boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal
boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal
boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
E M E N T A<br />
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO MÉDICO PERICIAL<br />
DESFAVORÁVEL.<br />
A sentença julgou improcedente o pedido de condenação do INSS a conceder auxílio-doença. O autor interpôs recurso<br />
alegando que as l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> no joelho <strong>es</strong>querdo, embora não sejam incapacitant<strong>es</strong> para a maioria das p<strong>es</strong>soas, impedem-no de<br />
<strong>tr</strong>abalhar, porque ele só possui aptidão para realizar <strong>tr</strong>abalhos braçais. A atividade de ajudante de ele<strong>tr</strong>icista em área<br />
indus<strong>tr</strong>ial portuária implica suportar muito p<strong>es</strong>o e <strong>tr</strong>abalhar em andaim<strong>es</strong>, com risco de queda em razão da falta de equilíbrio<br />
decorrente da l<strong>es</strong>ão no joelho. Invocou a aplicação do princípio da dignidade da p<strong>es</strong>soa humana.<br />
A perita nomeada pelo juízo relatou queixa de dor no joelho <strong>es</strong>querdo, mas não confirmou se a queixa procedia. Ao final,<br />
concluiu pela inexistência de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. Não confirmou nenhuma limitação funcional, seja para carregar<br />
p<strong>es</strong>o, seja para <strong>tr</strong>abalhar em altura.<br />
Não ficou comprovada incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. Ficam prejudicadas as alegaçõ<strong>es</strong> concernent<strong>es</strong> à dignidade da p<strong>es</strong>soa<br />
humana e á insuscetibilidade de reabilitação profissional.<br />
Recurso ao qual se nega provimento. O recorrente, embora sucumbente, <strong>es</strong>tá isento de custas e de honorários<br />
advocatícios por ser beneficiário da assistência judiciária gratuita.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />
do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO ao recurso.<br />
ROGERIO MOREIRA ALVES<br />
Juiz <strong>Federal</strong> da Turma Recursal<br />
Relator<br />
18 - 0000352-21.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000352-0/01) LUIZ ANTONIO FORNACIARI (ADVOGADO: JAMILSON<br />
SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ<br />
RODRIGUES.).<br />
E M E N T A<br />
PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DOENÇA PSIQUIÁTRICA. PERITO ESPECIALISTA EM CLÍNICA GERAL,<br />
CARDIOLOGIA E MEDICINA DO TRABALHO. HABILITAÇÃO TÉCNICA. VALIDADE DA PERÍCIA.<br />
A sentença julgou improcedente o pedido de condenação do INSS a conceder auxílio-doença ou aposentadoria por<br />
invalidez, porque o laudo pericial judicial d<strong>es</strong>cartou a existência de doença incapacitante. O recorrente alegou que o <strong>es</strong>tado<br />
de incapacidade definitiva encon<strong>tr</strong>a-se comprovado por laudos de médico assistente e que a perita não é <strong>es</strong>pecialista em<br />
psiquia<strong>tr</strong>ia. Requereu nova perícia na <strong>es</strong>pecialidade de psiquia<strong>tr</strong>ia.<br />
A perita relatou a queixa de depr<strong>es</strong>são e a alegação de uso de antidepr<strong>es</strong>sivos, mas r<strong>es</strong>salvou que a recorrente não exibiu<br />
receitas médicas. A perita não confirmou incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />
A avaliação da aptidão para o <strong>tr</strong>abalho é qu<strong>es</strong>tão técnica que deve nec<strong>es</strong>sariamente ser analisada por médico.<br />
Preferencialmente, o médico nomeado deve ser habilitado na <strong>es</strong>pecialidade médica pertinente à doença incapacitante da<br />
qual se queixa o segurado. Trata-se, porém, de mera preferência. Salvo casos excepcionais, o médico inscrito no órgão de<br />
classe competente tem habilitação técnica legal para opinar sobre qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> de natureza clínica afetas a qualquer<br />
<strong>es</strong>pecialidade. Não se <strong>tr</strong>atando de quadro clínico complexo, a perícia médica pode ser conduzida por médico de qualquer<br />
<strong>es</strong>pecialidade. A perita, <strong>es</strong>pecialista não só em Cardiologia, mas também em Clínica Médica e em Medicina do Trabalho,<br />
pode não ter habilitação técnica para conduzir o <strong>tr</strong>atamento clínico da paciente, mas detém conhecimentos suficient<strong>es</strong> para<br />
avaliar existência de incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho. O clínico geral tem plenas condiçõ<strong>es</strong> de aferir a repercussão do<br />
problema de depr<strong>es</strong>são na aptidão laboral. D<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sária nova perícia com médico psiquia<strong>tr</strong>a.<br />
Os autos <strong>es</strong>tão ins<strong>tr</strong>uídos com um único at<strong>es</strong>tado de médico assistente, que relatou genericamente a manif<strong>es</strong>tação de<br />
sintomas depr<strong>es</strong>sivos e confirmou uso de substâncias psico<strong>tr</strong>ópicas. A divergência com at<strong>es</strong>tado de médico assistente não<br />
invalida o laudo pericial. O at<strong>es</strong>tado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual<br />
divergência de opiniõ<strong>es</strong> deve ser r<strong>es</strong>olvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da<br />
Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido<br />
pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de<br />
prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica e <strong>tr</strong>ata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos<br />
narrados pelo paciente, mas acreditar (<strong>es</strong>ta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e<br />
propondo o <strong>tr</strong>atamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa<br />
de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da<br />
existência da incapacidade para o <strong>tr</strong>abalho.<br />
Recurso ao qual se nega provimento. A recorrente, embora sucumbente, <strong>es</strong>tá isenta de custas e de honorários advocatícios<br />
por ser beneficiária da assistência judiciária gratuita.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária<br />
do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.