17.04.2013 Views

boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal

boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal

boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

8. Os depoimentos pr<strong>es</strong>tados pela <strong>es</strong>posa do acusado nas <strong>es</strong>feras policial e judicial, inclusive confirmando a infeliz alusão<br />

do <strong>es</strong>poso ao assassinato de fiscais em Minas Gerais, também oferecem um panorama acerca da discussão <strong>tr</strong>avada no<br />

momento da diligência:<br />

“(...) QUE: MAURÍCIO pediu para falar com um dos fiscais; QUE: MAURÍCIO inicialmente perguntou quem eram os fiscais,<br />

recebendo a informação de que eram Fiscais do Ministério do Trabalho; QUE: MAURÍCIO solicitou aos fiscais que<br />

retornassem no dia seguinte quando <strong>es</strong>taria pr<strong>es</strong>ente na empr<strong>es</strong>a, informando ainda que os empregados ORLANDO e<br />

MARCELA não tinham autorização para assinar nenhum documento em nome da empr<strong>es</strong>a; QUE: os fiscais insistiram,<br />

dizendo que <strong>es</strong>tavam <strong>tr</strong>abalhando dizendo que precisavam da assinatura de um empregado da empr<strong>es</strong>a; QUE: MAURÍCIO<br />

insistiu que retornasse no dia seguinte, explicando que a empr<strong>es</strong>a <strong>es</strong>tava fechada; QUE: os fiscais informaram que como<br />

haviam (sic) empregados na empr<strong>es</strong>a, a empr<strong>es</strong>a <strong>es</strong>tava aberta, portanto, a fiscalização <strong>es</strong>tava regular; QUE: face a (sic)<br />

in<strong>tr</strong>ansigência dos fiscais em retornar no dia seguinte, MAURÍCIO ficou nervoso e disse: ‘vocês têm mania de nos <strong>tr</strong>atar<br />

como bandidos, nós <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong>, não bastou o episódio que aconteceu com vocês em Minas Gerais e continuam agindo<br />

com <strong>tr</strong>uculência”; (...); QUE: a depoente solicitou que MAURÌCIO se acalmasse, observando pelo teor da conversa, que o<br />

Fiscal também <strong>es</strong>tava com o ânimo exaltado; QUE em seguida encerrou-se a ligação com a informação de que os Fiscais<br />

do Trabalho retornariam a (sic) empr<strong>es</strong>a no dia seguinte; (...) QUE: os fiscais falaram que haviam sido ameaçados de morte<br />

por MAURÍCIO, afirmativa não aceita pela depoente que disse aos fiscais que <strong>es</strong>tava com MAURÍCIO quando da ligação no<br />

dia anterior, observando que o m<strong>es</strong>mo não havia feito ameaça alguma; QUE: realmente MAURÍCIO havia feito um<br />

comentário infeliz acerca do assassinato dos fiscais do <strong>tr</strong>abalho em Minas Gerais, porém, nada que pud<strong>es</strong>se ser<br />

interpretado como uma ameaça, até por quê (sic), tanto MAURÍCIO quanto o fiscal <strong>es</strong>tavam bastante nervosos, com os<br />

ânimos alterados (...)” (fls. 17/18).<br />

“(...) QUE o sr. Maurício falou que era feriado, a empr<strong>es</strong>a não <strong>es</strong>tava funcionando, mas el<strong>es</strong> insistiam que por ter apenas<br />

um funcionário, a empr<strong>es</strong>a <strong>es</strong>taria funcionando; (...); QUE o Maurício falou para os fiscais que os funcionários não tinham<br />

autorização para assinar documento; QUE o Maurício chegou a falar para el<strong>es</strong> o r<strong>es</strong>peitar, que el<strong>es</strong> ficam em cima de quem<br />

<strong>es</strong>tá <strong>tr</strong>abalhando e deveriam fiscalizar os bandidos, que comentou sobre a morte dos fiscais e que el<strong>es</strong> não precisavam agir<br />

com <strong>es</strong>sa <strong>tr</strong>uculência e que em seguida d<strong>es</strong>ligaram o telefone; (...) (fls. 56/57).<br />

9. Em seu depoimento, disse o réu que “... em certa ocasião, sua fazenda foi visitada por fiscais do Ministério do Trabalho<br />

acompanhados de Agent<strong>es</strong> da Polícia <strong>Federal</strong>, qua<strong>tr</strong>o caminhonet<strong>es</strong> cabin<strong>es</strong> dupla, o que gerou um cons<strong>tr</strong>angimento para o<br />

depoente; que n<strong>es</strong>sa fiscalização, os fiscais viram que todos os empregados <strong>es</strong>tavam com EPI, devidamente regis<strong>tr</strong>ados,<br />

mas m<strong>es</strong>mo assim foram solicitados diversos documentos; que posteriormente não houve nenhuma multa, porque segundo<br />

os fiscais <strong>es</strong>tava tudo regularizado; que a ação na ocasião foi muito ostensiva e no entender do depoente foi violenta; que<br />

então, por se considerar um pequeno empr<strong>es</strong>ário, den<strong>tr</strong>o da lei, e por r<strong>es</strong>peitar também os agent<strong>es</strong> fiscalizador<strong>es</strong>, entendeu<br />

que isso não daria o direito de usar de abuso e coação; que os fiscais teriam tentado coagir Marcela a assinar um<br />

documento; que durante o telefonema se lembrou do fato da fiscalização de sua fazenda e, ao conversar com os fiscais,<br />

sentindo a <strong>tr</strong>uculência d<strong>es</strong>t<strong>es</strong> a conversar com Marcela e com o depoente, se recorda que tais fatos acabaram por acirrar<br />

os ânimos de ambos os lados; que, por telefone, acabou fazendo uma menção infeliz ao episódio que aconteceu em Goiás<br />

ou Mato Grosso, não sabe ao certo, sobre o assassinato de fiscais do <strong>tr</strong>abalho; que se recorda de ter dito que m<strong>es</strong>mo com<br />

aquele evento, os fiscais não aprenderam a ser mais educados e <strong>tr</strong>ansigent<strong>es</strong>; que disse isso por telefone, ocasião em que<br />

a p<strong>es</strong>soal (sic) fica mais a<strong>tr</strong>evida a dizer <strong>es</strong>sas coisas, que considera que fez uma menção absurda e infeliz e por isso<br />

também recorreu a Dr. Fachetti para conversar; que mencionou isso para o delegado e que considera não existir nenhuma<br />

ameaça em suas palavras, apenas um d<strong>es</strong>abafo naquele momento com o que <strong>es</strong>tava acontecendo e com a lembrança da<br />

fiscalização realizada em sua fazenda; (...) que não quis, ao fazer menção ao assassinato dos fiscais do <strong>tr</strong>abalho em ou<strong>tr</strong>os<br />

Estados, causar nenhuma ameaça àquel<strong>es</strong> fiscais que ali <strong>es</strong>tavam em sua empr<strong>es</strong>a; que apenas foi um d<strong>es</strong>abafo infeliz...”<br />

(fls. 184/187).<br />

10. Regis<strong>tr</strong>e-se que o juízo de origem colheu o depoimento do acusado (fls. 184/187) e constatou o tom de arrependimento<br />

acerca de menção infeliz ao assassinato em Minas Gerais, bem como a sinceridade em suas palavras acerca da<br />

indignação e sentimento de injustiça que sentia naquele momento (fl. 205).<br />

11. Os elementos dos autos demons<strong>tr</strong>am que o acusado limitou-se a criticar a atuação dos fiscais, não se encon<strong>tr</strong>ando<br />

sequer d<strong>es</strong>critas quais foram as palavras utilizadas pelo denunciado e que, em t<strong>es</strong>e, viriam a configurar o delito de<br />

d<strong>es</strong>acato. Não obstante a lamentável referência ao assassinato de fiscais de <strong>tr</strong>abalho ocorrido em Minas Gerais, tal<br />

circunstância não constituiu qualquer ameaça e não possui a extensão que lhe a<strong>tr</strong>ibui a peça acusatória.<br />

12. Mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, o que faço com base no art. 46 da Lei 9.099/95, aplicável<br />

subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais.<br />

13. Recurso conhecido e improvido.<br />

14. Custas na forma da lei. Condenação do recorrente ao pagamento dos honorários advocatícios, que fixo em 10% do<br />

valor da condenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC c/c art. 55 da Lei n. 9.099/95.<br />

A C Ó R D Ã O<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO<br />

INOMINADO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

Alceu Maurício Junior<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA<br />

NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!