boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />
Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa<br />
que fica fazendo parte integrante do julgado.<br />
Boaventura João Andrade<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
Assinado ele<strong>tr</strong>onicamente<br />
20 - 0004836-88.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004836-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LECIRA DE CASTRO SOUZA<br />
SALLES (ADVOGADO: SAMYRA CARNEIRO PERUCHI, KAMILA MEIRELLES PAULO, FRANCELINO JOSÉ<br />
HENRIQUES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO<br />
JUNQUEIRA.).<br />
Proc<strong>es</strong>so n.º 0004836-88.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de Vitória<br />
Recorrente: LECIRA DE CASTRO SOUZA SALLES<br />
Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
Relator: Juiz <strong>Federal</strong> BOAVENTURA JOÃO ANDRADE<br />
E M E N T A<br />
RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORAL NÃO VERIFICADA.<br />
RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />
Este recurso inominado foi interposto pela autora às fls. 149-157, em razão de sentença que julgou improcedente o pedido<br />
de r<strong>es</strong>tabelecimento de benefício previdenciário de auxílio-doença, bem como o de indenização a título de dano moral.<br />
Sustenta a recorrente, em r<strong>es</strong>umo, a “nulidade” do laudo pericial, porquanto omisso e genérico em muitos pontos. Aduz<br />
ainda, que os laudos e ou<strong>tr</strong>os documentos médicos particular<strong>es</strong> apr<strong>es</strong>entados (fls. 21, 22,23, 24 e 31), at<strong>es</strong>tam de forma<br />
inequívoca que sua incapacidade laboral se <strong>es</strong>tendera por período superior àquele da fruição do auxílio-doença concedido<br />
no período de 06/11/2008 a 31/12/2008 (NB 534.555.306.-4). Assim, requer o conhecimento e o provimento do recurso,<br />
anulando-se a sentença para reabrir a ins<strong>tr</strong>ução proc<strong>es</strong>sual e, subsidiariamente, a reforma da sentença, julgando-se<br />
procedente o pedido inicial.<br />
As con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> foram apr<strong>es</strong>entadas às fls. 165-167.<br />
Sobre a matéria preceitua o art. 59, caput, da Lei nº. 8.213/1991 que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo<br />
cumprido, quando for o caso, o período de carência ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou para a sua atividade habitual<br />
por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />
D<strong>es</strong>cabe pronunciamento acerca da condição de segurada e do período de carência, porquanto não con<strong>tr</strong>overtidos <strong>es</strong>s<strong>es</strong><br />
pontos, além de o proc<strong>es</strong>so demons<strong>tr</strong>ar o recebimento de benefício pela recorrente contemporâneo à causa de pedir<br />
recursal.<br />
A recorrente cen<strong>tr</strong>a sua irr<strong>es</strong>ignação na alegada deficiência das r<strong>es</strong>postas constant<strong>es</strong> do laudo médico pericial judicial (fl.<br />
106), por entender viciado, porquanto omisso em alguns pontos e genérico, o que indica a ausência de análise cuidadosa e<br />
pormenorizada da matéria fática.<br />
Em 13/11/2012, ontem, recebi o Advogado da recorrente portando memoriais os quais enfatizam as qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> até aqui<br />
delineadas, em prol das razõ<strong>es</strong> da recorrente. Pois bem. Vemos que a perícia foi realizada por médico da <strong>es</strong>pecialidade<br />
ortopedia. Vale dizer, exatamente a área da patologia ostentada na causa. Por seu turno, a recorrente (com 38 anos) de<br />
idade foi examinada e diagnosticada com l<strong>es</strong>ão de menisco medial e l<strong>es</strong>ão condral femoral medial II no joelho <strong>es</strong>querdo; e<br />
assim, submetida a <strong>tr</strong>atamento cirúrgico ar<strong>tr</strong>oscópico em 09.09.2008 (qu<strong>es</strong>ito do Juízo nº 01). O perito consignou que a<br />
patologia é degenerativa, en<strong>tr</strong>etanto, não a incapacita para suas atividad<strong>es</strong> habituais de auxiliar adminis<strong>tr</strong>ativa (qu<strong>es</strong>itos do<br />
Juízo nºs 09 e 11). Qu<strong>es</strong>tionado sobre as características da doença, asseverou o perito que as l<strong>es</strong>õ<strong>es</strong> podem provocar<br />
incapacidade temporária para realizar atividad<strong>es</strong> vigorosas com o joelho <strong>es</strong>querdo, mas que isso impede, todavia, que se<br />
<strong>tr</strong>abalhe sentado ou com pouca locomoção, pouco tempo após o procedimento cirúrgico, e que, na maioria dos casos tal<br />
l<strong>es</strong>ão não impede o exercício de cargos burocráticos. (qu<strong>es</strong>ito do Juízo nº 04).<br />
Em laudo complementar (fl. 129), afirmou que o grau de seriedade da cirurgia é pequeno (qu<strong>es</strong>ito da parte autora nº 01) e<br />
que o tempo médio de recuperação após o procedimento cirúrgico é en<strong>tr</strong>e 15 a 30 dias, podendo, após <strong>es</strong>se prazo, a<br />
periciada realizar todas as suas atividad<strong>es</strong> (qu<strong>es</strong>itos da recorrente nºs 02 e 07).<br />
Por certo, o juiz não <strong>es</strong>tá ads<strong>tr</strong>ito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com ou<strong>tr</strong>os elementos ou fatos<br />
provados nos autos. No caso em apreço, após análise das provas, e com base no livre convencimento motivado, <strong>es</strong>te Juízo<br />
entende que o material probatório acostado – não obstante a ênfase da irr<strong>es</strong>ignação da recorrente – <strong>es</strong>ta não se apr<strong>es</strong>enta<br />
apta a infirmar a análise e as conclusõ<strong>es</strong> da perícia judicial <strong>es</strong>pecializada, produzidos em duas oportunidad<strong>es</strong> (fls. 106 e<br />
129) – aí incluídos qu<strong>es</strong>itos <strong>es</strong>pecíficos formulados pela recorrente.<br />
Com efeito, a causa de pedir recursal assenta-se, como sói acontecer, na contingência etiológica <strong>es</strong>pecífica, da qual possa<br />
se inferir a pr<strong>es</strong>ença de incapacidade temporária ou definitiva para o <strong>tr</strong>abalho. Este o núcleo con<strong>tr</strong>oversial. Para dirimi-lo,<br />
em matéria previdenciária (art. 12, § 2º, da Lei nº 10.259/2001) o juiz poderá determinar a realização de exame técnico, do<br />
que intimará as part<strong>es</strong>, tanto para <strong>es</strong>tas apr<strong>es</strong>entarem qu<strong>es</strong>itos, quanto para indicarem assistent<strong>es</strong>.<br />
No caso em julgamento, ao exame compareceu o assistente técnico do INSS (fl. 106), enquanto que a recorrente não se<br />
utilizou d<strong>es</strong>sa faculdade.