boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
atendendo, d<strong>es</strong>te modo, ao critério objetivo da renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo. O INSS apr<strong>es</strong>entou<br />
con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong>, pugnando pela manutenção da sentença.<br />
2. Nos termos do artigo 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada é<br />
garantido no valor de um salário mínimo mensal à p<strong>es</strong>soa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuir<br />
meios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,<br />
considera-se portadora de deficiência a p<strong>es</strong>soa incapacitada para a vida independente e para o <strong>tr</strong>abalho e, da m<strong>es</strong>ma<br />
forma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal per<br />
capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.<br />
3. No pr<strong>es</strong>ente caso, o requisito da incapacidade permaneceu incon<strong>tr</strong>overso, sendo a perícia médica judicial (fls. 93/95)<br />
conclusiva no que concerne à impossibilidade da autora de exercer atividad<strong>es</strong> laborativas. A con<strong>tr</strong>ovérsia r<strong>es</strong><strong>tr</strong>ingiu-se à<br />
renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo.<br />
4. O parecer socioeconômico (fls. 44/46), datado de 15/10/2008, constatou que a fonte de renda da família, composta pela<br />
recorrente (59 anos de idade), seu cônjuge (60 anos de idade) e seu filho (21 anos de idade), era o benefício previdenciário<br />
de seguro-d<strong>es</strong>emprego percebido pelo marido, no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais), assim como o capital obtido<br />
a<strong>tr</strong>avés da venda de bebidas alcoólicas no bar da família. A recorrente não soube informar a renda que o bar<br />
proporcionava.<br />
5. Inicialmente, é cabível d<strong>es</strong>tacar que a analogia <strong>tr</strong>atada pelo art. 34 da Lei n° 10.741/93 (Estatuto dos Idosos), faz<br />
referência, exclusivamente, aos idosos. O parágrafo único do dispositivo <strong>es</strong>clarece: “O benefício já concedido a qualquer<br />
membro da família nos termos do caput não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se<br />
refere a Loas.”. O legislador delimitou os sujeitos da d<strong>es</strong>consideração nos termos do caput. Ao observar isso, conclui-se<br />
que apenas aquel<strong>es</strong> maior<strong>es</strong> de 65 anos de idade terão a oportunidade de ter seus benefícios d<strong>es</strong>considerados. Sendo<br />
assim, sua aplicação torna-se impossível no pr<strong>es</strong>ente caso, visto que o cônjuge da recorrente possui 60 anos de idade, não<br />
sendo englobado no dispositivo.<br />
6. No que concerne ao requisito da miserabilidade, é possível verificar que não houve sua satisfação, afinal, conforme<br />
d<strong>es</strong>tacado no relatório social (fls. 44/46), o núcleo familiar era composto de <strong>tr</strong>ês p<strong>es</strong>soas, auferindo uma renda mensal de<br />
cerca de R$ 600,00 (seiscentos reais). Não havendo a possibilidade de realização da analogia, torna-se inviável<br />
d<strong>es</strong>considerar a renda obtida do benefício de seguro d<strong>es</strong>emprego. Assim, a hipót<strong>es</strong>e dos autos revela que não é devido o<br />
benefício de pr<strong>es</strong>tação continuada, pois a renda per capita disponível é, em muito, superior a ¼ do salário mínimo.<br />
7. Ap<strong>es</strong>ar de o critério referente ao quantum da renda familiar não ser considerado absoluto, podendo ser relativizado em<br />
casos excepcionais, cabe r<strong>es</strong>saltar que no caso em tela não foi constatada condição de miserabilidade. Por todo exposto,<br />
não r<strong>es</strong>tam preenchidos os requisitos legais para a conc<strong>es</strong>são do benefício assistencial.<br />
8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />
9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência<br />
judiciária gratuita.<br />
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal dos Juizados<br />
Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa<br />
constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
ASSINADO ELETRONICAMENTE<br />
Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong><br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
76 - 0006217-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006217-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO<br />
SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x JOANA MARIANO NUNES (ADVOGADO:<br />
VERA LÚCIA FÁVARES.).<br />
1ª Turma Recursal - 2. Juiz Relator<br />
PROCESSO: 0006217-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006217-2/01)<br />
E M E N T A<br />
ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO DO<br />
ESTATUTO DO IDOSO – APLICAÇÃO ANALÓGICA – REQUISITOS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA –<br />
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.