17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial<br />

do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do<br />

artigo 48, § 1º, do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve demons<strong>tr</strong>ar o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma<br />

d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de<br />

con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado. Vale mencionar que o inciso VII do artigo 11 da supracitada<br />

lei permite que a atividade rural seja exercida individualmente.<br />

Para a comprovação da atividade rural, a título de início de prova material, a autora juntou aos autos os seguint<strong>es</strong><br />

documentos: i) certidão de casamento com o regis<strong>tr</strong>o da profissão do marido como lavrador, realizado em 1978 (fls. 17); ii)<br />

carteirinha do Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Nova Venécia e Vila do Pavão, com admissão em 25/10/2002 (fl. 30);<br />

iii) comprovant<strong>es</strong> de pagamento das con<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> sindicais, em nome da autora, referente as anos de 2002, 2003,<br />

1996,1997 (fl. 30 e 55); iv) fichas de atendimento médico ambulatorial, do ano de 2003, onde a autora é classificada como<br />

lavradora (fls. 46); e v) termo de homologação de atividade rural, onde a autarquia previdenciária homologou o período de<br />

25/10/2002 a 08/11/2007 (fl. 51).<br />

A prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos (CD-R de áudio – fl.86) confirmou que a recorrida sempre <strong>tr</strong>abalhou no campo de<br />

forma individual, nunca tendo se afastado das atividad<strong>es</strong> rurais. A segunda t<strong>es</strong>temunha, o Sr. João Canuto Sobrinho,<br />

afirmou que conhece a autora d<strong>es</strong>de pequena e que a m<strong>es</strong>ma sempre <strong>tr</strong>abalhou na roça, <strong>es</strong>tando, atualmente, laborando<br />

em seu próprio sítio que foi objeto de herança.<br />

Diante disso, reputo que os documentos colacionados aos autos, quando analisados conjuntamente à prova t<strong>es</strong>temunhal,<br />

proporcionam a satisfatória caracterização da recorrida como segurada <strong>es</strong>pecial. Aliás, é pr<strong>es</strong>cindível que o início de prova<br />

material seja contemporâneo de todo o período con<strong>tr</strong>overtido, d<strong>es</strong>de que a prova t<strong>es</strong>temunhal <strong>es</strong>tenda a sua eficácia<br />

probatória. A Súmula nº 14 da TNU, n<strong>es</strong>se sentido, permite a ampliação dos efeitos probatórios da prova material pela<br />

prova t<strong>es</strong>temunhal, salvo em caso de con<strong>tr</strong>adição, imprecisão ou inconsistência en<strong>tr</strong>e os depoimentos colhidos e os<br />

documentos pr<strong>es</strong>ent<strong>es</strong> nos autos. D<strong>es</strong>ta feita, considerando que a prova t<strong>es</strong>temunhal produzida nos autos confirma o início<br />

de prova material, de modo a abranger todo o período em que se discutia o efetivo exercício da atividade rural, entendo<br />

comprovado o exercício de atividade rural por tempo equivalente ao período de carência do benefício.<br />

No que tange ao fato do ex-<strong>es</strong>poso da autora ter exercido labor urbano, d<strong>es</strong>taco que a TNU tem decidido que o regime de<br />

economia familiar somente r<strong>es</strong>tará d<strong>es</strong>caracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbano<br />

for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, nou<strong>tr</strong>os termos, se a renda<br />

auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família (Súmula nº 41 da TNU).<br />

Diante disso, entendo que o fato de o marido da autora ter exercido labor urbano até 2006 não d<strong>es</strong>caracteriza a sua<br />

qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial, haja vista que a m<strong>es</strong>ma só permaneceu casada com o seu primeiro marido pelo período<br />

de dois anos. Ademais, sustenta o INSS que o labor rural exercido pela autora não era a principal fonte de renda familiar,<br />

tendo em vista que a m<strong>es</strong>ma percebe pensão por morte de seu ex-companheiro, d<strong>es</strong>de 1990. N<strong>es</strong>se passo, insta r<strong>es</strong>saltar<br />

que a jurisprudência é assente no sentido de que, em decorrência da relevância da qu<strong>es</strong>tão social e do caráter benéfico da<br />

legislação de benefícios previdenciários, é legítima a acumulação de aposentadoria com pensão por morte (Súmula nº 36<br />

da TNU), não devendo prosperar, portanto, tal alegação. D<strong>es</strong>tarte, conclui-se que o <strong>tr</strong>abalho no campo exercido pela autora<br />

era indispensável para a manutenção da família, tendo em vista que a m<strong>es</strong>ma nunca se afastou da roça, m<strong>es</strong>mo<br />

percebendo pensão por morte de seu ex-companheiro.<br />

Preenchido o requisito da idade e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido em lei (art. 142 da<br />

Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus a conc<strong>es</strong>são do benefício de aposentadoria por idade.<br />

Recurso conhecido e improvido. Sentença integralmente mantida.<br />

Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10 % (dez<br />

por cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />

da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />

PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

109 - 0000017-39.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000017-7/01) RUBENS MACHADO (ADVOGADO: EDGARD VALLE DE<br />

SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).<br />

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO N.º 2008.50.52.000017-7/01<br />

EMBARGANTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!