boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal
boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal
boletim tr/es 2011.080 - Justiça Federal
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
cabista de empr<strong>es</strong>a de telefonia não <strong>es</strong>tá contemplada pelo Decreto 53.831/64 como categoria profissional considerada<br />
<strong>es</strong>pecial. Aduz, ainda, que após 05/03/1997, o agente nocivo ele<strong>tr</strong>icidade deixa de caracterizar a atividade como <strong>es</strong>pecial,<br />
não possibilitando a aplicação do fator de conversão em tempo comum após <strong>es</strong>sa data. Requer, portanto, a reforma da<br />
sentença para julgar improcedente o pedido autoral.<br />
2. O benefício de aposentadoria <strong>es</strong>pecial foi instituído pela Lei 3.807, de 26/08/1960, d<strong>es</strong>tinado aos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que<br />
laboram em condiçõ<strong>es</strong> peculiar<strong>es</strong>, submetidos a certo grau de risco e comprometimento à saúde ou integridade física, para<br />
os quais pr<strong>es</strong>crevia a redução do tempo de serviço (quinze, vinte ou vinte e cinco anos de atividade) para a sua conc<strong>es</strong>são.<br />
Com o advento do Decreto n.º 53.831, de 25/03/1964, foi <strong>es</strong>tabelecida uma relação das atividad<strong>es</strong> profissionais conforme<br />
os agent<strong>es</strong> químicos, físicos e biológicos, assim como um elenco de serviços e atividad<strong>es</strong> profissionais classificadas como<br />
insalubr<strong>es</strong>, penosas ou perigosas, enquadrando-se a exposição a tensõ<strong>es</strong> elé<strong>tr</strong>icas superior<strong>es</strong> a 250 volts como <strong>es</strong>pecial,<br />
para cuja conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria, exigia-se, no mínimo, 25 anos de exercício.<br />
3. A atividade sujeita ao agente nocivo ele<strong>tr</strong>icidade, em tensão superior a 250 volts, é considerada perigosa, consoante o<br />
disposto no item 1.1.8 do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64: “operaçõ<strong>es</strong> em locais com ele<strong>tr</strong>icidade em condiçõ<strong>es</strong> de<br />
perigo de vida”, quanto aos “<strong>tr</strong>abalhos permanent<strong>es</strong> em instalaçõ<strong>es</strong> ou equipamentos elé<strong>tr</strong>icos com risco de acident<strong>es</strong> –<br />
ele<strong>tr</strong>icistas, cambistas, montador<strong>es</strong> e ou<strong>tr</strong>os”. Compulsando os autos, verifica-se que o PPP (fls.33/34) comprova que o<br />
autor <strong>es</strong>teve exposto permanente e não ocasionalmente à tensão elé<strong>tr</strong>ica superior a 250 volts no período de 07/08/1978 a<br />
12/11/2003.<br />
4. Com base n<strong>es</strong>sa comprovação, não procede a alegação recursal, pois se constatou que o autor mantinha contato com o<br />
agente “ele<strong>tr</strong>icidade”. Ademais, quando se <strong>tr</strong>ata de ele<strong>tr</strong>icidade, o risco de acidente independe do tempo de exposição ao<br />
agente nocivo. Quando há exposição a altas tensõ<strong>es</strong> elé<strong>tr</strong>icas, é visível o caráter de periculosidade, sendo que a<br />
caracterização em atividade <strong>es</strong>pecial não depende da exposição do segurado durante toda a jornada de <strong>tr</strong>abalho, pois o<br />
contato mínimo já oferece potencial risco de morte ao <strong>tr</strong>abalhador.<br />
5. Além disso, o fato de a profissão não <strong>es</strong>tar enquadrada no Decreto 53.831/64 não significa que a profissão do autor não<br />
era <strong>es</strong>pecial, pois como exposto abaixo, o rol das profissõ<strong>es</strong> era apenas exemplificativo, o indispensável era <strong>es</strong>tar em<br />
condição de <strong>tr</strong>abalho que lhe expunha a tensão superior à definida por lei.<br />
Trabalhos permanent<strong>es</strong> em instalaçõ<strong>es</strong> ou equipamentos elé<strong>tr</strong>icos com riscos de acident<strong>es</strong> - Ele<strong>tr</strong>icistas, cabistas,<br />
montador<strong>es</strong> e ou<strong>tr</strong>os.<br />
Jornada normal ou <strong>es</strong>pecial fixada em lei em serviços expostos a tensão superior a 250 volts.<br />
6. Por ou<strong>tr</strong>o lado, prospera a alegação do INSS quando afirma que as disposiçõ<strong>es</strong> que classificavam o agente “ele<strong>tr</strong>icidade”<br />
como nocivo à saúde do <strong>tr</strong>abalhador, só vigoraram até 05/03/1997. O Decreto n.º 2.172, de 05.03.1997, que se sucedeu ao<br />
Decreto acima comentado, ao regulamentar a Lei dos Benefícios Previdenciários, revogou expr<strong>es</strong>samente os Decretos nº<br />
357, de 07/12/1991, nº 611, de 24/07/1992 e nº 854, de 02/07/1993. Assim, a ele<strong>tr</strong>icidade deixou de figurar na lista de<br />
agent<strong>es</strong> nocivos.<br />
7. Dito isso, deve ser considerado como <strong>es</strong>pecial o período compreendido en<strong>tr</strong>e 07/08/1978 a 05/03/1997, acolhendo a t<strong>es</strong>e<br />
da autarquia federal quanto à aplicação do Decreto 2172/97, e suprimindo do cálculo laborado pelo juiz a quo o período de<br />
06/03/1997 a 28/05/1998 como sendo de atividade <strong>es</strong>pecial, passando a considerá-lo apenas como de atividade comum,<br />
sem aplicação do fator de conversão. Porém, verifica-se que <strong>es</strong>sa diminuição não obstará a conc<strong>es</strong>são do benefício de<br />
aposentadoria, pois m<strong>es</strong>mo após a redução, a parte autora terá con<strong>tr</strong>ibuído por mais de 35 anos (39 anos e 22 dias).<br />
8. Sentença parcialmente reformada. Recurso conhecido e parcialmente provido.<br />
9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é<br />
vencido, na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Srs. Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />
Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da<br />
ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
51 - 0008941-79.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008941-5/01) MAURILIO DA SILVA (ADVOGADO: KELLY CRISTINA<br />
ANDRADE DO ROSARIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de<br />
Oliveira.).<br />
E M E N T A<br />
PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO – CÔMPUTO DE ATIVIDADE ESPECIAL –<br />
NÃO COMPROVAÇÃO DE TODOS OS PERÍODOS PLEITEADOS – DOCUMENTOS CONTRADITÓRIOS NOS AUTOS<br />
–SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.<br />
1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença (fls.573/578) que julgou extinto o<br />
proc<strong>es</strong>so sem r<strong>es</strong>olução de mérito quanto aos períodos que já haviam sido reconhecidos adminis<strong>tr</strong>ativamente, bem como<br />
julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a proceder à averbação, como tempo de serviço <strong>es</strong>pecial,<br />
dos seguint<strong>es</strong> períodos: 21/01/1974 a 11/03/1977, 01/04/1977 a 31/10/1977, 13/03/1988 a 20/09/1988. Condenou, ainda, à<br />
revisão da RMI da aposentadoria por tempo de con<strong>tr</strong>ibuição e ao pagamento das diferenças devidas. Em suas razõ<strong>es</strong><br />
recursais, o autor alega que a sentença a quo deve ser reformada, visto que a decisão con<strong>tr</strong>aria os documentos juntados<br />
aos autos, pois as provas demons<strong>tr</strong>am claramente que todo o seu tempo de serviço se deu de forma insalubre.<br />
2. O benefício de aposentadoria <strong>es</strong>pecial foi instituído pela Lei 3.807, de 26/08/1960, d<strong>es</strong>tinado aos <strong>tr</strong>abalhador<strong>es</strong> que<br />
laboram em condiçõ<strong>es</strong> peculiar<strong>es</strong>, submetidos a certo grau de risco e comprometimento à saúde ou integridade física, para