17.04.2013 Views

boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal

boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal

boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL<br />

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:<br />

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-104<br />

ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-12, 15, 61, 62, 93<br />

ADRIANA ZANDONADE-6<br />

ADRIANE ALMEIDA DE OLIVEIRA-78<br />

ALAN ROVETTA DA SILVA-12, 15, 61, 62, 93<br />

ALBA VALERIA ALVES FRAGA-28<br />

ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS-40<br />

ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-34, 41, 7, 72, 84<br />

ALINE TERCI BAPTISTI-13<br />

AMAURI PINTO MARINHO-100<br />

ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-30, 31, 32<br />

ANA ELISA MOSCHEN-85<br />

ANA LUIZA PEREIRA ALIPRANDI FAVORETTI-17<br />

ANA ZELIA BLANC FARIAS-90<br />

ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA-77<br />

ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-100, 9<br />

ANDRÉ DIAS IRIGON-12, 5, 52, 59, 66<br />

ANDRE LUIZ PEREIRA-7<br />

ANDRÉ PIMENTEL FILHO-2<br />

ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES-73<br />

ANDREA MONTANARI ROSA RANGEL-48<br />

ANDRESSA MEIRA-17<br />

ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-95<br />

ARMANDO VEIGA-1, 52, 56<br />

AUGUSTO CESAR DA FONSECA ALMEIDA-96<br />

AUGUSTO CÉSAR MOREIRA MARTINS-17<br />

AURELIO FABIO NOGUEIRA DA SILVA-46<br />

AVELINO EUGENIO MIRANDA-90<br />

BENTO ADEODATO PORTO-29<br />

Bernard Pereira Almeida-64<br />

BRENO PAVAN FERREIRA-38<br />

BRUNO BORNACKI SALIM MURTA-17<br />

BRUNO MIRANDA COSTA-26, 38, 47, 80<br />

BRUNO SANTOS ARRIGONI-68<br />

CAMILLA GOMES DE ALMEIDA-65<br />

CARLOS ALBERTO DE JESUS SANTOS-2<br />

CARLOS MAGNO BARCELOS-9<br />

CATARINE MULINARI NICO-85<br />

CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO-50, 91<br />

CLARENCE IIDAWALD GIBSON OVIL-69<br />

CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-36, 58<br />

CLAUDIA DAMM MARTINS-92<br />

CLEBSON DA SILVEIRA-25, 37, 42, 91<br />

CLEMILSON RODRIGUES PEIXOTO-46<br />

CLEYLTON MENDES PASSOS-104<br />

Dalton Santos Morais-36<br />

DANIELLY DE OLIVEIRA NAZARIO-27<br />

DAVID GUERRA FELIPE-23<br />

DAYENNE NEGRELLI VIEIRA-90<br />

EDER MAIFREDE CAMPANHA-29<br />

EDGARD VALLE DE SOUZA-14<br />

EDIVAN FOSSE DA SILVA-24<br />

EDUARDO JOSE COSTA REIS-87


ELADIR MONTENEGRO DE O. COUTO-49, 86<br />

ELIAS ASSAD NETO-57, 66<br />

ELYANDERSON AUGUSTO F. DE SOUZA-24<br />

EMANUEL DO NASCIMENTO-67<br />

EMILENE ROVETTA DA SILVA-12, 15, 61, 62, 93<br />

ERIKA SEIBEL PINTO-89<br />

ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-103, 11, 53, 77, 81<br />

EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI RAMACCIOTTI-31, 32<br />

EVANDRO ABDALLA-54<br />

FELIPE MORAIS MATTA-86<br />

FERNANDA ANDRADE SANTANA-103, 77<br />

FERNANDO CARLOS FERNANDES-60<br />

FREDERICO GUILHERME PICLUM VERSOSA GEISS-48<br />

GETULIO GUSMÃO ROCHA-17<br />

GRASIELE MARCHESI BIANCHI-38<br />

GUSTAVO CABRAL VIEIRA-19, 44, 72, 75<br />

HELTON TEIXEIRA RAMOS-89<br />

HENRIQUE SOARES MACEDO-19, 26, 68<br />

HILDA RODRIGUES MAIA-102<br />

INGRID MARTINS TASSAR-94<br />

ISAAC PAVEZI PUTON-47<br />

ISABELA ALMEIDA CHAVES-17<br />

Isabela Boechat B. B. de Oliveira-51<br />

IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR-59, 79<br />

JALINE IGLEZIAS VIANA-38<br />

JAMILSON SERRANO PORFIRIO-101, 11, 16, 18<br />

JANICE MUNIZ DE MELO-87<br />

JOANA D'ARC BASTOS LEITE-105, 35, 8<br />

JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-35, 41, 43, 69, 98<br />

JOÃO ROBERT CUZZUOL PEREIRA-81<br />

JOSE ALCIDES BORGES DA SILVA-65<br />

JOSE GERALDO NUNES FILHO-88<br />

JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-96<br />

JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-10, 20<br />

JOSE RIBAMAR LIMA BEZERRA-92<br />

JUAREZ PIMENTEL MENDES JUNIOR-94<br />

JULIANA VIANNA GUERZET-94<br />

KARIME SILVA SIVIERO-98<br />

KELBERTH ALVES C. E. OLIVEIRA-89<br />

KELLY CRISTINA ANDRADE DO ROSARIO-51<br />

LAURA MELO CHEHAYEB-17<br />

LEANDRO F. SANTOS-71<br />

LEANDRO FREITAS DE SOUZA-104<br />

LENITA ALVAREZ DA SILVA TEIXEIRA-90<br />

Leonardo José Vulpe da Silva-86<br />

LEONARDO PIZZOL VINHA-30, 31, 32, 33<br />

LIANA MOTA PASSOS-29<br />

LIDIANE DA PENHA SEGAL-83<br />

LORENA MARCULANO-103<br />

LUCELIA GONCALVES DE REZENDE-39<br />

LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-1, 55, 57, 64, 97<br />

LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS-3<br />

LUCIANO PEREIRA CHAGAS-27<br />

Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-22, 60, 70<br />

LUIZ CARLOS BARRETO-42<br />

LUIZ CLAUDIO SOBREIRA-49, 88


MARCELA REIS SILVA-46, 63, 79, 96<br />

MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-25, 44<br />

MARCELO LUCIO GRILLO-46<br />

MARCELO MATEDI ALVES-30, 31, 32, 33<br />

MARCIA RIBEIRO PAIVA-65, 71<br />

Marco Aurélio Rangel Gobette-43<br />

Marcone de Rezende Vieira-60<br />

Marcos Figueredo Marçal-106, 82<br />

MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-3, 93, 95<br />

MARIA DAS GRACAS SOBREIRA DA SILVA-37<br />

MARIA DE CASTRO COURA-29<br />

MARIA DE FATIMA MONTEIRO-76<br />

MARIA REGINA COUTO ULIANA-99<br />

MARILENA MIGNONE RIOS-70, 97<br />

MARÍLIA PAULA MACEDO-82<br />

MARINA DE PAULA-53<br />

MATHEUS GUERINE RIEGERT-7, 85<br />

MICHAEL LEANDRO SOBREIRA-37<br />

MICHELA JACOMELI MARTINS-59<br />

MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO PIRES-88<br />

MIRIAN TEREZA SILVEIRA-64<br />

NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-92<br />

NEIDE DEZANE MARIANI-28, 33, 6<br />

NEILIANE SCALSER-49<br />

NEUSA MARIA MARCHETTI-39<br />

Nilma Pereira de Souza-92<br />

OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-4, 63, 67<br />

OSWALDO HORTA AGUIRRE FILHO-90<br />

PEDRO INOCENCIO BINDA-23, 74<br />

RACHEL DODD MILITO-48<br />

RAFAEL COSTA DE SOUSA-48<br />

RAPHAEL DODD MILITO-48<br />

RAPHAEL JACCOUD VALORY SILVEIRA-48<br />

RAQUEL COSTA QUEIROZ-48<br />

RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-15, 21, 62<br />

RODOLFO FERNANDES DO CARMO-17<br />

RODRIGO COSTA BUARQUE-40<br />

RODRIGO MARANGONI RUSCHI-48<br />

RODRIGO SALES DOS SANTOS-86<br />

Rodrigo Santolini Fitaroni-54<br />

RODRIGO SEBASTIÃO SOUZA-96<br />

RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-14, 99<br />

ROGERIO SIMOES ALVES-89<br />

RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-98<br />

ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-34, 50, 73, 76, 8, 83<br />

ROZALINDA NAZARETH SAMPAIO SCHERRER-106<br />

SANDRA VILASTRE DE ARAUJO-4, 63<br />

SAULO NASCIMENTO COUTINHO-65<br />

SEBASTIAO EDELCIO FARDIN-24, 68<br />

SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-21, 5<br />

SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-102, 105, 39, 58, 78, 84, 94<br />

SIRO DA COSTA-22, 46<br />

UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-10, 101, 104, 13, 16, 17, 18, 20<br />

Valdeci José Tomazini-55<br />

Valdoreti Fernand<strong>es</strong> Mattos-103<br />

VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI-13


VANESSA PROFIRO NUNES-74<br />

VERA LUCIA FAVARES BORBA-98<br />

Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-45, 54, 56, 61<br />

VINÍCIUS RIETH DE MORAES-85<br />

WELITON ROGER ALTOE-45, 60<br />

WILER COELHO DIAS-17<br />

Expediente do dia<br />

26/05/2011<br />

1ª Turma Recursal<br />

JUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

DIRETOR(a) DE SECRETARIA AUGUSTO S. F. RANGEL<br />

Nro. Boletim 2011.000080<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

1 - 0000824-28.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000824-0/01) DALTON DOS SANTOS (ADVOGADO: ARMANDO VEIGA.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO MÉDICO PERICIAL<br />

DESFAVORÁVEL. APOSENTADORIA POR IDADE. AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. FALTA DE<br />

INTERESSE DE AGIR.<br />

A sentença extinguiu o proc<strong>es</strong>so sem r<strong>es</strong>olução de mérito quanto à pretensão à aposentadoria por idade e julgou<br />

improcedente o pedido de condenação do INSS a conceder auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez.<br />

O autor não requereu adminis<strong>tr</strong>ativamente o benefício de aposentadoria por idade, sendo carecedor do direito de ação por<br />

falta de inter<strong>es</strong>se de agir.<br />

O perito nomeado pelo juízo diagnosticou genovaro bilateral, mas concluiu que a doença não causa incapacidade<br />

laborativa. Não basta <strong>es</strong>tar doente. É preciso que a doença incapacite o segurado ao <strong>tr</strong>abalho.<br />

A divergência com at<strong>es</strong>tados de médicos assistent<strong>es</strong> não invalida o laudo pericial. O at<strong>es</strong>tado médico equipara-se a mero<br />

parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniõ<strong>es</strong> deve ser r<strong>es</strong>olvida em favor do parecer do<br />

perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova<br />

unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo<br />

conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica<br />

e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação<br />

médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico<br />

perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico<br />

emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. O recorrente, embora<br />

sucumbente, <strong>es</strong>tá isento de custas e de honorários advocatícios por ser beneficiário da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

92001 - RECURSO/SENTENÇA PENAL<br />

2 - 0000202-14.2007.4.02.5052/01 (2007.50.52.000202-9/01) MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL (PROCDOR: ANDRÉ<br />

PIMENTEL FILHO.) x MAURICIO BARBOSA MOTTA (ADVOGADO: CARLOS ALBERTO DE JESUS SANTOS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2007.50.52.000202-9/01<br />

Recorrente : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL<br />

Recorrido : MAURICIO BARBOSA MOTTA


E M E N T A<br />

PENAL – DESACATO A FUNCIONÁRIO PÚBLICO – FISCALIZAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRABALHISTA - CONTEXTO DA<br />

DISCUSSÃO – ACIRRAMENTO E EXALTAÇÃO DE ÂNIMOS – INEXISTÊNCIA DO ELEMENTO SUBJETIVO (DOLO<br />

ESPECÍFICO) – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO<br />

1. Trata-se de recursos interpostos pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em face da r. sentença que julgou improcedente<br />

a pretensão punitiva <strong>es</strong>tatal e absolveu o acusado das imputaçõ<strong>es</strong> que lhe foram feitas na denúncia.<br />

2. Segundo o juízo de origem, a exigência da pr<strong>es</strong>ença física do funcionário ofendido no m<strong>es</strong>mo ambiente em que o ofensor<br />

é cons<strong>tr</strong>uída pela dou<strong>tr</strong>ina com base em uma interpretação sistemática do próprio Código Penal, que prevê também a figura<br />

da injúria qualificada, em seu art.141, II, que diz r<strong>es</strong>peito a injúria direcionada a funcionário público, em razão de suas<br />

funçõ<strong>es</strong>. Concluiu que o d<strong>es</strong>acato encon<strong>tr</strong>a-se configurado quando as palavras ofensivas, de tom injurioso, são proferidas<br />

na pr<strong>es</strong>ença do funcionário, com a intenção de humilhá-lo, com menoscabo, ficando excluído o crime con<strong>tr</strong>a a<br />

Adminis<strong>tr</strong>ação Pública se a ofensa não ocorrer p<strong>es</strong>soalmente, mas por ou<strong>tr</strong>os meios, como o <strong>es</strong>crito, fax, telefone, podendo<br />

o ato, a depender das circunstâncias do caso, configurar a injúria qualificada. Observou que, como toda a conversa <strong>tr</strong>avada<br />

en<strong>tr</strong>e acusado e ofendido se deu exclusivamente por telefone, não seria cabível aqui a imputação de d<strong>es</strong>acato, consoante<br />

jurisprudência a que se reportou. Ainda que assim não fosse, regis<strong>tr</strong>ou que os elementos dos autos não evidenciaram, na<br />

conduta do acusado, a intenção de humilhar ou diminuir a função pública do fiscal do <strong>tr</strong>abalho, muito menos de ameaçá-lo,<br />

pois a infeliz menção ao episódio do assassinato dos fiscais do <strong>tr</strong>abalho - feito apenas a título ilus<strong>tr</strong>ativo, em uma crítica à<br />

suposta <strong>tr</strong>uculência dos fiscais, e não como uma ameaça - se deu já em um contexto de final de discussão acalorada en<strong>tr</strong>e<br />

réu e o agente público, onde não ficou claro quem teria iniciado o clima de d<strong>es</strong>cort<strong>es</strong>ia.<br />

3. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que não há razão técnico-jurídica para a interpretação de que<br />

seria nec<strong>es</strong>sária, para o encaixe no tipo penal de d<strong>es</strong>acato, da pr<strong>es</strong>ença física do agr<strong>es</strong>sor, vez que até m<strong>es</strong>mo os Códigos<br />

Penais que expr<strong>es</strong>samente exigem a “pr<strong>es</strong>ença” do agr<strong>es</strong>sor admitem, por equiparação, a ofensa propter officium por<br />

telefone. Afirma que a alusão feita ao assassinato de fiscais do <strong>tr</strong>abalho em Minas Gerais, bem como as demais palavras<br />

ofensivas e de d<strong>es</strong>acato proferidas pelo réu demons<strong>tr</strong>aram a inequívoca intenção de d<strong>es</strong>r<strong>es</strong>peitar, d<strong>es</strong>acatar e humilhar os<br />

fiscais do <strong>tr</strong>abalho no exercício de suas funçõ<strong>es</strong>, não podendo o ato ser qualificado como mera discussão, d<strong>es</strong>cort<strong>es</strong>ia ou<br />

palavras de indignação. Aduz que o d<strong>es</strong>con<strong>tr</strong>ole emocional, que parte da dou<strong>tr</strong>ina pá<strong>tr</strong>ia entende excluir a caracterização do<br />

crime, não foi demons<strong>tr</strong>ado nos autos, vez que, para tanto, exige-se o d<strong>es</strong>con<strong>tr</strong>ole ex<strong>tr</strong>aordinário, e não o mero nervosismo<br />

ou <strong>es</strong>tado de tensão, sob pena de abrir-se <strong>es</strong>paço para situaçõ<strong>es</strong> de flagrante d<strong>es</strong>r<strong>es</strong>peito à condição de funcionário<br />

público, vez que o agr<strong>es</strong>sor, no mais das vez<strong>es</strong>, terá a “excludente” da exaltação. Sustenta que os fatos foram grav<strong>es</strong> e se<br />

amoldam perfeitamente ao tipo do art. 331 do Código Penal, razão pela qual pugna pela reforma da sentença e pela<br />

procedência da pretensão punitiva formulada na denúncia de fls. 28/31.<br />

4. O tipo penal do art.331 do Código Penal assim <strong>es</strong>tá d<strong>es</strong>crito: “Art.331. D<strong>es</strong>acatar funcionário público no exercício da<br />

função ou em razão dela: Pena – detenção, de 6 (seis) m<strong>es</strong><strong>es</strong> a 2 (dois) anos, ou multa.”<br />

5. Prevalece na jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia a interpretação r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itiva dada pela dou<strong>tr</strong>ina ao tipo penal de d<strong>es</strong>acato, exigindo a<br />

pr<strong>es</strong>ença física en<strong>tr</strong>e ofensor e o funcionário público em certo ambiente, r<strong>es</strong>umida na ementa de seguinte teor, cujos<br />

fundamentos são adotados como razõ<strong>es</strong> de decidir:<br />

“PROCESSUAL PENAL. REVISÃO CRIMINAL. ARTIGO 621, INCISO I, CPP. CABIMENTO. SENTENÇA. CONDENAÇÃO.<br />

DESACATO. VIA TELEFÔNICA. IMPOSSIBILIDADE. 1. A tipificação do crime de d<strong>es</strong>acato pr<strong>es</strong>supõe a ocorrência do fato<br />

na pr<strong>es</strong>ença do funcionário, não se configurando se a ofensa foi irrogada via telefone. 2 . Revisão criminal procedente.<br />

Acórdão nº 2005.01.00.063883-0 de Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 1a Região, Segunda Seção, 27 de Junho de 2007<br />

6. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, a peça acusatória narra que uma funcionária da empr<strong>es</strong>a Motta Dis<strong>tr</strong>ibuidora de Bebidas Ltda,<br />

diante da pr<strong>es</strong>ença de auditor<strong>es</strong> fiscais do <strong>tr</strong>abalho em diligência na empr<strong>es</strong>a, en<strong>tr</strong>ou em contato telefônico com o<br />

proprietário, ora acusado, e, em seguida, en<strong>tr</strong>egou o telefone celular ao agente fiscal Fábio, ocasião em que “o empr<strong>es</strong>ário<br />

começou a discutir de forma muito ríspida com o agente, preferindo palavras ofensivas, chegando até m<strong>es</strong>mo a se referir à<br />

morte de <strong>tr</strong>ês auditor<strong>es</strong> fiscais do <strong>tr</strong>abalho ocorrida em Minas Gerais. Ante o d<strong>es</strong>con<strong>tr</strong>ole por parte do empr<strong>es</strong>ário, os<br />

agent<strong>es</strong> se retiraram da empr<strong>es</strong>a e retornaram no dia seguinte, já acompanhados por policiais federais, oportunidade em<br />

que foram recebidos pela <strong>es</strong>posa do proprietário do <strong>es</strong>tabelecimento, Sra. Pa<strong>tr</strong>ícia Carvalho Pinha, a qual os atendeu de<br />

forma <strong>tr</strong>anqüila, d<strong>es</strong>culpando-se pelo ocorrido e fornecendo todas as informaçõ<strong>es</strong> solicitadas” (fl. 29).<br />

7. O depoimento do Fiscal do Trabalho Fábio Dinelli perante a autoridade policial (fls. 11/12) demons<strong>tr</strong>a o contexto da<br />

discussão, sendo que, em juízo (fls. 143/144), disse que o réu, ap<strong>es</strong>ar de alterado, não proferiu nenhuma ofensa, embora<br />

tenha se referido ao assassinato dos fiscais em Minas Gerais:<br />

“QUE: durante a conversa telefônica o Sr. MAURÍCIO iniciou o diálogo de forma <strong>tr</strong>anqüila; QUE: inicialmente o Sr.<br />

MAURÍCIO indagou ao declarante o porque de <strong>es</strong>tarem ali e quem o havia autorizado em seu <strong>es</strong>tabelecimento comercial;<br />

QUE: o declarante informou a MAURÍCIO as prerrogativas legais que lhe davam o direito de fiscalizar aquele<br />

<strong>es</strong>tabelecimento comercial; QUE n<strong>es</strong>te momento MAURÍCIO alterou o seu tom de voz, e falando de forma agr<strong>es</strong>siva e em<br />

alto tom, disse que “vocês são abusados e não <strong>es</strong>tão acima da lei”, e disse ainda que “foi por isso que mataram <strong>tr</strong>ês de<br />

vocês em Minas”; QUE: o declarante informou a MAURÍCIO que <strong>es</strong>tava apenas realizando o seu <strong>tr</strong>abalho, quando o m<strong>es</strong>mo<br />

<strong>es</strong>bravejou: “<strong>tr</strong>abalho porra nenhuma isso é uma palhaçada” (...)” (fls. 11/12)<br />

“(...) QUE o celular foi en<strong>tr</strong>egue à t<strong>es</strong>temunha para que falasse com o réu; QUE o réu começou a “berrar” e argumentar que<br />

os fiscais não tinham autorização para ali <strong>es</strong>tar, que eram abusados e que, por <strong>es</strong>sa razão, é que fiscais como el<strong>es</strong> teriam<br />

sido mortos no Estado de Minas Gerais; QUE ap<strong>es</strong>ar de alterado, não proferiu nenhuma “ofensa”; (...) QUE a frase sobre o<br />

assassinato dos fiscais em Minas Gerais foi dita, do meio para o final da conversa; QUE o réu perguntou à t<strong>es</strong>temunha o<br />

que <strong>es</strong>ta fazia lá; QUE a t<strong>es</strong>temunha <strong>es</strong>clareceu encon<strong>tr</strong>ar-se em diligência de fiscalização e ter aden<strong>tr</strong>ado no<br />

<strong>es</strong>tabelecimento aberto; QUE a t<strong>es</strong>temunha disse ao réu ter colhido o nome dos empregados e que nec<strong>es</strong>sitava en<strong>tr</strong>egar ao<br />

réu uma notificação e que a secretária se recusava a recebê-la; QUE <strong>es</strong>te diálogo se deu ant<strong>es</strong> da frase a r<strong>es</strong>peito do<br />

assassinato dos fiscais em Minas Gerais.”


8. Os depoimentos pr<strong>es</strong>tados pela <strong>es</strong>posa do acusado nas <strong>es</strong>feras policial e judicial, inclusive confirmando a infeliz alusão<br />

do <strong>es</strong>poso ao assassinato de fiscais em Minas Gerais, também oferecem um panorama acerca da discussão <strong>tr</strong>avada no<br />

momento da diligência:<br />

“(...) QUE: MAURÍCIO pediu para falar com um dos fiscais; QUE: MAURÍCIO inicialmente perguntou quem eram os fiscais,<br />

recebendo a informação de que eram Fiscais do Ministério do Trabalho; QUE: MAURÍCIO solicitou aos fiscais que<br />

retornassem no dia seguinte quando <strong>es</strong>taria pr<strong>es</strong>ente na empr<strong>es</strong>a, informando ainda que os empregados ORLANDO e<br />

MARCELA não tinham autorização para assinar nenhum documento em nome da empr<strong>es</strong>a; QUE: os fiscais insistiram,<br />

dizendo que <strong>es</strong>tavam <strong>tr</strong>abalhando dizendo que precisavam da assinatura de um empregado da empr<strong>es</strong>a; QUE: MAURÍCIO<br />

insistiu que retornasse no dia seguinte, explicando que a empr<strong>es</strong>a <strong>es</strong>tava fechada; QUE: os fiscais informaram que como<br />

haviam (sic) empregados na empr<strong>es</strong>a, a empr<strong>es</strong>a <strong>es</strong>tava aberta, portanto, a fiscalização <strong>es</strong>tava regular; QUE: face a (sic)<br />

in<strong>tr</strong>ansigência dos fiscais em retornar no dia seguinte, MAURÍCIO ficou nervoso e disse: ‘vocês têm mania de nos <strong>tr</strong>atar<br />

como bandidos, nós <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong>, não bastou o episódio que aconteceu com vocês em Minas Gerais e continuam agindo<br />

com <strong>tr</strong>uculência”; (...); QUE: a depoente solicitou que MAURÌCIO se acalmasse, observando pelo teor da conversa, que o<br />

Fiscal também <strong>es</strong>tava com o ânimo exaltado; QUE em seguida encerrou-se a ligação com a informação de que os Fiscais<br />

do Trabalho retornariam a (sic) empr<strong>es</strong>a no dia seguinte; (...) QUE: os fiscais falaram que haviam sido ameaçados de morte<br />

por MAURÍCIO, afirmativa não aceita pela depoente que disse aos fiscais que <strong>es</strong>tava com MAURÍCIO quando da ligação no<br />

dia anterior, observando que o m<strong>es</strong>mo não havia feito ameaça alguma; QUE: realmente MAURÍCIO havia feito um<br />

comentário infeliz acerca do assassinato dos fiscais do <strong>tr</strong>abalho em Minas Gerais, porém, nada que pud<strong>es</strong>se ser<br />

interpretado como uma ameaça, até por quê (sic), tanto MAURÍCIO quanto o fiscal <strong>es</strong>tavam bastante nervosos, com os<br />

ânimos alterados (...)” (fls. 17/18).<br />

“(...) QUE o sr. Maurício falou que era feriado, a empr<strong>es</strong>a não <strong>es</strong>tava funcionando, mas el<strong>es</strong> insistiam que por ter apenas<br />

um funcionário, a empr<strong>es</strong>a <strong>es</strong>taria funcionando; (...); QUE o Maurício falou para os fiscais que os funcionários não tinham<br />

autorização para assinar documento; QUE o Maurício chegou a falar para el<strong>es</strong> o r<strong>es</strong>peitar, que el<strong>es</strong> ficam em cima de quem<br />

<strong>es</strong>tá <strong>tr</strong>abalhando e deveriam fiscalizar os bandidos, que comentou sobre a morte dos fiscais e que el<strong>es</strong> não precisavam agir<br />

com <strong>es</strong>sa <strong>tr</strong>uculência e que em seguida d<strong>es</strong>ligaram o telefone; (...) (fls. 56/57).<br />

9. Em seu depoimento, disse o réu que “... em certa ocasião, sua fazenda foi visitada por fiscais do Ministério do Trabalho<br />

acompanhados de Agent<strong>es</strong> da Polícia <strong>Federal</strong>, qua<strong>tr</strong>o caminhonet<strong>es</strong> cabin<strong>es</strong> dupla, o que gerou um cons<strong>tr</strong>angimento para o<br />

depoente; que n<strong>es</strong>sa fiscalização, os fiscais viram que todos os empregados <strong>es</strong>tavam com EPI, devidamente regis<strong>tr</strong>ados,<br />

mas m<strong>es</strong>mo assim foram solicitados diversos documentos; que posteriormente não houve nenhuma multa, porque segundo<br />

os fiscais <strong>es</strong>tava tudo regularizado; que a ação na ocasião foi muito ostensiva e no entender do depoente foi violenta; que<br />

então, por se considerar um pequeno empr<strong>es</strong>ário, den<strong>tr</strong>o da lei, e por r<strong>es</strong>peitar também os agent<strong>es</strong> fiscalizador<strong>es</strong>, entendeu<br />

que isso não daria o direito de usar de abuso e coação; que os fiscais teriam tentado coagir Marcela a assinar um<br />

documento; que durante o telefonema se lembrou do fato da fiscalização de sua fazenda e, ao conversar com os fiscais,<br />

sentindo a <strong>tr</strong>uculência d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> a conversar com Marcela e com o depoente, se recorda que tais fatos acabaram por acirrar<br />

os ânimos de ambos os lados; que, por telefone, acabou fazendo uma menção infeliz ao episódio que aconteceu em Goiás<br />

ou Mato Grosso, não sabe ao certo, sobre o assassinato de fiscais do <strong>tr</strong>abalho; que se recorda de ter dito que m<strong>es</strong>mo com<br />

aquele evento, os fiscais não aprenderam a ser mais educados e <strong>tr</strong>ansigent<strong>es</strong>; que disse isso por telefone, ocasião em que<br />

a p<strong>es</strong>soal (sic) fica mais a<strong>tr</strong>evida a dizer <strong>es</strong>sas coisas, que considera que fez uma menção absurda e infeliz e por isso<br />

também recorreu a Dr. Fachetti para conversar; que mencionou isso para o delegado e que considera não existir nenhuma<br />

ameaça em suas palavras, apenas um d<strong>es</strong>abafo naquele momento com o que <strong>es</strong>tava acontecendo e com a lembrança da<br />

fiscalização realizada em sua fazenda; (...) que não quis, ao fazer menção ao assassinato dos fiscais do <strong>tr</strong>abalho em ou<strong>tr</strong>os<br />

Estados, causar nenhuma ameaça àquel<strong>es</strong> fiscais que ali <strong>es</strong>tavam em sua empr<strong>es</strong>a; que apenas foi um d<strong>es</strong>abafo infeliz...”<br />

(fls. 184/187).<br />

10. Regis<strong>tr</strong>e-se que o juízo de origem colheu o depoimento do acusado (fls. 184/187) e constatou o tom de arrependimento<br />

acerca de menção infeliz ao assassinato em Minas Gerais, bem como a sinceridade em suas palavras acerca da<br />

indignação e sentimento de injustiça que sentia naquele momento (fl. 205).<br />

11. Os elementos dos autos demons<strong>tr</strong>am que o acusado limitou-se a criticar a atuação dos fiscais, não se encon<strong>tr</strong>ando<br />

sequer d<strong>es</strong>critas quais foram as palavras utilizadas pelo denunciado e que, em t<strong>es</strong>e, viriam a configurar o delito de<br />

d<strong>es</strong>acato. Não obstante a lamentável referência ao assassinato de fiscais de <strong>tr</strong>abalho ocorrido em Minas Gerais, tal<br />

circunstância não constituiu qualquer ameaça e não possui a extensão que lhe a<strong>tr</strong>ibui a peça acusatória.<br />

12. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

13. Recurso conhecido e improvido.<br />

14. Custas na forma da lei. Condenação do recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em 10% do<br />

valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Alceu Maurício Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS


91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL<br />

3 - 0001973-93.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001973-6/01) JOSE CARLOS RODRIGUES DOS SANTOS (ADVOGADO:<br />

LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA<br />

PENHA BARBOSA BRITO.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO MÉDICO PERICIAL CONCLUSIVO.<br />

QUESITOS COMPLEMENTARES DESNECESSÁRIOS.<br />

A sentença julgou improcedente o pedido de condenação do INSS a conceder aposentadoria por invalidez ou<br />

auxílio-doença porque o laudo pericial não at<strong>es</strong>tou incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. O autor interpôs recurso alegando a<br />

nulidade da sentença, por ter indeferido indevidamente o requerimento de <strong>es</strong>clarecimento do perito, e sustentando a<br />

comprovação da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho com base em at<strong>es</strong>tados médicos.<br />

O perito diagnosticou doenças degenerativas da coluna lombar, mas não constatou sintomatologia no momento do exame<br />

pericial. Ciente do laudo, o autor formulou rol de qu<strong>es</strong>itos complementar<strong>es</strong>, que basicamente indagavam sobre os sintomas<br />

das doenças diagnosticadas. Na sentença, o requerimento de <strong>es</strong>clarecimentos do perito foi indeferido, porque os qu<strong>es</strong>itos<br />

repr<strong>es</strong>entariam mero inconformismo com o r<strong>es</strong>ultado da perícia.<br />

Ao negar a persistência de sintomas das patologias diagnosticadas, o perito já <strong>es</strong>clareceu de maneira satisfatória a<br />

inexistência de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. Os qu<strong>es</strong>itos propostos pelo autor não têm potencialidade de alterar a<br />

conclusão da perícia judicial. Abordam qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> que não são indispensáveis para o julgamento da lide.<br />

O único qu<strong>es</strong>ito complementar que poderia ser pertinente indagou sobre os critérios objetivos de avaliação que permitiram<br />

ao perito concluir pela inexistência de sintomatologia no momento da perícia. En<strong>tr</strong>etanto, a r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 10 do autor<br />

já <strong>es</strong>clareceu de maneira satisfatória os parâme<strong>tr</strong>os que orientaram a conclusão do perito.<br />

Para ter direito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar <strong>es</strong>tar doente: é<br />

preciso ficar comprovado que a doença tenha causado alteraçõ<strong>es</strong> morfopsicofisiológicas que impeçam o d<strong>es</strong>empenho das<br />

funçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>pecíficas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se a<br />

doença diagnosticada inabilita o segurado para o <strong>tr</strong>abalho. Não é con<strong>tr</strong>aditório o laudo pericial que diagnostica enfermidade,<br />

mas nega incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

A divergência com at<strong>es</strong>tados de médicos assistent<strong>es</strong> não invalida o laudo pericial. O at<strong>es</strong>tado médico equipara-se a mero<br />

parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniõ<strong>es</strong> deve ser r<strong>es</strong>olvida em favor do parecer do<br />

perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova<br />

unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo<br />

conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica<br />

e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação<br />

médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico<br />

perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico<br />

emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. O recorrente, embora sucumbente, <strong>es</strong>tá isento de custas e de honorários<br />

advocatícios por ser beneficiário da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

4 - 0000556-71.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000556-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x LUZIA APARECIDA ALVES DA SILVA (ADVOGADO: SANDRA<br />

VILASTRE DE ARAUJO.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPROVAÇÃO DE INCAPACIDADE<br />

PARA O TRABALHO NO PERÍODO ANTERIOR À PERÍCIA JUDICIAL.<br />

A sentença condenou o INSS a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de auxílio-doença d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação, em 1º/3/2008, convertendo-o<br />

em aposentadoria por invalidez a partir de 1º/9/2009 (data da juntada do laudo pericial). O INSS interpôs recurso apenas<br />

para d<strong>es</strong>constituir a condenação no pagamento de proventos re<strong>tr</strong>oativos ao período anterior à perícia judicial (1º/3/2008 a<br />

31/8/2009). Alegou que duas perícias médicas adminis<strong>tr</strong>ativas realizadas em 2008 negaram existência de incapacidade<br />

para o <strong>tr</strong>abalho, e que o perito do juízo não confirmou a data de início da incapacidade.<br />

O laudo das duas perícias adminis<strong>tr</strong>ativas regis<strong>tr</strong>ou que a recorrida apr<strong>es</strong>entou-se lúcida e sem sinais de d<strong>es</strong>compensação<br />

(fls. 94/95). A perita do juízo diagnosticou <strong>es</strong>quizofrenia hebefrênica. Afirmou que a <strong>es</strong>quizofrenia é uma doença mental de<br />

evolução crônica e incapacitante d<strong>es</strong>de o início dos primeiros sintomas e que a doença provavelmente teve início na<br />

adol<strong>es</strong>cência. Não obstante, alegou não ser possível precisar a data de início da incapacidade. Não há documentos


contemporâneos que supram a lacuna do laudo pericial a fim de demons<strong>tr</strong>ar com segurança que a doença, iniciada na<br />

adol<strong>es</strong>cência, <strong>es</strong>tava gerando sintomas incapacitant<strong>es</strong> no momento do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo e no período anterior à<br />

perícia judicial. A comprovação da incapacidade definitiva para o <strong>tr</strong>abalho somente ficou seguramente delineada a partir do<br />

exame pericial judicial.<br />

Caso acolhida a t<strong>es</strong>e de que a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho <strong>es</strong>tava consolidada d<strong>es</strong>de o início da doença, a recorrida não<br />

teria direito ao benefício previdenciário, porque a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho anterior à filiação previdenciária impede a<br />

conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença, conforme art. 59, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91.<br />

Embora o laudo pericial tenha sido juntado em 1º/9/2009, o exame pericial que confirmou a doença incapacitante foi<br />

realizado em 2/7/2009. Essa é a data de início da incapacidade comprovada.<br />

Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, d<strong>es</strong>constituindo a condenação do INSS a pagar proventos<br />

re<strong>tr</strong>oativos ao período de 1º/3/2008 a 1º/7/2009.<br />

Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

5 - 0001288-86.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001288-2/01) NEUZA MARIA BITENCOURT RAVANI (ADVOGADO:<br />

SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS<br />

IRIGON.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.51.001288-2/01<br />

Recorrente : NEUZA MARIA BITENCOURT RAVANI<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - EXISTÊNCIA<br />

DE INCAPACIDADE LABORAL – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 188, § 2º DA LEI 8.112/90 - RECURSO<br />

CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença ou sua conversão em<br />

aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, nada obstante o segundo perito<br />

nomeado pelo Juízo ter concluído não há incapacidade para a profissão de lavradora, encon<strong>tr</strong>a-se incapacitada total e<br />

definitivamente para suas atividad<strong>es</strong> habituais, em consonância com o disposto no primeiro laudo pericial judicial e demais<br />

laudos particular<strong>es</strong>. Alega, também, que o fato de o primeiro perito ser seu médico particular não induz em suspeição;<br />

ademais, na oportunidade em que a exceção de suspeição foi oposta tal faculdade já se encon<strong>tr</strong>ava preclusa. D<strong>es</strong>sa forma,<br />

requer seja reformada a sentença proferida pelo juízo “a quo”, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou<br />

não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de qualquer<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

O período de carência e a qualidade de segurado são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se à aferição da<br />

incapacidade laboral da autora.<br />

No laudo técnico lavrado às fls. 129/131, foi constatada seqüela cica<strong>tr</strong>icial em abdome inferior não incapacitante.<br />

Contudo, as perícias realizadas em âmbito adminis<strong>tr</strong>ativo pela autarquia previdenciária, nos anos de 2006, 2007 e 2008,<br />

constataram a pr<strong>es</strong>ença de dor à pr<strong>es</strong>são do sacro como seqüela da cirurgia realizada em 28.03.2006 (fl. 23), incapacidade<br />

que perdurou até 20.05.2008 (fl. 104), quando o INSS a considerou apta para retornar às suas atividad<strong>es</strong> habituais.<br />

Ora, o afastamento das atividad<strong>es</strong> perdurou por prazo superior a 2 (dois) anos, caso em que deve ser aplicado por analogia<br />

o disposto no art. 188, §2º da Lei 8.112/90, com a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.<br />

Cumpre regis<strong>tr</strong>ar que o magis<strong>tr</strong>ado não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os<br />

elementos ou fatos provados nos autos (CPC, arts. 131 e 736).


Deve-se atentar, igualmente, às condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais d<strong>es</strong>privilegiadas da recorrente (é lavradora, com histórico laboral<br />

limitado e baixa ins<strong>tr</strong>ução <strong>es</strong>colar) que tornam pouco provável, senão impossível, sua reinserção no mercado de <strong>tr</strong>abalho,<br />

mormente quando cotejadas com o quadro clínico apr<strong>es</strong>entado<br />

Merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo “a quo”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para condenar o INSS a implantar o benefício de aposentadoria<br />

por invalidez em favor da parte recorrente, no prazo de 30 dias, providenciando o pagamento dos a<strong>tr</strong>asados a título de<br />

auxílio-doença, no período de 11/07/2007 a 09/01/2008 e de 22.04.2008 até a efetiva implantação da aposentadoria por<br />

invalidez. Sobre as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas incidem, até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês<br />

a partir da citação. D<strong>es</strong>ta data em diante, aplicam-se os índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros próprios da<br />

caderneta de poupança (art. 5º da Lei 11.960/2009).<br />

Esclareço que não existem a<strong>tr</strong>asados quanto à aposentadoria por invalidez, mas tão somente quanto ao auxílio-doença,<br />

sendo o acórdão constitutivo n<strong>es</strong>te ponto. R<strong>es</strong>salvo a possibilidade de nova perícia para avaliar a condição de invalidez da<br />

Autora.<br />

Sem custas, nos termos da Lei. Sem honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

6 - 0007411-06.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007411-8/01) DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE<br />

TRANSPORTES - DNIT (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA<br />

ZANDONADE.) x ROGER TRISTAO PADUA FRIZZERA x JACELAYNE ARMINI PINHA x CAROLINA FRIZZERA x<br />

BEATRIZ LOUREIRO ROCHA x MIRIENE CRISTINA LIBERATO.<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PARA PSS. ADICIONAL DE 1/3 DE FÉRIAS.<br />

O acórdão embargado decidiu que o DNIT tem legitimidade para a causa por ser r<strong>es</strong>ponsável pela efetivação do d<strong>es</strong>conto<br />

da con<strong>tr</strong>ibuição social na folha de pagamento. O DNIT interpôs embargos de declaração alegando omissão do acórdão<br />

quanto à alegação de que a autarquia não efetua o d<strong>es</strong>conto, uma vez que a retenção na fonte é a<strong>tr</strong>ibuição exclusiva do<br />

Ministério do Planejamento por via do SIAPE. Reconhecida a omissão do acórdão. Rejeitada, porém, a modificação da<br />

conclusão do acórdão. A alegação de que a retenção na fonte é diretamente promovida por órgão cen<strong>tr</strong>al não foi<br />

comprovada. A autarquia goza de autonomia adminis<strong>tr</strong>ativa e financeira, salvo prova em con<strong>tr</strong>ário.<br />

O embargante também qu<strong>es</strong>tionou a omissão do acórdão em analisar a qu<strong>es</strong>tão de mérito com enfoque no princípio<br />

constitucional da legalidade. O juiz não <strong>es</strong>tá obrigado a se ater aos fundamentos indicados pelas part<strong>es</strong>. O acórdão expôs<br />

fundamentos bastant<strong>es</strong> para sustentar a decisão. Não há omissão a ser suprida. Há mera intenção de provocar o reexame<br />

da matéria decidida.<br />

Embargos de declaração improvidos.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo negar provimento aos embargos.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

7 - 0002279-36.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.002279-1/01) JESSE DEOCLECIO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO<br />

SARTÓRIO.) x EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT (ADVOGADO: MATHEUS GUERINE<br />

RIEGERT, ANDRE LUIZ PEREIRA.).<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NULIDADE DA INTIMAÇÃO DA DEFENSORIA PÚBLICA PARA A SESSÃO DE


JULGAMENTO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO.<br />

A Defensoria Pública da União argüiu a nulidade do acórdão por não ter sido p<strong>es</strong>soalmente intimada da pauta de<br />

julgamento. O art. 44, inciso I, da Lei Complementar 80/94 realmente prevê como prerrogativa dos membros da defensoria<br />

pública a intimação p<strong>es</strong>soal. En<strong>tr</strong>etanto, a defensoria não explicou qual teria sido o prejuízo causado pela falta de intimação.<br />

A ausência de intimação não causa prejuízo porque a pr<strong>es</strong>ença do defensor na s<strong>es</strong>são de julgamento é d<strong>es</strong>tituída de<br />

sentido prático, uma vez que não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da turma recursal. Segundo<br />

art. 249, § 1º, do CPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a parte”.<br />

Ademais, a pauta de julgamento foi en<strong>tr</strong>egue ao m<strong>es</strong>mo servidor credenciado pela defensoria para fazer a retirada dos<br />

autos com carga na secretaria da turma recursal, pr<strong>es</strong>umindo-se, com isso, que tenha dado ciência do documento ao<br />

defensor público.<br />

Embargos de declaração improvidos.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

8 - 0011077-49.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011077-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x NELSON MANOEL DA SILVA (ADVOGADO: JOANA D'ARC BASTOS<br />

LEITE.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM PROVENTOS PROPORCIONAIS.<br />

CONTAGEM DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ERRO MATERIAL DO ACÓRDÃO. CORREÇÃO. INEXISTÊNCIA DE<br />

PRECLUSÃO TEMPORAL.<br />

A sentença havia condenado o INSS a conceder aposentadoria com proventos integrais a partir da data de ajuizamento da<br />

ação, 10/10/2007. O acórdão deu parcial provimento ao recurso do INSS para excluir a averbação de um determinado<br />

período de tempo de serviço. O voto do relator fundamentadamente demons<strong>tr</strong>ou que, com a exclusão do período, o<br />

somatório do tempo de con<strong>tr</strong>ibuição até 9/10/2007 (data anterior à DER considerada na sentença) ficava reduzido a 32<br />

anos, 2 m<strong>es</strong><strong>es</strong> e 22 dias. O m<strong>es</strong>mo voto, acolhido à unanimidade, também demons<strong>tr</strong>ou fundamentadamente que o tempo<br />

mínimo para aposentadoria proporcional com base na regra de <strong>tr</strong>ansição corr<strong>es</strong>pondia a 32 anos, 7 m<strong>es</strong><strong>es</strong> e 8 dias. Como<br />

o tempo de con<strong>tr</strong>ibuição era inferior ao tempo mínimo para aposentadoria proporcional, o acórdão deveria ter negado o<br />

direito a <strong>es</strong>se benefício. En<strong>tr</strong>etanto, em flagrante equívoco, o voto do relator considerou, no final da fundamentação, que o<br />

segurado havia completado 32 anos, 9 m<strong>es</strong><strong>es</strong> e 14 dias de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição até a DER, con<strong>tr</strong>ariando a si próprio, uma<br />

vez que o m<strong>es</strong>mo voto havia demons<strong>tr</strong>ado que o tempo de con<strong>tr</strong>ibuição era de apenas 32 anos, 2 m<strong>es</strong><strong>es</strong> e 22 dias.<br />

Trata-se de erro material, que pode ser corrigido a qualquer tempo.<br />

O recorrido não qu<strong>es</strong>tionou a existência de erro material no acórdão, mas pediu que o tempo de con<strong>tr</strong>ibuição posterior ao<br />

ajuizamento da ação fosse computado para efeito de conc<strong>es</strong>são da aposentadoria com proventos proporcionais. É possível<br />

a contagem de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição durante a <strong>tr</strong>amitação do proc<strong>es</strong>so judicial, d<strong>es</strong>de que não haja alteração da natureza<br />

do benefício pretendido.<br />

O tempo de con<strong>tr</strong>ibuição posterior ao ajuizamento da ação não pode ser negado pelo INSS, porque <strong>es</strong>tá cadas<strong>tr</strong>ado no<br />

CNIS: o último vínculo de emprego perdurou ininterruptamente en<strong>tr</strong>e 13/10/1997 e março/2008 (fl. 58). No atual <strong>es</strong>tágio do<br />

proc<strong>es</strong>so judicial, exigir que o segurado formulasse novo requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo de aposentadoria para poder<br />

aproveitar o tempo de con<strong>tr</strong>ibuição superveniente ao primeiro requerimento somente seria razoável se houv<strong>es</strong>se dúvida<br />

sobre a efetiva existência do tempo de con<strong>tr</strong>ibuição, mas não é <strong>es</strong>se o caso. Admissibilidade da inclusão do tempo de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente ao período de 10/10/2007 a 31/3/2008. Por conseguinte, o tempo de con<strong>tr</strong>ibuição eleva-se de<br />

32 anos, 2 m<strong>es</strong><strong>es</strong> e 22 dias para 32 anos, 8 m<strong>es</strong><strong>es</strong> e 13 dias, atingindo o tempo mínimo para aposentadoria..<br />

A data de início do benefício não pode ser fixada em momento anterior ao termo final do tempo de con<strong>tr</strong>ibuição. Com o<br />

cômputo do tempo de con<strong>tr</strong>ibuição até 03/2008, a DIB não pode ser fixada na data de ajuizamento da ação. A citação do<br />

INSS consumou-se em 20/5/2008 (fl. 51). Esse ato proc<strong>es</strong>sual pode ser considerado como substitutivo do requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo. A data de início do benefício deve ser fixada na data da citação, quando o recorrido já havia completado<br />

tempo mínimo para aposentadoria.<br />

Reconhecido o erro material do acórdão, para considerar que, na data do ajuizamento da ação, o recorrido não havia<br />

completado tempo mínimo para aposentadoria com proventos proporcionais. Retificado o acórdão para reconhecer o direito<br />

à aposentadoria com proventos proporcionais na data da citação, com DIB em 20/5/2008.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo reconhecer o erro material do acórdão e retificá-lo.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal


Relator<br />

9 - 0000201-58.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000201-4/01) ARLETE LOPES BATISTA SANTOS (ADVOGADO: CARLOS<br />

MAGNO BARCELOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA<br />

FONSECA FERNANDES GOMES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO MÉDICO PERICIAL<br />

DESFAVORÁVEL.<br />

A perita nomeada pelo juízo diagnosticou tenosinovite no punho direito, mas d<strong>es</strong>cartou incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho,<br />

porque não constatou edema nem rigidez e a con<strong>tr</strong>ação muscular e os movimentos no punho <strong>es</strong>tavam livr<strong>es</strong>.<br />

Estar acometido por doença ou em <strong>tr</strong>atamento médico não garante direito ao benefício previdenciário. O que importa é a<br />

repercussão da doença na aptidão física e mental para o d<strong>es</strong>empenho do <strong>tr</strong>abalho. Não basta <strong>es</strong>tar doente. É preciso que a<br />

doença incapacite o segurado para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

A divergência com at<strong>es</strong>tados de médicos assistent<strong>es</strong> não invalida o laudo pericial. O at<strong>es</strong>tado médico equipara-se a mero<br />

parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniõ<strong>es</strong> deve ser r<strong>es</strong>olvida em favor do parecer do<br />

perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova<br />

unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo<br />

conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica<br />

e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação<br />

médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico<br />

perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico<br />

emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

A falta de retorno ao emprego também não basta para comprovar incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. O recorrente, embora<br />

sucumbente, <strong>es</strong>tá isento de custas e de honorários advocatícios por ser beneficiário da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

10 - 0000159-06.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000159-6/01) JOSÉ LOPES DE SOUZA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS<br />

GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ<br />

RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO MÉDICO PERICIAL<br />

DESFAVORÁVEL.<br />

A sentença julgou improcedente o pedido de condenação do INSS a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de auxílio-doença NB<br />

522.734.863-0 d<strong>es</strong>de 1º/6/2008 ou aposentadoria por invalidez. O autor interpôs recurso alegando o laudo é con<strong>tr</strong>aditório -<br />

porque diagnosticou a patologia, mas concluiu pela capacidade laborativa - e monossilábico. Argumentou que a obtenção<br />

de passe livre no <strong>tr</strong>ansporte público reafirma a comprovação de que é portador de deficiência e incapaz de <strong>tr</strong>abalhar. Alega,<br />

ainda, que se <strong>tr</strong>ata de p<strong>es</strong>soa idosa com 60 anos e sem <strong>es</strong>colaridade.<br />

Embora as r<strong>es</strong>postas aos qu<strong>es</strong>itos tenham sido lacônicas e pouco detalhadas, isso não afeta a validade do laudo pericial.<br />

Nos juizados <strong>es</strong>peciais, os atos proc<strong>es</strong>suais são regidos pela simplicidade e pela informalidade (art. 2º da Lei nº 9.099/95),<br />

razão pela qual o laudo pericial não precisa conter fundamentação detalhada.<br />

Não há con<strong>tr</strong>adição no laudo pericial. Estar acometido por doença não garante direito ao benefício previdenciário. O que<br />

importa é a repercussão da doença na aptidão física e mental para o d<strong>es</strong>empenho do <strong>tr</strong>abalho. Não basta <strong>es</strong>tar doente. É<br />

preciso que a doença incapacite o segurado para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

O reconhecimento de deficiência física pela entidade que emitiu passe livre no <strong>tr</strong>ansporte público não vincula a perícia<br />

judicial.<br />

O fato de a perita ter analisado os laudos médicos particular<strong>es</strong> para tomar conhecimento do histórico clínico do recorrente<br />

não a obriga a seguir a m<strong>es</strong>ma conclusão firmada pelo médico assistente.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. O recorrente, embora<br />

sucumbente, <strong>es</strong>tá isento de custas e de honorários advocatícios por ser beneficiário da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.


ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

11 - 0000927-29.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000927-3/01) MARICEU JOSÉ GAMBARINI (ADVOGADO: JAMILSON<br />

SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE<br />

VIEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO MÉDICO PERICIAL<br />

DESFAVORÁVEL.<br />

A sentença julgou improcedente o pedido de condenação do INSS a conceder o benefício de auxílio-doença ou<br />

aposentadoria por invalidez d<strong>es</strong>de 4/6/2009. O autor interpôs recurso alegando que a documentação carreada nos autos<br />

comprova a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho; que a perícia judicial foi realizada por médico que não é <strong>es</strong>pecialista em<br />

ortopedia, mas em cardiologia; que já foi concedido auxílio-doença anteriormente em razão da m<strong>es</strong>ma patologia.<br />

A avaliação da aptidão para o <strong>tr</strong>abalho é qu<strong>es</strong>tão técnica que deve nec<strong>es</strong>sariamente ser analisada por médico.<br />

Preferencialmente, o médico nomeado deve ser habilitado na <strong>es</strong>pecialidade médica pertinente à doença incapacitante da<br />

qual se queixa o segurado. Trata-se, porém, de mera preferência. Salvo casos excepcionais, o médico inscrito no órgão de<br />

classe competente tem habilitação técnica legal para opinar sobre qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> de natureza clínica afetas a qualquer<br />

<strong>es</strong>pecialidade. Não se <strong>tr</strong>atando de quadro clínico complexo, a perícia médica pode ser conduzida por médico de qualquer<br />

<strong>es</strong>pecialidade. A perita, <strong>es</strong>pecialista não só em Cardiologia, mas também em Clínica Médica e em Medicina do Trabalho,<br />

pode não ter habilitação técnica para conduzir o <strong>tr</strong>atamento clínico da paciente, mas detém conhecimentos suficient<strong>es</strong> para<br />

avaliar existência de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. O Médico do Trabalho tem plenas condiçõ<strong>es</strong> de aferir a repercussão do<br />

problema lombar na aptidão laboral.<br />

A perita diagnosticou <strong>es</strong>pondiloar<strong>tr</strong>ose ao nível da região lombar, mas concluiu que a doença não causa incapacidade<br />

laborativa. Regis<strong>tr</strong>ou exame de laségue negativo bilateralmente. Só o perito médico tem condiçõ<strong>es</strong> de, com base em exame<br />

clínico, aferir se a doença atingiu grau incapacitante.<br />

A anterior conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença não permite pr<strong>es</strong>umir que o <strong>es</strong>tado de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho tenha<br />

persistido após a c<strong>es</strong>sação do benefício.<br />

Não há nenhum laudo de médico assistente contemporâneo ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo que confirme incapacidade<br />

para o <strong>tr</strong>abalho. O laudo à fl. 14 não pode ser considerado em virtude de a data <strong>es</strong>tar ilegível. O laudo à fl. 35 é anterior ao<br />

requerimento. Não há divergência en<strong>tr</strong>e o laudo pericial e at<strong>es</strong>tado de médico assistente.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. O recorrente, embora<br />

sucumbente, <strong>es</strong>tá isento de custas e de honorários advocatícios por ser beneficiário da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

12 - 0001498-11.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.001498-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x VALMERI PERES VARIAL (ADVOGADO: ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA,<br />

EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. DATA<br />

DE INÍCIO DO BENEFÍCIO. TEMPESTIVIDADE DO RECURSO.<br />

A sentença julgou procedente o pedido para condenar o INSS a conceder aposentadoria por invalidez d<strong>es</strong>de a data da<br />

c<strong>es</strong>sação do auxílio-doença, em 17/4/2006. O INSS interpôs recurso alegando que já houve reabilitação profissional e<br />

pedindo, em último caso, que a DIB seja fixada na data da juntada do laudo pericial.<br />

A peça recursal foi temp<strong>es</strong>tivamente protocolada, porém não foi prontamente juntada aos autos e acabou sendo<br />

equivocadamente devolvida pelo cartório ao recorrente. A demora na juntada aos autos não compromete a temp<strong>es</strong>tividade<br />

do recurso. O erro material na indicação do número de regis<strong>tr</strong>o do proc<strong>es</strong>so também não afeta a validade da interposição<br />

da petição recursal.<br />

O perito ortopedista at<strong>es</strong>tou incapacidade total e permanente para a atividade habitual de motorista de caminhão, em razão<br />

de doença crônica da coluna lombar. Admitiu a possibilidade de reabilitação profissional. O perito neurologista confirmou<br />

diagnóstico de epilepsia refratária a medicação <strong>es</strong>pecífica (qu<strong>es</strong>ito 2.D do autor). Avaliou que o quadro de epilepsia não se<br />

encon<strong>tr</strong>ava con<strong>tr</strong>olado (qu<strong>es</strong>ito 19). Implicitamente considerou que o <strong>tr</strong>atamento adequado da epilepsia c<strong>es</strong>saria o <strong>es</strong>tado<br />

de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho, que, assim, não seria definitivo.<br />

Segundo informação da perícia médica adminis<strong>tr</strong>ativa, o recorrido teria freqüentado curso de informática (fl. 94), sendo<br />

reabilitado para função de auxiliar de <strong>es</strong>critório (fl. 95). Sob o ponto de vista clínico, não pode ser d<strong>es</strong>cartada a possibilidade<br />

de o recorrido exercer <strong>es</strong>sa função.<br />

A experiência profissional do recorrido limita-se à atividade de motorista de caminhão, conforme anotaçõ<strong>es</strong> em CTPS.


En<strong>tr</strong>etanto, não há evidência de que suas condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais o impeçam de exercer a profissão de auxiliar de <strong>es</strong>critório, a<br />

qual não demanda formação <strong>es</strong>colar elevada. Ademais, o recorrido tem apenas 44 anos de idade. Afastada a<br />

insuscetibilidade de reabilitação profissional. Consequentemente fica prejudicada a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por<br />

invalidez.<br />

Ap<strong>es</strong>ar da conclusão da reabilitação profissional, o auxílio-doença não pode ser c<strong>es</strong>sado, porque a perícia judicial<br />

confirmou que a epilepsia ainda não <strong>es</strong>tava totalmente con<strong>tr</strong>olada e que, enquanto <strong>es</strong>se con<strong>tr</strong>ole não fosse alcançado, a<br />

incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho era total.<br />

O recorrente pediu para fixar a data de início do benefício na data da juntada do laudo pericial. A perícia mais antiga, com<br />

médico ortopedista, foi realizada em 28/2/2007 e confirmou incapacidade laboral em razão de doença na coluna vertebral.<br />

O perito não confirmou a data de início da incapacidade. A lacuna deixada pelo laudo pericial é suprida por at<strong>es</strong>tado de<br />

médico assistente, que confirmava problema lombar na época da c<strong>es</strong>sação do auxílio-doença. São admissíveis como fonte<br />

de prova complementar os at<strong>es</strong>tados de médico assistente que sejam contemporâneos ao momento do cancelamento do<br />

benefício e que revelem dados convergent<strong>es</strong> com o laudo pericial.<br />

Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, substituindo a condenação do INSS em conceder aposentadoria<br />

por invalidez pela condenação a manter o auxílio-doença até nova perícia médica adminis<strong>tr</strong>ativa que comprove que a<br />

epilepsia <strong>es</strong>tá con<strong>tr</strong>olada.<br />

Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

13 - 0000006-41.2007.4.02.5053/02 (2007.50.53.000006-6/02) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x BENIGNO PEREIRA (ADVOGADO: ALINE TERCI BAPTISTI, VANESSA<br />

MARIA BARROS GURGEL ZANONI.) x OS MESMOS.<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DEFICIÊNCIA AUDITIVA. IMPOSSIBILIDADE DE TRABALHAR<br />

EM AMBIENTE RUIDOSO. LIMITAÇÃO COMPATÍVEL COM A ATIVIDADE HABITUAL VIGENTE.<br />

A sentença condenou o INSS a conceder aposentadoria por invalidez na data da perícia judicial (1/9/2009). O INSS, a<br />

seguir denominado primeiro recorrente, interpôs recurso alegando a perda da qualidade de segurado e a inexistência de<br />

incapacidade para a atividade habitual de técnico em cons<strong>tr</strong>ução civil. O autor, a seguir denominado segundo recorrente,<br />

interpôs recurso pedindo que a DIB da aposentadoria por invalidez seja fixada em 21/10/2004, data da c<strong>es</strong>sação do<br />

auxílio-doença.<br />

O segundo recorrente era técnico de cons<strong>tr</strong>ução civil. Trabalhou em canteiro de obras até 10/01/2001. Perdeu a qualidade<br />

de segurado em 16/3/2002. Para recuperar a filiação previdenciária, recolheu cinco con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais na qualidade de<br />

segurado con<strong>tr</strong>ibuinte individual en<strong>tr</strong>e 05/2003 e 09/2003. Recebeu auxílio-doença no período de 06/11/2003 a 20/10/2004.<br />

O perito do juízo, em 2/7/2009, at<strong>es</strong>tou deficiência auditiva e avaliou inaptidão do segundo recorrente para <strong>tr</strong>abalhar em<br />

local ruidoso. Considerou que a perda auditiva não impediria o segundo recorrente de exercer a função de técnico de obras<br />

civis, mas, com a idade de 56 anos e com a perda auditiva, ele não conseguiria ser recon<strong>tr</strong>atado por empr<strong>es</strong>a de<br />

cons<strong>tr</strong>ução civil.<br />

A incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho limita-se a ambient<strong>es</strong> com ruído. A função de técnico de obras civis é invariavelmente<br />

exercida em canteiro de obras, ambiente no qual é comum nível de pr<strong>es</strong>são sonora superior ao limite de tolerância. O<br />

segundo recorrente <strong>es</strong>tá incapacitado para <strong>es</strong>sa atividade. Ocorre que, quando requereu o auxílio-doença, em 06/11/2003,<br />

não mais <strong>es</strong>tava vinculado à previdência social na qualidade de segurado empregado, mas sim como con<strong>tr</strong>ibuinte individual.<br />

A qualidade de segurado empregado foi perdida em 2002, bem ant<strong>es</strong> do requerimento de auxílio-doença. Não há evidência<br />

de que o <strong>tr</strong>abalho que ensejou inscrição como con<strong>tr</strong>ibuinte individual implicava exposição a ambiente barulhento. Também<br />

não há prova de que a deficiência auditiva instalou-se quando o segundo recorrente ainda mantinha a qualidade de<br />

segurado empregado (ant<strong>es</strong> de março/2002). No momento do requerimento de auxílio-doença, a atividade habitual não<br />

mais era a de técnico de obras civis. Logo, a limitação funcional comprovada não caracteriza incapacidade para a atividade<br />

habitual que vinculava o segundo recorrente à previdência social no momento do requerimento de auxílio-doença.<br />

Em 2/7/2009, quando foi realizada a perícia judicial que confirmou a limitação funcional, o perito relatou que o segundo<br />

recorrente <strong>es</strong>tava exercendo <strong>tr</strong>abalho braçal em propriedade rural. Trata-se de ambiente pr<strong>es</strong>umivelmente silencioso. A<br />

informação revela que o segundo recorrente, na prática, já <strong>es</strong>tá reabilitado em atividade compatível com sua limitação<br />

funcional. É impertinente a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez.<br />

Recurso do autor improvido. Recurso do INSS provido, para d<strong>es</strong>constituir a condenação a conceder aposentadoria por<br />

invalidez.<br />

É inexigível a r<strong>es</strong>tituição de benefício previdenciário ou assistencial recebido em razão de tutela antecipada posteriormente<br />

revogada (Enunciado 52 da Turma Recursal do Espírito Santo).<br />

Só há condenação em custas e honorários advocatícios quando o vencido é o recorrente (art. 55, caput, segunda parte, da<br />

Lei nº 9.099/95). D<strong>es</strong>cartada a condenação do recorrido sucumbente a pagar as verbas de sucumbência.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DO AUTOR E DAR PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

14 - 0000017-39.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000017-7/01) RUBENS MACHADO (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PEDREIRO. EPILEPSIA. INAPTIDAO PARA TRABALHAR EM<br />

ALTURA. LAUDO MÉDICO PERICIAL DESFAVORÁVEL. CONCLUSÃO DO PERITO NÃO VINCULA JUIZ.<br />

O perito do juízo diagnosticou epilepsia, mas concluiu que não há incapacidade para o exercício da atividade habitual de<br />

pedreiro (fls. 40/47). Esclareceu que a r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição para o epiléptico <strong>tr</strong>abalhar em locais altos ou perigosos decorre de medida<br />

de segurança imposta pela medicina do <strong>tr</strong>abalho como forma de prevenir acidente em caso de crise convulsiva decorrente<br />

de uso irregular de medicação. Reafirmou que o recorrente pode realizar as funçõ<strong>es</strong> de pedreiro, d<strong>es</strong>de que não exposto a<br />

locais perigosos ou alturas (fls. 53/54). Confirmou que a epilepsia d<strong>es</strong>encadeia cris<strong>es</strong> convulsivas, que importam perda de<br />

con<strong>tr</strong>ole sobre o próprio corpo (qu<strong>es</strong>ito 3, fl. 43), e que a doença exige <strong>tr</strong>atamento durante toda a vida.<br />

A conclusão exposta no laudo pericial não vincula o juiz (art. 436 do CPC). A limitação funcional at<strong>es</strong>tada pelo perito<br />

prejudica severamente o exercício da atividade profissional de pedreiro. É difícil imaginar que um pedreiro possa <strong>tr</strong>abalhar<br />

com produtividade aceitável se não puder se sustentar em alturas (subindo em <strong>es</strong>cadas ou equilibrando-se em andaim<strong>es</strong> ou<br />

apoios).<br />

As r<strong>es</strong><strong>tr</strong>içõ<strong>es</strong> funcionais que impeçam o <strong>tr</strong>abalhador de atingir produtividade equivalente à média de rendimento alcançada,<br />

em condiçõ<strong>es</strong> normais, pelos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> da m<strong>es</strong>ma categoria profissional são suficient<strong>es</strong> para caracterizar a<br />

incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. Se a limitação funcional não impedir o segurado de exercer parcela das funçõ<strong>es</strong> próprias da<br />

atividade habitual, mas implicar redução significativa da produtividade a ponto de inviabilizar auferir salário próximo daquele<br />

recebido ant<strong>es</strong> da doença, caracteriza-se a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

A possibilidade de reabilitação profissional não deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clínico e físico. As<br />

condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais do segurado, tais como idade, grau de ins<strong>tr</strong>ução e histórico de atividad<strong>es</strong>, também são relevant<strong>es</strong> para<br />

efeito de definir a real possibilidade de reingr<strong>es</strong>so no mercado de <strong>tr</strong>abalho. Em se <strong>tr</strong>atando de <strong>tr</strong>abalhador com 66 anos de<br />

idade, com experiência profissional de pedreiro e com grau de <strong>es</strong>colaridade de ensino médio incompleto (qu<strong>es</strong>ito 8, fl. 47), é<br />

improvável a recolocação profissional em qualquer atividade. O recorrente, portanto, tem direito à aposentadoria por<br />

invalidez com DIB na data da realização da perícia.<br />

Recurso provido para reformar a sentença, condenando o INSS a conceder aposentadoria por invalidez com DIB em<br />

18/3/2009. Sobre as pr<strong>es</strong>taçõ<strong>es</strong> vencidas incidem, até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao<br />

mês a partir da citação. A partir de 30/06/2009, para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índic<strong>es</strong><br />

oficiais de remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).<br />

Antecipados os efeitos da tutela, para efeito de imediata implantação do benefício.<br />

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Só haveria condenação em honorários advocatícios se o vencido<br />

fosse o recorrente (art. 55, caput, 2ª parte da Lei nº 9.099/95).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

15 - 0000167-52.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000167-2/01) MARIA DA GLORIA PEREIRA (ADVOGADO: ADMILSON<br />

TEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA PARA O TRABALHO. NÃO CABE CONVERSAO DE<br />

AUXÍLIO-DOENÇA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.<br />

A sentença julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a r<strong>es</strong>tabelecer o auxílio-doença a partir da<br />

c<strong>es</strong>sação, em 17/8/2009. A autora interpôs recurso alegando que seu <strong>es</strong>tado de incapacidade é definitivo, devendo ser<br />

concedida aposentadoria por invalidez.<br />

O laudo pericial é conclusivo no sentido de que a recorrente possui incapacidade temporária para exercer a atividade<br />

habitual de costureira em razão de problema na coluna vertebral, sugerindo afastamento pelo prazo de <strong>tr</strong>ês m<strong>es</strong><strong>es</strong> (fl. 55).<br />

Não há subsídio técnico isento que garanta que a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho seja definitiva. Ainda é prematuro d<strong>es</strong>cartar<br />

a possibilidade de recuperação da aptidão laboral.


O fato de a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho ter sido constatada há quase <strong>tr</strong>ês anos não autoriza pr<strong>es</strong>umir a irreversibilidade do<br />

<strong>es</strong>tado de inaptidão laboral.<br />

O fato de a doença ser degenerativa indica a tendência de agravamento progr<strong>es</strong>sivo do quadro clínico, mas não constitui<br />

fato suficiente para d<strong>es</strong>cartar de modo absoluto a possibilidade de cura.<br />

A viabilidade da reabilitação profissional <strong>tr</strong>ata-se de qu<strong>es</strong>tão que só tem relevância quando constatada incapacidade<br />

definitiva para a atividade habitual. Havendo incapacidade temporária, pr<strong>es</strong>ume-se a possibilidade de retorno para a<br />

atividade habitual.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. A recorrente, embora<br />

sucumbente, <strong>es</strong>tá isenta de custas e de honorários advocatícios por ser beneficiária da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

16 - 0000351-36.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000351-9/01) MADALENA MOURA MALANQUINI (ADVOGADO:<br />

JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN<br />

CRUZ RODRIGUES.).<br />

E M E N TA<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DOENÇA PSIQUIÁTRICA. PERITO ESPECIALISTA EM CLÍNICA GERAL,<br />

CARDIOLOGIA E MEDICINA DO TRABALHO. HABILITAÇÃO TÉCNICA. VALIDADE DA PERÍCIA.<br />

A sentença julgou improcedente o pedido de condenação do INSS a conceder auxílio-doença ou aposentadoria por<br />

invalidez, porque o laudo pericial judicial d<strong>es</strong>cartou a existência de doença incapacitante. O recorrente alegou que o <strong>es</strong>tado<br />

de incapacidade definitiva encon<strong>tr</strong>a-se comprovado por laudos de médico assistente e que a perita não é <strong>es</strong>pecialista em<br />

psiquia<strong>tr</strong>ia. Requereu nova perícia na <strong>es</strong>pecialidade de psiquia<strong>tr</strong>ia.<br />

A avaliação da aptidão para o <strong>tr</strong>abalho é qu<strong>es</strong>tão técnica que deve nec<strong>es</strong>sariamente ser analisada por médico.<br />

Preferencialmente, o médico nomeado deve ser habilitado na <strong>es</strong>pecialidade médica pertinente à doença incapacitante da<br />

qual se queixa o segurado. Trata-se, porém, de mera preferência. Salvo casos excepcionais, o médico inscrito no órgão de<br />

classe competente tem habilitação técnica legal para opinar sobre qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> de natureza clínica afetas a qualquer<br />

<strong>es</strong>pecialidade. Não se <strong>tr</strong>atando de quadro clínico complexo, a perícia médica pode ser conduzida por médico de qualquer<br />

<strong>es</strong>pecialidade. A perita, <strong>es</strong>pecialista não só em Cardiologia, mas também em Clínica Médica e em Medicina do Trabalho,<br />

pode não ter habilitação técnica para conduzir o <strong>tr</strong>atamento clínico da paciente, mas detém conhecimentos suficient<strong>es</strong> para<br />

avaliar existência de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. O clínico geral tem plenas condiçõ<strong>es</strong> de aferir a repercussão do<br />

problema de depr<strong>es</strong>são na aptidão laboral. D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária nova perícia com médico psiquia<strong>tr</strong>a.<br />

Os autos <strong>es</strong>tão ins<strong>tr</strong>uídos com um único at<strong>es</strong>tado de médico assistente sem data, que declarou que a recorrente continuava<br />

em <strong>tr</strong>atamento psiquiá<strong>tr</strong>ico em razão de depr<strong>es</strong>são bipolar grave, não tendo condiçõ<strong>es</strong> de <strong>tr</strong>abalhar. A divergência com<br />

at<strong>es</strong>tado de médico assistente não invalida o laudo pericial. O at<strong>es</strong>tado médico equipara-se a mero parecer de assistente<br />

técnico, de forma que eventual divergência de opiniõ<strong>es</strong> deve ser r<strong>es</strong>olvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo<br />

com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo<br />

médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar<br />

a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o<br />

diagnóstico nosológico e propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar<br />

evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente<br />

não é fonte segura da existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. A recorrente, embora sucumbente, <strong>es</strong>tá isenta de custas e de honorários advocatícios<br />

por ser beneficiária da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

17 - 0000435-37.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000435-4/01) GILCLEBER RODRIGUES GOMES (ADVOGADO: ANA<br />

LUIZA PEREIRA ALIPRANDI FAVORETTI, AUGUSTO CÉSAR MOREIRA MARTINS, BRUNO BORNACKI SALIM MURTA,<br />

WILER COELHO DIAS, ANDRESSA MEIRA, LAURA MELO CHEHAYEB, GETULIO GUSMÃO ROCHA, RODOLFO<br />

FERNANDES DO CARMO, ISABELA ALMEIDA CHAVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).


E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO MÉDICO PERICIAL<br />

DESFAVORÁVEL.<br />

A sentença julgou improcedente o pedido de condenação do INSS a conceder auxílio-doença. O autor interpôs recurso<br />

alegando que as l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> no joelho <strong>es</strong>querdo, embora não sejam incapacitant<strong>es</strong> para a maioria das p<strong>es</strong>soas, impedem-no de<br />

<strong>tr</strong>abalhar, porque ele só possui aptidão para realizar <strong>tr</strong>abalhos braçais. A atividade de ajudante de ele<strong>tr</strong>icista em área<br />

indus<strong>tr</strong>ial portuária implica suportar muito p<strong>es</strong>o e <strong>tr</strong>abalhar em andaim<strong>es</strong>, com risco de queda em razão da falta de equilíbrio<br />

decorrente da l<strong>es</strong>ão no joelho. Invocou a aplicação do princípio da dignidade da p<strong>es</strong>soa humana.<br />

A perita nomeada pelo juízo relatou queixa de dor no joelho <strong>es</strong>querdo, mas não confirmou se a queixa procedia. Ao final,<br />

concluiu pela inexistência de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. Não confirmou nenhuma limitação funcional, seja para carregar<br />

p<strong>es</strong>o, seja para <strong>tr</strong>abalhar em altura.<br />

Não ficou comprovada incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. Ficam prejudicadas as alegaçõ<strong>es</strong> concernent<strong>es</strong> à dignidade da p<strong>es</strong>soa<br />

humana e á insuscetibilidade de reabilitação profissional.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. O recorrente, embora sucumbente, <strong>es</strong>tá isento de custas e de honorários<br />

advocatícios por ser beneficiário da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

18 - 0000352-21.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000352-0/01) LUIZ ANTONIO FORNACIARI (ADVOGADO: JAMILSON<br />

SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ<br />

RODRIGUES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DOENÇA PSIQUIÁTRICA. PERITO ESPECIALISTA EM CLÍNICA GERAL,<br />

CARDIOLOGIA E MEDICINA DO TRABALHO. HABILITAÇÃO TÉCNICA. VALIDADE DA PERÍCIA.<br />

A sentença julgou improcedente o pedido de condenação do INSS a conceder auxílio-doença ou aposentadoria por<br />

invalidez, porque o laudo pericial judicial d<strong>es</strong>cartou a existência de doença incapacitante. O recorrente alegou que o <strong>es</strong>tado<br />

de incapacidade definitiva encon<strong>tr</strong>a-se comprovado por laudos de médico assistente e que a perita não é <strong>es</strong>pecialista em<br />

psiquia<strong>tr</strong>ia. Requereu nova perícia na <strong>es</strong>pecialidade de psiquia<strong>tr</strong>ia.<br />

A perita relatou a queixa de depr<strong>es</strong>são e a alegação de uso de antidepr<strong>es</strong>sivos, mas r<strong>es</strong>salvou que a recorrente não exibiu<br />

receitas médicas. A perita não confirmou incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

A avaliação da aptidão para o <strong>tr</strong>abalho é qu<strong>es</strong>tão técnica que deve nec<strong>es</strong>sariamente ser analisada por médico.<br />

Preferencialmente, o médico nomeado deve ser habilitado na <strong>es</strong>pecialidade médica pertinente à doença incapacitante da<br />

qual se queixa o segurado. Trata-se, porém, de mera preferência. Salvo casos excepcionais, o médico inscrito no órgão de<br />

classe competente tem habilitação técnica legal para opinar sobre qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> de natureza clínica afetas a qualquer<br />

<strong>es</strong>pecialidade. Não se <strong>tr</strong>atando de quadro clínico complexo, a perícia médica pode ser conduzida por médico de qualquer<br />

<strong>es</strong>pecialidade. A perita, <strong>es</strong>pecialista não só em Cardiologia, mas também em Clínica Médica e em Medicina do Trabalho,<br />

pode não ter habilitação técnica para conduzir o <strong>tr</strong>atamento clínico da paciente, mas detém conhecimentos suficient<strong>es</strong> para<br />

avaliar existência de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. O clínico geral tem plenas condiçõ<strong>es</strong> de aferir a repercussão do<br />

problema de depr<strong>es</strong>são na aptidão laboral. D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária nova perícia com médico psiquia<strong>tr</strong>a.<br />

Os autos <strong>es</strong>tão ins<strong>tr</strong>uídos com um único at<strong>es</strong>tado de médico assistente, que relatou genericamente a manif<strong>es</strong>tação de<br />

sintomas depr<strong>es</strong>sivos e confirmou uso de substâncias psico<strong>tr</strong>ópicas. A divergência com at<strong>es</strong>tado de médico assistente não<br />

invalida o laudo pericial. O at<strong>es</strong>tado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual<br />

divergência de opiniõ<strong>es</strong> deve ser r<strong>es</strong>olvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da<br />

Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido<br />

pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de<br />

prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos<br />

narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />

propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />

de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />

existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. A recorrente, embora sucumbente, <strong>es</strong>tá isenta de custas e de honorários advocatícios<br />

por ser beneficiária da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.


ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

19 - 0011792-91.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011792-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x TERESA LUCIA CARLINI BECALLI (ADVOGADO: HENRIQUE SOARES<br />

MACEDO.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. MARIDO EXERCIA ATIVIDADE URBANA<br />

E RECEBE APOSENTADORIA COM RENDA SUPERIOR A UM SALÁRIO MÍNIMO. SEGURADA EXERCIA ATIVIDADE<br />

COMERCIAL PARALELAMENTE À ATIVIDADE RURAL. FALTA DE PROVA DA INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO<br />

RURAL PARA A SUBSISTÊNCIA DA FAMÍLIA.<br />

A jurisprudência dominante do STJ reconhece a qualificação do segurado <strong>es</strong>pecial m<strong>es</strong>mo quando ou<strong>tr</strong>o membro da família<br />

exerce atividade diversa da agrícola, mas r<strong>es</strong>salva que o exercício da atividade rural deve ser indispensável para a<br />

subsistência do <strong>tr</strong>abalhador. Tal entendimento tem como norte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao<br />

conceituar o regime de economia familiar como sendo aquele em que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família é indispensável à<br />

própria subsistência e exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração. Assim, o fato de o cônjuge ter exercido<br />

atividade urbana de motorista não nec<strong>es</strong>sariamente impediria a qualificação da recorrida como segurada <strong>es</strong>pecial, enquanto<br />

exercia individualmente a atividade rural, d<strong>es</strong>de que ficasse comprovada a indispensabilidade do labor rural para a<br />

subsistência familiar.<br />

O marido é beneficiário de aposentadoria <strong>es</strong>pecial d<strong>es</strong>de 1994. Em 2007, quando foi emitido o ex<strong>tr</strong>ato com os dados do<br />

benefício, a renda mensal da aposentadoria atingia R$ 704,97 (fl. 64). O salário mínimo na época corr<strong>es</strong>pondia a R$<br />

380,00. A renda do marido, portanto, equivalia a quase dois salários mínimos. Essa renda, superior ao salário mínimo,<br />

pr<strong>es</strong>ume-se suficiente para assegurar a subsistência familiar. Não ficou comprovado que a atividade rural constituía a<br />

principal fonte de renda da família.<br />

A recorrida conf<strong>es</strong>sou no proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo que tinha uma lanchonete na cidade durante período concomitante ao<br />

exercício da atividade rural (fl. 144). A recorrida alegou que a en<strong>tr</strong>evista não r<strong>es</strong>peitou o con<strong>tr</strong>aditório e a ampla def<strong>es</strong>a. A<br />

alegação não prospera, porque a confissão foi pr<strong>es</strong>tada diretamente pela própria recorrida, que assinou o termo de<br />

declaração.<br />

Todas as <strong>tr</strong>ês t<strong>es</strong>temunhas ouvidas em justificação adminis<strong>tr</strong>ativa confirmaram que a recorrida possuía uma lanchonete,<br />

que ficava no cen<strong>tr</strong>o da cidade e funcionava todo dia à noite e durante os finais de semana (fls. 178/184). A segunda<br />

t<strong>es</strong>temunha declarou que quem tomava conta da lanchonete era o genro da recorrida, mas a terceira t<strong>es</strong>temunha confirmou<br />

que a recorrida <strong>tr</strong>abalhava p<strong>es</strong>soalmente no bar. A percepção de fonte de renda própria dissociada da atividade rural é<br />

incompatível com a qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial.<br />

Recurso provido para reformar a sentença, d<strong>es</strong>constituindo a condenação do INSS a conceder aposentadoria.<br />

Só há condenação em custas e honorários advocatícios quando o vencido é o recorrente (art. 55, caput, segunda parte, da<br />

Lei nº 9.099/95). D<strong>es</strong>cartada a condenação do recorrido sucumbente a pagar as verbas de sucumbência.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

20 - 0000563-91.2008.4.02.5053/01 (2008.50.53.000563-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARIA CANDIDA DA SILVA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES<br />

FERNANDES.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. SEGURADO ESPECIAL. INÍCIO DE<br />

PROVA MATERIAL CONTEMPORÂNEO. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA PELO CÔNJUGE DURANTE CURTOS<br />

PERÍODOS.<br />

A recorrida completou a idade mínima para aposentadoria de <strong>tr</strong>abalhador rural em 1998. A sentença considerou que a<br />

recorrida precisava comprovar 102 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de atividade rural, considerando a carência exigida em 1998, embora o<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo somente tenha sido formulado em 2008. Como início de prova material, admitiu a certidão de<br />

casamento e a ficha de ma<strong>tr</strong>ícula de um filho em <strong>es</strong>cola pública, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os documentos. O recorrente qu<strong>es</strong>tionou a<br />

existência de início de prova material contemporâneo.<br />

A segunda via da certidão de casamento, embora lavrada em 2000, at<strong>es</strong>ta que, na época da convolação das núpcias, em<br />

1969, o marido da recorrida se qualificava como lavrador. A informação tem fundamento em base de dados fidedigna,<br />

con<strong>tr</strong>olada por tabelião com fé pública, pr<strong>es</strong>umindo-se, pois, verdadeira. O fato de a segunda via da certidão ter sido<br />

lavrada posteriormente aos fatos a comprovar não prejudica, assim, a contemporaneidade do documento.<br />

Conjugada com a certidão de casamento há a ficha de ma<strong>tr</strong>ícula de um filho da recorrida, em 1993, na qual tanto a<br />

recorrida quanto o marido <strong>es</strong>tão qualificados como lavrador<strong>es</strong>, r<strong>es</strong>ident<strong>es</strong> em um assentamento rural. Esse documento


eforça o início de prova material contemporâneo.<br />

O ex<strong>tr</strong>ato do CNIS a<strong>tr</strong>ibui ao marido da recorrida vínculos de emprego nos seguint<strong>es</strong> períodos: 20/5/1985 a 7/8/1985;<br />

24/3/1987 a 12/3/1990; 23/11/1990 a 21/5/1991; 7/10/1991 a 6/12/1991; 9/4/1992 a 27/4/1992; 10/10/1992 a 6/11/1992;<br />

1/8/1995 a 27/2/1997. Os vínculos posterior<strong>es</strong> a 1998 são irrelevant<strong>es</strong>, porque a recorrida só precisa comprovar atividade<br />

rural até a época em que completou a idade mínima para se aposentar. Quanto aos dois primeiros vínculos, na Aracruz<br />

Flor<strong>es</strong>tal, a recorrida afirmou que o marido <strong>tr</strong>abalhava no corte de cana, ou seja, d<strong>es</strong>empenhava atividade rural. O ex<strong>tr</strong>ato<br />

do CNIS e os demais documentos não <strong>es</strong>clarecem se a atividade era rural ou urbana. Na dúvida, a qualidade de segurada<br />

<strong>es</strong>pecial da recorrida n<strong>es</strong>s<strong>es</strong> dois períodos não pode ser d<strong>es</strong>caracterizada. Quanto aos demais períodos, em que o marido<br />

exercia atividade urbana, embora não possam ser computados em favor da recorrida como tempo de atividade rural de<br />

segurado <strong>es</strong>pecial, não impedem a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria. Afinal, são períodos curtos, na maior parte do tempo o<br />

marido não exerceu atividade urbana. A recorrida e o marido exerceram atividade exclusivamente rural durante mais de 102<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong>.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente<br />

em honorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo negar provimento ao recurso.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

21 - 0000489-43.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000489-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x JOSE PAULO CASSAGO (ADVOGADO: SERGIO DE<br />

LIMA FREITAS JUNIOR.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. DOCUMENTO NOVO. FALTA DE<br />

INTIMAÇÃO DA PARTE CONTRÁRIA. NULIDADE DA SENTENÇA AFASTADA. INSCRIÇÃO NA PREVIDÊNCIA URBANA.<br />

COMPROVAÇÃO DE NÃO-EXERCÍCIO DE ATIVIDADE URBANA. TRABALHADOR DIARISTA. IDENTIDADE DE<br />

TRATAMENTO COM SEGURADO ESPECIAL.<br />

Após a audiência de ins<strong>tr</strong>ução e julgamento e ant<strong>es</strong> da sentença, o recorrido apr<strong>es</strong>entou vários documentos para formar<br />

início de prova material. O recorrente arguiu a nulidade da sentença por ter considerado parte d<strong>es</strong>s<strong>es</strong> documentos sem<br />

conceder prévia oportunidade para o réu se manif<strong>es</strong>tar sobre el<strong>es</strong>. A admissão unilateral de documento novo caracteriza<br />

cerceamento de def<strong>es</strong>a e ofensa ao con<strong>tr</strong>aditório. En<strong>tr</strong>etanto, a maior parte dos documentos juntados após a audiência e<br />

que foram considerados na sentença já havia sido apr<strong>es</strong>entada em anexo à petição inicial: certificado de dispensa de<br />

incorporação, certidão de casamento e carteira de filiação ao sindicato de <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais. Apenas o título eleitoral e as<br />

fichas de ma<strong>tr</strong>ícula dos filhos constituem documento novo. Est<strong>es</strong> documentos novos, sem a conc<strong>es</strong>são de prévia<br />

oportunidade de manif<strong>es</strong>tação ao réu, não podem ser levados em consideração. Não obstante, a d<strong>es</strong>consideração d<strong>es</strong>s<strong>es</strong><br />

documentos não prejudica o início de prova material, porque os ou<strong>tr</strong>os documentos que já haviam sido exibidos no<br />

momento do ajuizamento da ação eram suficient<strong>es</strong> para formar indício de exercício de atividade rural. Decretação de<br />

nulidade rejeitada.<br />

O recorrente alegou que o ex<strong>tr</strong>ato do CNIS informou que o recorrido exerceu atividad<strong>es</strong> de pedreiro e de empr<strong>es</strong>ário. O<br />

recorrido admitiu o recolhimento de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, mas negou ter exercido <strong>es</strong>sas atividad<strong>es</strong>. Era comum os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong><br />

rurais, quando tinham condição financeira, optarem por se inscrever na previdência social urbana, visto que, ant<strong>es</strong> da<br />

Constituição <strong>Federal</strong> de 1988, a previdência rural era menos vantajosa em matéria de benefícios. Para tanto, precisam<br />

declarar atividade urbana fictícia. Por isso, a inscrição na previdência urbana como con<strong>tr</strong>ibuinte individual, isoladamente<br />

considerada, não constitui segura fonte de prova do d<strong>es</strong>empenho de atividade urbana. A prova t<strong>es</strong>temunhal demons<strong>tr</strong>ou<br />

que o recorrido nunca d<strong>es</strong>empenhou atividade que não fosse de natureza rural. A realidade deve prevalecer sobre os<br />

regis<strong>tr</strong>os formais constant<strong>es</strong> da base de dados interna do INSS.<br />

O art. 143 da Lei nº 8.213/91 contempla tanto o segurado <strong>es</strong>pecial (inciso VII do art. 11) quanto o con<strong>tr</strong>ibuinte individual (o<br />

inciso IV do art. 11 referia-se ao <strong>tr</strong>abalhador autônomo e d<strong>es</strong>de a Lei nº 9.876/99 foi consolidado no inciso V do art. 11, que<br />

se refere genericamente ao con<strong>tr</strong>ibuinte individual, onde <strong>es</strong>tá incluído, na alínea g, o <strong>tr</strong>abalhador eventual, o diarista).<br />

Assim, o direito à aposentadoria por idade sem recolhimento de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> não é exclusivo do segurado <strong>es</strong>pecial.<br />

Conseqüentemente, o fato de o recorrido ter <strong>tr</strong>abalhador diarista não prejudica o direito ao benefício.<br />

Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honorários<br />

advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em dez por cento do valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal


Relator<br />

22 - 0000630-62.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000630-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x ADENECI VICENTE EVA (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. EMPREGO<br />

RURAL. IDENTIDADE E TRATAMENTO COM SEGURADO ESPECIAL.<br />

O recorrido completou s<strong>es</strong>senta anos de idade em 2006. Requereu aposentadoria por idade em 2008. Para ter direito à<br />

aposentadoria, precisava comprovar 150 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de atividade rural, conforme art. 142 da Lei nº 8.213/91.<br />

Como início de prova material, exibiu CTPS com anotação de vínculos de emprego rural nos seguint<strong>es</strong> períodos: 17/1/1985<br />

a 29/12/1997, 01/04/1998 a 30/8/2001. Ou<strong>tr</strong>o vínculo de emprego rural, iniciado em 01/03/2002, não tem data de baixa na<br />

CTPS, mas o CNIS identificou a última remuneração em 12/2002. O somatório de todos <strong>es</strong>s<strong>es</strong> períodos de emprego rural é,<br />

por si só, bastante para cobrir período equivalente à carência da aposentadoria.<br />

O art. 143 da Lei nº 8.213/91 contempla tanto o segurado <strong>es</strong>pecial (inciso VII do art. 11) quanto o empregado rural (inciso I<br />

do art. 11) com o direito à aposentadoria sem recolhimento de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>. Esse direito, aliás, <strong>es</strong>tava expr<strong>es</strong>samente<br />

reconhecido no art. 58, II, da Ins<strong>tr</strong>ução Normativa INSS/PRES nº 20/2007, ato normativo que vinculava o INSS no momento<br />

do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo da aposentadoria.<br />

Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honorários<br />

advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em dez por cento do valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

23 - 0000375-61.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000375-9/01) CECILIA JOSE DE JESUS SANTOS (ADVOGADO: DAVID<br />

GUERRA FELIPE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL.<br />

INADMISSIBILIDADE DE PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. PERCEPÇÃO DE PENSÃO POR MORTE<br />

DECORRENTE DE ATIVIDADE URBANA. RECURSO IMPROVIDO.<br />

A recorrente completou 55 anos de idade em 6/2/2002 e requereu aposentadoria por idade no m<strong>es</strong>mo ano. O requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo foi indeferido. A sentença julgou improcedente o pedido por falta de início de prova material.<br />

O <strong>tr</strong>abalhador rural tem direito à aposentadoria por idade m<strong>es</strong>mo sem recolher con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, d<strong>es</strong>de que comprove o<br />

exercício de atividade rural em número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> idênticos à carência do referido benefício. Não basta comprovar a<br />

condição de <strong>tr</strong>abalhador rural no momento imediatamente anterior ao requerimento de aposentadoria.<br />

A segunda via da certidão de casamento qualificou a recorrente como doméstica e o <strong>es</strong>poso como <strong>tr</strong>abalhador braçal (fl.<br />

20). Trabalhador braçal não nec<strong>es</strong>sariamente é <strong>tr</strong>abalhador rural. Ademais, <strong>es</strong>tá provado que o falecido marido <strong>tr</strong>abalhava<br />

numa serraria (fl. 117), onde não se pode d<strong>es</strong>envolver atividade rural. Assim, a informação constante da certidão de<br />

casamento não serve de indício de que a recorrente exercia atividade rural em regime de economia familiar.<br />

A recorrente somente se filiou ao sindicato de <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> rurais em 7/2/2002, ou seja, apenas um dia depois de<br />

completar a idade mínima para se aposentar. A filiação ao sindicato não constitui início de prova material contemporâneo.<br />

O ins<strong>tr</strong>umento particular de con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola lavrado em 2000 indica que a recorrente era meeira. Esse<br />

documento serve de indício de atividade rural no momento iminente à consecução da idade mínima para aposentar, mas<br />

não serve de indício de atividade rural durante período equivalente à carência da aposentadoria. De acordo com a Súmula<br />

nº 34 da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, “para fins de comprovação<br />

do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar”. O documento<br />

r<strong>es</strong>salva existência de con<strong>tr</strong>ato verbal en<strong>tr</strong>e as part<strong>es</strong> d<strong>es</strong>de 1985. N<strong>es</strong>se ponto, porém, o documento <strong>tr</strong>aduz mera<br />

declaração sobre fato pretérito, que não perfaz início de prova material contemporâneo ao fato probando.<br />

As notas fiscais de compras de mercadorias (fls. 78/82) não fazem qualquer alusão ao exercício de atividade rural. O<br />

histórico <strong>es</strong>colar dos filhos não identifica a profissão da recorrente. Não se <strong>tr</strong>ata de início de prova material da condição de<br />

lavradora.<br />

D<strong>es</strong>de 1977 a recorrente recebe pensão por morte decorrente de atividade urbana (fl. 114). O falecido marido <strong>tr</strong>abalhava<br />

numa serraria. A percepção de fonte de renda de origem urbana é incompatível com a qualidade de segurado <strong>es</strong>pecial.<br />

Não há início de prova material contemporâneo. A prova exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal é inadmissível (art. 55, § 3º, da Lei nº<br />

8.213/91).<br />

Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, <strong>es</strong>tá isenta de custas e de honorários advocatícios por ser<br />

beneficiária da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O


Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

24 - 0000273-39.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000273-1/01) MARIA VITALINA SILVA (ADVOGADO: EDIVAN FOSSE DA<br />

SILVA, ELYANDERSON AUGUSTO F. DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. AUSÊNCIA DE INÍCIO DE PROVA MATERIAL.<br />

INADMISSIBILIDADE DE PROVA EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL. RECURSO IMPROVIDO.<br />

A recorrente completou 55 anos de idade em 8/9/2006. Requereu aposentadoria por idade em 14/11/2008. O requerimento<br />

adminis<strong>tr</strong>ativo foi indeferido. A sentença julgou improcedente o pedido por falta de início de prova material e também porque<br />

a inspeção judicial não constatou características marcant<strong>es</strong> de <strong>tr</strong>abalhador rural.<br />

O <strong>tr</strong>abalhador rural tem direito à aposentadoria por idade m<strong>es</strong>mo sem recolher con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, d<strong>es</strong>de que comprove o<br />

exercício de atividade rural em número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> idênticos à carência do referido benefício. Não basta comprovar a<br />

condição de <strong>tr</strong>abalhador rural no momento imediatamente anterior ao requerimento de aposentadoria.<br />

Os ins<strong>tr</strong>umentos particular<strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola lavrados em 2004 e em 2007 indicam que a recorrente era<br />

meeira no período de 13/7/2004 a 13/7/2009 (fls. 30 e 43). Ess<strong>es</strong> documentos servem de indício de atividade rural no<br />

momento iminente à consecução da idade mínima para aposentar, mas não servem de indício de atividade rural durante<br />

período equivalente à carência da aposentadoria. De acordo com a Súmula nº 34 da Turma Nacional de Uniformização de<br />

Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, “para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova<br />

material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar”.<br />

A ficha assinada por enfermeira qualificou a recorrente como lavradora (fl. 51 e 66). En<strong>tr</strong>etanto, a ficha foi assinada em<br />

2008, na iminência do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo de aposentadoria, e quando a idade mínima para aposentadoria já havia<br />

sido alcançada. Também não se <strong>tr</strong>ata de início de prova material contemporâneo.<br />

A certidão de nascimento dos filhos, o histórico <strong>es</strong>colar do filho e a certidão da justiça eleitoral não indicaram profissão da<br />

recorrente.<br />

A certidão de casamento, lavrada em 1969, qualificou o marido da recorrente como lavrador (fl. 47). En<strong>tr</strong>etanto, el<strong>es</strong> se<br />

divorciaram em 1992 (fl. 41), e, conforme depoimento p<strong>es</strong>soal da própria recorrente, <strong>es</strong>tavam separados de fato d<strong>es</strong>de <strong>tr</strong>ês<br />

anos ant<strong>es</strong>. Logo, não serve como início de prova material de exercício de atividade rural pela recorrente.<br />

O único documento contemporâneo à década de 1990 comprovou que a recorrente exerceu atividade de costureira, em<br />

empr<strong>es</strong>a urbana, durante o período de 16/10/1996 a 30/4/1997 (fl. 11).<br />

Não há início de prova material contemporâneo. A prova exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal é inadmissível (art. 55, § 3º, da Lei nº<br />

8.213/91).<br />

Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, <strong>es</strong>tá isenta de custas e de honorários advocatícios por ser<br />

beneficiária da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

25 - 0003464-41.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003464-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x PEDRO ALVES (ADVOGADO: MARCELO CARVALHINHO VIEIRA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM PROVENTOS PROPORCIONAIS.<br />

REGRA DE TRANSIÇÃO. IDADE MÍNIMA. DIREITO ADQUIRIDO.<br />

A sentença condenou o INSS a conceder aposentadoria com proventos proporcionais na forma do art. 9º, § 1º, da Emenda<br />

Constitucional nº 20, mas o recorrido não cumpriu um dos requisitos previstos na regra de <strong>tr</strong>ansição, qual seja, a idade<br />

mínima de 53 anos na data de en<strong>tr</strong>ada do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

Por ou<strong>tr</strong>o lado, a sentença reconheceu que o recorrido havia completado mais de <strong>tr</strong>inta anos de tempo de con<strong>tr</strong>ibuição até<br />

16/12/1998, de forma de que tem direito adquirido à aposentadoria com proventos proporcionais na forma do art. 3º da EC<br />

20, sem exigência de idade mínima.<br />

Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, para que a aposentadoria com proventos proporcionais seja<br />

concedida na forma do art. 3º da EC 20. Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21<br />

do CPC).<br />

Deferido o requerimento de antecipação de tutela, tendo em vista que o recorrido provou <strong>es</strong>tar d<strong>es</strong>empregado, tornando<br />

ainda mais nec<strong>es</strong>sários os proventos da aposentadoria para a garantia da subsistência.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

26 - 0002695-33.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002695-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARIA DA PENHA DOMINICINI (ADVOGADO: HENRIQUE SOARES<br />

MACEDO.).<br />

E M E N T A<br />

JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. DATA DA CITAÇÃO. LEI NOVA. APLICAÇÃO IMEDIATA.<br />

A sentença fixou o termo inicial dos juros de mora na data de início do benefício, que coincide com a data de en<strong>tr</strong>ada do<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Os juros moratórios só começam a correr a partir do momento em que o devedor é constituído<br />

em mora. Não existe lei que eleja o requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo como ins<strong>tr</strong>umento de constituição em mora. De acordo com<br />

o art. 219 do CPC, é a citação válida que constitui em mora o devedor. Aplicação da Súmula 204 do STJ: “Os juros de mora<br />

nas açõ<strong>es</strong> relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citação válida”.<br />

A sentença fixou juros de mora à taxa de 1% ao mês, m<strong>es</strong>mo após o início da vigência da Lei nº 11.960/2009. Esta lei nova<br />

modificou a redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, passando a dispor em todas as condenaçõ<strong>es</strong> impostas à Fazenda<br />

Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação<br />

da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros<br />

aplicados à caderneta de poupança. Segundo a orientação do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, a referida lei tem aplicação<br />

imediata sobre os proc<strong>es</strong>sos pendent<strong>es</strong> (RE 559.445 – Rel. Ellen Gracie – DJe 10/06/2009; AI 761137 AgR/PR - Rel.<br />

Carmem Lúcia- DJ 24/9/2010; AI-AgR 767.094 – Rel. Ricardo Lewandowski; AI-AgR 776.497, Rel. Gilmar Mend<strong>es</strong>).<br />

Rejeitada a declaração incidental de inconstitucionalidade.<br />

Recurso provido para reformar a sentença, fixando o termo inicial dos juros de mora na data da citação e vinculando a taxa<br />

de juros de mora e correção monetária, a partir de 30/06/2009, aos índic<strong>es</strong> oficiais da caderneta de poupança.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

27 - 0010971-87.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.010971-2/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO<br />

PEREIRA CHAGAS.) x DANIELLY DE OLIVEIRA NAZARIO (ADVOGADO: DANIELLY DE OLIVEIRA NAZARIO.).<br />

E M E N T A<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. TITULAR VOLUNTARIAMENTE ABANDONA MOVIMENTAÇÃO DA<br />

CONTA-CORRENTE. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE SOLICITAÇÃO DE ENCERRAMENTO DA CONTA. DIREITO DO<br />

CONSUMIDOR. INVERSÃO DE ÔNUS DA PROVA INCABÍVEL QUANTO A FATO NEGATIVO.<br />

A recorrida alegou ter encerrado sua conta-corrente em meados de 2004. A recorrente negou ter recebido requerimento da<br />

recorrida n<strong>es</strong>se sentido. Com a manutenção da conta-corrente, foram sendo nela mensalmente lançadas a débito tarifas e<br />

encargos com juros. O saldo devedor da conta progr<strong>es</strong>sivamente evoluiu. A recorrente, então, promoveu a inscrição do<br />

nome da recorrida na Serasa. A sentença declarou o encerramento da conta-corrente e a inexistência da dívida e condenou<br />

a recorrente a pagar indenização por dano moral arbi<strong>tr</strong>ada em R$ 9.300,00.<br />

A alegação de falta de prova do fato constitutivo do direito pode repercutir no julgamento do mérito, mas não caracteriza<br />

inépcia da petição inicial. Qu<strong>es</strong>tão proc<strong>es</strong>sual rejeitada.<br />

A alegação de ausência de inter<strong>es</strong>se de agir é manif<strong>es</strong>tamente impertinente, porque se baseia em qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> de mérito.<br />

Qu<strong>es</strong>tão proc<strong>es</strong>sual rejeitada.<br />

Em relaçõ<strong>es</strong> de consumo, cabe inversão do ônus da prova. A inversão judicial, porém, deve ser aplicada com cautela. Ela é<br />

ineficaz "quando for além do razoável e chegar ao ponto de tornar exc<strong>es</strong>sivamente difícil ao fornecedor o exercício de sua<br />

def<strong>es</strong>a. Eventuais exageros d<strong>es</strong>sa ordem <strong>tr</strong>ansgrediriam a garantia constitucional da ampla def<strong>es</strong>a e conseqüentemente<br />

comprometeriam a superior prom<strong>es</strong>sa de dar tutela jurisdicional a quem tiver razão (ac<strong>es</strong>so à justiça)" (DINAMARCO,<br />

Cândido Rangel. Instituiçõ<strong>es</strong> de Direito Proc<strong>es</strong>sual Civil, vol. III. 3ª edição. São Paulo: Malheiros, 2003. nº 799, p. 80-81).<br />

No mérito, o recurso impugnou apenas a condenação em indenização por dano moral. Não foi qu<strong>es</strong>tionada a declaração de<br />

inexistência da dívida e de encerramento da conta-corrente. Tantum devolutum quantum appellatum.


É materialmente impraticável para a recorrente produzir prova negativa de que a recorrida não solicitou o encerramento da<br />

conta bancária. Cabia à recorrida produzir prova t<strong>es</strong>temunhal para suprir a falta de documento comprobatório da alegada<br />

solicitação de encerramento da conta. A mera omissão reiterada do cliente em movimentar a conta bancária não comprova<br />

a manif<strong>es</strong>tação da intenção de encerrar o con<strong>tr</strong>ato bancário, sobretudo quando, ant<strong>es</strong> da última movimentação bancária<br />

deliberada pela correntista, já havia saldo devedor na conta-corrente (fl. 107).<br />

A falta de comprovação de que a conta-corrente deveria ter sido encerrada em 2004 autoriza os suc<strong>es</strong>sivos lançamentos a<br />

débito na conta em manutenção. Quanto aos juros, não incidiram apenas sobre o saldo devedor formado pelas tarifas<br />

mensais aplicadas após a paralisação tácita da movimentação da conta-corrente, mas também sobre a parcela do saldo<br />

devedor que já <strong>es</strong>tava formado em 2/2/2004, ant<strong>es</strong> de a recorrida abandonar a conta-corrente.<br />

Recurso provido para reformar a sentença, d<strong>es</strong>constituindo a condenação da recorrente em indenização por dano moral.<br />

Só há condenação em custas e honorários advocatícios quando o vencido é o recorrente (art. 55, caput, segunda parte, da<br />

Lei nº 9.099/95). D<strong>es</strong>cartada a condenação do recorrido sucumbente a pagar as verbas de sucumbências.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

28 - 0005098-72.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005098-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.) x JOSEFA APARECIDA DE SOUZA (ADVOGADO: ALBA VALERIA ALVES<br />

FRAGA.) x OS MESMOS.<br />

E M E N T A<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. INDEVIDA SUSPENSÃO DE PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO DE<br />

SERVIDOR PÚBLICO. CONTA BANCÁRIA SEM PROVISÃO DE FUNDOS. ABALO DE IMAGEM PERANTE<br />

BENEFICIÁRIOS DE CHEQUES DEVOLVIDOS. NEXO DE CAUSALIDADE. RAZOABILIDADE DO VALOR DA<br />

INDENIZAÇÃO.<br />

A sentença condenou o INSS a pagar indenização por dano moral arbi<strong>tr</strong>ada. O INSS, primeiro recorrente, interpôs recurso<br />

visando eximir-se da indenização ou, ao menos, reduzi-la. A autora, segunda recorrente, interpôs recurso visando majorar a<br />

indenização para R$ 20.000,00.<br />

A segunda recorrente é servidora pública federal. Em 2005, sua remuneração bruta era de R$ 2.144,53. Na competência de<br />

julho/2005, porém, recebeu apenas R$ 87,02. A motivação do d<strong>es</strong>conto foi a falta ao serviço para participação em<br />

movimento de greve. Ocorre que a segunda recorrente <strong>es</strong>tava em gozo de licença médica. O primeiro recorrente alegou<br />

que a comunicação do novo período de licença somente chegou ao conhecimento do serviço de recursos humanos e à<br />

chefia da unidade de lotação da servidora após o fechamento da folha de pagamento de julho/2005. A segunda recorrente<br />

recebeu a remuneração de julho/2005 com um mês de a<strong>tr</strong>aso.<br />

O primeiro recorrente não comprovou que a falha na comunicação do novo período de licença médica tenha decorrido de<br />

culpa exclusiva ou concorrente da servidora pública. A r<strong>es</strong>ponsabilidade da Adminis<strong>tr</strong>ação pelo prejuízo causado à<br />

servidora é objetiva, independe de culpa.<br />

A falta de pagamento da remuneração de julho/2005 fez com que a segunda recorrente ficasse privada de recursos para<br />

d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as p<strong>es</strong>soais durante um mês. N<strong>es</strong>se interregno, nove chequ<strong>es</strong> que ela havia emitido para diferent<strong>es</strong> beneficiários<br />

foram devolvidos por insuficiência de provisão de fundos na conta bancária. O abalo de crédito não configura mero<br />

aborrecimento, mas efetivo <strong>tr</strong>anstorno à honra objetiva da p<strong>es</strong>soa.<br />

A falta de inscrição em cadas<strong>tr</strong>os de inadimplência em decorrência da devolução dos chequ<strong>es</strong> não elimina a ocorrência de<br />

dano moral. A imagem da segunda recorrente foi concretamente abalada perante cada um dos beneficiários dos nove<br />

chequ<strong>es</strong> cujo pagamento foi recusado pelo banco.<br />

Está demons<strong>tr</strong>ado o nexo de causalidade en<strong>tr</strong>e a falta de pagamento da remuneração e a devolução dos chequ<strong>es</strong>. Todos<br />

os chequ<strong>es</strong> foram emitidos na primeira quinzena do mês de agosto, quando a segunda recorrente nu<strong>tr</strong>ia a frus<strong>tr</strong>ada<br />

expectativa de que receberia do INSS o crédito em conta bancária.<br />

O valor da indenização por dano moral arbi<strong>tr</strong>ado na sentença, R$ 7.000,00, <strong>es</strong>tá razoável para cumprir as funçõ<strong>es</strong> de<br />

compensação do abalo moral - a repercussão do abalo da imagem da segunda recorrente multiplicou-se perante vários<br />

beneficiários de chequ<strong>es</strong> que ela emitiu sem provisão de fundos - e de efeito pedagógico con<strong>tr</strong>a o r<strong>es</strong>ponsável pelo dano.<br />

Não há motivo nem para reduzi-lo nem para majorá-lo.<br />

Recursos improvidos. Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo negar provimento aos recursos.


ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

29 - 0002120-25.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002120-5/01) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO - UFRJ<br />

(PROCDOR: BENTO ADEODATO PORTO.) x LUCINEIA DAS GRAÇAS ALVES DO ESPIRITO SANTO (ADVOGADO:<br />

MARIA DE CASTRO COURA, LIANA MOTA PASSOS, EDER MAIFREDE CAMPANHA.).<br />

E M E N T A<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MATERIAL. SUSPENSÃO DE CONCURSO PÚBLICO. RESSARCIMENTO DE<br />

DESPESAS COM VIAGEM SUPORTADAS POR CANDIDATO NÃO AVISADO A TEMPO.<br />

As provas do concurso público para provimento de vagas em cargos de Policial Rodoviário <strong>Federal</strong> <strong>es</strong>tavam marcadas para<br />

9/12/2007, domingo. Na noite de sexta-feira, 7/12/2007, foi pr<strong>es</strong>o em flagrante um suspeito de vender as provas com as<br />

qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> r<strong>es</strong>olvidas. As provas foram, então, canceladas por decisão da Polícia Rodoviária <strong>Federal</strong>. Ocorre que, na m<strong>es</strong>ma<br />

noite em que se divulgou na Internet a notícia da suspensão do concurso público, a recorrida viajou de ônibus em direção à<br />

cidade onde deveria realizar as provas. A sentença condenou a UFRJ a r<strong>es</strong>sarcir as d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as com que a recorrida arcou<br />

na d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária viagem. A indenização foi arbi<strong>tr</strong>ada em R$ 294,47.<br />

O edital <strong>es</strong>tipulou que a execução do concurso público cabia à Fundação Universitária José Bonifácio – FUJB, “por<br />

intermédio do Núcleo de Computação Ele<strong>tr</strong>ônica da Universidade <strong>Federal</strong> do Rio de Janeiro – NCE/UFRJ” (cláusula 1.1). O<br />

edital não delimita as a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> de cada uma das instituiçõ<strong>es</strong>. Diversas cláusulas as <strong>tr</strong>atam em situação de igualdade<br />

(cláusulas 4.7.1, 4.13.5.1, 4.14.2, 6.3). Devem, assim, ser consideradas solidariamente r<strong>es</strong>ponsáveis pelos atos inerent<strong>es</strong><br />

ao concurso público, ap<strong>es</strong>ar da literalidade da cláusula 1.1 do edital. Rejeitada a argüição de ilegitimidade passiva da UFRJ<br />

para a causa.<br />

A União – em cuja <strong>es</strong><strong>tr</strong>utura se encarta o órgão Polícia Rodoviária <strong>Federal</strong> –, assim como a FUJB, teriam r<strong>es</strong>ponsabilidade<br />

solidária pelas conseqüências da suspensão do concurso público. Em se <strong>tr</strong>atando de r<strong>es</strong>ponsabilidade solidária, pode o<br />

credor livremente <strong>es</strong>colher demandar con<strong>tr</strong>a ambos os r<strong>es</strong>ponsáveis ou apenas con<strong>tr</strong>a um del<strong>es</strong>. Rejeitada a argüição de<br />

litisconsórcio passivo nec<strong>es</strong>sário com a União e com a FUJB.<br />

A UFRJ não foi a r<strong>es</strong>ponsável pela decisão de cancelar as provas. En<strong>tr</strong>etanto, se houve vazamento de provas, a<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade por negligência no con<strong>tr</strong>ole e guarda das informaçõ<strong>es</strong> sigilosas lhe cabe. Não exclui a r<strong>es</strong>ponsabilidade<br />

subjetiva por omissão a possibilidade de o caderno de qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> ter sido ex<strong>tr</strong>aviado por p<strong>es</strong>soa <strong>es</strong><strong>tr</strong>anha ao corpo de<br />

funcionários da recorrente. Ficam prejudicadas as alegaçõ<strong>es</strong> de <strong>es</strong><strong>tr</strong>ito cumprimento de dever legal, de inexistência de nexo<br />

de causalidade, de r<strong>es</strong>ponsabilidade exclusiva de terceiro (a p<strong>es</strong>soa que foi pr<strong>es</strong>a suspeita de vender as provas) e de<br />

suspensão do proc<strong>es</strong>so por qu<strong>es</strong>tão prejudicial (a r<strong>es</strong>ponsabilidade da organizadora do concurso independe da apuração<br />

quanto à autoria do delito no proc<strong>es</strong>so criminal).<br />

A comunicação de cancelamento das provas ocorreu poucas horas ant<strong>es</strong> da viagem da recorrida, que, em tais<br />

circunstâncias, não <strong>es</strong>tava obrigada a consultar a Internet para tomar ciência da notícia de suspensão do concurso público.<br />

D<strong>es</strong>cartada a culpa da recorrida.<br />

Recurso ao qual se nega provimento. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação da recorrente<br />

em honorários advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em R$ 200,00.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo negar provimento ao recurso.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

30 - 0002041-46.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.002041-9/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS<br />

BARBOSA.) x MARIA JOSE SCHMITT (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).<br />

E M E N T A<br />

SERVIDOR PÚBLICO. GDASST. GRATIFICAÇÃO GENÉRICA. EQUIPARAÇÃO ENTRE SERVIDORES ATIVOS E<br />

INATIVOS. MATÉRIA PACIFICADA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.<br />

O recorrente alegou que a aposentadoria foi concedida na vigência da Emenda Constitucional nº 41/2003, quando já havia<br />

sido abolida a garantia constitucional da paridade en<strong>tr</strong>e servidor<strong>es</strong> em atividade e aposentados. Esse fundamento do<br />

recurso não foi articulado na cont<strong>es</strong>tação, tendo sido atingido pela preclusão. Trata-se de qu<strong>es</strong>tão nova, que não pode ser<br />

conhecida, porque o recurso inominado fica r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ito às qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> alegadas ant<strong>es</strong> da sentença. Não é admissível inovar a<br />

fundamentação da def<strong>es</strong>a na fase recursal.<br />

A qu<strong>es</strong>tão <strong>es</strong>tá absolutamente pacificada na jurisprudência conforme julgamento do RE 572.052/RN pelo Supremo Tribunal<br />

<strong>Federal</strong>: “RECURSO EXTRAORDINÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE DE SEGURIDADE<br />

SOCIAL E DO TRABALHO - GDASST, INSTITUÍDA PELA LEI 10.483/2002. EXTENSÃO. SERVIDORES INATIVOS.<br />

POSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. I - Gratificação de d<strong>es</strong>empenho que deve ser <strong>es</strong>tendida aos inativos no valor<br />

de 60 (s<strong>es</strong>senta) pontos, a partir do advento da Medida Provisória 198/2004, convertida na Lei 10.971/2004, que alterou a<br />

sua base de cálculo. II - Embora de natureza pro labore faciendo, a falta de regulamentação das avaliaçõ<strong>es</strong> de


d<strong>es</strong>empenho, <strong>tr</strong>ansmuda a GDASST em uma gratificação de natureza genérica, extensível aos servidor<strong>es</strong> inativos. III -<br />

Inocorrência, na <strong>es</strong>pécie, de violação ao princípio da isonomia. IV - Recurso ex<strong>tr</strong>aordinário d<strong>es</strong>provido”.<br />

No julgamento do RE 597.154 RG-QO/PB, o Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> autorizou as Turmas Recursais a adotar os<br />

procedimentos relacionados à repercussão geral, incluindo a decisão de inadmissibilidade dos recursos ex<strong>tr</strong>aordinários.<br />

Com a decisão proferida em última instância jurisdicional com repercussão geral, torna-se d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sário aprofundar o<br />

exame de todas as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> suscitadas no recurso (ofensa à Súmula nº 339 do STF; ofensa a normas constitucionais: art.<br />

37; art. 2º; art. 61, § 1º, II, a; 169, § 1º; aferição do conteúdo do princípio da paridade, a fim de saber se a majoração da<br />

gratificação dos inativos em proporção superior à dos ativos é suficiente). Eventual insistência da recorrente poderá<br />

caracterizar recurso protelatório.<br />

A sentença fixou juros de mora à taxa de 1% ao mês, m<strong>es</strong>mo após o início da vigência da Lei nº 11.960/2009. Esta lei nova<br />

modificou a redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, passando a dispor em todas as condenaçõ<strong>es</strong> impostas à Fazenda<br />

Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação<br />

da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros<br />

aplicados à caderneta de poupança. Segundo a orientação do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong>, a lei que modifica taxa de juros<br />

moratórios tem aplicação imediata sobre os proc<strong>es</strong>sos pendent<strong>es</strong> (RE 559.445 – Rel. Ellen Gracie – DJe 10/06/2009; AI<br />

761137 AgR/PR - Rel. Carmem Lúcia - DJ 24/9/2010; AI-AgR 767.094 – Rel. Ricardo Lewandowski; AI-AgR 776.497, Rel.<br />

Gilmar Mend<strong>es</strong>). Os juros da mora são regidos pela legislação em vigor nas épocas de incidências próprias (RE<br />

142.104/RJ, Rel. Marco Aurélio, DJ 05/02/1999).<br />

Recurso parcialmente provido para reformar a sentença quanto aos juros de mora, que, a partir de 30/06/2009, ficam<br />

a<strong>tr</strong>elados aos índic<strong>es</strong> oficiais da caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).<br />

Considerando que a sucumbência do recorrido é ínfima, a recorrente deve r<strong>es</strong>ponder por inteiro pelas d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as do<br />

proc<strong>es</strong>so (art. 21, parágrafo único, do CPC). Honorários advocatícios arbi<strong>tr</strong>ados em 10% do valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

31 - 0000158-52.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000158-8/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS<br />

BARBOSA.) x ALCEBIADES VIANNA (ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI<br />

RAMACCIOTTI, LEONARDO PIZZOL VINHA.).<br />

E M E N T A<br />

SERVIDOR PÚBLICO. GDASST. GRATIFICAÇÃO GENÉRICA. EQUIPARAÇÃO ENTRE SERVIDORES ATIVOS E<br />

INATIVOS. PONTUAÇÃO NO PERÍODO DE 01/04/2002 A 30/04/2004. JUROS DE MORA. NORMA ESPECIAL.<br />

APLICABILIDADE DA LEI NOVA.<br />

Para os servidor<strong>es</strong> ativos, a GDASST tinha como limit<strong>es</strong> máximo e mínimo, r<strong>es</strong>pectivamente, 100 e 10 pontos (art. 5º da Lei<br />

nº 10.483/2002). Não obstante, enquanto não fosse regulamentada a avaliação de d<strong>es</strong>empenho, a GDASST deveria ser<br />

paga aos servidor<strong>es</strong> ocupant<strong>es</strong> de cargos efetivos ou cargos e funçõ<strong>es</strong> comissionadas e de confiança nos valor<strong>es</strong><br />

corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> a 40 pontos (art. 11 da Lei nº 10.483/2002). Em con<strong>tr</strong>apartida, para as aposentadorias e pensõ<strong>es</strong>, a lei<br />

previu o pagamento da gratificação em valor equivalente a 10 pontos (art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 10.483/2002).<br />

Como a avaliação de d<strong>es</strong>empenho individual não foi implementada, a gratificação manteve a natureza de vantagem<br />

genérica, devendo ser <strong>es</strong>tendida em igualdade de condiçõ<strong>es</strong> aos aposentados e pensionistas.<br />

Diferentemente do caso da GDATA, o STF não adotou como valor de referência para a gratificação <strong>es</strong>tendida aos<br />

aposentados e pensionistas a pontuação equivalente a 10 pontos no período de 01/06/2002 a 30/04/2004. A decisão<br />

tomada no RE 572.052/RN abrangeu apenas o período decorrido a partir de 01/05/2004. Não se aplica, portanto, o<br />

Enunciado nº 44 da Turma Recursal do Espírito Santo (que não reconhece diferenças em favor dos aposentados e<br />

pensionistas no período de 01/06/2002 a 30/04/2004), que se refere apenas à GDATA.<br />

A sentença aplicou juros de mora à taxa de 0,5% ao mês, seguindo a redação original da Lei nº 9.494/97. O recorrente<br />

invocou a aplicação imediata da Lei nº 11.960/2009 (superveniente à sentença) para a<strong>tr</strong>elar os juros de mora à taxa de<br />

remuneração da caderneta de poupança. A caderneta de poupança é remunerada por taxa de juros mensal de 0,5%,<br />

aplicada sobre os valor<strong>es</strong> atualizados pela TR (taxa referencial) na data de aniversário. Logo, a lei nova invocada pelo<br />

recorrente não modificou a taxa de juros prevista na sentença. Falta, n<strong>es</strong>sa parte, inter<strong>es</strong>se recursal. A lei nova modificou<br />

apenas a forma de correção monetária (taxa referencial), mas o recurso não impugnou <strong>es</strong>pecificamente <strong>es</strong>sa qu<strong>es</strong>tão.<br />

Tantum devolutum, quantum appellatum.<br />

Recurso improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honorários<br />

advocatícios, arbi<strong>tr</strong>ados em dez por cento do valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária


do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

32 - 0000160-22.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000160-6/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS<br />

BARBOSA.) x IRACI RAMOS (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA, EUSTÁQUIO DOMICIO LUCCHESI<br />

RAMACCIOTTI, MARCELO MATEDI ALVES.).<br />

E M E N T A<br />

SERVIDOR PÚBLICO. GDASST. GRATIFICAÇÃO GENÉRICA. EQUIPARAÇÃO ENTRE SERVIDORES ATIVOS E<br />

INATIVOS. PONTUAÇÃO NO PERÍODO DE 01/04/2002 A 30/04/2004. JUROS DE MORA. NORMA ESPECIAL.<br />

APLICABILIDADE DA LEI NOVA.<br />

Para os servidor<strong>es</strong> ativos, a GDASST tinha como limit<strong>es</strong> máximo e mínimo, r<strong>es</strong>pectivamente, 100 e 10 pontos (art. 5º da Lei<br />

nº 10.483/2002). Não obstante, enquanto não fosse regulamentada a avaliação de d<strong>es</strong>empenho, a GDASST deveria ser<br />

paga aos servidor<strong>es</strong> ocupant<strong>es</strong> de cargos efetivos ou cargos e funçõ<strong>es</strong> comissionadas e de confiança nos valor<strong>es</strong><br />

corr<strong>es</strong>pondent<strong>es</strong> a 40 pontos (art. 11 da Lei nº 10.483/2002). Em con<strong>tr</strong>apartida, para as aposentadorias e pensõ<strong>es</strong>, a lei<br />

previu o pagamento da gratificação em valor equivalente a 10 pontos (art. 8º, parágrafo único, da Lei nº 10.483/2002).<br />

Como a avaliação de d<strong>es</strong>empenho individual não foi implementada, a gratificação manteve a natureza de vantagem<br />

genérica, devendo ser <strong>es</strong>tendida em igualdade de condiçõ<strong>es</strong> aos aposentados e pensionistas.<br />

Diferentemente do caso da GDATA, o STF não adotou como valor de referência para a gratificação <strong>es</strong>tendida aos<br />

aposentados e pensionistas a pontuação equivalente a 10 pontos no período de 01/06/2002 a 30/04/2004. A decisão<br />

tomada no RE 572.052/RN abrangeu apenas o período decorrido a partir de 01/05/2004. Não se aplica, portanto, o<br />

Enunciado nº 44 da Turma Recursal do Espírito Santo (que não reconhece diferenças em favor dos aposentados e<br />

pensionistas no período de 01/06/2002 a 30/04/2004), que se refere apenas à GDATA.<br />

A sentença arbi<strong>tr</strong>ou os juros de mora com base na taxa prevista na redação original do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97: 6% ao<br />

ano ou 0,5% ao mês. En<strong>tr</strong>etanto, a Lei nº 11.960/2009 (data da publicação: 30/06/2009) modificou a redação do art. 1º-F da<br />

Lei nº 9.494/97, passando a dispor em todas as condenaçõ<strong>es</strong> impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua<br />

natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação da mora, haverá a incidência uma<br />

única vez, até o efetivo pagamento, dos índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.<br />

Essa lei nova tem aplicação imediata sobre os proc<strong>es</strong>sos pendent<strong>es</strong> (Precedente: STF - RE 559.445 – Rel. Ellen Gracie –<br />

DJe 10/06/2009).<br />

Recurso parcialmente provido para reformar a sentença quanto aos juros de mora. Até 30/06/2009, mantém-se a sentença<br />

com a aplicação da taxa de 0,5% ao mês. A partir de 30/06/2009, aplicam-se os índic<strong>es</strong> oficiais próprios da caderneta de<br />

poupança.<br />

Considerando que a sucumbência da recorrida é ínfima, o recorrente deve r<strong>es</strong>ponder por inteiro pelas d<strong>es</strong>p<strong>es</strong>as do<br />

proc<strong>es</strong>so (art. 21, parágrafo único, do CPC). Honorários advocatícios arbi<strong>tr</strong>ados em 10% do valor da condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />

do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso.<br />

ROGERIO MOREIRA ALVES<br />

Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />

Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

33 - 0002340-86.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002340-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NEIDE DEZANE MARIANI.) x MARIA ASSUNCAO MACIEL TESSAROLO<br />

(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0002340-86.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002340-1/01)<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – GDASS – PREQUESTIONAMENTO – DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS NÃO


NECESSÁRIOS PARA A RESOLUÇÃO DA DEMANDA – SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA – NÃO INCIDÊNCIA DE<br />

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – EMBARGOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS.<br />

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fl. 78, que deu parcial provimento ao<br />

recurso inominado da autarquia previdenciária. Alega o embargante que não deve haver condenação em honorários, diante<br />

da sucumbência recíproca. Aduz, ainda, que foram prequ<strong>es</strong>tionados os artigos 5º, 37, 40 e 61 da Constituição da República<br />

e que a Turma não se manif<strong>es</strong>tou expr<strong>es</strong>samente sobre tal assunto.<br />

Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do<br />

embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de omissão e con<strong>tr</strong>adição na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

Analisando o teor do acórdão, verifica-se que foi <strong>es</strong>tabelecida a forma para pagamento da GDASS, a partir de março de<br />

2007, limitando o pagamento da gratificação à data do início do primeiro ciclo de avaliação de d<strong>es</strong>empenho individual e<br />

institucional. D<strong>es</strong>ta forma, ao recurso inominado do INSS foi dado parcial provimento, o que implica a sucumbência<br />

recíproca. Assim, assiste razão ao embargante. In casu, a autarquia previdenciária foi parcialmente vencedora em seu<br />

recurso inominado, sendo indevida a condenação em honorários sucumbenciais.<br />

O embargante também alega que houve omissão no acórdão prolatado no que tange aos prequ<strong>es</strong>tionamentos suscitados.<br />

Tal entendimento não deve prevalecer. Suscitar matéria constitucional que não inter<strong>es</strong>sou na solução da con<strong>tr</strong>ovérsia,<br />

apenas para viabilizar a interposição de recurso para o órgão jurisdicional superior é atitude que demons<strong>tr</strong>a mais um intuito<br />

protelatório do que um exercício da prerrogativa da indeclinabilidade do Poder Judiciário. Precedent<strong>es</strong> STJ (R<strong>es</strong>p.<br />

11465-0-SP, rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).<br />

Assim, conheço dos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> embargos e dou-lh<strong>es</strong> parcial provimento, apenas para excluir a condenação da autarquia<br />

previdenciária em honorários sucumbenciais. A ementa do referido acórdão passará a ter a seguinte redação:<br />

“EMENTA<br />

SERVIDOR PÚBLICO – GDASS – GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE DE SEGURO SOCIAL –<br />

AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS DE AFERIÇÃO DE DESEMPENHO – EXTENSÃO AOS INATIVOS –<br />

OBSERVÂNCIA DA LEI 11.901/2009 – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO<br />

Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 47/53, em que a autarquia previdenciária<br />

foi condenada ao pagamento da GDASS à parte autora, nos termos em que foi paga aos servidor<strong>es</strong> da ativa. Alega o INSS<br />

que a sentença deve ser reformada diante da legalidade e da constitucionalidade da distinção na forma de pagamento da<br />

GDASS en<strong>tr</strong>e servidor<strong>es</strong> ativos e inativos.<br />

A GDASS - Gratificação de D<strong>es</strong>empenho de Atividade do Seguro Social foi instituída pela MP nº 146, de 01 de abril de<br />

2003, posteriormente, convertida na Lei nº 10.855, de 01 de abril de 2004, sendo paga àquel<strong>es</strong> que se aposentaram ou que<br />

tiveram a pensão instituída até 19/fev/2004 no importe de 30 (<strong>tr</strong>inta) pontos (art. 16 da Lei 10.885/2004). Com a Lei nº<br />

11.907/2009, <strong>es</strong>sa pontuação obtém uma variação en<strong>tr</strong>e 40 (quarenta) a 50 (cinquenta) pontos.<br />

A GDASS configura vantagem originalmente instituída em virtude do efetivo exercício das a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> do cargo, conforme se<br />

verifica do art. 11, §2º da Lei 10.855/2004. Porém, como ainda não há critérios objetivos de aferição de d<strong>es</strong>empenho dos<br />

servidor<strong>es</strong>, tem natureza genérica, devendo ser paga aos inativos no valor de 60 (s<strong>es</strong>senta) pontos e, com a edição da Lei<br />

nº 11.501/2007, que alterou a Lei nº 10.885/2004 para incluir ao seu art. 11 o parágrafo 11, faz jus à GDASS no importe de<br />

80 (oitenta) pontos.<br />

Assim, o pagamento das diferenças será feito da seguinte forma: en<strong>tr</strong>e março/2007 e 30/06/2008, as diferenças en<strong>tr</strong>e 80<br />

pontos e 30 pontos do valor máximo da gratificação pertinente ao r<strong>es</strong>pectivo nível, classe e padrão aplicável à parte<br />

recorrida; en<strong>tr</strong>e 01/07/2008 e 30/06/2009, as diferenças en<strong>tr</strong>e 80 pontos e 40 pontos; en<strong>tr</strong>e 01/07/2009 e a data do início (e<br />

não a data da conclusão) do primeiro ciclo de avaliação de d<strong>es</strong>empenho individual e institucional, as diferenças en<strong>tr</strong>e 80<br />

pontos e 50 pontos, conforme a Lei 11.901/2009.<br />

Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença parcialmente reformada.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios ante a sucumbência recíproca.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos<br />

autos, e que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.”<br />

Embargos conhecidos e parcialmente providos.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE<br />

DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

34 - 0003637-31.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003637-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ODIVALDO RODRIGUES DE<br />

AGUIAR (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO


1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.003637-7/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fl. 145, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais,<br />

que as limitaçõ<strong>es</strong> impostas pela moléstia somadas com suas condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais demons<strong>tr</strong>am a incapacidade laborativa.<br />

Pugna, por tais razõ<strong>es</strong>, pela reforma da sentença.<br />

2. Para o recebimento do auxílio-doença, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados pelo art. 59<br />

da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais e ter<br />

constatado a incapacidade para o exercício de sua atividade profissional por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica judicial de fls. 116/122,<br />

que m<strong>es</strong>mo sendo portador de epilepsia e distúrbio psiquiá<strong>tr</strong>ico, o autor, que possui 46 anos de idade, não se encon<strong>tr</strong>a<br />

incapacitado para o <strong>tr</strong>abalho (qu<strong>es</strong>ito 09). Afirma o expert, que do ponto de vista neurológico, a parta autora <strong>es</strong>tá apta para<br />

o <strong>tr</strong>abalho, uma vez que suas cris<strong>es</strong> <strong>es</strong>tão con<strong>tr</strong>oladas e seu exame físico é normal. Afirma, ainda, que o autor compareceu<br />

ao exame consciente, alerta, colaborativo, sem déficit de memória, sons r<strong>es</strong>piratórios normais e ritmo cardíaco normal.<br />

Diante do relato médico-pericial, entende-se que o recorrente não se encon<strong>tr</strong>a incapacitado para sua atividade habitual, qual<br />

seja, cobrador de ônibus.<br />

4. Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

5. Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

35 - 0004228-90.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004228-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ITAMAR NOCOLAU<br />

(ADVOGADO: JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.004228-6/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 66/67 que julgou improcedente o<br />

seu pedido inicial de r<strong>es</strong>tabelecimento de auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Afirma o<br />

recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o laudo pericial do juízo deve ser anulado, tendo em vista a falta de exam<strong>es</strong><br />

<strong>es</strong>pecíficos por parte do perito. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição. Já o auxílio-doença, será devido, conforme<br />

art. 59 da Lei 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período exigido de carência, ficar<br />

incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se que o autor (52 anos de idade) possui <strong>tr</strong>anstorno<br />

afetivo bipolar, atualmente em remissão. Conforme laudo pericial (fls. 54/56) foi constatado que, no momento, o recorrente<br />

não <strong>es</strong>tá incapacitado para o labor, apr<strong>es</strong>entando-se lúcido e bem situado no tempo e no <strong>es</strong>paço. O perito ainda r<strong>es</strong>saltou<br />

que o autor encon<strong>tr</strong>a-se orientado globalmente, com memórias de fixação e evocação pr<strong>es</strong>ervadas e sem alteraçõ<strong>es</strong> de<br />

sensopercepção, não <strong>es</strong>tando incapacitado para a sua função habitual de comerciante.


4. Com relação ao requerimento de anulação da perícia, vale r<strong>es</strong>saltar o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do<br />

Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em<br />

princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o<br />

particular”.<br />

5. Não havendo incapacidade laborativa, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

36 - 0000240-27.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000240-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADEIR MARINS RODRIGUES<br />

(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2010.50.50.000240-0/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 53/54, que julgou improcedente o<br />

seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que há<br />

diversos laudos médicos nos autos que con<strong>tr</strong>ariam a perícia, at<strong>es</strong>tando sua incapacidade. Pugna, por tais razõ<strong>es</strong>, pela<br />

reforma da sentença.<br />

2. Para o recebimento do auxílio-doença, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados pelo art. 59<br />

da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 (doze) con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais e<br />

ter constatado a incapacidade para o exercício de sua atividade profissional por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. Inicialmente, cabe r<strong>es</strong>saltar que a Autarquia não cont<strong>es</strong>tou a pr<strong>es</strong>ente ação. Porém, como há inter<strong>es</strong>se público envolvido,<br />

não devem ser aplicados os efeitos da revelia. Infere-se do documento de fl.12, colacionado aos autos pela autora, que a<br />

m<strong>es</strong>ma começou a verter con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> para a Previdência em 15/03/2006. Verifica-se assim, a princípio, que a autora<br />

detém a qualidade de segurada e cumpriu a carência exigida para o recebimento do benefício, r<strong>es</strong>tando a ser examinada a<br />

incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

4. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica judicial de fls. 37/41, que<br />

m<strong>es</strong>mo sendo portadora de sequela de osteoliemite de fêmur direito, com cica<strong>tr</strong>iz<strong>es</strong> re<strong>tr</strong>áteis na face medial, lateral e<br />

anterior da coxa direita, a parte autora, que possui 66 anos de idade, não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o <strong>tr</strong>abalho (qu<strong>es</strong>itos<br />

06, 07, 08 e 09). Afirma o expert que há boa mobilidade dos membros, sem sinais de infecção em atividade e sem alteração<br />

de força (qu<strong>es</strong>ito 06). Afirma, ainda, que a autora <strong>es</strong>tá em fase de remissão da doença, sem sinais flogísticos (sinais<br />

inflamatórios) no momento pericial, e com boa mobilidade de quadril e joelhos. Diante do relato médico pericial, entende-se<br />

que a recorrente não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para sua atividade habitual, qual seja, a de costureira autônoma.<br />

5. Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

6. Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

7. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


37 - 0003940-45.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003940-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIANE ROGERIA COSTA<br />

(ADVOGADO: MICHAEL LEANDRO SOBREIRA, MARIA DAS GRACAS SOBREIRA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL<br />

DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.003940-8/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –<br />

PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – APOSENTADORIA NO ÂMBITO ESTADUAL – NÃO VINCULAÇÃO AO<br />

RECEBIMENTO DO BENEFÍCIO JUNTO AO INSS – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fl. 54, que julgou improcedente o seu<br />

pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença. Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o laudo<br />

pericial não é conclusivo, pois o perito at<strong>es</strong>ta o seu <strong>tr</strong>anstorno mental, en<strong>tr</strong>etanto afirma que <strong>es</strong>tá apta para o <strong>tr</strong>abalho.<br />

Ademais, afirma que há diversos laudos particular<strong>es</strong> nos autos que con<strong>tr</strong>adizem o laudo pericial. Pugna, por tais razõ<strong>es</strong>,<br />

pela reforma da sentença.<br />

2. Para o recebimento do auxílio-doença, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados pelo art. 59<br />

da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 (doze) con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais e<br />

ter constatado a incapacidade para o exercício de sua atividade profissional por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica judicial de fls. 36/38, que<br />

m<strong>es</strong>mo sendo portadora de <strong>tr</strong>anstorno mental, a parte autora, que possui 32 anos de idade, não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada<br />

para o <strong>tr</strong>abalho (qu<strong>es</strong>ito 09). Afirma o expert que não há alteraçõ<strong>es</strong> do quadro psíquico que interfiram na capacidade laboral<br />

da parte autora. Afirma, ainda, que a autora apr<strong>es</strong>enta-se com memória de fixação e evocação pr<strong>es</strong>ervada, pensamento<br />

agregado, de curso e conteúdo normal, sem alteraçõ<strong>es</strong> de sensopercepção. Diante do relato médico pericial, entende-se<br />

que a recorrente não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para sua atividade habitual, qual seja, auxiliar de enfermagem.<br />

4. Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

5. Por fim, deve-se r<strong>es</strong>saltar que a aposentadoria concedida à parte autora no órgão <strong>es</strong>tadual não vincula o recebimento de<br />

benefício previdenciário junto ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS).<br />

5. Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

38 - 0003500-49.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003500-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCINEIA MACHADO<br />

CORREIA (ADVOGADO: GRASIELE MARCHESI BIANCHI, BRENO PAVAN FERREIRA, JALINE IGLEZIAS VIANA.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.003500-2/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDOS MÉDICOS PERICIAIS –<br />

LAUDO PARTICULAR – PROVA UNILATERAL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 108/109, que julgou improcedente<br />

o seu pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e conversão em aposentadoria por invalidez. Alega a<br />

recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que <strong>es</strong>tá acometida de doença incapacitante que impede o exercício de suas<br />

atividad<strong>es</strong> habituais. Pugna, por tais razõ<strong>es</strong>, pela reforma da sentença.<br />

2. Para o recebimento do auxílio-doença, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados pelo art. 59<br />

da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> mensais e ter


constatado a incapacidade para o exercício de sua atividade profissional por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. A parte autora, que possui 40 anos de idade, foi submetida a <strong>tr</strong>ês perícias médicas. Na primeira perícia, com perito<br />

oftalmologista, foi diagnosticada a retirada do globo ocular <strong>es</strong>querdo (evisceração). O expert afirmou ainda que a visão do<br />

olho direito encon<strong>tr</strong>a-se com campo visual normal e não há limitaçõ<strong>es</strong> para a sua atividade habitual, qual seja, agente<br />

comunitário de saúde. A autora impugnou o laudo pericial, afirmando que deveria ser realizada nova perícia com<br />

<strong>es</strong>pecialidade na área da doença ocupacional.<br />

4. A perita médica do <strong>tr</strong>abalho (2ª perícia) diagnosticou glaucoma em olho <strong>es</strong>querdo e afirmou que não existe incapacidade<br />

para as atividad<strong>es</strong> habituais. A recorrente impugnou novamente o laudo pericial reproduzindo a petição anterior.<br />

5. Na terceira e última perícia médica, realizada com perito psiquia<strong>tr</strong>a, não foi constatado nenhum <strong>tr</strong>anstorno mental. O<br />

expert relatou, ainda, que a autora mantém suas habilidad<strong>es</strong> psicofisiológicas inalteradas. Novamente, houve impugnação<br />

ao laudo médico pela parte autora.<br />

6. Merece d<strong>es</strong>taque o fato de a parte autora já ter auferido auxílio-doença de 13/12/2008 a 01/03/2009 (fl. 40). Contudo, o<br />

fato de a Autarquia ter concedido o benefício no passado não quer dizer que a incapacidade persista.<br />

7. Diante dos relatos médicos periciais, entende-se que a recorrente não se encon<strong>tr</strong>a incapacitada para o exercício de suas<br />

atividad<strong>es</strong> habituais. Vale r<strong>es</strong>saltar quanto aos laudos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados, o teor do Enunciado 08 da Turma<br />

Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo<br />

juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de<br />

prevalecer sobre o particular”.<br />

8. Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razõ<strong>es</strong> recursais.<br />

9. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

39 - 0004216-76.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004216-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARGARIDA MARIA DOS<br />

SANTOS (ADVOGADO: NEUSA MARIA MARCHETTI, LUCELIA GONCALVES DE REZENDE.) x INSTITUTO NACIONAL<br />

DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.004216-0/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – CONVERSÃO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE<br />

PARCIAL E TEMPORÁRIA – POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO/READAPTAÇÃO – INTERVENÇÃO CIRÚRGICA<br />

NÃO-OBRIGATÓRIA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora con<strong>tr</strong>a a sentença de fls. 70/71, que julgou parcialmente<br />

procedente o pedido autoral, apenas para r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de auxílio-doença, a partir da data da c<strong>es</strong>sação indevida.<br />

Alega a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que se encon<strong>tr</strong>a total e definitivamente incapacitada para exercer suas<br />

funçõ<strong>es</strong> laborativas, motivo pelo qual faria jus à percepção do benefício de aposentadoria por invalidez.<br />

2. Para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez, mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditados<br />

pelo art. 42 da Lei nº 8.213/91, quais sejam: ostentar a qualidade de segurado, atender a carência de 12 con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

mensais e ter sido constatada a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional que lhe garanta<br />

a subsistência, com insuscetibilidade de reabilitação.<br />

3. O laudo médico pericial produzido em juízo (fls.44/46) at<strong>es</strong>tou que a autora (56 anos de idade) é portadora de<br />

instabilidade lombossacra, o que gera a incapacidade parcial e temporária para a sua função habitual, qual seja, a de<br />

cabeleireira. Afirma o expert que a m<strong>es</strong>ma <strong>es</strong>tá temporariamente incapacitada para exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais,<br />

sendo que para recuperar sua capacidade laboral, a recorrente precisa se submeter a procedimento cirúrgico (qu<strong>es</strong>itos 02,<br />

03 e 04). Porém, não há norma obrigando o segurado a se submeter a proc<strong>es</strong>so cirúrgico para reversão de quadro clínico<br />

incapacitante. N<strong>es</strong>se sentido, se a recuperação da parte autora apenas será possível mediante cirurgia, e não podendo<br />

obrigá-la a se submeter ao referido procedimento, considera-se devido o benefício de auxílio-doença até que a m<strong>es</strong>ma seja<br />

reabilitada para ou<strong>tr</strong>a função.<br />

4. Com efeito, à luz do art. 42 da Lei nº 8.213/91, vislumbro que a parte autora não faz jus ao recebimento de aposentadoria<br />

por invalidez, uma vez que a m<strong>es</strong>ma pode ser reabilitada para d<strong>es</strong>empenhar ou<strong>tr</strong>as atividad<strong>es</strong> laborativas que se<br />

compatibilizem com sua enfermidade e sua realidade funcional, conforme afirma o expert no qu<strong>es</strong>ito 05. D<strong>es</strong>ta forma, a<br />

recorrente tem direito ao recebimento do auxílio-doença, benefício já obtido judicialmente.


5. Ante o exposto, não lhe é devido o benefício de aposentadoria por invalidez, por não <strong>es</strong>tarem preenchidos os requisitos<br />

nec<strong>es</strong>sários à sua conc<strong>es</strong>são.<br />

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária de assistência<br />

judiciária.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

40 - 0004992-76.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004992-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x JOÃO FRANCISCO CIPRIANO PESSINI<br />

(ADVOGADO: ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.004992-0/01<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONCESSÃO – INCAPACIDADE<br />

PARCIAL E DEFINITIVA – INCAPACIDADE TOTAL AFERIDA PELAS CONDIÇÕES PESSOAIS E PELA ATIVIDADE<br />

HABITUAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 54/55, que julgou parcialmente<br />

procedente o pedido inicial de condenação à conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por invalidez, d<strong>es</strong>de a data da<br />

realização da perícia médica judicial. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o recorrido não tem direito ao<br />

benefício concedido, pois não há incapacidade laborativa. Afirma, ainda, que na hipót<strong>es</strong>e de se considerar o autor incapaz<br />

para sua atividade habitual, há a possibilidade de reabilitação para atividad<strong>es</strong> que não demandem <strong>es</strong>forço físico.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em<br />

gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe<br />

garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. O autor laborava como pedreiro, conforme documento de fl. 15. Este labor exige em demasia das condiçõ<strong>es</strong> físicas do<br />

<strong>tr</strong>abalhador, de forma a agravar a enfermidade do recorrido que, conforme a perícia do juízo (fls. 34/36), possui hérnia<br />

lombar e labirintite. O expert afirma que pelo fato de a atividade laboral demandar <strong>es</strong>forços físicos, o autor se encon<strong>tr</strong>a<br />

suscetível ao agravamento das doenças.<br />

4. Tendo em vista o fato de o recorrido sempre ter <strong>tr</strong>abalhado em meio que requer força física, ter pouca ins<strong>tr</strong>ução e <strong>es</strong>tar<br />

com 52 anos de idade, entende-se ser praticamente impossível a reabilitação do m<strong>es</strong>mo para o exercício de ou<strong>tr</strong>a<br />

atividade, a qual nec<strong>es</strong>sariamente teria que ser de cunho braçal. Tudo isso deixa explícito o direito do recorrido ao<br />

recebimento do benefício de aposentadoria por invalidez, até porque seria imprópria uma reabilitação profissional para<br />

p<strong>es</strong>soa que detém as suas características den<strong>tr</strong>o da conjuntura atual do mercado de <strong>tr</strong>abalho.<br />

5. Não obstante o perito médico judicial ter concluído pela capacidade do recorrido para atividad<strong>es</strong> que não demandem<br />

<strong>es</strong>forço físico, considera-se que o m<strong>es</strong>mo encon<strong>tr</strong>a-se incapaz definitivamente, por todos os argumentos acima expostos. O<br />

Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, em seus artigos 131 e 436, permite ao juiz formar seu convencimento com ou<strong>tr</strong>os elementos ou<br />

fatos provados, não <strong>es</strong>tando ads<strong>tr</strong>ito apenas à conclusão obtida pelo perito, d<strong>es</strong>de que motive suas decisõ<strong>es</strong>, o que foi feito<br />

acima.<br />

6. Ademais, cabe d<strong>es</strong>tacar que já foram concedidos ao recorrido suc<strong>es</strong>sivos benefícios de auxílio-doença, conforme<br />

documentos de fls. 11, 14, 18 e 22.<br />

7. Pelo exposto, houve o preenchimento dos requisitos para a percepção do benefício de aposentadoria por invalidez d<strong>es</strong>de<br />

a data da realização da perícia médica judicial.<br />

8. Recurso conhecido e improvido.<br />

9. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor da<br />

condenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE


Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

41 - 0006180-07.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006180-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FELIPE DE PAULA DA<br />

ROCHA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2009.50.50.006180-3/01<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – AMPARO SOCIAL – INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO – OCORRÊNCIA DE ERRO<br />

MATERIAL – IMPOSSIBILIDADE DE OBTENÇÃO DE EFEITOS INFRINGENTES – FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO<br />

MANTIDA – EMBARGOS CONHECIDOS E PARCIALMENTE PROVIDOS.<br />

1. Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão de fl. 193, que negou provimento ao<br />

seu recurso inominado. Alega o embargante que há con<strong>tr</strong>adição na decisão prolatada pela Turma, visto que a<br />

fundamentação se assentou em uma premissa equivocada. Afirma que o valor obtido com o auxílio-doença (R$ 548,00)<br />

não é auferido por ele, mas pelo seu pai. Requer, assim, que sejam dados efeitos infringent<strong>es</strong> aos embargos.<br />

2. A Jurisprudência pá<strong>tr</strong>ia, ao decidir qu<strong>es</strong>tionamentos quanto às possibilidad<strong>es</strong> de interposição d<strong>es</strong>sa via recursal, assim já<br />

decidiu: “M<strong>es</strong>mo nos embargos de declaração com fins de prequ<strong>es</strong>tionamento, devem ser observados os limit<strong>es</strong> <strong>tr</strong>açados<br />

no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, con<strong>tr</strong>adição, omissão e, por cons<strong>tr</strong>ução pretoriana integrativa, a hipót<strong>es</strong>e de erro<br />

material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”. (STJ - Primeira Turma, R<strong>es</strong>p. 11465-0-SP, rel. Min.<br />

Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).<br />

3. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de con<strong>tr</strong>adição na<br />

decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma. Analisando o acórdão, verifica-se apenas a ocorrência de erro material, pois onde<br />

constou que a renda de R$ 548,00 (quinhentos e quarenta e oito reais) era proveniente do autor, deveria constar que tal<br />

renda era do genitor do requerente. Assim, corrijo o item 03 do referido acórdão, que passa a ser <strong>tr</strong>anscrito da seguinte<br />

forma:<br />

3. A condição de deficiente do autor é fato incon<strong>tr</strong>overso nos autos. No que tange ao requisito da miserabilidade, de acordo<br />

com o laudo socioeconômico (fls. 21/54), <strong>es</strong>te não se encon<strong>tr</strong>a satisfeito, visto que a renda familiar advém do benefício de<br />

auxílio-doença do genitor do recorrente (fl. 26), no valor de R$ 548,00 (quinhentos e quarenta e oito reais), cumulado com o<br />

valor de R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais) obtido por meio da função de diarista exercida pela genitora. M<strong>es</strong>mo sendo o<br />

grupo familiar composto por <strong>tr</strong>ês membros (pai - 49 anos, mãe - 48 anos e autor - 18 anos), a hipót<strong>es</strong>e dos autos revela que<br />

não é devido o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, pois a renda per capita disponível para a família é superior a ¼ do salário<br />

mínimo.<br />

4. Esclareça-se que a correção do erro material acima não altera o teor do julgamento, visto que a renda per capita familiar<br />

continuará a ser a m<strong>es</strong>ma.<br />

5. Embargos conhecidos e parcialmente providos, apenas para sanar erro material. Acórdão parcialmente reformado.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, DAR PARCIAL PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE<br />

DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

42 - 0001814-56.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001814-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIEZER DE JEHOVAH<br />

SIZENANDO COUTINHO (ADVOGADO: LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -<br />

INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2008.50.50.001814-0/01<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA ESPECIAL – AGENTE NOCIVO: RUÍDO – MEDIÇÃO ACIMA DE 90 dB –<br />

UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 09 DA TURMA<br />

NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO – VERIFICAÇÃO DE ATIVIDADE ESPECIAL EXERCIDA NO PERÍODO DE 14/10/1996<br />

A 05/07/2000 – TEMPO DE SERVIÇO PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL NÃO PREENCHIDO –<br />

RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.


Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 91/93 que julgou improcedente seu<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria <strong>es</strong>pecial d<strong>es</strong>de a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo. Alega o recorrente que, para<br />

efeito de aposentadoria <strong>es</strong>pecial, não é preciso que o <strong>tr</strong>abalhador fique exposto a agent<strong>es</strong> nocivos durante toda a jornada<br />

de <strong>tr</strong>abalho, ou seja, basta configurar sua exposição de forma constante e não eventual, independentemente do número de<br />

horas. Aduz, ainda, que o simpl<strong>es</strong> fornecimento de equipamento de proteção individual pelo empregador não exclui a<br />

hipót<strong>es</strong>e de exposição aos agent<strong>es</strong> nocivos à saúde, devendo ser considerado todo o ambiente de <strong>tr</strong>abalho.<br />

O benefício de aposentadoria <strong>es</strong>pecial foi instituído pela Lei 3.807, de 26/08/1960, d<strong>es</strong>tinado aos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que laboram<br />

em condiçõ<strong>es</strong> peculiar<strong>es</strong>, submetidos a certo grau de risco e comprometimento à saúde ou integridade física, para os quais<br />

pr<strong>es</strong>crevia a redução do tempo de serviço (quinze, vinte ou vinte e cinco anos de atividade) para a sua conc<strong>es</strong>são. O<br />

segurado deverá comprovar o tempo de <strong>tr</strong>abalho e a exposição aos agent<strong>es</strong> nocivos previstos de forma permanente, não<br />

ocasional nem intermitente, durante o exercício em atividad<strong>es</strong> que prejudiquem a saúde ou integridade física pelo período<br />

mínimo fixado.<br />

No caso dos autos, verifica-se que o Juízo a quo entendeu que os laudos técnicos apr<strong>es</strong>entados pelo autor não servem<br />

para comprovar o tempo de atividade <strong>es</strong>pecial, por não terem fundamentação técnica e nem discriminar os níveis de ruído<br />

para toda a jornada de <strong>tr</strong>abalho. Considerou, ainda, que o uso de equipamentos de proteção individual atenua a percepção<br />

do ruído para nível inferior ao limite de tolerância (nível de redução <strong>es</strong>timado em 25 dB). Além disso, demons<strong>tr</strong>ou que,<br />

m<strong>es</strong>mo que o período de 14/10/1996 a 28/05/2001 fosse considerado como atividade <strong>es</strong>pecial, o recorrente não faria jus à<br />

percepção da aposentadoria, por não ter completado os 25 anos previstos em lei.<br />

O período de 16/02/1981 a 13/10/1996 foi considerado como de atividade <strong>es</strong>pecial pela própria autarquia previdenciária. A<br />

con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se ao período de 14/10/1996 a 28/05/2001. Conforme se verifica do laudo técnico-pericial de fls. 24/25, o<br />

segurado <strong>es</strong>teve exposto, no período de 01/12/1989 a 31/10/1997, ao agente ruído (acima de 90 dB), de forma habitual e<br />

permanente, durante toda a sua jornada de <strong>tr</strong>abalho. No período de 01/11/1997 a 05/07/2000, o engenheiro de segurança<br />

do <strong>tr</strong>abalho também afirmou que o recorrente <strong>es</strong>teve exposto a condição insalubre (ruído acima de 90 dB), de modo<br />

habitual e permanente (fls. 27/28).<br />

A mera utilização de equipamento de proteção individual é irrelevante, porque, segundo a jurisprudência dominante, ainda<br />

que elimine a insalubridade no caso de exposição a ruído, não d<strong>es</strong>caracteriza o enquadramento da atividade <strong>es</strong>pecial. Deve<br />

ser aplicada, in casu, a Súmula nº 9 da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais: “O uso de<br />

Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não<br />

d<strong>es</strong>caracteriza o tempo de serviço <strong>es</strong>pecial pr<strong>es</strong>tado.”<br />

Assim, o período de 14/10/1996 a 05/07/2000 (data do último laudo técnico-pericial) deve ser considerado como de<br />

atividade <strong>es</strong>pecial. Quanto ao período de 06/07/2000 a 28/05/2001, não há nos autos qualquer laudo que comprove a<br />

exposição ao agente nocivo “ruído”.<br />

Conforme o Decreto nº 3.048/99, em seu anexo IV, a exposição a ruído acima dos níveis permitidos em lei, garante ao<br />

segurado a aposentadoria com 25 anos de serviço. O recorrente comprovou a exposição a tal agente nocivo no período de<br />

16/02/1981 a 05/07/2000, ou seja, pelo tempo de 19 anos, 04 m<strong>es</strong><strong>es</strong> e 20 dias. D<strong>es</strong>ta forma, não atingiu o tempo de serviço<br />

nec<strong>es</strong>sário para a conc<strong>es</strong>são do benefício pleiteado.<br />

Recurso conhecido e parcialmente provido apenas para considerar o tempo de 14/10/1996 a 05/07/2000 como de atividade<br />

<strong>es</strong>pecial.<br />

Sentença parcialmente reformada.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é<br />

vencido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

43 - 0003048-73.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003048-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x JOSE GUILHERME<br />

KUSTER (ADVOGADO: Marco Aurélio Rangel Gobette.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 2008.50.50.003048-6/01<br />

E M E N T A<br />

REVISÃO – APOSENTADORIA ESPECIAL – PAGAMENTO DAS DIFERENÇAS DEVIDAS NO PERÍODO DE<br />

01/02/2000 A 02/07/2002 – PRESCRIÇÃO – INOCORRÊNCIA – INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO –<br />

SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS con<strong>tr</strong>a a sentença de fls. 72/75, que julgou procedente o pedido autoral,


condenando a autarquia a pagar as diferenças decorrent<strong>es</strong> da revisão efetuada no benefício do recorrido, no que tange ao<br />

período de 01/02/2000 a 02/07/2002. Alega o INSS que a pr<strong>es</strong>crição quinquenal atingiu as parcelas do período pleiteado, o<br />

que impõe a reforma total da sentença. Em con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, o autor alega que interpôs recurso adminis<strong>tr</strong>ativo, o que<br />

suspendeu o prazo pr<strong>es</strong>cricional. Aduz que, como não foi comunicado da decisão final da autarquia, seu prazo pr<strong>es</strong>cricional<br />

não voltou a correr.<br />

A aposentadoria do autor foi concedida em 01/02/2000. A revisão do benefício foi requerida adminis<strong>tr</strong>ativamente em<br />

03/07/2002 (fl. 11). A revisão foi deferida com efeitos re<strong>tr</strong>oativos à data da protocolização do requerimento, ou seja,<br />

03/07/2002. O prazo pr<strong>es</strong>cricional de 05 (cinco) anos começou a correr no dia 01/02/2000. Com a interposição de<br />

requerimento de revisão, em 03/07/2002, o prazo foi suspenso. Ficou suspenso até 14/09/2003, quando o INSS deferiu o<br />

pedido de revisão. Foi suspenso novamente em 14/11/2003 ao ser protocolizado novo pedido, d<strong>es</strong>ta vez requerendo o<br />

pagamento das diferenças do período de 01/02/2000 a 02/07/2002. Este segundo requerimento foi indeferido em<br />

17/12/2003, mas o ofício com o comunicado do indeferimento (Ofício 486/2005) apenas foi emitido em 11/04/2005 (fl. 16).<br />

Do indeferimento, o autor protocolou recurso, em 27/05/2005 (fl. 14) e não consta nos autos qualquer comunicado sobre a<br />

decisão d<strong>es</strong>te recurso adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

Verifica-se que, d<strong>es</strong>de a conc<strong>es</strong>são do benefício até o ajuizamento da ação, o prazo apenas não ficou suspenso en<strong>tr</strong>e<br />

01/02/2000 a 02/07/2002 e en<strong>tr</strong>e 15/09/2003 a 13/11/2003, ou seja, 02 anos e 07 m<strong>es</strong><strong>es</strong>, não ocorrendo a pr<strong>es</strong>crição<br />

quinquenal, como alega a autarquia previdenciária.<br />

Assim, faz jus o autor às diferenças decorrent<strong>es</strong> da revisão efetuada sobre os proventos auferidos no período<br />

compreendido en<strong>tr</strong>e 01/02/2000 e 02/07/2002.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários, que ora fixo em 10 % sobre o valor da<br />

condenação.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

44 - 0001263-76.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001263-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROBERTO TAVARES<br />

(ADVOGADO: MARCELO CARVALHINHO VIEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:<br />

GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).<br />

PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

1ª Turma Recursal - 3. Juiz Relator<br />

PROCESSO: 0001263-76.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001263-0/01)<br />

E M E N T A<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – OMISSÃO – CONTRADIÇÃO – EXISTÊNCIA – APOSENTADORIA ESPECIAL –<br />

AGENTE NOCIVO “RUÍDO” – UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – SÚMULA Nº 09 DA TNU –<br />

EMBARGOS CONHECIDOS E PROVIDOS.<br />

1. Trata-se de embargos de declaração opostos em face do acórdão de fls. 204/205, proferido pela Turma Recursal, por<br />

intermédio do qual aduz o autor que houve omissão e con<strong>tr</strong>adição na decisão colegiada. Alega que o fundamento utilizado<br />

na sentença <strong>es</strong>barra nas provas dos autos. Além disso, aduz que o Enunciado nº 09 da Turma Nacional de Uniformização<br />

deve ser utilizado e que a Turma não se manif<strong>es</strong>tou expr<strong>es</strong>samente sobre tal Enunciado. Alega, ainda, que a decisão do<br />

colegiado é con<strong>tr</strong>aditória com a prova dos autos.<br />

2. Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, se limitam a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura das argumentaçõ<strong>es</strong> do<br />

embargante, verifica-se que <strong>es</strong>te aponta a existência de omissão e con<strong>tr</strong>adição na decisão proferida por <strong>es</strong>ta Turma.<br />

3. A Turma, por maioria, negou provimento ao recurso interposto pelo autor, mantendo a sentença prolatada pelo Juízo a<br />

quo por seus próprios fundamentos. A sentença (fls. 175/177) deixou claro que a atividade d<strong>es</strong>empenhada pelo autor, a<br />

partir de 06/03/1997, não pode ser enquadrada como <strong>es</strong>pecial, pois o EPI utilizado reduzia a ação nociva do agente “ruído”<br />

para níveis inferior<strong>es</strong> ao limite de tolerância (fator de proteção: 21 dB até junho/1999 e 28 dB a partir de 01/07/1999). O MM.<br />

Juiz Relator, para o qual foi inicialmente dis<strong>tr</strong>ibuído o proc<strong>es</strong>so, deu provimento ao recurso do autor, entendendo que a<br />

simpl<strong>es</strong> informação técnica de que o fator de proteção auricular seria de 21 dB, não era prova cabal de que o nível de ruído<br />

fosse reduzido <strong>es</strong>pecificamente n<strong>es</strong>ta medida. Invocou, assim, a aplicação do Enunciado nº 13 da Turma Recursal do<br />

Espírito Santo e a Súmula nº 09 da Turma Nacional de Uniformização.<br />

4. Durante a s<strong>es</strong>são de julgamento, ocorrida em 17 de dezembro de 2010, <strong>es</strong>ta Turma confirmou a decisão do julgador<br />

monocrático, divergindo do Juiz Relator. Ao assim fazer, incorreu em con<strong>tr</strong>adição com os demais julgamentos que abordam<br />

o m<strong>es</strong>mo assunto no âmbito do colegiado.<br />

5. O entendimento atual d<strong>es</strong>ta Turma Recursal é o de que a mera utilização de equipamento de proteção individual é


irrelevante, porque, segundo a jurisprudência dominante, ainda que elimine a insalubridade no caso de exposição a ruído,<br />

não d<strong>es</strong>caracteriza o enquadramento da atividade <strong>es</strong>pecial. Deve ser aplicada, in casu, a Súmula nº 09 da Turma Nacional<br />

de Uniformização dos Juizados Especiais Federais: “O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine<br />

a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não d<strong>es</strong>caracteriza o tempo de serviço <strong>es</strong>pecial pr<strong>es</strong>tado.”<br />

6. Verifica-se, assim, que houve con<strong>tr</strong>adição no acórdão anteriormente prolatado, razão pela qual devem ser conhecidos e<br />

providos os pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> embargos, mantendo-se integralmente o voto do MM. Juiz <strong>Federal</strong> Relator Dr. Fernando C<strong>es</strong>ar<br />

Baptista de Mattos, exarado nos seguint<strong>es</strong> termos:<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – CONVERSÃO<br />

EM APOSENTADORIA ESPECIAL – EXPOSIÇÃO A RUÍDO – CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE ESPECIAL -<br />

APLICAÇÃO DAS SÚMULAS N. 09 DA TNU E N. 13 DA TURMA RECURSAL DO ESPÍRITO SANTO - RECURSO<br />

CONHECIDO E PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ROBERTO TAVARES em face da r. sentença proferida pelo<br />

Excelentíssimo Juiz Rogério Moreira Alv<strong>es</strong>, que julgou improcedent<strong>es</strong> os pedidos formulados na inicial.<br />

2. Segundo o juízo de origem, o autor <strong>tr</strong>abalhou na Companhia Vale do Rio Doce en<strong>tr</strong>e 20/04/1976 a 22/11/2005, tendo o<br />

INSS enquadrado como <strong>es</strong>pecial a atividade exercida até 05/03/1997 e que a matéria con<strong>tr</strong>overtida, portanto, seria apenas<br />

o enquadramento, como <strong>es</strong>pecial, da atividade exercida no período de 06/03/1997 a 31/08/2003. Constatou, porém, que os<br />

laudos técnicos juntados aos autos <strong>es</strong>clareceram que o Equipamento de Proteção Individual – EPI utilizado a partir de<br />

março de 1997 reduziu a ação nociva do agente ruído para níveis inferior<strong>es</strong> ao limite de tolerância de 90 dB(A), pois o fator<br />

de proteção foi <strong>es</strong>timado em 21 dB(A) até junho/99 e em 28 dB a partir de 01/07/1999. Aduziu o juízo que, se o EPI<br />

fornecido é utilizado com êxito, reduzindo a percepção do ruído para níveis inferior<strong>es</strong> ao limite de tolerância, a atividade<br />

<strong>es</strong>pecial fica d<strong>es</strong>caracterizada, nos termos do Enunciado n. 13 da Turma Recursal do Espírito Santo, razão pela qual a<br />

atividade exercida pelo autor a partir de 06/03/1997 não poderia ser enquadrada como <strong>es</strong>pecial.<br />

3. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega o recorrente que, consoante súmula n. 09 da TNU, o uso de EPI, ainda que elimine a<br />

insalubridade do agente agr<strong>es</strong>sivo, não elimina o direito à contagem <strong>es</strong>pecial de tempo de serviço. Afirma que o Relatório<br />

de Visita Técnica elaborado pelo INSS, que acompanha as razõ<strong>es</strong> de recurso, aponta que os EPI’s não eram devidamente<br />

utilizados e que seu uso serviria apenas para mitigar os efeitos do ruído sobre a saúde do <strong>tr</strong>abalhador, não havendo norma<br />

legal que impeça a contagem do tempo como <strong>es</strong>pecial.<br />

4. O Enunciado n. 13 da Turma Recursal do Espírito Santo, ao qual se reportou o juízo de origem, contém a seguinte<br />

redação: “Para que o uso de equipamento de proteção individual possa afastar a condição de insalubridade, computando-se<br />

o tempo de serviço como comum, é nec<strong>es</strong>sário que a redução ou eliminação de risco à saúde seja comprovada de forma<br />

cabal”.<br />

5. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, os laudos técnicos acostados à inicial informam que os níveis equivalent<strong>es</strong> (LEQ) a que o<br />

empregado <strong>es</strong>tava exposto nos locais monitorados era de 94,0 dB(A) e que “o EPI utilizado a partir de março de 1997,<br />

conforme informaçõ<strong>es</strong> técnicas do fabricante, tinha as características a seguir relacionadas e reduziam a ação nociva do<br />

agente sobre a saúde e integridade física do empregado a níveis abaixo dos limit<strong>es</strong> de tolerância porém não eliminaram a<br />

pr<strong>es</strong>ença do agente no ambiente: Fabricante (...) Fator de proteção: 21 dB (A)” (fl. 45).<br />

6. Entende-se, contudo, que a simpl<strong>es</strong> informação técnica de que o fator de proteção do protetor auricular seja de 21 dB(A)<br />

não é prova cabal de que o nível de ruído seja reduzido <strong>es</strong>pecificamente n<strong>es</strong>ta medida. Note-se que o Relatório de Visita<br />

Técnica elaborado pelo próprio INSS, que acompanha as razõ<strong>es</strong> de recurso, aponta que o ambiente de <strong>tr</strong>abalho era “<br />

altamente ruidoso com todos os equipamentos em funcionamento” com “ruídos instantâneos variando de 93 a 130 dB(A),<br />

que m<strong>es</strong>mo sendo utilizado protetor auricular tipo concha cedido pela empr<strong>es</strong>a ao perito durante a visita, não foi possível<br />

suportar o ruído ambiente. Observamos que todos os <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> no momento da visita utilizavam protetor auricular tipo<br />

concha, com o agravante de que quase a todo momento afasta-lo (sic) da orelha para ouvir o que era falado por ou<strong>tr</strong>o<br />

colega a<strong>tr</strong>avés do walk-talk, o que não atende as normas de proteção auditiva...” .<br />

7. Não bastasse a constatação acima, efetuada pelo próprio INSS, adota-se o entendimento segundo o qual é pr<strong>es</strong>cindível<br />

a <strong>es</strong>pecificação do nível de atenuação dos equipamentos de proteção auricular, já que é pacífico o entendimento<br />

jurisprudencial de que o uso de equipamento de proteção individual, ainda que obrigatório, não d<strong>es</strong>qualifica o tempo de<br />

serviço <strong>es</strong>pecial do segurado, nem exclui o direito à aposentadoria <strong>es</strong>pecial. O equipamento de proteção, seja individual,<br />

seja coletivo, tem o <strong>es</strong>copo de proteger a saúde do <strong>tr</strong>abalhador, a fim de que não sofra l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong>, mas não d<strong>es</strong>caracteriza a<br />

situação agr<strong>es</strong>siva ou nociva. N<strong>es</strong>se sentido, encon<strong>tr</strong>a-se o disposto na Súmula nº 09 da Turma Nacional de Uniformização:<br />

“Ainda que o EPI elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não d<strong>es</strong>caracteriza o tempo de serviço <strong>es</strong>pecial<br />

pr<strong>es</strong>tado.”<br />

8. Diante do que foi exposto e analisado, dou provimento ao recurso para converter a aposentadoria do autor em<br />

aposentadoria <strong>es</strong>pecial, com proventos integrais, devendo o benefício ser implementado no prazo de 30 (<strong>tr</strong>inta) dias, sendo<br />

que a autarquia previdenciária deverá comprovar, nos autos, o atendimento da pr<strong>es</strong>ente determinação judicial no m<strong>es</strong>mo<br />

prazo.<br />

9. Deverá o INSS, ainda, pagar as parcelas vencidas, não atingidas pela pr<strong>es</strong>crição qüinqüenal, corrigidas monetariamente,<br />

acr<strong>es</strong>cidas de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, d<strong>es</strong>de a citação até 30/06/2009 (data da vigência da Lei<br />

11.960/2009), e, a partir d<strong>es</strong>sa data, aplicam-se os índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de<br />

poupança.<br />

10. D<strong>es</strong>taca-se, quanto a não liquidez d<strong>es</strong>te decisum, o fato de que o réu possui maior<strong>es</strong> condiçõ<strong>es</strong> e facilidad<strong>es</strong> na<br />

elaboração dos discriminativos dos valor<strong>es</strong> em qu<strong>es</strong>tão, já detentor dos elementos de cálculos. Tal posicionamento<br />

coaduna-se com o entendimento consubstanciado no Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e 22 das<br />

Turmas Recursais do Rio de Janeiro. D<strong>es</strong>ta feita, após a apuração adminis<strong>tr</strong>ativa dos valor<strong>es</strong> em comento, a ser<br />

considerada como obrigação de fazer, na forma do art. 16 da Lei 10.259/2001, será então expedido o requisitório adequado.<br />

11. Sem custas, na forma da lei. Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei n.º. 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei


nº. 10.259/01.<br />

12. Prejudicado o pedido de antecipação de tutela formulado às fls. 199/204.<br />

7. Embargos conhecidos e providos. Acórdão reformado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DOS EMBARGOS E DAR-LHES PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />

Osair Victor de Oliveira Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

45 - 0000021-11.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000021-7/01) ALCIMAR GALACIO GALVÃO (ADVOGADO: WELITON<br />

ROGER ALTOE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim<br />

Campos.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA E/OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – RECURSO TEMPESTIVO –<br />

INCAPACIDADE TOTAL E TEMPORÁRIA – AUTOR ESTÁ EM GOZO DE AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR<br />

INVALIDEZ INDEVIDA – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 103/104, que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são à parte autora do benefício de aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que suas doenças degenerativas e irreversíveis o incapacitam definitivamente para o <strong>tr</strong>abalho. Pugna, por tais<br />

razõ<strong>es</strong>, pela reforma da sentença. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> alegando que o recurso do autor é intemp<strong>es</strong>tivo.<br />

Ademais, aduz que a incapacidade do recorrente é apenas temporária, sendo-lhe devido apenas o auxílio-doença, que já<br />

vem recebendo.<br />

Sabe-se que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo cumprido a carência pela lei exigida, ficar incapacitado<br />

para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos (artigo 59 da Lei 8.213/91).<br />

Já o art. 42 da m<strong>es</strong>ma lei, diz: “A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida,<br />

será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de<br />

reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta<br />

condição”.<br />

Conforme o art. 4º, §§ 3º e 4º da Lei 11.419/2006, a partir da publicação das decisõ<strong>es</strong> no Diário Ele<strong>tr</strong>ônico do TRF da 2ª<br />

Região, os prazos passaram a ser contados da seguinte forma: dia da disponibilização é o referente ao dia em que a<br />

decisão é lançada no site do TRF (28/09/2010, fls. 104-v). O dia da publicação é o dia posterior ao da disponibilização<br />

(29/09/2010). Já o dia do início da contagem dos prazos é o dia subsequente ao da publicação (30/09/2010). Portanto, o<br />

recurso inominado do autor é temp<strong>es</strong>tivo, visto que foi interposto no dia 11/10/2010, último dia do prazo recursal.<br />

Ao se analisar o conjunto probatório pr<strong>es</strong>ente nos autos, verifica-se consoante perícia médica judicial (fls. 83/84), que há<br />

constatação de <strong>tr</strong>anstornos dos discos inverterbrais, e que tal quadro incapacita o autor de forma temporária. O expert<br />

informou que o recorrente nec<strong>es</strong>sita de um prazo de 06 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de recuperação. Afirmou, ainda, que no momento da perícia,<br />

o autor encon<strong>tr</strong>ava-se em gozo do benefício de auxílio-doença.<br />

Adminis<strong>tr</strong>ativamente, a Autarquia concedeu o benefício de auxílio-doença até 27/12/2010 (fl. 124). Já o perito judicial<br />

afirmou, em seu laudo de fls. 83/84, que a parte autora se recuperaria até 29/10/2010. Verifica-se, portanto, que o<br />

auxílio-doença concedido pelo INSS é capaz de suprir o período de incapacidade at<strong>es</strong>tado, ul<strong>tr</strong>apassando em dois m<strong>es</strong><strong>es</strong> o<br />

período de recuperação do autor.<br />

Diante da verificação de incapacidade temporária, r<strong>es</strong>tou comprovado que a parte autora não faz jus à aposentadoria por<br />

invalidez.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a parte autora é beneficiária da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

46 - 0000974-43.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000974-3/01) ANGELO FIRMINO CASSIANO (ADVOGADO: CLEMILSON<br />

RODRIGUES PEIXOTO, SIRO DA COSTA, MARCELO LUCIO GRILLO, AURELIO FABIO NOGUEIRA DA SILVA.) x<br />

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – CONTRATAÇÃO CONTÍNUA DE EMPREGADOS –


FALTA DE QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL – PERÍODO DE CARÊNCIA NÃO PREENCHIDO – SENTENÇA<br />

MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fls. 127/128, que julgou improcedente<br />

o seu pedido de aposentadoria rural por idade. A parte recorrente alega que <strong>tr</strong>abalha na zona rural d<strong>es</strong>de 1960 e que<br />

totaliza 22 anos de labor camp<strong>es</strong>ino. Aduz que na audiência <strong>es</strong>tava nervoso, o que criou uma falsa imagem de insegurança<br />

e con<strong>tr</strong>adição quanto às datas citadas. Pleiteia, assim, a reforma da sentença. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando<br />

pela manutenção da sentença.<br />

2. A aposentadoria rural por idade será devida quando houver a implementação de certos requisitos, quais sejam: idade (60<br />

anos para homens e 55 anos para mulher<strong>es</strong>) e exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo período<br />

exigido em lei, conforme disposiçõ<strong>es</strong> da Lei nº 8.213/91.<br />

3. O autor nasceu em 07/07/1946. Atingiu o requisito “idade” em 07/07/2006. Protocolou o requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo em<br />

30/11/2006 (fl. 10), tendo seu pedido negado pela não caracterização como segurado <strong>es</strong>pecial, no período de 1965 a 1995.<br />

4. Compulsando os autos, verifica-se que foram juntados vários documentos: Carteira do Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong><br />

Rurais de Guaçuí, constando admissão em 28/11/2006 (fl. 09-v); Declaração de Exercício de atividade rural, emitida pelo<br />

Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Guaçuí, em 28/11/2006 (fl. 13); Comprovant<strong>es</strong> de pagamento de con<strong>tr</strong>ibuição à<br />

Federação dos Trabalhador<strong>es</strong> na Agricultura do Estado, Sindicato e Confederação Nacional dos Trabalhador<strong>es</strong> na<br />

Agricultura (fls. 14 e 18); Certidão de Casamento, realizado em 30/07/1969, constando a profissão do autor como lavrador<br />

(fl. 15); Formal de partilha constando o autor como um dos herdeiros (fls. 19/22); Regis<strong>tr</strong>o da propriedade rural em nome do<br />

autor com 27,2 ha (fls. 23/25); Con<strong>tr</strong>ato de Comodato, firmado em 26/07/1999, constando o autor como comodante (fls.<br />

74/75) e Aditivos (fls. 76/77); Con<strong>tr</strong>ato de Comodato, firmado em 20/03/2000, constando o autor como comodante (fls.<br />

79/80) e Aditivos (fls. 81/86).<br />

5. Conforme depoimentos colhidos em audiência, o autor afirmou que con<strong>tr</strong>atou empregados para a sua propriedade até o<br />

ano de 1986. No proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo junto ao INSS o autor afirmou que teve empregados até 1995. Quanto a <strong>es</strong>te fato<br />

as t<strong>es</strong>temunhas foram con<strong>tr</strong>aditórias, uma afirmou que não sabia se havia empregados, e ou<strong>tr</strong>a afirmou que o autor<br />

<strong>tr</strong>abalha apenas com a ajuda da família há 10 ou 15 anos. Ademais, os documentos do INCRA dos anos 80 e início dos<br />

anos 90 demons<strong>tr</strong>am a existência contínua de empregados. Assim, o período anterior a 1995 não pode ser considerado<br />

como regime de economia familiar, requisito <strong>es</strong>sencial para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por idade como segurado<br />

<strong>es</strong>pecial.<br />

6. Constata-se que no advento da Lei 8.213, em 24 de julho de 1991, o autor não era considerado segurado <strong>es</strong>pecial, assim<br />

não faz jus à aplicação da tabela progr<strong>es</strong>siva de carências do art. 142 da Lei 8.213/91. Portanto, precisa comprovar 180<br />

m<strong>es</strong><strong>es</strong> de lide rural para fazer jus à conc<strong>es</strong>são do benefício pleiteado.<br />

7. Considerando o período de janeiro/1995 até a data da en<strong>tr</strong>ada do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (novembro/2006), o autor<br />

completou 143 m<strong>es</strong><strong>es</strong> como segurado <strong>es</strong>pecial, não cumprindo o requisito “carência” do benefício de aposentadoria rural<br />

por idade.<br />

8. Diante do exposto, não faz jus o autor ao benefício pleiteado.<br />

9. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

10. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o fato de o recorrente ser beneficiário da Assistência<br />

Judiciária Gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

47 - 0006885-39.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006885-4/01) EURICO PEREIRA DA SILVA (ADVOGADO: ISAAC PAVEZI<br />

PUTON.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – COMPROVADA FILIAÇÃO SOMENTE APÓS A LEI<br />

8.213/1991 – PERÍODO DE CARÊNCIA NÃO PREENCHIDO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença de fl. 54, que julgou improcedente o seu<br />

pedido de aposentadoria rural por idade. A parte recorrente alega que começou a <strong>tr</strong>abalhar na zona rural ant<strong>es</strong> do advento<br />

da Lei 8.213/1991, e que continuou o labor como <strong>tr</strong>abalhador rural até 2008. Pleiteia, assim, a reforma da sentença por<br />

haver preenchida a carência exigida legalmente. O INSS apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> pugnando pela manutenção da<br />

sentença.<br />

2. A aposentadoria rural por idade será devida quando houver a implementação de certos requisitos, quais sejam: idade (60<br />

anos para homens e 55 anos para mulher<strong>es</strong>) e exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo período<br />

exigido em lei, conforme disposiçõ<strong>es</strong> da Lei nº 8.213/91.<br />

3. O autor nasceu em 15/01/1947. Atingiu o requisito “idade” em 15/01/2007. Protocolou o requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo em<br />

16/01/2008 (fl. 41), tendo seu pedido indeferido por não ter completado o período de carência exigido para quem se filiou<br />

após 24/07/1991.<br />

4. Compulsando os autos, verifica-se que foram juntados alguns documentos: Carteira de Trabalho e Previdência Social<br />

(fls. 18/21); Declaração dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Guarapari, firmada em 15/01/2008, at<strong>es</strong>tando o exercício de atividade


ural de 1991 a 1993 (fls. 25) e Regis<strong>tr</strong>o de Filiação ao Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais, com admissão em 11/01/2008<br />

(fl. 26).<br />

5. Inexiste nos autos prova documental que demons<strong>tr</strong>e o exercício de atividade rural pelo autor no período de 1991 a 1993.<br />

A única informação referente a <strong>es</strong>te período consta da declaração extemporânea feita pelo Sindicato Rural em 15/01/2008,<br />

um dia ant<strong>es</strong> da protocolização do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo junto ao INSS.<br />

6. Portanto, constata-se que no advento da Lei 8.213, em 24 de julho de 1991, o autor não era considerado segurado<br />

<strong>es</strong>pecial, assim não faz jus à aplicação da tabela progr<strong>es</strong>siva de carências do art. 142 da Lei 8.213/91. Logo, precisa<br />

comprovar 180 m<strong>es</strong><strong>es</strong> de lide rural para fazer jus à conc<strong>es</strong>são do benefício pleiteado.<br />

7. Ao verificar o ex<strong>tr</strong>ato do CNIS do recorrente (fl. 38), constata-se que o m<strong>es</strong>mo exerceu atividade rural por 169 m<strong>es</strong><strong>es</strong>,<br />

pois laborou nos períodos en<strong>tr</strong>e 03/01/1994 a 26/03/2004 e 01/04/2004 a 11/01/2008, não cumprindo o requisito “carência”<br />

do benefício de aposentadoria rural por idade.<br />

8. Diante do exposto, não faz jus o autor ao benefício pleiteado.<br />

9. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

10. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o fato de o recorrente ser beneficiário da Assistência<br />

Judiciária Gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

48 - 0007209-34.2005.4.02.5050/01 (2005.50.50.007209-1/01) EMPRESA BRASILEIRA DE INFRA-ESTRUTURA<br />

AEROPORTUÁRIA - INFRAERO (ADVOGADO: ANDREA MONTANARI ROSA RANGEL, FREDERICO GUILHERME<br />

PICLUM VERSOSA GEISS, RAFAEL COSTA DE SOUSA, RODRIGO MARANGONI RUSCHI.) x EDWARD HEMMING<br />

DODD E OUTRO (ADVOGADO: RAQUEL COSTA QUEIROZ, RAPHAEL JACCOUD VALORY SILVEIRA, RAPHAEL<br />

DODD MILITO, RACHEL DODD MILITO.) x OS MESMOS.<br />

E M E N T A<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL – ATO ILÍCITO COMETIDO – QUANTIFICAÇÃO DO DANO MORAL – SENTENÇA<br />

PARCIALMENTE REFORMADA APENAS NO QUE TANGE AO QUANTUM INDENIZATÓRIO – RECURSO DO AUTOR<br />

CONHECIDO E IMPROVIDO – RECURSO DO RÉU CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

Trata-se de recursos inominados interpostos pela INFRAERO e pela parte autora em face da sentença de fls.220/229, que<br />

julgou parcialmente procedente o pedido autoral, concedendo indenização por danos morais em favor do 1º autor, no valor<br />

de R$ 22.800,00 (vinte e dois mil e oitocentos reais) e julgando improcedente o m<strong>es</strong>mo pedido quanto à 2ª autora. Alega a<br />

INFRAERO, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não é parte legítima, pois se houve algum dano, a r<strong>es</strong>ponsabilidade é da<br />

companhia aérea. Aduz, ainda, que caso se mantenha a condenação, o dano deve ser classificado como “dano leve”, visto<br />

que se refere exclusivamente à honra subjetiva do autor. Pugna, então, pela reforma da sentença. Por seu turno, a parte<br />

autora, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega que a falha do serviço pr<strong>es</strong>tado pela INFRAERO e a situação vexatória pela qual<br />

passou, alcançou também a sua <strong>es</strong>posa. Diante disso, requer que seja reconhecido o dano moral sofrido pela 2ª autora.<br />

Os autor<strong>es</strong> embarcaram no aeroporto de Vitória com d<strong>es</strong>tino ao aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, em 09/11/2004. O<br />

1º autor (85 anos de idade) é portador de neoplasia maligna, e a 2ª autora, que é sua <strong>es</strong>posa, sempre o acompanha. A área<br />

de d<strong>es</strong>embarque, no aeroporto do Galeão, deve ser ac<strong>es</strong>sada por uma <strong>es</strong>cada, na qual os passageiros devem subir para<br />

proceder ao d<strong>es</strong>embarque. Para as p<strong>es</strong>soas portadoras de nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> <strong>es</strong>peciais, há um equipamento <strong>es</strong>pecífico para<br />

<strong>tr</strong>ansporte em <strong>es</strong>cadas rolant<strong>es</strong>. En<strong>tr</strong>etanto, no d<strong>es</strong>embarque dos autor<strong>es</strong>, tal equipamento não <strong>es</strong>tava funcionando.<br />

Perante <strong>es</strong>sa situação, os funcionários da Empr<strong>es</strong>a Ré, sugeriram carregar o 1º autor no “colo”, porém houve negativa por<br />

parte de sua <strong>es</strong>posa, visto que havia possibilidade de queda, o que agravaria suas l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong>. Não havendo qualquer ou<strong>tr</strong>a<br />

possibilidade, os autor<strong>es</strong> decidiram que o 1º autor subiria as <strong>es</strong>cadas amparado pelos funcionários da empr<strong>es</strong>a. D<strong>es</strong>ta<br />

forma, o autor fez um <strong>es</strong>forço d<strong>es</strong>comunal e impróprio, devido às suas condiçõ<strong>es</strong> físicas, para que o d<strong>es</strong>embarque se<br />

realizasse.<br />

Verifica-se que a Empr<strong>es</strong>a Ré alegou a ilegitimidade passiva, en<strong>tr</strong>etanto, <strong>es</strong>se argumento não merece prosperar. A<br />

INFRAERO é uma Empr<strong>es</strong>a Pública pr<strong>es</strong>tadora de serviço público de adminis<strong>tr</strong>ação aeroportuária e tem suas atividad<strong>es</strong><br />

vinculadas pelo CDC. D<strong>es</strong>ta forma, as atividad<strong>es</strong> da recorrente são solidárias às atividad<strong>es</strong> das companhias aéreas,<br />

quando existir nexo de causalidade com o serviço aeroportuário. In casu, r<strong>es</strong>ta comprovado tal nexo, existindo, assim,<br />

solidariedade en<strong>tr</strong>e a INFRAERO e a TAM. D<strong>es</strong>ta forma, os autor<strong>es</strong> tinham a faculdade de demandar em juízo qualquer<br />

uma delas (art. 25, § 1º, do Código de Def<strong>es</strong>a do Consumidor).<br />

Com efeito, compete à Empr<strong>es</strong>a Ré verificar se as companhias aéreas <strong>es</strong>tão cumprindo as regras de circulação p<strong>es</strong>soal.<br />

Portanto, cabia à INFRAERO averiguar se a TAM tinha ciência da “rota alternativa”. Ao que tudo indica tal fiscalização não<br />

aconteceu.<br />

Atento que a fixação do valor do dano moral tem duplo conteúdo, de sanção e compensação, e não pode ser fonte de<br />

enriquecimento sem causa, mas, por ou<strong>tr</strong>o lado, deve ser arbi<strong>tr</strong>ado num valor que iniba a parte negligente de repetir tal<br />

falha, entendo que a quantia a ser devida pela Empr<strong>es</strong>a Ré é de R$ 10.000,00 (dez mil reais).<br />

Por fim, cabe r<strong>es</strong>saltar que a indenização requerida pela 2ª autora não é devida, uma vez que não há dados nos autos que<br />

comprovem que a m<strong>es</strong>ma tenha sofrido algum dano. N<strong>es</strong>se sentido, verifico que apenas o marido da autora <strong>es</strong>tava<br />

debilitado e precisou de auxílio. O fato de sua <strong>es</strong>posa ter se sensibilizado com os fatos ocorridos não ensejam dano moral<br />

indenizável.<br />

Por todo o exposto, merece reforma, em parte, a sentença apenas no que se refere ao quantum indenizatório.


Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada.<br />

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

49 - 0005165-13.2003.4.02.5050/01 (2003.50.50.005165-0/01) PAULA REZENDE PERINI (ADVOGADO: NEILIANE<br />

SCALSER.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA, ELADIR MONTENEGRO DE O.<br />

COUTO.) x CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS - CRECI.<br />

EMENTA<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL – INDENIZAÇÃO – INOCORRÊNCIA DE DANO MORAL – MERO ABORRECIMENTO –<br />

SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença de fls. 161/164, que julgou improcedente o seu<br />

pedido de indenização por danos morais. Alega o recorrente, em sínt<strong>es</strong>e, que houve cerceamento de def<strong>es</strong>a pelo juízo a<br />

quo e, no mérito, alega que os fatos ocorridos lhe causaram <strong>tr</strong>anstornos e cons<strong>tr</strong>angimentos. A Caixa Econômica <strong>Federal</strong><br />

apr<strong>es</strong>entou con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />

2. O instituto da r<strong>es</strong>ponsabilidade civil <strong>es</strong>tá previsto no artigo 927 do Código Civil de 2002, o qual possui a seguinte redação:<br />

“Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a ou<strong>tr</strong>em, fica obrigado a repará-lo.”. Por sua vez, o artigo 186 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma normativo dispõe como ato ilícito a ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, que violar<br />

direito e causar dano a ou<strong>tr</strong>em, ainda que exclusivamente moral.<br />

3. Preliminarmente, observa-se que não procede a alegação da recorrente de anulação da sentença por d<strong>es</strong>r<strong>es</strong>peito ao<br />

direito de produção de provas. No caso em qu<strong>es</strong>tão, não houve qualquer cerceamento ao direito de def<strong>es</strong>a, pois o fato<br />

narrado poderia ser provado com provas documentais, não havendo qualquer nec<strong>es</strong>sidade de provas t<strong>es</strong>temunhais. Além<br />

disso, o juiz de primeiro grau deu a oportunidade para a autora <strong>tr</strong>azer novas provas aos autos, conforme d<strong>es</strong>pacho de fl.<br />

137.<br />

4. Alega a recorrente que houve a<strong>tr</strong>aso na devolução do valor referente à caução. Tal alegação, porém, não merece<br />

prosperar, pois o reembolso demanda certo lapso de tempo e, m<strong>es</strong>mo assim, não foi comprovado qualquer prejuízo em<br />

razão de tal fato que, por si só, não enseja indenização por danos morais.<br />

5. A autora não comprovou qualquer dano decorrente dos fatos narrados. Assim, não há que se falar em indenização, pois<br />

o dano é elemento <strong>es</strong>sencial da r<strong>es</strong>ponsabilidade civil. Não há dever de reparação quando inexistir prejuízo.<br />

6. A redação do art. 186 do Código Civil aduz: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,<br />

violar direito e causar dano a ou<strong>tr</strong>em, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. De acordo com tal redação,<br />

pode-se concluir que, para a caracterização de um ato ilícito, são nec<strong>es</strong>sários: a violação de um direito, no caso do dano<br />

moral, um direito da personalidade, e a ocorrência do dano. Observa-se, no caso em qu<strong>es</strong>tão, que ocorreram meros<br />

aborrecimentos para a parte autora, os quais podem acometer qualquer p<strong>es</strong>soa durante a vida. A confusão d<strong>es</strong>ta ideia<br />

poderia colocar em d<strong>es</strong>crédito a própria concepção de r<strong>es</strong>ponsabilidade civil, cabendo ao juiz, analisando o caso concreto,<br />

apontar se a reparação imaterial é cabível ou não. N<strong>es</strong>se sentido, foi aprovado o Enunciado n. 159 do Conselho da <strong>Justiça</strong><br />

<strong>Federal</strong> na III Jornada de Direito Civil, pelo qual o dano moral não se confunde com os meros aborrecimentos decorrent<strong>es</strong><br />

de prejuízo material.<br />

6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

8. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios que ora fixo em R$ 200,00<br />

(duzentos reais).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

50 - 0001461-84.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.001461-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x FERNANDO GUIMARÃES (ADVOGADO: CHRISTOVAM RAMOS<br />

PINTO NETO.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – ATIVIDADE ESPECIAL – CONVERSÃO EM TEMPO DE SERVIÇO COMUM – TENSÃO ELÉTRICA –<br />

COMPROVAÇÃO ATRAVÉS DE PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO – FATOR DE CONVERSÃO –<br />

DECRETO 2.172/97 – SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido<br />

autoral, para condenar o INSS a computar como tempo de serviço <strong>es</strong>pecial o período de 07/08/1978 a 28/05/1998, e<br />

convertê-lo em tempo de serviço comum, além de conceder aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição. Em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, o INSS alega que não havia, na atividade habitual do autor, nocividade capaz de caracterizá-la como <strong>es</strong>pecial,<br />

pois seu contato não era permanente com os serviços expostos à tensão superior a 250 volts. Afirma que a profissão de


cabista de empr<strong>es</strong>a de telefonia não <strong>es</strong>tá contemplada pelo Decreto 53.831/64 como categoria profissional considerada<br />

<strong>es</strong>pecial. Aduz, ainda, que após 05/03/1997, o agente nocivo ele<strong>tr</strong>icidade deixa de caracterizar a atividade como <strong>es</strong>pecial,<br />

não possibilitando a aplicação do fator de conversão em tempo comum após <strong>es</strong>sa data. Requer, portanto, a reforma da<br />

sentença para julgar improcedente o pedido autoral.<br />

2. O benefício de aposentadoria <strong>es</strong>pecial foi instituído pela Lei 3.807, de 26/08/1960, d<strong>es</strong>tinado aos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que<br />

laboram em condiçõ<strong>es</strong> peculiar<strong>es</strong>, submetidos a certo grau de risco e comprometimento à saúde ou integridade física, para<br />

os quais pr<strong>es</strong>crevia a redução do tempo de serviço (quinze, vinte ou vinte e cinco anos de atividade) para a sua conc<strong>es</strong>são.<br />

Com o advento do Decreto n.º 53.831, de 25/03/1964, foi <strong>es</strong>tabelecida uma relação das atividad<strong>es</strong> profissionais conforme<br />

os agent<strong>es</strong> químicos, físicos e biológicos, assim como um elenco de serviços e atividad<strong>es</strong> profissionais classificadas como<br />

insalubr<strong>es</strong>, penosas ou perigosas, enquadrando-se a exposição a tensõ<strong>es</strong> elé<strong>tr</strong>icas superior<strong>es</strong> a 250 volts como <strong>es</strong>pecial,<br />

para cuja conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria, exigia-se, no mínimo, 25 anos de exercício.<br />

3. A atividade sujeita ao agente nocivo ele<strong>tr</strong>icidade, em tensão superior a 250 volts, é considerada perigosa, consoante o<br />

disposto no item 1.1.8 do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64: “operaçõ<strong>es</strong> em locais com ele<strong>tr</strong>icidade em condiçõ<strong>es</strong> de<br />

perigo de vida”, quanto aos “<strong>tr</strong>abalhos permanent<strong>es</strong> em instalaçõ<strong>es</strong> ou equipamentos elé<strong>tr</strong>icos com risco de acident<strong>es</strong> –<br />

ele<strong>tr</strong>icistas, cambistas, montador<strong>es</strong> e ou<strong>tr</strong>os”. Compulsando os autos, verifica-se que o PPP (fls.33/34) comprova que o<br />

autor <strong>es</strong>teve exposto permanente e não ocasionalmente à tensão elé<strong>tr</strong>ica superior a 250 volts no período de 07/08/1978 a<br />

12/11/2003.<br />

4. Com base n<strong>es</strong>sa comprovação, não procede a alegação recursal, pois se constatou que o autor mantinha contato com o<br />

agente “ele<strong>tr</strong>icidade”. Ademais, quando se <strong>tr</strong>ata de ele<strong>tr</strong>icidade, o risco de acidente independe do tempo de exposição ao<br />

agente nocivo. Quando há exposição a altas tensõ<strong>es</strong> elé<strong>tr</strong>icas, é visível o caráter de periculosidade, sendo que a<br />

caracterização em atividade <strong>es</strong>pecial não depende da exposição do segurado durante toda a jornada de <strong>tr</strong>abalho, pois o<br />

contato mínimo já oferece potencial risco de morte ao <strong>tr</strong>abalhador.<br />

5. Além disso, o fato de a profissão não <strong>es</strong>tar enquadrada no Decreto 53.831/64 não significa que a profissão do autor não<br />

era <strong>es</strong>pecial, pois como exposto abaixo, o rol das profissõ<strong>es</strong> era apenas exemplificativo, o indispensável era <strong>es</strong>tar em<br />

condição de <strong>tr</strong>abalho que lhe expunha a tensão superior à definida por lei.<br />

Trabalhos permanent<strong>es</strong> em instalaçõ<strong>es</strong> ou equipamentos elé<strong>tr</strong>icos com riscos de acident<strong>es</strong> - Ele<strong>tr</strong>icistas, cabistas,<br />

montador<strong>es</strong> e ou<strong>tr</strong>os.<br />

Jornada normal ou <strong>es</strong>pecial fixada em lei em serviços expostos a tensão superior a 250 volts.<br />

6. Por ou<strong>tr</strong>o lado, prospera a alegação do INSS quando afirma que as disposiçõ<strong>es</strong> que classificavam o agente “ele<strong>tr</strong>icidade”<br />

como nocivo à saúde do <strong>tr</strong>abalhador, só vigoraram até 05/03/1997. O Decreto n.º 2.172, de 05.03.1997, que se sucedeu ao<br />

Decreto acima comentado, ao regulamentar a Lei dos Benefícios Previdenciários, revogou expr<strong>es</strong>samente os Decretos nº<br />

357, de 07/12/1991, nº 611, de 24/07/1992 e nº 854, de 02/07/1993. Assim, a ele<strong>tr</strong>icidade deixou de figurar na lista de<br />

agent<strong>es</strong> nocivos.<br />

7. Dito isso, deve ser considerado como <strong>es</strong>pecial o período compreendido en<strong>tr</strong>e 07/08/1978 a 05/03/1997, acolhendo a t<strong>es</strong>e<br />

da autarquia federal quanto à aplicação do Decreto 2172/97, e suprimindo do cálculo laborado pelo juiz a quo o período de<br />

06/03/1997 a 28/05/1998 como sendo de atividade <strong>es</strong>pecial, passando a considerá-lo apenas como de atividade comum,<br />

sem aplicação do fator de conversão. Porém, verifica-se que <strong>es</strong>sa diminuição não obstará a conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

aposentadoria, pois m<strong>es</strong>mo após a redução, a parte autora terá con<strong>tr</strong>ibuído por mais de 35 anos (39 anos e 22 dias).<br />

8. Sentença parcialmente reformada. Recurso conhecido e parcialmente provido.<br />

9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é<br />

vencido, na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

51 - 0008941-79.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008941-5/01) MAURILIO DA SILVA (ADVOGADO: KELLY CRISTINA<br />

ANDRADE DO ROSARIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de<br />

Oliveira.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL –<br />

NÃO COMPROVAÇÃO DE TODOS OS PERÍODOS PLEITEADOS – DOCUMENTOS CONTRADITÓRIOS NOS AUTOS<br />

–SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença (fls.573/578) que julgou extinto o<br />

proc<strong>es</strong>so sem r<strong>es</strong>olução de mérito quanto aos períodos que já haviam sido reconhecidos adminis<strong>tr</strong>ativamente, bem como<br />

julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a proceder à averbação, como tempo de serviço <strong>es</strong>pecial,<br />

dos seguint<strong>es</strong> períodos: 21/01/1974 a 11/03/1977, 01/04/1977 a 31/10/1977, 13/03/1988 a 20/09/1988. Condenou, ainda, à<br />

revisão da RMI da aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição e ao pagamento das diferenças devidas. Em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, o autor alega que a sentença a quo deve ser reformada, visto que a decisão con<strong>tr</strong>aria os documentos juntados<br />

aos autos, pois as provas demons<strong>tr</strong>am claramente que todo o seu tempo de serviço se deu de forma insalubre.<br />

2. O benefício de aposentadoria <strong>es</strong>pecial foi instituído pela Lei 3.807, de 26/08/1960, d<strong>es</strong>tinado aos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que<br />

laboram em condiçõ<strong>es</strong> peculiar<strong>es</strong>, submetidos a certo grau de risco e comprometimento à saúde ou integridade física, para


os quais pr<strong>es</strong>crevia a redução do tempo de serviço (quinze, vinte ou vinte e cinco anos de atividade) para a sua conc<strong>es</strong>são.<br />

Com o advento do Decreto n.º 53.831, de 25/03/1964, foi <strong>es</strong>tabelecida uma relação das atividad<strong>es</strong> profissionais conforme<br />

os agent<strong>es</strong> químicos, físicos e biológicos, assim como um elenco de serviços e atividad<strong>es</strong> profissionais classificadas como<br />

insalubr<strong>es</strong>, penosas ou perigosas.<br />

3. A sentença a quo não merece qualquer reparo. Foi julgado extinto o proc<strong>es</strong>so, sem r<strong>es</strong>olução do mérito, quanto aos<br />

períodos compreendidos en<strong>tr</strong>e 01/10/1961 a 30/12/1964, 01/01/1978 a 28/02/1982 e 05/03/1985 a 30/09/1986, por já terem<br />

sido reconhecidos pelo INSS como sendo de atividade <strong>es</strong>pecial. Constata-se que a autarquia federal já converteu os<br />

períodos para o cômputo do exercício de atividade em condiçõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>peciais.<br />

4. Quanto à atividade laboral exercida como “colportor”, d<strong>es</strong>taca-se que não há que caracterizá-la como atividade <strong>es</strong>pecial,<br />

visto que sua função era vender ou dis<strong>tr</strong>ibuir livros, <strong>es</strong>pecialmente bíblias, livros e <strong>tr</strong>atados religiosos. Assim, não r<strong>es</strong>ta<br />

configurada à exposição a agent<strong>es</strong> nocivos.<br />

5. Os períodos compreendidos en<strong>tr</strong>e 01/09/1987 a 12/03/1988 e 21/09/1988 a 31/03/2003 não podem ser considerados<br />

como de atividade <strong>es</strong>pecial, tendo em vista as con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> nos documentos juntados aos autos. No formulário<br />

DSS-8030 (fl. 36), consta a atividade do autor como “técnico em radiologia”, no período de 1987 a 2000. Já em ou<strong>tr</strong>o<br />

formulário DSS-8030 (fl. 41) foi informada a atividade de “terapêutico holístico/fisioterapêutico”, no período de 1987 a 2003.<br />

6. É devido considerar os períodos en<strong>tr</strong>e 21/01/1974 a 11/03/1977, 01/04/1977 a 31/10/1977, e 13/03/1988 a 20/09/1988<br />

como de atividade <strong>es</strong>pecial, pois, em tais períodos, o autor se encon<strong>tr</strong>ou exposto a agent<strong>es</strong> biológicos.<br />

7. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

52 - 0001948-17.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.001948-3/01) VALDIR CORREA DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ARMANDO<br />

VEIGA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).<br />

E M E N T A<br />

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO – CÔMPUTO DO TEMPO DE LABOR RURAL –<br />

IMPOSSIBILIDADE – NÃO CARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – SENTENÇA MANTIDA -<br />

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença de fls. 109/110, que julgou improcedente o<br />

pedido de conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por tempo de serviço com averbação de período rural. Alega o<br />

recorrente, em seu recurso, que laborou no meio rural, em regime de economia familiar, no período de 20/02/1966 a<br />

20/06/1973, perfazendo mais de 07 anos, e que, posteriormente, passou a d<strong>es</strong>empenhar atividade urbana, tendo vertido<br />

con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> para a Previdência por aproximadamente 27 anos. Por entender pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> todos os requisitos para a<br />

averbação do período rural, requer seja reformada a sentença.<br />

2. Verifica-se que o autor juntou aos autos, para comprovação do <strong>tr</strong>abalho rural, os seguint<strong>es</strong> documentos: certidão de<br />

aquisição de imóvel rural, tendo seus pais como adquirent<strong>es</strong>, em 25/11/1950, com área total de 968.000 m², contendo duas<br />

casas de moradia e 10.000 cafeeiros (fl. 25); certidão de aquisição de imóvel rural, tendo seus pais como adquirent<strong>es</strong>, em<br />

19/04/1952, com área total de 242.000 m² e 2.000 cafeeiros (fl. 26); certidão de aquisição de imóvel rural, tendo seus pais<br />

como adquirent<strong>es</strong>, em 23/09/1960, com área total de 348.480 m², contendo casa, curral e moinho (fl. 27); ITR do ano de<br />

1972, onde a propriedade do pai é classificada como latifúndio para exploração; declaraçõ<strong>es</strong> de vizinhos contendo a<br />

informação de que a área <strong>tr</strong>abalhada pelo autor, junto com sua família, era de 193,5 ha (fls. 30/35).<br />

3. No Município de Afonso Cláudio (código 504.017), onde se situam os imóveis rurais, o módulo fiscal corr<strong>es</strong>ponde a 20<br />

ha, conforme Ins<strong>tr</strong>ução Normativa nº 27, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. Assim, as<br />

propriedad<strong>es</strong> rurais dos pais do autor possuem quase 10 módulos fiscais, o que, na referência atual, denota média<br />

propriedade.<br />

4. O autor, em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, afirmou que <strong>tr</strong>abalhou em uma das propriedad<strong>es</strong> rurais de seus pais no período de<br />

20/02/1966 a 20/06/1973. Declarou que capinava, tirava leite, roçava pasto e que tomava conta de “companheiros”. Além<br />

disso, afirmou que o pai tinha 06 (seis) colonos n<strong>es</strong>ta propriedade. Durante o depoimento, a Juíza a quo verificou que<br />

constavam nos autos duas cópias do certificado de dispensa de incorporação do autor (fl. 14 e 76). Na cópia de fl. 14, a<br />

profissão do autor não foi informada (“em branco”), enquanto que na cópia de fl. 76-verso, constava a profissão de<br />

“lavrador”. Qu<strong>es</strong>tionado sobre tal fato, o autor apr<strong>es</strong>entou a original do documento, que se encon<strong>tr</strong>ava rasurado e com<br />

inscriçõ<strong>es</strong> a lápis no verso. O recorrente alegou d<strong>es</strong>conhecer tal fato. Em vista do ocorrido, as cópias divergent<strong>es</strong> do<br />

certificado de dispensa de incorporação foram encaminhadas para o MPF, para as providências cabíveis.<br />

5. A t<strong>es</strong>temunha do autor, em seu depoimento, afirmou que não havia colonos na propriedade em que o recorrente<br />

<strong>tr</strong>abalhava. Quando qu<strong>es</strong>tionado sobre a afirmação do autor de que lá existiam 06 colonos, disse que conhecia apenas 02<br />

(dois) vaqueiros, que ele via passando com o gado. Afirmou que os pais do autor tinham ou<strong>tr</strong>as propriedad<strong>es</strong> e que n<strong>es</strong>tas<br />

havia colonos.<br />

6. Pela análise dos documentos juntados aos autos verifica-se que o autor e sua família eram proprietários de grande<br />

extensão de terra, com várias casas, grande plantação de café (12.000 pés) e empregados. Em que p<strong>es</strong>e a parte autora ter<br />

alegado labor rural d<strong>es</strong>de 20/02/1966, quando contava com 14 anos de idade, até 20/06/1973, ocasião em que iniciou o seu<br />

vínculo urbano, r<strong>es</strong>ta demons<strong>tr</strong>ado que a sua situação econômica não era similar a de um segurado <strong>es</strong>pecial, e que, para


fazer jus à averbação do tempo de labor camp<strong>es</strong>ino, deveria ter con<strong>tr</strong>ibuído para a Previdência Social.<br />

7. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário de assistência<br />

judiciária.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que<br />

passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

53 - 0000411-09.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000411-1/01) OSMAR VELOSO SOARES (ADVOGADO: MARINA DE<br />

PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).<br />

RECURSO N. 0000411-09.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000411-1/01)<br />

RECORRENTE: OSMAR VELOSO SOARES<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE TOTAL AFERIDA<br />

POR INTERMÉDIO DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO SEGURADO – DATA INICIAL DO BENEFÍCIO – RECURSO<br />

CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

54 - 0001849-76.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001849-9/01) ENI PADELA (ADVOGADO: EVANDRO ABDALLA, Rodrigo<br />

Santolini Fitaroni.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim<br />

Campos.) x OS MESMOS.<br />

RECURSOS Nº 2009.50.51.001849-9/01<br />

RECORRENTE(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e ENI PADELA<br />

RECORRIDO(S): OS MESMOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSOS INOMINADOS – PREVIDENCIÁRIO – TEMPESTIVIDADE – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE TOTAL E<br />

TEMPORÁRIA – DATA INICIAL – CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO – CONVERSÃO PARA APOSENTADORIA POR<br />

INVALIDEZ – IMPOSSIBILIDADE – RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS – SENTENÇA INTEGRALMENTE<br />

MANTIDA.<br />

I. Insurgem-se as part<strong>es</strong> autora e ré em face da sentença proferida às fls. 196/198, que julgou parcialmente procedente o<br />

pedido autoral e condenou o INSS ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença, d<strong>es</strong>de 01.01.2009 até<br />

25.09.2010, ocasião em que a autora deverá ser submetida a nova perícia médica.<br />

II. O INSS (primeiro recorrente), em razõ<strong>es</strong> de fls. 199/202, impugna a data fixada para o início do benefício previdenciário,<br />

ao sustentar que o marco original deve se basear na data da juntada do laudo pericial aos autos do proc<strong>es</strong>so.<br />

III. A autora (segunda recorrente), de sua parte, em recurso de fls. 212/219, qu<strong>es</strong>tiona, igualmente, a data inicial do<br />

benefício, alegando que o termo inaugural deve ter por base a origem da incapacidade laborativa (12.04.2000), e pugna


pela caracterização da moléstia que a acomete como total e definitiva, razão pela qual requer a conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

aposentadoria por invalidez. Alternativamente, requer a reabertura da ins<strong>tr</strong>ução proc<strong>es</strong>sual, para efeito de análise da<br />

impugnação formalizada às fls. 187/191.<br />

IV. Em sede de con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, a primeira recorrida sustenta a correção da fixação da data inicial do benefício, até<br />

julgamento do recurso inominado por ela manejado. Dou<strong>tr</strong>a vertente, o segundo recorrido suscita intemp<strong>es</strong>tividade do<br />

recurso aviado pela parte autora, reafirma sua t<strong>es</strong>e quanto à data de fixação da DIB e combate o pleito de conc<strong>es</strong>são de<br />

aposentadoria por invalidez, sob o argumento de que a perícia judicial apenas apurou a incapacidade temporária para o<br />

labor.<br />

V. Preliminarmente, afasto a intemp<strong>es</strong>tividade do recurso da parte autora, pois, ao con<strong>tr</strong>ário do que noticiou o INSS em<br />

suas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, a segunda recorrente manejou o apelo inominado den<strong>tr</strong>o do decênio fixado no artigo 42 da Lei<br />

9.099/95, tendo em vista a ausência de expediente forense nas seçõ<strong>es</strong> judiciárias da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> nos dias 01 e 02 de<br />

novembro de 2010, por força de feriados instituídos pela Lei 5.010/66 .<br />

VI. No mérito, entendo que a sentença impugnada não merece quaisquer reparos. No tocante ao DIB, acertada a conclusão<br />

do juízo quo, eis que, uma vez apurada por prova técnica a data do início da incapacidade, <strong>es</strong>ta deve ser tomada como<br />

base para a fixação do termo inicial da conc<strong>es</strong>são/r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício, deduzidos, à evidência, valor<strong>es</strong><br />

eventualmente já creditados sob o m<strong>es</strong>mo título. D<strong>es</strong>ta feita, considerando que o jusperito apontou 23.01.2007 como data<br />

da origem da incapacidade e, ainda, que a autora <strong>es</strong>teve em gozo de auxílio-doença até 31.12.2008, r<strong>es</strong>ta claro que a data<br />

inicial do r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício deve pautar-se pela ocasião da suspensão adminis<strong>tr</strong>ativa de seu pagamento. N<strong>es</strong>te<br />

tópico, rejeito, pois, os recursos de ambas as part<strong>es</strong>.<br />

VII. Quanto à pretensão de conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, igualmente não<br />

merece acolhida o pleito recursal. Verifico que a perícia produzida nos autos concluiu pela incapacidade total e temporária<br />

para o labor, fixando em seis m<strong>es</strong><strong>es</strong> o tempo nec<strong>es</strong>sário para <strong>tr</strong>atamento e recuperação da paciente periciada. D<strong>es</strong>te modo,<br />

a d<strong>es</strong>peito de se <strong>tr</strong>atar de moléstia qualificada como degenerativa, tal diagnóstico não induz à ilação nec<strong>es</strong>sária de que a<br />

parte não pode recuperar a capacidade para o labor. Entendimento con<strong>tr</strong>ário significaria equiparar os conceitos de doença e<br />

incapacidade, uma vez que o indivíduo pode padecer de doença (até m<strong>es</strong>mo de ordem incurável) e, ainda assim, deter<br />

plena capacidade para a execução de suas atividad<strong>es</strong> laborativas habituais. Portanto, sendo certo que a perícia promovida<br />

em juízo constitui mecanismo eficaz e eficiente para a comprovação da (in)capacidade do segurado e considerando que<br />

inexistem nos autos elementos capaz<strong>es</strong> de infirmar a conclusão da prova técnica, entendo que deve ser mantida a<br />

orientação adotada pelo juízo a quo.<br />

VIII. Finalmente, deixo de acolher o pleito de reabertura da ins<strong>tr</strong>ução proc<strong>es</strong>sual para fins de apreciação da impugnação ao<br />

laudo pericial de fls.187/191. A uma porque, na <strong>es</strong>teira da jurisprudência sedimentada nos <strong>tr</strong>ibunais superior<strong>es</strong>, o<br />

magis<strong>tr</strong>ado não <strong>es</strong>tá obrigado a manif<strong>es</strong>tar-se sobre todas as alegaçõ<strong>es</strong> formuladas pelas part<strong>es</strong>, d<strong>es</strong>de que já tenha<br />

motivos suficient<strong>es</strong> a fundamentar sua decisão. E, a duas, e com maior relevo, porque não creio que o laudo de fls.136/137<br />

careça de <strong>es</strong>clarecimentos ou reparos, o que d<strong>es</strong>autoriza a pretensão de reabertura da fase ins<strong>tr</strong>utória.<br />

IX. Recursos conhecidos e improvidos. Sentença integralmente mantida.<br />

X. Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, ante a sucumbência recíproca.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AOS RECURSOS, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

55 - 0000008-46.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000008-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x DORCELINO MAGESKI (ADVOGADO: Valdeci José Tomazini.).<br />

RECURSO N. 2009.50.51.000008-2/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RECORRIDO: DORCELINO MAGESKI<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –<br />

INCAPACIDADE TOTAL AFERIDA POR INTERMÉDIO DAS CONDIÇÕES PESSOAIS DO SEGURADO – RECURSO<br />

CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.


I. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 44/47, a qual julgou<br />

parcialmente procedente o pedido autoral e condenou a autarquia federal ao pagamento dos benefícios previdenciários de<br />

auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez.<br />

II. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, alega o INSS que o recorrido não faz jus ao benefício de aposentadoria por invalidez, haja<br />

vista que o laudo pericial produzido nos autos apenas apurou a incapacidade parcial e definitiva da parte, o que abriria<br />

possibilidade para a reabilitação em ou<strong>tr</strong>a atividade laboral.<br />

III. A aposentadoria por invalidez, conforme disposição constante do artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado<br />

que, após cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for<br />

considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á<br />

paga enquanto permanecer <strong>es</strong>ta condição. Por sua vez, o auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei 8.213/91, será devido<br />

ao segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho<br />

ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

IV. No pr<strong>es</strong>ente caso, verifica-se que a con<strong>tr</strong>ovérsia erige-se sobre o requisito da incapacidade laboral. A perícia judicial (fl.<br />

41) at<strong>es</strong>tou que o recorrido (portador de hipertensão arterial sistêmica e de doença arterial coronariana) encon<strong>tr</strong>a-se total e<br />

definitivamente incapaz para o labor braçal p<strong>es</strong>ado, inclusive para a lavoura (<strong>tr</strong>abalho habitual da parte), o que, sem uma<br />

análise pormenorizada das demais circunstâncias dos autos, poderia induzir à precipitada conclusão de que o recorrido faz<br />

jus apenas ao auxílio-doença.<br />

V. Todavia, após análise detida do caderno proc<strong>es</strong>sual, é possível verificar que ao recorrido deve ser assegurado não<br />

apenas o r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença, mas também a conversão d<strong>es</strong>te em aposentadoria por invalidez,<br />

conforme bem regis<strong>tr</strong>ou a sentença proferida pelo juiz a quo. Com efeito, as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais do recorrido, notadamente<br />

a idade avançada (61 anos) e o histórico de exercício de atividad<strong>es</strong> rurícolas, fundamentam a conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

aposentadoria por invalidez.<br />

VI. Vale enfatizar que as referidas condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais fazem com que se torne ex<strong>tr</strong>emamente difícil (senão impossível)<br />

para o segurado obter uma vaga de emprego que não exija <strong>es</strong>forço físico, diante da conjuntura atual do mercado de<br />

<strong>tr</strong>abalho, a qual, inegavelmente, privilegia os mais jovens e os que detêm maior e mais variada formação educacional e<br />

profissional.<br />

VII. Segue jurisprudência que corrobora o entendimento acima adotado: “[...] Ponderando-se, no caso, as condiçõ<strong>es</strong><br />

p<strong>es</strong>soais da autora e constatando-se, d<strong>es</strong>se modo, a sua total incapacidade para o exercício do <strong>tr</strong>abalho, é de ser<br />

concedida aposentadoria por invalidez. 4. Levando em conta que o argumento apr<strong>es</strong>entado pelo INSS, para negativa do<br />

benefício pleiteado em juízo, somente consiste na possibilidade de alteração da atividade laboral exercida pela segurada,<br />

com ausência de <strong>es</strong>forço físico e de tensão nervosa, cumpre reconhecer que com a informação <strong>tr</strong>azida pelos laudos<br />

periciais do juízo de fls. 42 e 52, e pela farta documentação anexada pela parte, que corrobora suas alegaçõ<strong>es</strong>, não há<br />

dúvida quanto ao reconhecimento da enfermidade incapacitante at<strong>es</strong>tada nos autos passível de permitir o deferimento do<br />

benefício. [...]” (Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 1ª Região – Segunda Turma – Proc<strong>es</strong>so n. 200101000003901 – Relatora:<br />

Juíza <strong>Federal</strong> NEUZA MARIA ALVES DA SILVA – Julgado em: 07/04/2010 – Publicado em: 13/05/2010). (Grifos nossos).<br />

VIII. Quadra d<strong>es</strong>tacar que a conclusão obtida pelo juiz a quo, e ora confirmada no pr<strong>es</strong>ente acórdão, encon<strong>tr</strong>a abrigo nos<br />

artigos 131 e 436 do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil. Tais dispositivos autorizam o magis<strong>tr</strong>ado a formar seu convencimento com<br />

base em ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos provados nos autos, não ficando seu juízo ads<strong>tr</strong>ito à conclusão firmada pelo perito,<br />

d<strong>es</strong>de que observada a motivação da decisão.<br />

IX. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

X. Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios fixados em R$ 200,00<br />

(duzentos reais).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

56 - 0000459-71.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000459-2/01) NADIR BARBOSA DOS SANTOS (ADVOGADO: ARMANDO<br />

VEIGA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).<br />

RECURSO N.° 2009.50.51.000459-2/01<br />

RECORRENTE: NADIR BARBOSA DOS SANTOS<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR


E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. APTIDÃO<br />

PARA O TRABALHO ATESTADA POR PROVA PERICIAL REGULAR. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

I. Cuida-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 79/80, que<br />

julgou improcedente o pleito de conc<strong>es</strong>são de auxílio doença ou de aposentadoria por invalidez, com base na conclusão<br />

técnica apurada pelo(a) perito(a) do juízo no laudo de fl. 73.<br />

II. Insurge-se a recorrente, sob o argumento de que a perita nomeada nos autos não detinha <strong>es</strong>pecialidade médica<br />

compatível com o conhecimento técnico exigido para a análise da moléstia que, supostamente, a incapacita para o <strong>tr</strong>abalho<br />

e, ainda, de que não fora informada d<strong>es</strong>sa <strong>es</strong>pecialidade no momento da nomeação, razão pela qual não teria tido<br />

oportunidade para impugnar o profissional indicado pelo juízo.<br />

III. Consoante se ex<strong>tr</strong>ai dos elementos dos autos, a recorrente noticia, na peça inaugural, que padece de “problemas<br />

psiquiá<strong>tr</strong>icos” e de “dor lombar”. Deferida a prova técnica, verifica-se que a perícia produzida nos autos concluiu pela<br />

capacidade da recorrente para o d<strong>es</strong>empenho de atividad<strong>es</strong> laborais, o que fundamenta o indeferimento dos benefícios<br />

previdenciários pleiteados.<br />

IV. N<strong>es</strong>se contexto, recordando que a perícia promovida em juízo constitui mecanismo eficaz e eficiente para a<br />

comprovação da (in)capacidade do segurado e considerando que inexistem nos autos elementos capaz<strong>es</strong> de infirmar as<br />

assertivas do perito judicial, entendo que deve ser mantida a orientação firmada no laudo de fl. 73. Com efeito, não me<br />

parece plausível deferir os benefícios previdenciários pretendidos – seja de auxílio doença, seja de aposentadoria por<br />

invalidez - se constatada a capacidade para o <strong>tr</strong>abalho habitual da autora/recorrente, sendo certo que a existência de<br />

eventual patologia não implica, nec<strong>es</strong>sariamente, inaptidão para o labor.<br />

V. Finalmente, no que tange à alegação de que o(a) perito(a) nomeado(a) não detém a <strong>es</strong>pecialidade médica supostamente<br />

compatível com uma das doenças que acomete a recorrente, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que o ordenamento proc<strong>es</strong>sual não prevê<br />

<strong>es</strong>ta exigência, já que o regis<strong>tr</strong>o nos quadros no Conselho Regional de Medicina – CRM habilita o profissional a aferir a<br />

(in)capacidade laborativa do paciente. A “<strong>es</strong>pecialidade” a que alude o artigo 145, §2º, do CPC deve ser vista de maneira<br />

ampla, tanto assim que o próprio dispositivo legal a relaciona à nec<strong>es</strong>sidade de regis<strong>tr</strong>o no órgão profissional competente<br />

(que, no caso, é repr<strong>es</strong>entado pelo Conselho Regional de Medicina – CRM), não sendo nec<strong>es</strong>sário, para que a perícia<br />

tenha validade, que o médico comprove <strong>es</strong>pecialidade den<strong>tr</strong>o da medicina supostamente compatível com a enfermidade de<br />

que padece o paciente.<br />

VI. Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.<br />

VII. Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, ante o deferimento da gratuidade de justiça<br />

(fl. 47).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

57 - 0000272-63.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000272-8/01) IRASSUAI BRUSTOLON MUNIS (ADVOGADO: ELIAS<br />

ASSAD NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA<br />

COSTA.).<br />

RECURSO N.° 2009.50.51.00272-8<br />

RECORRENTE: IRASSUAI BRUSTOLON MUNIS<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. APTIDÃO PARA


O TRABALHO ATESTADA POR PROVA PERICIAL. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS SUFICIENTES A INFIRMAR A<br />

CONCLUSÃO PERICIAL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

I. Cuida-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 71/72, que<br />

julgou improcedent<strong>es</strong> os pleitos de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício previdenciário de auxílio-doença e de sua conversão em<br />

aposentadoria por invalidez, com base na conclusão técnica apurada pelo perito do juízo no laudo de fls. 59/60.<br />

II. Insurge-se a recorrente, sob o argumento de que o laudo emitido pelo perito do juízo não se compatibiliza com sua real<br />

condição de saúde, bem como d<strong>es</strong>considera os demais elementos de prova produzidos nos autos.<br />

III. No caso sob apreço, é possível verificar que a perícia produzida nos autos concluiu pela capacidade da recorrente para<br />

o d<strong>es</strong>empenho de atividad<strong>es</strong> laborais, o que fundamenta o indeferimento dos benefícios previdenciários pleiteados.<br />

IV. N<strong>es</strong>se contexto, recordando que a perícia promovida em juízo constitui mecanismo eficaz e eficiente para a<br />

comprovação da (in)capacidade do segurado e considerando que inexistem nos autos elementos capaz<strong>es</strong> de infirmar as<br />

assertivas do perito judicial, entendo que deve ser mantida a orientação firmada no laudo de fls. 59/60. Com efeito, não me<br />

parece plausível deferir os benefícios previdenciários pretendidos – seja de auxílio-doença, seja de aposentadoria por<br />

invalidez – se constatada a capacidade para o <strong>tr</strong>abalho habitual da autora/recorrente, sendo certo que a existência de<br />

eventual patologia não implica, nec<strong>es</strong>sariamente, inaptidão para o labor.<br />

V. Por fim, verifica-se que a ausência de juntada da íntegra do proc<strong>es</strong>so adminis<strong>tr</strong>ativo da recorrente junto ao INSS não<br />

prejudica ou altera o r<strong>es</strong>ultado final da lide, uma vez que a parte teve oportunidade de colacionar aos autos todos os<br />

exam<strong>es</strong> e receituários médicos de que dispunha para fazer prova em seu favor, os quais foram devidamente sop<strong>es</strong>ados<br />

pelo magis<strong>tr</strong>ado a quo e por <strong>es</strong>te relator no momento da prolação dos provimentos jurisdicionais.<br />

VI. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

VII. Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, ante o deferimento da gratuidade de justiça<br />

(fl. 45).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

58 - 0001968-74.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001968-5/01) JALMYR ROSA DA SILVA (ADVOGADO: CLARENCE<br />

ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER<br />

DARROZ ROSSONI.).<br />

RECURSO N.° 0001968-74.2008.4.02.5050/01 (2008.50.5 0.001968-5/01)<br />

RECORRENTE: JALMYR ROSA DA SILVA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. APTIDÃO<br />

PARA O TRABALHO ATESTADA POR PROVA PERICIAL REGULAR. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

I. Cuida-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 95/96, que<br />

julgou improcedente o pleito de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença ou de conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

aposentadoria por invalidez, com base na conclusão técnica apurada pelo perito do juízo no laudo de fls. 56/58.<br />

II. Insurge-se o recorrente, sob o argumento de que o laudo emitido pelo perito do juízo não se compatibiliza com sua real<br />

condição de saúde, bem como d<strong>es</strong>considera os demais documentos médicos colacionados aos autos.<br />

III. No pr<strong>es</strong>ente caderno proc<strong>es</strong>sual, é possível verificar que a perícia produzida nos autos concluiu pela capacidade do<br />

recorrente para o d<strong>es</strong>empenho de atividad<strong>es</strong> laborais, o que fundamenta o indeferimento dos benefícios previdenciários<br />

pleiteados.<br />

IV. N<strong>es</strong>se contexto, recordando que a perícia promovida em juízo constitui mecanismo eficaz e eficiente para a<br />

comprovação da (in)capacidade do segurado e considerando que inexistem nos autos elementos capaz<strong>es</strong> de infirmar as


assertivas do perito judicial, entendo que deve ser mantida a orientação firmada no laudo de fls. 56/58. Com efeito, não me<br />

parece plausível deferir os benefícios previdenciários pretendidos – seja de auxílio-doença, seja de aposentadoria por<br />

invalidez – se constatada a capacidade para o <strong>tr</strong>abalho habitual do autor/recorrente, sendo certo que a existência de<br />

eventual patologia não implica, nec<strong>es</strong>sariamente, inaptidão para o labor.<br />

V. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

VI. Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, ante o deferimento da gratuidade de justiça<br />

(fl. 45).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

59 - 0002414-74.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002414-8/01) MARCELO DA SILVA CARDOSO (ADVOGADO: MICHELA<br />

JACOMELI MARTINS, IZAIAS CORREA BARBOZA JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).<br />

PROCESSO Nº 2008.50.51.002414-8/01<br />

RECORRENTE: MARCELO DA SILVA CARDOSO<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO AUXÍLIO-DOENÇA E<br />

CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – CONFIGURADA INCAPACIDADE TEMPORÁRIA PARA<br />

FUNÇÃO HABITUAL DO AUTOR - SOLDADOR OFICIALIZADO – REALIZAÇÃO DE PROCESSO DE REABILITAÇÃO<br />

PARA O EXERCÍCIO DE OUTRAS FUNÇÕES HÁBEIS A GARANTIR AO AUTOR SUBSISTÊNCIA – CAPACIDADE<br />

CONFIGURADA PARA O EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES PARA O QUAL FOI REABILITADO – RECURSO CONHECIDO E,<br />

NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 61/62, que julgou<br />

improcedente o pleito autoral de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por<br />

invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que sua profissão habitual para o qual <strong>es</strong>tá incapacitado parcial<br />

e temporariamente (soldador oficializado), lhe garante um salário bem superior ao piso salarial das profissõ<strong>es</strong> indicadas no<br />

Programa de Reabilitação Profissional do INSS para as quais foi reabilitado.<br />

2. O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a Aposentadoria por Invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. De acordo com o laudo pericial acostado às fls. 51/52, o recorrente possui ar<strong>tr</strong>ose em coluna lombar de origem<br />

degenerativa e cistos perineurais (cisto de Tarlov), o que o incapacita de forma parcial e temporária. O perito at<strong>es</strong>ta ainda a<br />

nec<strong>es</strong>sidade de cirurgia para que o autor possa r<strong>es</strong>tabelecer sua capacidade laboral, informação <strong>es</strong>ta colhida de diversos<br />

laudos apr<strong>es</strong>entados pelo recorrente (fls. 17/29) e também confirmada pelo próprio expert em r<strong>es</strong>posta aos qu<strong>es</strong>itos de nº<br />

6, 11 e 12.<br />

4. Em sede de con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, o INSS alega ter o autor se submetido à Reabilitação (fl. 35) para que pud<strong>es</strong>se d<strong>es</strong>empenhar<br />

ou<strong>tr</strong>as funçõ<strong>es</strong> enquanto não ocorr<strong>es</strong>se o <strong>tr</strong>atamento cirúrgico (auxiliar de almoxarife, embalador, repositor, apontador,<br />

porteiro, vigilante, auxiliar de <strong>es</strong>toque, serralheiro com r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ição a sobrecarga do <strong>es</strong>queleto axial e posição de pé por tempo<br />

prolongado – fl. 35), informação <strong>es</strong>ta conhecida pelo autor que não se con<strong>tr</strong>apõe a ela (reabilitação).<br />

5. Em que p<strong>es</strong>e à alegação do recorrente quanto à superioridade do piso salarial da profissão que exercia ant<strong>es</strong> (soldador<br />

oficializado) para as profissõ<strong>es</strong> para as quais foi reabilitado, entendo que o INSS não pode ser prejudicado na forma de<br />

r<strong>es</strong>tabelecer um benefício d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sário, eis que agiu conforme seu dever expr<strong>es</strong>samente contido em Lei, reabilitando o<br />

segurado ao exercício de funçõ<strong>es</strong> que não prejudicarão sua enfermidade. Vale r<strong>es</strong>saltar que facultativa é a submissão do<br />

segurado que nec<strong>es</strong>sita de cirurgia para que seja r<strong>es</strong>tabelecida sua capacidade laboral, conforme prega o art. 77 do<br />

Decreto 3.048/99, “O segurado em gozo de auxílio-doença <strong>es</strong>tá obrigado, independentemente de sua idade e sob pena de


suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, proc<strong>es</strong>so de reabilitação profissional<br />

por ela pr<strong>es</strong>crito e custeado e <strong>tr</strong>atamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a <strong>tr</strong>ansfusão de sangue, que são<br />

facultativos.”. Sendo assim, ante o cumprimento da reabilitação (fl. 35) de forma voluntária pelo autor, fica demons<strong>tr</strong>ada a<br />

intenção do m<strong>es</strong>mo em se recuperar, pelo menos, para exercer ou<strong>tr</strong>as funçõ<strong>es</strong>, vindo a ser d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a afirmação de<br />

que tais profissõ<strong>es</strong> não lhe garantem o m<strong>es</strong>mo piso salarial, pois o real <strong>es</strong>copo da reabilitação é a de capacitar o segurado<br />

ao exercício de ou<strong>tr</strong>as funçõ<strong>es</strong> de modo a lhe garantir subsistência, r<strong>es</strong>ultado <strong>es</strong>te perfeitamente visível ante a conclusão da<br />

reabilitação e a quantidade de atividad<strong>es</strong> laborativas para o qual foi habilitado.<br />

6. Ante o exposto, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso inominado, de modo a manter incólume a sentença de<br />

primeiro grau, em todos os seus termos.<br />

7. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o fato de o recorrente ser beneficiário de Assistência<br />

Judiciária Gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO<br />

MESMO, de forma a manter a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

60 - 0002006-83.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002006-4/01) CLAUDIA AMARAL DA SILVA (ADVOGADO: WELITON<br />

ROGER ALTOE, Marcone de Rezende Vieira, FERNANDO CARLOS FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).<br />

PROCESSO Nº 2008.50.51.002006-4/01<br />

RECORRENTE: CLAUDIA AMARAL DA SILVA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE<br />

INCAPACIDADE LABORAL CONSTATADA PELO LAUDO PERICIAL – PREVALÊNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL SOBRE<br />

OS LAUDOS MÉDICOS PARTICULARES – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA<br />

MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 99/100, que<br />

julgou improcedente o pleito autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que o laudo pericial não demons<strong>tr</strong>a a realidade dos fatos que vem vivenciando, já que se encon<strong>tr</strong>a incapacitada<br />

para o <strong>tr</strong>abalho, conforme afirmam os diversos laudos particular<strong>es</strong>, razão pela qual deve o juiz basear seu convencimento<br />

nos m<strong>es</strong>mos, que at<strong>es</strong>tam a sua real condição de saúde.<br />

2. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).<br />

3. Primeiramente, quadra d<strong>es</strong>tacar que a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no artigo 42, da Lei 8.213/91,<br />

será devida ao segurado que, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de<br />

auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a<br />

subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

4. De acordo com o laudo médico pericial acostado às fls. 74/76, a autora possui <strong>tr</strong>anstorno depr<strong>es</strong>sivo que, em fas<strong>es</strong><br />

agudas, pode gerar incapacidade, o que não é o caso da recorrente que se encon<strong>tr</strong>a com quadro psíquico <strong>es</strong>tável e com<br />

humor eutímico, <strong>es</strong>tando apta a exercer sua atividade laboral. Afirma ainda o perito que, ocorrendo a evolução dos<br />

sintomas, fator comum a <strong>es</strong>ta patologia, a recorrente poderá con<strong>tr</strong>olar totalmente as cris<strong>es</strong> com <strong>tr</strong>atamento psiquiá<strong>tr</strong>ico e<br />

psicológico adequado e com o uso de medicamentos que con<strong>tr</strong>olam a doença (qu<strong>es</strong>ito do INSS, nº 13).<br />

5. Não obstante a autora ter ficado em gozo do benefício de auxílio-doença de 10/01/2005 a 30/12/2005 e de 03/01/2007<br />

até 30/07/2007, o laudo pericial não at<strong>es</strong>tou incapacidade no pr<strong>es</strong>ente momento, razão pela qual nova conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício à autora mos<strong>tr</strong>a-se d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária ante o <strong>es</strong>tável quadro de saúde em que a m<strong>es</strong>ma se encon<strong>tr</strong>a.<br />

6. Em que p<strong>es</strong>e o fato de o julgador não <strong>es</strong>tar ads<strong>tr</strong>ito à conclusão do laudo médico pericial, entendo que a perícia médica<br />

realizada em juízo é forma eficaz e eficiente de se comprovar a incapacidade laboral do requerente, pois a produção de<br />

prova pericial, por médico indicado pelo Juízo, é prova hábil e legítima à constatação da veracidade do alegado. Ainda que<br />

pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> os laudos particular<strong>es</strong> nos autos, a perícia judicial é de ex<strong>tr</strong>ema importância para auxiliar o julgador em seu


convencimento quando os laudos médicos da parte requerente não puderem, eficientemente, comprovar aquilo que <strong>es</strong>tá<br />

sendo motivo de con<strong>tr</strong>ovérsia pelas part<strong>es</strong>.<br />

7. R<strong>es</strong>salta-se ainda que, havendo laudos divergent<strong>es</strong>, como se vislumbra no pr<strong>es</strong>ente caso, não há como considerar os<br />

documentos médicos particular<strong>es</strong> do autor em de<strong>tr</strong>imento da conclusão do perito oficial, a menos que comprovada falha<br />

grave no laudo oficial, ou quando os laudos particular<strong>es</strong> forem suficient<strong>es</strong> à comprovação do alegado, o que não ocorreu na<br />

hipót<strong>es</strong>e vertente, excluindo-se, d<strong>es</strong>se modo, a eventual nec<strong>es</strong>sidade de realização de uma nova perícia ou até m<strong>es</strong>mo a<br />

complementação do laudo.<br />

5. D<strong>es</strong>se modo, entendo que a recorrente se encon<strong>tr</strong>a apta para exercer atividad<strong>es</strong> laborais.<br />

6. Ante o exposto, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso inominado, de modo a manter incólume a sentença de<br />

primeiro grau, em todos os seus termos.<br />

7. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o fato de a recorrente ser beneficiária de Assistência<br />

Judiciária Gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO<br />

MESMO, de forma a manter a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

61 - 0002109-90.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002109-3/01) NEIVAN ZUCOLOTTO (ADVOGADO: ADMILSON<br />

TEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).<br />

PROCESSO Nº 2008.50.51.002109-3/01<br />

RECORRENTE: NEIVAN ZUCOLOTTO<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE<br />

INCAPACIDADE LABORAL CONSTATADA PELO LAUDO PERICIAL – PREVALÊNCIA DA PERÍCIA JUDICIAL SOBRE<br />

OS LAUDOS MÉDICOS PARTICULARES – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA<br />

MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 82/83, que julgou<br />

improcedente o pleito autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que é portador de doenças ortopédicas crônicas e irreversíveis que geram severas limitaçõ<strong>es</strong> físicas para o<br />

exercício de qualquer atividade braçal (exerce atividade de lavrador meeiro), razão pela qual faz jus ao benefício pleiteado<br />

em qu<strong>es</strong>tão.<br />

2. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei 9.099/95).<br />

3. Primeiramente, quadra d<strong>es</strong>tacar que a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no artigo 42, da Lei 8.213/91,<br />

será devida ao segurado que, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de<br />

auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a<br />

subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

4. De acordo com o laudo pericial acostado à fl. 67/68, o autor possui discopatia degenerativa em coluna cervical e lombar,<br />

no entanto a doença não o incapacita para o seu labor (lavrador meeiro). Por fim, o perito afirmou que as cris<strong>es</strong> lombar<strong>es</strong><br />

ocasionais <strong>es</strong>tão relacionadas mais com as posturas viciosas e inadequadas do que com o <strong>es</strong>forço empreendido de forma<br />

adequada à sua atividade laboral, d<strong>es</strong>tacando ainda que a enfermidade pode ser con<strong>tr</strong>olada com <strong>tr</strong>atamento ambulatorial<br />

e/ou fisioterápico, encon<strong>tr</strong>ados em rede pública (r<strong>es</strong>postas aos qu<strong>es</strong>itos do autor, de nº 1, 2 e 9).<br />

5. D<strong>es</strong>se modo, é notório que o autor <strong>es</strong>tá apto para exercer sua atividade laboral no momento, ainda que a atividade exija<br />

<strong>tr</strong>abalho braçal, d<strong>es</strong>de que cuide de sua postura, e faça o <strong>tr</strong>atamento adequado.<br />

6. Em que p<strong>es</strong>e ao fato de o julgador não <strong>es</strong>tar ads<strong>tr</strong>ito à conclusão do laudo médico pericial, entendo que a perícia médica


ealizada em juízo é forma eficaz e eficiente de se comprovar a incapacidade laboral do requerente, pois a produção de<br />

prova pericial, por médico indicado pelo Juízo, é prova hábil e legítima à constatação da veracidade do alegado. Ainda que<br />

pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> os laudos particular<strong>es</strong> nos autos, a perícia judicial é de ex<strong>tr</strong>ema importância para auxiliar o julgador em seu<br />

convencimento quando os laudos médicos da parte requerente não puderem, eficientemente, comprovar aquilo que <strong>es</strong>tá<br />

sendo motivo de con<strong>tr</strong>ovérsia pelas part<strong>es</strong>.<br />

7. R<strong>es</strong>salta-se ainda que, havendo laudos divergent<strong>es</strong>, não há como considerar os documentos médicos particular<strong>es</strong> do<br />

autor em de<strong>tr</strong>imento da conclusão do perito oficial, a menos que comprovada falha grave no laudo oficial, ou quando os<br />

laudos particular<strong>es</strong> forem suficient<strong>es</strong> à comprovação do alegado, o que não ocorreu na hipót<strong>es</strong>e vertente, excluindo-se,<br />

d<strong>es</strong>se modo, a eventual nec<strong>es</strong>sidade de realização de uma nova perícia ou até m<strong>es</strong>mo a complementação do laudo.<br />

8. Ainda, considerando-se a pouca idade do autor (44 anos) juntamente com o diagnóstico do laudo pericial (capacidade<br />

para o labor), é possível averiguar que o recorrente não faz jus à aposentadoria por invalidez, haja vista não preencher o<br />

requisito nec<strong>es</strong>sário à conc<strong>es</strong>são do benefício em qu<strong>es</strong>tão.<br />

9. Ante o exposto, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso inominado, de modo a manter incólume a sentença de<br />

primeiro grau, em todos os seus termos.<br />

10. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o fato de o recorrente ser beneficiário de Assistência<br />

Judiciária Gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO<br />

MESMO, de forma a manter a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

62 - 0000687-46.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000687-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x ABRAZ SARTORIO (ADVOGADO: ADMILSON<br />

TEIXEIRA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.51.000687-4/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO (S): ABRAZ SARTORIO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARA AS ATIVIDADES<br />

QUE DEMANDAM ESFORÇO FÍSICO. CONDIÇÕES PESSOAIS INVIABILIZAM A REINSERÇÃO NO MERCADO DE<br />

TRABALHO. INEXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO ENTRE OS LAUDOS PERICIAIS. CADA LAUDO BUSCA RETRATAR O<br />

NÍVEL DE INCAPACIDADE NO MOMENTO EXATO DA CONSULTA.<br />

I. Recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou parcialmente procedente o pedido da inicial, de<br />

modo a condenar a autarquia a r<strong>es</strong>tabelecer o benefício de auxílio-doença, bem como convertê-lo em aposentadoria por<br />

invalidez. Em suas razõ<strong>es</strong>, sustenta que a sentença deve ser reformada e o pedido julgado totalmente improcedente, uma<br />

vez que a incapacidade constatada é apenas parcial. Subsidiariamente, requer seja modificada a sentença na parte em que<br />

determina o r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 124/131.<br />

II. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, com fulcro no art. 46 da Lei 9.099/95.<br />

III. O magis<strong>tr</strong>ado acertadamente considerou que, ap<strong>es</strong>ar de o perito ter concluído que a incapacidade do autor só abrangia<br />

as atividad<strong>es</strong> que exigiam <strong>es</strong>forço físico, as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais – idade avançada, experiência profissional limitada à<br />

atividade braçal, baixo grau de ins<strong>tr</strong>ução e <strong>es</strong>tado de saúde precário – tornavam praticamente impossível o retorno do autor<br />

ao mercado de <strong>tr</strong>abalho. Portanto, entendo que o segurado faz jus ao benefício de aposentadoria por invalidez.<br />

IV. Quanto ao pedido de denegação do r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença, também não assiste razão ao INSS. De fato, o<br />

laudo pericial do juízo (fls. 94/95) at<strong>es</strong>tou que a incapacidade do autor teve início em 01.01.1995. En<strong>tr</strong>etanto, não afirmou<br />

que, d<strong>es</strong>de <strong>es</strong>sa data, a incapacidade era total e definitiva. Isto porque os qu<strong>es</strong>itos de número 09 e 10 visam perquirir<br />

tão-somente qual era o nível da incapacidade ao tempo do exame pericial. Portanto, não há qualquer divergência en<strong>tr</strong>e o<br />

laudo realizado nos autos da ação 2005.50.51.001433-6 e o elaborado n<strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, tendo em vista que cada um del<strong>es</strong><br />

re<strong>tr</strong>atou a incapacidade do autor no exato momento da consulta.


V. Recurso do INSS não provido. Sentença mantida.<br />

VI. Sem custas (art. 4º, I, da lei 9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios de R$ 500,00<br />

(quinhentos reais), com fulcro no do artigo 55, da Lei 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

63 - 0001562-50.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001562-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO, MARCELA REIS SILVA.) x FRANCISCO DA SILVA DAVEL (ADVOGADO:<br />

SANDRA VILASTRE DE ARAUJO.).<br />

RECURSO N. 2008.50.51.001562-7/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: FRANCISCO DA SILVA DAVEL<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃO EM<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – PERDA DA VISÃO DO OLHO DIREITO ALIADA À HIPERTENSÃO ARTERIAL<br />

SISTÊMICA – INCAPACIDADE LABORAL CONFIGURADA – REABILITAÇÃO INVIÁVEL DIANTE DA REALIDADE<br />

FUNCIONAL DO AUTOR, BEM COMO DIANTE DO FATO DE SEMPRE TER TRABALHADO COMO LAVRADOR –<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 220/223, que julgou<br />

procedente o pedido autoral de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por<br />

invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a incapacidade do autor seria apenas parcial, de modo que<br />

não se encon<strong>tr</strong>a ria incapacitado para todas as atividad<strong>es</strong> laborativas, ao passo que a incapacidade total e definitiva para o<br />

labor é requisito primordial para a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por invalidez, à qual o autor não faria jus.<br />

2. A aposentadoria por invalidez, por força do disposto no artigo 42 da Lei n.º 8.213/91, será devida ao segurado que - uma<br />

vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida - <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e<br />

insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e será paga enquanto<br />

permanecer n<strong>es</strong>sa condição.<br />

3. De acordo com o laudo pericial acostado à fl. 188, o autor possui incapacidade parcial e definitiva em decorrência de<br />

doença vascular que r<strong>es</strong>ultou na perda da visão do olho direito (visão monocular). O juízo a quo julgou procedente o pedido<br />

do autor, embasando <strong>es</strong>se r<strong>es</strong>ultado na realidade funcional do m<strong>es</strong>mo, isto é, no fato de <strong>es</strong>tar incapacitado de exercer<br />

atividad<strong>es</strong> na lavoura (seu <strong>tr</strong>abalho habitual): tais como: capinar, plantar, carregar a colheita, adubar e aplicar remédio na<br />

plantação. Considerou também que o autor não pode ser reabilitado para d<strong>es</strong>empenhar ou<strong>tr</strong>os <strong>tr</strong>abalhos, uma vez que<br />

sempre <strong>tr</strong>abalhou na zona rural, o que, somado a sua deficiência, certamente torna improvável a recolocação no mercado<br />

de <strong>tr</strong>abalho.<br />

4. Por sua vez, o INSS, em sede de con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, aduz que a visão monocular não impediria o exercício do labor como<br />

lavrador. Ainda, como forma de fortalecer <strong>es</strong>se argumento, apr<strong>es</strong>enta dados da Associação Brasileira dos Deficient<strong>es</strong> com<br />

Visão Monocular, que faz referências às atividad<strong>es</strong> afetadas pela deficiência em qu<strong>es</strong>tão, atividad<strong>es</strong> <strong>es</strong>sas que requerem o<br />

<strong>tr</strong>abalho a uma curta distância dos olhos, como por exemplo: barbeiro, <strong>es</strong>teticista, barman, mecânico e cirurgião. D<strong>es</strong>se<br />

modo, entende a autarquia previdenciária que a atividade habitual do autor (lavrador) pode ser normalmente exercida<br />

ap<strong>es</strong>ar da visão monocular.<br />

5. Não obstante o posicionamento do INSS, n<strong>es</strong>te caso concreto, é preciso levar em conta que a perda da visão em um dos<br />

olhos decorreu da doença principal que acomete o autor, isto é, se <strong>tr</strong>ata, na realidade, de seqüela da enfermidade sistêmica<br />

de causa vascular (hipertensão arterial), como asseverou o perito no laudo complementar à fl. 201.<br />

6. Quadra d<strong>es</strong>tacar que a hipertensão arterial sistêmica é doença grave, que acarretou ao autor, inclusive, a perda da visão<br />

de um dos olhos, o que evidencia a probabilidade de lhe ocasionar ou<strong>tr</strong>os danos à saúde, além de ou<strong>tr</strong>as complicaçõ<strong>es</strong><br />

inerent<strong>es</strong> à enfermidade em qu<strong>es</strong>tão.<br />

8. Ainda que o perito afirme que o autor pode ser reabilitado para o exercício de ou<strong>tr</strong>as funçõ<strong>es</strong>, devem ser sop<strong>es</strong>ados os


fator<strong>es</strong> que envolvem a reinserção do m<strong>es</strong>mo no mercado de <strong>tr</strong>abalho atual, como a pouca ins<strong>tr</strong>ução, a idade avançada (54<br />

anos) e, em <strong>es</strong>pecial, a circunstância de sempre ter <strong>tr</strong>abalhado na zona rural. Analisando <strong>es</strong>s<strong>es</strong> elementos, entendo que a<br />

reabilitação não seria eficaz, pois não alcançaria seu propósito principal, motivo pelo qual penso que deve ser mantida a<br />

sentença que concedeu a aposentadoria por invalidez.<br />

7. Pelo exposto, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso inominado, de modo a manter incólume a sentença de<br />

primeiro grau, em todos os seus termos.<br />

8. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, no valor de R$ 500,00 (quinhentos<br />

reais), nos termos do artigo 59, caput da Lei n. 9.099/1995.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO<br />

MESMO, de forma a manter a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

64 - 0002918-17.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.002918-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x TALITA DA SILVA PINHEIRO (ADVOGADO: Bernard Pereira<br />

Almeida, MIRIAN TEREZA SILVEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.51.002918-0/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO (S): TALITA DA SILVA PINHEIRO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. APOSERNTADORIA POR INVALIDEZ. QUALIDADE DE SEGURADO. NÃO HÁ QUE SE FALAR EM<br />

PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO QUANDO O AFASTAMENTO DO TRABALHO SE DER POR MOTIVO<br />

INVOLUNTÁRIO (DOENÇA). DIB FIXADA NA MESMA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO, EM<br />

OBSERVÂNCIA AO ART. 49, II, DA LEI 8.213/91.<br />

I. Recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de<br />

aposentadoria por invalidez. Em suas razõ<strong>es</strong>, sustenta que a autora não logrou comprovar sua qualidade de segurada do<br />

RGPS na data do início da incapacidade, uma vez que, em 2006, durante en<strong>tr</strong>evista adminis<strong>tr</strong>ativa no INSS, afirmou que<br />

havia deixado de <strong>tr</strong>abalhar há dois anos. Subsidiariamente, requereu que a DIB do benefício fosse fixada na m<strong>es</strong>ma data da<br />

audiência (20.09.2010). Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 178/182.<br />

II. Nos casos em que o segurado pára de <strong>tr</strong>abalhar, só há efetiva perda da qualidade de segurado quando o afastamento se<br />

dá voluntariamente. Em ou<strong>tr</strong>as palavras, se por motivo alheio à sua vontade o <strong>tr</strong>abalhador não voltar a exercer a profissão –<br />

por exemplo: causa relacionada à doença incapacitante –, não poderá ser penalizado com a perda da qualidade de<br />

segurado. Logo, tendo em vista que, em audiência, r<strong>es</strong>tou claro que a autora só se afastou do <strong>tr</strong>abalho devido ao seu<br />

<strong>es</strong>tado de saúde precário, entendo que não houve perda da qualidade de segurado.<br />

III. N<strong>es</strong>te sentido, confira-se a ementa de acórdão do STJ, in verbis:<br />

“PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. 1. Não perde a<br />

qualidade de segurado o <strong>tr</strong>abalhador que, por motivo de doença, deixa de recolher as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> previdenciárias. 2.<br />

Precedente do Tribunal. 3. Recurso não conhecido” (REsp n. 134.212/SP, 6ª T, Rel. Min. Anselmo Santiago, DJ de<br />

13/10/1998, p. 193).<br />

IV. Quanto à DIB, <strong>es</strong>ta não merece reparos, já que fora fixada na m<strong>es</strong>ma data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, r<strong>es</strong>peitando<br />

o disposto no art. 49, II, da Lei 8.213/91.<br />

V. Recurso do INSS não provido. Sentença mantida.<br />

VI. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em R$<br />

500,00 (quinhentos reais).


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

65 - 0000591-34.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000591-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.) x DIVINO JOSE RODRIGUES (ADVOGADO: SAULO NASCIMENTO COUTINHO,<br />

JOSE ALCIDES BORGES DA SILVA, CAMILLA GOMES DE ALMEIDA.).<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – JUROS DE MORA – CORREÇÃO DAS PARCELAS VENCIDAS –<br />

INCIDÊNCIA DA LEI Nº 11.960/09 – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 89/93, que julgou procedente o pedido<br />

autoral de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a partir da vigência<br />

da Lei nº 11.960/2009, as parcelas vencidas devem ser corrigidas pelos índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros<br />

aplicados à poupança.<br />

2. A citação do réu aperfeiçoou-se após 30/06/2009 (18/09/2009 – fl. 32), já na vigência da 11.960/2009. Referida lei<br />

modificou a redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, passando a dispor que em todas as condenaçõ<strong>es</strong> impostas à Fazenda<br />

Pública, independentemente de sua natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação<br />

da mora, incidem uma única vez, até o efetivo pagamento, os índic<strong>es</strong> oficiais de remuneração básica e juros aplicados à<br />

caderneta de poupança. Essa lei nova tem aplicação imediata sobre os proc<strong>es</strong>sos pendent<strong>es</strong> (Precedente: STF - RE<br />

559.445 – Rel. Ellen Gracie – DJe 10/06/2009). Não há vício de inconstitucionalidade formal na referida lei, haja vista que o<br />

próprio Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> tem admitido a aplicação da norma.<br />

3. Recurso conhecido e provido.<br />

4. Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na<br />

forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por maioria, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

66 - 0000274-33.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000274-1/01) ACELES CORREIA MARQUES (ADVOGADO: ELIAS<br />

ASSAD NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).<br />

RECURSO N. 2009.50.51.000274-1/01<br />

RECORRENTE: ACELES CORREIA MARQUES<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA E<br />

CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDOS MÉDICOS PARTICULARES ANTIGOS,<br />

PREVALECENDO A PERÍCIA JUDICIAL – CAPACIDADE PARA O LABOR CARACTERIZADA – INEXISTÊNCIA DE<br />

CERECAMENTO DE DEFESA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 118/119, que<br />

julgou improcedente o pedido de r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por<br />

invalidez. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que não teve melhoras clínicas, <strong>es</strong>tando ainda acometida das<br />

enfermidad<strong>es</strong> que debilitam a sua saúde, razão pela qual faria jus ao benefício de auxílio-doença.<br />

2. O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei n.º 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no artigo 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.


3. Primeiramente, analisando o laudo pericial acostado à fl. 104, constata-se que a autora possui ar<strong>tr</strong>ose incipiente lombar,<br />

en<strong>tr</strong>etanto, a doença não a incapacita para o labor. O juízo a quo julgou improcedente o pleito, baseando seu<br />

convencimento na conclusão da perícia judicial. Por ou<strong>tr</strong>o lado, a autora interpôs recurso alegando que o laudo pericial foi<br />

inconcludente, haja vista não ter citado as demais doenças que a debilitam, doenças <strong>es</strong>sas constatadas pelos documentos<br />

médicos particular<strong>es</strong> ás fls. 15/30.<br />

4. No que se refere aos laudos médicos juntados aos autos pela parte autora (fl. 15/30), observo que o mais recente data<br />

de 02/05/2008 (fl. 18), sendo os demais documentos anterior<strong>es</strong> a <strong>es</strong>sa data. Considerando-se então que a autora <strong>es</strong>teve<br />

em gozo do auxílio-doença até 30/10/2008 (fl. 77), os documentos particular<strong>es</strong> são ineficient<strong>es</strong> e ineficaz<strong>es</strong> para a<br />

comprovação de seu <strong>es</strong>tado debilitado no pr<strong>es</strong>ente momento, assim, diante das conclusõ<strong>es</strong> do laudo médico pericial de<br />

15/05/2009, não é possível considerar os documentos particular<strong>es</strong> em de<strong>tr</strong>imento da prova pericial produzida em juízo e,<br />

ainda, mais recente.<br />

5. Logo, entendo que não houve cerceamento de def<strong>es</strong>a, já que a perícia judicial foi realizada den<strong>tr</strong>o dos padrõ<strong>es</strong>, sendo<br />

conclusiva e clara quanto às r<strong>es</strong>postas aos qu<strong>es</strong>itos do autor, assim como quanto às r<strong>es</strong>postas aos qu<strong>es</strong>itos<br />

complementar<strong>es</strong> (fl. 110). Vale r<strong>es</strong>saltar que não há a nec<strong>es</strong>sidade de realização de uma nova perícia, a menos que ficasse<br />

comprovada falha grave, o que não ocorreu na hipót<strong>es</strong>e vertente.<br />

6. D<strong>es</strong>se modo, considerando a constatação de capacidade para o labor, não faz jus a parte autora ao benefício de<br />

auxílio-doença, assim como também não deve ser acatado o argumento de cerceamento de def<strong>es</strong>a, conforme explanado.<br />

7. Ante o exposto acima, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso inominado, de modo a manter incólume a sentença<br />

de primeiro grau, em todos os seus termos.<br />

8. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o fato de a recorrente ser beneficiária de assistência<br />

judiciária gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO<br />

MESMO, de forma a manter a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

67 - 0000176-14.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000176-3/01) MAGALI BRASIL LIMA (ADVOGADO: EMANUEL DO<br />

NASCIMENTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).<br />

RECURSO N.° 2010.50.51.000176-3/01<br />

RECORRENTE: MAGALI BRASIL LIMA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. APTIDÃO<br />

PARA O TRABALHO ATESTADA PELA PROVA PERICIAL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA<br />

MANTIDA.<br />

I. Com razão a sentença, que julgou improcedente o pleito de conc<strong>es</strong>são de auxílio doença ou de aposentadoria por<br />

invalidez.<br />

II. Pelo que se ex<strong>tr</strong>ai dos autos, foi d<strong>es</strong>coberta, em 2006, neoplasia maligna na mama direita da autora/recorrente, que se<br />

submeteu a cirurgia e, posteriormente, a <strong>tr</strong>atamento com quimioterapia e radioterapia (fls. 13/24). Obteve o benefício<br />

previdenciário do auxílio doença, <strong>es</strong>tendido algumas vez<strong>es</strong> (fls. 25/26), até que o último pedido de prorrogação, datado de<br />

08/09/2009, foi indeferido na <strong>es</strong>fera adminis<strong>tr</strong>ativa (fls. 27/28).<br />

III. Da análise dos laudos médicos periciais produzidos na <strong>es</strong>fera adminis<strong>tr</strong>ativa, é possível perceber que ali se acompanhou<br />

a evolução da saúde da autora, tendo sido, inicialmente, reconhecida a incapacidade laborativa (fls. 33/34), mais tarde a<br />

incapacidade laborativa com sinais de recuperação (fls. 35/42) e, finalmente, o d<strong>es</strong>aparecimento da inaptidão para o<br />

<strong>tr</strong>abalho (fls. 43/44). Em relação às seqüelas da mastectomia parcial direita a que se submeteu a autora, os laudos em tela<br />

mencionam a limitação para elevação do membro superior direito como moderada e, os últimos del<strong>es</strong>, como discreta ou


leve.<br />

IV. Por sua vez, o laudo médico pericial produzido na seara judicial se reportou, também, a <strong>es</strong>sa limitação, acr<strong>es</strong>centando<br />

que a m<strong>es</strong>ma é reversível e, enfim, asseverou que não existe incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho (vide qu<strong>es</strong>itos 03 e 10 da autora<br />

e 06 do réu, fl. 47).<br />

V. N<strong>es</strong>se contexto, e recordando que a perícia promovida em juízo é mecanismo eficaz e eficiente para comprovar a<br />

(in)capacidade do segurado, bem como inexistindo nos autos elementos capaz<strong>es</strong> de infirmar as assertivas do perito judicial,<br />

penso que deve ser seguida a conclusão do laudo de fl. 47. Não me parece plausível deferir os benefícios previdenciários –<br />

seja de auxílio doença, seja de aposentadoria por invalidez - se constatada a capacidade para o <strong>tr</strong>abalho habitual da<br />

autora/recorrente, sendo certo que a existência de alguma limitação de movimento não implica, nec<strong>es</strong>sariamente, inaptidão<br />

para o labor.<br />

VI. Quanto ao fato de o perito não ser <strong>es</strong>pecialista, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que não existe <strong>es</strong>sa nec<strong>es</strong>sidade, uma vez que o<br />

regis<strong>tr</strong>o nos quadros no Conselho Regional de Medicina – CRM habilita o profissional para aferir incapacidade laborativa do<br />

paciente. A “<strong>es</strong>pecialidade” a que alude o artigo 145, § 2º, do CPC é vista de maneira ampla, tanto assim que o próprio<br />

dispositivo legal a relaciona à nec<strong>es</strong>sidade de regis<strong>tr</strong>o no órgão profissional competente, que, no caso, é o Conselho<br />

Regional de Medicina - CRM, não sendo nec<strong>es</strong>sário, para que a perícia tenha validade, que o médico comprove<br />

<strong>es</strong>pecialidade den<strong>tr</strong>o da medicina supostamente compatível com a enfermidade de que padece o paciente.<br />

VII. Recurso conhecido e improvido, ficando mantida a sentença.<br />

VIII. Sem custas, na forma da lei, e sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento de<br />

assistência judiciária gratuita (fl. 45).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

68 - 0000274-58.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000274-0/01) MARIA DAS GRAÇAS JONAS SILVA (ADVOGADO:<br />

BRUNO SANTOS ARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: SEBASTIAO EDELCIO FARDIN.).<br />

RECURSO N. 2008.50.54.000274-0/01<br />

RECORRENTE: MARIA DAS GRAÇAS JONAS SILVA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/AUXÍLIO-DOENÇA –<br />

COMPROVAÇÃO DA INCAPACIDADE – NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO CIRÚRGICA – ARTIGOS 101 DA LEI<br />

8.213/91 E 77 DO DECRETO 3.048/99 – QUALIDADE DE SEGURADO NÃO OBSTA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO<br />

PREVIDENCIÁRIO, DESDE QUE PRESENTES OS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DO MESMO, QUAIS SEJAM, A<br />

INCAPACIDADE E O CUMPRIMENTO DA CARÊNCIA – INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 102, § 1º DA LEI 8.213/91 –<br />

RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


69 - 0003187-25.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003187-9/01) SEBASTIANA REGONINI DELAI (ADVOGADO: CLARENCE<br />

IIDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE<br />

GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

RECURSO N. 2008.50.50.003187-9/01<br />

RECORRENTE: SEBASTIANA REGONINI DELAI<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA – DEFERIMENTO DO<br />

PLEITO AUTORAL COM FUNDAMENTO NOS DOCUMENTOS PARTICULARES CARREADOS AOS AUTOS, HAJA<br />

VISTA SEREM CONCLUSIVOS QUANTO À ENFERMIDADE DA RECORRENTE E TEREM INCLUSIVE SERVIDO DE<br />

PARÂMETRO PARA A PERÍCIA JUDICIAL ATESTAR A ENFERMIDADE DA REFERIDA RECORRENTE, A DESPEITO DE<br />

A INDICADA PERÍCIA NÃO TER CONSTATADO INCAPACIDADE LABORAL – FUNDAMENTO NOS ARTIGOS 131 E 436<br />

DO CPC – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

70 - 0002402-60.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002402-1/01) ALCENIR MACHADO SALLES (ADVOGADO: MARILENA<br />

MIGNONE RIOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire<br />

Carneiro.).<br />

RECURSO N. 2008.50.51.002402-1/01<br />

RECORRENTE: ALCENIR MACHADO SALLES<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ –<br />

COMPROVAÇÃO DE QUE O TRATAMENTO DAS ENFERMIDADES DO RECORRENTE E A REABILITAÇÃO<br />

PROFISSIONAL DO MESMO NÃO FORAM EFICAZES PARA AFASTAR SUA INCAPACIDADE, A DESPEITO DE A<br />

PERÍCIA JUDICIAL NÃO TER CONSTATADO INCAPACIDADE LABORAL – FUNDAMENTO NOS ARTIGOS 131 E 436<br />

DO CPC – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

71 - 0005900-07.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.005900-9/01) JOSÉ RODRIGUES PEREIRA (ADVOGADO: LEANDRO F.<br />

SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).<br />

RECURSO N. 2007.50.50.005900-9/01<br />

RECORRENTE: JOSÉ RODRIGUES PEREIRA


RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA –<br />

ART. 20 DA LEI 8.742/93 – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ARTIGO 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO<br />

– RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />

ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

72 - 0006583-10.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006583-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x DALILA GAVA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x OS<br />

MESMOS.<br />

PROCESSO Nº 2008.50.50.006583-0/01<br />

RECORRENTE(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS e DALILA GAVA<br />

RECORRIDO(S): OS MESMOS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO AUXÍLIO-DOENÇA E CONVERSÃO EM APOSENTADORIA<br />

POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE LABORAL TEMPORÁRIA – DIB FIXADA A PARTIR DA DATA DO REQUERIMENTO<br />

ADMINISTRATIVO – JUROS DE MORA – LEI 11.960/09 – APLICABILIDADE RECONHECIDA – RECURSO DO INSS<br />

CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – RECURSO DO AUTOR CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA<br />

REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte ré, ora primeira recorrente, em face da sentença de fls. 58/59, que<br />

julgou parcialmente procedente o pleito autoral e concedeu o benefício de auxílio-doença. Sustenta o primeiro recorrente,<br />

em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a autora não possui qualquer incapacidade e, portanto, não faz jus ao benefício<br />

auxílio-doença. A parte autora, doravante denominada segunda recorrente, apr<strong>es</strong>entou recurso inominado pleiteando a<br />

condenação do INSS a pagar a aposentadoria por invalidez alegando que foi demons<strong>tr</strong>ada a irreversibilidade do quadro<br />

clínico, além da baixa <strong>es</strong>colaridade e nível de ins<strong>tr</strong>ução que afastam qualquer chance de reabilitação profissional em ou<strong>tr</strong>a<br />

área.<br />

2. O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a Aposentadoria por Invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. Verifica-se inicialmente que a autora ajuizou ação alegando <strong>es</strong>tar impossibilitada de exercer suas atividad<strong>es</strong> laborais por<br />

ser portadora de hidrocefalia submetida à derivação peritoneal (fl. 03). Conforme o laudo pericial, o Expert alega que a<br />

hidrocefalia foi <strong>tr</strong>atada e não é r<strong>es</strong>ponsável pelas queixas atuais da recorrida (qu<strong>es</strong>ito 02, fl. 29) e que não foi encon<strong>tr</strong>ado<br />

nenhum déficit motor (qu<strong>es</strong>ito 13, fl. 29). Com base n<strong>es</strong>tas informaçõ<strong>es</strong>, entende-se que a hidrocefalia não é r<strong>es</strong>ponsável<br />

pelos sintomas que debilitam a autora.<br />

4. Vale frisar que o próprio perito judicial constatou que a recorrente é portadora de doença psiquiá<strong>tr</strong>ica (qu<strong>es</strong>ito 01, fl. 29) e<br />

que deveriam ter sido realizados exam<strong>es</strong> de avaliação dos nervos oculomotor<strong>es</strong> e da função labiríntica já que a autora


alega sentir tontura e ou<strong>tr</strong>os sintomas (qu<strong>es</strong>ito 14, fl. 29). Porém, tal comando não foi observado, o que poderia acarretar na<br />

insuficiência do laudo pela falta de exam<strong>es</strong> pertinent<strong>es</strong> à comprovação da enfermidade da requerente. É sabido, contudo,<br />

que um novo laudo deve ser realizado apenas se constatada a sua <strong>es</strong>sencialidade, com observância ao princípio da<br />

celeridade proc<strong>es</strong>sual, no que tange ao sistema dos juizados <strong>es</strong>peciais, o que não é verificado n<strong>es</strong>te caso já que os laudos<br />

médicos particular<strong>es</strong> juntados aos autos pela autora (fls. 49/56), que também incorrem em veracidade, são provas hábeis à<br />

comprovação do <strong>es</strong>tado debilitado da recorrida, ora também recorrente.<br />

5. No que tange à conclusão acima feita para o r<strong>es</strong>tabelecimento de auxílio-doença, em que p<strong>es</strong>e o fato de o perito judicial<br />

não ter concluído pela incapacidade da recorrente, o Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, em seus artigos 131 e 436, permite ao juiz<br />

formar seu convencimento com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos provados, não <strong>es</strong>tando ads<strong>tr</strong>ito apenas à conclusão obtida pelo<br />

perito, d<strong>es</strong>de que motive suas decisõ<strong>es</strong>, o que foi feito acima. D<strong>es</strong>ta forma, enquanto <strong>es</strong>ta permanecer inapta para o<br />

exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, deve ser pago o benefício de auxílio-doença, conforme o raciocínio<br />

acima explanado.<br />

6. Não procede, portanto, a alegação recursal da Autarquia Previdenciária de que a recorrida não <strong>es</strong>tá incapacitada para as<br />

atividad<strong>es</strong> laborais. En<strong>tr</strong>etanto, a incapacidade definitiva que concede o direito ao benefício aposentadoria por invalidez não<br />

r<strong>es</strong>ta efetivamente comprovada nos autos, d<strong>es</strong>ta forma, também não procede a alegação recursal da segunda recorrente,<br />

fazendo jus ao benefício de auxílio-doença segundo sentença proferida pelo juiz a quo (58/59).<br />

7. No tocante aos juros de mora, a d<strong>es</strong>peito do entendimento originalmente adotado por <strong>es</strong>te magis<strong>tr</strong>ado, tenho por bem<br />

acompanhar a orientação majoritária delineada por <strong>es</strong>te colegiado e consolidada no Enunciado n.º 54 da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, razão pela qual acolho a aplicabilidade da alteração<br />

legislativa engendrada no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 com o advento da Lei n.º 11.960/09, inclusive às causas de natureza<br />

previdenciária.<br />

8. Com efeito, na <strong>es</strong>teira na jurisprudência do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> , a partir de 30.06.2009, impõe-se a aplicação<br />

imediata dos índic<strong>es</strong> oficiais da caderneta de poupança para efeito de cálculo de correção monetária e de juros de mora<br />

incident<strong>es</strong> sobre as condenaçõ<strong>es</strong> pecuniárias impostas à Fazenda Pública, incluídas as verbas consideradas alimentar<strong>es</strong>.<br />

Até <strong>es</strong>ta data, mantém-se a fixação de juros, a partir da citação, na taxa de 1% (um por cento) ao mês, nos termos do art.<br />

406, do CC/02, e por analogia ao § 1º do art. 161, do CTN, e de correção monetária a partir do vencimento das parcelas<br />

devidas.<br />

9. Recurso do INSS conhecido e parcialmente provido. Recurso da parte autora conhecido e improvido. Sentença<br />

reformada em mínima parte. O benefício deverá ser implantado no prazo de <strong>tr</strong>inta dias, contados da intimação d<strong>es</strong>te<br />

julgado, devendo ser comprovado, no prazo de dez dias, após a implantação.<br />

10. Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a parte autora é beneficiária de<br />

assistência judiciária gratuita (fl. 20) e o INSS obteve parcial provimento em seu recurso.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DA PARTE AUTORA<br />

e DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO DO INSS, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

73 - 0005671-13.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005671-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x VILMA SOARES DOS SANTOS (ADVOGADO: ANDRÉ VINICIUS<br />

MARQUES GONÇALVES.).<br />

PROCESSO N.º 2008.50.50.005671-2/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RECORRIDO: VILMA SOARES DOS SANTOS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO - ASSISTÊNCIA SOCIAL - BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA - LEI 8.742/93 - ESTATUTO


DO IDOSO - LEI 10.741/03 - BENEFICIO ASSISTENCIAL OU PREVIDENCIÁRIO PERCEBIDO POR MEMBRO DA<br />

FAMILIA NÃO INTEGRA O CÁLCULO DE RENDA PER CAPITA FAMILIAR – JUROS DE MORA – LEI 11.960/09 –<br />

APLICABILIDADE RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA<br />

REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.<br />

1. Conforme os termos do art. 20 da lei 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou<br />

mais que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de<br />

aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e<br />

para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a<br />

família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

2. A Lei 10.741/03, por sua vez, além de reduzir o requisito idade para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto na<br />

LOAS (65 anos), em seu art. 34 parágrafo único <strong>es</strong>tabeleceu que o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada anteriormente<br />

concedido a qualquer dos membros component<strong>es</strong> do grupo familiar não será computado para fins de cálculo da renda<br />

mensal familiar per capita a que se refere a citada Lei Orgânica. 3. De acordo com o que consta do laudo social à fl.<br />

30, vê-se que o pai da parte recorrida recebe aposentadoria por idade no valor de 01 (um) salário mínimo. No entanto, o<br />

recebimento d<strong>es</strong>te benefício não afasta o direito da parte recorrida à obtenção do benefício assistencial, uma vez que deve<br />

ser adotada uma interpretação sistemática do já apontado art. 34, § único do Estatuto do Idoso. Caso prevalec<strong>es</strong>se a<br />

interpretação literal d<strong>es</strong>te dispositivo, no sentido de que somente pode ser excluído o valor de benefício assistencial e não<br />

de benefício previdenciário para fins de percepção do benefício previsto na LOAS, teríamos uma situação absolutamente<br />

paradoxal, pois aquele que nunca con<strong>tr</strong>ibuiu para a Previdência Social e recebe o benefício assistencial tem seu valor<br />

excluído para fins de percepção do m<strong>es</strong>mo benefício por ou<strong>tr</strong>o idoso da família, ao passo que aquele que con<strong>tr</strong>ibuiu para o<br />

INSS e percebe, na velhice, aposentadoria de um salário mínimo, não teria tal possibilidade. Tal situação, além de violar o<br />

princípio constitucional da igualdade, infringe, ainda, os limit<strong>es</strong> da razoabilidade.<br />

4. Além disso, não seria viável cogitar que apenas o benefício concedido a título de LOAS, um benefício que inclusive é<br />

revisto a cada dois anos e que não tem a m<strong>es</strong>ma segurança de uma aposentadoria, é que poderia ser d<strong>es</strong>considerado para<br />

fins de conc<strong>es</strong>são de benefício assistencial, em de<strong>tr</strong>imento de um benefício que é muito mais seguro e que demanda um<br />

volume probatório maior.<br />

5. Tal entendimento encon<strong>tr</strong>a-se consolidado pela Turma Nacional de Uniformização, no julgamento do incidente n.º<br />

2005.43.00.904018-4, bem como é adotado pelo E. Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 2ª Região: "(...) - A percepção de<br />

benefício previdenciário por ou<strong>tr</strong>o membro da família não afasta a condição de miserabilidade. Inteligência da Lei nº<br />

10.741/2003, ao <strong>tr</strong>atar do benefício de assistência social previsto na Lei nº 8.742/93 para a p<strong>es</strong>soa idosa. - Aplicação da<br />

m<strong>es</strong>ma regra quando se <strong>tr</strong>atar de benefício assistencial concedido em razão de deficiência. A renda familiar de um salário<br />

mínimo, percebida por um membro da família, independentemente da origem da receita, não poderá ser impedimento para<br />

que ou<strong>tr</strong>o membro, cumprindo os demais requisitos exigidos pela Lei nº 8.742/93, aufira o benefício assistencial, pois a<br />

condição econômica para a sobrevivência é exatamente igual àquela situação de que <strong>tr</strong>ata o parágrafo único do artigo 34 da<br />

Lei nº 10.741/2003. - Assim, <strong>es</strong>tá caracterizada, plenamente, a dificuldade em prover dignamente a sua manutenção, pelo<br />

que cabível a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial pretendido. - Recurso d<strong>es</strong>provido." Proc<strong>es</strong>so: APELRE -<br />

Apelação/Reexame Nec<strong>es</strong>sário - 425035, Relator(a): D<strong>es</strong>embargador <strong>Federal</strong> André Font<strong>es</strong>, TRF2, Órgão julgador:<br />

Segunda Turma Especializada. Fonte: DJU - Data::23/12/2008.<br />

6. O entendimento firmado acima também encon<strong>tr</strong>a guarida no Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 3ª Região, conforme a ementa<br />

que ora se <strong>tr</strong>anscreve: PROCESSO CIVIL. AGRAVO LEGAL (sic). BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ART. 203, V,<br />

DA CF/88. PESSOA IDOSA. CONDIÇÃO DE POBREZA DEMONSTRADA. ARTIGO 34, PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº<br />

10.741/03. - Satisfeitos os requisitos para a implementação do benefício de amparo assistencial. Demons<strong>tr</strong>ado ser a autora<br />

p<strong>es</strong>soa idosa, bem como não ter condiçõ<strong>es</strong> econômicas de prover a sua manutenção nem de tê-la provida pela família. - O<br />

benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, concedido a qualquer membro da família, não será computado para os fins do cálculo<br />

da renda familiar per capita a que se refere a LOAS (artigo 34, parágrafo único, da Lei nº 10.741/03 - Estatuto do Idoso),<br />

que deve ser <strong>es</strong>tendido, por analogia, às hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> em que a renda familiar é constituída exclusivamente por benefício<br />

previdenciário. - Agravo legal a que se nega provimento. Proc<strong>es</strong>so: APELAÇÃO CÍVEL - 1329488, Relator(a): JUIZA<br />

THEREZINHA CAZERTA, TRF3, Órgão julgador: OITAVA TURMA. Fonte: DJF3 CJ2. DATA: 09/06/2009.<br />

7. Sendo assim, faz jus a parte autora, ora recorrida, ao benefício assistencial previsto na Lei 8.742/93, tendo em vista que<br />

o benefício previdenciário percebido por seu genitor não deve integrar o cálculo da renda per capita familiar.<br />

8. No tocante aos juros de mora, a d<strong>es</strong>peito do entendimento originalmente adotado por <strong>es</strong>te magis<strong>tr</strong>ado, tenho por bem<br />

acompanhar a orientação majoritária delineada por <strong>es</strong>te colegiado e consolidada no Enunciado n.º 54 da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, razão pela qual acolho a aplicabilidade da alteração<br />

legislativa engendrada no 1º-F da Lei nº 9.494/97 com o advento da Lei n.º 11.960/09, inclusive às causas de natureza<br />

previdenciária.<br />

9. Com efeito, na <strong>es</strong>teira na jurisprudência do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> , a partir de 30.06.2009, impõe-se a aplicação<br />

imediata dos índic<strong>es</strong> oficiais da caderneta de poupança para efeito de cálculo de correção monetária e de juros de mora<br />

incident<strong>es</strong> sobre as condenaçõ<strong>es</strong> pecuniárias impostas à Fazenda Pública, incluídas as verbas consideradas alimentar<strong>es</strong>.


10. Por derradeiro, também merece provimento o recurso da autarquia previdenciária no tópico referente à fixação do termo<br />

inicial da mora para efeito de incidência de juros. Segundo orientação firmada na Súmula n.º 204 do Superior Tribunal de<br />

<strong>Justiça</strong>, nas açõ<strong>es</strong> relativas a benefícios previdenciários, os juros de mora devem incidir a partir da citação válida, razão<br />

pela qual merece reforma, n<strong>es</strong>te ponto, a sentença impugnada.<br />

11. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte.<br />

12. Sem custas, na forma da lei, e sem condenação em honorários advocatícios, ante o provimento parcial do recurso<br />

aviado.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO<br />

RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR Relator<br />

74 - 0000291-94.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000291-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x GENAIR SILVA DE OLIVEIRA (ADVOGADO: VANESSA PROFIRO NUNES.).<br />

RECURSO N. 2008.50.54.000291-0<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: GENAIR SILVA DE OLIVEIRA<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO – ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – ART. 20 DA LEI 8.742/93 –<br />

APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ARTIGO 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO ESTATUTO DO IDOSO – AUSÊNCIA DE<br />

VIOLAÇÃO A DISPOSITIVOS LEGAIS OU CONSTITUCIONAIS – JUROS DE MORA – LEI 11.960/09 – APLICABILIDADE<br />

RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA<br />

PARTE<br />

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 62/67, que julgou procedente o pedido<br />

de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício assistencial previsto na LOAS. Alega o recorrente que é ilegal a aplicação analógica do<br />

artigo 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003, devendo ser julgado improcedente o pedido autoral. Caso seja mantida a<br />

decisão recorrida, requer a reforma na fixação dos juros de mora, nos termos da redação dada pela Lei 11.960/2009 ao<br />

artigo 1º-F da Lei 9494/97. Não foram apr<strong>es</strong>entadas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> recursais pela parte autora.<br />

2. Nos termos do art. 20 da Lei 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />

garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência ou ao idoso com 70 (setenta) anos ou<br />

mais que comprove não possuir meios de prover a própria subsistência e tampouco de tê-la provida por familiar<strong>es</strong>. Para<br />

efeitos de aplicação do citado dispositivo, considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida<br />

independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de<br />

deficiência ou idoso aquela família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />

3. No caso concreto, vislumbra-se que a con<strong>tr</strong>ovérsia existente se pauta exclusivamente no requisito atinente à renda<br />

familiar per capita. Com efeito, a sentença recorrida deferiu o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial previsto<br />

na LOAS, haja vista ter considerado que o benefício previdenciário percebido pelo cônjuge da recorrida, no valor de um<br />

salário mínimo, não integra a renda familiar para fins de conc<strong>es</strong>são do supracitado benefício assistencial, de modo que<br />

r<strong>es</strong>taria caracterizado o enquadramento aos requisitos previstos na Lei 8.742/93, por ser a renda familiar nula.<br />

4. Conforme consta do Relatório Social de fls. 25/28, a recorrida r<strong>es</strong>ide apenas com seu cônjuge, de forma que o núcleo<br />

familiar é composto por duas p<strong>es</strong>soas. A única renda do referido núcleo é a aposentadoria auferida pelo cônjuge da<br />

segunda recorrente (aposentadoria por invalidez em virtude de epilepsia). Estas informaçõ<strong>es</strong> ex<strong>tr</strong>aídas do laudo social<br />

deixam claro que a m<strong>es</strong>ma faz jus ao benefício assistencial pleiteado, em virtude de a única renda familiar ser o benefício<br />

previdenciário percebido por seu cônjuge, no valor de um salário mínimo, reitere-se.<br />

5. O relatório social <strong>es</strong>clarece, ainda que a renda familiar atual é de R$310,00 em virtude de empréstimo feito pelo cônjuge<br />

da parte autora para realizar consertos urgent<strong>es</strong> na sua r<strong>es</strong>idência. Com relação á condição habitacional o laudo informa<br />

que a imóvel possui péssima infra0<strong>es</strong><strong>tr</strong>utura, péssima habitabilidade e o mobiliário é precário, sendo que o laudo fotográfico<br />

de fls. 34/36 corroboram a referida informação.<br />

6. Já <strong>es</strong>tá sedimentado n<strong>es</strong>ta Turma Recursal e na jurisprudência que é possível a aplicação analógica do parágrafo único


do artigo 34 do Estatuto do Idoso, quando se <strong>tr</strong>atar de benefício previdenciário percebido no valor de um salário mínimo,<br />

não devendo tal dispositivo se aplicar apenas para os casos de percepção de benefício de LOAS, o que possibilita a<br />

eliminação da renda auferida pelo cônjuge da recorrida para fins de cômputo de renda mensal familiar per capita, tornando<br />

<strong>es</strong>ta renda igual a zero e r<strong>es</strong>tando preenchido o requisito renda para a conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />

7. Tal entendimento encon<strong>tr</strong>a-se consolidado E. Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 2ª Região: “(...) - A percepção de benefício<br />

previdenciário por ou<strong>tr</strong>o membro da família não afasta a condição de miserabilidade. Inteligência da Lei nº 10.741/2003, ao<br />

<strong>tr</strong>atar do benefício de assistência social previsto na Lei nº 8.742/93 para a p<strong>es</strong>soa idosa. - Aplicação da m<strong>es</strong>ma regra<br />

quando se <strong>tr</strong>atar de benefício assistencial concedido em razão de deficiência. A renda familiar de um salário mínimo,<br />

percebida por um membro da família, independentemente da origem da receita, não poderá ser impedimento para que<br />

ou<strong>tr</strong>o membro, cumprindo os demais requisitos exigidos pela Lei nº 8.742/93, aufira o benefício assistencial, pois a condição<br />

econômica para a sobrevivência é exatamente igual àquela situação de que <strong>tr</strong>ata o parágrafo único do artigo 34 da Lei nº<br />

10.741/2003. - Assim, <strong>es</strong>tá caracterizada, plenamente, a dificuldade em prover dignamente a sua manutenção, pelo que<br />

cabível a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial pretendido. - Recurso d<strong>es</strong>provido.”. (Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 2ª Região -<br />

APELRE – Apelação/Reexame Nec<strong>es</strong>sário – 425035, Relator (a): D<strong>es</strong>embargador <strong>Federal</strong> André Font<strong>es</strong>, Órgão julgador:<br />

Segunda Turma Especializada. Fonte: DJU - Data:23/12/2008). (Grifos nossos).<br />

8. Acerca da constitucionalidade da aplicação do artigo 34, parágrafo único, ao caso concreto, o E. Tribunal Regional<br />

<strong>Federal</strong> da 3ª Região assim se manif<strong>es</strong>ta: “PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 203, V, DA<br />

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ARTIGO 20 DA LEI Nº 8.742/93. IDOSO. ARTIGO 34 DA LEI Nº 10.741/2003. PRESENÇA<br />

DOS REQUISITOS LEGAIS. CONCESSÃO. - O Plenário do Colendo Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> declarou a<br />

constitucionalidade da disposição contida no § 3º do artigo 20 da Lei nº 8.742/93 (ADIN nº 1.232-1-DF; DJ 01.06.2001). -<br />

Nos termos do parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.741/2003, a renda familiar de um salário mínimo, percebida por um<br />

membro da família não poderá ser impedimento para que ou<strong>tr</strong>o membro, cumprindo os demais requisitos exigidos pela Lei<br />

nº 8.742/93, aufira o benefício assistencial, independentemente da origem da receita. Precedent<strong>es</strong>. - O Colendo Supremo<br />

Tribunal <strong>Federal</strong> tem considerado que a aplicação da legislação superveniente (artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do<br />

Idoso) ao caso concreto, não <strong>tr</strong>aduz violação ao artigo 203, V, da Constituição <strong>Federal</strong> ou à decisão proferida na ADIN nº<br />

1232-1, o que autoriza o exame da hipót<strong>es</strong>e vertente à luz do mencionado dispositivo legal.(...).”. (Tribunal Regional <strong>Federal</strong><br />

da 3ª Região - AC 200403990114779 - AC - APELAÇÃO CÍVEL – 928775 – Relatora: Juíza Diva Malerbi – Órgão julgador:<br />

Nona Turma – Julgado em: 18/02/2008 – Publicado em: 13/03/2008). (Grifos nossos).<br />

9. As jurisprudências acima deixam explícito que é possível a aplicação analógica do artigo 34, parágrafo único, ao caso<br />

concreto, não cabendo falar em ilegalidade ou inconstitucionalidade do uso d<strong>es</strong>ta interpretação, principalmente dos artigos<br />

194, parágrafo único; 203, caput (legalidade); artigo 194, III (seletividade e dis<strong>tr</strong>ibutividade); artigo 195, § 5º (prévia fonte de<br />

custeio); artigos 2º e 44 (princípio da separação dos poder<strong>es</strong>); e artigo 203, V, todos da CR/88; do artigo 34, parágrafo<br />

único, da Lei 10.741/2003, e do artigo 20, §§2º e 3º da Lei n. 8.742/93, além dos termos do julgado da ADIn 1232/DF.<br />

10. O entendimento da aplicação analógica do artigo 34, parágrafo único, do Estatuto do Idoso, guarda consonância com os<br />

preceitos constitucionais, por concretizar dispositivos basilar<strong>es</strong> da Carta Magna, tais como o artigo 3º, III (o qual aponta<br />

como um dos objetivos fundamentais da República a erradicação da pobreza e a redução da d<strong>es</strong>igualdade social), de modo<br />

que não há que falar em violação dos diplomas legais e dos princípios constitucionais suscitados pela autarquia<br />

previdenciária, até por r<strong>es</strong>tar claro que a situação de quem recebe o benefício da LOAS, nos mold<strong>es</strong> do que preconiza o<br />

parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso, é semelhante à situação de quem percebe benefício previdenciário no<br />

valor de um salário mínimo, não cabendo haver distinção quando as situaçõ<strong>es</strong> são equivalent<strong>es</strong>, tendo em vista que isso<br />

violaria ou<strong>tr</strong>o princípio fundamental da Constituição de 1988: o princípio da igualdade.<br />

11. No tocante aos juros de mora, a d<strong>es</strong>peito do entendimento originalmente adotado por <strong>es</strong>te magis<strong>tr</strong>ado, tenho por bem<br />

acompanhar a orientação majoritária delineada por <strong>es</strong>te colegiado e consolidada no Enunciado n.º 54 da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, razão pela qual acolho a aplicabilidade da alteração<br />

legislativa engendrada no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 com o advento da Lei n.º 11.960/09, inclusive às causas de natureza<br />

previdenciária.<br />

12. Com efeito, na <strong>es</strong>teira na jurisprudência do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> , a partir de 30.06.2009, impõe-se a aplicação<br />

imediata dos índic<strong>es</strong> oficiais da caderneta de poupança para efeito de cálculo de correção monetária e de juros de mora<br />

incident<strong>es</strong> sobre as condenaçõ<strong>es</strong> pecuniárias impostas à Fazenda Pública, incluídas as verbas consideradas alimentar<strong>es</strong>.<br />

13. Recurso conhecido e parcialmente provido. Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios,<br />

com base na regra disposta no artigo 55 da Lei 9.099/95.


ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER e, no mérito, DAR PARCIAL<br />

PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

75 - 0003000-17.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003000-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x MARIA DA CONCEIÇÃO ALBANO.<br />

RECURSOS DE SENTENÇA N.º 2008.50.50.003000-0/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RECORRIDA: MARIA DA CONCEIÇÃO ALBANO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. JUROS DE MORA. ART. 1º-F DA LEI 9.494/97. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA.<br />

CAUSAS PREVIDENCIÁRIAS. APLICABILIDADE RECONHECIDA. INCIDÊNCIA. CITAÇÃO VÁLIDA. RECURSO<br />

CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO<br />

RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a fazer parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

76 - 0000879-79.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000879-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x LEONEL FRANCISCO PINTO (ADVOGADO: MARIA DE FATIMA<br />

MONTEIRO.).<br />

RECURSO Nº 2009.50.50.000879-5/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RECORRIDO: LEONEL FRANCISCO PINTO<br />

RELATORA: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVA.<br />

CONDIÇÕES PESSOAIS DESFAVORÁVEIS AO RETORNO AO MERCADO DE TRABALHO. JUROS DE MORA. LEI<br />

11.960/09. APLICABILIDADE RECONHECIDA. CITAÇÃO VÁLIDA. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE<br />

PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de<br />

auxílio-doença e posterior conversão em aposentadoria por invalidez. O recorrente afirma que, embora o magis<strong>tr</strong>ado não<br />

<strong>es</strong>teja ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, as conclusõ<strong>es</strong> do expert só podem ser afastadas por robusto conjunto probatório em<br />

sentido con<strong>tr</strong>ário, m<strong>es</strong>mo porque o laudo goza de pr<strong>es</strong>unção de legitimidade e legalidade. Requer ainda a aplicação do art.<br />

1º-F da Lei 9.494/97, com redação dada pela Lei 11.960/2009, bem como a fixação dos juros de mora a partir da citação<br />

válida.<br />

No que tange à conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos<br />

(art. 46 da Lei 9.099/95). O juízo a quo, acertadamente, levou em consideração as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais do autor – idade (54<br />

anos), <strong>es</strong>colaridade (baixa) e histórico laboral (<strong>tr</strong>abalhador braçal) – para demons<strong>tr</strong>ar o quão improvável seria eventual<br />

reinserção no mercado de <strong>tr</strong>abalho. Assim sendo, ap<strong>es</strong>ar de a perícia ter constatado que o autor se encon<strong>tr</strong>ava parcial e<br />

definitivamente incapaz, as condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais serviram para <strong>tr</strong>ansformar a incapacidade em total, ante o infrutífero retorno<br />

do segurado ao mercado de <strong>tr</strong>abalho.<br />

No tocante aos juros de mora, a d<strong>es</strong>peito do entendimento originalmente adotado por <strong>es</strong>te magis<strong>tr</strong>ado, tenho por bem<br />

acompanhar a orientação majoritária delineada por <strong>es</strong>te colegiado e consolidada no Enunciado n.º 54 da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, razão pela qual acolho a aplicabilidade da alteração<br />

legislativa engendrada no 1º-F da Lei n.º 9.494/97 com o advento da Lei n.º 11.960/09, inclusive às causas de natureza<br />

previdenciária.<br />

Com efeito, na <strong>es</strong>teira na jurisprudência do Supremo Tribunal <strong>Federal</strong> , a partir de 30.06.2009, impõe-se a aplicação<br />

imediata dos índic<strong>es</strong> oficiais da caderneta de poupança para efeito de cálculo de correção monetária e de juros de mora<br />

incident<strong>es</strong> sobre as condenaçõ<strong>es</strong> pecuniárias impostas à Fazenda Pública, incluídas as verbas consideradas alimentar<strong>es</strong>.


Por derradeiro, também merece provimento o recurso da autarquia previdenciária no tópico referente à fixação do termo<br />

inicial da mora para efeito de incidência de juros. Segundo orientação firmada na Súmula n.º 204 do Superior Tribunal de<br />

<strong>Justiça</strong>, nas açõ<strong>es</strong> relativas a benefícios previdenciários, os juros de mora devem incidir a partir da citação válida, razão<br />

pela qual merece reforma, n<strong>es</strong>te ponto, a sentença impugnada.<br />

Recurso conhecido e parcialmente provido.<br />

Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, com base na regra disposta no artigo 55 da Lei<br />

9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER e, no mérito, DAR PARCIAL<br />

PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

77 - 0000404-17.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000404-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x ANDERSON BATISTA DE SOUZA e ALYSON BATISTA RODRIGUES,<br />

repr<strong>es</strong>entados por ELIZAMAR PEREIRA BATISTA (ADVOGADO: FERNANDA ANDRADE SANTANA, ANDRÉ<br />

CAMPANHARO PÁDUA.).<br />

RECURSO N. 2009.50.53.000404-4/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: ANDERSON BATISTA DE SOUZA E ALYSON BATISTA RODRIGUES, REPRESENTADOS POR<br />

ELIZAMAR PEREIRA BATISTA<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE – COMPROVAÇÃO DO<br />

ESTADO DE DESEMPREGO POR OUTROS MEIOS QUE NÃO O DO REGISTRO EM ÓRGÃO PRÓPRIO DO<br />

MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – AMPLIAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 15, § 2º<br />

DA LEI 8.213/91 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 60/62, a qual julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de pensão por morte. Aduz o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong>, que não houve a<br />

comprovação da qualidade de segurado, tendo em vista a ausência de prova da situação de d<strong>es</strong>emprego do de cujus à<br />

época de seu falecimento, não sendo possível a aplicação do disposto no artigo 15, § 2º da Lei 8.213/91.<br />

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependent<strong>es</strong> do segurado que falecer, aposentado ou não, nos<br />

termos do artigo 74 da Lei 8.213/91. Com efeito, a sua conc<strong>es</strong>são não exige o recolhimento de número mínimo de<br />

con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> (carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91. Basta que o instituidor da pensão <strong>es</strong>teja filiado à<br />

Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito. R<strong>es</strong>salta-se que a carência e qualidade de segurado são<br />

institutos distintos e independent<strong>es</strong>, de modo que o fato de a carência não ser nec<strong>es</strong>sária, não impede que se exija a<br />

qualidade de segurado como requisito para a conc<strong>es</strong>são da pensão por morte.<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, verifica-se que o requisito con<strong>tr</strong>overso se pauta na pr<strong>es</strong>ença ou não da qualidade de segurado por parte<br />

do de cujus à época de seu falecimento, para fins de percepção, por seus dependent<strong>es</strong>, de benefício de pensão por morte.<br />

A sentença proferida pelo juiz a quo, a qual considerou que a condição de d<strong>es</strong>empregado pode ser comprovada pela<br />

ausência de anotação na CTPS do segurado, para fins de ampliação do período de graça e consequente manutenção da<br />

qualidade de segurado, nos mold<strong>es</strong> do artigo 15, § 2º da Lei 8.213/91, deve ser mantida.<br />

Isso porque o período de graça é direito fundamental do segurado, pelo fato de consagrar (<strong>es</strong>pecialmente na hipót<strong>es</strong>e do<br />

artigo 15, § 2º da Lei 8.213/91) um dos pilar<strong>es</strong> da Previdência Social, qual seja, a cobertura de contingências, de<br />

eventualidad<strong>es</strong>, sendo o d<strong>es</strong>emprego uma d<strong>es</strong>tas.<br />

Numa situação de d<strong>es</strong>emprego, por mais que não haja regis<strong>tr</strong>o em órgão próprio do Ministério do Trabalho e do Ministério<br />

da Previdência Social, havendo comprovação de ausência de anotação de vínculo empregatício na CTPS do segurado (e<br />

no pr<strong>es</strong>ente caso verifica-se <strong>es</strong>ta ausência, tendo em vista que a última anotação na CTPS do de cujus data de dezembro


de 2006 – fl. 44 –, sendo que o m<strong>es</strong>mo veio a óbito em 20/04/2008 – fl. 07), deve ser <strong>es</strong>tendido o período de graça, para<br />

fins de manutenção da qualidade de segurado.<br />

Vale salientar que <strong>es</strong>ta situação de d<strong>es</strong>emprego é corroborada pelo Cadas<strong>tr</strong>o Nacional de Informaçõ<strong>es</strong> Sociais – CNIS (fl.<br />

26), o qual também possui como último regis<strong>tr</strong>o do segurado o vínculo que se findou em dezembro de 2006. É preciso ter<br />

em mente que a aplicação do artigo 15, § 2º da Lei 8.213/91, valendo-se, para tanto, da análise da CTPS do segurado, não<br />

encon<strong>tr</strong>a objeção no caso em qu<strong>es</strong>tão, até porque não se deve exigir dos dependent<strong>es</strong> do de cujus que comprovem o não<br />

exercício de atividade laboral por parte d<strong>es</strong>te até o seu óbito, algo pouco factível, cabendo à autarquia previdenciária afastar<br />

a mencionada CTPS como meio de prova da situação de d<strong>es</strong>emprego, o que não ocorreu.<br />

O raciocínio feito pela sentença e mantido por <strong>es</strong>ta Relatoria encon<strong>tr</strong>a guarida na Súmula 27 da Turma Nacional de<br />

Uniformização dos Juizados Especiais Federais, a qual dispõe que “A ausência de regis<strong>tr</strong>o em órgão do Ministério do<br />

Trabalho não impede a comprovação do d<strong>es</strong>emprego por ou<strong>tr</strong>os meios admitidos em Direito.”.<br />

A jurisprudência também se manif<strong>es</strong>ta n<strong>es</strong>te sentido: PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE<br />

SEGURANÇA. TRABALHADOR URBANO. CONCEDIDA LIMINAR PARA DETERMINAR A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO<br />

PREVIDENCIÁRIO DE AUXÍLIO-DOENÇA. ENFERMIDADE QUE SE INSTRALOU (sic) NO PERÍODO DE GRAÇA.<br />

CONDIÇÃO DE DESEMPREGADO VERIFICADA PELA INEXISTÊNCIA DE REGISTRO NA CARTEIRA DE TRABALHO.<br />

RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O INSS indeferiu pedido adminis<strong>tr</strong>ativo de auxílio-doença, sob a alegação de<br />

perda da qualidade de segurado. 2. Existência de prova documental no sentido de que d<strong>es</strong>de 02/05/2001 o impe<strong>tr</strong>ante<br />

encon<strong>tr</strong>ava-se d<strong>es</strong>empregado. 3. Manutenção da qualidade de segurado por 24 (vinte e qua<strong>tr</strong>o) m<strong>es</strong><strong>es</strong>, acr<strong>es</strong>cido de mais<br />

12 (doze) m<strong>es</strong><strong>es</strong>, nos termos do artigo 15, §§ 1º e 2º, da Lei previdenciária. 4. O texto legal refere-se a (sic) comprovação<br />

do d<strong>es</strong>emprego a<strong>tr</strong>avés de regis<strong>tr</strong>o no órgão próprio do Ministério do Trabalho. Esse órgão <strong>es</strong>tá por ser definido pela<br />

Adminis<strong>tr</strong>ação <strong>Federal</strong>, não podendo <strong>es</strong>se impasse gerar prejuízo ao segurado, que se vê impedido de se beneficiar da<br />

condição de segurado por mais 12 (doze) m<strong>es</strong><strong>es</strong>) (sic). 5. Nec<strong>es</strong>sidade de interpretar a lei como uma garantia e não como<br />

um obstáculo para o segurado. Precedent<strong>es</strong> jurisprudenciais. 6. Comprovado o "fumus boni juris". Já o "periculum in mora"<br />

decorre do caráter alimentar de que se rev<strong>es</strong>te o benefício. 7. Determinação de submissão do agravado a programa de<br />

reabilitação profissional, nos termos do artigo 62 da Lei nº 8.213/91, findo o qual deverá ser expedido o certificado previsto<br />

no 'caput' do artigo 140 do Decreto nº 3.048/99, Regulamento da Previdência Social. 8. O auxílio-doença dever ser mantido<br />

até a conclusão do programa. Uma vez reabilitado, e comprovada nos autos a c<strong>es</strong>sação da incapacidade, faculta-se ao<br />

magis<strong>tr</strong>ado rever a liminar. 9. Cominação de multa diária de R$ 100,00 (cem reais) para o caso de d<strong>es</strong>cumprimento da<br />

ordem pelo INSS. 10. Agravo de ins<strong>tr</strong>umento parcialmente provido. (Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 3ª Região – Agravo de<br />

Ins<strong>tr</strong>umento n. 247972 – Órgão Julgador: Nona Turma – Relatora: Juíza convocada em auxílio Van<strong>es</strong>sa Mello – Julgado<br />

em: 18/12/2006 – Publicado em: 31/01/2007). (Grifos nossos).<br />

Verificando-se a comprovação do d<strong>es</strong>emprego do segurado, o qual, no caso concreto, durou de dezembro de 2006 até o<br />

seu óbito, em abril de 2008, conforme se verifica pela ausência de anotaçõ<strong>es</strong> na CTPS do m<strong>es</strong>mo após aquela data, e pelo<br />

CNIS d<strong>es</strong>te, deve haver a incidência do artigo 15, § 2º da Lei 8.213/91, de modo a ser <strong>es</strong>tendida a qualidade de segurado<br />

até fevereiro de 2009, em virtude do § 4º, artigo 15, do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, possibilitando-se a conc<strong>es</strong>são de pensão<br />

por morte aos dependent<strong>es</strong> do de cujus.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida. Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de<br />

honorários advocatícios no montante de R$ 500,00 (quinhentos reais), conforme previsão contida no artigo 20, § 4º, do<br />

CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma<br />

da ementa constante dos autos, a qual fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

78 - 0000760-21.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000760-2/01) JOSE BORGES (ADVOGADO: ADRIANE ALMEIDA DE<br />

OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ<br />

ROSSONI.).<br />

RECURSO N. 2009.50.50.000760-2/01<br />

RECORRENTE: JOSÉ BORGES<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE – APLICAÇÃO DO DIPLOMA<br />

NORMATIVO VIGENTE À ÉPOCA DO ÓBITO – AINDA QUE SE ADMITA A COMPROVAÇÃO DO ESTADO DE<br />

DESEMPREGO POR OUTROS MEIOS QUE NÃO O DO REGISTRO EM ÓRGÃO PRÓPRIO DO MINISTÉRIO DO


TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, NÃO HAVERIA A POSSIBILIDADE DE CONCEDER O BENEFÍCIO<br />

PLEITEADO, HAJA VISTA QUE O LAPSO TEMPORAL ENTRE A DATA DO ÚLTIMO VÍNCULO EMPREGATÍCIO E A DO<br />

ÓBITO É SUPERIOR A 24 MESES, NÃO HAVENDO NO DECRETO N. 89.312/84 REGRAMENTO EQUIVALENTE AO DO<br />

§ 4º, ARTIGO 15, DA LEI 8.213/91, O QUAL PRORROGARIA A QUALIDADE DE SEGURADO ATÉ O 26º MÊS,<br />

CONTADO DO ÚLTIMO VÍNCULO DE EMPREGO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 84/86, a qual<br />

julgou improcedente o pedido autoral, de conc<strong>es</strong>são de pensão por morte. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong>, que a<br />

referida sentença deve ser reformada, tendo em vista o princípio da dignidade da p<strong>es</strong>soa humana e os fins sociais<br />

pertinent<strong>es</strong> à demanda.<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, verifica-se que deve ser aplicado, para o d<strong>es</strong>linde da causa, o Decreto n. 89.312/84, o qual vigorava<br />

quando do óbito do cônjuge do recorrente. O referido decreto <strong>tr</strong>azia disposição equivalente ao artigo 15, § 2º da Lei<br />

8.213/91 (artigo 7º, § 1º, “e”), o qual dispõe sobre a nec<strong>es</strong>sidade de regis<strong>tr</strong>o da situação de d<strong>es</strong>emprego em órgão próprio<br />

do Ministério do Trabalho e da Previdência Social (sendo que a redação do decreto <strong>tr</strong>azia apenas a nec<strong>es</strong>sidade de regis<strong>tr</strong>o<br />

em órgão próprio do Ministério do Trabalho).<br />

Caso a discussão dos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos <strong>es</strong>tiv<strong>es</strong>se pautada apenas na nec<strong>es</strong>sidade de regis<strong>tr</strong>o em órgão competente, para<br />

fins de manutenção da qualidade de segurado, não haveria óbice à conc<strong>es</strong>são do benefício de pensão por morte, tendo em<br />

vista o entendimento d<strong>es</strong>ta Relatoria quanto à possibilidade de utilizar a CTPS do de cujus para comprovar a situação de<br />

d<strong>es</strong>emprego.<br />

Todavia, o caso concreto demanda a análise de ou<strong>tr</strong>a qu<strong>es</strong>tão. O Decreto n. 89.312/84, ora aplicado, não <strong>tr</strong>azia dispositivo<br />

referente à data da perda da qualidade de segurado, conforme consta da Lei 8.213/91 (artigo 15, § 4º). Este artigo dispõe<br />

que “A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da<br />

Seguridade Social para recolhimento da con<strong>tr</strong>ibuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos<br />

fixados n<strong>es</strong>te artigo e seus parágrafos.”. Por meio d<strong>es</strong>ta redação, conclui-se que a perda da qualidade de segurado,<br />

levando-se em consideração o acréscimo de 12 (doze) m<strong>es</strong><strong>es</strong> do artigo 7º, § 1º, “e” do Decreto supra (equivalente ao artigo<br />

15, § 2º, da Lei 8.213/91), ocorreria no 16º dia do 26º mês contado da data do último vínculo empregatício do de cujus, o<br />

que possibilitaria a manutenção da qualidade de segurado, com a consequente conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />

En<strong>tr</strong>etanto, não existia no Decreto n. 89.312/84 dispositivo equivalente ao artigo 15, § 4º da Lei 8.213/91, o que fez com que<br />

ocorr<strong>es</strong>se a perda da qualidade de segurado, considerando-se o acréscimo de 12 (doze) acima mencionado, em 31/01/84<br />

(24 m<strong>es</strong><strong>es</strong> após o último vínculo empregatício – 31/01/1982, conforme consta à fl. 16). Como o óbito ocorreu em<br />

05/03/1984 (fl. 22), não há que falar em manutenção da qualidade de segurado, não sendo devido o benefício de pensão<br />

por morte.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida. Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários<br />

advocatícios, devido ao deferimento do benefício da Assistência Jurídica Gratuita (fl. 63).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma<br />

da ementa constante dos autos, a qual fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

79 - 0000425-62.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000425-9/01) BELMIRO DOS SANTOS (ADVOGADO: IZAIAS CORREA<br />

BARBOZA JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).<br />

RECURSO N. 2010.50.51.000425-9/01<br />

RECORRENTE: BELMIRO DOS SANTOS<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE – INEXISTÊNCIA DE<br />

DEPENDÊNCIA ECONÔMICA, NÃO TENDO SIDO CUMPRIDO O DISPOSTO NO ARTIGO 16, PARÁGRAFO 4º, DA LEI<br />

8.213/91 – IMPOSSIBILIDADE DE EXTENSÃO DA SUPRACITADA DEPENDÊNCIA – RECURSO CONHECIDO E<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 72/74, a qual julgou<br />

improcedente o pedido autoral de conc<strong>es</strong>são de pensão por morte. Aduz o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong>, que a dependência


econômica verificada para a conc<strong>es</strong>são do benefício de pensão por morte à sua <strong>es</strong>posa, ora falecida, deveria ser <strong>es</strong>tendida<br />

ao m<strong>es</strong>mo, pelo fato de a referida <strong>es</strong>posa ter convivido com o mencionado recorrente até o falecimento daquela.<br />

O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependent<strong>es</strong> do segurado que falecer, aposentado ou não, nos<br />

termos do artigo 74 da Lei 8.213/91. Com efeito, a sua conc<strong>es</strong>são não exige o recolhimento de número mínimo de<br />

con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> (carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91. Basta que o instituidor da pensão <strong>es</strong>teja filiado à<br />

Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito. R<strong>es</strong>salta-se que a carência e qualidade de segurado são<br />

institutos distintos e independent<strong>es</strong>, de modo que o fato de a carência não ser nec<strong>es</strong>sária, não impede que se exija a<br />

qualidade de segurado como requisito para a conc<strong>es</strong>são da pensão por morte.<br />

O artigo 16 da Lei 8.213/91 <strong>tr</strong>az o rol de p<strong>es</strong>soas que podem figurar como dependent<strong>es</strong> do segurado, e n<strong>es</strong>te rol <strong>es</strong>tão<br />

incluídos os genitor<strong>es</strong> do m<strong>es</strong>mo, os quais poderão receber o benefício de pensão por morte caso comprovem a existência<br />

de uma relação de dependência econômica no que tange ao filho que veio a óbito (inciso II, conjugado com o parágrafo 4º,<br />

ambos do supracitado artigo).<br />

No caso concreto, verifica-se que o recorrente não faz jus ao benefício previdenciário, tendo em vista não ter sido<br />

comprovado o requisito atinente à dependência econômica. Com efeito, não há nos autos documentação a qual possibilite<br />

enquadrar o mencionado recorrente como dependente econômico de seu falecido filho, sendo que a nota fiscal à fl. 40 não<br />

pode, por si só, comprovar a alegada dependência, por não se <strong>tr</strong>atarem, os bens comprados, de bens relacionados<br />

diretamente com o suprimento de nec<strong>es</strong>sidad<strong>es</strong> básicas do ser humano, tais como alimentação, v<strong>es</strong>tuário e medicamentos,<br />

os quais indicariam a existência de dependência econômica, por serem de uso corrente de todos.<br />

Ademais, cabe salientar que apenas a genitora do de cujus recebia a pensão por morte referente a <strong>es</strong>te, recebimento<br />

efetuado até o óbito da m<strong>es</strong>ma, o que leva à conclusão de que o recorrente não preencheu os requisitos para a conc<strong>es</strong>são<br />

do benefício em qu<strong>es</strong>tão. Deve-se atentar para o fato de que o m<strong>es</strong>mo percebe aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição<br />

pela atividade de ferroviário d<strong>es</strong>de 1978 (fl. 16), quase 10 (dez) anos ant<strong>es</strong> do óbito de seu filho (fl. 37), o que indica a<br />

ausência de dependência econômica.<br />

Já a <strong>es</strong>posa do recorrente, já falecida, era doméstica, conforme consta de sua Certidão de Casamento à fl. 13, e o<br />

benefício de aposentadoria por idade que a m<strong>es</strong>ma recebia d<strong>es</strong>de 1983 foi concedido na categoria “con<strong>tr</strong>ibuinte individual”<br />

(fl. 22), o que indica que a m<strong>es</strong>ma não tinha condiçõ<strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuir para a Previdência Social, dependendo de ou<strong>tr</strong>em para<br />

tal. Tudo isso demons<strong>tr</strong>a a dependência econômica da genitora do de cujus, mas não a do genitor do m<strong>es</strong>mo, ora<br />

recorrente, não cabendo a conc<strong>es</strong>são de pensão por morte a <strong>es</strong>te, em virtude do óbito de seu filho.<br />

Cabe mencionar que a extensão da dependência econômica requerida pelo recorrente, o que implicaria em <strong>es</strong>tender a<br />

supracitada dependência da genitora do de cujus para o referido recorrente, não encon<strong>tr</strong>a guarida em nosso ordenamento<br />

jurídico, por ferir o disposto no artigo 195, § 5º, da CR/88 (o qual veda a extensão de benefício sem prévia fonte de custeio),<br />

e por considerar que a possibilidade de comprovação da dependência econômica pode ser aferida após o óbito do<br />

segurado, o que não procede.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida. Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários<br />

advocatícios, ante o deferimento do benefício da Assistência Judiciária Gratuita (fl. 50).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma<br />

da ementa constante dos autos, a qual fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

80 - 0000515-10.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000515-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x GEANNE CASTELLO AMADO.<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.50.000515-0/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RECORRIDO(A): GEANNE CASTELLO AMADO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

DECISÃO<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 32/35, na qual r<strong>es</strong>tou deferido o pleito de<br />

conc<strong>es</strong>são de pensão por morte à autora, ante o reconhecimento da situação de d<strong>es</strong>emprego do instituidor do benefício<br />

para efeito de aplicação da extensão do período de graça prevista no §2º do artigo 15 da Lei n.º8.213/91. Aduz a autarquia<br />

previdenciária, em suas razõ<strong>es</strong>, que não houve demons<strong>tr</strong>ação da situação de d<strong>es</strong>emprego a<strong>tr</strong>avés de regis<strong>tr</strong>o em órgão<br />

próprio do Ministério do Trabalho e do Ministério da Previdência Social, sendo certo que a ausência de anotação na CTPS


não constitui elemento suficiente à comprovação de tal circunstância.<br />

Considerando o entendimento adotado pela Terceira Seção do Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, no julgamento de incidente de<br />

uniformização nos autos da Petição n.º 7115/PR , decidem os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONVERTER O FEITO EM DILIGÊNCIA e determinar a intimação<br />

da parte recorrida (autora) para que informe se pretende promover a produção de prova suplementar (documental,<br />

t<strong>es</strong>temunhal, etc.), com vistas à comprovação da situação de d<strong>es</strong>emprego do de cujus e de sua manutenção até a data do<br />

óbito.<br />

Vitória - ES, 22 de abril de 2011.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

81 - 0000071-31.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000071-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x DILMA MENDES FRAGA (ADVOGADO: JOÃO ROBERT CUZZUOL<br />

PEREIRA.).<br />

RECURSO N. 2010.50.53.000071-5/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RECORRIDO: DILMA MENDES FRAGA<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE – EXISTÊNCIA DE<br />

DEPENDÊNCIA ECONÔMICA, TENDO SIDO CUMPRIDO O DISPOSTO NO ARTIGO 16, PARÁGRAFO 4º, DA LEI<br />

8.213/91 – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 120/123, que julgou<br />

procedente o pedido de conc<strong>es</strong>são de pensão por morte. Aduz o INSS, em suas razõ<strong>es</strong>, que não há nos autos prova<br />

material de dependência econômica da recorrida em relação ao de cujus, seu filho, já que a autora sempre <strong>tr</strong>abalhou, não<br />

preenchendo, d<strong>es</strong>se modo, tal requisito.<br />

2. O benefício de pensão por morte é devido ao conjunto de dependent<strong>es</strong> do segurado que falecer, aposentado ou não, nos<br />

termos do artigo 74 da Lei 8.312/91. Com efeito, a sua conc<strong>es</strong>são não exige o recolhimento de número mínimo de<br />

con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> (carência), conforme preceitua o art. 26, I, da Lei nº 8.213/91. Basta que o instituidor da pensão <strong>es</strong>teja filiado à<br />

Previdência Social (qualidade de segurado) na data do óbito. R<strong>es</strong>salta-se que a carência e qualidade de segurado são<br />

institutos distintos e independent<strong>es</strong>, de modo que o fato de a carência não ser nec<strong>es</strong>sária, não impede que se exija a<br />

qualidade de segurado como requisito para a conc<strong>es</strong>são da pensão por morte.<br />

3. O artigo 16 da Lei 8.213/91 <strong>tr</strong>az o rol de p<strong>es</strong>soas que podem figurar como dependent<strong>es</strong> do segurado, e n<strong>es</strong>te rol <strong>es</strong>tão<br />

incluídos os genitor<strong>es</strong> do m<strong>es</strong>mo, os quais poderão receber o benefício de pensão por morte caso comprovem a existência<br />

de uma relação de dependência econômica no que tange ao filho que veio a óbito (inciso II, conjugado com o parágrafo 4º,<br />

ambos do supracitado artigo).<br />

4. No que tange ao fato da recorrente não ter apr<strong>es</strong>entado provas documentais suficient<strong>es</strong> para a comprovação de<br />

dependência econômica, <strong>tr</strong>azendo aos autos apenas documentos que comprovam que o ex-segurado morava na m<strong>es</strong>ma<br />

r<strong>es</strong>idência (fls. 18,19 e 37), entendo que <strong>es</strong>ta verificação possa ser feita também a<strong>tr</strong>avés de provas t<strong>es</strong>temunhais (art. 22,<br />

§3º), o que foi feito no pr<strong>es</strong>ente caso, onde ambas as t<strong>es</strong>temunhas (fl. 118) confirmaram que a renda auferida pelo filho<br />

falecido da autora era <strong>es</strong>sencial e impr<strong>es</strong>cindível para a manutenção da família.<br />

5. Ainda que possa r<strong>es</strong>tar eventual dúvida sobre a prova de dependência econômica, cabe demons<strong>tr</strong>ar entendimento<br />

consolidado pelo Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, conforme a ementa que ora se <strong>tr</strong>anscreve: PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO<br />

REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. COMPROVAÇÃO.<br />

AGRAVO IMPROVIDO. 1. A Terceira Seção d<strong>es</strong>te Superior Tribunal, no âmbito da Quinta e da Sexta Turma, já consolidou<br />

entendimento no sentido de que não se exige início de prova material para comprovação da dependência econômica de<br />

mãe para com o filho, para fins de obtenção do benefício de pensão por morte. 2. Agravo improvido. Proc<strong>es</strong>so: AGRESP<br />

200602014106. Relator: ARNALDO ESTEVES LIMA. Órgão julgador: STJ, QUINTA TURMA. Fonte: DJE. DATA:<br />

03/11/2008.<br />

PROCESSUAL E PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. COMPROVAÇÃO. INÍCIO<br />

DE PROVA MATERIAL. INEXIGÊNCIA. A legislação previdenciária não exige início de prova material para comprovação da<br />

dependência econômica de mãe para com o filho segurado, sendo bastante a prova t<strong>es</strong>temunhal lícita e idônea. Recurso<br />

não conhecido. Proc<strong>es</strong>so: AGRESP 200602014106. Relator: ARNALDO ESTEVES LIMA. Órgão julgador: STJ, QUINTA<br />

TURMA. Fonte: DJE. DATA: 03/11/2008.<br />

6. Pelas provas produzidas nos autos, verifica-se que r<strong>es</strong>tou comprovado o preenchimento do requisito da dependência<br />

econômica.


7. Ante o exposto, conheço e NEGO PROVIMENTO ao recurso inominado, de modo a manter incólume a sentença de<br />

primeiro grau, em todos os seus termos.<br />

8. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ao recorrido, no valor de R$ 500,00 (quinhentos<br />

reais), nos termos do art. 59, caput, da Lei 9.099/95.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E NEGAR PROVIMENTO AO<br />

MESMO, de forma a manter a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

82 - 0000049-15.2006.4.02.5052/01 (2006.50.52.000049-1/01) RENATO NUNES BARBOSA (ADVOGADO: MARÍLIA<br />

PAULA MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).<br />

RECURSO N. 2006.50.52.000049-1/01<br />

RECORRENTE: RENATO NUNES BARBOSA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

DECISÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO<br />

Trata-se de Embargos Declaratórios opostos em face do acórdão de fls. 134/135 dos autos, por intermédio dos quais aduz<br />

a parte autora, ora embargante, que houve omissão no acórdão impugnado quanto à condenação do INSS ao pagamento<br />

de honorários advocatícios e de custas proc<strong>es</strong>suais, tendo em vista o provimento do Recurso Inominado interposto pelo<br />

embargante.<br />

Os Embargos de Declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida, nada mais.<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, verifica-se que, de fato, houve omissão por parte do acórdão quanto à menção à condenação ou não da<br />

autarquia previdenciária ao pagamento de honorários advocatícios à parte autora, bem como à condenação em custas<br />

proc<strong>es</strong>suais. Todavia, não há que falar na pr<strong>es</strong>ença de caráter infringente nos Embargos opostos, haja vista que, conforme<br />

preconiza o artigo 55 da Lei 9.099/95, os honorários advocatícios sucumbenciais somente serão devidos em segundo grau<br />

quando a parte recorrente for vencida.<br />

D<strong>es</strong>se modo, para que o INSS fosse condenado ao pagamento de honorários advocatícios, seria nec<strong>es</strong>sário que o m<strong>es</strong>mo<br />

tiv<strong>es</strong>se recorrido da sentença de fls. 110/120 e não tiv<strong>es</strong>se logrado êxito na reforma da m<strong>es</strong>ma. En<strong>tr</strong>etanto, a mencionada<br />

autarquia sequer recorreu, de modo a não ser aplicado ao caso concreto o disposto no dispositivo supracitado, o que<br />

impede a condenação em honorários advocatícios.<br />

Os pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> Embargos Declaratórios também não possuem caráter infringente no que tange à condenação em custas<br />

proc<strong>es</strong>suais, tendo em vista ser o INSS isento do pagamento das m<strong>es</strong>mas, conforme disposição contida no artigo 4º, I, da<br />

Lei 9.289/96.<br />

Ante o exposto, DOU PROVIMENTO aos Embargos de Declaração, ante a pr<strong>es</strong>ença de omissão no acórdão de fls.<br />

134/135, o qual, a d<strong>es</strong>peito de não ser devida a condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios, tampouco<br />

de custas proc<strong>es</strong>suais, deveria ter se manif<strong>es</strong>tado sobre a incidência ou não dos m<strong>es</strong>mos, por se <strong>tr</strong>atar de matéria de<br />

ordem pública. A omissão será suprida do seguinte modo:<br />

Ao item 6 do acórdão será acr<strong>es</strong>centado o seguinte <strong>tr</strong>echo: “Sem custas, na forma do artigo 4º, I, da Lei 9.289/96. Sem<br />

condenação em honorários advocatícios, haja vista a incidência do artigo 55 da Lei 9.099/95, o qual somente autoriza a<br />

conc<strong>es</strong>são d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> quando a parte recorrente for vencida, o que não ocorre no caso concreto.”.<br />

É a decisão.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


RECURSO N. 2006.50.52.000049-1/01<br />

RECORRENTE: RENATO NUNES BARBOSA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DECLARATÓRIOS – OMISSÃO QUANTO À MANIFESTAÇÃO SOBRE A INCIDÊNCIA OU NÃO DE<br />

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E DE CUSTAS PROCESSUAIS DEVIDOS PELO INSS – AUSÊNCIA DE EFEITOS<br />

INFRINGENTES, HAJA VISTA A INCIDÊNCIA DO ARTIGO 55 DA LEI 9.099/95, O QUAL AUTORIZA O PAGAMENTO DE<br />

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS APENAS QUANDO O RECORRENTE FOR VENCIDO, O QUE NÃO OCORRE NO CASO<br />

CONCRETO, POSTO TER O RECORRENTE OBTIDO ÊXITO COM A INTERPOSIÇÃO DO RECURSO, E PELO<br />

DISPOSTO NO ARTIGO 4º, I, DA LEI 9.289/96, O QUAL ISENTA O INSS DO PAGAMENTO DE CUSTAS PROCESSUAIS.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE<br />

DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

83 - 0001000-44.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001000-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x IRENY ROSA DE JESUS GONÇALVES (DEF.PUB: LIDIANE DA<br />

PENHA SEGAL.).<br />

PODER JUDICIÁRIO<br />

JUSTIÇA FEDERAL<br />

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTO<br />

TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS


RECURSO N. 2008.50.50.001000-1/01<br />

RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RECORRIDO: IRENY ROSA DE JESUS<br />

GONÇALVES<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE – PAUTA DE<br />

AUDIÊNCIA – INEXISTÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO – ALEGAÇÃO DE<br />

NULIDADE QUE NÃO SE RECONHECE – AUSÊNCIA DE PREJUÍZO – EMBARGOS REJEITADOS – ACÓRDÃO<br />

MANTIDO.<br />

1. Cuida-se de Embargos de Declaração interpostos em face do acórdão de fl. 87 proferido pela Turma Recursal,<br />

por intermédio dos quais aduz a parte autora, ora embargante, que houve omissão por parte do acórdão impugnado no que<br />

tange à ausência de intimação p<strong>es</strong>soal da Defensoria Pública da União, sua pa<strong>tr</strong>ona, acerca da pauta de julgamento da<br />

s<strong>es</strong>são ex<strong>tr</strong>aordinária do dia 17.11.2010. Sustenta-se que a Defensoria Pública da União não foi intimada p<strong>es</strong>soalmente<br />

para o julgamento do recurso inominado interposto, não tendo se manif<strong>es</strong>tado a Turma Recursal quanto à possível afronta<br />

aos artigos 5º, LXXIV e 134, ambos da CF.<br />

Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida, nada mais.<br />

Todavia, a hipót<strong>es</strong>e dos autos não caracteriza omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade, não podendo prosperar o recurso<br />

interposto, uma vez que ausent<strong>es</strong> os requisitos previstos no art. 535 do CPC.<br />

4. De início, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que, nos termos da Portaria n. 03/2009 da Pr<strong>es</strong>idência da Turma Recursal do Espírito<br />

Santo, a intimação da pauta da s<strong>es</strong>são de julgamento será feita “somente pela imprensa oficial, salvo nos casos onde<br />

houver inter<strong>es</strong>se do Ministério Público <strong>Federal</strong>”.<br />

Os embargos de declaração não merecem ser acolhidos, haja vista que o acórdão embargado não padece de omissão<br />

passível do manejo da referida peça proc<strong>es</strong>sual. No caso concreto, vislumbra-se que a embargante não comprovou<br />

eventual prejuízo sofrido ante a ausência de intimação p<strong>es</strong>soal da Defensora Pública da União.<br />

O §1º do artigo 249 do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil assim dispõe: O ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não<br />

prejudicar a parte. Este dispositivo consagra o princípio do prejuízo, do francês pas de nullité sans grief, o qual indica que<br />

não há nulidade sem prejuízo.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, não havendo prejuízo para a embargante, não há que falar em omissão por parte do acórdão, até porque a<br />

publicação da pauta de julgamento no Boletim Ele<strong>tr</strong>ônico da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong> (fl. 84) proporcionou ampla divulgação da<br />

referida pauta, não tendo a embargante logrado êxito em comprovar ter sofrido qualquer prejuízo.<br />

Vale frisar que não houve violação a qualquer dispositivo constitucional ou legal quando da confecção do acórdão<br />

embargado, em <strong>es</strong>pecial dos artigos 5º, LXXIV e do artigo 134, ambos da Constituição da República, até pelo fato de não<br />

ter havido prejuízo para a def<strong>es</strong>a da embargante, tendo sido pr<strong>es</strong>ervado o papel da Defensoria Pública de instituição<br />

<strong>es</strong>sencial à função jurisdicional do Estado, conforme preconiza o referido artigo 134 da CR/88.<br />

Embargos de declaração conhecidos e não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, conforme o artigo 535<br />

do CPC.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER e, no mérito, NEGAR<br />

PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

84 - 0007306-29.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007306-0/01) VALMI DUTRA CORDEIRO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE<br />

PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER<br />

DARROZ ROSSONI.).<br />

PROCESSO Nº 2008.50.50.007306-0/01<br />

EMBARGANTE: VALMI DUTRA CORDEIRO<br />

EMBARGADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE – INTIMAÇÃO<br />

PESSOAL DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - ALEGAÇÃO DE NULIDADE QUE NÃO SE RECONHECE –<br />

AUSÊNCIA DE PREJUÍZO - EMBARGOS REJEITADOS – ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

I. Cuida-se de Embargos de Declaração opostos em face do acórdão proferido pela Turma Recursal às fls. 115/116, por


intermédio dos quais aduz a parte autora, ora embargante, suposta omissão no julgado no que concerne à ausência de<br />

intimação p<strong>es</strong>soal do membro da Defensoria Pública da União acerca da pauta de julgamento da s<strong>es</strong>são ex<strong>tr</strong>aordinária<br />

d<strong>es</strong>te colegiado do dia 17.11.2010. Sustenta-se que a Defensoria Pública da União não foi intimada p<strong>es</strong>soalmente para o<br />

julgamento do recurso inominado interposto, não havendo manif<strong>es</strong>tação expr<strong>es</strong>sa dos julgador<strong>es</strong> acerca de possível afronta<br />

aos artigos 5º, LXXIV e 134, ambos da CF.<br />

II Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida. Todavia, o acórdão embargado não veicula qualquer<br />

hipót<strong>es</strong>e de omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade, pelo que não merece prosperar o recurso aviado.<br />

III. De início, cumpre regis<strong>tr</strong>ar que, nos termos da Portaria nº 03/2009 da Pr<strong>es</strong>idência da Turma Recursal do Espírito Santo,<br />

a intimação da pauta da s<strong>es</strong>são de julgamento será feita “somente pela imprensa oficial, salvo nos casos onde houver<br />

inter<strong>es</strong>se do Ministério Público <strong>Federal</strong>”.<br />

IV. Dou<strong>tr</strong>a parte, segundo art. 249, § 1º, do CPC, “o ato não se repetirá nem se lhe suprirá a falta quando não prejudicar a<br />

parte”. Este dispositivo consagra o princípio da ausência de nulidade sem prejuízo, do francês pas de nullité sans grief.<br />

Verifica-se, in casu, que a embargante não comprovou efetivo prejuízo advindo da ausência de intimação p<strong>es</strong>soal da<br />

Defensora Pública da União, notadamente porque há regis<strong>tr</strong>o nos autos de comunicação do ato a servidor (qualificado nos<br />

embargos como <strong>es</strong>tagiário) do órgão, consoante se ex<strong>tr</strong>ai da certidão de fl.113. O art. 44 - I da LC 80/94, de fato, prevê a<br />

intimação p<strong>es</strong>soal como prerrogativa dos membros da Defensoria Pública. En<strong>tr</strong>etanto, a alegação de nulidade vem<br />

d<strong>es</strong>acompanhada de demons<strong>tr</strong>ação de efetivo prejuízo à parte embargante, eis que a pr<strong>es</strong>ença do defensor na s<strong>es</strong>são de<br />

julgamento é d<strong>es</strong>tituída de sentido prático, porquanto não há oportunidade para sustentação oral no julgamento informal da<br />

turma recursal.<br />

V. Vale frisar, por fim, que não se vislumbra qualquer violação a dispositivo constitucional ou legal no bojo do acórdão<br />

embargado, em <strong>es</strong>pecial aos artigos 5º, LXXIV e 134, ambos da Constituição da República, justamente em razão de não ter<br />

se configurado qualquer prejuízo à def<strong>es</strong>a da embargante, tendo sido pr<strong>es</strong>ervado, integralmente, o papel da Defensoria<br />

Pública como instituição <strong>es</strong>sencial à função jurisdicional do Estado.<br />

VI. Embargos de declaração não providos, em razão da inexistência de vício a ser sanado, conforme disposição do artigo<br />

535 do CPC. Acórdão mantido.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

85 - 0000292-57.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000292-6/01) SATSUKO MARIA AUGUSTA KURASHIMA (ADVOGADO:<br />

CATARINE MULINARI NICO, ANA ELISA MOSCHEN.) x EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT<br />

(ADVOGADO: MATHEUS GUERINE RIEGERT, VINÍCIUS RIETH DE MORAES.).<br />

PROCESSO Nº 2009.50.50.000292-6/01<br />

RECORRENTE: SATSUKO MARIA AUGUSTA KURASHIMA<br />

RECORRIDO: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

RESPONSABILIDADE CIVIL – DANOS MORAIS E DANOS MATERIAIS – ASSALTO À VIATURA DOS CORREIOS –<br />

CASO FORTUITO – EXCLUSÃO DO DEVER DE INDENIZAR DA ECT – SEM CONFIGURAÇÃO DE DANO MORAL ANTE<br />

A SIMPLES DEMORA DOS CORREIOS EM PRESTAR INFORMAÇÕES SOBRE O OCORRIDO À PARTE AUTORA –<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 57/58, que julgou<br />

improcedente o pleito autoral de indenização por danos morais e danos materiais. O recorrente suscita, em suas razõ<strong>es</strong><br />

recursais, que a ECT não se preocupou em comunicar o motivo de sua encomenda não ter chegado ao d<strong>es</strong>tino, de modo<br />

que se passaram 06 m<strong>es</strong><strong>es</strong> (en<strong>tr</strong>e o envio da mercadoria e a obtenção da informação) até que a empr<strong>es</strong>a informasse que a<br />

encomenda não chegou por motivo de assalto, o que enseja o dano moral por ter gerado expectativa à parte que contava<br />

com a en<strong>tr</strong>ega do produto.<br />

2. Vale d<strong>es</strong>tacar que o juiz a quo julgou improcedente os pedidos da autora, por entender que o fato ensejador do ex<strong>tr</strong>avio<br />

da corr<strong>es</strong>pondência deu-se por circunstâncias alheias ao réu (assalto à viatura dos correios), o que o exime do dever de<br />

indenizar.<br />

3. É sabido que a empr<strong>es</strong>a pr<strong>es</strong>tadora do serviço postal obriga-se a indenizar os danos materiais e morais advindos da<br />

ineficiência na en<strong>tr</strong>ega da corr<strong>es</strong>pondência enviada (art. 5º, V, e 37, § 6º, da Constituição <strong>Federal</strong>, e art. 14, §§ 1º a 4º, do<br />

CDC). No entanto, a jurisprudência tem-se posicionado no sentido de entender que, ocorrendo o imprevisto por força maior<br />

ou caso fortuito, <strong>es</strong>taria afastada a r<strong>es</strong>ponsabilidade do pr<strong>es</strong>tador de serviços.<br />

4. Este entendimento encon<strong>tr</strong>a guarida no Tribunal Regional <strong>Federal</strong> da 2ª Região, conforme ementa que se ora se


<strong>tr</strong>anscreve: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – ECT – CORRESPONDÊNCIA NÃO ENTREGUE – SEDEX-NÃO CONFIGURADO<br />

O NEXO ETIOLÓGICO - CASO FORTUITO EXTERNO. -Nos termos do § 6º do art.37 da Constituição <strong>Federal</strong> de 1988, “As<br />

p<strong>es</strong>soas jurídicas de direito público e as de direito privado pr<strong>es</strong>tadoras de serviços públicos r<strong>es</strong>ponderão pelos danos que<br />

seus agent<strong>es</strong>, n<strong>es</strong>sa qualidade, causarem a terceiros, assegurando o direito de regr<strong>es</strong>so con<strong>tr</strong>a o r<strong>es</strong>ponsável nos casos de<br />

dolo ou culpa”; <strong>es</strong>tando preteritamente regulada a r<strong>es</strong>ponsabilidade civil no artigo 107 da Constituição <strong>Federal</strong> de 1967. - A<br />

Empr<strong>es</strong>a Brasileira de Correios e Telégrafos-ECT, na qualidade de pr<strong>es</strong>tadora de serviço público, submete-se à regra da<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade objetiva <strong>es</strong>tabelecida no artigo 37,§ 6o. da Constituição <strong>Federal</strong>, bastando a comprovação do nexo causal<br />

en<strong>tr</strong>e o fato e o dano, para fazer surgir a obrigação de indenizar. -A Suprema Corte tem <strong>es</strong>tabelecido os seguint<strong>es</strong> requisitos<br />

, para a configuração da m<strong>es</strong>ma, a saber: a) o dano; b) ação adminis<strong>tr</strong>ativa; c) e o r<strong>es</strong>pectivo nexo causal; <strong>es</strong>clarecendo<br />

que a m<strong>es</strong>ma pode ser excluída, total, ou parcialmente, por culpa da vítima (STF, RE 178806, DJ 30/6/95), bem como pelo<br />

caso fortuito , ou força maior (STF, RE 109615, DJ 2/8/96), ou por fato de terceiros ou da natureza (STJ, REsp 44500, DJ<br />

9/9/02).-Por ou<strong>tr</strong>a banda, a meu juízo, não obstante as dissensõ<strong>es</strong> jurisprudenciais e dou<strong>tr</strong>inárias (STF, RE 258726, DJ<br />

14/6/02), entendo que subsiste a r<strong>es</strong>ponsabilidade objetiva, em se <strong>tr</strong>atando de conduta omissiva (STF, RE 109615, DJ<br />

2/8/96), pelo princípio da efetividade máxima das normas constitucionais (STF, Adin 2596, DJ 27/9/02), devendo <strong>es</strong>ta ser<br />

apurada pela existência de um dever jurídico (STF, RE 372472, DJ 28/11/03) e, pela observância d<strong>es</strong>te, nas circunstâncias<br />

fáticas, por um critério de razoabilidade (STF, RE 215981, DJ 31/5/02) inadmitindo-se a d<strong>es</strong>ignada omissão genérica (STF,<br />

Ag.Rg AG 350.074, DJ 3/05/02). Por derradeiro, há que se vislumbrar um nexo etiológico en<strong>tr</strong>e a conduta, e o dano<br />

experimentado (STF, RE 172025, DJ 19/12/96), sem o qual, não obstante a pr<strong>es</strong>ença daquel<strong>es</strong>, inviabiliza-se o<br />

reconhecimento indenizatório (STJ, REsp 44500, DJ 9/9/02). -Estabelecidas <strong>es</strong>tas coordenadas, e diante do quadro<br />

fático-proc<strong>es</strong>sual, por sua vez, verifica-se correta a sentença. In casu, temos que a inabilitação no certame pela não en<strong>tr</strong>ega<br />

do material, remetido a<strong>tr</strong>avés do SEDEX , decorreu do roubo à viatura em que portava os malot<strong>es</strong> da ré, en<strong>tr</strong>e el<strong>es</strong> o<br />

material da autora. -Com efeito, a jurisprudência tem-se posicionado no sentido de entender que em casos de assaltos,<br />

como caso fortuito externo, afastando assim a r<strong>es</strong>ponsabilidade do Estado. -Assim sendo, entendo que diante do<br />

epigrafado, não r<strong>es</strong>ta configurado a existência de nexo etiológico en<strong>tr</strong>e o dano experimentado pelo autor, e a conduta<br />

imputada à Ré, eis que tal encomenda remetida a<strong>tr</strong>avés do serviço SEDEX da ré, não chegou ao d<strong>es</strong>tinatário por conta de<br />

caso fortuito externo ocorrido durante o <strong>tr</strong>ansporte, o que inautoriza o acolhimento do recurso, r<strong>es</strong>tando prejudicada as<br />

demais imprecaçõ<strong>es</strong>. - Recurso conhecido e d<strong>es</strong>provido. Proc<strong>es</strong>so: AC - APELAÇÃO CIVEL – 393221. Relator (a):<br />

D<strong>es</strong>embargador <strong>Federal</strong> POUL ERIK DYRLUND, TRF2. Órgão julgador: OITAVA TURMA ESPECIALIZADA. Fonte: DJU.<br />

Data: 31/08/2007. (grifei)<br />

5. D<strong>es</strong>se modo, ainda que tenha havido uma expectativa frus<strong>tr</strong>ada da parte autora, não configura motivo suficiente para<br />

caracterizar o dano moral.<br />

6. No tocante a demora da ECT em pr<strong>es</strong>tar informaçõ<strong>es</strong> sobre o fato ocorrido à parte autora, verifica-se que, ap<strong>es</strong>ar de a<br />

autora ter alegado em sede recursal que houve uma demora de 06 m<strong>es</strong><strong>es</strong> en<strong>tr</strong>e o envio do produto e a obtenção da<br />

informação, existem provas documentais nos autos às fls. 11/12, que comprovam a manif<strong>es</strong>tação por parte dos Correios à<br />

data de 16/05/2008, <strong>es</strong>ta primeira relatando o proc<strong>es</strong>so de apuramento do pedido de informação, e em 19/08/2008, quando<br />

foi obtida a informação de que o objeto não tinha seguido para devolução devido a um assalto à viatura dos Correios.<br />

7. Deve-se salientar que, não existe nos autos prova de que a autora tiv<strong>es</strong>se solicitado o pedido de informação à ré em data<br />

consideravelmente anterior à obtenção da r<strong>es</strong>posta pelos Correios, e, ainda de que ficasse constatada a demora em lhe<br />

pr<strong>es</strong>tar informaçõ<strong>es</strong>, <strong>es</strong>ta não seria causa ensejadora à reparação por danos morais, haja vista às inúmeras procuras por<br />

informaçõ<strong>es</strong> que a ré recebe diariamente, de modo que não seria cabível a m<strong>es</strong>ma indenizar todos aquel<strong>es</strong> que não obtêm<br />

as devidas r<strong>es</strong>postas no tempo que lh<strong>es</strong> convém. D<strong>es</strong>se modo, entendo que não houve dano moral, mas, sim, um mero<br />

aborrecimento por parte da autora.<br />

6. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o fato de a recorrente ser beneficiária de Assistência<br />

Judiciária Gratuita.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />

Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

86 - 0003304-84.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.003304-1/01) NIUZA MATIAS (ADVOGADO: FELIPE MORAIS MATTA,<br />

Leonardo José Vulpe da Silva.) x CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: RODRIGO SALES DOS SANTOS,<br />

ELADIR MONTENEGRO DE O. COUTO.).<br />

RECURSO N. 2006.50.50.003304-1/01<br />

RECORRENTE: NIUZA MATIAS<br />

RECORRIDO: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA


RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA – NÃO INCIDÊNCIA DA<br />

RESPONSABILIDADE OBJETIVA, FUNDAMENTADA NO RISCO DO EMPREENDIMENTO, HAJA VISTA SE AFIGURAR<br />

AO CASO CONCRETO O DISPOSTO NO ARTIGO 14, § 3º, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – RECURSO<br />

CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 115/116, a qual<br />

julgou parcialmente procedente o pedido autoral, de condenação do réu à retirada do nome daquela dos cadas<strong>tr</strong>os<br />

r<strong>es</strong><strong>tr</strong>itivos de crédito, bem como ao pagamento de valor pecuniário, a título de danos morais. Aduz a recorrente, em suas<br />

razõ<strong>es</strong>, que não há culpa exclusiva da m<strong>es</strong>ma, tendo em vista que <strong>es</strong>ta apenas tomou ciência do furto do cheque quando<br />

teve o seu crédito negativado; quando percebeu que alguém havia retirado uma folha de cheque do seu talonário.<br />

Ademais, aduz que ainda que a m<strong>es</strong>ma não tiv<strong>es</strong>se realizado a comunicação do furto, a recorrida deveria ter conferido a<br />

assinatura pr<strong>es</strong>ente no cheque emitido após o furto, para verificar que a referida assinatura não era a dela, não havendo,<br />

portanto, que falar em culpa exclusiva da vítima, e sim em culpa exclusiva da instituição financeira ou, no mínimo, culpa<br />

concorrente.<br />

Para a análise do caso concreto, deve-se <strong>tr</strong>azer ao bojo d<strong>es</strong>te acórdão o disposto no artigo 14, caput e parágrafo 3º, do<br />

Código de Def<strong>es</strong>a do Consumidor, os quais dispõem que: “Art. 14. O fornecedor de serviços r<strong>es</strong>ponde, independentemente<br />

da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidor<strong>es</strong> por defeitos relativos à pr<strong>es</strong>tação dos<br />

serviços, bem como por informaçõ<strong>es</strong> insuficient<strong>es</strong> ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 3° O for necedor de serviços<br />

só não será r<strong>es</strong>ponsabilizado quando provar: I - que, tendo pr<strong>es</strong>tado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do<br />

consumidor ou de terceiro.”. R<strong>es</strong>salte-se que o Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong>, por intermédio da Súmula 297, já sedimentou<br />

que o Código de Def<strong>es</strong>a do Consumidor é aplicável às instituiçõ<strong>es</strong> financeiras.<br />

No pr<strong>es</strong>ente caso, verifica-se que a sentença proferida pelo juiz a quo deve ser mantida, tendo em vista que se amolda ao<br />

caso concreto o disposto no § 3º do artigo 14, CDC, por haver culpa exclusiva da vítima. Com efeito, houve demasiada<br />

demora por parte da recorrente em notificar a CAIXA quanto ao furto de seu talão de chequ<strong>es</strong>, não possibilitando a <strong>es</strong>ta que<br />

a m<strong>es</strong>ma tomasse as providências nec<strong>es</strong>sárias para impedir que um terceiro fiz<strong>es</strong>se uso de cheque da recorrente.<br />

O cheque furtado foi devolvido em 27/09/2005 (fl. 16), tendo a recorrente efetuado o Boletim de Ocorrência apenas em<br />

20/10/2005 (fl. 17/17-v). A m<strong>es</strong>ma, em suas razõ<strong>es</strong>, alega ter tomado ciência do furto apenas quando teve o seu crédito<br />

negativado; todavia, é dever do correntista verificar rotineiramente se o seu talonário não se encon<strong>tr</strong>a violado, tendo a<br />

m<strong>es</strong>ma faltado com o seu dever de diligência, não podendo tal d<strong>es</strong>ídia ser <strong>tr</strong>ansferida para a instituição financeira, a qual<br />

não podia ter noção do furto, tampouco tomar as providências para evitar fraude, senão com a pronta comunicação da<br />

recorrente.<br />

R<strong>es</strong>salte-se que a m<strong>es</strong>ma mos<strong>tr</strong>ou-se incoerente em seus relatos, haja vista que em suas razõ<strong>es</strong> <strong>es</strong>ta aduziu que apenas<br />

uma folha de cheque havia sido retirada de seu talonário. Porém, não é <strong>es</strong>ta a informação que se ex<strong>tr</strong>ai do Boletim de<br />

Ocorrência à fl. 17/17-v, onde a recorrente relata que não furtaram apenas uma folha de cheque, mas o talão inteiro, o que<br />

forçaria ainda mais a m<strong>es</strong>ma a informar a instituição financeira sobre o ocorrido, o que não foi feito.<br />

Ademais, conforme vislumbra-se dos documentos de fls. 15 e 16 dos autos, o cheque furtado, o qual ocasionou a inserção<br />

do nome da recorrente nos cadas<strong>tr</strong>os de proteção ao crédito, foi apr<strong>es</strong>entado ao Banco Ban<strong>es</strong>t<strong>es</strong>, de modo que a recorrida<br />

não teve como ter contato direto com o referido cheque, o que impossibilitou qualquer análise da assinatura pr<strong>es</strong>ente no<br />

m<strong>es</strong>mo, a qual, por perícia grafotécnica (fl. 96), foi comprovada não ser a da recorrente, constatando-se a falsificação e o<br />

furto.<br />

D<strong>es</strong>se modo, não tendo a recorrente diligenciado junto à CAIXA logo quando ocorreu o furto, e não tendo <strong>es</strong>ta ac<strong>es</strong>so direto<br />

ao cheque furtado (o que possibilitaria análise para d<strong>es</strong>vendar a falsificação efetuada), não há que falar em culpa<br />

concorrente ou culpa apenas da mencionada instituição financeira, enquadrando-se o pr<strong>es</strong>ente caso em culpa exclusiva da<br />

vítima, nos mold<strong>es</strong> do artigo 14, § 3º do CDC.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida. Sem custas, na forma da lei. Sem condenação em honorários<br />

advocatícios, tendo em vista o deferimento da Assistência Judiciária Gratuita (fl. 134).<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma<br />

da ementa constante dos autos, a qual fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

87 - 0004545-93.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.004545-6/01) DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE


TRANSPORTES - DNIT (PROCDOR: JANICE MUNIZ DE MELO.) x RONALDO ZORDAN (ADVOGADO: EDUARDO JOSE<br />

COSTA REIS.).<br />

RECURSO N. 2006.50.50.004545-6/01<br />

RECORRENTE: DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT<br />

RECORRIDO: RONALDO ZORDAN<br />

RELATOR: DR. AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – ALEGAÇÃO DE OMISSÃO DO ACÓRDÃO QUANTO À AUSÊNCIA DE ATUAÇÃO<br />

EFETIVA DE ADVOGADO NAS CONTRARRAZÕES RECURSAIS, OMISSÃO A QUAL TERIA ENSEJADO A<br />

CONDENAÇÃO INDEVIDA DA ORA EMBARGANTE AO PAGAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS –<br />

INEXISTÊNCIA DA REFERIDA OMISSÃO – ENTENDIMENTO DA TURMA QUANTO À POSSIBILIDADE DE<br />

CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS, AINDA QUE INTEMPESTIVAS AS CONTRARRAZÕES, DESDE<br />

QUE O RECORRIDO TENHA SIDO ASSISTIDO POR ADVOGADO NO PRIMEIRO GRAU –– EMBARGOS NÃO<br />

PROVIDOS – ACÓRDÃO MANTIDO.<br />

Cuida-se de Embargos Declaratórios opostos em face do acórdão de fls. 127/129, proferido pela Turma Recursal, por<br />

intermédio dos quais aduz a parte ré, ora embargante, que houve omissão quanto à inexistência de atuação efetiva de<br />

advogado em favor do embargado, tendo em vista a intemp<strong>es</strong>tividade das con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entadas por <strong>es</strong>te, sendo<br />

indevida a condenação do ora embargante ao pagamento de honorários advocatícios.<br />

Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do CPC, limitam-se a suprir omissõ<strong>es</strong>, aportar clareza ou retificar<br />

eventuais con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> existent<strong>es</strong> no bojo da decisão recorrida, nada mais.<br />

Todavia, a hipót<strong>es</strong>e dos autos não caracteriza omissão, con<strong>tr</strong>adição ou obscuridade, não podendo prosperar o recurso<br />

interposto, uma vez que ausent<strong>es</strong> os requisitos previstos no art. 535 do CPC.<br />

Os pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> embargos declaratórios não merecem ser providos, ante a ausência de omissão passível do manejo da<br />

referida peça proc<strong>es</strong>sual. A decisão contida no acórdão impugnado, no que tange à condenação da ora embargante ao<br />

pagamento de honorários advocatícios, em que p<strong>es</strong>e a atuação intemp<strong>es</strong>tiva do recorrido nas con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> recursais, <strong>es</strong>tá<br />

em consonância com o entendimento preconizado pela Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo.<br />

Com efeito, <strong>es</strong>ta Turma Recursal possui o entendimento de serem devidos os honorários advocatícios, ainda que<br />

intemp<strong>es</strong>tivas ou ausent<strong>es</strong> as con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> recursais, d<strong>es</strong>de que o recorrido tenha sido assistido por advogado no primeiro<br />

grau de jurisdição.<br />

Esta atuação no primeiro grau <strong>es</strong>tá comprovada na Ata de Audiência às fls. 71/72, a qual confirma a atuação do advogado<br />

do ora embargado, senhor Eduardo José Costa Reis (OAB/ES N. 7.972), o m<strong>es</strong>mo pa<strong>tr</strong>ono que repr<strong>es</strong>entou o mencionado<br />

embargado em sede de con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> (fl. 116).<br />

Sendo assim, foi devida a condenação ao pagamento de honorários advocatícios, não cabendo falar em omissão por parte<br />

do acórdão devido à intemp<strong>es</strong>tividade das con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> recursais.<br />

Embargos não providos.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO AOS EMBARGOS DE<br />

DECLARAÇÃO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

88 - 0005975-12.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005975-0/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZ<br />

CLAUDIO SOBREIRA.) x JALUSA KARLLA DE ARAUJO E OUTRO (ADVOGADO: MICHELE ITABAIANA DE CARVALHO<br />

PIRES, JOSE GERALDO NUNES FILHO.) x JULIVER SILVA DE ARAUJO (ADVOGADO: MICHELE ITABAIANA DE<br />

CARVALHO PIRES, JOSE GERALDO NUNES FILHO.) x OS MESMOS.<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2008.50.50.005975-0/01<br />

RECORRENTE (S): CAIXA ECONÔMICA FEDERAL E OUTROS<br />

RECORRIDO (S): JULIVER SILVA DE ARAÚJO E OUTRO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA


CEF. SAQUE INDEVIDO DE FGTS. DANOS MATERIAIS. ANTES DA PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL, É<br />

PRESCINDÍVEL A TENTATIVA DE PRÉVIA RESOLUÇÃO DO CONFLITO POR VIA ADMINISTRATIVA. ART. 5º, XXXV,<br />

DA CF/88. JUROS DE MORA CONTADOS A PARTIR DO EVENTO DANOSO. SÚMULA 54 DO STJ.<br />

I. Recursos inominados interpostos pela CEF e pelos autor<strong>es</strong> em face de sentença que julgou, em parte, extinto o feito com<br />

fulcro no art. 267, VI, do CPC, e, em parte, procedente o pedido de r<strong>es</strong>sarcimento por danos materiais.<br />

II. Em seu recurso, a CEF sustenta que o pr<strong>es</strong>ente feito carece de inter<strong>es</strong>se de agir, uma vez que os autor<strong>es</strong> não<br />

requereram adminis<strong>tr</strong>ativamente a apuração do saque do FGTS, ant<strong>es</strong> de ajuizarem a ação.<br />

III. Por sua vez, os autor<strong>es</strong>, ora recorrent<strong>es</strong>, pleiteiam a reforma da sentença, para que os juros de mora sejam aplicados a<br />

partir da data do evento danoso (súmula 54 do STJ).<br />

IV. Não assiste razão à CEF. O art. 5º, XXXV, da CF, prevê que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário l<strong>es</strong>ão<br />

ou ameaça a direito. Portanto, o ajuizamento de ação judicial não pr<strong>es</strong>cinde da prévia tentativa de r<strong>es</strong>olução por via<br />

adminis<strong>tr</strong>ativa, já que toda l<strong>es</strong>ão ou ameaça a direito deve ser repelida pelo Judiciário.<br />

V. Por ou<strong>tr</strong>o lado, merece acolhida a pretensão do recurso proposto pelos autor<strong>es</strong>. Assim sendo, determino a aplicação dos<br />

juros moratórios a partir do evento danoso, conforme súmula 54 do STJ.<br />

VI. Recurso da CEF não provido. Recurso dos autor<strong>es</strong> provido, para determinar a aplicação dos juros de mora a partir do<br />

evento danoso (súmula 54 do STJ).<br />

VII. Sem condenação em honorários advocatícios (art. 29–C da Lei 8.036/90) e custas proc<strong>es</strong>suais (art. 24 –A da Lei<br />

9028/95).<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO ao recurso da CEF e DAR<br />

PROVIMENTO ao recurso dos autor<strong>es</strong>, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do<br />

pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

89 - 0010842-82.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.010842-2/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: ERIKA<br />

SEIBEL PINTO.) x ARMANDO CAMPO DALL ORTO (ADVOGADO: HELTON TEIXEIRA RAMOS, ROGERIO SIMOES<br />

ALVES, KELBERTH ALVES C. E. OLIVEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 2007.50.50.010842-2/01<br />

RECORRENTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL- CEF<br />

RECORRIDO (S): ARMANDO CAMPO DALL ORTO<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

EMENTA<br />

JUROS PROGRESSIVOS. CEF. FGTS. COMO DETERMINADO EM SENTENÇA, O VALOR A SER PAGO AO AUTOR<br />

CONSISTIRÁ NA DIFERENÇA ENTRE O MONTANTE DEVIDO E O JÁ CREDITADO. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS<br />

PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. ART. 46 DA LEI 9.099/95.<br />

I. Trata-se de recurso inominado interposto pela CEF em face de sentença que julgou procedente o pedido da inicial,<br />

determinando que se credite na conta vinculada ao FGTS do autor a diferença do valor apurado pela contadoria do juízo.<br />

Em suas razõ<strong>es</strong>, sustenta que o autor já recebeu a progr<strong>es</strong>sividade dos juros em sua conta do FGTS, devendo a sentença<br />

ser reformada e o pedido julgado improcedente. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 88/89<br />

II. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, com base no art. 46 da Lei 9.099/95.<br />

III. A sentença prolatada em primeiro grau de jurisdição reconheceu que os juros progr<strong>es</strong>sivos foram, durante certo período<br />

de tempo, aplicados corretamente e, por isso, determinou que o valor a ser pago ao autor consistisse na diferença en<strong>tr</strong>e o<br />

montante devido e o já creditado. Logo, não merece acolhida a alegação da CEF, pelo simpl<strong>es</strong> fato de os documentos de<br />

fls. 51/56 re<strong>tr</strong>atarem apenas parte do período con<strong>tr</strong>overtido, o que não afasta por completo o direito do autor.<br />

IV. Recurso do CEF não provido. Sentença mantida.<br />

V. Sem condenação em honorários advocatícios (art. 29–C da Lei 8.036/90) e custas proc<strong>es</strong>suais (art. 24 –A da Lei<br />

9028/95).


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />

constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR<br />

Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

90 - 0005402-42.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.005402-0/01) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO - UFES<br />

(PROCDOR: OSWALDO HORTA AGUIRRE FILHO.) x TASA - TAVARES & SANTOS CONSERVADORA E<br />

ADMINISTRADORA DE SERVIÇOS LTDA (ADVOGADO: LENITA ALVAREZ DA SILVA TEIXEIRA, DAYENNE NEGRELLI<br />

VIEIRA.) x MARTIN JOSE COVRE E OUTRO (ADVOGADO: ANA ZELIA BLANC FARIAS, AVELINO EUGENIO<br />

MIRANDA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2006.50.50.005402-0/01<br />

Recorrente : UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES<br />

Recorrido : MARTIN JOSÉ COVRE E OUTRO<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO – RESPONSABILIDADE CIVIL – DANO MATERIAL – FURTO DE VEÍCULO AUTOMOTOR NO<br />

ESTACIONAMENTO DA UNIVERSIDADE – RESPONSABILIDADE SUBJETIVA – CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO DE<br />

VIGILÂNCIA E CONTROLE DE ENTRADA E SAÍDA DE VEÍCULOS – CULPA IN VIGILANDO - RECURSO IMPROVIDO.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES con<strong>tr</strong>a a r.<br />

sentença de fls. 179/182, que julgou procedente o pedido formulado na inicial, condenando a recorrente ao pagamento de<br />

danos materiais no valor de R$ 14.000,00.<br />

2. Em suas razõ<strong>es</strong> recursais, sustenta a recorrente a inexistência de r<strong>es</strong>ponsabilidade objetiva, bem como a de<br />

r<strong>es</strong>ponsabilidade subjetiva, ante a ausência de conduta culposa, pois não há o dever de vigilância do pa<strong>tr</strong>imônio de<br />

terceiros pela Universidade. Afirma que o campus universitário é local público que não pode ter ac<strong>es</strong>so r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ingido a quem<br />

quer que seja, equivalendo às vias públicas, aduzindo, ainda, que não obtém qualquer vantagem na oferta das vagas de<br />

<strong>es</strong>tacionamento.<br />

3. Acerca da r<strong>es</strong>ponsabilidade da recorrente, adota-se o entendimento do STF a seguir <strong>tr</strong>anscrito: “Tratando-se de ato<br />

omissivo do poder público, a r<strong>es</strong>ponsabilidade civil por <strong>es</strong>se ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou culpa, em sentido<br />

<strong>es</strong><strong>tr</strong>ito, <strong>es</strong>ta numa de suas <strong>tr</strong>ês vertent<strong>es</strong> - a negligência, a imperícia ou a imprudência -- não sendo, en<strong>tr</strong>etanto, nec<strong>es</strong>sário<br />

individualizá-la, dado que pode ser a<strong>tr</strong>ibuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço. II. - A falta do serviço<br />

-- faute du service dos franc<strong>es</strong><strong>es</strong> -- não dispensa o requisito da causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade en<strong>tr</strong>e ação<br />

omissiva a<strong>tr</strong>ibuída ao poder público e o dano causado a terceiro (...)” (RE 382054/RJ, Relator Minis<strong>tr</strong>o Carlos Velloso, DJ<br />

01-10-2004 PP-00037, EMENT VOL-02166-02 PP-00330, RT v. 94, n. 832, 2005, p. 157-164, RJADCOAS v. 62, 2005, p.<br />

38-44, RTJ VOL 00192-01 PP-00356.<br />

4. O oferecimento de <strong>es</strong>tacionamento com aparente segurança - circunstância evidenciada pela con<strong>tr</strong>atação de empr<strong>es</strong>a<br />

para pr<strong>es</strong>tação de serviços de con<strong>tr</strong>ole de fluxo de veículos e p<strong>es</strong>soas (fls. 38/52) e pela existência de cartão de con<strong>tr</strong>ole de<br />

<strong>es</strong>tacionamento (fl. 17) - a<strong>tr</strong>ai o dever de guarda e vigilância do pa<strong>tr</strong>imônio de terceiros. R<strong>es</strong>tou comprovada nos autos a<br />

infração da ré ao dever de diligência <strong>es</strong>pecífico, no caso, a vigilância do veículo da parte autora, uma vez que os<br />

documentos de fls. 14/15 at<strong>es</strong>tam que o veículo encon<strong>tr</strong>ava-se <strong>es</strong>tacionado no pátio da UFES quando foi furtado, não<br />

logrando êxito a União em demons<strong>tr</strong>ar a configuração de qualquer excludente de r<strong>es</strong>ponsabilidade.<br />

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

6. Sem custas, na forma da lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, que fixo em 10% do valor da<br />

condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

91 - 0006464-49.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006464-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x MARIA ANITA DOS SANTOS x ANA CRISTHINA SANTOS AMORIM<br />

(ADVOGADO: CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.006464-2/01<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrido : MARIA ANITA DOS SANTOS E OUTRO<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE - QUALIDADE DE SEGURADO MANTIDA -<br />

RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face de sentença que julgou procedente a pretensão externada na<br />

inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela conc<strong>es</strong>são de pensão por morte. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que<br />

não r<strong>es</strong>tou comprovado nos autos que o de cujus seria alcoóla<strong>tr</strong>a durante todo o período em que ficou d<strong>es</strong>empregado e que<br />

sua condição implicava em incapacidade laborativa; alega, em prosseguimento, que se o fato de uma p<strong>es</strong>soa ingerir bebida<br />

alcoólica induzisse incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho teríamos que admitir que a maioria dos brasileiros encon<strong>tr</strong>a-se<br />

incapacitada, pois tem no álcool seu único lazer. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido e provido o pr<strong>es</strong>ente recurso.<br />

A pensão por morte é um benefício previdenciário devido ao conjunto dos dependent<strong>es</strong> do segurado que falecer (art. 74 da<br />

Lei nº 8.213/91). A lei não exige carência para sua conc<strong>es</strong>são, mas sim que exista a qualidade de segurado do instituidor,<br />

ao tempo do óbito. Em havendo mais de um pensionista, deverá ser rateada en<strong>tr</strong>e todos em part<strong>es</strong> iguais (art. 77 da Lei nº<br />

8.213/91).<br />

A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se à análise da qualidade de segurado do de cujus, aferida à época do óbito.<br />

Em <strong>es</strong>pecial, dois qu<strong>es</strong>tionamentos se impõem: 1) se as con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas em 2008 são aptas à r<strong>es</strong>tituição da<br />

qualidade de segurado do de cujus, supondo-se que tenha havido perda d<strong>es</strong>ta qualidade em 16/11/2004 e 2) se<br />

efetivamente há que se falar em perda da qualidade de segurado considerando que o de cujus deixou de exercer a<br />

atividade laboral em razão da incapacidade que deu causa ao afastamento (alcoolismo).<br />

Quanto ao primeiro pormenor, verifico que o óbito ocorreu em 31/03/2008 (fls.16) e que foram vertidas con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> em<br />

07/03/2008 relativas aos m<strong>es</strong><strong>es</strong> de fevereiro e março do m<strong>es</strong>mo ano, consoante informação do INSS (fls. 19).<br />

A filiação, em se <strong>tr</strong>atando de con<strong>tr</strong>ibuinte individual, não decorre meramente do pagamento da primeira con<strong>tr</strong>ibuição, mas<br />

do efetivo exercício de atividade remunerada, o que não r<strong>es</strong>tou evidenciado nos autos. Ademais, a con<strong>tr</strong>ibuição de março<br />

foi recolhida em 09.04.2008, data posterior ao óbito do “de cujus”.<br />

Já em relação ao segundo qu<strong>es</strong>tionamento, não se deve perder de vista que o instituidor gozou de auxílio-doença até<br />

30/09/2003, concedido em razão de acidente cuja relação com o alcoolismo não <strong>es</strong>tá devidamente <strong>es</strong>tabelecida.<br />

Contudo, há documentos nos autos que evidenciam que na ocasião da c<strong>es</strong>sação do auxílio-doença o de cujus<br />

encon<strong>tr</strong>ava-se incapacitado em razão do alcoolismo: a) declaração do Hospital da Polícia Militar at<strong>es</strong>tando a internação<br />

para <strong>tr</strong>atamento da dependência química em 2003 (fls. 24); b) internação no ano de 2005 na Associação Obra de Amor,<br />

com o m<strong>es</strong>mo fim (fls. 25).<br />

Ademais, constam às fls. 57/58 laudo e exame de USG de 10.06.1997, com diagnóstico de pancreatite crônica e <strong>es</strong>teatose<br />

hepática, sinais iniciais associados ao d<strong>es</strong>envolvimento do alcoolismo.<br />

A par de toda a documentação acostada, os depoimentos pr<strong>es</strong>tados em audiência confirmam que o instituidor da pensão<br />

sofria de alcoolismo crônico, sendo incensurável a ilação de que em razão d<strong>es</strong>ta doença não possuía atividade laboral. A<br />

própria negativa ao requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo de pensão por morte funda-se na constatação de que não houve efetiva<br />

pr<strong>es</strong>tação de serviços em data anterior ao óbito d<strong>es</strong>de a c<strong>es</strong>sação do benefício de auxílio-doença. (fls. 21)<br />

Aplicável o entendimento jurisprudencial de que mantém a qualidade de segurado aquele que deixou de exercer a atividade<br />

laboral em razão da incapacidade que deu causa ao afastamento, em consonância com o Enunciado nº 26 da Súmula da<br />

AGU.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas nos termos da lei. Honorários advocatícios devidos pela recorrente, fixados em 10% sobre o valor da<br />

condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

92 - 0000265-74.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000265-3/01) ANTONIA PAULA GODIO NOVAIS (ADVOGADO: CLAUDIA<br />

DAMM MARTINS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA<br />

DOMINGUES CARVALHO.) x LAUDICEIA SILVA DO VALE (ADVOGADO: Nilma Pereira de Souza, JOSE RIBAMAR LIMA<br />

BEZERRA.).<br />

A Turma Recursal, por maioria, vencido o MM. Juiz <strong>Federal</strong> Bruno Du<strong>tr</strong>a, negou provimento ao recurso, mantendo a<br />

sentença pelos seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/95). Votaram os MM. Juíz<strong>es</strong> Federais Bruno Du<strong>tr</strong>a, Osair<br />

Victor de Oliveira Júnior e Américo Bedê Freire Júnior.<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />

93 - 0001932-92.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001932-7/01) SEBASTIAO RODRIGUES DE MELO (ADVOGADO:<br />

ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL<br />

DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.51.001932-7/01<br />

Recorrente : SEBASTIAO RODRIGUES DE MELO<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PEDIDO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIOR<br />

CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVA TOTAL –<br />

PROVA PERICIAL DESFAVORÁVEL – APLICAÇÃO DO ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES - RECURSO<br />

CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou parcialmente<br />

procedente o pedido autoral, concedendo somente a implantação do benefício previdenciário de auxílio-doença. Sustenta o<br />

recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, no caso, não houve devida atuação do perito judicial que o examinou, visto que<br />

a doença que o acomete é incapacitante de forma total e definitiva, segundo o que <strong>es</strong>taria provado nos laudos particular<strong>es</strong><br />

pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos. Requer, assim, que se reforme a sentença guerreada e se conceda o benefício de aposentadoria por<br />

invalidez.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

Na análise pericial (fls. 81–82), houve o diagnóstico, com base na anamn<strong>es</strong>e, e em exame clínico, da examinada como<br />

portadora de “cervicalgia” (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito “1” elaborado pelo Autor). Tal l<strong>es</strong>ão, de origem degenerativa (r<strong>es</strong>posta ao<br />

qu<strong>es</strong>ito “2” elaborado pelo INSS), foi avaliada como parcialmente incapacitante, de maneira definitiva, para o <strong>tr</strong>abalho<br />

(r<strong>es</strong>posta aos qu<strong>es</strong>itos “9” e “10” do INSS). Afirma o jusperito que o periciando encon<strong>tr</strong>a-se incapacitado para a atividade de<br />

motorista de ônibus (a sua habitual), mas que há a possibilidade de se reabilitar o examinado para exercer ou<strong>tr</strong>as atividad<strong>es</strong><br />

laborativas (r<strong>es</strong>posta aos qu<strong>es</strong>itos “12” e “13”). D<strong>es</strong>ta forma, sustenta-se no laudo pericial a existência de incapacidade<br />

laborativa permanente, mas parcial.<br />

Con<strong>tr</strong>a a alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>te a incapacidade plena da recorrente, importa<br />

d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do<br />

Espírito Santo, de excepcional afastabilidade, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o<br />

laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

D<strong>es</strong>tarte, não há como negar que a prova obtida em Juízo foi satisfatoriamente conclusiva com fins de at<strong>es</strong>tar a inexistência<br />

de incapacidade laborativa total, o que afasta o cumprimento de um dos requisitos nec<strong>es</strong>sários para conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício de aposentadoria por invalidez, fazendo jus o recorrente somente ao benefício de auxílio-doença, já concedido


pelo juiz prolator da sentença.<br />

Muito embora os requisitos elencados pela Lei 8.213/91 devam ser conjugados com a análise de ou<strong>tr</strong>os aspectos<br />

relevant<strong>es</strong>, como a condição socioeconômica, profissional e cultural do segurado, verifico que o recorrente, ap<strong>es</strong>ar de não<br />

possuir as melhor<strong>es</strong> condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais, ainda pode reempregar-se no mercado de <strong>tr</strong>abalho em atividad<strong>es</strong> compatíveis<br />

com sua situação, sendo indevido o benefício de aposentadoria por invalidez.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas e honorários advocatícios em virtude de a recorrente fazer jus ao benefício da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

94 - 0001226-15.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001226-9/01) DAIANE OLIVEIRA SILVA (ADVOGADO: JUAREZ<br />

PIMENTEL MENDES JUNIOR, JULIANA VIANNA GUERZET, INGRID MARTINS TASSAR.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.50.001226-9/01<br />

Recorrente : DAIANE OLIVEIRA SILVA, DEVIDAMENTE REPRESENTADA POR SUA GENITORA<br />

MARIA RAIMUNDA PINTO DE OLIVEIRA.<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIOR CONVERSÃO PARA<br />

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – PORTADOR DE DOENÇA MENTAL- NÃO COMPARECIMENTO INJUSTIFICADO<br />

À PERÍCIA NÃO ENSEJA, DE PRONTO, A EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO– RECURSO<br />

CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou extinto o<br />

proc<strong>es</strong>so, sem r<strong>es</strong>olução de mérito, com base no artigo 267, III, do CPC c/c artigo 51, I, da Lei 9.099/95, em razão do não<br />

comparecimento à perícia d<strong>es</strong>ignada. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, no caso, a ausência de<br />

comparecimento à pericial não enseja a extinção do proc<strong>es</strong>so e que sequer houve intimação para a pr<strong>es</strong>tação de quaisquer<br />

<strong>es</strong>clarecimentos. Alega, ainda, que a recorrente é portadora de doença mental, encon<strong>tr</strong>ando-se sob efeito de medicação<br />

forte, motivo pelo qual não se dirigiu à perícia. D<strong>es</strong>sa forma, requer a intimação do pa<strong>tr</strong>ono da recorrente para justificar sua<br />

ausência quando da realização da perícia médica e a d<strong>es</strong>ignação de nova data para sua realização.<br />

A parte autora foi intimada em 29/06/2010 para que comparec<strong>es</strong>se à perícia judicial d<strong>es</strong>ignada para o dia 06/07/2010,<br />

sendo advertida de que a ausência não comprovadamente justificada no prazo de 05 (cinco) dias ensejaria a extinção do<br />

proc<strong>es</strong>so.<br />

Em que p<strong>es</strong>e a ausência de determinação legal quanto à nec<strong>es</strong>sidade de nova intimação para a pr<strong>es</strong>tação de quaisquer<br />

<strong>es</strong>clarecimentos, tenho que, no caso em tela, assiste razão à recorrente.<br />

Deve-se atentar ao fato de que se <strong>tr</strong>ata de perícia na área psiquiá<strong>tr</strong>ica, sendo comum, pelo que revela a experiência, a<br />

ausência injustificada de pacient<strong>es</strong> portador<strong>es</strong> de doenças mentais às datas d<strong>es</strong>ignadas.<br />

Não há que se falar em manif<strong>es</strong>tação de falta de inter<strong>es</strong>se proc<strong>es</strong>sual superveniente, a ensejar a extinção do proc<strong>es</strong>so sem<br />

julgamento de mérito, pelo não comparecimento injustificado quando a parte é portadora de doença mental.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para, de ofício, ANULAR A SENTEÇA proferida pelo juízo “a quo”,<br />

determinando que seja intimada a parte autora, ora recorrente, a justificar sua ausência e, aceitas as razõ<strong>es</strong>, seja agendada<br />

nova perícia médica na <strong>es</strong>pecialidade de psiquia<strong>tr</strong>ia.<br />

Sem custas, na forma da lei. Sem a condenação em honorários advocatícios, por força do art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR<br />

PROVIMENTO na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

95 - 0000373-03.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000373-3/01) OLINDA PEREIRA DE AVILA (ADVOGADO: ANTONIO<br />

JOSE PEREIRA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA<br />

BARBOSA BRITO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.51.000373-3/01<br />

Recorrente : OLINDA PEREIRA DE ÁVILA<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PEDIDO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIOR<br />

CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVA – PROVA<br />

PERICIAL DESFAVORÁVEL – APLICAÇÃO DO ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES - RECURSO<br />

CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente<br />

o pedido autoral, negando a implantação do benefício previdenciário de auxílio-doença. Sustenta a recorrente, em suas<br />

razõ<strong>es</strong> recursais, que, no caso, não houve devida atuação do perito judicial que a examinou, visto que existiria, sim, de<br />

acordo com exam<strong>es</strong> médicos juntados aos autos, incapacidade laborativa. Requer, assim, que se reforme a sentença<br />

guerreada e se dê provimento ao pedido autoral.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

Na análise pericial (fl. 118), houve o diagnóstico, com base na anamn<strong>es</strong>e, em exame clínico, e em exam<strong>es</strong> laboratoriais, da<br />

examinada como portadora de “ar<strong>tr</strong>ose lombar e discopatia degenerativa”, doença de natureza degenerativa (r<strong>es</strong>posta aos<br />

qu<strong>es</strong>itos “1” e “2” elaborados pelo INSS). Tal l<strong>es</strong>ão, todavia, não foi percebida como incapacitante para a atividad<strong>es</strong> habitual<br />

da examinanda, qual seja, auxiliar de serviços gerais (R<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito “6”). Conclui, então, o jusperito pela ausência de<br />

incapacidade laborativa.<br />

Con<strong>tr</strong>a a alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>te a incapacidade da recorrente, importa<br />

d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do<br />

Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido<br />

pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de<br />

prevalecer sobre o particular”.<br />

D<strong>es</strong>tarte, não há como negar que a prova obtida em Juízo foi satisfatoriamente conclusiva com fins de at<strong>es</strong>tar a inexistência<br />

de incapacidade laborativa, o que afasta o cumprimento de um dos requisitos nec<strong>es</strong>sários para conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

auxílio-doença, inexistindo, assim, mácula na sentença guerreada, que merece ser mantida.<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. Na hipót<strong>es</strong>e em<br />

apreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, <strong>es</strong>te Juízo entende que o<br />

material probatório acostado aos autos sinaliza o d<strong>es</strong>mérito da pleiteante ao pretendido benefício.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas e honorários advocatícios em virtude de a recorrente fazer jus ao benefício da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

96 - 0000501-23.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000501-8/01) JOÃO BOSCO SARTORIO (ADVOGADO: JOSE IRINEU DE<br />

OLIVEIRA, RODRIGO SEBASTIÃO SOUZA, AUGUSTO CESAR DA FONSECA ALMEIDA.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.51.000.501-8/01


Recorrente : JOÃO BOSCO SARTORIO<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PEDIDO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA<br />

POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORATIVA TOTAL – REABILITAÇÃO PARA A FUNÇÃO DE VIGIA<br />

EM 11/07/2008– PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE E VERACIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS- RECURSO<br />

CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente<br />

o pedido autoral, que pugnava pela implantação do benefício previdenciário de auxílio-doença ou aposentadoria por<br />

invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, no caso, o recorrido alega ter suspendido a conc<strong>es</strong>são do<br />

auxílio-doença em virtude de o recorrente ter sido reabilitado para a função de vigia, mas que não há prova n<strong>es</strong>se sentido.<br />

D<strong>es</strong>sa forma, requer seja reformada a sentença de piso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurado e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. Verifico assim, que a con<strong>tr</strong>ovérsia gira em<br />

torno da incapacidade da autora.<br />

Na análise pericial realizada em juízo (fls. 54/55), o recorrente foi examinado e diagnosticado como portador de<br />

“Espondilodiscoar<strong>tr</strong>ose lombar com hérnia discal”. Tal enfermidade, conforme explicitado, é de natureza degenerativa, não<br />

se podendo precisar com segurança o seu início, fixando-se, en<strong>tr</strong>etanto, a data provável de 21/10/2005.<br />

Em prosseguimento, afirma o perito que não foi constatada a pr<strong>es</strong>ença de incapacidade laborativa total, podendo o<br />

recorrente ser reabilitado para funçõ<strong>es</strong> que não exijam a sobrecarga na coluna lombar, tais como vigia, porteiro,<br />

recepcionista, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito “12” formulado pelo recorrido).<br />

Com efeito, da análise dos laudos periciais adminis<strong>tr</strong>ativos (fls. 50/51), ex<strong>tr</strong>ai-se a informação de que o recorrente já se<br />

encon<strong>tr</strong>a reabilitado para a função de vigia, não havendo que se falar em conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença, notadamente<br />

porque en<strong>tr</strong>e a data de início da incapacidade (21/10/2005) e a reabilitação para a mencionada função (11/07/2008) o<br />

recorrente já havia gozado <strong>es</strong>te benefício.<br />

Não é demais relembrar que, diferentemente dos particular<strong>es</strong>, os laudos periciais produzidos pelo INSS gozam da<br />

pr<strong>es</strong>unção de legitimidade e veracidade, inerente aos atos adminis<strong>tr</strong>ativos, a qual somente pode ser elidida com prova<br />

contundente em sentido con<strong>tr</strong>ário.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, nos termos da Lei. Sem honorários advocatícios em virtude de a recorrente fazer jus ao benefício da<br />

assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, CONHECER DO RECURSO E A ELE<br />

NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Alceu Maurício Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

97 - 0001238-26.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001238-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA CANDIDA CUSTODIO (ADVOGADO: MARILENA<br />

MIGNONE RIOS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.51.001238-2/01<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

Recorrido : MARIA CÂNDIDA CUSTODIO


E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ-INCAPACIDADE LABORATIVA<br />

COMPROVADA–RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente o pedido<br />

autoral, concedendo a implantação do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em<br />

suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, no caso, não houve o preenchimento por parte da recorrida de um dos requisitos para a<br />

conc<strong>es</strong>são do referido benefício, qual seja a incapacidade laboral. Alega que o perito nomeado pelo Magis<strong>tr</strong>ado a quo<br />

concluiu em seu laudo que a autora padece de incapacidade total e temporária apenas para a função habitual (do lar),<br />

mas que o laudo pericial <strong>es</strong>tipulou um prazo de 06 (seis) m<strong>es</strong><strong>es</strong> para a recuperação total da parte autora. Requer, assim,<br />

que se reforme a sentença guerreada.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a Aposentadoria por Invalidez, por força no disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

O período de carência e a qualidade de segurado são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se à aferição da<br />

incapacidade laboral da recorrente.<br />

Na análise pericial (fl. 40), a recorrente foi examinada e diagnosticada com cálculos renais múltiplos, constatando-se que a<br />

m<strong>es</strong>ma padece de incapacidade laboral total temporária, recuperável no prazo de 06 (seis) m<strong>es</strong><strong>es</strong>. Tal é o que se denota da<br />

r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 11 (doze) formulado pelo INSS (fls. 40).<br />

A recorrida, conforme costa em laudo médico particular, é portadora de Litíase Urinária de repetição, já havendo sido<br />

submetida a 07 (sete) procedimentos cirúrgicos urológicos d<strong>es</strong>de abril de 1996. N<strong>es</strong>se sentido, torna-se lícito concluir que<br />

a patologia apr<strong>es</strong>entada é recorrente e que as intervençõ<strong>es</strong> cirúrgicas não impedirão o surgimento de novos cálculos renais.<br />

Ademais, levando-se em consideração suas condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais, tais como a idade avançada (próxima dos 60 anos),<br />

ausência de experiência profissional, baixa ins<strong>tr</strong>ução <strong>es</strong>colar e saúde debilitada, é inoperante sua reabilitação e pouco<br />

provável a reinserção no mercado de <strong>tr</strong>abalho.<br />

Importante frisar que “a valoração da documentação <strong>tr</strong>azida pela parte autora, em cotejo com a conclusão da perícia<br />

médica realizada pela autarquia previdenciária, não implica ignorar a pr<strong>es</strong>unção de legitimidade dos atos adminis<strong>tr</strong>ativos,<br />

mas sim atentar para o quadro clínico do segurado, levando-se em conta as declaraçõ<strong>es</strong> médicas e exam<strong>es</strong> realizados pela<br />

parte requerente”.(Ag 194811, D<strong>es</strong>embargador Aluisio Gonçalv<strong>es</strong> de Cas<strong>tr</strong>o Mend<strong>es</strong>, TRF2, Primeira Turma Especializada,<br />

E-DJF2R - Data::01/02/2011 - Página::15/16)<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, nos termos da lei. Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação, com fulcro no art.<br />

20, §3º, do CPC.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

98 - 0006948-64.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006948-2/01) ABRAO CORREA CARVALHO (ADVOGADO: VERA LUCIA<br />

FAVARES BORBA, KARIME SILVA SIVIERO, RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO<br />

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2008.50.50.006948-2/01<br />

Recorrente : ABRÃO CORREA CARVALHO<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIAPOR INVALIDEZ - AUSÊNCIA DE<br />

INCAPACIDADE LABORATIVA - ENUNCIADO N. 08 DA TURMA RECURSAL/ES - RECURSO CONHECIDO E, NO<br />

MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.


Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente<br />

o pedido autoral, negando a prorrogação do benefício previdenciário de auxílio-doença. Sustenta a recorrente, em suas<br />

razõ<strong>es</strong> recursais, que, não obstante o perito judicial tenha at<strong>es</strong>tado a incapacidade para exercício de sua atividade habitual<br />

(gerente comercial), não se encon<strong>tr</strong>a em condiçõ<strong>es</strong> de exercer qualquer atividade laboral. Requer, assim, que se reforme a<br />

sentença e que ou que seja concedida a aposentadoria por invalidez ou a prorrogação do auxílio-doença.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual, total e temporariamente, por mais de 15 (quinze) dias consecutivos, enquanto que a aposentadoria por invalidez,<br />

segundo o artigo 42 da Lei 8.213/91, será devida ao segurado, que, <strong>es</strong>tando ou não no gozo do auxílio-doença, <strong>es</strong>tiver<br />

incapacitado total e definitivamente para qualquer tipo de atividade que possa garantir a sua subsistência, e insusceptível de<br />

recuperação.<br />

Tanto a condição de segurado quanto o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. Girando, assim, o ponto<br />

con<strong>tr</strong>overtido em torno da incapacidade do Recorrente.<br />

Em seu laudo pericial de fls. 168/170, o perito judicial constatou que o recorrente é portador de “fibrilação a<strong>tr</strong>ial e flutter<br />

a<strong>tr</strong>iais revertidos” (qu<strong>es</strong>ito 01 do INSS), que diz r<strong>es</strong>peito a uma anormalidade no ritmo cardíaco e uma freqüência arterial<br />

elevada, e, em r<strong>es</strong>posta aos qu<strong>es</strong>itos 09 e 10, verificou que o recorrente encon<strong>tr</strong>a-se <strong>es</strong>tável clinicamente e que <strong>es</strong>tá em<br />

uso de medicaçõ<strong>es</strong> adequadas. Portanto, encon<strong>tr</strong>ando-se apto para as suas atividad<strong>es</strong> laborativas habituais.<br />

Assim, não merecem prosperar os pedidos de prorrogação do auxílio-doença ou a conc<strong>es</strong>são da aposentadoria por<br />

invalidez.<br />

Con<strong>tr</strong>a a alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>te a incapacidade da recorrente, importa<br />

d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do<br />

Espírito Santo, de excepcional afastabilidade, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o<br />

laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

D<strong>es</strong>tarte, não há como negar que a prova obtida em Juízo foi satisfatoriamente conclusiva com fins de at<strong>es</strong>tar a inexistência<br />

de incapacidade laborativa, o que afasta o cumprimento de um dos requisitos nec<strong>es</strong>sários para conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />

auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, inexistindo, assim, mácula na sentença guerreada, que merece ser<br />

mantida.<br />

Regis<strong>tr</strong>e-se que a perícia foi realizada por profissional habilitado para tanto, sendo que a parte autora teve a oportunidade<br />

de apr<strong>es</strong>entar qu<strong>es</strong>itos e indicação de assistente técnico no momento oportuno, providências das quais se d<strong>es</strong>incumbiu.<br />

Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />

provados nos autos. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre<br />

convencimento, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório acostado aos autos sinaliza o d<strong>es</strong>mérito da pleiteante ao<br />

pretendido benefício.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas e honorários advocatícios em virtude de a recorrente fazer jus ao benefício da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

99 - 0000610-68.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000610-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x SONIA BOTELHO DA ROCHA (ADVOGADO: MARIA REGINA<br />

COUTO ULIANA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.52.000610-6/01<br />

Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

Recorrido: SÔNIA BOTELHO DA ROCHA<br />

E M E N T A


RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ-INCAPACIDADE PARA O<br />

EXERCÍCIO DAS ATIVIDADES HABITUAIS CONSTATADA – CONSIDERADAS AS CONDIÇÕES PESSOAIS DO<br />

SEGURADO - RECURSO CONHECIDO E, NO IMPROVIDO, – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo réu, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente a pretensão<br />

externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença com a devida conversão em aposentadoria<br />

por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a sentença proferida pelo juízo “a quo” d<strong>es</strong>considerou a<br />

perícia médica realizada em juízo, onde ficou asseverado, de forma objetiva, que a parte autora não se encon<strong>tr</strong>a<br />

incapacitada para o exercício de suas atividad<strong>es</strong> habituais. Alega que as l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> diagnosticadas são insuficient<strong>es</strong> para<br />

incapacitar a recorrida, e que inexiste nos autos prova apta a afastar a conclusão do perito judicial. D<strong>es</strong>sa forma, requer<br />

seja reformada a sentença de piso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a Aposentadoria por Invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

A condição de segurado e o período de carência são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. Verifico assim, que a con<strong>tr</strong>ovérsia gira em<br />

torno da incapacidade da autora.<br />

Na análise pericial realizada em juízo (fls. 53-57), a recorrente foi examinada e diagnosticada com <strong>es</strong>pondilodiscoar<strong>tr</strong>ose,<br />

hérnia discal discreta em coluna lombar e coto de amputação <strong>tr</strong>aumática dos dedos, médio, indicador e polegar direitos, não<br />

sendo constatado, todavia, impedimento que incapacitasse a examinada para as atividad<strong>es</strong> habituais de <strong>tr</strong>abalhadora rural.<br />

Tal é o que se denota da r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 05 (cinco) formulado pelo juízo.<br />

Em que p<strong>es</strong>e a conclusão exarada pelo perito judicial e considerando que o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo<br />

formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos provados nos autos, tenho que não assiste razão ao recorrente.<br />

É mister r<strong>es</strong>saltar que a patologia apr<strong>es</strong>entada pela parte recorrida é degenerativa, adquirida em virtude de vários fator<strong>es</strong> de<br />

risco, sem contudo ter relação direta com quaisquer acident<strong>es</strong> de <strong>tr</strong>abalho conforme concluiu o perito em r<strong>es</strong>posta ao<br />

qu<strong>es</strong>ito 03 (<strong>tr</strong>ês) formulado pelo juízo.D<strong>es</strong>tarte,não há que se falar em incompetência da justiça federal .<br />

As l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> na coluna apr<strong>es</strong>entadas pela recorrida at<strong>es</strong>tadas em diversos exam<strong>es</strong> particular<strong>es</strong>, por óbvio, impedem o<br />

exercício das atividad<strong>es</strong> habituais como <strong>tr</strong>abalhadora rural, sendo o <strong>es</strong>forço físico um elemento crucial nas a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong><br />

d<strong>es</strong>se ofício. Ademais, o <strong>es</strong>forço físico tende a agravar as l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> já detectadas, como r<strong>es</strong>tou salientado pelo juízo “a quo”.<br />

Importante frisar que “a valoração da documentação <strong>tr</strong>azida pela parte autora, em cotejo com a conclusão da perícia<br />

médica realizada pela autarquia previdenciária, não implica ignorar a pr<strong>es</strong>unção de legitimidade dos atos adminis<strong>tr</strong>ativos,<br />

mas sim atentar para o quadro clínico do segurado, levando-se em conta as declaraçõ<strong>es</strong> médicas e exam<strong>es</strong> realizados pela<br />

parte requerente”.(Ag 194811, D<strong>es</strong>embargador Aluisio Gonçalv<strong>es</strong> de Cas<strong>tr</strong>o Mend<strong>es</strong>, TRF2, Primeira Turma Especializada,<br />

E-DJF2R - Data::01/02/2011 - Página::15/16)<br />

Ademais, a recorrente já conta com 50 anos e, considerando as demais condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais, notadamente o fato de ser<br />

<strong>tr</strong>abalhadora rural e de baixa ins<strong>tr</strong>ução <strong>es</strong>colar, é pouco provável sua reinserção no mercado de <strong>tr</strong>abalho.<br />

Com efeito, forte corrente jurisprudencial encampada pelo STJ, tem entendido que para a conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por<br />

invalidez devem ser considerados ou<strong>tr</strong>os aspectos relevant<strong>es</strong>, além dos elencados no art. 42 da Lei 8.213/91, tais como, a<br />

condição socioeconômica, profissional e cultural do segurado. Segue ar<strong>es</strong>to jurisprudencial:<br />

(...) Em face das limitaçõ<strong>es</strong> impostas pela idade (72 anos), bem como por ser o segurado semianalfabeto e e rurícola, seria<br />

utopia defender sua inserção no concorrido mercado de <strong>tr</strong>abalho, para iniciar uma nova atividade profissional, pelo que faz<br />

jus à conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. (...) (STJ, REsp 965.597/PE, Rel. Minis<strong>tr</strong>o Napoleão Nun<strong>es</strong> Maia Filho,<br />

Quinta Turma, julgado em 23/08/2007, DJ 17/09/2007 p. 355)<br />

É evidente, portanto, que a recorrente faz jus ao benefício de aposentadoria por invalidez, vez que o conjunto probatório,<br />

bem como a análise das condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da recorrida, direcionam a <strong>es</strong>se entendimento.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo “a quo”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas, na forma da lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação, com<br />

fulcro no art. 20, §3º, do CPC.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a


Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

100 - 0001152-52.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001152-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x JULIAN DA COSTA SERRAZINE<br />

(ADVOGADO: AMAURI PINTO MARINHO.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.52.001152-0/01<br />

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

Recorrido : JULIAN DA COSTA SERRAZINE<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PEDIDO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA – ALTERAÇÃO DA DIB<br />

PARA A DII INDEVIDA– PARTE AUSENTE À PERÍCIA ADMINISTRATIVA - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,<br />

PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença que julgou procedente o<br />

pedido autoral para determinar a condenação da autarquia previdenciária na obrigação de pagar os m<strong>es</strong><strong>es</strong> re<strong>tr</strong>oativos,<br />

compreendidos en<strong>tr</strong>e a data do início da incapacidade (26/12/2007) e a data da conc<strong>es</strong>são do benefício de auxílio-doença<br />

(19/06/2008). Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que a parte autora teve indeferido o requerimento de<br />

re<strong>tr</strong>oação da DIB em razão de não ter comparecido à perícia médica. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja conhecido o pr<strong>es</strong>ente<br />

recurso, julgando-se improcedente a pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação.<br />

A qu<strong>es</strong>tão con<strong>tr</strong>overtida nos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> autos cinge-se à aferição da pr<strong>es</strong>ença do recorrido quando da realização da perícia<br />

médica adminis<strong>tr</strong>ativa.<br />

O autor, ora recorrido, alega ter sido impedido de participar da perícia médica adminis<strong>tr</strong>ativa agendada para o dia 31 de<br />

janeiro de 2008 em razão de não portar documentos que comprovassem a qualidade de segurado.<br />

Solicitado o Con<strong>tr</strong>ato de <strong>tr</strong>abalho à Secretaria de Educação do Governo Estadual – SEDU/ES, decorreram qua<strong>tr</strong>o m<strong>es</strong><strong>es</strong> até<br />

sua efetiva obtenção. N<strong>es</strong>se período o autor teve seu requerimento indeferido.<br />

A autarquia previdenciária alega que o indeferimento ocorreu pela ausência à perícia médica, conforme apurado em<br />

procedimento adminis<strong>tr</strong>ativo, ao passo que o recorrido compreende que o indeferimento deu-se em razão da demora na<br />

obtenção da documentação solicitada à SEDU.<br />

N<strong>es</strong>se passo, tenho que assiste razão à autarquia previdenciária.<br />

Não é demais lembrar que o ato indeferitório do pleiteado benefício goza da pr<strong>es</strong>unção de legitimidade e veracidade<br />

inerente aos atos adminis<strong>tr</strong>ativos, a qual somente pode ser elidida ante a pr<strong>es</strong>ença de prova contundente em sentido<br />

con<strong>tr</strong>ário.<br />

O documento colacionado às fls. 28, por si só, não faz prova inequívoca de que o recorrido, aos 31/01/2008, encon<strong>tr</strong>ava-se<br />

pr<strong>es</strong>ente à perícia médica d<strong>es</strong>ignada. Trata-se de ficha de consulta aos dados cadas<strong>tr</strong>ais do <strong>tr</strong>abalhador pela qual são<br />

informados dados relativos ao número de inscrição, nome, data de nascimento, nacionalidade, den<strong>tr</strong>e ou<strong>tr</strong>os, constando na<br />

parte inferior direita rubrica do recorrido datada de 10/03/2009.<br />

Assim, afigura-se correta a conc<strong>es</strong>são do benefício à parte autora apenas a partir de 16/06/2008, por ocasião do novo<br />

requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo.<br />

Merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo “a quo”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento.<br />

Sem custas, nos termos da Lei. Sem honorários advocatícios, em razão do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE DAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

101 - 0000748-95.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000748-3/01) MARIA NILDE GONÇALVES VIEIRA (ADVOGADO:<br />

JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN<br />

CRUZ RODRIGUES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.53.000748-3/01<br />

Recorrente : MARIA NILDE GONÇALVES VIEIRA


Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - AUSÊNCIA<br />

DE INCAPACIDADE LABORAL – PERÍCIA DESFAVORÁVEL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO –<br />

SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença e sua conversão em<br />

aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que apr<strong>es</strong>enta sérios problemas psiquiá<strong>tr</strong>icos<br />

e que, não obstante a perícia médica tenha concluído que <strong>es</strong>ta moléstia não a incapacita para o exercício de suas<br />

atividad<strong>es</strong> (<strong>tr</strong>abalhadora rural), encon<strong>tr</strong>a-se incapacitada para o exercício de qualquer atividade. Alega, ainda, que deveria<br />

ter sido submetida à avaliação de um <strong>es</strong>pecialista na área de psiquia<strong>tr</strong>ia. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja reformada a sentença de<br />

piso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

qualquer atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade do recorrente.<br />

Em exame realizado pelo perito judicial (fls. 49/50) a recorrente apr<strong>es</strong>entou “fáci<strong>es</strong> atípicas, lúcido, orientado; normocorado,<br />

TA 120/80 mmHg, ausculta cardiopulmonar normal, marcha normal, boa higiene corporal, bem situada no tempo e no<br />

<strong>es</strong>paço” (sic). Em que p<strong>es</strong>e o quadro de depr<strong>es</strong>são at<strong>es</strong>tado, é indene de dúvidas que a aludida doença não incapacita a<br />

recorrente. Tal é o que se denota da r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 04 (qua<strong>tr</strong>o) formulado pelo juízo.<br />

Assim, muito embora tenha sido comprovado em laudo de pericial do juízo que a recorrente é portadora de doença<br />

psiquiá<strong>tr</strong>ica, não r<strong>es</strong>tou demons<strong>tr</strong>ada a incapacidade laborativa na ocasião da perícia e, tampouco, a impossibilidade de<br />

reabilitação, conclusõ<strong>es</strong> técnicas que inviabilizam a conc<strong>es</strong>são dos benefícios requeridos pela autora.<br />

Con<strong>tr</strong>a a alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>te a incapacidade plena da recorrente, importa<br />

d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado de nº.8 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do<br />

Espírito Santo, de excepcional afastabilidade, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o<br />

laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena<br />

capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.<br />

Quanto à alegação de que se faz nec<strong>es</strong>sária nova perícia em área <strong>es</strong>pecializada, <strong>tr</strong>ago à colação ar<strong>es</strong>to jurisprudencial do<br />

TRF3, a cujo entendimento adiro:<br />

“D<strong>es</strong>cabida a realização de perícia médica por <strong>es</strong>pecialista na m<strong>es</strong>ma doença anteriormente diagnosticada, sob pena de se<br />

negar vigência à legislação que regulamenta a profissão de médico, que não exige <strong>es</strong>pecialização para o diagnóstico de<br />

doenças ou para a realização de perícias. (TRF3, AC 200661140062868, Juiz Convocado Hong Hou Hen, TRF3 – Nona<br />

Turma, 13/08/2009)”<br />

D<strong>es</strong>tarte, não há como negar que a prova obtida em Juízo foi satisfatoriamente conclusiva com fins de at<strong>es</strong>tar a capacidade<br />

para o <strong>tr</strong>abalho, bem como, a inexistência de incapacidade laborativa, o que afasta o cumprimento de um dos requisitos<br />

nec<strong>es</strong>sários para conc<strong>es</strong>são dos benefícios pleiteados.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo “a quo”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas e honorários advocatícios, tendo em vista que a parte recorrente é beneficiária da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

102 - 0001236-59.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001236-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x SIRLENA QUIRINO ROCHA (ADVOGADO: HILDA<br />

RODRIGUES MAIA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.50.001236-1/01


Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

Recorrido : SIRLENA QUIRINO ROCHA<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – ART. 59 DA LEI 8.213/95 – INCAPACIDADE TOTAL<br />

E PERMANENTE – DIB NA DATA DE CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO – EXAMES PARTICULARES CORROBORAM LAUDO<br />

PERICIAL - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 80/81, que julgou parcialmente procedente<br />

o pedido efetuado pela parte autora de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença e conversão do benefício em<br />

aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que o perito não firmou a data de início da<br />

incapacidade, devendo ser alterada a DIB para o momento de realização da perícia judicial.<br />

A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se, assim, apenas à fixação da data de início da incapacidade laborativa.<br />

A partir da análise do laudo pericial, apr<strong>es</strong>entado às fls. 44/45, verifica-se que a pericianda apr<strong>es</strong>entou incapacidade laboral<br />

temporária, por existir a possibilidade de reabilitação. No tocante ao período em que se iniciou a incapacidade para o<br />

<strong>tr</strong>abalho da examinada, em r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito “7” elaborado pelo INSS, o jusperito afirmou que “não há dados clínicos da<br />

paciente para <strong>es</strong>ta r<strong>es</strong>posta (a data de início da incapacidade)”.<br />

Há que se acr<strong>es</strong>centar, todavia, que, assim como exposto pelo juiz a quo, o exame pericial não determinou que no período<br />

anterior à perícia inexistia a enfermidade incapacitante, mas tão somente deixou de emitir parecer conclusivo sobre o<br />

<strong>es</strong>tado físico do periciando diante da ausência de documentos que o convenc<strong>es</strong>sem a <strong>es</strong>se r<strong>es</strong>peito.<br />

O conhecimento do <strong>es</strong>tado de incapacidade da recorrente no lapso temporal en<strong>tr</strong>e a c<strong>es</strong>sação do benefício pela autarquia<br />

previdenciária e a data do laudo pericial foi possível mediante a apr<strong>es</strong>entação dos exam<strong>es</strong> médicos complementar<strong>es</strong><br />

exarados dos autos às fls. 30-34, que, referent<strong>es</strong> aos períodos não alcançados pela análise pericial, de forma clara e<br />

coerente corroboram o at<strong>es</strong>tado no exame obtido em juízo. D<strong>es</strong>ta forma, por <strong>es</strong>tarem em consonância com o parecer<br />

juspericial, tais provas foram aptas a evidenciar a manutenção do <strong>es</strong>tado de incapacidade da recorrente m<strong>es</strong>mo após a<br />

c<strong>es</strong>sação do benefício de auxílio-doença, anteriormente por ela percebido.<br />

Cumpre salientar que o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou<br />

fatos provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas, simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de<br />

determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer suficientemente <strong>es</strong>clarecida. Na hipót<strong>es</strong>e em<br />

apreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre convencimento, <strong>es</strong>te Juízo entende que o<br />

material probatório acostado aos autos at<strong>es</strong>ta a persistência da incapacidade laborativa do recorrido quando da c<strong>es</strong>sação<br />

do benefício previdenciário, não havendo qualquer mácula na sentença de piso, que merece ser mantida.<br />

Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios no valor de 10% sobre o<br />

valor da condenaçao, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.<br />

A recorrida, às fls. 80/87, informa a <strong>es</strong>te Juízo que foi concedida medida cautelar na sentença e que, não obstante, teve seu<br />

benefício c<strong>es</strong>sado d<strong>es</strong>de o mês de dezembro de 2010 em razão da “alta programada”.<br />

Não se pode pr<strong>es</strong>umir a recuperação da capacidade laborativa pura e simpl<strong>es</strong>mente em razão do decurso de determinado<br />

prazo, devendo o INSS r<strong>es</strong>tabelecer o benefício no prazo de 05 (cinco) dias, a ser comprovado n<strong>es</strong>se m<strong>es</strong>mo prazo,<br />

providenciando o pagamento dos a<strong>tr</strong>asados devidos a partir da indevida c<strong>es</strong>sação, com juros e correção monetária, nos<br />

termos da Lei nº 11.960/2009.<br />

A c<strong>es</strong>sação deverá ser obrigatoriamente precedida de perícia a cargo da Autarquia Previdenciária.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO,<br />

mantendo-se a sentença, na forma da ementa constante nos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

103 - 0000472-64.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000472-0/01) MARINETE RIGONI CONTE (ADVOGADO: FERNANDA<br />

ANDRADE SANTANA, Valdoreti Fernand<strong>es</strong> Mattos, LORENA MARCULANO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO<br />

SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº. 2009.50.53.000472-0/01<br />

Recorrente : MARINETE RIGONI CONTE


Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA<br />

DE INCAPACIDADE LABORATIVA – LAUDO JUDICIAL DESFAVORÁVEL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,<br />

IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente<br />

o pedido autoral, negando a implantação do benefício previdenciário de auxílio-doença e posterior conversão em<br />

aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, no caso, não houve devida análise na<br />

atuação da perita judicial que a examinou e que se negou a analisar os exam<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados pela recorrente. Diante do<br />

exposto requer que a sentença proferida pelo juízo a quo seja reformada, que seja concedida antecipação dos efeitos da<br />

tutela, o r<strong>es</strong>tabelecimento do auxílio-doença d<strong>es</strong>de a sua c<strong>es</strong>sação em 30/04/2009 e posterior conversão para<br />

aposentadoria por invalidez ou que seja declarada nula a perícia, uma vez que não foi realizada por uma <strong>es</strong>pecialista no<br />

problema de saúde da recorrente.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a Aposentadoria por Invalidez, por força no disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

Na análise da perita judicial Drª. Sueli Oliveira Quinhonez (fls. 74/78), foi constado que a recorrente é portadora de<br />

“Espondiloar<strong>tr</strong>ose ao nível da coluna cervical e lombar”, de natureza degenerativa, mas que não acarreta incapacidade<br />

laborativa para o exercício de qualquer atividade (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 4c do Juízo). Baseou-se a perita judicial nos laudos<br />

médicos e r<strong>es</strong>sonância da cervical e lombar.<br />

Con<strong>tr</strong>a a alegação recursal de que há documento médico particular que at<strong>es</strong>te a incapacidade da recorrente, importa<br />

d<strong>es</strong>tacar a existência do Enunciado nº. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do<br />

Espírito Santo, que assim orienta: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido<br />

pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de<br />

prevalecer sobre o particular”.<br />

Quanto ao requerimento de anulação da perícia judicial, por não ter sido realizada por um médico <strong>es</strong>pecialista na área, a<br />

qu<strong>es</strong>tão já foi objeto de decisão do TRF1:<br />

“PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA OU APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. NÃO CABIMENTO.<br />

INEXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE. DESNECESSIDADE DE NOMEAÇÃO DE MÉDICO ESPECIALISTA PARA SER<br />

PERITO DO JUÍZO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. 1. O laudo pericial judicial at<strong>es</strong>tou que o segurado não<br />

possui qualquer incapacidade laborativa, o que impede a conc<strong>es</strong>são dos pleiteados benefícios de auxílio-doença ou<br />

aposentadoria por invalidez. 2. Não há nulidade da perícia judicial quando <strong>es</strong>ta é de lavra de profissional médico perito do<br />

juízo que r<strong>es</strong>pondeu aos qu<strong>es</strong>itos apr<strong>es</strong>entados, m<strong>es</strong>mo não sendo <strong>es</strong>pecialista na área da doença alegada. O título de<br />

<strong>es</strong>pecialista em determinada área da medicina não é requisito para ser perito médico do juízo, inexistindo cerceamento de<br />

def<strong>es</strong>a na hipót<strong>es</strong>e. 3. Recurso não provido.”<br />

D<strong>es</strong>tarte, não há que se cont<strong>es</strong>tar que as provas obtidas em juízo foram satisfatoriamente conclusivas com fins em at<strong>es</strong>tar<br />

a inexistência de incapacidade laborativa e conseqüente d<strong>es</strong>cumprimento dos requisitos nec<strong>es</strong>sários para conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício de auxílio-doença, inexistindo, assim, mácula na sentença de piso, que merece ser mantida.<br />

De acordo com o art. 436, do Código de Proc<strong>es</strong>so Civil, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua<br />

convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos provados nos autos. E, em seu art. 437, a lei proc<strong>es</strong>sual não exige, mas,<br />

simpl<strong>es</strong>mente, a<strong>tr</strong>ibui ao juiz o poder de determinar a realização de nova perícia quando a matéria não lhe parecer<br />

suficientemente <strong>es</strong>clarecida. Na hipót<strong>es</strong>e em apreço, após minuciosa análise das provas da causa, e com base no livre<br />

convencimento, <strong>es</strong>te Juízo entende que o material probatório acostado aos autos é suficiente para o d<strong>es</strong>linde da<br />

con<strong>tr</strong>ovérsia.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento<br />

Sem custas e honorários advocatícios em virtude de o recorrente fazer jus ao benefício da assistência judiciária gratuita.


A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

104 - 0000207-62.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000207-2/01) TEREZA LEITE DA SILVA (ADVOGADO: ACLIMAR<br />

NASCIMENTO TIMBOÍBA, CLEYLTON MENDES PASSOS, LEANDRO FREITAS DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL<br />

DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.53.000207-2/01<br />

Recorrente : TEREZA LEITE DA SILVA<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – PEDIDO DE CONCESSÃO DE AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIOR<br />

CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO - RECURSO<br />

CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente<br />

o pedido autoral, negando a implantação do benefício previdenciário de auxílio-doença. Sustenta a recorrente, em suas<br />

razõ<strong>es</strong> recursais, que, no caso, não houve devida atuação do perito judicial que a examinou, visto que existiria, sim,<br />

possibilidade de at<strong>es</strong>tar a pr<strong>es</strong>ença da incapacidade laborativa à data do primeiro requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (02/08/2001).<br />

Requer, assim, que se reforme a sentença guerreada e se dê provimento ao pedido autoral.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

No caso em tela são con<strong>tr</strong>oversas a qualidade de segurado e o período de carência exigido pela legislação previdenciária.<br />

Consoante o art. 15, II, da Lei 8.213/91 perde a qualidade de segurado o <strong>tr</strong>abalhador que deixa de con<strong>tr</strong>ibuir para o sistema<br />

previdenciário após 12 m<strong>es</strong><strong>es</strong> da c<strong>es</strong>sação das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>.<br />

Compulsando os autos, verifico que a última con<strong>tr</strong>ibuição efetuada de maneira concomitante refere-se à competência<br />

11/2000 (fls. 21). Ainda que se considerem as parcas con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> efetuadas em a<strong>tr</strong>aso no ano de 2001, a autora teria<br />

perdido a qualidade de segurada no ano de 2002, d<strong>es</strong>considerando-se o período de prorrogação a que faz jus aquele que<br />

se encon<strong>tr</strong>a d<strong>es</strong>empregado (art. 15, § 2º), circunstância não comprovada nos autos.<br />

Em 12/07/2006 a recorrente verteu con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong>, na qualidade de autônoma, referent<strong>es</strong> às competências 06/2002,<br />

06/2003, 06/2004, 06/2005 e 06/2006, com o objetivo de readquirir a qualidade de segurada e também atender a carência<br />

exigida (fls. 52), em conformidade com o preceituado no parágrafo único do art. 24 da Lei 8.213/91.<br />

O ocorre que na hipót<strong>es</strong>e de con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> vertidas em a<strong>tr</strong>aso, considerando que a recorrente é con<strong>tr</strong>ibuinte individual,<br />

incide o disposto no art. 27, II, da aludida lei, ou seja, somente será considerada para cômputo do período de carência a<br />

data do efetivo pagamento da primeira con<strong>tr</strong>ibuição sem a<strong>tr</strong>aso.<br />

Assim, muito embora a qualidade de segurada tenha sido readquirida em 2006 a recorrente não logrou comprovar o<br />

período de carência. Não deve passar d<strong>es</strong>percebido, igualmente, que a recorrente voltou a perder a qualidade de segurada<br />

em 2007 considerando que sua última con<strong>tr</strong>ibuição, n<strong>es</strong>se período, data de 12 de julho de 2006.<br />

A par do que já foi exposto, ap<strong>es</strong>ar de at<strong>es</strong>tar a existência de incapacidade laborativa, o laudo pericial (fls. 65-69) não foi<br />

apto a aferir a data de início da doença (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito “5” elaborado pelo Juízo), apenas mencionando que os laudos<br />

médicos contidos nos autos datam de 2008 e 2009 e que a própria autora afirmou <strong>es</strong>tar sem <strong>tr</strong>abalhar d<strong>es</strong>de 2004.<br />

Quer seja fixado início da incapacidade em 2008, 2009 ou 2004, certo é que a recorrente em nenhuma d<strong>es</strong>sas ocasiõ<strong>es</strong><br />

ostentava a qualidade de segurada ou adimplia a carência exigida, sendo impossível afirmar pelo conjunto probatório<br />

acostado aos autos que em 2001, quando tais requisitos encon<strong>tr</strong>avam-se preenchidos, a recorrente era incapaz.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas e honorários advocatícios em virtude de a recorrente fazer jus ao benefício da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, CONHECER DO RECURSO E A ELE<br />

NEGAR PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

105 - 0003426-29.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003426-1/01) LEIDIMAR EPIFANIO VITORIA (ADVOGADO: JOANA<br />

D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER<br />

DARROZ ROSSONI.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.50.003426-1/01<br />

Recorrente : LEIDIMAR EPIFANIO VITÓRIA<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA - AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL –<br />

PERÍCIA DESFAVORÁVEL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pelo r<strong>es</strong>tabelecimento de auxílio-doença e, subsidiariamente, a<br />

conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que apr<strong>es</strong>enta ar<strong>tr</strong>ose em sua<br />

coluna lombar e que, não obstante o perito tenha concluído que <strong>es</strong>ta doença não a incapacita para o exercício de suas<br />

atividad<strong>es</strong>, pela profissão da recorrente, qual seja auxiliar de serviços gerais, dificilmente irá reempregar-se no mercado de<br />

<strong>tr</strong>abalho tendo em vista os sérios problemas de coluna que lhe acometem. D<strong>es</strong>sa forma, requer que seja reformada a<br />

sentença de piso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.<br />

O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />

habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a Aposentadoria por Invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />

m<strong>es</strong>mo diploma legal, a seu turno, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que,<br />

<strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de<br />

atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária a análise da condição de segurado e do período de carência, já que constatada a capacidade da recorrente.<br />

Na análise pericial (fls.98/105), a recorrente foi examinada e diagnosticada com ar<strong>tr</strong>ose na coluna lombar, en<strong>tr</strong>etanto, não<br />

se contatou qualquer impedimento que incapacitasse a examinada para o exercício de seu ofício habitual, o de auxiliar de<br />

serviços gerais. Tal é o que se denota da r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 09 (nove) formulado pelo juízo (fls. 101).<br />

Muito embora os requisitos elencados pela Lei 8.213/91 devam ser conjugados com a análise de ou<strong>tr</strong>os aspectos<br />

relevant<strong>es</strong>, como a condição socioeconômica, profissional e cultural do segurado, verifico que a recorrente, ap<strong>es</strong>ar de não<br />

possuir as melhor<strong>es</strong> condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais, ainda pode se reempregar no mercado de <strong>tr</strong>abalho em atividad<strong>es</strong> compatíveis<br />

com sua situação. E ainda que opte permanecer na profissão de auxiliar de serviços gerais, a ar<strong>tr</strong>ose na coluna lombar não<br />

obsta o exercício das atividad<strong>es</strong> laborativas habituais. Cabe salientar que a existência da doença não implica<br />

nec<strong>es</strong>sariamente a caracterização de incapacidade laborativa.<br />

A pr<strong>es</strong>tação que ora se pleiteia somente deve ser paga quando efetivamente devida, sob pena de vilipendiar-se o equilíbrio<br />

financeiro e atuarial do sistema previdenciário em d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tígio aos segurados incapaz<strong>es</strong> que não possuem meios de prover<br />

a própria subsistência e preenchem os requisitos legais.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo “a quo”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas e honorários advocatícios, tendo em vista que a parte recorrente é beneficiária da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator


106 - 0000310-78.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000310-4/01) EDEVALDO RODRIGUES (ADVOGADO: ROZALINDA<br />

NAZARETH SAMPAIO SCHERRER.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos<br />

Figueredo Marçal.).<br />

Proc<strong>es</strong>so nº 2009.50.50.000310-4/01<br />

Recorrente : EDEVALDO RODRIGUES<br />

Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

E M E N T A<br />

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADRIA POR INVALIDEZ - AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE<br />

LABORAL – PERÍCIA DESFAVORÁVEL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA<br />

MANTIDA.<br />

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />

pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela conc<strong>es</strong>são de aposentadoria por invalidez. Sustenta o<br />

recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que apr<strong>es</strong>enta sérios problemas de coluna que lhe acarretam dor<strong>es</strong>, limitação e<br />

impotência para o <strong>tr</strong>abalho, conforme at<strong>es</strong>tado nos laudos periciais particular<strong>es</strong>, não obstante o perito judicial tenha<br />

concluído pela ausência de tais patologias. Alega que a sentença proferida pelo juízo “a quo” considerou exclusivamente o<br />

laudo pericial judicial, sem avaliar os laudos particular<strong>es</strong> que consistem em important<strong>es</strong> elementos de prova. E diante do<br />

histórico patológico apr<strong>es</strong>entado, alega que não se pode afastar o direito à percepção do benefício, pois não se encon<strong>tr</strong>a<br />

em condiçõ<strong>es</strong> de exercer suas atividad<strong>es</strong> habituais. D<strong>es</strong>sa forma, requer seja reformada a sentença proferida pelo juízo “a<br />

aquo”, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.<br />

A Aposentadoria por Invalidez, conforme se depreende do art. 42, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />

cumprido, quando for o caso, a carência exigida, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e<br />

insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto<br />

permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

O período de carência e a qualidade de segurado são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se à aferição da<br />

incapacidade laboral do recorrente.<br />

Na análise pericial (fls. 28/30), o recorrente foi examinado, não sendo diagnosticada qualquer doença, l<strong>es</strong>ão, seqüela,<br />

deficiência física ou mental. Tal é o que se denota da r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 01 (um) formulado pelo juízo (fls. 80). A perícia<br />

conclui, ainda, que inexiste incapacidade ortopédica para o <strong>tr</strong>abalho habitual do recorrente (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito n.º 09<br />

formulado pelo juízo- fls. 29).<br />

O laudo pericial é claro ao afirmar que a parte autora não ostenta incapacidade laborativa. Os at<strong>es</strong>tados médicos<br />

particular<strong>es</strong>, por si só, não servem para afastar as conclusõ<strong>es</strong> da perícia judicial, tendo em vista o fato de serem produzidos<br />

unilateralmente. N<strong>es</strong>se sentido, o enunciado N.º 08 d<strong>es</strong>ta Eg. Turma Recursal:<br />

O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,<br />

imparcial.O laudo pericial sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular.<br />

(DIO – Boletim da <strong>Justiça</strong> federal, 18/03/04, página 59)<br />

Muito embora os requisitos elencados pela Lei 8.213/91 devam ser conjugados com a análise de ou<strong>tr</strong>os aspectos<br />

relevant<strong>es</strong>, como a condição socioeconômica, profissional e cultural do segurado, verifico que o recorrente, ainda pode<br />

reempregar-se no mercado de <strong>tr</strong>abalho em atividad<strong>es</strong> compatíveis com sua situação. E ainda que opte por permanecer na<br />

profissão de <strong>tr</strong>abalhador avulso, conforme constatado no laudo pericial produzido em juízo, inexiste qualquer óbice.<br />

A pr<strong>es</strong>tação que ora se pleiteia somente deve ser paga quando efetivamente devida, sob pena de vilipendiar-se o equilíbrio<br />

financeiro e atuarial do sistema previdenciário em d<strong>es</strong>pr<strong>es</strong>tígio aos segurados incapaz<strong>es</strong> que não possuem meios de prover<br />

a própria subsistência e preenchem os requisitos legais.<br />

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo “a quo”.<br />

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.<br />

Sem custas e honorários advocatícios, tendo em vista que a parte recorrente é beneficiária da assistência judiciária gratuita.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, na<br />

forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.


Bruno Du<strong>tr</strong>a<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

Total Acolher os embargos : 1<br />

Total Dar parcial provimento : 14<br />

Total Dar provimento : 14<br />

Total Dar provimento ao rec. do : autor 1 e negar o do réu<br />

Total Dar provimento ao rec. do : réu 2 e negar o do autor<br />

Total Negar provimento : 68<br />

Total Negar seguimento ao recurso : 1<br />

Total Rejeitar os embargos :<br />

4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!