boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.195 - Justiça Federal
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />
da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />
PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
BRUNO DUTRA<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
106 - 0000001-11.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000001-3/01) EDNÉIA HARTUICH DE MOURA (ADVOGADO: ROBNEI<br />
BATISTA DE BARROS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE<br />
VIEIRA.).<br />
RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000001-11.2010.4.02.5054/01<br />
RECORRENTE: EDNÉIA HARTUICH DE MOURA<br />
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />
EMENTA<br />
RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />
DESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – ATIVIDADE URBANA EXERCIDA PELO CÔNJUGE<br />
DA AUTORA RESPONSÁVEL PELA MANUTENÇÃO DO GRUPO FAMILIAR – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –<br />
SENTENÇA MANTIDA<br />
1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença fls. 104/106, que julgou<br />
improcedente o pedido inicial de conc<strong>es</strong>são de aposentadoria rural por idade. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, alega a autora que o<br />
fato de seu marido laborar no meio urbano não d<strong>es</strong>caracterizaria a sua condição de segurada <strong>es</strong>pecial, visto que jamais se<br />
afastou da roça, permanecendo no campo até os dias atuais. Ademais, sustenta a autora que existe nos autos prova<br />
robusta no sentido de comprovar o efetivo exercício do <strong>tr</strong>abalho rural pelo tempo exigido em lei. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls.<br />
131/132.<br />
2. É importante r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de aposentadoria rural<br />
por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima (55 anos/mulher; 60<br />
anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do artigo 48, § 1º do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve comprovar o efetivo exercício de atividade<br />
rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao<br />
número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado.<br />
3. Visando o reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser comprovado ao menos por início de<br />
razoável prova material contemporânea dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º da Lei nº 8.213/91 e, para que tal atividade se<br />
enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos membros da família seja indispensável à<br />
própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar e que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua<br />
dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme o § 1º do artigo 11 do m<strong>es</strong>mo diploma legal.<br />
4. No caso em tela, o ponto con<strong>tr</strong>overtido cinge-se a se aferir se a renda obtida a<strong>tr</strong>avés do <strong>tr</strong>abalho rural da autora é<br />
<strong>es</strong>sencial à manutenção da família, tendo em vista que há nos autos suficiente início de prova material do direito alegado.<br />
5. Como é sabido o d<strong>es</strong>empenho de atividade urbana por um membro do grupo familiar não constitui, por si só, óbice à<br />
demons<strong>tr</strong>ação da condição de segurado <strong>es</strong>pecial por ou<strong>tr</strong>o componente da família, d<strong>es</strong>de que, a renda advinda da<br />
agricultura seja indispensável ao sustento do lar. Diante disso, após análise do caderno proc<strong>es</strong>sual, verificou-se que, não<br />
obstante haver indícios de efetivo labor rural por parte da recorrente, o d<strong>es</strong>envolvimento da referido labor camp<strong>es</strong>ino não<br />
pode ser caracterizado como atividade rural em regime de economia familiar, tendo em vista que a renda auferida pelo seu<br />
<strong>es</strong>poso mos<strong>tr</strong>ou-se a r<strong>es</strong>ponsável pela manutenção da família, o que d<strong>es</strong>autoriza o deferimento do benefício previdenciário<br />
de aposentadoria rural por idade.<br />
6. Com efeito, os elementos de prova produzidos nos autos revelaram que o <strong>es</strong>poso da autora, além de se encon<strong>tr</strong>ar<br />
aposentado na condição de comerciário, percebendo um valor de um salário mínimo, possui uma barbearia onde aufere<br />
uma renda mensal de, aproximadamente R$ 500,00 reais, conforme informação pr<strong>es</strong>tada pela parte autora em seu<br />
depoimento p<strong>es</strong>soal. D<strong>es</strong>sa forma, observa-se, claramente, que o labor rural não era indispensável à manutenção da<br />
família, já que o que mantinha o grupo familiar era a renda auferida pelo cônjuge da autora.<br />
7. Finalmente, d<strong>es</strong>taco que a prova t<strong>es</strong>temunhal colhida em audiência (CD-R de áudio – fl.107), quando analisada em<br />
cotejo com os demais documentos colacionados aos autos, não se revelou suficiente a at<strong>es</strong>tar, de maneira peremptória, a<br />
indispensabilidade do labor rural exercido pela autora. Pelo con<strong>tr</strong>ário. Em seu depoimento p<strong>es</strong>soal, a parte autora afirmou<br />
que a principal fonte de renda familiar advém do labor urbano exercido pelo seu <strong>es</strong>poso na barbearia e dos proventos<br />
previdenciários que o m<strong>es</strong>mo percebe (aposentadoria), haja vista que a sua agricultura é de subsistência.<br />
8. Assim, considerando que o grupo familiar da parte recorrente é composto apenas por ela e seu marido, entende-se que o<br />
<strong>tr</strong>abalho no campo perdeu seu caráter de <strong>es</strong>sencialidade na renda da família. Logo, a percepção do benefício de