei.<br />

Com efeito, os documentos anexados aos autos compõem início razoável de prova material do <strong>tr</strong>abalho no campo, den<strong>tr</strong>e<br />

os quais podem ser citados: i) certidõ<strong>es</strong> de nascimento de seus seis filhos, mencionando que seu <strong>es</strong>poso exercia a<br />

profissão de lavrador (fl. 15/20); ii) con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola tendo a autora como parceira outorgada, com início em<br />

04/04/2008 e vencimento em 30/07/2011, mencionando ainda que a autora já mantinha parceria agrícola d<strong>es</strong>de abril de<br />

1999 (fl. 28/32); iii) fichas de ma<strong>tr</strong>icula <strong>es</strong>colar dos seis filhos da autora, das décadas de 80 e de 90, com a qualificação<br />

profissional de seu <strong>es</strong>poso como <strong>tr</strong>abalhador rural (fls. 35/42); e iv) ficha da Secretaria Municipal de Saúde de Barra de São<br />

Francisco – ES, referente ao ano de 2001, mencionando como profissão da autora a de lavradora (fl.34).<br />

É pr<strong>es</strong>cindível que o início de prova material seja contemporâneo de todo o período con<strong>tr</strong>overtido, d<strong>es</strong>de que a prova<br />

t<strong>es</strong>temunhal <strong>es</strong>tenda a sua eficácia probatória. A Súmula nº 14 da TNU, n<strong>es</strong>se sentido, permite a ampliação dos efeitos<br />

probatórios da prova material pela prova t<strong>es</strong>temunhal, salvo em caso de con<strong>tr</strong>adição, imprecisão ou inconsistência en<strong>tr</strong>e os<br />

depoimentos colhidos e os documentos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos. No caso sob exame, a prova t<strong>es</strong>temunhal foi unânime em<br />

afirmar que a autora exerceu labor rural pelo período nec<strong>es</strong>sário à conc<strong>es</strong>são do benefício em regime de economia familiar.<br />

D<strong>es</strong>ta feita, considerando que a prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos confirma o início de prova material, entendo<br />

comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.<br />

Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142 da<br />

Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em<br />

10 % (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

106 - 0000001-11.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000001-3/01) EDNÉIA HARTUICH DE MOURA (ADVOGADO: ROBNEI<br />

BATISTA DE BARROS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE<br />

VIEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000001-11.2010.4.02.5054/01<br />

RECORRENTE: EDNÉIA HARTUICH DE MOURA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />

DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – ATIVIDADE URBANA EXERCIDA PELO CÔNJUGE<br />

DA AUTORA RESPONSÁVEL PELA MANUTENÇÃO DO GRUPO FAMILIAR – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –<br />

SENTENÇA MANTIDA<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença fls. 104/106, que julgou<br />

improcedente o pedido inicial de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, alega a autora que o<br />

fato de seu marido laborar no meio urbano não d<strong>es</strong>caracterizaria a sua condição de segurada <strong>es</strong>pecial, visto que jamais se<br />

afastou da roça, permanecendo no campo até os dias atuais. Ademais, sustenta a autora que existe nos autos prova<br />

robusta no sentido de comprovar o efetivo exercício do <strong>tr</strong>abalho rural pelo tempo exigido em lei. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />

131/132.<br />

2. É importante r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural<br />

por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60<br />

anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do artigo 48, § 1º do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve comprovar o efetivo exercício de atividade<br />

rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao<br />

número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />

3. Visando o reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início de<br />

razoável prova material contemporânea dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei nº 8.213/91 e, para que tal atividade se<br />

enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família seja indispensável à<br />

própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua<br />

dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 do m<strong>es</strong>mo diploma legal.<br />

4. No caso em tela, o ponto con<strong>tr</strong>overtido cinge-se a se aferir se a renda obtida a<strong>tr</strong>avés do <strong>tr</strong>abalho rural da autora é<br />

<strong>es</strong>sencial à manutenção da família, tendo em vista que há nos autos suficiente início de prova material do direito alegado.<br />

5. Como é sabido o d<strong>es</strong>empenho de atividade urbana por um membro do grupo familiar não constitui, por si só, óbice à<br />

demons<strong>tr</strong>ação da condição de segurado <strong>es</strong>pecial por ou<strong>tr</strong>o componente da família, d<strong>es</strong>de que, a renda advinda da<br />

agricultura seja indispensável ao sustento do lar. Diante disso, após análise do caderno proc<strong>es</strong>sual, verificou-se que, não<br />

obstante haver indícios de efetivo labor rural por parte da recorrente, o d<strong>es</strong>envolvimento da referido labor camp<strong>es</strong>ino não<br />

pode ser caracterizado como atividade rural em regime de economia familiar, tendo em vista que a renda auferida pelo seu<br />

<strong>es</strong>poso mos<strong>tr</strong>ou-se a r<strong>es</strong>ponsável pela manutenção da família, o que d<strong>es</strong>autoriza o deferimento do benefício previdenciário<br />

de aposentadoria rural por idade.<br />

6. Com efeito, os elementos de prova produzidos nos autos revelaram que o <strong>es</strong>poso da autora, além de se encon<strong>tr</strong>ar<br />

aposentado na condição de comerciário, percebendo um valor de um salário mínimo, possui uma barbearia onde aufere<br />

uma renda mensal de, aproximadamente R$ 500,00 reais, conforme informação pr<strong>es</strong>tada pela parte autora em seu<br />

depoimento p<strong>es</strong>soal. D<strong>es</strong>sa forma, observa-se, claramente, que o labor rural não era indispensável à manutenção da<br />

família, já que o que mantinha o grupo familiar era a renda auferida pelo cônjuge da autora.<br />

7. Finalmente, d<strong>es</strong>taco que a prova t<strong>es</strong>temunhal colhida em audiência (CD-R de áudio – fl.107), quando analisada em<br />

cotejo com os demais documentos colacionados aos autos, não se revelou suficiente a at<strong>es</strong>tar, de maneira peremptória, a<br />

indispensabilidade do labor rural exercido pela autora. Pelo con<strong>tr</strong>ário. Em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, a parte autora afirmou<br />

que a principal fonte de renda familiar advém do labor urbano exercido pelo seu <strong>es</strong>poso na barbearia e dos proventos<br />

previdenciários que o m<strong>es</strong>mo percebe (aposentadoria), haja vista que a sua agricultura é de subsistência.<br />

8. Assim, considerando que o grupo familiar da parte recorrente é composto apenas por ela e seu marido, entende-se que o<br />

<strong>tr</strong>abalho no campo perdeu seu caráter de <strong>es</strong>sencialidade na renda da família. Logo, a percepção do benefício de


aposentadoria rural por idade perderia seu caráter de natureza alimentar e passaria a ser utilizado como complemento à<br />

renda da família, se d<strong>es</strong>virtuando da função para a qual foi instituído.<br />

9. Por todo o exposto, r<strong>es</strong>tou comprovado que a recorrente não faz jus ao recebimento de aposentadoria rural por idade, na<br />

qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

11. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerando-se a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência<br />

judiciária gratuita à fl. 84, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

107 - 0000177-93.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000177-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ANA RAMOS TRINDADE (ADVOGADO: MARIA REGINA COUTO<br />

ULIANA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000177-93.2010.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): ANA RAMOS TRINDADE<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />

INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – EFICÁCIA DA PROVA DOCUMENTAL<br />

ESTENDIDA PELA PROVA ORAL – LABOR EXERCIDO EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR - INDISPENSABILIDADE<br />

DO LABOR RURAL COMPROVADA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 89/96, que julgou<br />

procedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, aduz o INSS que o fato<br />

do <strong>es</strong>poso da autora se encon<strong>tr</strong>ar aposentado na condição de indus<strong>tr</strong>iário impede que a m<strong>es</strong>ma seja considerada segurada<br />

<strong>es</strong>pecial. Ademais, alega que as provas produzidas nos autos não são suficient<strong>es</strong> para a comprovação do exercício de<br />

atividade rural, conforme a lei previdenciária aplicada ao caso. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 105/114.<br />

Nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial<br />

do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do<br />

artigo 48, § 1º, do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve demons<strong>tr</strong>ar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado. Vale mencionar que o inciso VII do artigo 11 da supracitada<br />

lei permite que a atividade rural seja exercida individualmente.<br />

Frise-se que, conforme orientação sedimentada no enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional de Uniformização, a<br />

comprovação da condição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou ou<strong>tr</strong>o documento que evidencie a<br />

condição de <strong>tr</strong>abalhador rural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de prova material. É<br />

exatamente o que ocorre in casu.<br />

Para a comprovação da atividade rural, a título de início de prova material, a autora juntou aos autos os seguint<strong>es</strong><br />

documentos: i) certidão de casamento com o regis<strong>tr</strong>o da profissão do marido como lavrador, realizado em 1978 (fls. 16); ii)<br />

con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola celebrado pela autora, com início em 16/11/2004 e vencimento em 16/11/2009, contendo<br />

ainda cláusula re<strong>tr</strong>oativa ao ano de 1990 (fls. 19/21); iii) fichas de atendimento médico ambulatorial, dos anos de 2000 e<br />

2006, onde a autora é classificada como lavradora (fls. 38/39); iv) fichas de ma<strong>tr</strong>ícula <strong>es</strong>colar dos filhos da autora,<br />

referent<strong>es</strong> aos anos de 1986, 1992 e 2000, constando como profissão da m<strong>es</strong>ma a de lavradora (fls. 40/42); v) en<strong>tr</strong>evista<br />

rural, realizada em 10/12/2009, onde o INSS reconhece a qualidade de segura <strong>es</strong>pecial da autora em regime de economia<br />

familiar (fls. 45/46); e vi) termo de homologação de atividade rural, onde a autarquia previdenciária homologou o período de<br />

01/02/1990 a 10/05/2000 (fl. 56).


A prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fl.88) confirmou que a recorrida sempre <strong>tr</strong>abalhou no campo<br />

com o auxílio de seu marido e, após o divórcio, com a ajuda de seus familiar<strong>es</strong> e filhos, comprovando, assim, o labor rural<br />

exercido em regime de economia familiar pela m<strong>es</strong>ma.<br />

Diante disso, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova t<strong>es</strong>temunhal,<br />

proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada <strong>es</strong>pecial. Aliás, é pr<strong>es</strong>cindível que o início de prova<br />

material seja contemporâneo de todo o período con<strong>tr</strong>overtido, d<strong>es</strong>de que a prova t<strong>es</strong>temunhal <strong>es</strong>tenda a sua eficácia<br />

probatória. A Súmula nº 14 da TNU, n<strong>es</strong>se sentido, permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela<br />

prova t<strong>es</strong>temunhal, salvo em caso de con<strong>tr</strong>adição, imprecisão ou inconsistência en<strong>tr</strong>e os depoimentos colhidos e os<br />

documentos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos. D<strong>es</strong>ta feita, considerando que a prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos confirma o início<br />

de prova material, de modo a abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo<br />

comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.<br />

No que tange ao fato do ex-<strong>es</strong>poso da autora ter exercido labor urbano, d<strong>es</strong>taco que a TNU tem decidido que o regime de<br />

economia familiar somente r<strong>es</strong>tará d<strong>es</strong>caracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício originário<br />

de labor urbano for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, em ou<strong>tr</strong>os<br />

termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família (Súmula nº 41 da TNU).<br />

N<strong>es</strong>se passo, entendo que a aposentadoria percebida pelo ex-marido da autora não prejudica o reconhecimento da<br />

qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial, já que, além de perceber parcos rendimentos, r<strong>es</strong>tou assente pelas t<strong>es</strong>temunhas que a<br />

autora sobrevivia do <strong>tr</strong>abalho rurícola. Ademais a autora se encon<strong>tr</strong>a separada de seu marido, conforme comprovado em<br />

audiência, há aproximadamente 11 anos. D<strong>es</strong>tarte, conclui-se que o <strong>tr</strong>abalho no campo exercido pela autora era<br />

indispensável para a manutenção da família, tendo em vista que ela nunca se afastou do campo, m<strong>es</strong>mo tendo seu<br />

ex-<strong>es</strong>poso exercido atividade urbana.<br />

Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142 da<br />

Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10 % (dez<br />

por cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

108 - 0000974-06.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000974-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x LOURDES LOPES CRISPIM (ADVOGADO:<br />

AMANDA MACEDO TORRES MOULIN OLMO, MARIA ISABEL PONTINI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000974-06.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): LOURDES LOPES CRISPIM<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />

INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – LABOR EXERCIDO EM REGIME DE<br />

ECONOMIA FAMILIAR - INDISPENSABILIDADE DO LABOR RURAL COMPROVADA - RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 87/95, que julgou<br />

procedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, aduz o INSS que a<br />

renda r<strong>es</strong>ponsável pela manutenção do grupo familiar da autora não advinha do exercício do labor rural em regime de<br />

economia familiar e sim da pensão por morte percebida pela m<strong>es</strong>ma d<strong>es</strong>de 1990. Ademais, alega a autarquia previdenciária<br />

que o fato de o marido da autora ter exercido labor urbano até 2006 d<strong>es</strong>caracteriza a sua qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial.<br />

Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.110/114.


Nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial<br />

do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do<br />

artigo 48, § 1º, do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve demons<strong>tr</strong>ar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado. Vale mencionar que o inciso VII do artigo 11 da supracitada<br />

lei permite que a atividade rural seja exercida individualmente.<br />

Para a comprovação da atividade rural, a título de início de prova material, a autora juntou aos autos os seguint<strong>es</strong><br />

documentos: i) certidão de casamento com o regis<strong>tr</strong>o da profissão do marido como lavrador, realizado em 1978 (fls. 17); ii)<br />

carteirinha do Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Nova Venécia e Vila do Pavão, com admissão em 25/10/2002 (fl. 30);<br />

iii) comprovant<strong>es</strong> de pagamento das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> sindicais, em nome da autora, referente as anos de 2002, 2003,<br />

1996,1997 (fl. 30 e 55); iv) fichas de atendimento médico ambulatorial, do ano de 2003, onde a autora é classificada como<br />

lavradora (fls. 46); e v) termo de homologação de atividade rural, onde a autarquia previdenciária homologou o período de<br />

25/10/2002 a 08/11/2007 (fl. 51).<br />

A prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fl.86) confirmou que a recorrida sempre <strong>tr</strong>abalhou no campo de<br />

forma individual, nunca tendo se afastado das atividad<strong>es</strong> rurais. A segunda t<strong>es</strong>temunha, o Sr. João Canuto Sobrinho,<br />

afirmou que conhece a autora d<strong>es</strong>de pequena e que a m<strong>es</strong>ma sempre <strong>tr</strong>abalhou na roça, <strong>es</strong>tando, atualmente, laborando<br />

em seu próprio sítio que foi objeto de herança.<br />

Diante disso, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova t<strong>es</strong>temunhal,<br />

proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada <strong>es</strong>pecial. Aliás, é pr<strong>es</strong>cindível que o início de prova<br />

material seja contemporâneo de todo o período con<strong>tr</strong>overtido, d<strong>es</strong>de que a prova t<strong>es</strong>temunhal <strong>es</strong>tenda a sua eficácia<br />

probatória. A Súmula nº 14 da TNU, n<strong>es</strong>se sentido, permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela<br />

prova t<strong>es</strong>temunhal, salvo em caso de con<strong>tr</strong>adição, imprecisão ou inconsistência en<strong>tr</strong>e os depoimentos colhidos e os<br />

documentos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos. D<strong>es</strong>ta feita, considerando que a prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos confirma o início<br />

de prova material, de modo a abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo<br />

comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.<br />

No que tange ao fato do ex-<strong>es</strong>poso da autora ter exercido labor urbano, d<strong>es</strong>taco que a TNU tem decidido que o regime de<br />

economia familiar somente r<strong>es</strong>tará d<strong>es</strong>caracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbano<br />

for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, nou<strong>tr</strong>os termos, se a renda<br />

auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família (Súmula nº 41 da TNU).<br />

Diante disso, entendo que o fato de o marido da autora ter exercido labor urbano até 2006 não d<strong>es</strong>caracteriza a sua<br />

qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial, haja vista que a m<strong>es</strong>ma só permaneceu casada com o seu primeiro marido pelo período<br />

de dois anos. Ademais, sustenta o INSS que o labor rural exercido pela autora não era a principal fonte de renda familiar,<br />

tendo em vista que a m<strong>es</strong>ma percebe pensão por morte de seu ex-companheiro, d<strong>es</strong>de 1990. N<strong>es</strong>se passo, insta r<strong>es</strong>saltar<br />

que a jurisprudência é assente no sentido de que, em decorrência da relevância da qu<strong>es</strong>tão social e do caráter benéfico da<br />

legislação de benefícios previdenciários, é legítima a acumulação de aposentadoria com pensão por morte (Súmula nº 36<br />

da TNU), não devendo prosperar, portanto, tal alegação. D<strong>es</strong>tarte, conclui-se que o <strong>tr</strong>abalho no campo exercido pela autora<br />

era indispensável para a manutenção da família, tendo em vista que a m<strong>es</strong>ma nunca se afastou da roça, m<strong>es</strong>mo<br />

percebendo pensão por morte de seu ex-companheiro.<br />

Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142 da<br />

Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10 % (dez<br />

por cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

109 - 0000017-39.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000017-7/01) RUBENS MACHADO (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.52.000017-7/01<br />

EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS


EMBARGADO: RUBENS MACHADO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DEFERIDA JUDICIALMENTE.<br />

IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POR IDADE. POSSIBILIDADE DE ESCOLHA POR<br />

PARTE DO SEGURADO. DEDUÇÃO DE PARCELAS JÁ RECEBIDAS. POSSIBILIDADE. VEDAÇÃO AO<br />

ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. OMISSÃO RECONHECIDA. EMBARGOS ACOLHIDOS. ACÓRDÃO<br />

COMPLEMENTADO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 80/81, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta con<strong>tr</strong>adição no julgado que deferiu benefício de aposentadoria por<br />

invalidez à p<strong>es</strong>soa já beneficiária de aposentadoria por idade. Assim, requer expr<strong>es</strong>sa manif<strong>es</strong>tação d<strong>es</strong>te juízo sobre a<br />

aposentadoria por idade já concedida ao autor, bem como sobre a impossibilidade de cumulação de benefícios de<br />

aposentadoria por idade e por invalidez, postulando, ainda, autorização para d<strong>es</strong>contar, dos valor<strong>es</strong> a<strong>tr</strong>asados, os valor<strong>es</strong><br />

recebidos adminis<strong>tr</strong>ativamente a título de aposentadoria por idade.<br />

Instado a se manif<strong>es</strong>tar, o embargado pede a manutenção da aposentadoria por invalidez (fls. 95/96).<br />

Os embargos de declaração, nos termos do artigo 535 do CPC e do art. 48 da Lei n.º 9.099/95, limitam-se a suprir<br />

omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> ou dúvidas existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida.<br />

No caso dos autos, o acórdão embargado deu provimento ao recurso interposto pela parte autora para, reformando a<br />

sentença de origem, conceder ao autor o benefício de aposentadoria por invalidez d<strong>es</strong>de 18/03/2009. Conforme já relatado,<br />

o INSS veio aos autos, em sede de embargos de declaração, para aduzir que o autor já se encon<strong>tr</strong>a aposentado por idade<br />

d<strong>es</strong>de 01/10/2009.<br />

Pois bem. Nos termos legais, é vedada a cumulação de benefício de aposentadoria por invalidez com aposentadoria por<br />

idade. É o que dispõe o art. 124, inciso II, da Lei nº 8.213/91. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, o acórdão embargado possui vício que deve<br />

ser sanado por <strong>es</strong>ta Turma Recursal. O autor, em sua manif<strong>es</strong>tação de fls. 95/96 manif<strong>es</strong>tou sua vontade de optar pela<br />

aposentadoria por invalidez, a qual mos<strong>tr</strong>a-se mais vantajosa por não sofrer a incidência do fator previdenciário quando do<br />

cálculo da renda mensal inicial. Tal opção é possível, senão vejamos:<br />

PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POR<br />

IDADE. IMPOSSIBILIDADE. DIREITO DE OPÇÃO PELO BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO. AGRAVO INTERNO<br />

PARCIALMENTE PROVIDO. I - Cuida-se de Agravo Interno em que o INSS afirma <strong>es</strong>tar a autora recebendo aposentadoria<br />

por idade, quando lhe foi concedida aposentadoria por invalidez. II - Era de r<strong>es</strong>ponsabilidade do INSS informar<br />

anteriormente a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por idade, o que teria levado a diversa a pr<strong>es</strong>tação jurisdicional, não sendo<br />

nec<strong>es</strong>sário chegar ao pr<strong>es</strong>ente Agravo. III - Diante da impossibilidade jurídica de acumulação de benefícios de<br />

aposentadoria, conforme art. 124, inciso II, da Lei 8213/91, deve-ser r<strong>es</strong>peitada a opção da parte autora, mantendo o<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença em 11.09.1985 até o inicio de sua aposentadoria por idade, em 23.09.1997, a vigorar<br />

até 15 dias após a intimação do INSS para implantar a aposentadoria por invalidez, r<strong>es</strong>salvando-se a compensação dos<br />

valor<strong>es</strong> pagos adminis<strong>tr</strong>ativamente para que não ocorram em duplicidade. IV - Agravo interno a que se dá parcial<br />

provimento.<br />

(AC 198551017319566, D<strong>es</strong>embargadora <strong>Federal</strong> MÁRCIA HELENA NUNES, TRF2 - PRIMEIRA TURMA<br />

ESPECIALIZADA, DJU - Data: 24/08/2009 - Página: 116)<br />

Por fim, r<strong>es</strong>salve-se a possibilidade de compensação dos valor<strong>es</strong> pagos adminis<strong>tr</strong>ativamente com os valor<strong>es</strong> dos a<strong>tr</strong>asados<br />

reconhecidos n<strong>es</strong>ta demanda, para que não ocorra pagamento em duplicidade.<br />

Embargos de declaração acolhidos. Acórdão complementado para determinar que o INSS implemente imediatamente o<br />

benefício de aposentadoria por invalidez, com DIB em 18/03/2009, em substituição à aposentadoria por idade concedida<br />

adminis<strong>tr</strong>ativamente, pagando as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas nos termos <strong>es</strong>tabelecidos no acórdão embargado, r<strong>es</strong>salvando-se a<br />

possibilidade de compensação dos valor<strong>es</strong> pagos adminis<strong>tr</strong>ativamente.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

110 - 0000057-21.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000057-8/01) ANGELA MARIA PRATTI (ADVOGADO: EDGARD VALLE<br />

DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ALCINA MARIA COSTA NOGUEIRA<br />

LOPES.).


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 0000057-21.2008.4.02.5052/01<br />

EMBARGANTE: ANGELA MARIA PRATTI<br />

EMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO NO<br />

JULGADO. INOCORRÊNCIA. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 110/111, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão ou dúvida no julgado no que tange aos a<strong>tr</strong>asados do<br />

r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio doença e quanto à qual benefício se refere a DIB citada no acórdão.<br />

Não há omissão a ser sanada. O acórdão embargado deu provimento ao recurso para reformar parcialmente a sentença<br />

“condenando o INSS a converter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez com DIB na data do exame pericial<br />

judicial”. Assim, é clara a manutenção da condenação ao pagamento de auxílio-doença d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação adminis<strong>tr</strong>ativa,<br />

conforme determinou a sentença, com a conversão do referido benefício em aposentadoria por invalidez a partir da data do<br />

exame pericial. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, devem ser pagos todos os a<strong>tr</strong>asados, seja a título de auxílio-doença, seja a título de<br />

aposentadoria por invalidez, sendo que a DIB do primeiro benefício é a data da c<strong>es</strong>sação adminis<strong>tr</strong>ativa e a do segundo é a<br />

data do exame pericial judicial. Assim, não há que se falar em omissão no julgado.<br />

Analiso, por oportuno, a petição do INSS de fls. 115/117. Como é cediço, a aposentadoria por invalidez pode ser c<strong>es</strong>sada<br />

caso seja verificada a recuperação da capacidade laborativa. Deve ser ob<strong>es</strong>ervado, contudo, o procedimento disposto no<br />

art. 47 da Lei nº 8.213/91. Assim, é lícito ao INSS c<strong>es</strong>sar o benefício, m<strong>es</strong>mo que concedido judicialmente, d<strong>es</strong>de que<br />

observados as disposiçõ<strong>es</strong> legais pertinent<strong>es</strong>, o que não r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ado nos autos. Assim, por ora, indefiro o pedido<br />

de c<strong>es</strong>sação do benefício. R<strong>es</strong>salte-se que eventual discussão acerca da (in)correção do procedimento de c<strong>es</strong>sação deve<br />

ser objeto de nova demanda, sob pena de se perpetuar o curso do pr<strong>es</strong>ente proc<strong>es</strong>so.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

111 - 0000266-53.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000266-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ABIGAIL RAMOS SABADIM (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2009.50.52.000266-0/01<br />

EMBARGANTE: ABIGAIL RAMOS SABADIM<br />

EMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. INCAPACIDADE ANTERIOR AO<br />

INGRESSO NO RGPS. TESE EXPRESSAMENTE DEFENDIDA NO ACÓRDÃO EMBARGADO. AUSÊNCIA DE OMISSÃO<br />

NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 106/107, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado. Sustente a embargante, em sínt<strong>es</strong>e, que os<br />

indeferimentos adminis<strong>tr</strong>ativos não se deram em razão de doença preexistente, mas sim por perícia médica con<strong>tr</strong>ária.<br />

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismo<br />

da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como ins<strong>tr</strong>umento de rediscussão de matéria já debatida.<br />

Ademais, é cediço que, embora haja a possibilidade de oposição de suc<strong>es</strong>sivos embargos de declaração, os últimos devem<br />

cingir-se a apontar vícios existent<strong>es</strong> na decisão dos embargos de declaração precedent<strong>es</strong>.


No caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito<br />

já decidido em sede de julgamento dos embargos de declaração. As t<strong>es</strong><strong>es</strong> defendidas nos embargos de fls. 111/112 são<br />

idênticas às expostas nos embargos de fls. 96/102, as quais foram rechaçadas pelo acórdão de fls. 106/107. Com efeito, o<br />

acórdão embargado aduziu que:<br />

O acórdão embargado não padece de omissão passível do manejo da referida peça proc<strong>es</strong>sual. No supracitado acórdão,<br />

verifica-se que foram claros e coerent<strong>es</strong> os argumentos que propiciaram à Turma Recursal dar provimento ao recurso da<br />

autarquia previdenciária. R<strong>es</strong>tou claro que a incapacidade da autora é anterior ao seu ingr<strong>es</strong>so na Previdência Social<br />

(fevereiro de 2007). O perito médico judicial afirmou que a l<strong>es</strong>ão já <strong>es</strong>tava <strong>es</strong>tabelecida em 29/11/2001. Ademais, a própria<br />

autora <strong>tr</strong>ouxe laudo médico particular de 04/12/2006 que indica que a m<strong>es</strong>ma é portadora de neoplasia em <strong>es</strong>tágio clínico<br />

avançado.<br />

Assim, não há que se falar em omissão no julgado, r<strong>es</strong>saltando-se que a teoria dos motivos determinant<strong>es</strong>, embora acatada<br />

por <strong>es</strong>te magis<strong>tr</strong>ado, por repr<strong>es</strong>entar t<strong>es</strong>e diversa da acolhida e não omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade do julgado, não<br />

pode ser rediscutida em sede de embargos de declaração visando afastar a conclusão obtida em sede de julgamento de<br />

recurso inominado,.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

112 - 0001540-92.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001540-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x VALDINEIA MARIA TINELLI (ADVOGADO: IZAEL DE MELLO REZENDE,<br />

SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ANA MERCEDES MILANEZ.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.50.001540-0/01<br />

EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

EMBARGADO: VALDINEIA MARIA TINELLI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE<br />

COMPROVADA. CEGUEIRA. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO. INCAPACIDADE ANTERIOR AO INGRESSO RGPS.<br />

AUSÊNCIA DE VÍCIOS NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS.<br />

ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 96/97, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta con<strong>tr</strong>adição no julgado, aduzindo que as provas dos autos indicam que<br />

a doença incapacitante é preexistente ao ingr<strong>es</strong>so da parte autora no RGPS.<br />

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismo<br />

da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como ins<strong>tr</strong>umento de rediscussão de matéria já debatida.<br />

Ademais, a con<strong>tr</strong>adição sanável pela via dos embargos de declaração somente se configura nas hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> em que o<br />

decisum apr<strong>es</strong>enta, em seu interior, assertivas antinômicas, inconciliáveis en<strong>tr</strong>e si, capaz<strong>es</strong> de torná-lo incoerente ou de<br />

deixarem dúvidas acerca do posicionamento do julgador em relação a determinados pontos. Este, porém, não é o caso dos<br />

autos, na medida em que o embargante aponta, apenas, supostas con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> com as provas dos autos.<br />

Há que se r<strong>es</strong>saltar que o julgador é livre para formar o seu convencimento, d<strong>es</strong>de que haja fundamentação adequada.<br />

Conforme já afirmado, o inconformismo da parte vencida com a valoração conferida pelo magis<strong>tr</strong>ado às provas dos autos<br />

não é capaz de autorizar a oposição de embargos de declaração. Para tanto, deve a parte manejar o recurso adequado.<br />

Com efeito, o acórdão embargado d<strong>es</strong>tacou, coerentemente, os motivos que formaram o convencimento da Turma<br />

Recursal, não havendo que se falar con<strong>tr</strong>adição interna, senão vejamos:<br />

(...)<br />

4. Ao se analisar os documentos constant<strong>es</strong> dos autos, bem como as alegaçõ<strong>es</strong> da parte autora, verifica-se que ela possui<br />

uma moléstia rara. O laudo médico judicial de fls. 33/34 constatou que a recorrida é portadora de “a<strong>tr</strong>ofia óptica bilateral de


caráter irreversível, a qual lhe causa cegueira em ambos os olhos, e consequentemente gera uma incapacidade laboral total<br />

e definitiva (qu<strong>es</strong>itos 14/15). O expert não conseguiu definir o momento exato do surgimento d<strong>es</strong>sa doença, en<strong>tr</strong>etanto<br />

afirmou que a recorrida apr<strong>es</strong>entou baixa de acuidade visual em junho de 2007 (qu<strong>es</strong>ito 11), conforme consta em laudo<br />

médico oftalmológico (fl. 20).<br />

5. Com base nos demais documentos anexados (fls. 52/53), constata-se que a doença denominada de A<strong>tr</strong>ofia Óptica de<br />

Leber causa cegueira repentina (fl. 52). Essa enfermidade é proveniente de uma m<strong>es</strong>ma família e ainda <strong>es</strong>tá sendo<br />

<strong>es</strong>tudada por p<strong>es</strong>quisador<strong>es</strong> para identificar os fator<strong>es</strong> que intensificam sua manif<strong>es</strong>tação e os possíveis <strong>tr</strong>atamentos<br />

preventivos. O próprio recorrente admite nas alegaçõ<strong>es</strong> recursais que, em perícia adminis<strong>tr</strong>ativa, não conseguiu “fixar uma<br />

data precisa para o início da incapacidade da recorrida” (fls. 78). Além disso, como já dito, há informaçõ<strong>es</strong> científicas nos<br />

autos que afirmam que a doença acomete repentinamente a visão do seu portador.<br />

6. Em 19/06/2007, o médico particular at<strong>es</strong>tou que a recorrida era portadora de perda quase total da visão em ambos os<br />

olhos (perda de 90 % da acuidade visual), de caráter permanente e irreversível, sendo acometida da cegueira en<strong>tr</strong>e maio e<br />

junho do m<strong>es</strong>mo ano. O perito judicial foi conclusivo ao afirmar que não é possível provar que a doença se manif<strong>es</strong>tou<br />

clinicamente ant<strong>es</strong> de maio de 2007, pois não há laudos que regis<strong>tr</strong>em alteraçõ<strong>es</strong> visuais ant<strong>es</strong> d<strong>es</strong>sa data, porém, n<strong>es</strong>te<br />

momento, a cegueira já <strong>es</strong>tava instalada. Assim, fixo o início da incapacidade da autora em 05/2007.<br />

7. A autora reingr<strong>es</strong>sou na Previdência em 02/2007. Após 03 m<strong>es</strong><strong>es</strong> foi acometida pela cegueira, doença que isenta a<br />

portadora de cumprir carência, nos termos dos artigos 26, II e 151 da Lei 8.213/91 c/c a Portaria Interministerial MPAS/MS<br />

2.998/2001, de 23/08/2001. Portanto, não há que se falar em anulação ou reforma da sentença a quo, já que a autora voltou<br />

a con<strong>tr</strong>ibuir em período anterior (fevereiro de 2007 - fls. 71/72) ao início de sua incapacidade.<br />

Assim, não há que se falar em omissão no julgado.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

113 - 0000300-22.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000300-0/01) DANIEL EDUARDO DE ALMEIDA (ADVOGADO: ANILSON<br />

BOLSANELO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2009.50.54.000300-0/01<br />

EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

EMBARGADO: DANIEL EDUARDO DE ALMEIDA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. QUALIDADE DE<br />

SEGURADO ESPECIAL COMPROVADA. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO QUANTO À ANÁLISE DA INDISPENSABILIDADE DA<br />

RENDA DO TRABALHO RURAL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO. PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO<br />

RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 152/153, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado concernente na ausência de manif<strong>es</strong>tação sobre a<br />

indispensabilidade do labor rural, tendo em vista a existência de vínculos urbanos do cônjuge do autor.<br />

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismo<br />

da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como ins<strong>tr</strong>umento de rediscussão de matéria já debatida. No<br />

caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito já<br />

decidido em sede de julgamento do recurso.<br />

O acórdão embargado, quanto aos vínculos urbanos da <strong>es</strong>posa do autor, aduziu que:<br />

Quanto ao fato de a <strong>es</strong>posa do recorrente ter regis<strong>tr</strong>ados diversos vínculos urbanos, <strong>tr</strong>ago entendimento jurisprudencial<br />

majoritário no sentido de que “Não d<strong>es</strong>caracteriza o regime de economia familiar o fato de o marido da segurada exercer<br />

atividade urbana.” (STJ - REsp 638.611/RS, Rel. Minis<strong>tr</strong>o Paulo Gallotti, Sexta Turma, julgado em 25.06.2004, DJ


24.10.2005 p. 396).<br />

Embora sucinto, o acórdão, a meu ver, <strong>es</strong>clarece suficientemente a qu<strong>es</strong>tão. Com efeito, consoante jurisprudência<br />

consolidada no Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e na Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados<br />

Especiais Federais , o <strong>tr</strong>abalho urbano d<strong>es</strong>empenhado pelo cônjuge, por si só, não d<strong>es</strong>caracteriza o exercício de atividade<br />

rural em regime de economia familiar pelo segurado <strong>es</strong>pecial. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, compulsando os autos, concluo que o<br />

<strong>tr</strong>abalho rural da autor sempre foi impr<strong>es</strong>cindível para o sustento da família. O labor urbano da <strong>es</strong>posa do embargado (fls.<br />

101/110) não afasta <strong>es</strong>sa conclusão, mormente porque sempre equivaleu a valor pouco superior ao mínimo legal vigente.<br />

Assim, o INSS não logrou êxito em comprovar que, devido ao <strong>tr</strong>abalho urbano do cônjuge do autor, a atividade rural era<br />

dispensável, de modo que não há que se falar em d<strong>es</strong>caracterização da condição de rurícola.<br />

Assim, não há que se falar em omissão, pretendendo o embargante apenas rediscutir o mérito do recurso.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

114 - 0001056-74.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001056-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ALMIR GORDILHO MATTEONI DE ATHAYDE.) x NERCIONINA CARVALHO SEVERINO (ADVOGADO:<br />

SIRO DA COSTA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001056-74.2008.4.02.5051/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: NERCIONINA CARVALHO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE – EXCLUSÃO DA<br />

RENDA DE FILHO MAIOR DE 21 ANOS – APLICAÇÃO DA REDAÇÃO ORIGINAL DO ART. 20, §1º DA LEI Nº 8.742/93 -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO DESDE A DATA DO<br />

REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO ATÉ A DATA DO INÍCIO DO RECEBIMENTO DA PENSÃO POR MORTE –<br />

IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 56/59, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que não foram preenchidos os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício, uma<br />

vez que a renda familiar ul<strong>tr</strong>apassa ¼ do salário mínimo, ainda que se exclua a aposentadoria vertente do cômputo da<br />

renda. Ademais, sustenta o INSS que o direito à conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial <strong>es</strong>tá condicionado à observância do<br />

critério de renda per capita objetivamente delineado no §3º, do art. 20 da Lei nº 8.743/93, não se admitindo sua conc<strong>es</strong>são<br />

em hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> ou<strong>tr</strong>as que não as legalmente contempladas. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.66/69.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social (fls.21/26), que o grupo familiar da parte autora é composto pela m<strong>es</strong>ma (idosa – 76<br />

anos), seu <strong>es</strong>poso (idoso/aposentado) e seu filho (51 anos- <strong>tr</strong>abalhador). A família r<strong>es</strong>ide em imóvel cedido, em bom<br />

<strong>es</strong>tado de conservação, na zona urbana. Porém, toda vez que há enchent<strong>es</strong>, a casa fica toda alagada. A fonte de renda<br />

familiar é proveniente da aposentadoria do cônjuge da requerente e do salário percebido pelo filho da m<strong>es</strong>ma, ambos no<br />

valor de um salário mínimo mensal. Por fim, r<strong>es</strong>salta a assistente social que a autora sofre de hipertensão arterial e ar<strong>tr</strong>ose,<br />

encon<strong>tr</strong>ando-se em <strong>tr</strong>atamento médico. A autora é idosa, dependente financeiramente de seu cônjuge e não possui meios<br />

de prover sua própria manutenção.<br />

4. Nos termos da jurisprudência consolidada na Turma Nacional de Uniformização, no caso concreto, para fins de obtenção<br />

do benefício assistencial, deve-se delimitar o conceito de grupo familiar ao previsto no art. 20, §1º da Lei nº 8.742/93, com a<br />

redação dada pela Lei nº 9.720/98, que exclui do cômputo da renda familiar a renda auferida por filho maior de 21 anos. As<br />

alteraçõ<strong>es</strong> do conceito de grupo familiar para fins de aferição da miserabilidade são inaplicáveis ao caso em qu<strong>es</strong>tão, pois


não pode a lei re<strong>tr</strong>oagir para retirar direito a benefício já adquirido pela parte autora. D<strong>es</strong>se modo, conforme interpretação<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itiva do disposto no art. 16 da Lei nº 8.213/91 e no art. 20, §1º da Lei nº 8.742/93, conclui-se que a renda auferida pelo<br />

filho da autora, maior e capaz, não deve integrar a renda familiar. Vejamos a ementa do citado precedente:<br />

EMENTA-VOTO ASSISTÊNCIA SOCIAL. UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL POR<br />

IDADE. CONCEITO JURÍDICO DE GRUPO FAMILIAR PARA FINS DE AFERIÇÃO DA MISERABILIDADE. EXCLUSÃO DA<br />

RENDA DO FILHO MAIOR DE 21 ANOS DO CÔMPUTO DA RENDA DO GRUPO FAMILIAR DA AUTORA. APLICAÇÃO<br />

DOS ARTIGOS 20, §1º DA LEI Nº 8.742/93 COM A REDAÇÃO ANTERIOR À LEI Nº 12.435/2011. INCIDENTE PROVIDO.<br />

(...) 3. O acórdão paradigma, por seu turno, na <strong>es</strong>teira do entendimento pacificado d<strong>es</strong>ta TNU, <strong>es</strong>posa entendimento<br />

localizado na antípoda do acórdão recorrido, quer quanto à adoção do conceito de grupo familiar – delimitando-o, para<br />

efeito da conc<strong>es</strong>são do benefício em qu<strong>es</strong>tão, no art. 20, § 1º da Lei nº 8.742/93, com a redação dada pela Lei nº 9.720/98-,<br />

quer quanto à expr<strong>es</strong>sa exclusão no cômputo da renda familiar daquela auferida por filho maior de 21 anos.<br />

4. Considero que o acórdão paradigma é o que capta com propriedade os objetivos da assistência social, perfilando-se ao<br />

entendimento de que na composição da renda, a noção de grupo familiar deve ser aferida conforme interpretação r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita<br />

do disposto no art. 16 da Lei nº 8.213/91 e no art. 20 da Lei nº 8.742/93, o que exclui do grupo familiar os filhos maior<strong>es</strong> não<br />

inválidos, genros, irmãos maior<strong>es</strong> de 21 anos, amigos etc. (PEDILEF nº 2007.70.53.002520-3/PR, Rel. Juíza Fed.<br />

Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 03.08.2009; PEDIFEF nº 2008.71.95.00162-7/RS, Rel. Derivaldo de F. B. Filho, DJ<br />

05.04.2010; PEDILEF 2004461841542217, Rel. Juiz Fed. Vladimir Santos Vitvsky, julgado em 17.03.2011, DOU<br />

17.06.2011). O filho da autora, maior e capaz, não integra o grupo familiar da recorrente, nos termos dos artigos 20, § 1º da<br />

Lei 8.742/93 e 16, I da Lei 8.213/91 e, portanto, a sua renda não pode ser computada para aferir a miserabilidade de sua<br />

mãe.<br />

5. Deve ser r<strong>es</strong>saltado que as alteraçõ<strong>es</strong> da Lei nº 8.742/93 promovidas pela Lei nº 12.435/2011, <strong>es</strong>pecialmente a nova<br />

redação do art. 20, § 1º que alterou o conceito de grupo familiar para fins de aferição da miserabilidade são inaplicáveis ao<br />

caso por não poderem re<strong>tr</strong>oagir para retirar do pa<strong>tr</strong>imônio jurídico da autora direito ao benefício já adquirido. A ação foi<br />

proposta em março de 2006, bem ant<strong>es</strong> da en<strong>tr</strong>ada em vigor da nova redação do art. 20, § 1º da Lei nº 8.742/93. Com<br />

efeito, d<strong>es</strong>de 2011, o conceito de família a que se refere o caput do art. 20 da Lei nº 8.742/93 compreende o requerente, o<br />

cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e<br />

enteados solteiros e os menor<strong>es</strong> tutelados, d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto.<br />

6. Com <strong>es</strong>sas consideraçõ<strong>es</strong>, dou provimento a <strong>es</strong>te incidente de uniformização, julgando procedente o pedido de<br />

conc<strong>es</strong>são de amparo assistencial com DIB em 18/10/2005 (data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo), reafirmando a premissa<br />

jurídica já pacífica n<strong>es</strong>ta TNU de que ant<strong>es</strong> do advento da Lei nº 12.435/2011, a renda do filho maior de 21 anos não pode<br />

ser considerada no cálculo da renda per capita do grupo familiar. (PEDILEF 200871950018329, JUÍZA FEDERAL SIMONE<br />

DOS SANTOS LEMOS FERNANDES, DOU 27/04/2012 – grifo nosso)<br />

5. Com relação à renda proveniente de aposentadoria por idade, percebida do cônjuge da parte autora, a Lei nº 10.741/03,<br />

em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente concedido a qualquer<br />

dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade, não será computado<br />

para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto


do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorria do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possuía mais de 65 anos á<br />

época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (77 anos de idade – fl. 22), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da<br />

aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial<br />

pleiteado.<br />

11. Contudo, em consulta ao Sistema PLENUS, foi constado que a autora é titular do benefício de pensão morte d<strong>es</strong>de<br />

13/09/2012 (fls.76/77), fato que a impede de receber o benefício assistencial, ante a impossibilidade de cumulação do<br />

benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada com qualquer ou<strong>tr</strong>o de natureza previdenciária.<br />

12. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, considerando que autora havia requerido adminis<strong>tr</strong>ativamente o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada<br />

quase cinco anos ant<strong>es</strong> do início do benefício de pensão por morte de seu marido, e tendo r<strong>es</strong>tado comprovado nos autos o<br />

preenchimento dos requisitos autorizador<strong>es</strong> do benefício assistencial na época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, é devido à<br />

autora o recebimento das parcelas a<strong>tr</strong>asadas d<strong>es</strong>de o requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (05/12/2007 – fl. 08) até o início do<br />

recebimento do benefício de pensão por morte (14/09/2012 - fl. 77).<br />

12. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao recebimento das parcelas vencidas a título de benefício assistencial<br />

previsto na Lei nº 8.742/93 d<strong>es</strong>de a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (05/12/2007) até o início do recebimento do<br />

benefício de pensão por morte (14/09/2012).<br />

13. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

14. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

115 - 0001112-70.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001112-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x LEOZINO MANOEL DA SILVA (ADVOGADO:<br />

ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001112-70.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: LEOZINO MANOEL DA SILVA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – ALTERAÇÃO DA DIB<br />

PARA A DATA DA JUNTADA DO RELATÓRIO SOCIAL AOS AUTOS (13/07/2010) – RECURSO PARCIALMENTE<br />

PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 95/97, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei Nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que, embora a parte autora seja p<strong>es</strong>soa idosa com mais de 65 (s<strong>es</strong>senta e<br />

cinco) anos de idade, o requisito sócio-financeiro não se encon<strong>tr</strong>a cumprido, eis que a pensão no valor de um salário


mínimo recebido por sua companheira deve ser computada para fins de cálculo da renda familiar. Ademais, alega que a<br />

<strong>es</strong>posa do autor possui menos de 65 anos de idade, o que impossibilita ainda mais a utilização da regra do art. 34,<br />

parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 115/116.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Primeiramente, observa-se pelo relatório social (fls. 72/73), que o autor r<strong>es</strong>ide unicamente com sua companheira, Sr.<br />

Julia de J<strong>es</strong>us Santos Costa, a qual recebe pensão por morte no valor de um salário mínimo mensal. Foi relatado no<br />

m<strong>es</strong>mo documento que o requerente é <strong>tr</strong>abalhador rural, porém não se encon<strong>tr</strong>a em condiçõ<strong>es</strong> propícias de saúde à<br />

realização de <strong>tr</strong>abalho diário, já que é idoso e o <strong>tr</strong>abalho lhe exige muito <strong>es</strong>forço físico. Por fim, informa que a única renda<br />

mensal da família é proveniente da pensão da <strong>es</strong>posa e que <strong>es</strong>ta é insuficiente para arcar com as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as básicas do<br />

casal.<br />

4. No que se refere à alegação do INSS de que a <strong>es</strong>posa do autor possui menos de 65 anos de idade e que, portanto, não<br />

poderia ser aplicado analogicamente o art. 34, parágrafo único da 10.741/03, verifica-se que, de fato, a Sra. Julia de J<strong>es</strong>us<br />

Santos da Costa, companheira do autor e, conseqüentemente, integrante do grupo familiar (§1º, art. 20 da LOAS), à data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (30/03/2009 – fl. 65) contava com 64 anos de idade (data de nascimento: 02/07/1946 – fl. 59),<br />

idade <strong>es</strong>tá incompatível com o requisito etário nec<strong>es</strong>sário à aplicação da regra prevista no Estatuto do Idoso.<br />

5. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Este juízo tem aplicado o entendimento de que o recebimento de ou<strong>tr</strong>o benefício previdenciário, que não seja o benefício<br />

de pr<strong>es</strong>tação continuada, de valor mínimo recebido por membro da família com pelo menos 65 anos de idade, deve ser<br />

excluído do cálculo da renda mensal para efeitos de conc<strong>es</strong>são de benefício assistencial ao idoso ou ao portador de<br />

deficiência.<br />

7. É coerente afirmar que o legislador, ao elaborar o texto do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso, teve como<br />

<strong>es</strong>copo dizer que o benefício mensal de um salário mínimo, recebido por qualquer membro da família, como única fonte de<br />

recursos, não afasta a condição de miserabilidade do núcleo familiar. De fato, não interpretar <strong>es</strong>te dispositivo de maneira<br />

extensa acarreta em uma con<strong>tr</strong>adição latente, eis que a unidade familiar que con<strong>tr</strong>ibuiu para o sistema social por toda a vida<br />

certamente se sente punida, vez que, quem nunca con<strong>tr</strong>ibuiu acaba por ter mais direitos do que aquele que manteve o<br />

sistema da seguridade social.<br />

8. Cabe dizer que, no pr<strong>es</strong>ente caso, diante da insuficiência etária da companheira do recorrido à data do requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo, r<strong>es</strong>ta impossibilitada a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial ao autor em 30/03/2009 (DER – fl. 65). Por ou<strong>tr</strong>o<br />

lado, entendo que ainda subsiste o direito do autor ao recebimento do amparo social, mormente pelo fato de que a sua<br />

<strong>es</strong>posa já se encon<strong>tr</strong>ava muito perto de completar 65 anos de idade. D<strong>es</strong>se modo, deve sofrer alteração apenas a data de<br />

início do benefício, a qual deve ser fixada na data da juntada do relatório social aos autos, em 13/07/2010 (fl. 72), período<br />

em que a companheira do requerente já ostentava o requisito etário.<br />

9. Pelo exposto, faz jus o autor, ora recorrido, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93, a partir de 13/07/2010,<br />

devendo, portanto, ser modificada a DIB, ora fixada em sentença proferida pelo juiz de piso.<br />

10. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte, apenas para alterar a DIB do<br />

benefício para 13/07/2010.<br />

11. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


116 - 0000755-93.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000755-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x ORLANDINA PERES DE SOUZA (ADVOGADO: Valber Cruz Cereza.) x OS<br />

MESMOS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 2009.50.51.000755-6/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e ORLANDINA PERES DE SOUZA<br />

RECORRIDO: OS MESMOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – ALTERAÇÃO DA DIB<br />

- RECURSOS CONHECIDOS - RECURSO DO INSS IMPROVIDO - RECURSO DA AUTORA PROVIDO - SENTENÇA<br />

REFORMADA EM PARTE.<br />

1. Trata-se de recursos inominados interpostos pelo INSS e pela parte autora em face da sentença de fls. 107/109, que<br />

julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial revisto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da<br />

requerente idosa. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, sustenta o INSS a inaplicabilidade da regra prevista no art. 34, parágrafo único, do<br />

Estatuto do Idoso ao pr<strong>es</strong>ente caso, uma vez que o <strong>es</strong>poso da autora não se encon<strong>tr</strong>a em gozo de benefício assistencial de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada – idoso, e sim de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, não podendo, portanto, ser aplicada a<br />

regra do referido artigo. Ademais, sustenta o recorrente que não foram preenchidos os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício, uma vez que a renda familiar ul<strong>tr</strong>apassa ¼ do salário mínimo. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 128/130.<br />

2. Por sua vez, a parte autora (segundo recorrente) pretende, unicamente, a alteração da data inicial de conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício para a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (16/12/2008 – fl.13), haja vista que a m<strong>es</strong>ma já se encon<strong>tr</strong>ava em<br />

situação de miserabilidade, situação <strong>es</strong>sa constatada pela visita da assistente social. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 131/138.<br />

3. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um<br />

salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não<br />

possuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz<br />

de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do<br />

salário mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

4. Observa-se, pelo relatório social (fls.24/27), que o grupo familiar da parte autora é composto pela m<strong>es</strong>ma (idoso – 87<br />

anos) e seu <strong>es</strong>poso (idoso/aposentado). Ambos r<strong>es</strong>idem em uma casa cedida, com seis cômodos (quarto, sala, banheiro,<br />

cozinha, copa e área de serviço), de alvenaria e com piso de cerâmica e teto de laje. No parecer social, a assistente<br />

informou que a autora é portadora de seqüelas de AVC, fibrilação arterial permanente, encon<strong>tr</strong>ando-se demenciada e com<br />

dificuldad<strong>es</strong> de locomoção. Devido à enfermidade e a idade avançada (87 anos), a autora tornou-se totalmente dependente<br />

de cuidados <strong>es</strong>peciais, nec<strong>es</strong>sitando assim con<strong>tr</strong>atar duas secretárias para a sua assistência. O <strong>es</strong>poso da requerente é<br />

aposentado e percebe o valor de uma renda mensal, o que é insuficiente para suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas do casal,<br />

dependendo da ajuda de terceiros para sobreviver. Por fim, insta r<strong>es</strong>saltar que é a sobrinha do casal quem ajuda nas<br />

d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as da casa, pagando, inclusive, o salário de uma das secretárias.<br />

5. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício


assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, entendo que o recurso do INSS não merece provimento. Isto porque, atendo-se ao fato de que a única<br />

renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de<br />

aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (88 anos de idade – fl. 14), deve ser<br />

d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai<br />

o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Por ou<strong>tr</strong>o lado, tenho que o recurso da autora merece provimento, para que a condenação imposta tenha como marco<br />

inicial a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (16/12/2008 – fl. 13), haja vista que a m<strong>es</strong>ma já se encon<strong>tr</strong>ava em situação de<br />

miserabilidade na época em que formulou o requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

12. Finalmente, insta r<strong>es</strong>saltar que o Ministério Público se manif<strong>es</strong>tou pela procedência da pretensão autoral (fls. 104/105).<br />

13. Pelo exposto, faz jus a autora, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

14. Recurso conhecidos. Recurso do INSS improvido. Recurso da parte autora provido. Sentença reformada em pormenor.<br />

15. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,<br />

arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95 c/c<br />

artigo 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS<br />

e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

117 - 0000375-67.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000375-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x MARIA DELFINA SOUZA CERILO<br />

(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000375-67.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: MARIA DELFINA SOUZA CERILO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 93/99, que julgou


procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que não se encon<strong>tr</strong>am pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> todos os requisitos legais cumulativos para a<br />

conc<strong>es</strong>são do benefício em qu<strong>es</strong>tão, pois, embora a parte autora seja p<strong>es</strong>soa idosa com mais de 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco)<br />

anos de idade, o requisito sócio-financeiro não se encon<strong>tr</strong>a cumprido, eis que seu filho, maior e incapaz, recebe benefício<br />

assistencial no valor de um salário mínimo mensal. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> as fls. 109/110.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 59/63, que a autora possui 70 (setenta) anos de idade e r<strong>es</strong>ide com <strong>tr</strong>ês filhos e<br />

dois netos. Foi informado no m<strong>es</strong>mo documento que, embora a requerente <strong>es</strong>teja casada no civil, não vê o marido há mais<br />

de 10 (dez) anos e que a renda familiar é proveniente do benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada que seu filho deficiente recebe,<br />

no valor de um salário mínimo, <strong>es</strong>tando os demais filhos d<strong>es</strong>empregados.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Este juízo tem aplicado o entendimento de que o recebimento de ou<strong>tr</strong>o benefício previdenciário, que não seja o benefício<br />

de pr<strong>es</strong>tação continuada, de valor mínimo recebido por membro da família com pelo menos 65 anos de idade, deve ser<br />

excluído do cálculo da renda mensal para efeitos de conc<strong>es</strong>são de benefício assistencial ao idoso ou ao portador de<br />

deficiência.<br />

6. É coerente afirmar que o legislador, ao elaborar o texto do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso, teve como<br />

<strong>es</strong>copo dizer que o benefício mensal de um salário mínimo, recebido por qualquer membro da família, como única fonte de<br />

recursos, não afasta a condição de miserabilidade do núcleo familiar. No pr<strong>es</strong>ente caso, em que p<strong>es</strong>e a renda mensal do<br />

grupo familiar decorrer do benefício assistencial recebido pelo filho incapaz da autora, não tendo que se falar, portanto, na<br />

qu<strong>es</strong>tão etária, entendo que <strong>es</strong>te dispositivo deve ser interpretado de maneira extensa, sob pena de macular todo o<br />

entendimento jurisprudencial que vem sendo cons<strong>tr</strong>uído acerca da constatação de miserabilidade.<br />

7. Ora, se a aplicação por analogia do art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso, decorre justamente da simpl<strong>es</strong> lógica<br />

de que a percepção de um salário mínimo mensal percebido por membro da família não é capaz, por si só, de garantir a<br />

subsistência da família e de lh<strong>es</strong> proporcionar uma vida digna, então não seria errôneo concluir pelo m<strong>es</strong>mo entendimento<br />

em casos concretos em que o integrante da família deficiente é quem recebe o benefício assistencial.<br />

8. N<strong>es</strong>se sentido se manif<strong>es</strong>tam os <strong>tr</strong>ibunais pá<strong>tr</strong>ios, senão vejamos:<br />

ASSISTENCIAL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, DO CPC. BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA<br />

SOCIAL. ART. 203, V, DA CF. RENDA FAMILIAR PER CAPITA. ART. 20, §3º, DA LEI N.º 8.742/93. APLICAÇÃO<br />

ANALÓGICA DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 34 DA LEI Nº 10.741/2003. TERMO INICIAL. REQUISITOS LEGAIS<br />

PREENCHIDOS. 1. Para a conc<strong>es</strong>são do benefício de assistência social (LOAS) faz-se nec<strong>es</strong>sário o preenchimento dos<br />

seguint<strong>es</strong> requisitos: 1) ser p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou idoso com 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco) anos ou mais (art. 34 do<br />

Estatuto do Idoso - Lei n.º 10.741 de 01.10.2003); 2) não possuir meios de subsistência próprios ou de tê-la provida por sua<br />

família, cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo (art. 203, V, da CF; art. 20, § 3º, e art. 38 da Lei n.º<br />

8.742 de 07.12.1993). 2. Preenchidos os requisitos legais ensejador<strong>es</strong> à conc<strong>es</strong>são do benefício. 3. O C. Supremo Tribunal<br />

<strong>Federal</strong> já decidiu não haver violação ao inciso V do art. 203 da Magna Carta ou à decisão proferida na ADIN nº 1.232-1-DF,<br />

a aplicação aos casos concretos do disposto supervenientemente pelo Estatuto do Idoso (art. 34, parágrafo único, da Lei n.º<br />

10.741/2003). 4. Por aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, não somente os valor<strong>es</strong><br />

referent<strong>es</strong> ao benefício assistencial ao idoso devem ser d<strong>es</strong>contados do cálculo da renda familiar, mas também aquel<strong>es</strong><br />

referent<strong>es</strong> ao amparo social ao deficiente e os decorrent<strong>es</strong> de aposentadoria no importe de um salário mínimo. 5. Termo<br />

inicial do benefício mantido a partir da data da citação, por ser o momento em que o Réu toma ciência da pretensão (art.<br />

219 do CPC). 6. Agravo Legal a que se nega provimento.<br />

(AC 00073334220094039999, JUIZ CONVOCADO HELIO NOGUEIRA, TRF3 - SÉTIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:<br />

21/09/2012)<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo filho da autora, a título de benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, entendo que <strong>es</strong>te valor deve ser<br />

d<strong>es</strong>considerado, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício<br />

assistencial pleiteado.


11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

118 - 0000109-80.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000109-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ELIAS PESSOTI (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000109-80.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: ELIAS PESSOTI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 40/44, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente idosa.<br />

Alega o INSS, que o valor percebido mensalmente pelo filho da parte autora a título de LOAS (deficiente) não pode deixar<br />

de ser considerado no cálculo da renda familiar per capita, tendo em vista não se <strong>tr</strong>atar o caso em qu<strong>es</strong>tão de aplicação da<br />

regra prevista no art. 34, parágrafo único do Estatuto do Idoso. Ademais, sustenta o recorrente que não foram preenchidos<br />

os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício, vez que o filho do demandante recebe LOAS, de modo que a renda familiar<br />

ul<strong>tr</strong>apassa ¼ do salário mínimo.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Primeiramente, informa o proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo juntado aos autos (fls. 38), que o grupo familiar do autor era composto<br />

pelo autor (idoso/d<strong>es</strong>empregado), sua <strong>es</strong>posa (do lar) e um filho maior de idade, inválido, recebendo LOAS.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, o<br />

benefício assistencial (LOAS Deficiente) recebido por membro da família não deve ser computado para os fins da renda<br />

familiar per capita.<br />

6. N<strong>es</strong>se sentido se manif<strong>es</strong>tam os <strong>tr</strong>ibunais pá<strong>tr</strong>ios, senão vejamos:<br />

ASSISTENCIAL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, DO CPC. BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA<br />

SOCIAL. ART. 203, V, DA CF. RENDA FAMILIAR PER CAPITA. ART. 20, §3º, DA LEI N.º 8.742/93. APLICAÇÃO<br />

ANALÓGICA DO PARÁGRAFO ÚNICO DO ART. 34 DA LEI Nº 10.741/2003. TERMO INICIAL. REQUISITOS LEGAIS<br />

PREENCHIDOS. 1. Para a conc<strong>es</strong>são do benefício de assistência social (LOAS) faz-se nec<strong>es</strong>sário o preenchimento dos<br />

seguint<strong>es</strong> requisitos: 1) ser p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou idoso com 65 (s<strong>es</strong>senta e cinco) anos ou mais (art. 34 do


Estatuto do Idoso - Lei n.º 10.741 de 01.10.2003); 2) não possuir meios de subsistência próprios ou de tê-la provida por sua<br />

família, cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo (art. 203, V, da CF; art. 20, § 3º, e art. 38 da Lei n.º<br />

8.742 de 07.12.1993). 2. Preenchidos os requisitos legais ensejador<strong>es</strong> à conc<strong>es</strong>são do benefício. 3. O C. Supremo Tribunal<br />

<strong>Federal</strong> já decidiu não haver violação ao inciso V do art. 203 da Magna Carta ou à decisão proferida na ADIN nº 1.232-1-DF,<br />

a aplicação aos casos concretos do disposto supervenientemente pelo Estatuto do Idoso (art. 34, parágrafo único, da Lei n.º<br />

10.741/2003). 4. Por aplicação analógica do parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, não somente os valor<strong>es</strong><br />

referent<strong>es</strong> ao benefício assistencial ao idoso devem ser d<strong>es</strong>contados do cálculo da renda familiar, mas também aquel<strong>es</strong><br />

referent<strong>es</strong> ao amparo social ao deficiente e os decorrent<strong>es</strong> de aposentadoria no importe de um salário mínimo. 5. Termo<br />

inicial do benefício mantido a partir da data da citação, por ser o momento em que o Réu toma ciência da pretensão (art.<br />

219 do CPC). 6. Agravo Legal a que se nega provimento.<br />

(AC 00073334220094039999, JUIZ CONVOCADO HELIO NOGUEIRA, TRF3 - SÉTIMA TURMA, e-DJF3 Judicial 1 DATA:<br />

21/09/2012)<br />

7. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

8. Vale r<strong>es</strong>saltar que a aparte autora ajuizou a pr<strong>es</strong>ente ação em 22/01/2009, objetivando a conc<strong>es</strong>são do amparo social.<br />

Contudo, em 26/01/2009, o autor passou a receber o benefício de aposentadoria por idade, deferido adminis<strong>tr</strong>ativamente.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, diante da impossibilidade de cumulação de benefício de amparo social com qualquer ou<strong>tr</strong>o no âmbito da<br />

seguridade social ou de ou<strong>tr</strong>o regime, não há que se falar mais em conc<strong>es</strong>são do benefício de amparo social, mas tão<br />

somente no pagamento do valor dos a<strong>tr</strong>asados, referente ao período de 25/11/2008 (data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo,<br />

onde o autor se encon<strong>tr</strong>ava com 65 anos de idade e sem renda) a 25/01/2009 (dia anterior à data de conc<strong>es</strong>são da<br />

aposentadoria por idade).<br />

9. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento, d<strong>es</strong>taco que, muito embora o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> admita a figura do<br />

prequ<strong>es</strong>tionamento implícito e não caiba ao <strong>tr</strong>ibunal de origem manif<strong>es</strong>tar-se, propriamente, sobre o mérito de possível<br />

violação constitucional suscitada pelas part<strong>es</strong> litigant<strong>es</strong>, cumpre regis<strong>tr</strong>ar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo<br />

da sentença recorrida t<strong>es</strong>e de direito que possa ensejar, nem m<strong>es</strong>mo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto<br />

constitucional.<br />

10. Pelo exposto, faz jus o autor, ora recorrido, ao recebimento do valor dos a<strong>tr</strong>asados, referente ao período de 25/11/2008<br />

a 25/01/2009, a título do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

119 - 0000873-66.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000873-9/01) ASSUNTA MORO DA SILVA (ADVOGADO: JOSE<br />

OLIVEIRA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.) x OS MESMOS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 2009.50.52.000873-9/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e ASSUNTA MORO DA SILVA<br />

RECORRIDO: OS MESMOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – DIB MANTIDA -<br />

RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS - SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recursos inominados interpostos pela parte autora e pelo INSS em face da sentença de fls. 65/69, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente


idosa. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, pretende a parte autora unicamente a alteração da data inicial de conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

para a data do primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (16/18/2004 – fl. 06), haja vista que a m<strong>es</strong>ma já se encon<strong>tr</strong>ava em<br />

situação de miserabilidade. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 86/88.<br />

2. Por sua vez, sustenta o INSS (segundo recorrente) que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação<br />

ampliativa para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso<br />

da autora não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Ademais, sustenta o<br />

recorrente que não foram preenchidos os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do benefício, uma vez que a renda familiar ul<strong>tr</strong>apassa<br />

¼ do salário mínimo. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 94/99.<br />

3. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um<br />

salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não<br />

possuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz<br />

de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do<br />

salário mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

4. Observa-se, pelo relatório social (fls.39/41), que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, o Sr. João Vieira da Silva,<br />

o qual recebe aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal. Ambos r<strong>es</strong>idem em uma casa própria,<br />

localizada em área de risco social, guarnecida com móveis e equipamentos simpl<strong>es</strong>. No parecer social, a assistente<br />

informou que a autora possui problemas oftalmológicos e de pr<strong>es</strong>são, nec<strong>es</strong>sitando de assistência contínua e não podendo<br />

ficar sem a medicação con<strong>tr</strong>olada. Por fim, ponderou a assistente social que o casal requer cuidados e alimentos <strong>es</strong>peciais,<br />

encon<strong>tr</strong>ando-se em situação de vulnerabilidade.<br />

5. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, entendo que o recurso do INSS não merece provimento. Isto porque, atendo-se ao fato de que a única<br />

renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de


aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (79 anos de idade – fl. 58), deve ser d<strong>es</strong>considerado o<br />

valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do<br />

benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Quanto, ao recurso da autora o m<strong>es</strong>mo não merece provimento, tendo em vista que a m<strong>es</strong>ma, após indeferimento do<br />

primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo de LOAS em 16/08/2004 (fl. 4), somente deu en<strong>tr</strong>ada com um novo requerimento em<br />

13/04/2009, ou seja, quase cinco anos após o primeiro indeferimento. Isto posto, conclui-se que a autora aceitou a decisão<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa proferida no ano de 2004, tanto que somente no ano de 2009 com a segunda negativa do INSS é que a<br />

m<strong>es</strong>ma ingr<strong>es</strong>sou com a pr<strong>es</strong>ente ação. D<strong>es</strong>tarte, deve ser mantida a DIB na data do último requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo de<br />

13/04/2009 (fl. 7).<br />

12. Pelo exposto, faz jus a autora, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93, d<strong>es</strong>de a data do segundo requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo (13/04/2009 – fl. 7).<br />

13. Recursos conhecidos e improvidos. Sentença integralmente mantida.<br />

14. Ante a sucumbência recíproca, os honorários sucumbenciais se compensam.<br />

15. Custas pro rata, isenta a parte ré (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). No que tange à parte autora, ante o deferimento de<br />

assistência judiciária gratuita à fl. 37, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei<br />

n.º 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS<br />

e, no mérito, NEGAR-LHES PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

120 - 0000268-23.2009.4.02.5052/02 (2009.50.52.000268-3/02) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x MARIA DA PENHA FIGUEREDO (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000268-23.2009.4.02.5052/02<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: MARIA DA PENHA FIGUEIREDO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – INCAPACIDADE RECONHECIDA – ANÁLISE DAS<br />

CONDIÇÕES PESSOAIS - BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 81/84, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente.<br />

Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à percepção<br />

de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa para<br />

abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora não<br />

pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Ademais, sustenta o recorrente que a<br />

prova pericial concluiu pela capacidade laboral da parte autora, circunstância que não autoriza o deferimento do benefício<br />

assistencial, d<strong>es</strong>tinado, tão somente, aos indivíduos portador<strong>es</strong> de deficiência que os impeçam de obter recursos que lh<strong>es</strong><br />

garantam a subsistência. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 91/92.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls.20/22, que a autora (68 anos) r<strong>es</strong>ide com seu <strong>es</strong>poso (70 anos) e uma filha (15


anos), em uma casa cedida de difícil ac<strong>es</strong>so e em condiçõ<strong>es</strong> precárias. A casa é muito pobre, possuindo apenas duas<br />

camas e uma pequena m<strong>es</strong>a, pois os demais móveis e utensílios foram vendidos para comprar remédios. A renda familiar é<br />

proveniente de aposentadoria por invalidez, percebida pelo <strong>es</strong>poso da autora, no valor de um salário mínimo mensal. Por<br />

fim, relatou a assistente que a autora não consegue andar sem a ajuda de terceiros, nec<strong>es</strong>sitando fazer uso de vários<br />

medicamentos, pois sente muitas dor<strong>es</strong>.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorria do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por invalidez, e que o m<strong>es</strong>mo possuía mais de 65 anos á<br />

época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (67 anos de idade – fl. 20), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da<br />

aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial<br />

pleiteado.<br />

10. Acerca da incapacidade, a perícia do juízo (fls.68/72) apurou que a autora é portadora de alteraçõ<strong>es</strong> degenerativas de<br />

coluna vertebral, en<strong>tr</strong>etanto concluiu pela capacidade laboral da parte. Ap<strong>es</strong>ar de tal conclusão, relata o jusperito que a<br />

patologia que acomete a autora é r<strong>es</strong>ultado do inexorável proc<strong>es</strong>so de envelhecimento do organismo, que limita as<br />

atividad<strong>es</strong> laborativas àquelas que não dependem de <strong>es</strong>forços físicos. Ademais, d<strong>es</strong>tacou o perito que a autora não possui<br />

condiçõ<strong>es</strong> de empregabilidade em razão de sua idade avançada.<br />

11. Pois bem. Embora o perito do juízo tenha r<strong>es</strong>salvado a possibilidade de exercício de atividad<strong>es</strong> que não demandem<br />

exigência física, após compulsar o caderno proc<strong>es</strong>sual, entendo que as limitaçõ<strong>es</strong> físicas da parte, aliadas às suas<br />

condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais – em <strong>es</strong>pecial, a idade avançada (68 anos – fl. 07), e a profissão de lavradora, reduzem, ou m<strong>es</strong>mo<br />

anulam, as chanc<strong>es</strong> de obtenção de ocupação remunerada que lhe garanta a subsistência material e que não exija <strong>es</strong>forço<br />

físico, notadamente se considerada a atual conjuntura do mercado de <strong>tr</strong>abalho, que, inegavelmente, privilegia os mais<br />

jovens e os que detêm maior e mais variada formação educacional e profissional.<br />

12. N<strong>es</strong>se diapasão, não se pode olvidar que o amparo assistencial constitui benefício d<strong>es</strong>tinado justamente àquel<strong>es</strong>


portador<strong>es</strong> de deficiências suficient<strong>es</strong> a comprometer a possibilidade de obtenção de <strong>tr</strong>abalho que assegure a subsistência<br />

do indivíduo e/ou de sua família. Assentada <strong>es</strong>sa premissa, entendo que a moléstia diagnosticada n<strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em<br />

conjunto com as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais, econômicas e sócio-culturais da parte, pode, sim, comprometer sua plena<br />

participação no mercado de <strong>tr</strong>abalho, em igualdade de condiçõ<strong>es</strong> com os demais indivíduos.<br />

10. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento, d<strong>es</strong>taco que, muito embora o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> admita a figura do<br />

prequ<strong>es</strong>tionamento implícito e não caiba ao <strong>tr</strong>ibunal de origem manif<strong>es</strong>tar-se, propriamente, sobre o mérito de possível<br />

violação constitucional suscitada pelas part<strong>es</strong> litigant<strong>es</strong>, cumpre regis<strong>tr</strong>ar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo<br />

da sentença recorrida t<strong>es</strong>e de direito que possa ensejar, nem m<strong>es</strong>mo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto<br />

constitucional.<br />

10. Pelo exposto, reunidos os requisitos legais de incapacidade e de miserabilidade faz jus a autora, ora recorrida, ao<br />

benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c”, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

121 - 0000943-86.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000943-7/01) MARIA DA PENHA SILVA (ADVOGADO: ANTÔNIO<br />

JUSTINO COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA<br />

BRITO.) x OS MESMOS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 2009.50.51.000943-7/01<br />

RECORRENTE: MARIA DA PENHA SILVA E INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RECORRIDO: OS MESMOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – ALTERAÇÃO DA DIB<br />

- RECURSOS CONHECIDOS - RECURSO DO INSS IMPROVIDO - RECURSO DA AUTORA PROVIDO - SENTENÇA<br />

REFORMADA EM PARTE.<br />

1. Trata-se de recursos inominados interpostos pelo INSS e pela parte autora em face da sentença de fls. 69/71, que julgou<br />

parcialmente procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da<br />

requerente idosa. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, sustenta o INSS que não foram preenchidos os requisitos para a conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício, uma vez que a renda familiar ul<strong>tr</strong>apassa ¼ do salário mínimo. Ademais, alega que o <strong>es</strong>tudo social de fls. 29/32,<br />

apr<strong>es</strong>entou ou<strong>tr</strong>os elementos que afastam a caracterização do <strong>es</strong>tado de miserabilidade da autora. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />

82/84.<br />

2. Por sua vez, a parte autora (segundo recorrente) pretende unicamente a alteração da data inicial de conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício para a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (20/03/2009 – fl.14), haja vista que a m<strong>es</strong>ma já se encon<strong>tr</strong>ava em<br />

situação de miserabilidade, situação <strong>es</strong>sa constatada pela visita da assistente social. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 90/99.<br />

3. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um<br />

salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não<br />

possuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz<br />

de prover à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do<br />

salário mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

4. Observa-se, pelo relatório social (fls.29/32), que o grupo familiar da parte autora é composto pela m<strong>es</strong>ma (idosa – 79<br />

anos) e seu <strong>es</strong>poso (idoso/aposentado). Ambos r<strong>es</strong>idem em uma casa cedida, localizada na zona urbana, abastecida pelos<br />

recursos de água, luz e <strong>es</strong>goto. O imóvel se encon<strong>tr</strong>a em médio <strong>es</strong>tado de conservação e higiene. Foi informado no m<strong>es</strong>mo


documento que a requerente encon<strong>tr</strong>a-se em <strong>tr</strong>atamento de saúde realizando exam<strong>es</strong> e fazendo uso contínuo de<br />

medicamentos Por fim, r<strong>es</strong>salta a assistente que a autora é idosa, frágil e não possui meios de prover a própria<br />

subsistência.<br />

5. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, entendo que o recurso do INSS não merece provimento. Isto porque, atendo-se ao fato de que a única<br />

renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de<br />

aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (87 anos de idade – fl. 13), deve ser<br />

d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai<br />

o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Por ou<strong>tr</strong>o lado, tenho que o recurso da autora merece provimento, para que a condenação imposta tenha como marco<br />

inicial a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (20/03/2009 – fl.14), haja vista a comprovação em juízo do preenchimento dos<br />

pr<strong>es</strong>supostos de fato do direito pleiteado, o que implica a re<strong>tr</strong>oação dos efeitos, conforme o caso, à data do requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

12. Pelo exposto, faz jus a autora, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

13. Recurso conhecidos. Recurso do INSS improvido. Recurso da parte autora provido. Sentença reformada em pormenor.<br />

14. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios,<br />

arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n. 9.099/95 c/c<br />

artigo 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal


dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DOS RECURSOS<br />

e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DA AUTORA, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

122 - 0000776-63.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000776-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x ZULEITE ZORDAN ZULIANI (ADVOGADO: FERNANDA ANDRADE<br />

SANTANA, ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000776-63.2009.4.02.5053/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: ZULEITE ZORDAN ZULIANI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 92/94, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a renda familiar é superior a 2 (dois) mil reais, o que supera o limite legal<br />

fixado em lei à percepção de benefício assistencial. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> as fls. 112/114.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls.64/68, que a autora r<strong>es</strong>ide com o <strong>es</strong>poso, <strong>tr</strong>ês filhos e <strong>tr</strong>ês netos, e que a renda do<br />

grupo familiar advém unicamente da aposentadoria por invalidez do senhor Francisco Zuliani, marido da requerente. Foi<br />

informado no m<strong>es</strong>mo documento que a autora, além de idosa, é portadora de diversas patologias, nec<strong>es</strong>sitando de<br />

medicação de uso contínuo, assim como seu <strong>es</strong>poso que sofreu um AVC, ficando com sequelas permanent<strong>es</strong> em seus<br />

membros inferior<strong>es</strong> e superior<strong>es</strong>.<br />

4. No que se refere à alegação do INSS de que a filha da autora, a Sra. Maria Aparecida Zordan Zuliane, recebe R$ 950,00<br />

(novecentos e cinqüenta reais) e de que sua neta, Pamela Santos Zuliana, recebe R$ 580,00 (quinhentos e oitenta), valor<strong>es</strong><br />

que, somados à aposentadoria percebida pelo <strong>es</strong>poso, ul<strong>tr</strong>apassam consideravelmente o limite legal de ¼ do salário<br />

mínimo vigente por membro da família, entendo que as rendas em qu<strong>es</strong>tão não podem ser computadas à renda do grupo<br />

familiar. A Sr. Maria Aparecida não r<strong>es</strong>ide mais com a mãe, em razão de se encon<strong>tr</strong>ar convivendo em união <strong>es</strong>tável com o<br />

Sr. Edson da Silva (fl. 86), de modo não faz mais parte do grupo familiar da requerente por ter constituído nova família. A<br />

neta da autora, por sua vez, também não pode ser considerada membro do núcleo familiar, eis que não se encaixa no<br />

conceito de “família” preconizado pelo art. 20, §1º, da LOAS.<br />

5. Sendo assim, tem-se que a renda familiar é composta unicamente pela aposentadoria por invalidez recebida pelo marido<br />

da autora.<br />

6. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

7. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

8. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

9. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,


senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

10. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício<br />

assistencial de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do<br />

<strong>es</strong>tatuto do Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não<br />

se <strong>tr</strong>ata de aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

11. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da autora, a título de aposentadoria por invalidez de <strong>tr</strong>abalhador rural (NB: 0904860124 – consulta<br />

ao PLENUS), entendo que deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar<br />

passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

12. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

13. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

14. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

123 - 0000557-90.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000557-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x SEBASTIANA VICENTE DE SOUZA (ADVOGADO: Filipe Domingos Commetti,<br />

GISELLE PEREIRA DIAS VILLARREAL.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000557-90.2008.4.02.5051/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: SEBASTIANA VICENTE DE SOUZA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 77/80, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa


para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar, requer ainda, que a DIB seja<br />

alterada para a data da prolação da sentença. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 43/46), que a família da autora é formada por ela e seu <strong>es</strong>poso. Segundo o laudo<br />

da assistente social, a única renda da família é obtida a<strong>tr</strong>avés da aposentadoria de um salário mínimo de seu cônjuge, o<br />

imóvel que a autora r<strong>es</strong>ide é próprio em médio <strong>es</strong>tado de conservação e as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as <strong>es</strong>senciais da família totalizam R$<br />

302,07. A parte autora e seu cônjuge fazem uso de medicamento de uso diário (fl.36), razão pela qual a renda de um salário<br />

mínimo mensal não seria o suficiente para arcar com todas as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as básicas do casal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de<br />

65 anos (77 anos de idade – fl. 50), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda<br />

familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado. D<strong>es</strong>ta forma, a alegação da<br />

recorrente para que seja alterada a DIB, também não merece prosperar, pois a recorrida já havia preenchido todos os<br />

requisitos nec<strong>es</strong>sários para a conc<strong>es</strong>são do benefício na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

10. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.


11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

124 - 0000493-14.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000493-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ESPÓLIO DE ROSA GREGÓRIO PIROLA<br />

(ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.52.000493-2/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: ESPÓLIO DE ROSA GREGÓRIO PIROLA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 75/80, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 91/92.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. No caso em qu<strong>es</strong>tão, ante o falecimento da parte autora no curso do proc<strong>es</strong>so não foi possível a realização do relatório<br />

social. D<strong>es</strong>sa forma, com base no procedimento adminis<strong>tr</strong>ativo às fls.49/63, observa-se que a autora (idosa-73 anos) r<strong>es</strong>idia<br />

unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Jair Pirola, o qual recebia aposentadoria por invalidez no valor de um salário mínimo<br />

mensal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)


7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorria do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por invalidez, e que o m<strong>es</strong>mo possuía mais de 65 anos á<br />

época do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (76 anos de idade – fl. 61), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da<br />

aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial<br />

pleiteado.<br />

10. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 d<strong>es</strong>de a data do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (18/07/2007) até a data de seu óbito (17/03/2008).<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

125 - 0000147-89.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000147-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x AUZENY PEREIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: GUSTAVO SABAINI<br />

DOS SANTOS.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000147-89.2009.4.02.5053/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: AUZENY PEREIRA DOS SANTOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO


IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 73/77, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.97/103.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. (61/64), que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Sebastião dos<br />

Santos, o qual recebe aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal. Foi informado no m<strong>es</strong>mo documento<br />

que a requerente possui pr<strong>es</strong>são arterial alterada, razão pela qual a renda de um salário mínimo mensal não seria o<br />

suficiente para arcar com todas as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as básicas do casal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 76 anos (anos<br />

de idade – fl. 33), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar passará a<br />

ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.


10. Quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento, d<strong>es</strong>taco que, muito embora o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> admita a figura do<br />

prequ<strong>es</strong>tionamento implícito e não caiba ao <strong>tr</strong>ibunal de origem manif<strong>es</strong>tar-se, propriamente, sobre o mérito de possível<br />

violação constitucional suscitada pelas part<strong>es</strong> litigant<strong>es</strong>, cumpre regis<strong>tr</strong>ar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo<br />

da sentença recorrida t<strong>es</strong>e de direito que possa ensejar, nem m<strong>es</strong>mo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto<br />

constitucional.<br />

11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

126 - 0000447-54.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000447-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x CARMEN PAULA DE SOUZA (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.52.000447-3/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: CARMEN PAULA DE SOUZA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 49/53, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> interpostas<br />

intemp<strong>es</strong>tivamente.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 32/35, que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Perli de Souza, o qual<br />

recebe aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal. Foi informado no m<strong>es</strong>mo documento que a<br />

requerente possui pr<strong>es</strong>são alta, col<strong>es</strong>terol alto e dor no nervo ciático, nec<strong>es</strong>sitando de assistência contínua e não podendo<br />

ficar sem a medicação nec<strong>es</strong>sária e seçõ<strong>es</strong> de fisioterapia. Quanto ao seu <strong>es</strong>poso, <strong>es</strong>te também se encon<strong>tr</strong>a debilitado,<br />

pois sofre da doença de Parkison, sendo dependente de medicação con<strong>tr</strong>olada.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.


6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (81<br />

anos de idade – fl. 14), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda familiar<br />

passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado. Contudo, com base no ter da<br />

petição de fls.73/74, o benefício assistencial deve ser concedido apenas no período de 31/07/2006 (requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo) à 30/12/2010 (data do falecimento do <strong>es</strong>poso da autora), haja vista ter a autora optado por perceber o<br />

benefício de pensão por morte, por ser <strong>es</strong>te mais vantajoso.<br />

10. Finalmente, quanto ao prequ<strong>es</strong>tionamento, d<strong>es</strong>taco que, muito embora o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> admita a figura do<br />

prequ<strong>es</strong>tionamento implícito e não caiba ao <strong>tr</strong>ibunal de origem manif<strong>es</strong>tar-se, propriamente, sobre o mérito de possível<br />

violação constitucional suscitada pelas part<strong>es</strong> litigant<strong>es</strong>, cumpre regis<strong>tr</strong>ar, de qualquer sorte, que não se vislumbra no bojo<br />

da sentença recorrida t<strong>es</strong>e de direito que possa ensejar, nem m<strong>es</strong>mo potencialmente, ofensa direta a dispositivo do texto<br />

constitucional.<br />

11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 no período de<br />

30/07/2006 à 30/12/2010.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

127 - 0000915-52.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000915-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x AMELIA CHAGAS DA SILVA (ADVOGADO:


ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.52.000915-6/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: AMELIA CHAGAS DA SILVA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE –<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO APENAS PELO<br />

PERÍODO DE 11/2008 A 12/2008 – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 56/58, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a renda mensal familiar per capita é claramente superior a ¼ do salário<br />

mínimo, já que, tanto a autora, como seu marido, recebem aposentadoria por idade rural, o que torna ainda mais nítida a<br />

impossibilidade de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> as fls. 70/71.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 34/37, que a autora possui 66 (s<strong>es</strong>senta e seis) anos de idade e que seu grupo<br />

familiar é composto apenas por ela e seu <strong>es</strong>poso. De acordo com o documento em qu<strong>es</strong>tão, a renda familiar decorreria<br />

unicamente da aposentadoria recebida por seu marido no valor de um salário mínimo mensal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do


Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. Ocorre que, conforme alegado pelo INSS em sede de razõ<strong>es</strong> recursais, foi deferido à autora o benefício da aposentadoria<br />

rural por idade (NB: 1480652315), com DIB em 08/12/2008, fato <strong>es</strong>te que impede a conc<strong>es</strong>são do benefício de pr<strong>es</strong>tação<br />

continuada, uma vez que inacumuláveis.<br />

10. Atendo-se aos fatos e ao direito, entendo que, diante do deferimento da aposentadoria por idade rural à parte<br />

requerente em 08/12/2008, ela somente faz jus ao benefício assistencial durante o período compreendido en<strong>tr</strong>e o<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo do amparo social e o deferimento da aposentadoria, isto é, de 04/11/2008 a 08/12/2008, o que<br />

equivale a exato um mês de conc<strong>es</strong>são do amparo assistencial, eis que em tal período a m<strong>es</strong>ma preenchia todos os<br />

requisitos exigidos à conc<strong>es</strong>são do BPC: maior de 65 anos e condição de miserabilidade do grupo familiar.<br />

11. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em parte.<br />

12. Sem condenação em honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

128 - 0000129-71.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000129-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x INAH LINHARES SANTOS (ADVOGADO: ADENILSON VIANA<br />

NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000129-71.2009.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: INAH LINHARES SANTOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 43/47, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefícios assistenciais concedidoa a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação<br />

ampliativa para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso<br />

da autora não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />

56/57.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social fls. 28/30, que a autora r<strong>es</strong>ide com seu <strong>es</strong>poso e que ambos possuem problemas de<br />

saúde, nec<strong>es</strong>sitando da aquisição contínua de medicamentos. Conforme o m<strong>es</strong>mo documento, a única renda do casal<br />

advém da aposentadoria por idade recebida pelo Sr. Benedito, marido da requerente, no valor de um salário mínimo.<br />

4. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal familiar per capita a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a


aposentadoria de renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração do valor proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, a renda<br />

familiar passa a ser nula, fato que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado. Sendo assim, faz jus a parte<br />

autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

10. Recurso conhecido e improvido.<br />

11. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

129 - 0000756-75.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000756-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x HELENA SANT ANNA CLARINDO.<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.52.000756-5/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: HELENA SANT’ANNA CLARINDO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –


ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 40/44, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 21/22), que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Aroldo Clarindo, o<br />

qual recebe aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo mensal. Foi informado no m<strong>es</strong>mo documento que a<br />

requerente possui pr<strong>es</strong>são arterial alterada, ar<strong>tr</strong>ose e baixa audição e que faz uso contínuo de medicaçõ<strong>es</strong>, razão pela qual<br />

a renda de um salário mínimo mensal não seria o suficiente para arcar com todas as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as básicas do casal.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim, como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo mensal<br />

percebido pelo <strong>es</strong>poso da parte autora, a título de aposentadoria por idade, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (67


anos de idade – fl. 21), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria, de modo que a renda então passará<br />

a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

10. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

130 - 0000529-82.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000529-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARIA RIBEIRO DA COSTA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES<br />

FERNANDES.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.53.000529-2/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: MARIA RIBEIRO DA COSTA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 104/109, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à<br />

percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa<br />

para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora<br />

não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda mensal per capita do grupo familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fl. 121/124.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 85/88, que a autora r<strong>es</strong>ide com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Jorge Nev<strong>es</strong> da Costa, sua filha,<br />

Ângela Ribeiro da Costa, e seu neto, Arthur Ribeiro da Costa dos Santos. A renda familiar advém da aposentadoria por<br />

idade recebida pelo marido da requerente, no valor de um salário mínimo mensal. Além disso, a filha da autora recebe<br />

aproximadamente R$ 100,00 (cem reais) por mês para cuidar do sobrinho, além de R$ 82,00 (oitenta e dois reais)<br />

provenient<strong>es</strong> do Programa de Transferência de Renda Bolsa Família.<br />

4. A Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal per capita familiar a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:


A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, e<br />

levando-se em conta apenas o valor proveniente da renda mensal da filha solteira que r<strong>es</strong>ide com a requerente, no<br />

montante de R$ 100,00 (cem reais), conclui-se que a renda do grupo familiar é inferior a ¼ do salário mínimo vigente, fato<br />

que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

10. Sendo assim, faz jus a parte autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

11. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

12. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

131 - 0000807-80.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000807-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x ANEVINA ALTOÉ ALBANE (ADVOGADO: SEBASTIÃO FERNANDO ASSIS,<br />

KÉZIA NICOLINI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.54.000807-1/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: ANEVINA ALTOÉ ALBANE<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – CORREÇAO


MONETÁRIA E JUROS DE MORA – ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.960/09 –<br />

APLICABILIDADE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 41/47, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que a autora r<strong>es</strong>ide com o marido, o qual aufere renda mensal no valor de um<br />

salário mínimo, proveniente de aposentadoria, razão pela qual sustenta que a renda per capita do grupo familiar da autora é<br />

de metade de um salário mínimo, bem superior, portanto, ao exigido por lei. Subsidiariamente, requer a reforma da<br />

sentença no que tange à aplicação da nova disciplina do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 para o cálculo da correção monetária e<br />

dos juros de mora. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fl. 58/60.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 22/27, que a autora r<strong>es</strong>ide unicamente com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Deucyr Albane, e que<br />

a única renda da família advém da aposentadoria recebida pelo marido da requerente, no valor de um salário mínimo<br />

mensal. No m<strong>es</strong>mo documento, a assistente social relatou que “a parte autora e seu cônjuge atualmente tem uma renda<br />

mensal familiar insuficiente para arcar com as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as mínimas nec<strong>es</strong>sárias, sendo que a idade, a situação de saúde, a<br />

falta de vínculos com a previdência social, fazem com que a parte autora e seu cônjuge <strong>es</strong>tejam em condiçõ<strong>es</strong> de<br />

vulnerabilidade social e econômica”.<br />

4. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,<br />

não será computado para fins de cálculo da renda mensal familiar per capita a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida,<br />

conclui-se que a renda familiar passa a ser nula, fato que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.


10. Sendo assim, faz jus a parte autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

11. Finalmente, no que tange aos juros e à correção monetária, assiste razão ao recorrente. A orientação majoritária<br />

delineada por <strong>es</strong>te colegiado e consolidada no Enunciado n.° 54 da Turma Recursal dos Juizados Especiai s Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo é no sentido de que deve ser aplicada a alteração legislativa engendrada no 1°-F da Lei<br />

n° 9.494/97 com o advento da Lei n° 11.960/09 inclu sive às causas de natureza previdenciária. Com efeito, na <strong>es</strong>teira na<br />

jurisprudência do STF, a partir de 30/06/2009, impõe-se a aplicação imediata dos índic<strong>es</strong> oficias da caderneta de poupança<br />

para efeito de cálculo de correção monetária e de juros de mora incident<strong>es</strong> sobre as condenaçõ<strong>es</strong> pecuniárias impostas à<br />

fazenda pública, incluídas as verbas consideradas alimentar<strong>es</strong>.<br />

12. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte para declarar a aplicabilidade da<br />

disciplina pr<strong>es</strong>crita no art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97, com redação conferida pela Lei n.º 11.960/09, à condenação imposta em<br />

face do recorrente a partir de 30/06/2009, mantida os juros de 1% no que tange às parcelas anterior<strong>es</strong> à referida data<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 c/c art. 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a<br />

integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

132 - 0000004-69.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000004-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x SANTINA CASSINI GUARNIER (ADVOGADO: MARIA DE LOURDES<br />

COIMBRA DE MACEDO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000004-69.2010.4.02.5052/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: SANTINA CASSINI GUARNIER<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 89/93, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o recorrente, em razõ<strong>es</strong> recursais, que o requisito sócio-financeiro não se encon<strong>tr</strong>a cumprido, pois deve ser<br />

computada a aposentadoria recebida pelo cônjuge da autora no valor de um salário mínimo, na medida em que a aplicação<br />

do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à percepção de benefício assistencial concedidos a idosos de<br />

uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários. Ademais,<br />

alega que a renda do filho também deve ser levada em conta, já que, por ser considerado membro da família, tem<br />

condiçõ<strong>es</strong> de arcar com o dever alimentar lhe imposto por lei. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 115/117.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 56/57, que a autora e seu <strong>es</strong>poso, os quais r<strong>es</strong>idiam em zona rural, moram,<br />

atualmente, com seus filhos. O casal possui dois filhos, ambos maior<strong>es</strong> e casados. A requerente mora, atualmente, com<br />

seu filho Victor Hugo e o seu marido com a filha. Foi relatado que a única renda financeira da família é proveniente da<br />

aposentadoria por invalidez recebida pelo senhor Adriano Guarnier, seu <strong>es</strong>poso, no valor de um salário mínimo, além da<br />

ajuda dos filhos.<br />

4. A Lei 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade,


não será computado para fins de cálculo da renda mensal familiar per capita a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

5. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria por invalidez com renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não<br />

deve ser computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

6. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

7. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

8. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

9. Ainda, há que se dizer que a renda do filho da autora não pode, de forma alguma, ser considerada para fins de computo<br />

na renda per capita familiar, pois o § 1º, do art. 20 da Lei nº 8.742.93 é claro quanto à exigência de que o filho seja solteiro<br />

para que possa ser considerado membro da família e, conseqüentemente, ter por computada a sua renda financeira à<br />

renda per capita familiar dos genitor<strong>es</strong>, o que não condiz com o pr<strong>es</strong>ente caso, já que o filho é casado e constituiu sua<br />

própria família, conforme informado no relatório social.<br />

10. Sobre o ponto, aliás, quadra d<strong>es</strong>tacar que o INSS, constantemente, vem sustentando argumentos con<strong>tr</strong>aditórios a<br />

depender do caso concreto. Se o filho casado, que vive sob o m<strong>es</strong>mo teto, não possui renda, a Autarquia defende a<br />

aplicação literal do dispositivo para que ele seja excluído do cálculo da renda familiar per capita. Se o filho casado possui<br />

renda, adota posicionamento totalmente con<strong>tr</strong>ário, defendendo uma chamada interpretação sistemática, que, na verdade, a<br />

meu ver, revela d<strong>es</strong>lealdade proc<strong>es</strong>sual.<br />

11. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração da renda proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, assim<br />

como da renda auferida por seu filho, conclui-se que a renda familiar passa a ser nula, fato que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do<br />

benefício assistencial pleiteado.<br />

12. Sendo assim, faz jus a parte autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

13. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

14. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.


BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

133 - 0000572-25.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000572-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x IZAURA RIBEIRO MACHADO (ADVOGADO: MARIO SERGIO NEMER VIEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000572-25.2009.4.02.5051/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: IZAURA RIBEIRO MACHADO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 76/80, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que os dois filhos que r<strong>es</strong>idem com a autora e seu <strong>es</strong>poso, por serem maior<strong>es</strong><br />

de idade, não podem compor o grupo familiar para efeitos de cálculo da renda per capita. Ademais, defende que a<br />

aplicação do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/03 é r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ita à percepção de benefício assistencial concedidos a<br />

idosos de uma m<strong>es</strong>ma família, não autorizando interpretação ampliativa para abranger ou<strong>tr</strong>os benefícios previdenciários, de<br />

modo que a aposentadoria por idade recebida pelo <strong>es</strong>poso da autora não pode ser d<strong>es</strong>considerada para o cálculo da renda<br />

mensal per capita do grupo familiar, que, n<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, supera o limite de ¼ do salário mínimo. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fl. 95.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário<br />

mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 23/29, que a autora r<strong>es</strong>ide com seu <strong>es</strong>poso, Sr. Benedito Ludgero Machado, e<br />

com seus dois filhos, Odeli Ribeiro Machado e Antônia Ribeiro Machado, os quais se encon<strong>tr</strong>am d<strong>es</strong>empregados,<br />

dependendo do amparo financeiro dos genitor<strong>es</strong>. A única renda da família advém da aposentadoria por invalidez de<br />

<strong>tr</strong>abalhador rural recebida pelo marido da requerente, no valor de um salário mínimo.<br />

4. O §1º do art. 20, da Lei nº 8.742/93 conceitua como família aquela composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro,<br />

os pais e, na ausência de um del<strong>es</strong>, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os<br />

menor<strong>es</strong> tutelados, d<strong>es</strong>de que vivam sob o m<strong>es</strong>mo teto. N<strong>es</strong>se diapasão, é perfeitamente possível encaixar como parte da<br />

família os filhos que r<strong>es</strong>idem com a requerente, eis que a nova redação dada pelo supracitado dispositivo legal da LOAS<br />

não mais exclui o filho maior para fins de computo na renda per capita familiar, salvo se não for solteiro, isto é, se já houver<br />

constituído uma nova família. Ainda que o relatório social juntado aos autos não informe diretamente o <strong>es</strong>tado civil dos filhos<br />

maior<strong>es</strong> que r<strong>es</strong>idem com os genitor<strong>es</strong>, é possível pr<strong>es</strong>umir que os m<strong>es</strong>mos não constituíram família, haja vista que<br />

r<strong>es</strong>idem sozinhos com os pais.<br />

5. No mais, ainda que os filhos não sejam considerados como integrant<strong>es</strong> do grupo familiar para efeitos de contabilizá-los<br />

no cálculo da renda per capita mensal, é possível aplicar analogicamente o art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/03, que<br />

<strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, anteriormente concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do<br />

grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo menos 65 anos de idade, não será computado para fins de cálculo da renda<br />

mensal familiar per capita a que se refere à supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria de renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:


INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto<br />

do Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, atendo-se ao fato de que a única renda do grupo familiar decorre do valor de um salário mínimo percebido<br />

pelo <strong>es</strong>poso da parte autora a título de aposentadoria por invalidez, e que o m<strong>es</strong>mo possui mais de 65 anos (80 anos de<br />

idade – fl. 24), deve ser d<strong>es</strong>considerado o valor proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, de modo<br />

que a renda familiar passará a ser nula, fato <strong>es</strong>te que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

134 - 0001225-27.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001225-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x INEZ LOUZADA DA SILVA (ADVOGADO: MARCO HENRIQUE KAMHAJI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.51.001225-4/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: INEZ LOUZADA DA SILVA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, DA LEI 10.741/03 – POSSIBILIDADE -<br />

CONFIGURAÇÃO DO REQUISITO DE MISERABILIDADE – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DEVIDO – RECURSO<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 94/96, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/93 (LOAS) em favor da requerente<br />

idosa. Alega o INSS, em razõ<strong>es</strong> recursais, que o <strong>es</strong>poso da demandante é aposentado por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição e recebe<br />

mais de um salário mínimo, razão pela qual sustenta que a autora não cumpriu o requisito de miserabilidade, já que a renda<br />

per capita do grupo familiar supera o limite de ¼ do salário mínimo por cada membro. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 110/111.<br />

2. Conforme os termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é garantido no valor de um salário


mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 65 (setenta) anos ou mais, que comprove não possuir<br />

meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Por conseguinte, considera-se incapaz de prover<br />

à manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário<br />

mínimo vigente (§3º, art. 20 da Lei 8.742/93).<br />

3. Observa-se, pelo relatório social de fls. 62/66, que a autora r<strong>es</strong>ide somente com seu <strong>es</strong>poso e que a única renda do casal<br />

advém da aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição recebida pelo Sr. Arlindo Cunha da Silva, marido da requerente, no<br />

valor de um salário mínimo.<br />

4. D<strong>es</strong>de já, deixo aqui regis<strong>tr</strong>ado que muito me abisma a autarquia federal utilizar, como argumento de def<strong>es</strong>a, a afirmação<br />

de que o valor recebido pelo marido da autora é maior do que o salário mínimo, somente porque o montante auferido<br />

ul<strong>tr</strong>apassou R$ 9,36 (nove reais e <strong>tr</strong>inta e seis centavos) do valor do salário mínimo vigente à época. Mais audacioso, ainda,<br />

foi observar que o INSS também alegou que o <strong>es</strong>poso da autora recebeu quantia superior ao salário mínimo, somente<br />

porque, em 2010, auferiu ínfimos R$ 0,98 (noventa e oito centavos) a mais, isto é, em vez de receber R$ 510, 00<br />

(quinhentos e dez reais), recebeu R$ 510,98 (quinhentos e dez reais e noventa e oito centavos). Ora, a percepção de<br />

alguns centavos a mais não é capaz de caracterizar o valor recebido a mais como superior ao salário mínimo vigente à<br />

época, e muito menos suficiente para afastar a aplicação, por analogia, do art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/03.<br />

5. Cabe reiterar que a Lei nº 10.741/03, em seu art. 34, parágrafo único, <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação<br />

continuada, anteriormente concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar, que seja idoso e tenha pelo<br />

menos 65 anos de idade, não será computado para fins de cálculo da renda mensal familiar per capita a que se refere à<br />

supracitada Lei Orgânica.<br />

6. Ora, a pr<strong>es</strong>ente situação assemelha-se àquela prevista no art. 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso. Assim como o<br />

benefício assistencial de pr<strong>es</strong>tação continuada concedido a membro da família com pelo menos 65 anos de idade, a<br />

aposentadoria de renda mínima recebida por membro da família que preencha o requisito etário também não deve ser<br />

computada para os fins da renda familiar per capita.<br />

7. Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão por diversas vez<strong>es</strong>, tendo sumulado o entendimento por meio do<br />

Verbete nº 46, in verbis:<br />

A renda mensal de aposentadoria em valor equivalente a um salário mínimo concedida a p<strong>es</strong>soa com mais de 65 anos de<br />

idade não deve ser computada para efeito de apuração da renda familiar per capita a que se refere o art. 20, § 3º, da Lei<br />

Orgânica de da Assistência Social - LOAS. Aplica-se, por analogia, o art. 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/2003. (DIO -<br />

Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 06/04/2009, pág 03 - anexo)<br />

8. No m<strong>es</strong>mo sentido já se manif<strong>es</strong>tou o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, em incidente de uniformização de jurisprudência,<br />

senão vejamos:<br />

INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA<br />

FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO ANALÓGICA.<br />

1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do benefício<br />

assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, d<strong>es</strong>tinando <strong>es</strong>sa verba exclusivamente à sua subsistência.<br />

2. N<strong>es</strong>sa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65<br />

anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a conc<strong>es</strong>são de benefício de<br />

pr<strong>es</strong>tação continuada.<br />

3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita<br />

d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tigia o segurado que con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo,<br />

na medida em que <strong>es</strong>te tem de compartilhar <strong>es</strong>se valor com seu grupo familiar.<br />

4. Em r<strong>es</strong>peito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita<br />

qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário,<br />

aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatutodo Idoso.<br />

5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.(STJ, 3ª Seção, Pet. 7203/PE, Rel. Min. Maria Thereza de Assis<br />

Moura, j. em 10/08/2011).<br />

9. O art. 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> dispõe que cabe à lei definir os critérios para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial<br />

de amparo à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso. Ao aplicar por analogia o art. 34, parágrafo único, do <strong>es</strong>tatuto do<br />

Idoso, a decisão judicial não <strong>es</strong>tá deixando de buscar na lei as dire<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> para identificação do beneficiário. Não se <strong>tr</strong>ata de<br />

aplicação de critério subjetivo, mas de método objetivo de integração de lacuna.<br />

10. D<strong>es</strong>se modo, com a d<strong>es</strong>consideração do valor proveniente da aposentadoria auferida pelo <strong>es</strong>poso da recorrida, a renda<br />

familiar passa a ser nula, fato que a<strong>tr</strong>ai o deferimento do benefício assistencial pleiteado.<br />

11. Pelo exposto, faz jus a autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93.<br />

12. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

13. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por


cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

135 - 0000671-57.2007.4.02.5053/01 (2007.50.53.000671-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x ANGELO SPASSINI BERGAMI (ADVOGADO: EDUARDO SOARES CARARRA,<br />

ALECIO JOCIMAR FAVARO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.53.000671-8/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): ANGELO SPASSINI BERGAMI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

136 - 0000811-91.2007.4.02.5053/01 (2007.50.53.000811-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x LUIZ MAZOLINI (ADVOGADO: LUIZ ALBERTO LIMA MARTINS, ALECIO<br />

JOCIMAR FAVARO, EDUARDO SOARES CARARRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.53.000811-9/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): LUIZ MAZOLINI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


137 - 0000646-47.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000646-1/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUILHERME WAYAND<br />

DA SILVA SOUTO.) x AUREO COSME (ADVOGADO: ALECIO JOCIMAR FAVARO, BRIAN CERRI GUZZO, EDUARDO<br />

SOARES CARARRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.52.000646-1/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): AUREO COSME<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

138 - 0000673-27.2007.4.02.5053/01 (2007.50.53.000673-1/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE<br />

RAPOSO.) x VALMIR JOSE ARPINI (ADVOGADO: EDUARDO SOARES CARARRA, ALECIO JOCIMAR FAVARO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.53.000673-1/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): VALMIR JOSE ARPINI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

139 - 0000382-90.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000382-5/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Allan Titonelli Nun<strong>es</strong>.) x<br />

MARIA DO CARMO RIBEIRO DOS SANTOS BROEDEL (ADVOGADO: WESLEY LOUREIRO DA CUNHA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.53.000382-5/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): MARIA DO CARMO RIBEIRO DOS SANTOS BROEDEL<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS


PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

140 - 0000381-08.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000381-3/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE<br />

RAPOSO.) x ADEMIR MORGAN DE OLIVEIRA (ADVOGADO: WESLEY LOUREIRO DA CUNHA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.53.000381-3/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): ADEMIR MORGAN DE OLIVEIRA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA –<br />

MANDATO ELETIVO – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO JULGADO À<br />

NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – ART. 543-B, §3º, CPC – PARCELAS<br />

PRESCRITAS – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PARTE<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

141 - 0001660-54.2009.4.02.5001/01 (2009.50.01.001660-0/01) MILTON COSTA DA SILVA (ADVOGADO: INGRID SILVA<br />

DE MONTEIRO.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Kleison Ferreira.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2009.50.01.001660-0/01<br />

EMBARGANTE: MILTON COSTA DA SILVA<br />

EMBARGADO: UNIÃO FEDERAL<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA.<br />

COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. PRESCRIÇÃO CONSUMADA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO JULGADO.<br />

PRETENSÃO DE REVISÃO DO MÉRITO RECURSAL. EMBARGOS REJEITADOS. ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 117, por<br />

intermédio dos quais o embargante aponta suposta omissão no julgado. Sustenta o embargante que o acórdão não<br />

observou que a incidência <strong>tr</strong>ibutária sofrida pelo embargante se refere à parcela de <strong>tr</strong>ato suc<strong>es</strong>sivo, eis que a violação ao<br />

bis in idem <strong>tr</strong>ibutário se renovaria mês a mês.<br />

Consabido é que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada como meio de veiculação de mero inconformismo<br />

da parte diante da conclusão jurisdicional adotada, servindo como ins<strong>tr</strong>umento de rediscussão de matéria já debatida.<br />

No caso sob apreço, no entanto, infere-se, com clareza, que o embargante pretende, unicamente, a rediscussão do mérito<br />

já decidido em sede de julgamento do recurso inominado. A jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia consolidou o entendimento de que, no<br />

caso de r<strong>es</strong>tituição de valor<strong>es</strong> cobrados sobre a complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas na época da<br />

vigência da Lei nº 7.713/88 (1º/01/1989 a 31/12/95), tem-se que “o termo inicial da pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário<br />

efetivamente passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a<br />

1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel.


Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).<br />

N<strong>es</strong>se m<strong>es</strong>mo sentido se manif<strong>es</strong>tou o acórdão embargado, senão vejamos:<br />

1. “Quando a aposentadoria do segurado, ou o r<strong>es</strong>gate em cota única, ocorrer na vigência da Lei 9.250/95, o termo<br />

a quo da pr<strong>es</strong>crição começará a fluir da data de sua aposentadoria, pois é a partir d<strong>es</strong>se momento que ocorrem os<br />

d<strong>es</strong>contos relativos ao imposto de renda. Por ou<strong>tr</strong>o lado, quando a aposentadoria ocorrer na vigência da Lei 7.713/88, o<br />

termo inicial a ser considerado é a partir da vigência da Lei 9.250/95, quando houve a mudança na sistemática de d<strong>es</strong>conto<br />

do imposto de renda.” (TRF 1ª Região - Apelação Cível – 2005.38.00024204-8 – DJ 19/12/2007).<br />

2. O recorrente se aposentou em 1997. Foi n<strong>es</strong>sa época que ele deve também ter começado a receber da entidade<br />

de previdência fechada o complemento da aposentadoria. E, por conseguinte, foi n<strong>es</strong>sa época que, com a incidência do<br />

imposto de renda sobre os valor<strong>es</strong> pagos pela entidade de previdência fechada, instaurou-se o bis in idem. De acordo com<br />

o primado da actio nata, o termo inicial do prazo de pr<strong>es</strong>crição deve, pois, ser fixado no mês da aposentadoria. Como a<br />

ação foi somente ajuizada em 2009, a pr<strong>es</strong>crição já <strong>es</strong>tava consumada, ainda que se considere o prazo de pr<strong>es</strong>crição de<br />

dez anos. Hipót<strong>es</strong>e de pr<strong>es</strong>crição do fundo de direito.<br />

Assim, não há que se falar em omissão no julgado.<br />

Embargos de declaração rejeitados. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, REJEITAR OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

142 - 0008382-88.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.008382-0/01) NILTON RIBEIRO MARTINS (ADVOGADO: LIDIANE<br />

ZUMACH LEMOS PEREIRA, DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x BANCO CENTRAL DO BRASIL x BANCO DO<br />

BRASIL S/A.<br />

PROCESSO Nº. 2008.50.50.008382-0/01<br />

RECORRENTE: NILTON RIBEIRO MARTINS<br />

RECORRIDO: BANCO CENTRAL DO BRASIL E BANCO DO BRASIL S/A<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO. CADERNETA DE POUPANÇA. PLANOS ECONÔMICOS. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.<br />

ILEGITIMIDADE PASSIVA DO BANCO CENTRAL. POLO PASSIVO INTEGRADO POR ENTIDADE DE DIREITO<br />

PRIVADO NÃO CONTEMPLADA NO INCISO I DO ARTIGO 109 DA CF/88. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL<br />

PARA PROCESSAR E JULGAR O FEITO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 13/14, que<br />

extinguiu o feito, sem r<strong>es</strong>olução do mérito, com fulcro no art. 3º, caput, da Lei nº 10.259 c/c arts. 109, I, da CF/88 e 267, IV,<br />

do CPC. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, sustenta o autor que r<strong>es</strong>tou assente nos autos a r<strong>es</strong>ponsabilidade do Banco Cen<strong>tr</strong>al do<br />

Brasil, possuindo o m<strong>es</strong>mo legitimidade passiva para integrar a pr<strong>es</strong>ente ação, de modo que não haveria que se falar em<br />

incompetência da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).<br />

3. Não assiste razão ao autor ao sustentar a legitimidade passiva do Banco Cen<strong>tr</strong>al do Brasil no pr<strong>es</strong>ente feito. Nas açõ<strong>es</strong><br />

em que se busca o pagamento de diferença de correção monetária dos saldos de caderneta de poupança, a legitimidade<br />

passiva é dos bancos depositários. Diante disso, como foi o Banco do Brasil (banco depositário) que aplicou nos saldos das<br />

cadernetas de poupança índice inferior ao da inflação, não pode o BACEN ser r<strong>es</strong>ponsabilizado.<br />

5. N<strong>es</strong>se sentido, confiram-se os precedent<strong>es</strong> a seguir reproduzidos:<br />

CIVIL. PROCESSO CIVIL. CADERNETA DE POUPANÇA. MES DE MARÇO/90. INDICE DE CORREÇÃO. AGENTE<br />

FINANCEIRO. BANCO CENTRAL DO BRASIL. PARTE ILEGITIMA PASSIVA. COMPETENCIA DA JUSTIÇA FEDERAL.<br />

1. A conta de poupança é um con<strong>tr</strong>ato que o poupador celebra com o <strong>es</strong>tabelecimento de crédito.<br />

2. Se a instituição financeira aplicou nos saldos das cadernetas de poupança índice inferior ao da inflação, não pode o<br />

Banco Cen<strong>tr</strong>al do Brasil ser r<strong>es</strong>ponsabilizado.


3. Não tem a <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> competência para julgar ação proposta con<strong>tr</strong>a o Banco do Brasil, o Banco Brasileiro de<br />

D<strong>es</strong>contos S/A, o Banco do Estado de São Paulo e o Banco do Estado de Goiás S/A. (5949 GO 96.01.05949-0, Relator:<br />

JUIZ TOURINHO NETO, Data de Julgamento: 24/06/1996, TRF1 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: 28/06/1996 DJ<br />

p.44695, grifo nosso)<br />

PROCESSUAL CIVIL. CADERNETA DE POUPANÇA. ILEGITIMIDADE PASSIVA DO BACEN. CONTA BANCÁRIA<br />

ABERTA ORIGINARIAMENTE NA MINAS CAIXA. ART. 284/CPC. INAPLICABILIDADE./CPC<br />

I - Nas açõ<strong>es</strong> em que se busca o pagamento de diferença de correção monetária dos saldos de caderneta de poupança, a<br />

legitimidade passiva é dos bancos depositários. Assim, aberta a conta perante a Minas Caixa, o Banco Cen<strong>tr</strong>al do Brasil é<br />

parte ilegítima para figurar no pólo passivo da relação proc<strong>es</strong>sual. Precedent<strong>es</strong> do STJ e d<strong>es</strong>ta Corte.<br />

II - Inaplicável, à <strong>es</strong>pécie, a regra do art. 284 do CPC, uma vez que a extinção do feito sem r<strong>es</strong>olução do mérito ocorreu em<br />

razão do reconhecimento da ausência de uma das condiçõ<strong>es</strong> da ação (legitimatio ad causam), decorrente do acolhimento<br />

da preliminar arguida na cont<strong>es</strong>tação pela parte indicada como legítima. 284CPC.<br />

III - Apelação da Autora a que se nega provimento. (2779 MG 0002779-59.2007.4.01.3801, Relator: DESEMBARGADOR<br />

FEDERAL JIRAIR ARAM MEGUERIAN, Data de Julgamento: 11/07/2011, TRF1- SEXTA TURMA, Data de Publicação:<br />

e-DJF1 p.84 de 25/07/2011, grifo nosso)<br />

3. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, reconhecida a ilegitimidade passiva do Banco Cen<strong>tr</strong>al para figurar no pr<strong>es</strong>ente feito, forçoso mos<strong>tr</strong>a-se a<br />

declaração da incompetência d<strong>es</strong>te Juízo. Isto porque as causas que envolvem sociedad<strong>es</strong> de economia mista federais –<br />

tais como o Banco do Brasil S/A – não se submetem ao crivo da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, pois elas não se encon<strong>tr</strong>am elencadas no<br />

rol do inciso I do art. 109 da Constituição. N<strong>es</strong>se sentido, já se posicionou o STJ, por meio da Súmula nº 42, in verbis:<br />

STJ Súmula nº 42 - 14/05/1992 - DJ 20.05.1992<br />

Competência - Cíveis e Criminais - Sociedade de Economia Mista<br />

Compete à <strong>Justiça</strong> Comum Estadual proc<strong>es</strong>sar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os<br />

crim<strong>es</strong> praticados em seu de<strong>tr</strong>imento.<br />

4. N<strong>es</strong>se diapasão, diante da incompetência dos Juizados Federais Cíveis para proc<strong>es</strong>sar e julgar a pr<strong>es</strong>ente ação, deve<br />

ser mantida a sentença proferida pelo juízo a quo.<br />

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a situação financeira da parte, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita<br />

que ora defiro, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,<br />

NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

143 - 0004580-14.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004580-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JULIO VAGMAKER FILHO<br />

(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.° 0004580-14.2010.4.02.5050/0 1<br />

RECORRENTE: JULIO VAGMAKER FILHO<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DO AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA<br />

POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL CONSTATADA PELOS LAUDOS PERICIAIS – RECURSO<br />

CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA INTEGRALMENTE MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 101/102, que<br />

julgou improcedente o pleito autoral de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e/ou de conc<strong>es</strong>são de<br />

aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong>, que os laudos periciais do juízo não se compatibilizam<br />

com sua real condição de saúde, bem como d<strong>es</strong>consideram os demais documentos médicos colacionados aos autos.<br />

Salienta que vem sofrendo cris<strong>es</strong> características de convulsõ<strong>es</strong>, perda de fala, con<strong>tr</strong>açõ<strong>es</strong> muscular<strong>es</strong>, sofrendo inclusive


paradas cardíacas, sintomas que seriam incompatíveis com sua função de encarregado de seção. Assim, r<strong>es</strong>saltando que<br />

o juiz não se encon<strong>tr</strong>a ads<strong>tr</strong>ito aos laudos periciais, postula pela reforma da sentença, com o consequente acolhimento dos<br />

pleitos iniciais. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 114/117.<br />

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, Lei n.º9.099/95).<br />

3. O auxílio-doença, como se ex<strong>tr</strong>ai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido,<br />

quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por<br />

mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art.42 da Lei n.º<br />

8.213/91, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo<br />

de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a<br />

subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

4. O autor, atualmente com 46 (quarenta e seis) anos de idade, alegou em sua inicial possuir doença cérebro-vascular<br />

isquêmica (necrose de coagulação), agravado por labirintinte isquêmica secundária, que afetaria o equilíbrio. Esteve em<br />

gozo de auxílio-doença de 13/09/2007 a 10/07/2009, c<strong>es</strong>sado por limite médico, após o que teve todos os requerimentos<br />

adminis<strong>tr</strong>ativos indeferidos.<br />

5. Visando comprovar o <strong>es</strong>tado de incapacidade, foram realizadas duas perícias médicas. A primeira perícia, realizada por<br />

<strong>es</strong>pecialista em neurologia (fls. 105/110), diagnosticou epilepsia e distúrbio psiquiá<strong>tr</strong>ico (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 01). Ao exame<br />

físico, o perito constatou que o autor se encon<strong>tr</strong>ava consciente, com ritmo cardíaco normal, marcha normal, sem déficit<br />

sensitivo, reflexos tendineos normais, eupneica e sons r<strong>es</strong>piratórios normais. Concluiu, assim, que, sob o ponto de vista<br />

neurológico, não havia incapacidade para sua atividade habitual.<br />

6. O recorrente impugnou o laudo pericial (fl. 78) sob o argumento de que também seria portador de doença psiquiá<strong>tr</strong>ica,<br />

tendo o juiz a quo deferido a realização de ou<strong>tr</strong>a perícia (fl. 85). O segundo laudo, elaborado por médico <strong>es</strong>pecialista em<br />

psiquia<strong>tr</strong>ia (fls. 91/92), diagnosticou <strong>tr</strong>anstorno do humor não <strong>es</strong>pecificado (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 01). O perito at<strong>es</strong>tou que o<br />

recorrente se apr<strong>es</strong>entou lúcido, orientado, coerente, cooperativo e calmo, sem sinais ou sintomas psicóticos. D<strong>es</strong>ta forma,<br />

d<strong>es</strong>cartou a existência de incapacidade para a atividade habitual do recorrente.<br />

7. Diante das conclusõ<strong>es</strong> periciais, em cotejo com os documentos médicos apr<strong>es</strong>entados pela parte, <strong>es</strong>te relator entende<br />

que inexistem nos autos elementos capaz<strong>es</strong> de balizarem a caracterização da incapacidade da parte para o labor em geral,<br />

sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, nec<strong>es</strong>sariamente, inaptidão funcional. Os documentos<br />

médicos juntados pela parte autora não são suficient<strong>es</strong> para afastar as conclusõ<strong>es</strong> da perícia médica judicial, mormente ao<br />

se considerar o Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito<br />

Santo:<br />

O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.<br />

(DIO - Boletim da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, 18/03/04, pág. 59).<br />

8. Com efeito, não me parece plausível deferir os benefícios previdenciários pretendidos – seja de auxílio-doença, seja de<br />

aposentadoria por invalidez – se constatada a capacidade para o <strong>tr</strong>abalho habitual do autor/recorrente a menos que os<br />

laudos particular<strong>es</strong> se mos<strong>tr</strong>em suficient<strong>es</strong> à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave<br />

falha no laudo oficial, hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> que não ocorreram no caso vertente.<br />

9. N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em <strong>tr</strong>azer aos autos provas robustas, que pud<strong>es</strong>sem se<br />

sobrepor aos laudo periciais, o qual goza de pr<strong>es</strong>unção de veracidade. D<strong>es</strong>se modo, deve ser mantida a sentença proferida<br />

pelo juiz a quo, de modo a não ser concedido o pedido autoral.<br />

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas e de<br />

honorários advocatícios, cujo valor, considerando-se a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo,<br />

ante o deferimento de assistência judiciária gratuita à fl. 58, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos<br />

termos do art. 12 da Lei 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

144 - 0006953-52.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006953-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EDUARDO FRANCISCO DE SOUZA.) x ROMARIO FERREIRA BRAGA (DEF.PUB:


Karina Rocha Mitleg Bayerl.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N. 0006953-52.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL<br />

RECORRIDO: ROMÁRIO FERREIRA BRAGA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – DESCONTOS EFETUADOS INDEVIDAMENTE SOBRE OS PROVENTOS<br />

DO RECORRIDO – IMPOSSIBILIDADE DE EFETUAR OS REFERIDOS DESCONTOS, HAJA VISTA O CARÁTER<br />

ALIMENTAR DO BENEFÍCIO E A AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DA PARTE AUTORA, O QUE TAMBÉM ENSEJA A<br />

RESTITUIÇÃO DOS VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 88/89, que julgou<br />

procedente o pedido da inicial e declarou a inexistência de débito r<strong>es</strong>ultante da revisão adminis<strong>tr</strong>ativa, bem como condenou<br />

o INSS a r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> efetivamente d<strong>es</strong>contados. Em razõ<strong>es</strong> recursais, o recorrente sustenta que o recebimento de<br />

boa-fé de verbas indevidas não tem o condão de eliminar o dever do autor em r<strong>es</strong>tituir aos cofr<strong>es</strong> públicos, sob pena de<br />

enriquecimento ilícito. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 123/129.<br />

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).<br />

3. Efetuar a cobrança de valor<strong>es</strong> que foram recebidos pela autora por equívoco unicamente do INSS acabaria por violar a<br />

relação de segurança e confiança que o m<strong>es</strong>mo tem com a autarquia, tendo em vista <strong>tr</strong>atar-se – a renda obtida com o<br />

benefício previdenciário – de quantia d<strong>es</strong>tinada a suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas do beneficiário. R<strong>es</strong>ta claro que o<br />

benefício percebido pela recorrida tinha por função precípua atender as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> condizent<strong>es</strong> com o padrão social.<br />

4. É de r<strong>es</strong>saltar que o autor agiu de boa-fé quando do recebimento dos benefícios pagos indevidamente pelo INSS. A<br />

boa-fé é pr<strong>es</strong>umida, sendo afastada apenas se houver prova em con<strong>tr</strong>ário. A autarquia previdenciária não d<strong>es</strong>caracterizou a<br />

má-fé da recorrida, de modo que o d<strong>es</strong>conto feito sobre os seus proventos não possui r<strong>es</strong>paldo. Segue jurisprudência que<br />

corrobora o entendimento pautado na boa-fé da recorrida: [...] 2- O art. 115 da Lei nº 8.213/91, que regulamenta a hipót<strong>es</strong>e<br />

de d<strong>es</strong>conto adminis<strong>tr</strong>ativo, sem nec<strong>es</strong>sária autorização judicial, nos casos em que a conc<strong>es</strong>são a maior se deu por ato<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo do Instituto agravante, não se aplica às situaçõ<strong>es</strong> em que o segurado é receptor de boa-fé, o que, conforme<br />

documentos acostados aos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos, se amolda ao vertente caso. Precedent<strong>es</strong>. 3- Agravo regimental a que se nega<br />

provimento. (STJ – Sexta Turma - AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 413977 – Relatora:<br />

Minis<strong>tr</strong>a Maria Thereza de Assis Moura – Julgado em: 19/02/2009 – Publicado em: 16/03/2009) (grifo nosso).<br />

5. Ademais, deve-se enfatizar que o risco de enriquecimento ilícito, alegado pelo INSS, é inferior ao risco de fazer com que<br />

o recorrido suporte ônus indevido, haja vista que as verbas que o m<strong>es</strong>mo recebeu são de caráter alimentar. Reitera-se: não<br />

é razoável que o recorrido suporte ônus pautado no erro da autarquia previdenciária.<br />

6. Por fim, deve-se frisar que, sendo devida a c<strong>es</strong>sação dos d<strong>es</strong>contos no benefício do recorrido, principalmente pelo fato<br />

de o m<strong>es</strong>mo não ter concorrido para o ato que propiciou o aumento de seus proventos, não deve o INSS apr<strong>es</strong>entar<br />

irr<strong>es</strong>ignação pela condenação também ao r<strong>es</strong>sarcimento dos valor<strong>es</strong> d<strong>es</strong>contados, haja vista <strong>tr</strong>atar-se de decorrência lógica<br />

da supracitada c<strong>es</strong>sação.<br />

7. Recurso conhecido e, no mérito, improvido. Sentença mantida.<br />

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

145 - 0005006-60.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005006-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MARILZA BARROS DE<br />

VASCONCELLOS (ADVOGADO: RODOLFO GOMES AMADEO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N. 0005006-60.2009.4.02.5050/01


RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL<br />

RECORRIDO: MARILZA BARROS DE VASCONCELLOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – DESCONTOS EFETUADOS INDEVIDAMENTE SOBRE OS PROVENTOS<br />

DA RECORRIDA – IMPOSSIBILIDADE DE EFETUAR OS REFERIDOS DESCONTOS, HAJA VISTA O CARÁTER<br />

ALIMENTAR DO BENEFÍCIO E A AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ DA PARTE AUTORA – DEVIDA A RESTITUIÇÃO DOS<br />

VALORES INDEVIDAMENTE DESCONTADOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 23/24, que julgou<br />

procedente o pedido da inicial e declarou a inexistência de débito r<strong>es</strong>ultante da revisão adminis<strong>tr</strong>ativa, bem como condenou<br />

o INSS a r<strong>es</strong>tituir os valor<strong>es</strong> efetivamente d<strong>es</strong>contados. Em razõ<strong>es</strong> recursais, o recorrente sustenta que a autora recebeu<br />

indevidamente o benefício de aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição no período de 1998 a setembro de 2002, assim,<br />

aduz que o d<strong>es</strong>conto era devido, que se <strong>tr</strong>ata de verba pública e, portanto, deve ser r<strong>es</strong>tituído. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. A sentença merece ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).<br />

3. Efetuar a cobrança de valor<strong>es</strong> que foram recebidos pela autora por equívoco unicamente do INSS acabaria por violar a<br />

relação de segurança e confiança que o m<strong>es</strong>mo tem com a autarquia, tendo em vista <strong>tr</strong>atar-se – a renda obtida com o<br />

benefício previdenciário – de quantia d<strong>es</strong>tinada a suprir as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas do beneficiário. R<strong>es</strong>ta claro que o<br />

benefício percebido pela recorrida tinha por função precípua atender as nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> condizent<strong>es</strong> com o padrão social.<br />

4. É de r<strong>es</strong>saltar que o autor agiu de boa-fé quando do recebimento dos benefícios pagos indevidamente pelo INSS. A<br />

boa-fé é pr<strong>es</strong>umida, sendo afastada apenas se houver prova em con<strong>tr</strong>ário. A autarquia previdenciária não d<strong>es</strong>caracterizou a<br />

má-fé da recorrida, de modo que o d<strong>es</strong>conto feito sobre os seus proventos não possui r<strong>es</strong>paldo. Segue jurisprudência que<br />

corrobora o entendimento pautado na boa-fé da recorrida: [...] 2- O art. 115 da Lei nº 8.213/91, que regulamenta a hipót<strong>es</strong>e<br />

de d<strong>es</strong>conto adminis<strong>tr</strong>ativo, sem nec<strong>es</strong>sária autorização judicial, nos casos em que a conc<strong>es</strong>são a maior se deu por ato<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo do Instituto agravante, não se aplica às situaçõ<strong>es</strong> em que o segurado é receptor de boa-fé, o que, conforme<br />

documentos acostados aos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos, se amolda ao vertente caso. Precedent<strong>es</strong>. 3- Agravo regimental a que se nega<br />

provimento. (STJ – Sexta Turma - AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 413977 – Relatora:<br />

Minis<strong>tr</strong>a Maria Thereza de Assis Moura – Julgado em: 19/02/2009 – Publicado em: 16/03/2009) (grifo nosso).<br />

5. Ademais, deve-se enfatizar que o risco de enriquecimento ilícito, alegado pelo INSS, é inferior ao risco de fazer com que<br />

a recorrida suporte ônus indevido, haja vista que as verbas que a m<strong>es</strong>ma recebeu são de caráter alimentar. Reitera-se: não<br />

é razoável que o recorrido suporte ônus pautado no erro da autarquia previdenciária.<br />

6. Por fim, deve-se frisar que, sendo devida a c<strong>es</strong>sação dos d<strong>es</strong>contos no benefício da autora, principalmente pelo fato dela<br />

não ter concorrido para o ato que propiciou o aumento de seus proventos, não deve o INSS apr<strong>es</strong>entar irr<strong>es</strong>ignação pela<br />

condenação também ao r<strong>es</strong>sarcimento dos valor<strong>es</strong> d<strong>es</strong>contados, haja vista <strong>tr</strong>atar-se de decorrência lógica da supracitada<br />

c<strong>es</strong>sação.<br />

7. Recurso conhecido e, no mérito, improvido. Sentença mantida.<br />

8. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, fixados em 10% (dez por<br />

cento) da condenação, nos termos do artigo 55, caput da Lei n. 9.099/1995 e artigo 20, § 3º, alíneas “a”, “b” e “c” c/c art. 21,<br />

parágrafo único, ambos do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

146 - 0003573-84.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003573-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x MUNICÍPIO DE CARIACICA (ADVOGADO: LUCIANO KELLY DO<br />

NASCIMENTO.) x ANTONIO BATISTA FERREIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).<br />

PODER JUDICIÁRIO<br />

JUSTIÇA FEDERAL<br />

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N. 0003573-84.2010.4.02.5050/01<br />

EMBARGANTE(S): UNIÃO FEDERAL E MUNICÍPIO DE CARIACICA<br />

EMBARGADO: ANTÔNIO BATISTA FERREIRA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO QUANTO À CONDENAÇÃO DOS RECORRENTES EM<br />

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – APLICAÇÃO DO ART. 55 DA LEI nº 9.099/95 – CONDENAÇÃO DOS RECORRENTES<br />

PARCIALMENTE VENCEDORES EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – IMPOSSIBILIDADE – ENUNCIADO Nº 97 DO<br />

FONAJEF – EMBARGOS ACOLHIDOS – ACÓRDÃO RFORMADO EM PARTE.<br />

1. Cuida-se de Embargos de Declaração interpostos em face do acórdão de fls. 176/181 proferido pela Turma Recursal, por<br />

intermédio dos quais aduzem as part<strong>es</strong> rés, ora embargant<strong>es</strong>, que houve omissão por parte do acórdão impugnado, pois,<br />

não obstante os recursos interpostos tenham sido parcialmente providos, foi-lh<strong>es</strong> imposto integralmente o ônus da<br />

sucumbência, o que se consubstanciaria numa evidente con<strong>tr</strong>adição à regra do art. 21 do CPC.<br />

2. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida.<br />

3. Na hipót<strong>es</strong>e dos autos se encon<strong>tr</strong>a caracterizada a con<strong>tr</strong>adição alegada, eis que, diante do parcial provimento dos<br />

recursos interpostos, deve-se aplicar a regra do art. 55 da Lei nº 9.099/95, que prevê a condenação ao pagamento de<br />

honorários advocatícios apenas do recorrente vencido.<br />

4. Com efeito, o acórdão preferido por <strong>es</strong>te juízo julgou parcialmente provido os recursos interpostos pela União <strong>Federal</strong> e<br />

Município de Cariacica, eis que julgou improcedente o pedido do autor no que tange ao fornecimento do medicamento<br />

VENOLOT 30. Assim, tem-se que os recorrent<strong>es</strong> não foram vencidos, mas sim parcialmente vencedor<strong>es</strong>, fato <strong>es</strong>te que não<br />

autoriza a condenação em honorários advocatícios no âmbito do juizado <strong>es</strong>pecial.<br />

5. N<strong>es</strong>se sentido, pronunciou-se o FONAJEF, por meio do Enunciado nº 97, senão vejamos: “O provimento, ainda que<br />

parcial, de recurso inominado afasta a possibilidade de condenação do recorrente ao pagamento de honorários de<br />

sucumbência”.<br />

6. Ante o exposto, acolho os embargos de declaração, em razão de ser indevida a condenação em honorário advocatícios<br />

dos recorrent<strong>es</strong> parcialmente vencedor<strong>es</strong>, de acordo com regra do art. 55 da Lei nº 9.099/95 e o Enunciado nº 97 do<br />

FONAJEF.<br />

7. Embargos de declaração acolhidos para excluir do acórdão de fls. 176/181 a condenação das rés ao pagamento em<br />

honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO,<br />

na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

147 - 0005429-83.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005429-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANGELA MARIA DE SOUZA BARBOSA<br />

(ADVOGADO: THIAGO AARÃO DE MORAES.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005429-83.2010.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): ANGELA MARIA DE SOUZA BARBOSA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA


REFORMADA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,<br />

con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de<br />

aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação do<br />

citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem<br />

do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição. Sem<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para d<strong>es</strong>constituir a condenação da Autarquia Previdenciária<br />

no recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebido<br />

durante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.<br />

6. Sem condenação ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nos<br />

termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

148 - 0006550-49.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006550-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x MORILDA REIS ALVES (ADVOGADO:<br />

BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006550-49.2010.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): MORILDA REIS ALVES<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA


E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,<br />

con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de<br />

aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação do<br />

citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem<br />

do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.83/88.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para d<strong>es</strong>constituir a condenação da Autarquia Previdenciária<br />

no recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebido<br />

durante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.<br />

6. Sem condenação ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nos<br />

termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

149 - 0006980-35.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006980-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO


SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x MARIA<br />

EVANGELISTA DA SILVA (ADVOGADO: JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY, Antonio Carlos Carara Ponciano,<br />

CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0006980-35.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO(A): MARIA EVANGELISTA DA SILVA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente,<br />

con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de<br />

aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. O recorrente discute a interpretação do<br />

citado artigo para efeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem<br />

do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição. Sem<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para d<strong>es</strong>constituir a condenação da Autarquia Previdenciária<br />

no recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebido<br />

durante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.<br />

6. Sem condenação ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, ante o provimento do recurso, nos<br />

termos do art. 55 da Lei nº 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

150 - 0004628-70.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004628-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DO CARMO<br />

(ADVOGADO: VINICIUS DINIZ SANTANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x OS MESMOS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0004628-70.2010.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: MARIA DO CARMO<br />

RECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do<br />

art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito de revisão da renda mensal<br />

inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado<br />

com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição. Sem con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

6. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita<br />

deferida em sentença, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

151 - 0001221-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001221-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CARLOS LUIS<br />

PEREIRA (ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001221-85.2012.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: JOSE CARLOS LUIS PEREIRA<br />

RECORRIDO(A): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –<br />

APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODO<br />

BÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COM<br />

PERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, ora recorrente, con<strong>tr</strong>a a sentença que julgou improcedente o<br />

pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez, nos mold<strong>es</strong> do § 5º do<br />

art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do citado artigo para efeito de revisão da renda mensal<br />

inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozo de auxílio-doença (não-intercalado<br />

com períodos de atividade) como salário-de-con<strong>tr</strong>ibuição. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fl.37. Pugna pela manutenção da sentença.<br />

2. Em s<strong>es</strong>são plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> decidiu, em recurso submetido à<br />

sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos em que o<br />

auxílio-doença, den<strong>tr</strong>o do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada com<br />

períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que <strong>es</strong>teja em gozo de auxílio-doença no<br />

interregno imediatamente anterior à conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez.<br />

3. N<strong>es</strong>se diapasão, regis<strong>tr</strong>e-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como<br />

tempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede a<br />

conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gera<br />

salários-de-con<strong>tr</strong>ibuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por<br />

invalidez. Eis a ementa do julgado:<br />

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.<br />

1. O caráter con<strong>tr</strong>ibutivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem de<br />

tempo ficto de con<strong>tr</strong>ibuição.<br />

2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra<br />

proibitiva de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da m<strong>es</strong>ma Lei. E é aplicável somente às situaçõ<strong>es</strong><br />

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento<br />

intercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição previdenciária. Entendimento, <strong>es</strong>se, que não<br />

foi modificado pela Lei nº 9.876/99.<br />

3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ul<strong>tr</strong>apassou os limit<strong>es</strong> da competência regulamentar porque apenas<br />

explicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.<br />

44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.<br />

4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à r<strong>es</strong>pectiva vigência ofende tanto o<br />

inciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição <strong>Federal</strong>. Precedent<strong>es</strong>: REs 416.827 e 415.454, ambos da<br />

relatoria do Minis<strong>tr</strong>o Gilmar Mend<strong>es</strong>.<br />

5. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”<br />

(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).<br />

4. Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.


6. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita<br />

deferida em sentença, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

152 - 0001074-64.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001074-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL x MARIA<br />

DE LOURDES BARCELLOS BOLONHA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001074-64.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): MARIA DE LOURDES BARCELLOS BOLONHA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

VOTO<br />

Trata-se de recurso inominado aviado pela União <strong>Federal</strong> em face da sentença de fls. 52/60, que julgou procedente o pleito<br />

autoral de r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> indevidamente recolhidos a título de imposto de renda sobre os proventos de<br />

aposentadoria complementar.<br />

Em razõ<strong>es</strong> de recurso (fls. 72/79), a União <strong>Federal</strong> postula, en<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong>, a declaração da pr<strong>es</strong>crição da pretensão<br />

de r<strong>es</strong>tituição, eis que aplicável à hipót<strong>es</strong>e o prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos.<br />

Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 83/95.<br />

É o breve relatório. Passo a proferir o voto.<br />

Para a averiguação de eventual pr<strong>es</strong>crição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito <strong>tr</strong>ibutário, cumpre-nos,<br />

primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo na hipót<strong>es</strong>e sob exame, qual seja, imposto de renda incidente<br />

sobre a suplementação/complementação de aposentadoria. N<strong>es</strong>se passo, vale rememorar que “o termo inicial da<br />

pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria<br />

complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”<br />

(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada<br />

<strong>es</strong>ta premissa inicial, r<strong>es</strong>ta apurar qual o prazo a ser observado na hipót<strong>es</strong>e.<br />

Em recente decisão, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário n.º 566.621/RS, declarou a<br />

inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:<br />

LC 118/2005<br />

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário<br />

Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre, no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do<br />

pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art. 150 da referida Lei.<br />

Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.<br />

106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmento<br />

declarado inconstitucional pelo STF)<br />

CTN<br />

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:<br />

I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos<br />

dispositivos interpretados.<br />

(...)<br />

Diante d<strong>es</strong>sa nova orientação, r<strong>es</strong>tou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seria


válida a aplicação do prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento<br />

por homologação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas a partir de então, r<strong>es</strong>tando inconstitucional apenas sua aplicação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas<br />

anteriormente a <strong>es</strong>sa data.<br />

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):<br />

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –<br />

DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –<br />

APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS<br />

AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, <strong>es</strong>tava consolidada a orientação da<br />

Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição<br />

ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.<br />

150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação<br />

normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei<br />

supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de<br />

violação à autonomia e independência dos Poder<strong>es</strong>, porquanto a lei expr<strong>es</strong>samente interpretativa também se submete,<br />

como qualquer ou<strong>tr</strong>a, ao con<strong>tr</strong>ole judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação re<strong>tr</strong>oativa de novo e<br />

reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário <strong>es</strong>tipulado por lei nova, fulminando, de imediato,<br />

pretensõ<strong>es</strong> deduzidas temp<strong>es</strong>tivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõ<strong>es</strong><br />

pendent<strong>es</strong> de ajuizamento quando da publicação da lei, sem r<strong>es</strong>guardo de nenhuma regra de <strong>tr</strong>ansição, implicam ofensa ao<br />

princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>.<br />

Afastando-se as aplicaçõ<strong>es</strong> inconstitucionais e r<strong>es</strong>guardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do<br />

prazo reduzido relativamente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por <strong>es</strong>ta Corte<br />

no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> não apenas que<br />

tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as açõ<strong>es</strong> nec<strong>es</strong>sárias à tutela dos seus direitos.<br />

Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação do<br />

novo prazo na maior extensão possível, d<strong>es</strong>cabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se <strong>tr</strong>ata de lei geral,<br />

tampouco impede iniciativa legislativa em con<strong>tr</strong>ário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC<br />

118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da<br />

vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos<br />

sobr<strong>es</strong>tados. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário d<strong>es</strong>provido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> – RExt n. 566.621 – Órgão<br />

julgador: Tribunal Pleno – Relatora: Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).<br />

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, r<strong>es</strong>saltou, em sínt<strong>es</strong>e, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, a<br />

redução de prazo veiculada na nova lei não poderia re<strong>tr</strong>oagir para fulminar, de imediato, pretensõ<strong>es</strong> que ainda poderiam ser<br />

deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em ou<strong>tr</strong>os termos, não se poderia entender que o legislador<br />

pud<strong>es</strong>se determinar que pretensõ<strong>es</strong> já ajuizadas ou por ajuizar <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>sem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,<br />

sem qualquer regra de <strong>tr</strong>ansição. N<strong>es</strong>se diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aos<br />

inter<strong>es</strong>sados ingr<strong>es</strong>sarem com suas açõ<strong>es</strong>, interrompendo os prazos pr<strong>es</strong>cricionais em curso, após o que o novo prazo<br />

deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.<br />

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 <strong>es</strong>tabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias de<br />

hoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> tiveram prazo suficiente para<br />

tomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais açõ<strong>es</strong> para a tutela de seus direitos.<br />

As hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de pagamento indevido tuteláveis por açõ<strong>es</strong> ajuizadas após <strong>es</strong>te lapso temporal, é dizer, a partir da efetiva<br />

vigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – <strong>es</strong>tão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que tal<br />

circunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.<br />

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de r<strong>es</strong>tituição do<br />

IR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encon<strong>tr</strong>a-se atingida pela pr<strong>es</strong>crição, eis que o<br />

pagamento indevido data de 05/10/1999 (data de início do benefício de aposentadoria complementar – fl. 17) e a pr<strong>es</strong>ente<br />

ação foi ajuizada somente em 02/02/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que a<strong>tr</strong>ai a incidência do novo<br />

prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 anos à hipót<strong>es</strong>e, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.<br />

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para, considerando a nova orientação<br />

jurisprudencial firmada pelo Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> (RE 566.621/RS), DECLARAR A PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO<br />

AUTORAL de r<strong>es</strong>tituição de indébito <strong>tr</strong>ibutário, pelo que julgo extinto o feito com julgamento de mérito, nos termos do artigo<br />

269, IV, do CPC.<br />

Sem custas (art. 4º da Lei n.º 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, conforme pr<strong>es</strong>crição do art. 55 da<br />

Lei n.º 9.099/95.<br />

É o voto.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001074-64.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO(A): MARIA DE LOURDES BARCELLOS BOLONHA<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – ADEQUAÇÃO DO<br />

JULGADO À NOVA ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E<br />

PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO RECURSO e DECLARAR A PRESCRIÇÃO<br />

DA PRETENSÃO AUTORAL, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

153 - 0002080-09.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002080-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA GENI BORGES<br />

BARBOSA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: Allan Titonelli Nun<strong>es</strong>.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0002080-09.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: MARIA GENI BORGES BARBOSA<br />

RECORRIDO: UNIÃO FEDERAL<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO<br />

FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA<br />

MANTIDA<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 153/157, que<br />

julgou o feito extinto, com r<strong>es</strong>olução do mérito, ao acolher a pr<strong>es</strong>crição da pretensão autoral. Em suas razõ<strong>es</strong>, o(a)<br />

recorrente sustenta inocorrência da pr<strong>es</strong>crição do fundo de direito e repisa a postulação de repetição do indébito <strong>tr</strong>ibutário.


Para a averiguação de eventual pr<strong>es</strong>crição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito <strong>tr</strong>ibutário, cumpre-nos,<br />

primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. N<strong>es</strong>se passo, vale rememorar que “o termo inicial da<br />

pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria<br />

complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”<br />

(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada<br />

<strong>es</strong>ta premissa inicial, r<strong>es</strong>ta apurar qual o prazo a ser observado na hipót<strong>es</strong>e.<br />

Em recente decisão, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário n.º 566.621/RS, declarou a<br />

inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:<br />

LC 118/2005<br />

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário<br />

Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre, no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do<br />

pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art. 150 da referida Lei.<br />

Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.<br />

106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmento<br />

declarado inconstitucional pelo STF)<br />

CTN<br />

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:<br />

I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos<br />

dispositivos interpretados.<br />

(...)<br />

Diante d<strong>es</strong>sa nova orientação, r<strong>es</strong>tou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seria<br />

válida a aplicação do prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento<br />

por homologação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas a partir de então, r<strong>es</strong>tando inconstitucional apenas sua aplicação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas<br />

anteriormente a <strong>es</strong>sa data.<br />

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):<br />

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –<br />

DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –<br />

APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS<br />

AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, <strong>es</strong>tava consolidada a orientação da<br />

Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição<br />

ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.<br />

150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação<br />

normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei<br />

supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de<br />

violação à autonomia e independência dos Poder<strong>es</strong>, porquanto a lei expr<strong>es</strong>samente interpretativa também se submete,<br />

como qualquer ou<strong>tr</strong>a, ao con<strong>tr</strong>ole judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação re<strong>tr</strong>oativa de novo e<br />

reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário <strong>es</strong>tipulado por lei nova, fulminando, de imediato,<br />

pretensõ<strong>es</strong> deduzidas temp<strong>es</strong>tivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõ<strong>es</strong><br />

pendent<strong>es</strong> de ajuizamento quando da publicação da lei, sem r<strong>es</strong>guardo de nenhuma regra de <strong>tr</strong>ansição, implicam ofensa ao<br />

princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>.<br />

Afastando-se as aplicaçõ<strong>es</strong> inconstitucionais e r<strong>es</strong>guardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do<br />

prazo reduzido relativamente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por <strong>es</strong>ta Corte<br />

no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> não apenas que<br />

tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as açõ<strong>es</strong> nec<strong>es</strong>sárias à tutela dos seus direitos.<br />

Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação do<br />

novo prazo na maior extensão possível, d<strong>es</strong>cabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se <strong>tr</strong>ata de lei geral,<br />

tampouco impede iniciativa legislativa em con<strong>tr</strong>ário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC<br />

118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da<br />

vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos<br />

sobr<strong>es</strong>tados. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário d<strong>es</strong>provido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> – RExt n. 566.621 – Órgão<br />

julgador: Tribunal Pleno – Relatora: Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).<br />

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, r<strong>es</strong>saltou, em sínt<strong>es</strong>e, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, a<br />

redução de prazo veiculada na nova lei não poderia re<strong>tr</strong>oagir para fulminar, de imediato, pretensõ<strong>es</strong> que ainda poderiam ser<br />

deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em ou<strong>tr</strong>os termos, não se poderia entender que o legislador


pud<strong>es</strong>se determinar que pretensõ<strong>es</strong> já ajuizadas ou por ajuizar <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>sem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,<br />

sem qualquer regra de <strong>tr</strong>ansição. N<strong>es</strong>se diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aos<br />

inter<strong>es</strong>sados ingr<strong>es</strong>sarem com suas açõ<strong>es</strong>, interrompendo os prazos pr<strong>es</strong>cricionais em curso, após o que o novo prazo<br />

deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.<br />

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 <strong>es</strong>tabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias de<br />

hoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> tiveram prazo suficiente para<br />

tomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais açõ<strong>es</strong> para a tutela de seus direitos.<br />

As hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de pagamento indevido tuteláveis por açõ<strong>es</strong> ajuizadas após <strong>es</strong>te lapso temporal, é dizer, a partir da efetiva<br />

vigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – <strong>es</strong>tão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que tal<br />

circunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.<br />

A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de r<strong>es</strong>tituição do<br />

IR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encon<strong>tr</strong>a-se atingida pela pr<strong>es</strong>crição, eis que o<br />

pagamento indevido data de 19/06/2002 (fl. 152 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a pr<strong>es</strong>ente<br />

ação foi ajuizada somente em 18/03/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que a<strong>tr</strong>ai a incidência do novo<br />

prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 anos à hipót<strong>es</strong>e, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Condenação do(a) recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários de advogado, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa diante da sedimentada jurisprudência superior, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 200,00 (duzentos<br />

reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária à fl. 129, suspendo a exigibilidade de tais verbas<br />

sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

154 - 0001731-06.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001731-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA ROSA DO PRADO<br />

(ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA<br />

DE OLIVEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0001731-06.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: MARIA ROSA DO PRADO<br />

RECORRIDO: UNIÃO FEDERAL<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – BIS IN IDEM – PRAZO PRESCRICIONAL – RE 566.621/RS – CINCO ANOS – NOVA ORIENTAÇÃO<br />

FIRMADA PELO STF – PRESCRIÇÃO RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA<br />

MANTIDA<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 29/33, que julgou o<br />

feito extinto, com r<strong>es</strong>olução do mérito, ao acolher a pr<strong>es</strong>crição da pretensão autoral. Em suas razõ<strong>es</strong>, o(a) recorrente<br />

sustenta inocorrência da pr<strong>es</strong>crição do fundo de direito e repisa a postulação de repetição do indébito <strong>tr</strong>ibutário.<br />

Para a averiguação de eventual pr<strong>es</strong>crição incidente sobre a pretensão de repetição de indébito <strong>tr</strong>ibutário, cumpre-nos,<br />

primeiramente, fixar o termo inicial para a contagem do prazo. N<strong>es</strong>se passo, vale rememorar que “o termo inicial da<br />

pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria<br />

complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei 9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996”<br />

(AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010). Fixada<br />

<strong>es</strong>ta premissa inicial, r<strong>es</strong>ta apurar qual o prazo a ser observado na hipót<strong>es</strong>e.<br />

Em recente decisão, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento do Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário n.º 566.621/RS, declarou a<br />

inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da Lei Complementar 118/2005. Vejamos os dispositivos em discussão:


LC 118/2005<br />

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário<br />

Nacional, a extinção do crédito <strong>tr</strong>ibutário ocorre, no caso de <strong>tr</strong>ibuto sujeito a lançamento por homologação, no momento do<br />

pagamento antecipado de que <strong>tr</strong>ata o § 1º do art. 150 da referida Lei.<br />

Art. 4º Esta Lei en<strong>tr</strong>a em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art.<br />

106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 - Código Tributário Nacional. (grifos nossos no fragmento<br />

declarado inconstitucional pelo STF)<br />

CTN<br />

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:<br />

I - em qualquer caso, quando seja expr<strong>es</strong>samente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos<br />

dispositivos interpretados.<br />

(...)<br />

Diante d<strong>es</strong>sa nova orientação, r<strong>es</strong>tou sedimentado que, vencida a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, seria<br />

válida a aplicação do prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos para a repetição de indébito de <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento<br />

por homologação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas a partir de então, r<strong>es</strong>tando inconstitucional apenas sua aplicação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas<br />

anteriormente a <strong>es</strong>sa data.<br />

Segue a ementa da decisão referente ao Recurso Ex<strong>tr</strong>aordinário supramencionado, publicada em 11/10/2011 (DJe 195):<br />

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –<br />

DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –<br />

APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS<br />

AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, <strong>es</strong>tava consolidada a orientação da<br />

Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição<br />

ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts.<br />

150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação<br />

normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei<br />

supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de<br />

violação à autonomia e independência dos Poder<strong>es</strong>, porquanto a lei expr<strong>es</strong>samente interpretativa também se submete,<br />

como qualquer ou<strong>tr</strong>a, ao con<strong>tr</strong>ole judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação re<strong>tr</strong>oativa de novo e<br />

reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito <strong>tr</strong>ibutário <strong>es</strong>tipulado por lei nova, fulminando, de imediato,<br />

pretensõ<strong>es</strong> deduzidas temp<strong>es</strong>tivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensõ<strong>es</strong><br />

pendent<strong>es</strong> de ajuizamento quando da publicação da lei, sem r<strong>es</strong>guardo de nenhuma regra de <strong>tr</strong>ansição, implicam ofensa ao<br />

princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do ac<strong>es</strong>so à <strong>Justiça</strong>.<br />

Afastando-se as aplicaçõ<strong>es</strong> inconstitucionais e r<strong>es</strong>guardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação do<br />

prazo reduzido relativamente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por <strong>es</strong>ta Corte<br />

no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> não apenas que<br />

tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as açõ<strong>es</strong> nec<strong>es</strong>sárias à tutela dos seus direitos.<br />

Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08 (sic), que pretendeu a aplicação do<br />

novo prazo na maior extensão possível, d<strong>es</strong>cabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se <strong>tr</strong>ata de lei geral,<br />

tampouco impede iniciativa legislativa em con<strong>tr</strong>ário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC<br />

118/05, considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às açõ<strong>es</strong> ajuizadas após o decurso da<br />

vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos<br />

sobr<strong>es</strong>tados. Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário d<strong>es</strong>provido. (Grifos nossos). (Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> – RExt n. 566.621 – Órgão<br />

julgador: Tribunal Pleno – Relatora: Minis<strong>tr</strong>a Ellen Gracie – Julgado em: 04/08/2011 – Publicado em: 11/10/2011).<br />

A relatora do recurso, Min. Ellen Gracie, r<strong>es</strong>saltou, em sínt<strong>es</strong>e, que, embora não haja direito adquirido a regime jurídico, a<br />

redução de prazo veiculada na nova lei não poderia re<strong>tr</strong>oagir para fulminar, de imediato, pretensõ<strong>es</strong> que ainda poderiam ser<br />

deduzidas no prazo vigente quando da modificação legislativa. Em ou<strong>tr</strong>os termos, não se poderia entender que o legislador<br />

pud<strong>es</strong>se determinar que pretensõ<strong>es</strong> já ajuizadas ou por ajuizar <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>sem submetidas, de imediato, ao prazo reduzido,<br />

sem qualquer regra de <strong>tr</strong>ansição. N<strong>es</strong>se diapasão, a vacatio legis na norma neófita teria por função oportunizar aos<br />

inter<strong>es</strong>sados ingr<strong>es</strong>sarem com suas açõ<strong>es</strong>, interrompendo os prazos pr<strong>es</strong>cricionais em curso, após o que o novo prazo<br />

deve ser aplicado a qualquer caso ainda não ajuizado.<br />

Por conclusão, considerando que o art. 4º da LC 118/2005 <strong>es</strong>tabeleceu vacatio legis considerada alargada para os dias de<br />

hoje, em que a informação se propaga com grande velocidade, reputa-se que os con<strong>tr</strong>ibuint<strong>es</strong> tiveram prazo suficiente para<br />

tomar ciência do novo prazo e, sendo o caso, providenciar o ajuizamento de eventuais açõ<strong>es</strong> para a tutela de seus direitos.<br />

As hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> de pagamento indevido tuteláveis por açõ<strong>es</strong> ajuizadas após <strong>es</strong>te lapso temporal, é dizer, a partir da efetiva<br />

vigência da LC 118/2005 – 09 de junho de 2005 – <strong>es</strong>tão, irremediavelmente, sujeitas ao novo prazo de 05 anos, sem que tal<br />

circunstância configure qualquer violação ao princípio da segurança jurídica.


A aplicação da nova orientação jurisprudencial ao caso concreto conduz à conclusão de que a pretensão de r<strong>es</strong>tituição do<br />

IR incidente sobre o benefício de complementação de aposentadoria encon<strong>tr</strong>a-se atingida pela pr<strong>es</strong>crição, eis que o<br />

pagamento indevido data de 28/10/2002 (fl. 35 – data de início do benefício de aposentadoria complementar) e a pr<strong>es</strong>ente<br />

ação foi ajuizada somente em 03/03/2009 (após a vacatio legis da LC 118/2005, portanto), o que a<strong>tr</strong>ai a incidência do novo<br />

prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 anos à hipót<strong>es</strong>e, a contar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Condenação do(a) recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários de advogado, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa diante da sedimentada jurisprudência superior, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 200,00 (duzentos<br />

reais). Contudo, ante o deferimento de assistência judiciária à fl. 19, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais,<br />

nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

155 - 0003373-14.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003373-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x SERGIO LUIZ BARBEIRO (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA<br />

DOMENEGHETTI.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003373-14.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO: SÉRGIO LUIZ BARBEIRO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA –<br />

BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO E<br />

PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PORMENOR<br />

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União <strong>Federal</strong> em face da sentença de fls. 42/47, que julgou procedente o<br />

pedido autoral, no que concerne à r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> cobrados sobre a complementação da sua aposentadoria,<br />

declarando a inexigibilidade da relação jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e <strong>es</strong>te e a ré no que se refere à incidência do imposto de renda<br />

sobre as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas na época da vigência da Lei nº 7.713/88<br />

(1º/01/1989 a 31/12/95), condenando a União a r<strong>es</strong>tituir à parte autora que fora recolhido, indevidamente, de imposto de<br />

renda sobre sua aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corr<strong>es</strong>ponder às parcelas de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

efetuadas pelo autor no período da vigência da Lei nº 7.713/88. Em sede de recurso, a recorrente alega, preliminarmente, a<br />

incompetência dos Juizados Especiais Federais para o julgamento do feito e a inépcia da inicial. Suscita, também, a<br />

inocorrência de bis in idem <strong>tr</strong>ibutário e, por fim, postula a alteração dos critérios de cálculo fixados. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />

66/74.<br />

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de incompetência dos Juizados Especiais Federais para o proc<strong>es</strong>samento e<br />

julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia<br />

contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de<br />

s<strong>es</strong>senta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos nec<strong>es</strong>sários à<br />

confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldad<strong>es</strong> de grande porte n<strong>es</strong>se tocante. N<strong>es</strong>se sentido, CC<br />

0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. D<strong>es</strong>embargador <strong>Federal</strong> Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1<br />

p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Preliminar rejeitada.<br />

Igualmente afastada a alegação de inépcia da petição inicial, tendo em vista que a tutela pretendida na peça de ingr<strong>es</strong>so<br />

pode ser entendida como cumulação alternativa de pedidos. Com efeito, a parte postulou a inexigibilidade do imposto de<br />

renda recolhido sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas à previdência privada en<strong>tr</strong>e 89/95 e a r<strong>es</strong>tituição da exação incidente sobre<br />

a complementação de aposentadoria. Embora se possa cogitar de possível exacerbação dos pedidos deduzidos – eis que<br />

parte pareceu pretender acusar a ilegalidade da <strong>tr</strong>ibutação tanto sobre as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, quanto sobre o benefício de<br />

complementação –, não se pode falar, propriamente, em inépcia da peça v<strong>es</strong>tibular, notadamente porque o indivíduo tem,<br />

observada a boa-fé, ampla liberdade para peticionar perante o Judiciário. Preliminar afastada.


Em análise do mérito principal, importante regis<strong>tr</strong>ar que a matéria já se encon<strong>tr</strong>a pacificada pela jurisprudência do C.<br />

Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidou<br />

no sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de<br />

1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aport<strong>es</strong> das pa<strong>tr</strong>ocinadoras) sob a<br />

égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01.01.89 e 31.12.95 ou en<strong>tr</strong>e 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se<br />

anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza <strong>Federal</strong> Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de<br />

09.02.2009.<br />

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do autor no período de<br />

janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que a<br />

aferição do valor do bis in idem <strong>tr</strong>ibutário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que <strong>es</strong>teja aposentado.<br />

Na hipót<strong>es</strong>e dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demons<strong>tr</strong>am o preenchimento dos dois requisitos,<br />

quais sejam: con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (ex<strong>tr</strong>ato de fls. 06/07) e aposentadoria em<br />

31/05/2005 (fl. 16), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.<br />

Quanto aos critérios de cálculo do valor a ser r<strong>es</strong>tituído, a sentença impugnada merece reforma, em mínima parte, devendo<br />

a apuração do indébito observar a seguinte metodologia: as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pela parte autora no período<br />

compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 até dezembro de 1995 deverão ser atualizadas monetariamente pelos índic<strong>es</strong><br />

constant<strong>es</strong> do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, aprovado pela R<strong>es</strong>olução<br />

561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de<br />

complementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraçõ<strong>es</strong> Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios<br />

imediatamente seguint<strong>es</strong> à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encon<strong>tr</strong>o de contas, pelos<br />

m<strong>es</strong>mos índic<strong>es</strong> determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo a<br />

fixar-se o valor a ser r<strong>es</strong>tituído, quantia <strong>es</strong>ta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de ou<strong>tr</strong>o índice de<br />

correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em<br />

25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).<br />

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS<br />

ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 4ª Região, no julgamento em Reexame Nec<strong>es</strong>sário<br />

do proc<strong>es</strong>so nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:<br />

“Suponha-se que o crédito relativo às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas en<strong>tr</strong>e 1989 e 1995 corr<strong>es</strong>ponda a R$ 150.000,00, e que o<br />

beneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.<br />

Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, <strong>es</strong>te<br />

último valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foi<br />

efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta, ainda,<br />

um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997<br />

corr<strong>es</strong>pondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, o<br />

IR efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta,<br />

ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”<br />

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida suc<strong>es</strong>sivamente, até o<br />

<strong>es</strong>gotamento do crédito. Na hipót<strong>es</strong>e em que, após r<strong>es</strong>tituírem-se todos os valor<strong>es</strong>, ainda r<strong>es</strong>tar crédito, a dedução do saldo<br />

credor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declaraçõ<strong>es</strong> de imposto de renda referent<strong>es</strong> aos futuros<br />

exercícios financeiros, atualizada pelos índic<strong>es</strong> da tabela de Precatórios da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> até a data do acerto anual.<br />

Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o <strong>es</strong>gotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiver<br />

sido pago será objeto de repetição.<br />

A União <strong>Federal</strong> deverá ser intimada, após o <strong>tr</strong>ânsito em julgado, para efetuar, no prazo de 60 (s<strong>es</strong>senta) dias, a revisão<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda p<strong>es</strong>soa física da parte autora, para excluir da base de cálculo<br />

do imposto devido a parcela relativa ao crédito do con<strong>tr</strong>ibuinte, na forma fixada n<strong>es</strong>ta ementa. Eventual r<strong>es</strong>tituição<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declaraçõ<strong>es</strong> de ajuste anual antigas, caberá<br />

ao autor o ônus de apr<strong>es</strong>entá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.<br />

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao juízo o valor total da r<strong>es</strong>tituição devida, para<br />

ulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60<br />

(s<strong>es</strong>senta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).<br />

Após a revisão das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda e da apuração do valor da r<strong>es</strong>tituição devida, no caso de ainda<br />

haver saldo de crédito em favor do con<strong>tr</strong>ibuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do imposto<br />

devido nos exercícios financeiros seguint<strong>es</strong>, até o <strong>es</strong>gotamento do saldo credor. R<strong>es</strong>salte-se que as diligências indicadas a<br />

partir do tópico 12 não importam em manif<strong>es</strong>tação para além da matéria devolvida em sede recursal, tendo em vista se<br />

<strong>tr</strong>atarem de qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> adminis<strong>tr</strong>ativas, as quais visam a facilitar o <strong>tr</strong>âmite proc<strong>es</strong>sual após o julgamento, o qual foi no sentido<br />

da sentença de 1º grau. Tais diligências se amoldam aos princípios da economia e celeridade, princípios informador<strong>es</strong> dos<br />

Juizados Especiais.


Recurso CONHECIDO e PARCIALMENTE PROVIDO. Sentença reformada em mínima parte, exclusivamente no que diz<br />

r<strong>es</strong>peito ao método para o cálculo do indébito, nos termos da fundamentação supra.<br />

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários<br />

advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.<br />

9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

156 - 0005086-24.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005086-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL<br />

(PROCDOR: Kleison Ferreira.) x OSCARLENE BARROZO LOUREIRO (ADVOGADO: OSCARLENE BARROSO L.<br />

MEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0005086-24.2009.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: UNIÃO FEDERAL<br />

RECORRIDO: OSCARLENE BARROZO LOUREIRO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – TRIBUTÁRIO – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – IMPOSTO DE RENDA – COMPLEMENTO DE<br />

APOSENTADORIA – COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – PRESCRIÇÃO NÃO RECONHECIDA –<br />

BIS IN IDEM TRIBUTÁRIO – CRITÉRIOS DE CÁLCULO – RECURSO DA UNIÃO FEDERAL CONHECIDO E<br />

PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM PORMENOR<br />

Cuida-se de recurso inominado interposto pela União <strong>Federal</strong> em face da sentença de fls. 30/35, que julgou procedente o<br />

pedido autoral, no que concerne à r<strong>es</strong>tituição dos valor<strong>es</strong> cobrados sobre a complementação da sua aposentadoria,<br />

declarando a inexigibilidade da relação jurídico-<strong>tr</strong>ibutária en<strong>tr</strong>e <strong>es</strong>te e a ré no que se refere à incidência do imposto de renda<br />

sobre as parcelas de complementação de aposentadoria que já foram <strong>tr</strong>ibutadas na época da vigência da Lei nº 7.713/88<br />

(1º/01/1989 a 31/12/95), condenando a União a r<strong>es</strong>tituir à parte autora que fora recolhido, indevidamente, de imposto de<br />

renda sobre sua aposentadoria complementar que, proporcionalmente, corr<strong>es</strong>ponder às parcelas de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

efetuadas pelo autor no período da vigência da Lei nº 7.713/88. Em sede de recurso, a recorrente alega, preliminarmente, a<br />

incompetência dos Juizados Especiais Federais para o julgamento do feito. Suscita, também, a pr<strong>es</strong>crição da pretensão<br />

autoral, a inocorrência de bis in idem <strong>tr</strong>ibutário e, por fim, postula a alteração dos critérios de cálculo fixados. Sem<br />

con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>.<br />

Preliminarmente, não se reconhece a alegação de incompetência dos Juizados Especiais Federais para o proc<strong>es</strong>samento e<br />

julgamento do feito, eis que não configurada, in casu, a complexidade da causa por motivo de indispensabilidade de perícia<br />

contábil. E isto porque a competência dos Juizados Especiais é absoluta, fundamentada no valor da causa (teto de<br />

s<strong>es</strong>senta salários mínimos – artigo 3º da Lei 10.259/01). Ademais, os autos albergam todos os elementos nec<strong>es</strong>sários à<br />

confecção de eventual cálculo, não havendo falar em dificuldad<strong>es</strong> de grande porte n<strong>es</strong>se tocante. N<strong>es</strong>se sentido, CC<br />

0052070-77.2010.4.01.0000/MG, Quarta Seção, Rel. D<strong>es</strong>embargador <strong>Federal</strong> Luciano Tolentino Amaral, e-DJF1<br />

p.15 de 06/12/2010, TRF 1ª Região. Preliminar rejeitada.<br />

No que se refere à pr<strong>es</strong>crição, segundo recente orientação firmada no Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> (RE 566.621/RS), vencida<br />

a vacatio legis de 120 (cento e vinte) dias da nova lei, é válida a aplicação do prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos para a<br />

repetição de indébito de <strong>tr</strong>ibutos sujeitos a lançamento por homologação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas a partir de então, r<strong>es</strong>tando<br />

inconstitucional sua aplicação às açõ<strong>es</strong> ajuizadas anteriormente a <strong>es</strong>sa data (09.06.2005).<br />

Para a contagem d<strong>es</strong>se prazo, tem-se que “o termo inicial da pr<strong>es</strong>crição é o mês em que o beneficiário efetivamente<br />

passou a perceber o benefício corr<strong>es</strong>pondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei<br />

9.250/95 passou a produzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Minis<strong>tr</strong>o LUIZ FUX,<br />

PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/05/2010, DJe 14/06/2010).<br />

Fixadas <strong>es</strong>sas premissas, tem-se que a data de início do benefício de aposentadoria complementar regis<strong>tr</strong>ada nos autos é<br />

a de 31/05/2005 (fl. 08), enquanto a pr<strong>es</strong>ente ação foi ajuizada em agosto de 2009 (fl. 01), informaçõ<strong>es</strong> suficient<strong>es</strong> a afastar<br />

a pr<strong>es</strong>crição da pretensão de r<strong>es</strong>sarcimento das retençõ<strong>es</strong> de imposto de renda efetuadas sobre o benefício de<br />

suplementação.


Em análise do mérito principal, importante regis<strong>tr</strong>ar que a matéria já se encon<strong>tr</strong>a pacificada pela jurisprudência do C.<br />

Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, cuja orientação se consolidou<br />

no sentido de que “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada auferidos a partir de janeiro de<br />

1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídos os aport<strong>es</strong> das pa<strong>tr</strong>ocinadoras) sob a<br />

égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, en<strong>tr</strong>e 01.01.89 e 31.12.95 ou en<strong>tr</strong>e 01.01.89 e a data de início da aposentadoria, se<br />

anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora Juíza <strong>Federal</strong> Jacqueline Michels Bilhalva, DJ de<br />

09.02.2009.<br />

Os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> por parte do autor no período de<br />

janeiro de 1989 a dezembro de 1995, sendo d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a exibição integral da documentação comprobatória, eis que a<br />

aferição do valor do bis in idem <strong>tr</strong>ibutário poderá ser feita na fase de cumprimento da sentença e (2) que <strong>es</strong>teja aposentado.<br />

Na hipót<strong>es</strong>e dos autos, os documentos colacionados pela parte autora demons<strong>tr</strong>am o preenchimento dos dois requisitos,<br />

quais sejam: con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (ex<strong>tr</strong>ato de fls. 06/07) e aposentadoria em<br />

31/05/2005 (fl. 16), sendo devido o reconhecimento do pleito autoral, consoante bem delineado na sentença de origem.<br />

Quanto aos critérios de cálculo do valor a ser r<strong>es</strong>tituído, a sentença impugnada merece reforma, em mínima parte, devendo<br />

a apuração do indébito observar a seguinte metodologia: as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas pela parte autora no período<br />

compreendido en<strong>tr</strong>e janeiro de 1989 até dezembro de 1995 deverão ser atualizadas monetariamente pelos índic<strong>es</strong><br />

constant<strong>es</strong> do Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, aprovado pela R<strong>es</strong>olução<br />

561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>.<br />

O valor apurado, consistente no crédito da parte autora, deverá ser deduzido do montante recebido a título de<br />

complementação de aposentadoria por ano-base, de acordo com as Declaraçõ<strong>es</strong> Anuais de Ajuste do IRPF dos exercícios<br />

imediatamente seguint<strong>es</strong> à aposentadoria do demandante, devidamente atualizado, à data do encon<strong>tr</strong>o de contas, pelos<br />

m<strong>es</strong>mos índic<strong>es</strong> determinados no item anterior, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício, de modo a<br />

fixar-se o valor a ser r<strong>es</strong>tituído, quantia <strong>es</strong>ta que deverá ser corrigida pela Taxa SELIC, com a exclusão de ou<strong>tr</strong>o índice de<br />

correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Minis<strong>tr</strong>a Denise Arruda, Primeira Seção, julgado em<br />

25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).<br />

Como guia de aplicação da fórmula de apuração do indébito anota-se o exemplo elaborado pelo Juiz <strong>Federal</strong> MARCOS<br />

ROBERTO ARAÚJO DOS SANTOS, do Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 4ª Região, no julgamento em Reexame Nec<strong>es</strong>sário<br />

do proc<strong>es</strong>so nº 2007.70.00.025991-0/PR (DJ 28.01.2009), senão vejamos:<br />

“Suponha-se que o crédito relativo às con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas en<strong>tr</strong>e 1989 e 1995 corr<strong>es</strong>ponda a R$ 150.000,00, e que o<br />

beneficiário aposentou-se em 1º de janeiro de 1996, iniciando, assim, a percepção da aposentadoria complementar.<br />

Suponha-se, também, que o valor total do benefício suplementar, recebido naquele ano, seja R$ 50.000,00. Assim, <strong>es</strong>te<br />

último valor deve ser totalmente deduzido. Então, o imposto devido naquele ano é zero. Logo, o valor de IR que foi<br />

efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1996, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta, ainda,<br />

um crédito de R$ 100.000,00. No ano seguinte, repete-se a operação. Suponha-se que os rendimentos auferidos em 1997<br />

corr<strong>es</strong>pondam a R$ 50.000,00. Este valor deve ser totalmente deduzido, o imposto devido será zero e, por conseqüência, o<br />

IR efetivamente d<strong>es</strong>contado da aposentadoria complementar, no ano de 1997, deve ser integralmente r<strong>es</strong>tituído. R<strong>es</strong>ta,<br />

ainda, um crédito de R$ 50.000,00.”<br />

Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida suc<strong>es</strong>sivamente, até o<br />

<strong>es</strong>gotamento do crédito. Na hipót<strong>es</strong>e em que, após r<strong>es</strong>tituírem-se todos os valor<strong>es</strong>, ainda r<strong>es</strong>tar crédito, a dedução do saldo<br />

credor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declaraçõ<strong>es</strong> de imposto de renda referent<strong>es</strong> aos futuros<br />

exercícios financeiros, atualizada pelos índic<strong>es</strong> da tabela de Precatórios da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> até a data do acerto anual.<br />

Assim, o autor não pagará IR sobre o complemento de benefício até o <strong>es</strong>gotamento do saldo a ser deduzido, ou o que tiver<br />

sido pago será objeto de repetição.<br />

A União <strong>Federal</strong> deverá ser intimada, após o <strong>tr</strong>ânsito em julgado, para efetuar, no prazo de 60 (s<strong>es</strong>senta) dias, a revisão<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda p<strong>es</strong>soa física da parte autora, para excluir da base de cálculo<br />

do imposto devido a parcela relativa ao crédito do con<strong>tr</strong>ibuinte, na forma fixada n<strong>es</strong>ta ementa. Eventual r<strong>es</strong>tituição<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa de imposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declaraçõ<strong>es</strong> de ajuste anual antigas, caberá<br />

ao autor o ônus de apr<strong>es</strong>entá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.<br />

Efetuada a revisão na forma do parágrafo anterior, deverá a ré informar ao juízo o valor total da r<strong>es</strong>tituição devida, para<br />

ulterior expedição de RPV ou precatório, sempre observado o valor de alçada dos Juizados Especiais Federais, a saber, 60<br />

(s<strong>es</strong>senta) salários mínimos (valor vigente na data do ajuizamento da ação).<br />

Após a revisão das declaraçõ<strong>es</strong> anuais do imposto de renda e da apuração do valor da r<strong>es</strong>tituição devida, no caso de ainda<br />

haver saldo de crédito em favor do con<strong>tr</strong>ibuinte, fica o autor autorizado a deduzir o saldo na base de cálculo do imposto<br />

devido nos exercícios financeiros seguint<strong>es</strong>, até o <strong>es</strong>gotamento do saldo credor. R<strong>es</strong>salte-se que as diligências indicadas a<br />

partir do tópico 12 não importam em manif<strong>es</strong>tação para além da matéria devolvida em sede recursal, tendo em vista se<br />

<strong>tr</strong>atarem de qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> adminis<strong>tr</strong>ativas, as quais visam a facilitar o <strong>tr</strong>âmite proc<strong>es</strong>sual após o julgamento, o qual foi no sentido<br />

da sentença de 1º grau. Tais diligências se amoldam aos princípios da economia e celeridade, princípios informador<strong>es</strong> dos<br />

Juizados Especiais.


Recurso CONHECIDO e PARCIALMENTE PROVIDO. Sentença reformada em mínima parte, exclusivamente no que diz<br />

r<strong>es</strong>peito ao método para o cálculo do indébito, nos termos da fundamentação supra.<br />

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários<br />

advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do artigo 55, caput, da Lei n.<br />

9.099/95 c/c art. 21, parágrafo único, do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PARCIAL<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL<br />

157 - 0007495-07.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007495-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL (ADVOGADO: ERIKA SEIBEL PINTO.) x Juiz <strong>Federal</strong> do 2º Juizado Especial <strong>Federal</strong> x NILSON FRANCO DE<br />

ATHAYDE E OUTROS (ADVOGADO: RENATA GÓES FURTADO.).<br />

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0007495-07.2008.4.02.5050/01<br />

IMPETRANTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF<br />

IMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ES<br />

LISTISCONSORTE PASSIVO: NILSON FRANCO DE ATHAYDE E OUTROS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

VOTO<br />

Trata-se de mandado de segurança impe<strong>tr</strong>ado pela Caixa Econômica <strong>Federal</strong> – CEF em face de ato tido por coator<br />

praticado pelo Juízo <strong>Federal</strong> do 2º Juizado Especial <strong>Federal</strong> de Vitória/ES, que, nos autos da ação originária (Proc<strong>es</strong>so n.º<br />

0007495-07.2008.4.02.5050), negou seguimento ao recurso inominado interposto pela ora impe<strong>tr</strong>ante, por considerá-lo<br />

d<strong>es</strong>erto.<br />

Em sua decisão, a autoridade impe<strong>tr</strong>ada declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade do art. 24-A da Lei n.º<br />

9.028/1995, inserido pela Medida Provisória n.º 2.180-35, de 27.08.2001, por força da vinculação ao entendimento adotado<br />

pelo STF no julgamento da ADI n.º 2.736, no qual r<strong>es</strong>tou sedimentado que medida provisória não pode disciplinar matéria<br />

proc<strong>es</strong>sual, ainda que editada ant<strong>es</strong> do advento da EC n.º 32/01. Reconhecida a inconstitucionalidade da norma isentiva e<br />

considerando que a CEF não recolheu o preparo recursal, o juízo impe<strong>tr</strong>ado concluiu que o recurso inominado <strong>es</strong>tava<br />

d<strong>es</strong>erto e, por conseguinte, negou-lhe seguimento.<br />

Em face d<strong>es</strong>sa decisão, insurge-se o impe<strong>tr</strong>ante por meio do pr<strong>es</strong>ente mandado de segurança, no qual requer,<br />

liminarmente, a suspensão do ato impugnado e, em sede definitiva, a “cassação” do provimento que negou seguimento ao<br />

recurso inominado.<br />

Às fls. 218/219, consta decisão que deferiu o pedido liminar postulado, suspendendo a decisão judicial impugnada para<br />

determinar que a autoridade coatora se abstiv<strong>es</strong>se de negar seguimento ao recurso inominado da CAIXA por motivo de<br />

falta de preparo.<br />

Notificada, a autoridade não pr<strong>es</strong>tou informaçõ<strong>es</strong>.<br />

Manif<strong>es</strong>tação do Ministério Público <strong>Federal</strong> às fls. 234.<br />

É o sucinto relatório. Passo a proferir voto.<br />

O mandado de segurança tem por finalidade proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas<br />

data, quando o r<strong>es</strong>ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de p<strong>es</strong>soa jurídica no<br />

exercício de a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> do Poder Público.<br />

Sua previsão se encon<strong>tr</strong>a no art. 5º, LXIX, da Constituição <strong>Federal</strong> de 1988, inserindo-se no núcleo dos direitos e garantias<br />

individuais de índole proc<strong>es</strong>sual d<strong>es</strong>tinados a serem manejados con<strong>tr</strong>a abuso de poder derivado da atuação dos<br />

repr<strong>es</strong>entant<strong>es</strong> da adminis<strong>tr</strong>ação pública em sentido amplo, en<strong>tr</strong>e os quais se inclui o juiz.


No exercício da função jurisdicional, o magis<strong>tr</strong>ado exerce parcela do poder do Estado e, n<strong>es</strong>sa função, deve r<strong>es</strong>peito,<br />

sobretudo, ao princípio da legalidade. Contudo, no d<strong>es</strong>empenho de sua peculiar atividade, o juiz não pode afastar-se da<br />

interpretação da norma legal, <strong>es</strong>tabelecendo as premissas para sua aplicação, extensão, alcance e efeitos, em busca da<br />

solução justa aplicável ao caso concreto.<br />

Conforme previsão inserta no art. 5º, III, da Lei nº 12.016/09, não se concederá mandado de segurança quando se <strong>tr</strong>atar de<br />

decisão judicial <strong>tr</strong>ansitada em julgado. Ocorre que o caso concreto revela hipót<strong>es</strong>e sui generis, já que a parte ora impe<strong>tr</strong>ante<br />

chegou a manejar o recurso cabível em face da sentença (recurso inominado), o qual, contudo, foi inadmitido pelo juízo a<br />

quo.<br />

Em face d<strong>es</strong>ta decisão, o único remédio admissível no âmbito dos JEFs consiste, justamente, na ação mandamental, visto<br />

que não há previsão legal de ou<strong>tr</strong>a medida proc<strong>es</strong>sual cabível.<br />

Dito isto, passo à análise do mérito do mandamus.<br />

A Emenda Constitucional n.º 32, de 12.09.2001, instituiu rol expr<strong>es</strong>so de limitação de matérias reguláveis por meio de<br />

medidas provisórias. No elenco de vedaçõ<strong>es</strong>, incluiu, no bojo do art.62, § 1º, inciso I, alínea “b”, da CR/88, a regulação de<br />

matéria relativa a direito proc<strong>es</strong>sual civil.<br />

A partir da alteração, portanto, afigura-se inconstitucional a edição de qualquer medida provisória que <strong>tr</strong>ate, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>as<br />

matérias, de direito proc<strong>es</strong>sual civil.<br />

O dispositivo legal declarado inconstitucional pela autoridade coatora, qual seja, o art. 24-A da Lei n º 9.028/95, que dispõe<br />

sobre o exercício das a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> institucionais da Advocacia-Geral da União, <strong>es</strong>tabelece o seguinte:<br />

Art. 24-A. A União, suas autarquias e fundaçõ<strong>es</strong>, são isentas de custas e emolumentos e demais taxas judiciárias, bem<br />

como de depósito prévio e multa em ação r<strong>es</strong>cisória, em quaisquer foros e instâncias. (Incluído pela Medida Provisória nº<br />

2.180-35, de 2001)<br />

Parágrafo único. Aplica-se o disposto n<strong>es</strong>te artigo a todos os proc<strong>es</strong>sos adminis<strong>tr</strong>ativos e judiciais em que for parte o<br />

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, seja no pólo ativo ou passivo, extensiva a isenção à p<strong>es</strong>soa jurídica que o<br />

repr<strong>es</strong>entar em Juízo ou fora dele. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001)<br />

Analisando a norma supracitada, em entendimento diverso do da autoridade coatora, entendo que a matéria nela <strong>tr</strong>atada,<br />

qual seja, isenção de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, subsume-se ao campo do Direito Tributário e não ao<br />

campo do Direito Proc<strong>es</strong>sual, na medida em que o referido artigo abriga típica norma excludente do crédito <strong>tr</strong>ibutário,<br />

isentando as p<strong>es</strong>soas referidas em seu caput e parágrafo único do pagamento da <strong>es</strong>pécie <strong>tr</strong>ibutária.<br />

A propósito, o Pleno do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento da ADIn nº 1.145-6/Paraíba, Relator Minis<strong>tr</strong>o Carlos<br />

Velloso, dispôs: "As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem <strong>es</strong>péci<strong>es</strong> <strong>tr</strong>ibutárias, são taxas, segundo a<br />

jurisprudência iterativa do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>".<br />

Assim, m<strong>es</strong>mo que prevaleça o entendimento de que “medida provisória não pode disciplinar matéria proc<strong>es</strong>sual, ainda que<br />

editada ant<strong>es</strong> do advento da EC n.º 32/01”, <strong>es</strong>te não seria o caso dos autos, já que o art. 24-A da Lei nº 9.028/95 cuida de<br />

matéria de cunho <strong>es</strong><strong>tr</strong>itamente <strong>tr</strong>ibutário, que não exige <strong>tr</strong>atamento mediante edição de Lei Complementar e que, n<strong>es</strong>s<strong>es</strong><br />

termos, pode ser veiculada mediante Medida Provisória<br />

Ainda que assim não fosse, a própria EC n.º 32/01 r<strong>es</strong>salvou, em seu art. 2º, que “as medidas provisórias editadas em data<br />

anterior à da publicação d<strong>es</strong>ta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou<br />

até deliberação definitiva do Congr<strong>es</strong>so Nacional”.<br />

N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, <strong>es</strong>te relator entende que a MP nº 2.180-35 (de 27.08.2001), por ter sido editada ant<strong>es</strong> do advento da EC<br />

n.º32 (de 12.09.2001) e, portanto, sob ordem constitucional que não abrigava as limitaçõ<strong>es</strong> expr<strong>es</strong>sas quanto ao objeto das<br />

medidas provisórias, não se encon<strong>tr</strong>a eivada de vício de inconstitucionalidade, exatamente por força da r<strong>es</strong>salva delineada<br />

pelo legislador constituinte no bojo da referida emenda.<br />

Tecidas <strong>es</strong>sas consideraçõ<strong>es</strong>, as quais já seriam suficient<strong>es</strong> a formar o meu convencimento, importante, ainda, rememorar<br />

que o julgamento invocado pelo juízo impe<strong>tr</strong>ado como ratio decidendi não gera efeito vinculante sobre o pr<strong>es</strong>ente feito,<br />

porquanto veicula declaração de inconstitucionalidade de ou<strong>tr</strong>a norma legal, a saber, art. 29-C da Lei nº 8.036/90, inserido<br />

pela MP n.º2.164-41/01.<br />

D<strong>es</strong>se modo, ainda que envolva a m<strong>es</strong>ma discussão de fundo e a d<strong>es</strong>peito de ter sido proferido em sede de con<strong>tr</strong>ole<br />

abs<strong>tr</strong>ato de constitucionalidade (ADIN), o julgamento proferido pelo STF não enseja vinculação inafastável do Judiciário na<br />

análise de ou<strong>tr</strong>as normas de natureza alegadamente semelhante, mormente quando se precedo ao distinguishing pertinente<br />

ao caso, como realizado nos parágrafos precedent<strong>es</strong>.<br />

Calha regis<strong>tr</strong>ar que o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão em sede de julgamento de recurso repr<strong>es</strong>entativo


de con<strong>tr</strong>ovérsia (art. 543-C, CPC), por meio do qual reconhece a isenção pretendida pela CEF n<strong>es</strong>te mandando de<br />

segurança, senão vejamos:<br />

PROCESSUAL CIVIL. FGTS. ISENÇÃO DE CUSTAS. LEI 9.028/95, ART. 24-A,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO. CUSTAS. REEMBOLSO. CABIMENTO.<br />

1. Por força do parágrafo único do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> - CEF, nas açõ<strong>es</strong> em que<br />

repr<strong>es</strong>ente o FGTS, <strong>es</strong>tá isenta do pagamento de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, isenção que, todavia,<br />

não a d<strong>es</strong>obriga de, quando sucumbente, reembolsar as custas adiantadas pela parte vencedora. 2. Recurso <strong>es</strong>pecial<br />

improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC.<br />

(STJ, 1ª Seção, REsp 1151364/PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marqu<strong>es</strong>, DJE Data: 16/02/2011)<br />

Por fim, friso que, no meu pensar, a matéria goza dos requisitos de relevância e urgência típicos das matérias que podem<br />

ser <strong>tr</strong>atadas por Medida Provisória. Isto porque o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é fundo de titularidade de todos<br />

os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong>, sendo a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> mera agente operadora do fundo (art. 4º, Lei nº 8.036/90).<br />

Assim, a norma em qu<strong>es</strong>tão não <strong>es</strong>tá a tutelar inter<strong>es</strong>se da CEF como p<strong>es</strong>soa jurídica de direito privado exploradora de<br />

atividade econômica, mas o inter<strong>es</strong>se de todos os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que con<strong>tr</strong>ibuem para o FGTS.<br />

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA, confirmando a liminar anteriormente deferida, para determinar que a<br />

autoridade impe<strong>tr</strong>ada possibilite a interposição do recurso inominado pela CAIXA ECONÔMIA FEDERAL,<br />

independentemente de preparo, por se <strong>tr</strong>atar de ação referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FGTS, do qual<br />

a impe<strong>tr</strong>ante é mera g<strong>es</strong>tora, encaminhando-o, posteriormente, para regular dis<strong>tr</strong>ibuição junto às Turmas Recursais.<br />

Sem condenação em custas proc<strong>es</strong>suais e em honorários advocatícios.<br />

É como voto.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0007495-07.2008.4.02.5050/01<br />

IMPETRANTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF<br />

IMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ES<br />

LISTISCONSORTE PASSIVO: NILSON FRANCO DE ATHAYDE E OUTROS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

MANDADO DE SEGURANÇA – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – AÇÃO QUE CUIDA DO FUNGO DE GARANTIDA POR<br />

TEMPO DE SERVIÇO – FGTS – ISENÇÃO DO PAGAMENTO DE CUSTAS, EMOLUMENTOS E DEMAIS TAXAS<br />

JUDICIÁRIAS – ART. 24-A, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 9.028/95, INCLUÍDO PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº<br />

2.180/35 DE 27/08/2001 – INCONSTITUCIONALIDADE NÃO RECONHECIDA – POSSIBILIDADE DE MP SOBRE<br />

ISENÇÃO TRIBUTÁRIA – NORMA ANTERIOR AO ADVENTO DA EC Nº 32/01 – INAPLICABILIDADE DO<br />

ENTENDIMENTO SEDIMENTADO NO JULGAMENTO DA ADIN 2.736 PELO STF – ISENÇÃO RECONHECIDA –<br />

INTERPOSIÇÃO DE RECURSO INDEPENDENTEMENTE DE PREPARO – SEGURANÇA CONCEDIDA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONCEDER A SEGURANÇA, nos termos do voto do Relator, que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


158 - 0001887-28.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001887-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICA<br />

FEDERAL (ADVOGADO: RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO.) x Juiz <strong>Federal</strong> do 2º Juizado Especial <strong>Federal</strong> x ELIAS<br />

VIEIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: HELTON TEIXEIRA RAMOS.).<br />

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0001887-28.2008.4.02.5050/01<br />

IMPETRANTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF<br />

IMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ES<br />

LISTISCONSORTE PASSIVO: ELIAS VIEIRA DOS SANTOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

VOTO<br />

Trata-se de mandado de segurança impe<strong>tr</strong>ado pela Caixa Econômica <strong>Federal</strong> – CEF em face de ato tido por coator<br />

praticado pelo Juízo <strong>Federal</strong> do 2º Juizado Especial <strong>Federal</strong> de Vitória/ES, que, nos autos da ação originária (Proc<strong>es</strong>so n.º<br />

0001887-28.2008.4.02.5050), negou seguimento ao recurso inominado interposto pela ora impe<strong>tr</strong>ante, por considerá-lo<br />

d<strong>es</strong>erto.<br />

Em sua decisão, a autoridade impe<strong>tr</strong>ada declarou, incidentalmente, a inconstitucionalidade do art. 24-A da Lei n.º<br />

9.028/1995, inserido pela Medida Provisória n.º 2.180-35, de 27.08.2001, por força da vinculação ao entendimento adotado<br />

pelo STF no julgamento da ADI n.º 2.736, no qual r<strong>es</strong>tou sedimentado que medida provisória não pode disciplinar matéria<br />

proc<strong>es</strong>sual, ainda que editada ant<strong>es</strong> do advento da EC n.º 32/01. Reconhecida a inconstitucionalidade da norma isentiva e<br />

considerando que a CEF não recolheu o preparo recursal, o juízo impe<strong>tr</strong>ado concluiu que o recurso inominado <strong>es</strong>tava<br />

d<strong>es</strong>erto e, por conseguinte, negou-lhe seguimento.<br />

Em face d<strong>es</strong>sa decisão, insurge-se o impe<strong>tr</strong>ante por meio do pr<strong>es</strong>ente mandado de segurança, no qual requer,<br />

liminarmente, a suspensão do ato impugnado e, em sede definitiva, a “cassação” do provimento que negou seguimento ao<br />

recurso inominado.<br />

Às fls. 214/216, consta decisão que deferiu o pedido liminar postulado, suspendendo a decisão judicial impugnada para<br />

determinar que a autoridade coatora se abstiv<strong>es</strong>se de negar seguimento ao recurso inominado da CAIXA por motivo de<br />

falta de preparo.<br />

Notificada, a autoridade não pr<strong>es</strong>tou informaçõ<strong>es</strong>.<br />

Manif<strong>es</strong>tação do Ministério Público <strong>Federal</strong> às fls. 230.<br />

É o sucinto relatório. Passo a proferir voto.<br />

O mandado de segurança tem por finalidade proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas<br />

data, quando o r<strong>es</strong>ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de p<strong>es</strong>soa jurídica no<br />

exercício de a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> do Poder Público.<br />

Sua previsão se encon<strong>tr</strong>a no art. 5º, LXIX, da Constituição <strong>Federal</strong> de 1988, inserindo-se no núcleo dos direitos e garantias<br />

individuais de índole proc<strong>es</strong>sual d<strong>es</strong>tinados a serem manejados con<strong>tr</strong>a abuso de poder derivado da atuação dos<br />

repr<strong>es</strong>entant<strong>es</strong> da adminis<strong>tr</strong>ação pública em sentido amplo, en<strong>tr</strong>e os quais se inclui o juiz.<br />

No exercício da função jurisdicional, o magis<strong>tr</strong>ado exerce parcela do poder do Estado e, n<strong>es</strong>sa função, deve r<strong>es</strong>peito,<br />

sobretudo, ao princípio da legalidade. Contudo, no d<strong>es</strong>empenho de sua peculiar atividade, o juiz não pode afastar-se da<br />

interpretação da norma legal, <strong>es</strong>tabelecendo as premissas para sua aplicação, extensão, alcance e efeitos, em busca da<br />

solução justa aplicável ao caso concreto.<br />

Conforme previsão inserta no art. 5º, III, da Lei nº 12.016/09, não se concederá mandado de segurança quando se <strong>tr</strong>atar de<br />

decisão judicial <strong>tr</strong>ansitada em julgado. Ocorre que o caso concreto revela hipót<strong>es</strong>e sui generis, já que a parte ora impe<strong>tr</strong>ante<br />

chegou a manejar o recurso cabível em face da sentença (recurso inominado), o qual, contudo, foi inadmitido pelo juízo a<br />

quo.<br />

Em face d<strong>es</strong>ta decisão, o único remédio admissível no âmbito dos JEFs consiste, justamente, na ação mandamental, visto<br />

que não há previsão legal de ou<strong>tr</strong>a medida proc<strong>es</strong>sual cabível.<br />

Dito isto, passo à análise do mérito do mandamus.<br />

A Emenda Constitucional n.º 32, de 12.09.2001, instituiu rol expr<strong>es</strong>so de limitação de matérias reguláveis por meio de<br />

medidas provisórias. No elenco de vedaçõ<strong>es</strong>, incluiu, no bojo do art.62, § 1º, inciso I, alínea “b”, da CR/88, a regulação de<br />

matéria relativa a direito proc<strong>es</strong>sual civil.<br />

A partir da alteração, portanto, afigura-se inconstitucional a edição de qualquer medida provisória que <strong>tr</strong>ate, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>as<br />

matérias, de direito proc<strong>es</strong>sual civil.


O dispositivo legal declarado inconstitucional pela autoridade coatora, qual seja, o art. 24-A da Lei n º 9.028/95, que dispõe<br />

sobre o exercício das a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> institucionais da Advocacia-Geral da União, <strong>es</strong>tabelece o seguinte:<br />

Art. 24-A. A União, suas autarquias e fundaçõ<strong>es</strong>, são isentas de custas e emolumentos e demais taxas judiciárias, bem<br />

como de depósito prévio e multa em ação r<strong>es</strong>cisória, em quaisquer foros e instâncias. (Incluído pela Medida Provisória nº<br />

2.180-35, de 2001)<br />

Parágrafo único. Aplica-se o disposto n<strong>es</strong>te artigo a todos os proc<strong>es</strong>sos adminis<strong>tr</strong>ativos e judiciais em que for parte o<br />

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, seja no pólo ativo ou passivo, extensiva a isenção à p<strong>es</strong>soa jurídica que o<br />

repr<strong>es</strong>entar em Juízo ou fora dele. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.180-35, de 2001)<br />

Analisando a norma supracitada, em entendimento diverso do da autoridade coatora, entendo que a matéria nela <strong>tr</strong>atada,<br />

qual seja, isenção de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, subsume-se ao campo do Direito Tributário e não ao<br />

campo do Direito Proc<strong>es</strong>sual, na medida em que o referido artigo abriga típica norma excludente do crédito <strong>tr</strong>ibutário,<br />

isentando as p<strong>es</strong>soas referidas em seu caput e parágrafo único do pagamento da <strong>es</strong>pécie <strong>tr</strong>ibutária.<br />

A propósito, o Pleno do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, no julgamento da ADIn nº 1.145-6/Paraíba, Relator Minis<strong>tr</strong>o Carlos<br />

Velloso, dispôs: "As custas, a taxa judiciária e os emolumentos constituem <strong>es</strong>péci<strong>es</strong> <strong>tr</strong>ibutárias, são taxas, segundo a<br />

jurisprudência iterativa do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>".<br />

Assim, m<strong>es</strong>mo que prevaleça o entendimento de que “medida provisória não pode disciplinar matéria proc<strong>es</strong>sual, ainda que<br />

editada ant<strong>es</strong> do advento da EC n.º 32/01”, <strong>es</strong>te não seria o caso dos autos, já que o art. 24-A da Lei nº 9.028/95 cuida de<br />

matéria de cunho <strong>es</strong><strong>tr</strong>itamente <strong>tr</strong>ibutário, que não exige <strong>tr</strong>atamento mediante edição de Lei Complementar e que, n<strong>es</strong>s<strong>es</strong><br />

termos, pode ser veiculada mediante Medida Provisória<br />

Ainda que assim não fosse, a própria EC n.º 32/01 r<strong>es</strong>salvou, em seu art. 2º, que “as medidas provisórias editadas em data<br />

anterior à da publicação d<strong>es</strong>ta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou<br />

até deliberação definitiva do Congr<strong>es</strong>so Nacional”.<br />

N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, <strong>es</strong>te relator entende que a MP nº 2.180-35 (de 27.08.2001), por ter sido editada ant<strong>es</strong> do advento da EC<br />

n.º32 (de 12.09.2001) e, portanto, sob ordem constitucional que não abrigava as limitaçõ<strong>es</strong> expr<strong>es</strong>sas quanto ao objeto das<br />

medidas provisórias, não se encon<strong>tr</strong>a eivada de vício de inconstitucionalidade, exatamente por força da r<strong>es</strong>salva delineada<br />

pelo legislador constituinte no bojo da referida emenda.<br />

Tecidas <strong>es</strong>sas consideraçõ<strong>es</strong>, as quais já seriam suficient<strong>es</strong> a formar o meu convencimento, importante, ainda, rememorar<br />

que o julgamento invocado pelo juízo impe<strong>tr</strong>ado como ratio decidendi não gera efeito vinculante sobre o pr<strong>es</strong>ente feito,<br />

porquanto veicula declaração de inconstitucionalidade de ou<strong>tr</strong>a norma legal, a saber, art. 29-C da Lei nº 8.036/90, inserido<br />

pela MP n.º2.164-41/01.<br />

D<strong>es</strong>se modo, ainda que envolva a m<strong>es</strong>ma discussão de fundo e a d<strong>es</strong>peito de ter sido proferido em sede de con<strong>tr</strong>ole<br />

abs<strong>tr</strong>ato de constitucionalidade (ADIN), o julgamento proferido pelo STF não enseja vinculação inafastável do Judiciário na<br />

análise de ou<strong>tr</strong>as normas de natureza alegadamente semelhante, mormente quando se precedo ao distinguishing pertinente<br />

ao caso, como realizado nos parágrafos precedent<strong>es</strong>.<br />

Calha regis<strong>tr</strong>ar que o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> já enfrentou a qu<strong>es</strong>tão em sede de julgamento de recurso repr<strong>es</strong>entativo<br />

de con<strong>tr</strong>ovérsia (art. 543-C, CPC), por meio do qual reconhece a isenção pretendida pela CEF n<strong>es</strong>te mandando de<br />

segurança, senão vejamos:<br />

PROCESSUAL CIVIL. FGTS. ISENÇÃO DE CUSTAS. LEI 9.028/95, ART. 24-A,<br />

PARÁGRAFO ÚNICO. CUSTAS. REEMBOLSO. CABIMENTO.<br />

1. Por força do parágrafo único do art. 24-A da Lei nº 9.028/95, a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> - CEF, nas açõ<strong>es</strong> em que<br />

repr<strong>es</strong>ente o FGTS, <strong>es</strong>tá isenta do pagamento de custas, emolumentos e demais taxas judiciárias, isenção que, todavia,<br />

não a d<strong>es</strong>obriga de, quando sucumbente, reembolsar as custas adiantadas pela parte vencedora. 2. Recurso <strong>es</strong>pecial<br />

improvido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC.<br />

(STJ, 1ª Seção, REsp 1151364/PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marqu<strong>es</strong>, DJE Data: 16/02/2011)<br />

Por fim, friso que, no meu pensar, a matéria goza dos requisitos de relevância e urgência típicos das matérias que podem<br />

ser <strong>tr</strong>atadas por Medida Provisória. Isto porque o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é fundo de titularidade de todos<br />

os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong>, sendo a Caixa Econômica <strong>Federal</strong> mera agente operadora do fundo (art. 4º, Lei nº 8.036/90).<br />

Assim, a norma em qu<strong>es</strong>tão não <strong>es</strong>tá a tutelar inter<strong>es</strong>se da CEF como p<strong>es</strong>soa jurídica de direito privado exploradora de<br />

atividade econômica, mas o inter<strong>es</strong>se de todos os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que con<strong>tr</strong>ibuem para o FGTS.<br />

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA, confirmando a liminar anteriormente deferida, para determinar que a<br />

autoridade impe<strong>tr</strong>ada possibilite a interposição do recurso inominado pela CAIXA ECONÔMIA FEDERAL,<br />

independentemente de preparo, por se <strong>tr</strong>atar de ação referente ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FGTS, do qual


a impe<strong>tr</strong>ante é mera g<strong>es</strong>tora, encaminhando-o, posteriormente, para regular dis<strong>tr</strong>ibuição junto às Turmas Recursais.<br />

Sem condenação em custas proc<strong>es</strong>suais e em honorários advocatícios.<br />

É como voto.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0001887-28.2008.4.02.5050/01<br />

IMPETRANTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEF<br />

IMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE VITÓRIA/ES<br />

LISTISCONSORTE PASSIVO: ELIAS VIEIRA DOS SANTOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

MANDADO DE SEGURANÇA – CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – AÇÃO QUE CUIDA DO FUNGO DE GARANTIDA POR<br />

TEMPO DE SERVIÇO – FGTS – ISENÇÃO DO PAGAMENTO DE CUSTAS, EMOLUMENTOS E DEMAIS TAXAS<br />

JUDICIÁRIAS – ART. 24-A, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 9.028/95, INCLUÍDO PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº<br />

2.180/35 DE 27/08/2001 – INCONSTITUCIONALIDADE NÃO RECONHECIDA – POSSIBILIDADE DE MP SOBRE<br />

ISENÇÃO TRIBUTÁRIA – NORMA ANTERIOR AO ADVENTO DA EC Nº 32/01 – INAPLICABILIDADE DO<br />

ENTENDIMENTO SEDIMENTADO NO JULGAMENTO DA ADIN 2.736 PELO STF – ISENÇÃO RECONHECIDA –<br />

INTERPOSIÇÃO DE RECURSO INDEPENDENTEMENTE DE PREPARO – SEGURANÇA CONCEDIDA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONCEDER A SEGURANÇA, nos termos do voto do Relator, que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Total Acolher os embargos : 4<br />

Total Anular a sentença e julgar : prejudicado 1 o recurso<br />

Total Dar parcial provimento : 17<br />

Total Dar provimento : 23<br />

Total Dar provimento ao rec. do : autor 2 e negar o do réu<br />

Total Negar provimento : 105<br />

Total Rejeitar os embargos :<br />

5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!