boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal
boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal
boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
contemporâneos que supram a lacuna do laudo pericial a fim de demons<strong>tr</strong>ar com segurança que a doença, iniciada na<br />
adol<strong>es</strong>cência, <strong>es</strong>tava gerando sintomas incapacitant<strong>es</strong> no momento do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo e no período anterior à<br />
perícia judicial. A comprovação da incapacidade definitiva para o <strong>tr</strong>abalho somente ficou seguramente delineada a partir do<br />
exame pericial judicial.<br />
Caso acolhida a t<strong>es</strong>e de que a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho <strong>es</strong>tava consolidada d<strong>es</strong>de o início da doença, a recorrida não<br />
teria direito ao benefício previdenciário, porque a incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho anterior à filiação previdenciária impede a<br />
conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença, conforme art. 59, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91.<br />
Embora o laudo pericial tenha sido juntado em 1º/9/2009, o exame pericial que confirmou a doença incapacitante foi<br />
realizado em 2/7/2009. Essa é a data de início da incapacidade comprovada.<br />
Recurso parcialmente provido para reformar a sentença, d<strong>es</strong>constituindo a condenação do INSS a pagar proventos<br />
re<strong>tr</strong>oativos ao período de 1º/3/2008 a 1º/7/2009.<br />
Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />
do Espírito Santo DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso.<br />
ROGERIO MOREIRA ALVES<br />
Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />
Relator<br />
FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />
NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS<br />
5 - 0001288-86.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001288-2/01) NEUZA MARIA BITENCOURT RAVANI (ADVOGADO:<br />
SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS<br />
IRIGON.).<br />
Proc<strong>es</strong>so nº 2008.50.51.001288-2/01<br />
Recorrente : NEUZA MARIA BITENCOURT RAVANI<br />
Recorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - EXISTÊNCIA<br />
DE INCAPACIDADE LABORAL – APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 188, § 2º DA LEI 8.112/90 - RECURSO<br />
CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.<br />
Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente a<br />
pretensão externada na inicial d<strong>es</strong>ta ação, que pugnava pela conc<strong>es</strong>são de auxílio-doença ou sua conversão em<br />
aposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente, em suas razõ<strong>es</strong> recursais, que, nada obstante o segundo perito<br />
nomeado pelo Juízo ter concluído não há incapacidade para a profissão de lavradora, encon<strong>tr</strong>a-se incapacitada total e<br />
definitivamente para suas atividad<strong>es</strong> habituais, em consonância com o disposto no primeiro laudo pericial judicial e demais<br />
laudos particular<strong>es</strong>. Alega, também, que o fato de o primeiro perito ser seu médico particular não induz em suspeição;<br />
ademais, na oportunidade em que a exceção de suspeição foi oposta tal faculdade já se encon<strong>tr</strong>ava preclusa. D<strong>es</strong>sa forma,<br />
requer seja reformada a sentença proferida pelo juízo “a quo”, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.<br />
O auxílio-doença, conforme se depreende do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo<br />
cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade<br />
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, por força do disposto no art. 42 do<br />
m<strong>es</strong>mo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou<br />
não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de qualquer<br />
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />
O período de carência e a qualidade de segurado são incon<strong>tr</strong>oversos nos autos. A con<strong>tr</strong>ovérsia cinge-se à aferição da<br />
incapacidade laboral da autora.<br />
No laudo técnico lavrado às fls. 129/131, foi constatada seqüela cica<strong>tr</strong>icial em abdome inferior não incapacitante.<br />
Contudo, as perícias realizadas em âmbito adminis<strong>tr</strong>ativo pela autarquia previdenciária, nos anos de 2006, 2007 e 2008,<br />
constataram a pr<strong>es</strong>ença de dor à pr<strong>es</strong>são do sacro como seqüela da cirurgia realizada em 28.03.2006 (fl. 23), incapacidade<br />
que perdurou até 20.05.2008 (fl. 104), quando o INSS a considerou apta para retornar às suas atividad<strong>es</strong> habituais.<br />
Ora, o afastamento das atividad<strong>es</strong> perdurou por prazo superior a 2 (dois) anos, caso em que deve ser aplicado por analogia<br />
o disposto no art. 188, §2º da Lei 8.112/90, com a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.<br />
Cumpre regis<strong>tr</strong>ar que o magis<strong>tr</strong>ado não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os<br />
elementos ou fatos provados nos autos (CPC, arts. 131 e 736).